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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁSECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDASCOORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA PARA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES DE
ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ
PROGRAMA PARÁ RURALPROGRAMA DE REDUÇÃO DA POBREZA E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO ESTADO
DO PARÁ
BANCO MUNDIALBANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – BIRD
ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ
Modalidade: SQC (Qualificação do Consultor)
Agosto/2012
1
TERMO DE REFERÊNCIA
CONTEÚDO
4. INTRODUÇÃO______________________________________________________ __________15. CONTEXTO__________________________________________________________________ 56. OBJETIVO __________________________________________________________________ 97. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS PELA CONSULTORIA _________ 108. PRODUTOS ESPERADOS______________________________________________________ 129. EQUIPE TÉCNICA MINIMA A SER CONTRATADA __________________________________ 1210. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO________________________________________________ 1211. PRAZOS E FORMAS DE PAGAMENTO___________________________________________1412. PRAZO DE EXECUÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS_____________________________________________________________________1413. SELEÇÃO___________________________________________________________________1614. ELEMENTOS DISPONÍVEIS_____________________________________________________1615. RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOS________________________16REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________________________16
2
TERMO DE REFERÊNCIA
1. CÓDIGO DO TR : /2012
2. TÍTULO DO TERMO DE REFERÊNCIA: Contratação de consultoria para execução das atividades de etnozoneamento da
Terra Indígena Alto Rio Guamá (municípios de Capitão Poço; Santa Luzia do Pará,
Vizeu, Paragominas. Garrafão do norte, Cachoeira do Piriá).
3. CONTRATANTE:
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
4. INTRODUÇÃO
O Governo do Estado do Pará firmou, em 07 de novembro de 2007, um Acordo de
Empréstimo com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD (Banco
Mundial) para apoiar a execução do Programa de Redução da Pobreza e Gestão dos
Recursos Naturais do Estado do Pará –“Pará Rural”.
O programa é coordenado pelo Núcleo de Gerenciamento do Pará Rural – NGPR, em
parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA e o Instituto de Terras do
Pará – ITERPA e está previsto para ser executado em seis anos. Seu custo está estimado
em US$ 100 milhões, dos quais US$ 60 milhões serão financiados pelo Banco Mundial
(BIRD) e os US$ 40 milhões restantes representam à contrapartida do Governo do Estado
do Pará. O projeto possui quatro componentes: A - Investimento Produtivo; B -
Ordenamento Territorial; C - Desenvolvimento de Políticas; D - Administração e
Gerenciamento do Programa.
A realização das atividades de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá faz
parte do Componente B- Ordenamento Territorial; Subcomponente B1, voltado à área de
Gestão Ambiental que financiará implementação de Zoneamento Ecológico Econômico.
O Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá se insere nas ações do
projeto piloto Conservação da Biodiversidade em Terras Indígenas do Pará (Projeto Conbio-
indígena), executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio de sua
Diretoria de Áreas Protegidas/Coordenadoria de Ecossistemas/Gerência de Povos
Indígenas e Comunidades Tradicionais. O objetivo principal deste projeto é o
estabelecimento de diretrizes, ações políticas, técnicas, metodológicas, científicas para
viabilizar a conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais das
Terras Indígenas do Estado, propiciando tanto a melhoria da gestão ambiental e territorial
3
das Terras Indígenas, quanto à melhoria da qualidade de vida das comunidades indígenas.
O Projeto Conbio-indígena tem como base a replicação de ferramentas de gestão ambiental
e territorial que já foram aplicadas com sucesso em outros Estados da Amazônia.
Atualmente o projeto tem desenvolvido ações junto a três territórios indígenas específicos. A
Terra Indígena Alto Rio Guamá localizada no nordeste paraense; Terras Indígenas Kayapó1
localizadas no sul do Estado e Terras Indígenas Trombetas e Nhamundá Mapuera2
localizadas na região da Calha Norte do Rio Amazonas.
O Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada na região no
nordeste paraense, entre os municípios de Paragominas, Viseu, Cachoeira do Piriá, Santa
Luzia do Pará do Pará, Garrafão do Norte, Cachoeira do Piriá, se insere na ação de
ordenamento territorial, uma vez que no Pará as Terras Indígenas possuem alta relevância
estratégica para o ordenamento territorial e para a própria conservação e uso sustentável da
biodiversidade, pois ocupam quase 25% do território paraense e são consideradas como
componentes fundamentais para a conservação e uso sustentável da biodiversidade e dos
recursos naturais do Estado, tanto pela variedade ou singularidade dos ecossistemas e
riqueza de espécies que abrigam ou pela configuração territorial estratégica que ocupam em
relação a diversas categorias de Unidades de Conservação (UC) - formando cinturões
territoriais de efetiva proteção contra o desmatamento e grilagem de terras (Ferreira, 2005) -
quanto pela situação de relativa preservação de seus recursos naturais.
As Terras Indígenas também estão cotadas como lugares mais importantes (áreas
críticas) para a conservação de populações de espécies ameaçadas de extinção
(ALBERNAZ & AVILA-PIRES, 2009). As informações relacionadas à localização das áreas
críticas para biodiversidade, segundo os cientistas, devem ser consideradas como
relevantes em um processo de planejamento do uso do território paraense.
