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 06/02/2013 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI REDATORA DO ACÓRDO : MIN. CÁRMEN L!CIA RECTE." S# : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROC." A  / S#"ES# : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RECDO." A  / S# : ESPÓLIO DE EMÍLIA LOPES DE LEON AD$." A  / S# : ANTONIO J OSÉ DIDONET EMENTA: RECUR SO EXTRA ORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO . LEI EST ADUAL : PROGRESSI VIDAD E DE ALÍQUOT A DE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DI REITOS. CONSTI TUCI ONALIDADE. ART . 1!" # 1$ " DA CONSTI TUIÇÃO DA REP%BLI CA. PRINPI O DA IGUALDADE MA TE RI AL TR IBUT ÁR IA. OBSERV&NCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. A C Ó R D O V'()*(" +,)/*( , /'(0)'/*( ,(),( )*(" 0*+/2 *( M'3'()+*( /* S4+,2* T+'53 6,/,+" ,2 S,((7* P,38+'" (*5 P+,('/930' /* M'3'()+* J*'2 B+5*(" 3 0*3;*+2'//, / ) /, <=2,3)* , /( 3*)( )'=+8;'0(" 4*+ 2'*+' /, >*)*(" %& '() *)+,-&%+ (+ )%)+ %)(+)'-)-+  " >,30'/*( *( M'3'()+*( R'0+/* L,?3/*?(@' R,)*+ , M+ 0* A+'*. V *)* * P+,('/,3)," M' 3'( )+* J* '2 B+ 5*( . N7* 4+)'0'4+2 / >*)7* *( M'3'()+*( R*( ,5,+ " L'F 6 , D'( T*;;*' 4*+ (0,/,+,2" +,(4,0)'>2,3)," *( M'3'()+*( E,3 G+0'," E+*( G+ , M,3,F,( D'+,')*" )*/*( 0*2 >*)* ,2 ((,3)/ 3),+'*+. Supremo Tribunal Federal Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/p ortal/autenticacao/ sob o número 4264922. 1 Coordenadoria de Análise de Jurisprudência DJe nº 233 Divulgação 26/11/2013 Publicação 27/11/2013 Ementário nº 2712 - 01

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06/02/2013 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

REDATORA DO ACÓRDO

: MIN. CÁRMEN L!CIA

RECTE."S# :ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROC."A / S#"ES# :PROCURADOR-GERAL  DO  ESTADO  DO  RIO 

GRANDE DO SUL RECDO."A / S# :ESPÓLIO DE EMÍLIA LOPES DE LEON AD$."A / S# :ANTONIO JOSÉ DIDONET 

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.TRIBUTÁRIO. LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTADE IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DEBENS E DIREITOS. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 1!" # 1$" DACONSTITUIÇÃO DA REP%BLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE

MATERIAL TRIBUTÁRIA. OBSERV&NCIA DA CAPACIDADECONTRIBUTIVA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.

A C Ó R D O

V'()*(" +,)/*( , /'(0)'/*( ,(),( )*(" 0*+/2 *( M'3'()+*( /*S4+,2* T+'53 6,/,+" ,2 S,((7* P,38+'" (*5 P+,('/930' /*M'3'()+* J*'2 B+5*(" 3 0*3;*+2'//, / ) /, <=2,3)* , /(3*)( )'=+8;'0(" 4*+ 2'*+' /, >*)*(" %& '() *)+,-&%+ (+ )%)+%)(+)'-)-+ " >,30'/*( *( M'3'()+*( R'0+/* L,?3/*?(@' R,)*+ ,M+0* A+'*. V*)* * P+,('/,3)," M'3'()+* J*'2 B+5*(. N7*4+)'0'4+2 / >*)7* *( M'3'()+*( R*( ,5,+" L'F 6 , D'( T*;;*'4*+ (0,/,+,2" +,(4,0)'>2,3)," *( M'3'()+*( E,3 G+0'," E+*( G+ ,

M,3,F,( D'+,')*" )*/*( 0*2 >*)* ,2 ((,3)/ 3),+'*+.

Supremo Tribunal Federal 

Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O

documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 4264922.

1Coordenadoria de Análise de Jurisprudência

DJe nº 233 Divulgação 26/11/2013 Publicação 27/11/2013

Ementário nº 2712 - 01

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RE 562045 / RS

B+(H'" /, ;,>,+,'+* /, K1. 

M'3'()+ CÁRMEN L!CIA - R,/)*+

Supremo Tribunal Federal 

Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O

documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 4264922.

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12/06/2008 TRIBUNAL PLENO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045-0 RIO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

RECORRENTE(S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADVOGADO (A/S)  : PGE-RS - KARINA DA SILVA BRUM E OUTRO (A/S)

RECORRIDO(A/S) : ESPÓLIO DE EMILIA LOPES DE LEON

ADVOGADO(A/S) : ANTONIO JOSÉ DIDONET

R E L A T Ó R I O

O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI - Senhor Presidente,

trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Estado do Rio

Grande do Sul contra acórdão que julgou inconstitucional o art. 18

da Lei estadual 8.821/1989, que instituiu um sistema progressivo

de alíquotas para o Imposto sobre a Transmissão

  Causa Mortis

  e

Doações - ITCD, determinando fosse aplicada a sua alíquota mínima,

ao fundamento de que a progressividade prevista  no  art. 145, § 1º,

da Constituição Federal somente se refere aos impostos de natureza

pessoal.

Eis a redação original do referido dispositivo:

Art.  18 -No Imposto sobre a Transmissão

'Causa Mortis ' a aliquota é definida com base no

resultado da soma do valor venal da totalidade dos bens

imóveis, móveis, títulos e créditos, bem como dos

direitos a eles relativos, do patrimô nio inventariado,

estabelecendo-se:

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RE 5 6 2 . 0 4 5 / R S

I -

  isenção, se os valores supra referidos

não excedem 2.000 U nidades de Padrão Fiscal;

II - em

 um

  por cento, se os valores referidos

no 'caput' deste artigo estiverem entre 2 001 e 4000

Unidades de Padrão Fiscal;

III - em dois por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 4001

  e

6000 Unidades de Padrão Fiscal;

IV - em três po r cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 6001 e

9000 Unidades de Padrão Fiscal;

V - em quatro por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 9001 e

12000 Unidades de Padrão Fiscal;

VI - em cinco por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 12001

e 20000 Unidades de Padrão Fiscal;

VII

  -

  em seis por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 20001

e 30000 Unidades de Padrão Fiscal;

VIII - em sete por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem entre 30001

e 50000 Unidades d e Padrão Fiscal;

IX

  -

  em oito por cento, se os valores

referidos no 'caput' deste artigo estiverem acima de

50001 Unidades de Padrão Fiscal .

Em c o n s u l t a a o s í t i o e l e t r ô n i c o d a A s s e m b l é ia

L eg i s l a t i v a do Es t ado do R io Grande do Su l , c o n s t a t e i que a s

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RE 562.045 / RS

alterações promovidas no texto legal acima mencionado mantiveram o

sistema progressivo de alíquotas.

1

No RE, interposto com base   no  art. 102, III, a, da

Constituição Federal, o recorrente alega violação aos arts. 145, §

1º, e 155, § 1º, IV, da mesma Carta.

Sustenta, em suma, que inexiste vedação constitucional à

progressividade do Imposto sobre a Transmissão   Causa Mortis  e

Doações de bens ou direitos, ainda que se trate um tributo de

natureza real.

As contra-razões foram encartadas às fls. 81-91,  tendo

estas, em síntese, reiterado os fundamentos do acórdão recorrido,

que apontam para a inconstitucionalidade do dispositivo legal sob

exame.

Em 30/11/2007, submeti à Corte manifestação no sentido

da existência de repercussão geral do tema constitucional debatido

nos autos, a qual foi por ela acolhida (DJ 29/2/2008) .

1

  <www.al.rs.gov.br>. Acesso em 25/04/08. Leis estaduais 8.963/89, 9.099/90,

9.939/93, 10.800/96, 11.074/97.

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RE 562.045 / RS

Deixei de remeter o processo ao Procurador-Geral da

República em razão de já tê-lo feito em outro caso absolutamente

idêntico, no qual o parecer do Ministério Público Federal foi pelo

provimento

  do

  recurso (RE 544.438/RS, de minha relatoria).

É o relatório.

