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PROGRAMA E METAS CURRICULARES DE PORTUGUÊS DO ENSINO SECUNDÁRIO CFAE
PROGRAMA E METAS CURRICULARES DE PORTUGUÊS DO ENSINO SECUNDÁRIO CFAE
HELENA BORGES
ROSA AMARAL Outubro 2015
Sumário Programa e Metas Curriculares de Português
Ensino de Português no Ensino Secundário –
uma visão integradora
Conceitos estruturantes
A noção de texto complexo e género textual
Atividade prática
A grande aventura de René Magritte (1930) (pormenor)
Ensino de Português – uma visão integradora:
Dimensão cultural
Dimensão linguística
Dimensão literária
DOMÍNIOS CONCEITOS ESTRUTURANTES
LEITURA
ARTICULAÇÃO HORIZONTAL E
VERTICAL DOS CONTEÚDOS
VISÃO HOLÍSTICA
CIDADANIA
ESCRITA
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
ORALIDADE
GRAMÁTICA
CONCEITOS ESTRUTURANTES:
Complexidade textual, complexidade de
pensamento, complexidade crescente
Géneros textuais (entendidos numa ótica de
complexidade textual crescente)
TEXTO COMPLEXO
O Programa defende, de forma explícita, a centralidade do texto
complexo
A avaliação do projeto PISA às capacidades de leitura dos alunos
portugueses e à sua relação com o texto complexo demonstrou que os
alunos revelam dificuldades na resolução de problemas e no
processamento de informação abstrata
O Programa preconiza o desenvolvimento progressivo nos alunos
(do não complicado ao desafiante e ao complexo) através do trabalho
com textos complexos, de outra forma de pensar
O QUE SE ENTENDE POR TEXTO COMPLEXO?
É caracterizado por um sentido denso, uma estrutura elaborada, um
vocabulário sofisticado e intenções autorais subtis. Pode ir desde uma decisão
do Supremo Tribunal a um poema épico (Bauerlein, 2011)
O texto literário constitui um texto complexo por excelência, essencial para a
aquisição da linguagem conceptual e repositório essencial da memória de uma
comunidade
o texto literário integra aspetos de ordem história, cultural e estética pelo que
permite o estudo da rede de relações (semânticas, poéticas e simbólicas) da
riqueza conceptual e formal, da estrutura, do estilo, do vocabulário e dos
objetivos que definem um texto complexo
VIRTUALIDADES DO TEXTO COMPLEXO
Promove o desenvolvimento de capacidades de compreensão mais
elaboradas e consistentes a utilizar em diferentes contextos dentro e fora
da escola
Permite exercitar as capacidades de observação e de análise crítica
do leitor ou ouvinte
EXIGÊNCIAS DO TEXTO COMPLEXO
Pressupõe uma recetividade do leitor para aprofundar o pensamento
de forma progressiva, etapa por etapa
Requer uma certa forma de lentidão e de concentração que repousa
sobre a inexistência de constantes interrupções
Implica o treino de um trabalho de pensamento assente na
continuidade do raciocínio
Exige uma outra forma de pensar complexa que permita ir além da
mera compreensão da informação explícita
Pode ser duro para os alunos confrontarem-se com um texto que os obriga
a deterem-se nele, selecionando palavras, destrinçando frases, esforçando-se
por estabelecer conexões. Os professores podem sentir-se tentados a facilitar a
vida aos estudantes evitando textos difíceis. O problema é que o trabalho mais
fácil não torna os leitores mais capazes. O professor tem de estimular a
persistência dos alunos, especialmente quando o trabalho se torna mais
exigente. A recompensa resulta da capacidade de perseverar. (Shanahan,
Fischer e Frey, 2012)
A NOÇÃO DE GÉNERO TEXTUAL
Em geral, a expressão “tipo de texto” é equivocadamente empregada e não designa um tipo,
mas sim um género textual
É ideia assente que os géneros textuais são fenómenos históricos, com vínculo profundo à
vida cultural e social, presentes em qualquer situação de comunicação. Assumindo-se como
práticas sociodiscursivas, são de difícil definição formal
A expressão “género” esteve sempre ligada aos géneros literários, mas hoje já remete para
um discurso de qualquer tipo, oral ou escrito, literário ou não literário. Com os media e a
Internet, surgem novos géneros textuais como os editoriais, artigos de fundo, notícias,
telefonemas, mensagens, videoconferência, reportagem ao vivo, e-mails, chat, etc.