A SEMA, através do Projeto Conbio-indígena, também vem realizando ações de
Etnozoneamento das Terras Indígenas do Estado como forma de complementar o Macro
Zoneamento Ecológico-Econômico Estadual (ZEE). O ZEE do Pará foi instituído por meio da
Lei nº 6.745, de 06 de maio de 2005, em que em seu artigo 4º estabelece que a área
territorial do Estado do Pará fica distribuída em quatro grandes zonas, definidas a partir de
dados atuais relativos ao grau de degradação ou preservação da qualidade ambiental e à
intensidade do uso e exploração de recursos naturais, sendo 65%, no mínimo, destinados a
áreas especialmente protegidas, distribuídos em 28%, no mínimo, para Terras Indígenas e
Terras de Quilombos; 27%, no mínimo, para as Unidades de Conservação de Uso
Sustentável e 10%, no mínimo, para as Unidades de Conservação de Proteção Integral. 1 A SEMA (Projeto Conbio-indígena) através de convênio financeiro com a Conservação Internacional do Brasil está realizando o etnomapeamento de todas as Terras Indígenas Kayapó com vista a realização futura de seus respectivos zoneamentos participativos.2 O Etnozoneamento das Terras Indígenas Trombetas e Nhamundá Mapuera foi viabilizado pela SEMA (Projeto Conbio-indígena) através de convênio financeiro com Associação de Defesa Etnoambiental finalizado em maio de 2012 e foi o primeiro zoneamento participativo realizado em Terras Indígenas do Pará.
4
Destinando 35%, no máximo, para consolidação e expansão de atividades produtivas, e
áreas para recuperação (LOBATO, 2010). A forma como foi estabelecido no Macro ZEE
Estadual, todas as Terra Indígenas do Pará, estão definidas apenas como zona de
conservação, com uma idéia definida de aliar o potencial produtivo à proteção dos
ecossistemas e sua biodiversidade. Desta forma no ZEE as Terras Indígenas estão
definidas como áreas protegidas equiparadas as Unidades de Conservação, não tendo sido
realizado a atribuição e especificações territoriais mais precisas que orientem um
ordenamento territorial mais eficaz das Terras Indígenas do Estado que hoje perfazem 25%
do território paraense. A realização dos Etnozoneamentos em Terras Indígenas do Pará
permite viabilizar a complementação do ZEE Estadual relacionada aos territórios indígenas.
Através da realização dos Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá a SEMA
espera ter os subsídios necessários para auxiliar ordenamento territorial, a conservação dos
ecossistemas e da biodiversidade da Terra Indígena Alto Rio Guamá aliada à necessidade
produtivas do povo Tembé que é o grande aliado nesta causa.
O Etnozoneamento3 é uma ferramenta de diagnóstico e planejamento para a Gestão de
Terras Indígenas reconhecida pela Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de
Terras Indígenas (Decreto nº 7.747, de 5 de junho de 2012), que deve ser elaborado de
forma participativa, promovendo a autonomia e respeitando a diversidade cultural indígena.
Tem os objetivos de contribuir para a garantia da preservação, conservação, uso e manejo
dos recursos naturais das Terras Indígenas; apoiar a elaboração e a realização dos Planos
de Gestão de Terras Indígenas; apoiar o processo de fortalecimento das organizações
indígenas para a gestão de suas terras; apoiar a elaboração de Planos, Programas e
Projetos de Etnodesenvolvimento nas Terras Indígenas do Pará; apoiar a promoção da
proteção, controle e fiscalização das Terras Indígenas do Pará; apoiar a ações de gestão
integrada das áreas protegidas.
Deste modo, Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá procura continuar um
processo já iniciado pelo Governo do Estado para zonear participativamente os territórios
indígenas do Pará, a fim de apoiar os processos mais qualificados de ordenamento territorial
e de gestão ambiental e territorial destas Terras Indígenas que reconhecidamente são
importantes para proteção e conservação da biodiversidade do Estado.
A viabilização de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá é de extrema
importância para o ordenamento territorial aliado a conservação da biodiversidade do
Estado, assim como é uma ferramenta importante para viabilizar a gestão ambiental e
territorial desta Terra Indígena, podendo auxiliar ainda na resolução das graves
3O etnozoneamento e o etnomapeamento são definidos (Correia, 2007) como instrumentos técnicos e políticos de diagnóstico que oferecem subsídios aos povos indígenas e entidades governamentais e não governamentais com as quais se relacionam para planejar ações voltadas para a gestão territorial e ambiental em Terras Indígenas.
5
problemáticas socioambientais que são observadas na área. As informações relacionadas à
localização das áreas críticas para biodiversidade, segundo os cientistas, devem ser
consideradas como relevantes em um processo de planejamento do uso do território
paraense.
5. CONTEXTO:
Segundo o Instituto Socioambiental (2010) nos últimos 20 anos, houve, sobretudo na
Amazônia, grande avanço nos processos de reconhecimento oficial das Terras Indígenas do
país. A demarcação de territórios extensos, o reconhecimento e a inclusão das terras indígenas
como componentes importantes de mosaicos de áreas protegidas e de grandes corredores de
sociobiodiversidade, conferiram novas dimensões políticas aos territórios e povos indígenas.
Novos papéis foram atribuídos aos indígenas e seus territórios, relacionados ao
reconhecimento de suas capacidades de melhorarem, conservarem e usarem de maneira
sustentável a diversidade biológica das áreas que subsistem milenarmente. Na atualidade os
povos indígenas são considerados os “guardiões das florestas” e prestadores de serviços
ambientais valiosos a humanidade e ao planeta terra. Essas conquistas deslocaram o eixo das
preocupações e reivindicações dos índios, historicamente focadas na luta pela terra,
ganhando importância na atualidade o desafio da gestão e da proteção desses vastos
territórios indígenas ricos e diversidade biológica, mas que, no entanto possuem, de forma
geral, insuficiência de estruturas institucionais de governança, de representação política
nacional e de instrumentos econômicos e tributários capazes de enfrentar demandas,
pressões e ameaça que se diversificam e adquirem com o passar do tempo maior escala
(CARNEIRO FILHO E SOUZA, 2009).