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12/06/2008 TRIBUNAL PLENO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045-0 RIO GRANDE DO SUL

V O T O

O Sr. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI  (Relator):  O debate

travado nestes autos está centrado, basicamente, na interpretação

a ser conferida ao § 1º do art. 145 da Carta Magna, assim

redigido:

Sempre que possível, os impostos terão

caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade

econômica do contribuinte, facultado à administração

tributaria, especialm ente para conferir efetividade a

esses objetivos, identificar, respeitados o s direitos

individuais e nos termos da lei, o patrimonio, os

rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte .

Esta Suprema Corte já se debruçou sobre o tema, ao

cuidar da progressividade do IPTU, no julgamento do RE 153.771/MG,

sendo Relator o Ministro Carlos Velloso e Redator para o acórdão o

Ministro Moreira Alves, fixando-se, na respectiva ementa, as

seguintes premissas :

- IPTU.  Progressividade.

-  No sistema tributário nacional é o IPTU

inequivocamente um imposto real.

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RE 5 6 2 . 0 4 5 / R S

-  Sob o império da atual Constituição, não é

admitida a progressividade fiscal do  IPTU,  quer com base

exclusivamente no seu artigo 145, § 1º, porque esse

imposto tem caráter real que é incompatível com a

progressividade decorrente da capacidade econômica do

contribuinte, quer com arrimo na conjugação desse

dispositivo constitucional (genérico) com o artigo 156,

§ 1º (específico) .

-  A interpretação sistemática da Constituição

conduz inequivocamente à conclusão de que o IPTU com

finalidade extrafiscal a que alude o inciso II do § 4º

do artigo 182 é a explicitação especificada, inclusive

com limitação temporal, do IPTU com finalidade

extrafiscal aludido no artigo 156 , I, § 1º.

Portanto, é inconstitucional qualquer

progressividade, em se tratando de

  IPTU,

  que não atenda

exclusivamente ao disposto no artigo 156, § 1º, aplicado

com as limitações expressamente constantes dos §§ 2º e

4º do artigo 182, ambos da Constituição Federal.

Recurso extraordinário conhecido e provido,

declarando-se inconstitucional o sub-item 2.2.3 do setor

II da Tabela III da Lei 5.641, de 22.12.89, no Mun icípio

de Belo Horizonte .

Na o c a s i ã o , f i c o u v e n c id o o M i n i s t r o C a r l o s V e l l o s o , d e

c uj o v o t o d e s t a c o o s e g u i n t e t r e c h o :

A

  interpretaçã o (. . . ) do que está inscrito

no § 1º do art. 145 da Constituição Federal deve ser

esta: sempre que possível, os impostos terão caráter

pessoal, dado que há impostos que não possuem tal

característica. Mas a pessoalidade dos impostos deverá,

a todo modo, ser perseguida. Todos os impostos,

entretanto, estão sujeitos ao princípio da capacidade

contributiva, mesmo os que não tenham caráter pessoal

.

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RE 562.045 / RS

No voto-vista, proferido pelo Ministro Moreira Alves,

que acabou sufragado, em votação majoritária, pelo Plenário da

Casa, ficou assentado que

(...)

  a

  Constituição, adotando a distinção

clássica segundo a qual os impostos podem ter caráter

pessoal ou caráter real (é a classificação que distingue

os impostos em pessoais e reais), visa a que os

impostos, sempre que isso seja possível, tenham o

caráter pessoal, caso em que serão graduados - e um dos

critérios de graduação poderá ser a progressividade -

segundo

  a

  capacidade econômica do contribuinte.

Por outro lado, em face desse dispositivo,

não se pode pretender que a expressão 'sempre que

possível' se refira apenas ao caráter pessoal do

imposto, e que, por isso, o princípio da capacidade

contributiva seja aplicável a todos os impostos ainda

quando não tenham caráter pessoal, como sustentam

Américo Lacom be e José Ma urício C onti, citados no voto

do eminente relator. De feito, a parte final do

dispositivo em causa repele essa conclusão, porque a

Constituição atribui à administração tributária a

faculdade de identificar o patrimônio, os rendimentos e

as atividades econôm icas do contribuinte, 'especialmente

para conferir efetividade A ESSE S OBJ ETIVO S', ou seja,

ao objetivo de que os impostos, se possível, tenham

caráter pessoal e ao de que esses impostos com caráter

pessoal sejam graduado s segundo a capacidade econôm ica

do contribuinte, certo como é que essa faculdade de

identificação só tem sentido quando se trata de imposto

de caráter pessoal, ou seja

  -

  na definição de GIAN INI

(Istituzioni di Diritto Tributario, reimpressão da 9ª

ed.,

  p.159,

  Dott A Giuffrè Editore, Milano, 1974) -,

'aqueles que alcançam o conjunto de rendimentos ou de

bens do contribuinte, ou também uma parte destes, mas

enquanto dizem respeito a uma dada pessoa, leva ndo em

conta, em medida mais ou mesmo ampla, as suas

condições'. 0 mesm o não ocorre, evidentemente, com os

impostos de caráter real que - também na definição de

GIAN INI (Ob. Cit., ibidem)

  -

  são os que 'alcançam bens

singulares ou rendimentos ou também grupos de bens o u de

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RE 562.045 / RS

rendimentos,

  considerado s na sua objetividade, sem levar

em conta a condição pessoal do sujeito passivo do

impo sto' (grifos no original).

0 erudito voto condutor, amparado em amplo suporte

doutrinário nacional e estrangeiro, invocou, dentre outros, os

ensinamentos de Aliomar Baleeiro, de cuja obra extraiu a lição

abaixo :

Em  regra geral,  só os impostos pessoais se

ajustam adequadamente à aplicação de critérios

progressivos med idos pela capacida de contributiva, se

bem que esta se possa presumir da natureza, valor ou

aplicação específica de determina da coisa, n o sentido de

que a possui, com pra ou prefere o indivíduo de ma iores

recursos econômicos. Mas imposto sobre coisa, em

princípio, exclui, por exem plo, a progressividade em

atenção à pessoa, SALVO CASOS DE APLICAÇÃO EXTRAFISCAL

(grifos no

 original).

E completou o Ministro  Moreira Alves:

Essa exceção se explica, porque, em se

tratando de aplicação extrafiscal de impo sto, não está

em jogo a capacidade contributiva do contribuinte que só

é levada em conta com relação a impostos pessoais com

finalidade fiscal .

No mesmo julgamento, o Ministro Sepúlveda Pertence

pronunciou-se, acerca da § lº do art. 145 da Carta Magna, conforme

segue:

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RE 562.045 / RS

'§ 1º

  Sempre que possível, os

impostos terão caráter pessoal e serão

graduados segundo a capacidade econômica do

c o n t r i b u i n t e ' .

Creio que, se tivesse parado aqui o

dispositivo, haveria margem ao menos para entender que o

problema tinha uma solução dogm aticamente equívoca, o

que abriria espaço para dar prevalência aos princípios

de justiça social e de autonomia municipal que,

acredito, melhor seriam atendidos pela admissão da

progressividade do

  IPTU,

  conforme o valor do imóvel.

Ma s, depois de longa reflexão, não me

consegu i libertar do que resulta da parte final desse

mesmo § 1º, onde explicitamente se prescreveu que para

conferir efetividade a esses objetivos

  - isto

  é, aos de

que, sempre que possível, 'os impostos terão caráter

pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica

do contribuinte', é 'facultado à adm inistração

tributária identificar, respeitados os direitos

individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e a atividade econômica do contribuinte'.

Parece claro daí que a capacidade contributiva a tomar

como critério de graduação do imposto é a capacidade

econôm ica efetiva, real e global do contribuinte, o que,

lamentavelmente para mim, afasta o meu primeiro impulso,

que seria o de admitir, com os professores Roque e

Elizabeth Carrazza, a tese de que a propriedade

imobiliária de grande valor geraria presunção juris et

de jure de capacidade contributiva  deveria gerar, de

lege ferenda, mas a Constituição impede que assim se

considere. Não me animo a sobrepor-lhe o meu wishfull

thinking. (grifos no original)

Posteriormente, ao julgar o RE 234.105/SP, em que se

discutia a possibilidade de fixação de alíquotas progressivas para

o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis -  ITBI,  do qual foi

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RE 562.045

 / RS

Relator

 o

 Ministro Carlos Velloso, este Supremo Tribunal proferiu

decisão

 que

 porta

 a

 seguinte ementa:

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO

.