TIPOS TEXTUAIS GÉNEROS TEXTUAIS
1. Constructos teóricos definidos por
propriedades linguísticas intrínsecas;
1. Realizações linguísticas concretas definidas por
propriedades sociocomunicativas;
2. Constituem sequências linguísticas ou
sequências de enunciados no interior
dos géneros e não são textos
empíricos.
2. Constituem textos empiricamente realizados
cumprindo funções em situações comunicativas;
3. A sua nomeação abrange um
conjunto limitado de categorias
teóricas determinadas por aspetos
lexicais, sintáticos, relações lógicas,
tempo verbal;
3. A sua nomeação abrange um conjunto aberto e
praticamente ilimitado de designações concretas
determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e
função;
4. Designações teóricas dos tipos:
narração, argumentação, descrição,
exposição, injunção, e conversação.
4. Exemplos de géneros: telefonema, carta comercial,
romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio,
horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de
compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito
policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação
espontânea, chat, aulas virtuais, etc.
GÉNERO TEXTUAL
Um mesmo género pode abranger vários tipos textuais. Por exemplo, uma
carta pessoal pode conter uma sequência conversacional (Olá, Júlia!); uma
sequência narrativa (Ontem, fui a Aveiro com o Zé); uma argumentação (Há
anos que queria lá ir, mas nunca houve tempo nem disponibilidade); uma
descrição (É uma cidade muito bonita, plana e com muitos canais, parece
Veneza), etc.
No Programa, a noção de género textual é transversal, abrangendo as
várias dimensões – leitura, escrita, oralidade e educação literária.
GÉNERO TEXTUAL
Um género pode não ter uma determinada propriedade e continuar a ser
esse género. Por outro lado, pode existir uma intertextualidade intergéneros
que designa uma estrutura de natureza híbrida em que um género assume
a função de outro (Ex.: função de um artigo de opinião na forma de um
poema). A função, a intenção, o interesse predomina e supera a forma na
determinação de género.
intertextualidade intergéneros - > um género com a função de outro
heterogeneidade tipológica - > um género com a presença de vários tipos
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor ,
Três gotas de tristeza , um tom dourado,
Uma veia sangrando , de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce ...
Deita-se a luz dum corpo de mulher.
De uma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta ... assim requer
José Saramago.
Exercício 1: Diga em que género textual
que se integra o texto seguinte?
Receita
GÉNEROS TEXTUAIS PROGRAMÁTICOS
ORALIDADE – Compreensão do Oral
Objetivo 1. Compreender textos orais de complexidade crescente e de
diferentes géneros, apreciando a sua intenção e a sua eficácia
comunicativas.
Conteúdos
10.º Ano
• Reportagem
• Documentário
•Anúncio publicitário
11.º Ano
• Discurso político
• Exposição sobre um tema
• Debate
12.º Ano
• Diálogo
argumentativo
• Debate
GÉNEROS TEXTUAIS PROGRAMÁTICOS
ORALIDADE – Expressão do Oral
Objetivo 2. Utilizar uma expressão oral correta, fluente e adequada a
diversas situações de comunicação.
Objetivo 3. Produzir textos orais de acordo com os géneros definidos no
Programa.
Conteúdos
10.º Ano
• Síntese
• Apreciação crítica (de
reportagem, de documentário,
de entrevista, de livro, de filme,
de exposição ou de outra
manifestação cultural)
11.º Ano
• Exposição sobre um tema
• Apreciação crítica (de debate,
de filme, de peça de teatro, de
livro, de exposição ou de outra
manifestação cultural)
• Texto de opinião
12.º Ano
• Texto de opinião
• Diálogo
argumentativo
• Debate
GÉNEROS TEXTUAIS PROGRAMÁTICOS
LEITURA
Objetivo 4. Ler e interpretar textos escritos de complexidade crescente e
de diversos géneros, apreciando criticamente o seu conteúdo e
desenvolvendo a consciência reflexiva das suas funcionalidades.