No Pará a situação dos territórios indígenas não é diferente. Os poucos territórios que
restaram nas áreas colonização mais antigas, por exemplo, sofrem históricos e sofridos
processos de invasão e estabelecimento de atividades produtivas criminosas, como
extração ilegal de madeira, implantação de garimpos e grandes projetos de mineração e
hidroelétricos, desmatamentos para implantação de pastagens, dentre outros. Estes
processos são desenvolvidos desconsiderando os direitos fundamentais e as leis que dão
aos indígenas o direito de consulta previa informada e uso fruto exclusivo dos recursos
naturais dos seus territórios.
A Terra Indígena Alto Rio Guamá está localizada no Centro de Endemismo de Espécies
Belém. O CEB é o menor em tamanho entre os oito centros de endemismo, com uma área
de 243.000 km2 localizada entre a margem direita do rio Tocantins e a margem esquerda do
rio Gurupi, entre as coordenadas geográficas 00⁰ 30’ 00” e 06⁰ 00’ 00” de latitude Sul e 44⁰ 00’ 00” e 50⁰ 00’ 00” de longitude WGr (ALMEIDA & VIEIRA, 2010).
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A região do CEB (Ver mapa 01 e 02) é a mais ameaçada de toda a Amazônia e é
apontada em estudos recentes como prioritária no estado do Pará para a implantação de
ações de conservação da biodiversidade (Projeto Biota Pará – Museu Paraense Emílio
Goeldi / Conservação Internacional). Cerca de 70% de suas florestas originais já foram
desmatadas (SILVA; RYLANDS, FONSECA, 2002), contribuindo para a formação de um
cenário atual onde se observa um conjunto de fragmentos de diferentes tamanhos isolados
entre si por grandes áreas antropizadas.
O pouco que resta da biodiversidade se concentra nas unidades de conservação que
estão no Estado do Maranhão, nas terras indígenas e áreas de reserva legal das numerosas
propriedades privadas da região, em meio a áreas de uso intensivo para a agricultura e a
pecuária.
As áreas protegidas existentes no CEB não são suficientes para garantir a conservação
das áreas florestadas e da biota a elas associada. Menos de 20% desta região está sob
algum tipo de proteção (SILVA; RYLANDS; FONSECA, 2002). Para completar o quadro, as
áreas protegidas do CEB são em grande parte: (1) reduzidas em tamanho; (2) unidades de
conservação de uso sustentável, onde a exploração dos recursos naturais é permitida; ou
(3) localizadas na faixa litorânea. Além disso, as poucas áreas protegidas localizadas em
áreas de floresta já sofreram intervenção antrópica em diversos graus e desmatamento de
suas florestas originais.
Devido ao nível de devastação do CEB, grande parte das espécies ameaçadas da lista
do Pará tem sua área de ocorrência compreendida, em parte ou exclusivamente, neste
centro de endemismo. É o caso, por exemplo, de duas espécies de macacos classificadas
como criticamente ameaçadas: o macaco-caiarara (Cebus kaapori) e o cuxiú-preto
(Chiropotes satanas). Este último ocorre apenas na região do CEB. Dentre as aves, dos 31
Mapa 02: Centro de Endemismo Belém, mostrando o desmatamento na área e destacando o mosaico de áreas protegidas formado pelas Terras Indígenas Alto Rio Guamá (PA), Alto Turiaçu, Awá e Caru (MA); e pela Reserva Biológica do Gurupi (MA). Fonte: Modificado de CI-BRASIL (2008).
Mapa 1- Localização do Centro de Endemismo Belém (CEB), contendo áreas no leste do estado do Pará e oeste do Maranhão.
7
táxons incluídos na lista do Pará, 19 tem ocorrência confirmada na área do CEB. Destas, 14
só ocorrem nesta região, como o mutum-de-penacho (Crax fasciolata pinima) e o jacamim-
de-costas-verdes (Psophia viridis obscura), ambas classificadas na categoria Em perigo.
Considerando-se a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas (IBAMA, 2003), dos 11 táxons
de aves amazônicas nela incluídas, 10 ocorrem na área entre os rios Gurupi e Tocantins, no
CEB. Certamente a perda de hábitat ocasionada pela devastação florestal constitui o
principal fator responsável por este número de espécies ameaçadas no leste do Pará.
O único contínuo florestal do CEB localizado no estado do Pará está justamente
localizado dentro da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, que, ainda assim, possui toda a
sua porção setentrional com grande incidência de áreas desmatadas e com possibilidade de
estarem degradadas. A TI Alto Rio Guamá forma um mosaico com outras áreas protegidas
localizadas no Maranhão: a Reserva Biológica do Gurupi; e as TI Alto-Turiaçu, Awa e Caru.
Mapa 02: Áreas de Floresta, Vegetação e Uso do Solo da Terra Indígena Alto Rio Guamá (Mitschein,
Rocha e Dias, 2012)
O Macro Zoneamento Ecológico Econômico defini grande parte da região do Centro de
Endemismo Belém, onde está localizada a Terra Indígena Alto Rio Guamá, como zona de
consolidação das atividades Produtivas. Uma pequena parcela do centro de endemismo Belém,
notadamente uma área localizada no entorno da Terra Indígena Alto Rio Guamá é definida
como zona de recuperação e finalmente há a definição para este centro de endemismo de zona 8
de unidades de conservação da natureza do grupo sustentável legalmente instituída (ver mapa
03), estas localizadas principalmente nas áreas costeiras.
Mapa 03: Mapa do MacroZoneamento Ecológico-Econômico. Fonte: SECTAM (2005).