  IMPOSTO  DE

TRANSMISSÃO  DE  IMÓVEIS,

  INTER VIVOS

  -  ITBI.  ALÍQUOTAS

PROGRESSIVAS.  CF., art. 156, II, § 2º, Leí nº  11.154,

de 30.12.91,  do  Municipio  de São  Paulo,  SP.

I - Imposto de transmissão de imóveis,  inter

vivos -

  ITBI:

  alíquotas progressivas

 

a Constituição

Federal não autoriza a progressividade das alíquotas,

realizando-se o princípio da capacidade contributiva

proporcionalmente ao preço da venda.

II - RE conhecido  e  provido .

Naquele julgamento,  com  exceção  do  Ministro Marco

Aurélio,

 os

 votos

 dos

 demais componentes

 da

 Corte (Nelson Jobim,

Maurício Corrêa, Ilmar Galvão, Sepúlveda Pertence, Octavio

Gallotti, Sydney Sanches  e  Moreira  Alves),  embora tenham

acompanhado

 o

 relator

 na

  parte dispositiva

 do

 voto,

 ao

 invés

 de

invocarem a ausência de  autorização constitucional para a fixação

de alíquotas progressivas para

 o ITBI,

  adotaram, como fundamento,

a distinção entre impostos

 de

 natureza real

 e

 pessoal.

Na esteira  do  pronunciamento  do  Ministro Sepúlveda

Pertence, entenderam

 que

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RE 562.045 / RS

( . . . ) o art. 145, § 1º, impõe uma distinção

entre impostos pessoais e não pessoais, e só quanto aos

primeiros permite a graduação conforme a capacidade

contributiva, que é a característica dos impostos

progressivos .

O STF inclusive, com relação a  esse tributo, editou a

Súmula 656, com o seguinte teor:

É inconstitucional a lei que estabelece

alíquotas progressivas para o imposto de transmissão

inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor

venal do imóvel .

Com efeito,  a  doutrina  faz tradicionalmente,  uma

distinção entre impostos de  natureza real e de natureza pessoal.

Os primeiros são aqueles em que se toma em  consideração apenas a

coisa sobre  a  qual recai  o  tributo,  sem  levar  em  conta  as

condições particulares  dos  contribuintes.  Já os  segundos  são

aqueles  em que são  sopesadas  as  qualidades individuais  dos

contribuintes para a  graduação do  tributo. A  dosagem da exação,

nos impostos reais, dá-se  com  base  em  critérios objetivos, ao

passo que, nos pessoais, ela é determinada subjetivamente.

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Sobre a dicotomia entre impostos reais e pessoais,

transcrevo a valiosa lição de Geraldo Ataliba:

 1

56.1 Um a classificação muito divulgada dos

impostos diz respeito à influência maior ou meno r, na

estrutura do imposto, do aspecto ma terial ou pessoal da

h.i. Com a Constituição de 1988, passou a ter enorme

importânc ia (art. 145, § 1º) a distinção entre impostos

pessoais  e reais.

56.2 São impostos reais aqueles cujo aspecto

ma

 terial da h.i. limita-se a descrever um fato, ou

estudo de fato, independen temente do aspecto pessoal, ou

seja, indiferente ao eventual sujeito passivo e suas

qualidades. A h.i. é um fato objetivamen te considerado,

com abstração feita das condições jurídicas do eventual

sujeito passivo; estas condições são desprezada s, não

são consideradas na descrição do aspecto material da

h.i. (o que não significa que a h.i. não tenha aspecto

pessoal;

  tem,

  porém este é indiferente à estrutura do

aspecto material ou do próprio imposto) .

56.3 São impostos pessoais, pelo contrário,

aqueles cujo aspecto material da h.i. leva em

consideração certas qualidades, juridicamente

qualificadas, dos possíveis sujeitos passivos. Em outras

palavras

 

estas qualidades jurídicas influem, para

estabelecer diferenciações de tratamento 1egislativo,

inclusive do aspecto material da h.i. Vale dizer: o

1egislador, ao descrever a hipó tese de incidência, faz

refletirem-se decisivamente, no trato do aspecto

material, certas qualidades jurídicas do sujeito

passivo. A lei, nestes casos, associa tão intimam ente os

aspectos pessoal e material da h.i. que não se pode

conhecer este sem considerar concom itantemente aquele.

. ..)

56.6 Esta classificação é de grande relevo,

para fins hermen êuticos. Prime iramente, o legislador, ao

1

  ATALIBA, Geraldo. Hipótese de

  Incidência Tributária.

  6ª ed. São Paulo:

Malheiros Editores, 2006, p. 14-142.

14

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RE 562.045 / RS

legislar, deve atender ao imperativo do § 1º do art. 145

da Constituição ('Sempre que possível, os impostos terão

caráter pessoal

  ...').

  Quer dizer, é imperioso tentar

  -

observadas as exigências da isonomia - categorizar as

bases e modular as alíquotas de modo a considerar as

qualidades pessoais do contribuinte .

No que respeita, especificamente, à progressividade do

Imposto sobre a Transmissão

  Causa Mortis,

  registro que este já foi

objeto

 de

  algumas d

e c i s õ e s

  monocráticas,

 em

  sentido divergente,

nesta Corte. Cito

  como

  exemplo aquela proferida pelo Ministro

Marco Aurélio,

 no RE

 563.261/RS,

 na

  qual considerou hígida,

 do

ponto de  vista constitucional, a  progressividade  do  tributo em

questão, e a prolatada, no AI 581.154/PE, pelo Ministro Sepúlveda

Pertence,  que  concluiu pela inconstitucionalidade dessa

sistemática fiscal, sobretudo porque

  a lei

  pernambucana, então

contestada,

  à

  semelhança

  da lei

  gaúcha

  ora

  impugnada, impunha

alíquotas progressivas tendo

 em

  conta

 o

  valor total

 dos

 bens

 e

direitos transmitidos.

Não obstante o dissenso esboçado pelas citadas decisões

monocráticas, diante da  posição, até o  momento, consolidada do

Plenário  da  Casa acerca  do  tema  de  fundo, qual seja,  o da

impossibilidade  de  estabelecer-se  a  progressividade  no  caso de

impostos  de  natureza  real,  peço vênia  aos que  divergem para

filiar-me ao entendimento de que a  locução sempre que  possível.

15

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RE 562.045 / RS

os impostos serão graduados

, estampada

  no

  § 1º do art. 145 da Lei

Maior,  está necessariamente atrelada à expressão

  capacidade

econôm ica do contribuinte , que a ela se segue.

Antes de adentrar

  ao

 cerne da discussão, convém

  assentar

que a progressividade é uma das formas pelas quais a graduação dos

tributos é levada a efeito pelo Estado. Não se deve, todavia,

confundir seletividade - técnica aplicável

  aos impostos

  reais -

com progressividade , sistemática que usualmente é empregada para

modular  os impostos  pessoais. Nesta, as alíquotas aumentam em

função do valor da base de cálculo, onerando mais pesadamente

aqueles que

  possuem

  maior capacidade econômica, de forma

proporcional à sua riqueza. Já naquela, as alíquotas variam em

razão dos objetos tributados, tendo em mira a realização de

determinada política fiscal, de modo a estimular ou desestimular a

produção ou o consumo de certos

 bens.

A função essencial da progressividade consiste em dar

concreção ao princípio da capacidade contributiva de modo a

promover a justiça social em matéria tributária, servindo como

importante instrumento de desconcentração da riqueza.

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RE 562.045 / RS

Coerentemente com tal entendimento, o dispositivo

constitucional em tela estabelece que a graduação dos impostos

somente pode ser levada a efeito se guardar relação com a

capacidade contributiva do sujeito passivo. Tal liame, como é

sabido,

  melhor se evidencia nos tributos de natureza pessoal, ao

menos do ponto de vista da proporcionalidade e razoabilidade da

exação.

O texto constitucional - como ressaltou o STF nos

julgados acima referidos - é expresso ao determinar que a

graduação dos impostos há fazer-se

  segundo a capacidade econômica

do contribuinte ,

  facultando-se à administração tributária, para

conferir efetividade a tal desiderato, identificar, respeitados os

direitos individuais, e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas daqueles que irão suportálo.

Nesse passo, vale trazer à baila a já clássica definição

da capacidade contributiva que Rubens Gomes de Souza oferece,

arrimado no especialista em finanças o italiano Grizioti:

é a

soma de riquezas disponível depois de satisfeitas as necessidades

elementares da existência, riqueza essa que pode ser absorvida

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RE 562.045 / RS

pelo Estado sem reduzir o padrão de vida do contribuinte e sem

prejudicar as suas atividades econômicas

.