Conteúdos
10.º Ano
• Relato de viagem
• Artigo de divulgação
científica
• Exposição sobre um tema
• Apreciação crítica (de
filme, de peça de teatro, de
livro, de exposição ou de
outra manifestação cultural)
11.º Ano
• Artigo de divulgação
científica
• Discurso político
• Apreciação crítica (de
filme, de peça de teatro, de
livro, de exposição ou de
outra manifestação cultural)
•Artigo de opinião
12.º Ano
• Diário
• Memórias
• Apreciação crítica (de
filme, de peça de teatro,
de livro, de exposição ou
de outra manifestação
cultural)
• Artigo de opinião
GÉNEROS TEXTUAIS PROGRAMÁTICOS
ESCRITA
Objetivo 5. Produzir textos de complexidade crescente e de diferentes
géneros, com diversas finalidades e em diferentes situações de
comunicação, demonstrando um domínio adequado da língua e das
técnicas de escrita..
Conteúdos
10.º Ano
• Síntese
• Exposição sobre
um tema
• Apreciação crítica
11.º Ano
•Exposição sobre um tema
•Apreciação crítica (de
filme, de peça de teatro, de
livro, de exposição ou de
outra manifestação cultural)
• Texto de opinião
12.º Ano
• Exposição sobre um
tema
• Apreciação crítica (de
debate, de filme, de peça de
teatro, de livro, de
exposição ou de outra
manifestação cultural)
•Texto de opinião
GÉNEROS TEXTUAIS PROGRAMÁTICOS
Conceito estruturante:
TRANSFERIBILIDADE
Um mesmo género é explorado em diferentes dimensões o que implica a transferência
de aquisições entre domínios
Perceção da língua como sistema aberto, consciência do ato de ler, de escrever e de falar
Desenvolvimento articulado e progressivo das capacidades de interpretar, expor e argumentar
Reforço sistemático das operações cognitivas mais complexas
LEITURA
ORALIDADE
EXEMPLO DE UMA UNIDADE DE ENSINO
VISÃO INTEGRADORA / CONCEITOS ESTRUTURANTES PRESENTES:
Dimensão cultural, linguística, literária; todos os domínios; articulação de
conteúdos; visão holística; cidadania; complexidade textual, complexidade de
pensamento, complexidade crescente; géneros textuais; transferibilidade.
1- Reportagem sobre Feira de Vilar de Perdizes – CO
2- Apreciação crítica oral dos aspetos não verbais da reportagem – EO
3- Auto da Feira (fala inicial de Mercúrio – crenças e superstições; signos do
Zodíaco) – ED (todos os tópicos)
4- Gramática – arcaísmos e neologismos; campo lexical e campo semântico
5- Visualização em vídeo da parte inicial da peça de Gil Vicente e apreciação crítica
oral (aspetos não verbais e verbais) – CO e EO
6- Projeto de Leitura – O Cabalista de Lisboa ou O Nome da Rosa (Ler para escrever) –L
7- Apreciação escrita do livro lido – E
Exercício 2 sobre géneros textuais:
Ouvir a gravação e indicar o género textual que
corresponde a cada texto.
(Nota: o texto n.º 1 foi suprimido)
Referências BAUERLEIN, Mark (2011). Too dumb for complex texts? Educational Leadership, 68 (5): 28-33.
URL:http://www.ascd.org/publications/educationalleadership/feb11/vol68/num05/Too-Dumb-for-Complex-
Texts.aspx
MARCUSCHI, Luiz Antônio (2005). “Gêneros textuais: definição e funcionalidade” in Dionísio, Ângela P.
e outros (org.) Gêneros Textuais & Ensino. Rio de Janeiro: Editora Lucerna.
SHANAHAN, Timothy, Douglas FISHER and Nancy FREY ( 2012). The challenge of challenging text.
Educational Leadership, 69(6): 59.
URL:http://www.ascd.org/publications/educationalleadership/mar12/vol69/num06/The-Challenge-of-
Challenging-Text.aspx
SCHNEUWLY, Bernard, Joaquim DOLZ e colaboradores (2004). Gêneros Orais e Escritos na Escola.
São Paulo: Mercado das Letras.
PROGRAMA E METAS CURRICULARES DE PORTUGUÊS DO ENSINO SECUNDÁRIO CFAE
PROGRAMA E METAS CURRICULARES DE PORTUGUÊS DO ENSINO SECUNDÁRIO CFAE
HELENA BORGES
ROSA AMARAL Outubro 2015