A TI (1) Alto Rio Guamá (RIARG) possui um território de 279.000 hectares (PETI,
1990: 66) destinados aos índios Tembé, Timbira, Kaapor e Guajá. Foi oficializada mediante
o Decreto 307-21/3/45, assinado pelo Interventor Federal do Pará, Joaquim de Magalhães
Cardoso Barata. A reserva está localizada ao nordeste do Estado do Pará, entre a margem
direita do rio Guamá e a margem esquerda do rio Gurupi, no limite do Estado do Pará com o
de Maranhão. Sua homologação somente ocorreu em 04 de outubro de 1993. Por estar
localizada em uma área de colonização antiga esta reserva já perdeu a maior parte de suas
florestas primárias, tendo este território indígena, sofrido forte e também sucessivos
impactos socioambientais, a partir dos processos de abertura da fronteira amazônica que
foram permeados, pela de construção de rodovias (principalmente a construção da rodovia
Belém – Brasília- BR 316), estradas, vicinais e ocupação da região por frentes de expansão
agropecuária que trouxe a região novos atores como grandes empresas agropecuárias e
madeireiras e um campesinato de fronteira que concorrerem e ameaçam, ao longo dos
anos, a territorialidade indígena local.
Desta forma, a Terra Indígena Alto Rio Guamá se caracteriza por possuir um histórico
variado, sucessivo e ininterrupto cenário de conflitos fundiários e socioambientais que se
intensificaram justamente na década de 70, quando houve a invasão da reserva. Houve a
abertura de uma estrada dentro da TI que ligava a BR-316 ao povoado Garrafão, e da estrada
9
que liga a fazenda de Meyer Karaczinick à Vila de Pau do Remo, atual Município de Nova
Esperança do Piriá (IDESP, 1989).
A construção dessas estradas dentro dessa TI, realizada pelo proprietário da gigantesca
Fazenda Meyer, foi embargada em 1988 pela 2ª delegacia da FUNAI. Entretanto, uma ordem de
Brasília permitiu sua conclusão no mesmo ano, desde que o proprietário se responsabilizasse
por fiscalizar a entrada de pessoas estranhas à área.
A fiscalização não ocorreu, e desde então, as invasões continuaram a acontecer em
proporções maiores, facilitadas pelos acessos criados. A área citada sofreu acesso durante
anos pelos limites norte, leste e oeste, estando resguardada apenas no limite Sul, onde passa o
Rio Gurupi. Ao norte, encontrava-se invadida por posseiros que formaram povoados, e a leste
por fazendas, destacando-se a do Sr. Meyer Kabaznick, que avançou seus domínios para o
território indígena em cerca de 4.000 hectares.
A disputa judicial de mais de 20 anos - nove deles apenas no âmbito da Justiça Federal,
entre os índios da tribo Tembé, e as mais de mil famílias de invasores e o empresário Samuel
Meyer Kabaznick -, felizmente chegou ao fim neste ano de 2010. Um juiz federal da 9ª Vara,
especializada no julgamento de ações de natureza ambiental, proferiu sentença condenando a
empresa Indústria de Sabões e Óleos Santa Izabel do Pará Ltda., de propriedade dos Meyers, a
indenizar por danos morais e materiais a comunidade indígena Tembé. A decisão judicial
também atribuiu aos réus à obrigação de recomporem a área da estrada que corta boa parte da
TI Alto Rio Guamá (Diário do Pará 02/09/2010).
A indenização, a título de danos morais coletivos praticados em detrimento dos índios e da
coletividade em geral, foi fixada na sentença no valor de R$ 70 mil. Mas o valor total da
indenização a título de danos materiais pode chegar a milhões de reais, uma vez que deverá
corresponder, durante mais de uma década, o total de 2 mil toras de madeiras extraídas
ilegalmente da TI, além de mais de 20 (vinte) quilômetros de desmatamento que foram
realizados para construir estradas. Segundo a sentença, o valor será apurado de acordo com
cada espécie de madeira e sobre ele deverão incidir juros de 0,5% ao mês, além de correção
monetária (Diário do Pará 02/09/2010).
Na ocasião, a Justiça Federal chegou também a conceder liminar que suspendeu todas as
atividades madeireiras e as demais de natureza econômica desenvolvidas na área indígena. A
mesma decisão mandou apreender todos os equipamentos dos réus empregados na exploração
ilícita, lacrar serrarias e proibir o acesso à reserva.
Na atualidade, apesar das determinações judiciais, o Centro da TIARG, entre o Igarapé
Cumarú e o Rio Coraci-Paraná, está sendo ocupado por intrusos não indígenas. Destes
fazem parte 1000 (mil) famílias de trabalhadores sem terra que estão à espera da indicação
de um assentamento novo por parte do INCRA (MITSCHEIN, ROCHA E DIAS, 2012).
10
O problema das invasões por não indígenas da TI Alto Rio Guamá promove uma avalanche
de outros problemas relacionais que trazem ameaças e pressionam os recursos naturais,
incluindo a cobertura florestal, que constitucionalmente devem ser de uso exclusivo dos índios
Tembé.
Constantemente, a área da reserva é utilizada por bandidos e traficantes de drogas para o
plantio de maconha e desmanche de carros roubados (O Liberal, 17/09/2010). No dia
13/12/2010 uma reportagem do Jornal “O Liberal” intitulada “Tensão Ronda a Aldeia Tembé”
publicou a situação de revolta dos índios pelo descaso dos órgãos de fiscalização em resolver a
questão das invasões provocadas pelos traficantes e bandidos ao território demarcado. Os
índios acabam por comunicar que estarão realizando, com ajuda da FUNAI, a fiscalização das
fronteiras invadidas da Terra Indígena.