  2

Não se está, evidentemente, com o raciocínio até agora

expendido, a concluir pela absoluta impossibilidade de avaliar-se

a capacidade econômica do contribuinte nos impostos de natureza

real. O que se afirma, para o efeito da discussão aqui travada, é

a precariedade da conclusão segundo a

  qual,

  quanto maior a

expressão econômica da base impositiva do imposto, maior será a

capacidade contributiva do sujeito passivo.

Isso porque é da natureza do imposto real atingir uma

dada situação, eleita pelo legislador, sem levar em consideração

as qualidades pessoais que refletem o poder econômico dos

contribuintes. Não é possível, com efeito, aferir a capacidade

contributiva do sujeito passivo do Imposto sobre a Transmissão

Causa Mortis

  e Doações com base, exclusivamente, no conjunto de

bens ou direitos transferidos ao herdeiro, legatário ou donatário.

Entendo, ademais, que cumpre também aplicar, com relação

a estes, o mesmo raciocínio desenvolvido pelo Supremo Tribunal

Federal no tocante ao Imposto sobre a Transmissão Inter

  Vivos

  de

2

 SOUZA, Rubens Gomes de.   Com pêndio de Legislação Tributária.  Ed. Póstuma. São

Paulo: Editora Resenha Tributária, 1975, p. 95

18

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RE 562.045 / RS

Bens Imóveis - ITBI e ao Imposto sobre a Propriedade Predial e

Territorial Urbana - IPTU, segundo o qual não é possível presumir

a capacidade econômica do contribuinte, simplesmente, a partir do

valor do bem ou da operação tributada.

Nada se pode afirmar, à evidência, quanto à capacidade

econômica daquele que recebe uma herança, um legado ou uma doação,

ainda que de grande valor, apenas em razão de tal circunstância.

  É

possível,

  até, que haja, em certos casos, um incremento em seu

patrimônio, mas não se mostra razoável chegar-se a qualquer

conclusão quanto à respectiva condição financeira apenas por

presunção.

Basta verificar que, por vezes, uma pessoa abastada

herda algo de pequeno valor, ao passo que alguém de posses

modestas é aquinhoado com bens de considerável expressão

econômica. Há casos, por demais conhecidos, em que as dívidas do

herdeiro superam, em muito, o próprio valor dos bens herdados. Não

são raras, aliás, as situações em que os processos de inventário

ficam paralisados durante longo tempo porque os herdeiros não têm

condições de saldar os impostos que incidem sobre a herança,

vendo-se, muitas vezes, obrigados a desfazer-se de algum bem ou

direito para cumprir suas obrigações relativamente ao Fisco.

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RE 562.045 / RS

O mesmo ocorre no tocante à doação, em que a obrigação

tributária pode recair tanto sobre o doador, quanto sobre o

donatário. Na primeira hipótese, o doador sofre uma dupla

diminuição em seu patrimônio, seja pela perda de um valor que o

integrava, seja pelo próprio recolhimento do tributo. Quanto à

segunda, cumpre lembrar que a maioria das doações são realizadas

com o intuito de socorrer ou reforçar as finanças de pessoas cujas

economias se encontram em situação precária.

Ora, se fosse possível aferir a capacidade econômica do

contribuinte, simplesmente, pelo valor dos bens ou direitos

transmitidos no caso do ITCD, não haveria qualquer razão para

obstar a progressividade de outros impostos de natureza  real,  a

exemplo do ISS, ICMS ou IOF, desde que se partisse da mesma

premissa, qual seja, a de que, quanto mais elevada a expressão

monetária da base imponível, tanto maior a capacidade econômica do

sujeito passivo, raciocínio que, data  venia,  não se afigura

juridicamente consistente.

Nesse passo, é de se perguntar: a progressividade, como

forma de graduação dos tributos, estaria vedada para os impostos

reais?

20

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RE 562.045 / RS

A resposta é negativa, mas com temperamentos. Isso

porque,

  em se tratando de impostos reais, a progressividade só

pode ser instituída quando existir expressa autorização no texto

constitucional. E, mesmo nesses

  casos, ela só é

 admitida para dar

concreção aos efeitos extrafiscais desejados pelo constituinte,

desprezando-se a capacidade econômica deste.

É verdade que uma interpretação isolada da primeira

parte do § 1º do art. 145 da Constituição permite que se alcance a

conclusão segundo a  qual,  embora dirigido, primordialmente,  aos

impostos pessoais, o dispositivo não exclui a graduação de

impostos reais. Mas, como já assentado pelo Ministro Sepúlveda

Pertence, no trecho do voto acima transcrito, a sua parte final

afasta, peremptoriamente, tal inferência.

Ademais,  tendo em conta, sobretudo, os princípios da

isonomia tributária, da vedação do confisco, e da não-afetação,

abrigados,

 respectivamente, nos

 arts.

 150, II e IV, e 167, IV, da

Carta Magna, bem como o fato de caracterizarem-se os impostos como

exações desvinculadas de qualquer atividade estatal específica,

nos termos do art. 16 do Código Tributário Nacional, não há

  como

identificar, no texto constitucional sob exame, uma autorização

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RE 562.045 / RS

geral e indiscriminada para a adoção da progressividade no que se

refere a toda a especie de impostos.

De fato, se a receita dos impostos não é destinada a

nenhum fim particular e nem está jungida a qualquer atividade

estatal em particular, a única forma de identificar a desigualdade

entre os contribuintes, conferindo-lhes um tratamento fiscal

distinto, por meio da progressividade, sem desrespeito ao

princípio da isonomia, é considerar sua capacidade contributiva,

segundo o raciocínio de que, quanto maior a sua disponibilidade

econômica, maior há de ser a sua colaboração ao erário.

Daí que, se a capacidade econômica não é levada em conta

na imposição dos impostos reais, a progressividade, nesses tipos,

só pode ocorrer em razão de expressa disposição constitucional e

no limite dos casos especificamente nela previstos.

Assim, vê-se, que, além da progressividade, prevista no

§ 1º do art. 145, aplicável aos impostos de natureza pessoal, o

constituinte admitiu-a, pontualmente, para alguns impostos reais,

sempre buscando a obtenção de efeitos extrafiscais, a saber:

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RE 562.045 / RS

i) no art. 153, § 4º, I, quanto ao Imposto sobre

Propriedade Territorial Rural - ITR,

  como forma de desestimular a

man utenção de propriedades improdu tivas

;

ii) no art. 156, § 1º, I, incluído pela Emenda

Constitucional 29/2000, relativamente ao Imposto sobre a

Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU, como faculdade,

conferida ao legislador municipal, de estabelecer a

progressividade com base no valor do imóvel para, no entender de

Hugo de Brito Machado,

de desestimular vultosas imobilizações de

recursos em terrenos para fins meram ente especulativos,

dificultando o crescimento normal das cidades ;

3

  e

iii) no art. 182, § 4º, II, também quanto ao IPTU, sob a

modalidade de progressividade  no  tempo, como instrumento de

política urbanística, objetivando assegurar o cumprimento da

função social da propriedade, de modo a exigir

  do proprietário do

solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado que

promova seu adequado aproveitamento

.

Entendimento diverso, ou seja, o de que o § 1º do art.

145 da Constituição faculta ou, até mesmo, determina a graduação

3

  MACHADO, HUGO

  DE

 BRITO.

  Curso

  d

e  Direito Tributário.

  22ª

  ed. São

 Paulo :

Malheiros,

 2003, p. 349.

23

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RE 562.045 / RS

de todos os impostos, seria concluir pela desnecessidade dos

referidos dispositivos constitucionais, inclusive os que foram

inseridos

  no

  texto

  magno

 pelo constituinte derivado.

E mais :  seria permitir que o legislador ordinário

ampliasse ou, quiçá, desprezasse as hipóteses em que a

Constituição autoriza, expressamente, a progressividade para os

impostos reais, graduando-os de maneira distinta ou com finalidade

diversa.

Cumpre registrar, por oportuno, que o fato de a

Constituição estabelecer, no art. 155, § lº, IV, que o Imposto

sobre a Transmissão Causa

  Mortis

  e Doações terá suas

  alíquotas

máximas fixadas pelo Senado Federal ,

  não autoriza a interpretação

segundo a qual o constituinte teria admitido a fixação de mais de

uma alíquota para o tributo em questão, em conformidade com um

sistema progressivo. 0 que se pretendeu, com esse dispositivo, foi

permitir o estabelecimento de um teto uniforme para as alíquotas,

válido para todos os entes federados, objetivando, ainda, que elas

assumam um caráter confiscatório.