De outro lado, as pressões sobre os recursos naturais, principalmente o madeireiro, da TI
Alto Rio Guamá, continuam com toda força, apesar da recente decisão da Vara de Justiça
Ambiental em favor dos índios Tembé. Estudos do IMAZON, divulgados em agosto de 2010,
identificaram que, entre agosto de 2008 e julho de 2009, a exploração ilegal de madeira no Pará
atingiu 5.286 hectares de floresta em TIs (Terras Indígenas). A grande maioria (90%) dessa
exploração em TIs ocorreu na TI do Alto Rio Guamá.
Entre março de 1998 e março de 2008, o Pará foi responsável por 28% das multas emitidas
pelo IBAMA em Áreas Protegidas na Amazônia Legal. Das 46 ocorrências de crimes ambientais
analisados pela equipe do IMAZON, 41% ocorreram em onze TIs. A Terra Indígena que
apresentou maior incidência de crimes ambientais foi a Alto Rio Guamá, com 11% das
incidências totalizando 15 processos de crimes ambientais (BARRETO; ARAÚJO; BRITO,
2009).
A SEMA por meio de sua Diretoria de Áreas Protegidas considera que os povos
indígenas podem ser grandes aliados nos processos vigilância e proteção territorial das
florestas, de geração de conhecimento sobre o funcionamento dos ecossistemas e da
biodiversidade do Estado. Certamente, devido a sua comprovada eficácia em ações que
contribuem para a conservação da biodiversidade, os indígenas, estão habilitados a auxiliar no
zoneamento, ordenamento e proteção, gestão de seus territórios.
O etnozoneamento da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, deverá ser um instrumento de
planejamento dos povos indígenas para auxiliar a gestão dos seus territórios. Deverá ser
realizado de forma participativa com os índios Tembé, Guajá, Kaapor e Timbira. Seu propósito
deverá contribuir com o processo de autonomia destes povos indígenas, respeitando a
diversidade cultural. O etnozoneamento deve procurar ater-se às especificidades de cada povo
indígena, produzindo e sistematizando informações documentais, bibliográficas e empíricas
consideradas relevantes por eles no processo de gestão dos seus territórios. Os dados
produzidos são de natureza cultural, social, política, econômica e ecológica. Com as
11
informações resultantes deste etnozoneamento pretende-se subsidiar esses povos e o governos
na tomadas de decisões. Deverá contribuir para viabilizar as soluções das graves problemáticas
socioambientais e fundiárias que historicamente devastam a floresta e pressionam e ameaçam a
biodiversidade da Terra Indígena Alto Rio Guamá, possibilitando assim um cenário futuro de
ordenamento territorial e ambiental.
6. OBJETIVO
O presente Termo de Referência tem por objetivo orientar os requisitos para contratação de
consultoria para execução do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá.
7. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS PELA CONSULTORIA
A execução das atividades de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá
terão duração total de 06 (seis) meses, sendo necessária a execução de 03 etapas de
trabalho para viabilizar a entrega dos produtos finais requeridos neste termo de referência.
Na ETAPA 01 serão necessários 02 (dois) meses para planejamento de ações, contratação
de equipe técnica, organização das atividades e realização de consulta prévia aos
indígenas. Na ETAPA 02 serão necessários 02 (dois) meses para realização da I Oficina
para o Etnozoneamento e das atividades de campo para viabilizar a elaboração do
Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena, e finalmente na ETAPA 03 serão
necessários 02 (dois) meses para elaboração dos relatórios do diagnóstico e etapa de
realização da Oficina de validação dos resultados do diagnóstico e elaboração participativa
do zoneamento e entrega final dos produtos. A consultoria será responsável também pela
preparação do relatório final, com a prestação de serviço de planejamento,
desenvolvimento, organização, contratação, supervisão e coordenação dos serviços que
serão prestados por pessoas físicas e pelas empresas fornecedoras dos itens de aquisição
de equipamentos e prestação de serviços especificados neste Termo de Referência.
7.1. ETAPA 01- PLANEJAMENTO
7.1.1- Atividades
A.Elaboração do Plano de Trabalho com metodologia adequada para execução do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá, sem desconsiderar as determinações do presente TDR. A metodologia deve prevê a participação de pesquisadores não indígenas e pesquisadores indígenas que serão auxiliares na elaboração do Diagnóstico Etnoambiental participativo. A proposta de trabalho deverá
12
ser submetida e aprovada pela equipe técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente responsável pelo acompanhamento do projeto.
B.Articulação com organizações e lideranças indígenas da Terra Indígena Alto Rio Guamá com fim de possibilitar a atividade de consentimento prévio informado das ações do projeto.
C. Articulação com a FUNAI regional e FUNAI Brasília para viabilizar autorização da entrada da equipe técnica na Terra Indígena.
D. Contato e articulação com prefeituras dos municípios de Capitão Poço; Santa Luzia do Pará, Viseu, Paragominas, Garrafão do Norte, Cachoeira do Piriá para que as mesmas possam ficar cientes, e por ventura apoiar e participar das atividades do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá.
E.Realização de Oficina para o consentimento prévio informado aos indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá.
F. Encaminhamento à SEMA (Gerência de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais) do documento de consentimento prévio informado assinado pelos indígenas.
G. Contratação da equipe técnica (pesquisadores não indígenas e indígenas) do projeto (Ver tabela de equipe técnica item 9 deste TR). Os pesquisadores indígenas deverão ser indicados pela comunidade indígena que será informada previamente sobre as necessidades técnicas do diagnóstico4.
H. Apresentação à equipe técnica da SEMA das metodologias de coleta de dados para elaboração do Diagnóstico Etnoambiental Participativo que serão usadas por cada pesquisador não indígena na fase de trabalho de campo. As metodologias deverão ser aprovadas pela equipe técnica da SEMA responsável pelo acompanhamento do projeto.
7.2 ETAPA 02- EXECUÇÃO DO DIAGNÓSTICO
7.2.1- Atividades
I. Abertura de trilha para observação da fauna e flora local.
J. Realização de I Oficina para o Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá com participação de todas as lideranças indígenas da TI, FUNAI e representantes institucionais e organizacionais convidados.
4 Será necessário informar às comunidades indígenas para que possam indicar pesquisadores indígenas que tenham conhecimento amplo do território e sobre seus recursos naturais. Informando que cada área temática do diagnóstico deverá dispor de indígenas que tem domínios de conhecimentos relacionados à flora, fauna, sócio-economia etc. A preferência, por exemplo, para o diagnóstico da fauna é que o pesquisador indígena seja bom conhecedor da fauna local. Geralmente, essa escolha é feita pelos caçadores e pescadores das aldeias.
13
K.Preparação e planejamento logístico para as atividades de campo para realização do Diagnóstico Etnoambiental participativo.
L. Aquisição de materiais de consumo, alimentação, transporte de pessoas e equipamentos para execução da atividade de campo, viabilizando a execução do Diagnóstico etnoambiental participativo e do Etnozoneamento.
M. Produção e organização de informações secundárias sobre a Terra Indígena Alto Rio Guamá
N. Realização da etapa de trabalho de campo (mínimo 20 dias) para realização de Diagnóstico etnoambiental participativo, áreas socioeconômicas e etnohistória; meio físico, avifauna; mastofauna; vegetação; ictiofauna (ou conforme aprovação da plenária indígena que será realizada nas atividades de consentimento prévio e informado). O Diagnóstico deve apresentar dados de todas as aldeias da terra indígena
O. Pagamento de diárias aos indígenas que participarão como pesquisadores indígenas do projeto. Cada pesquisador não indígena deverá ser acompanhado por um pesquisador indígena e indígena responsável pelo deslocamento.
7.3. ETAPA 03- ELABORAÇÃO DOS PRODUTOS
7.3.1. Atividades
P. Elaboração dos relatórios impressos e em áudio-visual do Diagnóstico Etnoambiental Participativo.
Q. Planejamento e preparação da Oficina de Validação dos relatórios do Diagnóstico e de elaboração participativa do Etnozoneamento. Na oficina do Etnozoneamento deverão ser produzidos os mapas temáticos e informações gerais sobre a terra Indígena, assim como deverá ocorrer a correção participativa e complementação dos mapas e das informações gerais; R. Digitalização dos mapas temáticos na escala 1:50.000, preliminares e organização das informações gerais;
S. Digitalização dos mapas complementados e corrigidos; Elaboração e impressão dos mapas e documentos finais.
T. Sistematização dos dados e publicação de 500 cópias do livro informativo com os resultados do Diagnóstico Etnoambiental e Etnozoneamento da Terra Indígena Alto. O livro deverá conter o resumo executivo dos relatórios que compõem o Diagnóstico e deverá ter uma linguagem acessível à compreensão dos indígenas.
U. Oficina de entrega ás comunidades indígenas dos resultados do Etnozoneamento.
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8. PRODUTOS ESPERADOS:
PRODUTO Quat SUBPRODUTO Quat
01 Plano de Trabalho contendo a metodologia apropriada para a execução do Diagnóstico Etnoambiental participativo e Etnozoneamento da TI Alto Rio Guamá e cronograma de atividades.
01
02 Relatório escrito e em áudio-visual da oficina da Consulta previa informada constando em anexo o documento de consentimento prévio informado ao projeto de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá assinado pelos indígenas participantes da oficina.
01
03 Relatório Geral com os resultados do Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Alto Rio Guamá.
01
04 Relatório Multidisciplinar com resultados da oficina de Validação dos Diagnósticos e do Zoneamento Participativo (escala 1:50.000).
01 Livro com sistematização dos resultados e resumo executivo do Diagnóstico Etnoambiental Participativo e do Etnozoneamento.
500
9. EQUIPE TÉCNICA MÍNIMA A SER CONTRATADA:
SERVIÇOS DE CONSULTORIA INDIVIDUAL QUE DEVERÃO SER CONTRATADAS PARA EXECUÇÃO DO ETNOZONEAMENTO QT
Especificação técnica do Profissional a ser contratado
CONSULTOR COORDENAÇÃO GERAL 01
Profissional com nível superior nas áreas de ciências sociais, florestais ou biológicas, com experiência em coordenação de equipe técnica de pesquisa multidisciplinar com a temática indígena para a realização de Etnozoneamento de Terras Indígenas. Mínimo de dois anos de experiência em coordenação de equipe.
CONSULTOR COORDENAÇÃO GERAL INDÍGENA 01
Liderança Indígena escolhida in locu pela comunidade indígena, no pleito da consulta prévia, na apresentação deste projeto para a comunidade indígena.
CONSULTOR COORDENADOR DE LOGÍSTICA NÃO INDÍGENA
01 Profissional graduado nas áreas de ciências sociais, florestais, biológicas ou áreas afins, com experiência na coordenação de logística
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de equipe técnica de pesquisa multidisciplinar. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR COORDENADOR DE LOGÍSTICA INDÍGENA 01
Liderança Indígena escolhida in locu pela comunidade indígena, no pleito da consulta prévia, na apresentação deste projeto para a comunidade indígena.
CONSULTOR SOCIOECONÔMIA E ETNOHISTÓRIA 01
Profissional com formação nas Ciências Sociais, História e Antropologia com experiência de realização de diagnóstico sócio-econômico e etnohistória em Terras Indígenas. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR ICTIOFAUNA 01
Profissional graduado em Biologia, com especialidade em levantamento da ictioufauna e experiência de diagnósticos de fauna junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR MEIO FÍSICO 01
Profissional com formação na Agronomia, com experiência na realização de diagnósticos de meio físico junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR MASTOFAUNA 01
Profissional graduado em Biologia, com especialidade em levantamento da mastofauna e experiência na realização de diagnósticos de fauna junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR VEGETAÇÃO 01
Profissional com formação na Engenharia Florestal, com experiência na realização de diagnósticos de flora, junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.