Assente-se, de passagem, que o Senado excedeu a

competência que lhe foi conferida pelo constituinte, quando

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RE 562.045 / RS

autorizou, por meio da Resolução 9/1992, mais especificamente, em

seu art. 2º, o legislador estadual a fixar alíquotas progressivas

em função do quinhão efetivamente recebido por cada herdeiro.

  4

Lembro,

 a propósito, que Ruy Barbosa Nogueira,

  ao

  tratar

do antigo Imposto sobre Circulação de Mercadorias - ICM, previsto

na Constituição de 1967, teceu as seguintes considerações sobre a

impossibilidade de pretender-se alcançar efeitos extra-físcais por

meio da manipulação isolada e local de suas alíquotas, que se

aplicam,  mutatis mutandis,  ao tributo ora sob exame:

(. . .) considera ndo (. . .) que a intervenção

do Estado no domínio econômico é tarefa precípua do

poder central, foram toma das (...) todas as providên cias

para que o ICM fosse um imposto neutro, um imposto de

cunho exclusivamente fiscal, que não tem finalidade

regulatória.

. . .)

O ICM não pode ser usado isoladamente pelos

Estados como instrumento regulador da economia,

fomentando ou desencorajando atividades. Não é imposto

federal de atuaçã o extra-fiscal, quer pela sua natureza ,

quer em razão d e seu sujeito ativo, e por isso já vimos

que as alíquotas têm seu teto fixado pelo Senado

4

  Art. 2ª As alíquotas dos impostos, fixados em lei estadual, poderão ser

progressivas em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente receber nos

termos da Constituição Federal.

5

 NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de Direito Tributário. 4ª. ed. São Paulo: IBDT,

1976,

 p. 160.

25

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RE 562.045 / RS

No mesmo sentido, em edição mais recente de sua obra, o

saudoso mestre da Faculdade de Direito da Universidade de São

Paulo, acima citado, levanta interessante questão, que em seguida

responde:

Em um  Estado federativo como o nosso

comp etirá aos entes meno res, E stados-Mem bros e

Mu nicípios, a tarefa de regular e controlar a economia

nacional? Parece evidente que essa função é meram ente

supletiva e limitada a aspectos regionais ou locais e em

harmon ização coadjuvante .

  6

Por essas razões, penso, a intervenção do Estado no

domínio econômico, por meio da extrafiscalidade, com o objetivo de

redistribuir a riqueza das pessoas, em uma estrutura federal como

a nossa, somente pode ser levada a efeito pela União, exatamente,

para evitar a ocorrência de graves distorções no plano nacional.

De fato, não se coaduna com a lógica do sistema admitir

que um ente federado possa facilitar ou obstaculizar, mediante a

progressividade do Imposto sobre a Transmissão  Causa Mortis  e

Doações,

  a concentração da renda, ao alvedrio das preferências

ideológicas daqueles que, de forma transitória, ocupam o poder

local,  quando mais não seja porque compete, privativamente, à

União,

 a teor do disposto no art. 22, I, da Constituição, legislar

6

 Idem, ibidem, 14

a

. ed. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 185.

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RE 562.045 / RS

sobre direito civil, o que inclui, como é sabido, a disciplina

geral da propriedade.

Assim, embora represente um instrumento para a obtenção

de efeitos extrafiscais, a progressividade, no caso de impostos

reais,  em nosso ordenamento legal, só pode ser adotada se houver

expressa previsão constitucional. Mesmo assim, ressalte-se, ela

não poderá basear-se, direta ou exclusivamente, na capacidade

econômica do contribuinte.

Em suma, a vedação da progressividade no caso dos

impostos de natureza  real, constante do art. 145, § 1º, da Carta

Magna,

 ao lado dos principios da legalidade, da irretroatividade,

da anterioridade, da isonomia e da proibição do confisco,

configura garantia constitucional e direito individual do

contribuinte, que não podem ser afastados por lei ordinária

estadual.

Em face de todo o exposto, nego provimento ao recurso.

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PLENÁRIO

EXTRATO DE ATA 

RE(URSO EXTRAORDINÁRIO 5$#.0"5-0

PROCED. : RIO GRANDE DO SULRELATOR : MIN. RI(ARDO LE)ANDO)S*I

RECTE.(S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SULADV.(A/S) : PGERS FARINA DA SILVA 4RUM E OUTRO(A/S)RECDO.(A/S) : ESPLIO DE EMÍLIA LOPES DE LEONADV.(A/S) : ANTONIO JOS DIDONET

Decisã:  A& ' ,'-' ' S*"2'r Mi"i-r' Ri#r' L*@#"'@i(r*$#-'r)% *&r',*"' ' r*!r'% &*i! ,i-# ' #!-' ' S*"2'r

Mi"i-r' Er' Gr#!. A!*"-*% 0!-i1i##*"-*% ' S*"2'r Mi"i-r'J'#3!i 4#r'#. Pr*i;"i# ' S*"2'r Mi"i-r' Gi$#r M*"*.P$*"5ri'% 67.89.788.

Pr*i;"i# ' S*"2'r Mi"i-r' Gi$#r M*"*. Pr**"-* <*=' ' S*"2'r* Mi"i-r' C*$' * M*$$'% M#r' A!r>$i'% E$$*"Gr#i*% C*?#r P*$!'% C#r$' 4ri--'% Ri#r' L*@#"'@i% Er'Gr#!% C5r*" LBi# * M*"*?* Dir*i-'.

Vi*Pr'!r#'rG*r#$ # R*&B$i#% Dr. R'*r-' M'"-*ir'

G!r+*$ S#"-'.

&/L!i? T'i#-!S*r*-5ri'

Documento assinado digitalmente conforme MP n°2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.O

documento pode ser acessado no endereço eletrônico https://www.stf.gov.br/processos/autenticacao sob o número 271484

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17/09/2008 TRIBUNAL PLENO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045-0 RIO GRANDE DO SUL

VOTO - VISTA

O SENHOR MINISTRO Eros Grau: Pedi vista dos autos porque

no RE N. 557.618 dei provimento, em decisão monocrática

referindo-me ao que decidiu este Tribunal, em sessão plenária, no RE

n. 234.105, Relator o Ministro Carlos Velloso dei provimento,

dizia,

 ao recurso do Estado do Rio Grande do Sul. Reafirmei, então -

mencionando voto do Ministro Marco Aurélio a

constitucionalidade da progressividade da aliquota do Imposto de

Transmissão

  Causa Mortis

  e Doação - ITCD.

2.

  Aqui,

  nestes autos, como naqueles, cuidamos da

interpretação do texto do § 1º do artigo 145 da Constituição do

Brasil :

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter

pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica

do contribuinte, facultado à administração tributária,

especialmente para conferir efetividade a esses

objetivos,

  identificar, respeitados os direitos

individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte .

3. 0 Relator entende, no voto que proferiu neste recurso

extraordinário, em síntese, que a graduação dos impostos somente

pode ser levada a efeito se guardar relação com a capacidade

contributiva do sujeito passivo. Tal liame, como é sabido, melhor se

evidencia [sic] nos tributos de natureza pessoal, ao menos do ponto

de vista da proporcionalidade e razoabilidade da exação .

  Mais,

  S.

Excia.  sustenta ser impossível aferir-se a capacidade contributiva

do sujeito passivo do ITCD e que embora não esteja vedada para

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RE 562.045 / RS

os impostos reais como forma de graduação dos tributos ela,

progressividade prevista no § 1º do artigo 145 para os impostos de

natureza pessoal, apenas seria aplicável a alguns impostos reais em

hipóteses de extrafiscalidade expressamente definidas no texto da

Constituição.

4.

  O entendimento de que a progressividade das alíquotas do

Imposto de Transmissão   Causa Mortis  e Doação - ITCD seria

inconstitucional decola digo-o com as vênias de estilo da

suposição de que esse § 1º do artigo 145 a admite exclusivamente

para os impostos de caráter pessoal [menciono caráter porque os

impostos não pertencem ao reino da natureza].

5. Sucede que todos os impostos estão sujeitos ao princípio

da capacidade contributiva, mesmo os que não tenham caráter pessoal.