CONSULTOR CARTÓGRAFO 01
Profissional com nível superior em geografia, cartografia ou áreas afins, com experiência comprovada em trabalhos com indígenas e conhecimentos plenos em softwares aplicados à área de geoprocessamento, destacando Arcview, Arcgis, ArcMap e GVSIG. Mínimo de um ano de experiência.
10. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO:
PRODUTO Mês1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
01 X
02 X
03 X
04 X
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11. CUSTO E DESEMBOLSO
O custo total dos trabalhos deverá ser apresentado pela pessoa jurídica na proposta
financeira. O custo total deve incluir todos os valores de impostos e encargos, bem como
todas as despesas necessárias para a realização das atividades previstas. O pagamento
será feito em parcelas mediante a entrega dos produtos, conforme tabela abaixo. Será
efetuado mediante o recebimento de produtos e aprovação pelo responsável pelo
acompanhamento do serviço.
CRONOGRAMA DE DESENBOLSO
PRODUTO PRAZO PARA ENTREGA
Percentual do Total (%) a ser desembolsado
Condição de pagamento
Produto 1 Mês 01 Parcela 01= 25 Após expedição de
documento de
aprovação da equipe
técnica da SEMA.
Produto 2 Mês 02 Parcela 02= 25 Após expedição de
documento de
aprovação da equipe
técnica da SEMA
Produto 3 Mês 06 Parcela 02= 35 Após expedição de
documento de
aprovação da equipe
técnica da SEMA.
Produto 04 Mês 08 Parcela 03= 15 Após expedição do
documento de
aprovação da equipe
técnica da SEMA
12. QUALIFICAÇÃO
A consultoria a ser contratada deverá ser realizada por entidade pública ou privada
com comprovada experiência de pelos menos 03 anos de trabalho junto aos povos
indígenas do estado do Pará e experiência de realização de etnozoneamento e
mapeamentos participativos em Terras Indígenas da Amazônia. A entidade também
deverá ter experiência de três anos em trabalhos com organização indígenas na
Amazônia; Experiência em prestação de contas de projetos; Experiência de trabalho com 17
planejamento participativo e moderação de eventos participativos. Deverá ter equipe de
profissionais qualificados e com experiência em etnozoneamento para orientação da
equipe técnica que será contratada. A entidade também deverá ter seu próprio arsenal de
equipamentos (computadores, GPS, HDs, etc) para realização dos serviços.
13. PRAZO DE EXECUÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS
• O trabalho deverá ser concluído num prazo máximo de 06 meses corridos, contados
a partir da data da assinatura do contrato.
• A Consultoria contratada fica obrigada a fornecer dados, informações, sistemas
informatizados, e todos e quaisquer elementos que integrem, ou, sejam utilizados na
realização dos serviços deste Termo de Referência.
• A aprovação final dos produtos descritos neste Termo de Referência é de
responsabilidade e competência da contratante, que poderá solicitar informações
complementares que julgar necessárias para tomar sua decisão.
• Todos os produtos deverão ser entregues no prazo determinado contados da
assinatura do contrato, considerando aprovação de renovação se necessária; com o
material escrito em língua portuguesa e entregue com as seguintes instruções.
• Os relatórios deverão ser apresentados seguindo as especificações do documento
“Normalização dos relatórios técnicos e diagnósticos da Coordenadoria de
Ecossistemas” que será entregue pela equipe técnica da SEMA a consultoria
contratada.
Tabelas, quadros, croquis, siglas, mapas, fotografias deverão compor listas antes da
apresentação do sumário de cada produto contratado.
Todos os produtos contratados neste Termo de Referencia devem ser reunidos e
entregues impressos encadernados em papel formato A4 e em formato digitalizado,
em 2 DVDs.
Um DVD corresponderá aos produtos (relatórios) finalizados, em ARQUIVOS word e
pdf, e o outro DVD para a produção de imagens em campo, como fotografias e
vídeos, organizadas em Arquivo JPEG, em pastas definidas nas seguintes áreas
temáticas: 1 socioeconomia e Etnohistoria; 2 Ictiofauna; 3 Mastofauna; 4 Vegetação;
5 Cartografia e 6 Meio Físico;
Os relatórios relativos ao meio Biológico e Vegetação deverão ser baseados em
informações primárias e secundárias. Destaca-se o interesse de que seja definida a
importância das ocorrências ou ausências de espécies, populações ou comunidades,
de flora e fauna, seguido de análises que subsidiem claramente o planejamento de
estratégias e de ações de proteção ambiental para as espécies, principalmente as
espécies ameaçadas de extinção. Deverão também ser estabelecidas sempre as
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suas relações com os hábitats disponíveis na área de estudo, sua qualidade e
vulnerabilidade. Será necessário que o relatório final do Diagnóstico Etnoambiental
Participativo possa apontar caminhos técnicos para resoluções para as
problemáticas socioambientais existentes na Terra Indígena Alto Rio Guamá. Este
será considerado pela equipe técnica da SEMA um item de extrema importância para
o diagnóstico. Não serão aceitos relatórios somente com citações de longas listas de
espécies. Deve haver procedimento de análise da significância, quando possível,
tanto biológica quanto socioeconômica e cultural, uma vez que a importância aqui é
a de estabelecer-se a relação de significado junto às comunidades indígenas
presentes na área de estudo, ou seja, “esclarecendo ou traduzindo o significado” de
elementos, conteúdos e sua função ambiental, socioeconômico e cultural local,
referentes a Ictioufauna, mastofauna , Vegetação, etc. • Mapas de distribuição da
mastofauna, de acordo com seus grupos e habitats.
O diagnóstico do meio físico deverá ser baseado em informações primárias e
secundárias. O profissional responsável por esta área temática deverá abordar os
seguintes elementos nos levantamentos e análises: 1) Caracterização
geomorfológica, com análise e descrição das geoformas e das grandes unidades
geológicas presentes; 2) Mapas, croquis ou perfil esquemático dos aspectos
geomorfológicos; Indicação das principais sub-bacias hidrográficas, plotando tal
informação na base cartográfica; Tipificação e classificação das sub-bacias
hidrográficas. Existência e tipos de possíveis pressões exercidas sobre os corpos
d’água, indicando, na base cartográfica os principais locais onde isto se verifica;
assim como deve se incluir o estudo dos usos do
solo e dos modos de sobrevivência e das práticas de manejo dos recursos
naturais, bem como se incluir estudo das áreas intrusadas da TI Alto Rio Guamá.
14. SELEÇÃO
A seleção da empresa de consultoria será regida segundo as “Diretrizes do Banco Mundial sobre Seleção de Consultores”, versão de maio de 2004 revisada em outubro de 2006 e maio de 2010, Capítulo V. A seleção será feita após análise da qualificação técnica das candidatas e, caso necessário, poderão ser realizadas entrevistas com as mesmas.
19
15. ELEMENTOS DISPONÍVEIS
A contratante disponibilizará a entidade contratada todas as informações que
dispuser sobre as regiões, incluindo as informações e dados do Diagnóstico sócio-econômico e
ambiental do ZEE e mapas produzidos pelo Zoneamento Ecológico e Econômico do Estado
objeto do contrato, facilitando o acesso do mesmo aos órgãos dos Estados e Municípios que
também dispõem de informações similares. Deverá também ser formalizada através de
publicação em portaria a existência da Comissão de Acompanhamento do projeto de
Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá. A Comissão de Acompanhamento do
Projeto será responsável pela análise e aprovação dos planos de trabalho específicos e
avaliará, com uma periodicidade mensal ou outra estabelecida pela própria Comissão, às
ações objeto deste projeto sugerindo alterações e prorrogações das metas e prazos do
plano de trabalho. A Comissão encaminhará as atas das reuniões, bem como o relatório
conclusivo, à Diretoria de Áreas Protegidas da SEMA/PA. A Comissão de Acompanhamento
desse Projeto será constituída por 02 (dois) representantes da CONTRATANTE e 02 (dois)
representantes da CONTRATADA e 02 (representantes indígenas) com um suplente para
cada titular. A contratante também disponibilizará equipe técnica de pelo menos 03
profissionais para acompanhamento, participação e avaliação de todas as atividades da
ação.
16. RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOSCLAUDIA MARIA CARNEIRO KAHWAGE
Gerência de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais
Diretoria de Áreas Protegidas/Coordenadoria de Ecossistemas
Telefone: (91) 3184-3603 / 80211050
E-mail: [email protected]
Endereço: Travessa Lomas Valentinas, 2717, Marco. Belém – Pará.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.S.; VIEIRA, I.C.G. Centro de Endemismo Belém: status da vegetação remanescente e desafios para a conservação da biodiversidade e restauração ecológica. REU, Sorocaba, SP, v. 36, n. 3, p. 95-111. 2010.
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BARRETO, P.; ARAÚJO, E; BRITO, B. A Impunidade de Crimes Ambientais em Áreas Protegidas Federais na Amazônia- Belém, PA- Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, 2009. Disponível em: <http: //www. imazon. org.br/ novo2008/arquivosdb/ImpunidadeAreas Protegidas. pdf>. Acesso em: 10 dez. 2010.
CARNEIRO FILHO, A.; SOUZA, O. Atlas de pressões e ameaças ás terras indígenas na Amazônia brasileira. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2009.
CORREIA, Cloude. Etnozoneamento, Etnomapeamento e Etnodiagnósitco Ambiental: Representação Cartográfica e Gestão Ambiental em Terras Indígenas do Estado do Acre. Tese de Doutorado. Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, 2007.
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Instrução Normativa n° 03, de 27 de maio de 2003. 2003.
FERREIRA, L. O Desmatamento na Amazônia e a importância de Áreas Protegidas. Estudo Estud. av.vol.19, no.53, São Paulo, 2005.
IDESP. Pará Agrário: informativo da situação fundiária. Ocupação do solo e subsolo; Terras Indígenas. Belém, IDESP, 1989.
DIÁRIO DO PARÁ. Índios Tembés serão indenizados. Disponível em: <http:// www. diariodopara. com .br / n-109535-indios + tembes +serao +indenizados . html>. Acesso em: 2 set. 2010.
DIÁRIO DO PARÁ. Tensão ronda aldeia Tembé. Disponível em: <http: //www. portalorm. com.br/ amazoniajornal /interna/default. asp? modulo=222& codigo= 505102>. Acesso em: 13 dez. 2010.
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MITSCHEIN, Thomas, ROCHA, G & DIAS, Claudionor. Territórios Indígenas e Serviços Ambientais na Amazônia: O Futuro Ameaçado do Povo Tembé do Alto Rio Guamá (PA)- Belém: NUMA/UFPA, POEMA, 2012.
PETI. Terras Indígenas no Brasil. São Paulo- CEDI, 1990.
SILVA, J.M.C.; RYLANDS, A.B.; FONSECA, G.A.B. O destino das áreas de endemismo na Amazônia. Megadiversidade 1: 124-129. 2005.
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