6. O que a Constituição diz é que os impostos, sempre que

possível,  deverão ter caráter pessoal. A Constituição prescreve,

afirma um   dever ser:  os impostos deverão ter caráter pessoal sempre

que possível. E,  mais,  diz que os impostos, todos  eles,  sempre que

possível serão graduados segundo a capacidade econômica do

contribuinte.

7.  Há duas sentenças aí :  (1) terem caráter pessoal e (2)

serem graduados, os impostos, segundo a capacidade econômica do

contribuinte. Sempre que possível. Assim devem ser os impostos.

8. Permitam-me insistir neste ponto: o § 1º do artigo 145 da

Constituição determina como devem ser os impostos, todos  eles.  Não

somente como devem ser alguns deles. Não apenas como devem ser os

impostos dotados de caráter pessoal. Isso é nítido. Nítido como a

luz solar passando através de um cristal, bem polido.

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RE 562.045 / RS

9.  nítido e foi bem observado pelo Ministro Carlos Velloso

em votos prolatados nos REs ns. 153.771 e 234.105, dos quais destaco

o seguinte trecho:

A capacidade contributiva, que realiza a igualdade

tributária, no que concerne aos impostos, está contida,

conforme falamos, no § 1º do art. 145 da Constituição

Federal.

  Duas questões, inscritas no referido   § 1º  do

art.

  145, costumam gerar polêmica: a) as expressões

'sempre que possível' e b) 'caráter pessoal'.

III

0 Prof. José Maurício Conti, da USP, em livro que

acaba de vir a lume, disserta a respeito do tema.

Registra que a interpretação aligeirada, no sentido de

que a expressão 'sempre que possível' quer dizer que o

princípio da capacidade contributiva não seria aplicável

a todos os impostos, deve ser afastada. Invoca, então,

Américo Lacombe, a lecionar que 'A primeira observação é

que a expressão sempre que possível só pode referir-se ao

caráter pessoal dos impostos. Não é de ser conectada com

a expressão seguinte, vale dizer, graduação segundo a

capacidade econômica do contribuinte. Isto porque a

graduação dos impostos segundo a capacidade econômica é

um corolário lógico do princípio da igualdade, e, assim

sendo, a sua referência expressa é totalmente

despicienda. A conclusão, portanto, é que os impostos

deverão ser graduados conforme a capacidade econômica do

contribuinte.' (Américo Lacombe, 'Igualdade e Capacidade

Contributiva', em 'V Congresso Brasileiro de Direito

Tributário', São Paulo, Separata da Ver. De Dir. Trib.,

1991,  pág. 157, José Maurício Conti, 'Princípios

Tributários da Capacidade Contributiva e da

Progressividade', São Paulo, 1996, pág. 46).

Conti registra a opinião de Alberto Xavier no

sentido de que a ressalva 'sempre que possível'

condiciona-se 'à imperatividade do caráter pessoal dos

impostos e a sua graduação segundo a capacidade

contributiva'  certo que a 'ressalva constitucional deve

ser interpretada no sentido de que apenas não estão

submetidos aos referidos comandos os impostos cuja

natureza e estrutura com eles sejam incompatíveis. O IOF

31

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RE 562.045 / RS

e o ICM são exemplos de impostos que não seria possível

submeter ao princípio do caráter pessoal. Já, porém, no

que concerne  ao  princípio  da  graduação segundo  a

capacidade econômica

 não

 encontramos nenhum caso

 -

 dentre

a lista de  tributos previstos na  Constituição  -  cuja

natureza e estrutura com ele não se acomode, valendo pois

a referida ressalva para eventuais impostos criados ao

abrigo  da  competência residual  da  União, regulada no

art.  154 (Alberto Xavier, 'Inconstitucionalidade dos

tributos fixos por  ofensa  ao  princípio  da  capacidade

contributiva',  V Congresso Brasileiro de Dir. Trib.',

São Paulo, Separata da RDP, 1991, pág. 119).

Hugo de Brito Machado não destoa desse entendimento:

'Realmente,  a  expressão 'sempre  que  possível' diz

respeito apenas  à  atribuição  de  caráter pessoal dos

impostos. Não à  graduação destes segundo a  capacidade

econômica dos contribuintes.' (0 Princípio da Capacidade

Contributiva'  em  'Caderno  de  Pesquisas Tributárias',

vol.

 14, 1989,  págs.  124-126).  José Eduardo Soares de

Melo pensa da mesma forma ( Capacidade Contributiva', ob.

Cit., pág. 149).

A interpretação,  pois, do que está inscrito no § 1º

do art. 145 da Constituição Federal deve ser esta: sempre

que possível, os impostos terão caráter pessoal, dado que

há impostos que não possuem tal característica. Mas a

pessoalidade  dos  impostos deverá,  a  todo modo, ser

perseguida. Todos os impostos, entretanto, estão sujeitos

ao princípio da capacidade contributiva, mesmo os que não

tenham caráter pessoal.

10.

  Essa afirmação

 não há de

 causar nenhum espanto

 em

 quem

dedique alguma atenção ao conceito econômico de tributo. Permito-me,

a esse respeito, transcrever breve exposição de há mais de trinta

anos

1

:

Entendem-se  os  tributos, economicamente, no  conceito

desenvolvido por WERNER GRAU, como uma parcela do  produto

n cion l

  expressão física  ou da

  rend n cion l

32

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RE 562.045 / RS

expressão financeira que se transfere do setor privado

para o setor público e que posteriormente retornará ao setor

privado,

  sob a forma de bens ou serviços.

Embora acabem sempre por afetar a renda das empresas e

familias o setor privado distinguem-se os tributos

conforme direta ou indireta seja tal afetação. Assim,

Indiretos

  são os tributos que se agregam à estrutura dos

preços de bens e serviços, sendo com estes transferidos a

terceiros,  enquanto os diretos são os retirados à renda

pessoal dos particulares, sendo por estes suportados. Nem por

isso não será demais repetir a renda da comunidade

deixa de ser o objeto final de toda e qualquer forma de

imposição tributária. Os diferentes tributos a afetam,

  pois,

de duas maneiras diversas:

A - atingindo a renda auferida (quanto auferida ou

pelo fato de haver sido auferida), ou

B - atingindo a renda despendida ou aplicada (quando

despendida ou aplicada, ou pelo fato de haver sido

despendida ou aplicada).

No primeiro caso, o poder público efetua uma subtração

direta à renda auferida pela entidade do setor privado. Ai se

situam os impostos diretos, através dos quais,

compulsoriamente, transfere para si uma parcela dos

rendimentos obtidos. Tais os casos do imposto de renda, na

fonte ou por regime de declaração, e, mesmo, o dos tributos

que têm por objeto o patrimônio, visto que, também ai, o que

se está a gravar é a renda, real ou potencial, do patrimônio.

No segundo, o poder público absorve uma parcela da renda

do setor privado em função do fato de que as entidades

privadas realizaram despesas e/ou aplicaram suas rendas. Tais

os impostos que se incorporam ao preço dos bens e serviços --

chamados indiretos , sendo, portanto, suportados por

quem os tenha adquirido.

Importante notar, entretanto, que, algumas vezes, o

tributo,

 que é por natureza direto, pode assumir configuração

de indireto e vice-versa. Isso ocorre, exemplificativamente,

33

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RE 562.045 / RS

na primeira hipótese, quanto ao imposto de renda retido na

fonte,

  incidente sobre remessa de preço de serviço a entidade

no exterior, quando suportado pela entidade nacional

beneficiária dos serviços; o mesmo com relação aos impostos

sobre o patrimônio, cujo valor o proprietário de bem imóvel

faça transferir à responsabilidade de quem dele, como

locatário, faça uso. De outra parte, já na segunda hipótese,

lembre-se a possibilidade de certo produtor industrial de

determinado bem, em razão de qualquer circunstância de

mercado,  vendê-lo por preço idêntico ou inferior ao do seu

custo,  não transferindo aos seus compradores o valor do

imposto sobre produtos industrializados e do imposto sobre a

circulação de mercadorias que sobre ele incidirem.

Anotadas tais ressalvas, a partir de um esquema de

divisão da realidade econômica tributável aqui nos

referindo exclusivamente aos impostos poderemos armar a

seguinte classificação econômica, através d

a

  qual

concluiremos a existência, nos impostos, das seguintes

características :

A - impostos externos : impostos sobre a importação

impostos sobre a exportação

B - impostos internos : impostos sobre o patrimônio e a

renda

impostos sobre a produção e a

circulação

onde

 :

- os impostos sobre a importação, porque se incorporam

ao preço dos produtos importados, afetam a   renda despendida

pelos seus adquirentes;

34

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Q/í/Ápemo-

  QJWJM//M¿Z¿

  Q7

f

ecuewz¿

RE 562.045 / RS

- os impostos sobre a exportação, incidindo sobre a

remuneração dos exportadores, afetam a   renda auferida  em

função da exportação;

- os impostos sobre o patrimonio e a renda afetam a

renda auferida

  (real ou potencialmente, no primeiro

  caso);

- os impostos sobre a produção e a circulação afetam a

renda despendida ou aplicada.

Visto isso, poderemos considerar, subseqüentemente, os

seguintes conceitos:

A -   tributos fixos:  são aqueles que se cobram por

quantia invariável em relação ao valor do objeto tributável;

B - tributos   proporcionais  são aqueles cuja quantia a

pagar varia conforme um modelo de regra de três direta; há

uma relação matemática, uniforme e invariável, entre o

tributo e o valor do objeto tributável;

C -   tributos graduados:  são aqueles cuja quantia a pagar

varia conforme uma relação matemática, crescente ou

decrescente.

Donde se extrapolam os conceitos de   progressividade e

regressividade 

D -

  progressividade direta:

  a que implica carga

tributária maior para rendimentos maiores;

E -

  progressividades indireta

  a que implica maior carga

tributária para os bens e serviços de consumo das faixas de

maior renda;

F -   regressividade direta:  a que implica menor carga

tributária para rendimentos maiores;

G -   regressividade indireta:  a que implica menor carga

tributária para os bens e serviços de consumo das faixas de

maior renda .

35

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RE 562.045 / RS

11.  Essa não tão breve exposição, de há mais de trinta  anos,

presta-se a deixar claro que todos os impostos podem e devem guardar

relação com a capacidade contributiva do sujeito passivo e não ser

impossível aferir-se a capacidade contributiva do sujeito passivo do

ITCD. Ao contrário, tratando-se de imposto direto, a sua incidência

poderá expressar, em diversas circunstâncias, progressividade ou

regressividade direta. Todos os impostos repito estão

sujeitos ao princípio da capacidade contributiva, especialmente os

diretos, independentemente de sua classificação como de caráter real

ou pessoal; isso é completamente irrelevante.

Daí porque dou provimento ao recurso, para declarar

constitucional o disposto no artigo 18 da Lei n. 8.821/89  do Estado

do Rio Grande do Sul. Não porém sem insistir também com todas as

vênias admissíveis em que a esta Corte não cabe controlar senão

a constitucionalidade de textos normativos; não podemos, sem franca

agressão à Constituição ela mesma, ousar exercer o controle da sua

proporcionalidade e/ou de razoabilidade.

1

Eros Roberto Grau, Conceito de Tributo e Fontes do Direito

Tributário, Editora Resenha Tributária Ltda., São Paulo, 1975, págs.

9-13.

36

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17/09/2008 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSI

RECTE.!S" :ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AD#.!A / S" :PGE-RS - KARINA DA SILVA BRUM E OUTRO(A/S)RECDO.!A / S" :ESPÓLIO DE EMÍLIA LOPES DE LEON AD#.!A / S" :ANTONIO JOSÉ DIDONET 

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Voss E!"#$%&"' ##*'+#, A *.0o1 s#2&.o $#' 3"4 – # os 3"4os s#*#5& –1 *+# .# 67 # "4# 879

O SEN$OR MINISTRO A%RES &RITTO  – A: ;'" .';:"'$ &0o+*<$4* "o os "*'+=*'os . *oo*"'o&$'..# # . *>o<'$'..#1.'&+# .#ss 5*'0o9

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – É 2 +="&'" ?2#$#5 o "*@+#* #sso$ .o +*'<2+o1 # o *#"#'+o – "o&;o*# VossE!"#$%&"' *#ss$+o2 –1 o 6 .o *+'o 61 &0o .'s+'&2# o +*'<2+o9

S<#os ?2# Co&s+'+2'0o .# 688 .#2 %&;s# 2'+o *&.# oso"'$9 Ess *.0o 5's1 F2s+#&+#1 2 "o#&s0o1 * ?2#+<= s# oss ;>#* '&"'.'* #*"#&+2$ #&o* # *#$0o ?2#$#s ?2#&0o +#&4 2 ""'..# +*'<2+@*' .# o&+9 É '&+#*#ss&+#9

O SEN$OR MINISTRO EROS GRAU: – A '&4 3&'" o<s#*50o- s# # #*'+'*# - = s#2'&+# "o *#$0o +$ *>o<'$'..# # *oo*"'o&$'..#1 s # s#&+'*' 4<'$'+.o .'s"2+'* #ss +=*' s# #2# #$##ss# #<*o . Ass#<$=' L#'s$+'5 .o Es+.o .o R'o G*&.#.o S2$1 &0o &o ss#&+o .o Po.#* J2.'"'@*'o9

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – E +#&4o "#*+#>1 s#

Voss E!"#$%&"' +'5#ss# ss#&+o # 2 .s ".#'*s1 5o+*' #$*o50o .#ss $#'9

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17/09/2008 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

CONFIRMAÇAO DE VOTO

  O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSI

!RELATOR"  – Senhor Presidente, esposei um ponto de vist !ontr"rio#

$si!mente %undei&me em pre!edente dest Corte, venti'do (undo do

 )u'*mento d pro*ressividde do IT$I, (ue %oi %stdo, por trtr&se deum imposto re'#

Di*o (ue n+o %sto tot'mente – tenho 'on*o voto, evidentemente

n+o o 'erei novmente – possii'idde de impor&se pro*ressividde

tm-m !omo %orm de *rd.+o de triutos em se trtndo de impostos

reis/ ms isso deve ser %eito !om tempermentos#

Ess pro*ressividde – se*undo penso – - 'e*0tim, ms s1 pode ser

institu0d (undo e2istir e2press utori3.+o no te2to !onstitu!ion'#

No meu 'on*o voto, '-m de outrs !onsider.4es, mostro

e2tmente (ue, (undo o !onstituinte (uis dr um imposto de

nture3 re' ess possii'idde de se este'e!er pro*ressividde, e'e

ssim o %e3 e de %orm muito pontu'# Por e2emp'o, no rt# 567, 8 9:, I, no

!so do ITR & Imposto sore Propriedde Territori' Rur', !omo um%orm de desestimu'r mnuten.+o de proprieddes improdutivs/ no

rt# 56;, 8 5:, I, institu0do pe' Emend n: <=><???, re'tivmente o

Imposto sore Propriedde Predi' e Territori' @rn & IPT@, pr

desestimu'r vu'toss imoi'i3.4es de re!ursos em terrenos pr %ins

mermente espe!u'tivos/ no rt# 5<, 8 9:, II, tm-m re'tivmente o

IPT@, pr e2i*ir do propriet"rio do so'o urno n+o edi%i!do,

suuti'i3do ou n+o uti'i3do (ue promov o seu de(udo

ordenmento#

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RE 562.045 / RS

Admito isso, desde (ue previsto n Constitui.+o, e sempre pr %ins

e2tr%is!is, n+o !omo re*r, sedo, ent+o, em )urisprudBn!i d Cs,(ue sempre %e3, histori!mente, um distin.+o entre impostos de

nture3 re' e pesso' pr %ins de *rd.+o#

Fi3 distriuir os eminentes Pres !1pi do meu voto pr (ue,

eventu'mente, possm re%'etir sore os meus r*umentos ou rememorr

sore os r*umentos (ue )" pro%eri h" stnte tempo#

<

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17/09/2008 TRIBUNAL PLENO

RECURSO

 EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

TRIBUNAL PLENO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045

A 570.849

VOTO

O SR. MINISTRO MENEZES DIREITO - Senhor Presidente,

esse ônus cansativo no primeiro voto permanente sempre exige muito

do mais novo da Corte. Esta Corte tem uma organização suficiente

para fornecer os elementos necessários ao exame dos temas que são

postos ao nosso julgamento.

Neste caso concreto, eu posso verificar que o

raciocinio que foi desenvolvido pelo eminente Ministro Lewandowski,

em seu erudito voto, calcado em precedentes da Corte, não exatamente

sobre o mesmo imposto, mas em imposto assemelhado, é no sentido de

consagrar uma distinção que a doutrina vem trabalhando há longo

tempo,  a distinção entre os impostos pessoais e os impostos reais,

de tal modo a admitir especificamente que os impostos pessoais, sim,

tenham essa progressividade autorizada pela disciplina

constitucional, e os impostos que não são pessoais, os impostos

reais,  só poderiam ter essa progressividade se eventualmente

estivesse agasalhada na própria Constituição Federal, como

exemplificou em seu belíssimo voto o eminente Ministro Lewandowski.

40

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RE 562.045 / RS

Por seu turno, verifico que a interpretação trazida

pelo voto do eminente Ministro Eros Grau está calçada na

interpretação ampliativa do art. 145, § 1

o

, ou seja, no sentido de

que a disciplina constitucional autorizou de fato que sempre que

possível esses impostos levassem em conta a capacidade contributiva

do contribuinte. Ou seja, numa palavra, a disciplina constitucional,

na perspectiva posta pelo eminente Ministro Eros Grau, é no sentido

de que sim, se deve agasalhar a possibilidade da progressividade dos

impostos, sempre que a natureza do imposto assim autorizasse.

Eu vou pedir vênia ao Ministro Lewandowski e vou

acompanhar o voto do Ministro Eros Grau, porque eu entendo que não

se pode justificar a exigência constitucional da progressividade na

disciplina positiva explicita, na medida em que a própria

Constituição estabelece a possibilidade de que os impostos, sempre

que possível, portanto, sejam de natureza progressiva, porque a

progressividade do imposto em um país que já tem uma carga

tributária como a nossa é sempre benfazeja, porque permite levar em

conta, objetivamente, a capacidade contributiva do contribuinte. E

esse deve ser o objeto essencial do próprio imposto, do próprio

tributo.

  Não se pode, por isso a Constituição tem diversos

dispositivos para proteger o contribuinte contra a exacerbação da

carga tributária.

Ora,  se há a possibilidade de se estabelecer uma

progressividade a partir do comando constitucional, de acordo  co m a

41

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RE 562.045 / RS

natureza do tributo, e no caso esse tributo comporta essa

interpretação, porque  não  dá-la? Por que oferecer uma interpretação

mais estreita?

Por outro lado - e vem um aspecto que não sei se cabe

levantar neste  momento  -, trata-se de uma lei estadual que

estabelece a progressividade e, portanto, de um tributo que está na

alçada da lei estadual. Será inconstitucional uma lei estadual que

dispõe sobre a sua carga tributária e entende possível essa

progressividade, agasalhada essa progressividade na disciplina da

Constituição, que comanda explicitamente, sim, que sempre que

possível os impostos sejam de natureza progressiva? A minha resposta

é que não, que não há nenhum óbice constitucional a que lei estadual

assim disponha, porque não existe incompossibilidade entre a

disciplina constitucional que comanda a possibilidade e, portanto,

recomenda essa possibilidade de o imposto ser progressivo e a

natureza deste imposto que é objeto do recurso sob julgamento.

Pedindo vênia ao eminente Ministro Lewandowski, que

produziu um voto que a todos nós sempre encanta por sua erudição e

por sua cultura, acompanho o voto do eminente Ministro Eros Grau.

Portanto, conheço do recurso e lhe dou provimento.

*****

Obs.:

 Texto sem revisão do Exmo. Sr. Ministro Menezes Direito. § 3

o

do artigo  9 do RISTF, com a redação dada pela Emenda Regimental n°

26, de 22 de outubro de 2008)

42

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17/09/2008 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

V O T O

1. Conforme relatado pelo Relator, Ministro Ricardo Lewandowski, o

que se põe em foco no presente Recurso Extraordinário é se, ao julgar

inconstitucional o art !" da Lei ga#c$a n ""%!&!'"', que instituiu um

sistema progressi(o de al)quotas para o *mposto so+re a ransmiss-o

Causa Mortis e .oa/ões 0 *C. e determinou fosse aplicada a sua al)quotam)nima, o ac1rd-o recorrido teria contrariado os arts !23, 4 !5, e !33, 4 !5,

inc *6, da Constitui/-o da Rep#+lica

2. 7 Recorrente sustenta, em s)ntese, inexist8ncia de (eda/-o

constitucional 9 progressi(idade do *mposto so+re a ransmiss-o Causa

 Mortis e .oa/ões de +ens ou direitos, a despeito de se tratar de tri+uto de

nature:a real

3. Em seu apurado (oto, o Ministro Relator Ricardo Lewandowski

negou pro(imento ao recurso extraordinário e recon$eceu a

inconstitucionalidade da norma estadual que institui a progressi(idade

das al)quotas *mposto so+re a ransmiss-o Causa Mortis  e .oa/ões de

 +ens ou direitos no Estado do Rio ;rande do <ul

4.  Registro, inicialmente, preocupa/-o de que se essa (ier aconclus-o, estaria alterada a jurisprud8ncia deste <upremo ri+unal

=ederal que, na sua maioria, (in$a decidindo em sentido di(erso >

min$a preocupa/-o é porque escutei (árias (e:es, aqui, entre outros, o

Ministro <ep#l(eda ?ertence di:er que quando a jurisprud8ncia muda,

especialmente em matéria tri+utária, o <upremo ri+unal precisa

expressar isso, até para a garantia da seguran/a jurisprudencial .igo isso

tam+ém porque $á muitos casos de Estados e Munic)pios adotando o

mesmo comportamento e alguns até já (ieram aqui e $á muito poucotempo Ent-o, é preciso que se sai+a exatamente quais s-o os efeitos dessa

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RE 562045 / RS

nossa decis-o em matéria na qual foi recon$ecida a repercuss-o geral

5. >p1s cotejar o o+jeto do presente Recurso Extraordinário com asnormas tidas por contrariadas, pe/o (8nia ao Ministro Relator para

acompan$ar a dissid8ncia iniciada pelo Ministro Eros ;rau, que assim

fundamentou seu (oto@

“todos os impostos podem e devem guardar relação com a

capacidade contributiva do sujeito passivo e não ser impossível aferir-

se a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD. o

contr!rio" tratando-se de imposto direto" a sua incid#ncia poder!e$pressar" em diversas circunst%ncias" progressividade ou

regressividade direta. Todos os impostos --- repito --- estão sujeitos ao

 princípio da capacidade contributiva" especialmente os diretos"

independentemente de sua classificação como de car!ter real ou

 pessoal& isso ' completamente irrelevante.

Daí por(ue dou provimento ao recurso" para declarar

constitucional o disposto no artigo )* da +ei n. *.*,)* do /stado do

0io 1rande do 2ul. 3ão por'm sem insistir --- tamb'm com todas asv#nias admissíveis --- em (ue a esta Corte não cabe controlar senão a

constitucionalidade de te$tos normativos& não podemos" sem franca

agressão 4 Constituição ela mesma" ousar e$ercer o controle da sua

 proporcionalidade eou de ra5oabilidade6.

6. 7 4 !5 do art !23 da Constitui/-o da Rep#+lica pre(8@

“7 )8 - 2empre (ue possível" os impostos terão car!ter pessoal e

serão graduados segundo a capacidade econ9mica do contribuinte"

 facultado 4 administração tribut!ria" especialmente para conferir

efetividade a esses objetivos" identificar" respeitados os direitos

individuais e nos termos da lei" o patrim9nio" os rendimentos e as

atividades econ9micas do contribuinte6.

7. en$o afirmado que essa norma constitucional é a introdu/-o

expressa pelo constituinte originário do princ)pio da igualdade material

%

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RE 562045 / RS

tri+utária a ser o+ser(ado pelos Estados em todos os casos em que, por

meio de tri+uta/-o, (en$a a inter(ir no dom)nio do contri+uinte

?or essa ra:-o, n-o se $á cogitar de inconstitucionalidade na

situa/-o aqui posta, qual seja, de um Estado dando sequ8ncia, dando

aplica/-o plena, dando concretude a esse princ)pio, nos termos do 4 !5 do

artigo !23, para se fa:er a grada/-o, mediante a ado/-o da técnica de

progressi(idade para assegurar a aferi/-o da capacidade econAmica do

contri+uinte

8.  ?elo exposto, v! " #$"!%& &$ &'( )(v%*$"! ' )($#$"!$($+,(# $-!('(&%"(%.

B

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17/09/2008 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

VOTO

 

O SENHOR MINISTRO OA!UIM "AR"OSA - Senhor

Presidente, também peço vênia ao Ministro Ricardo Lewandowski para

dele divergir.

ntendo !"e ig"almente, tal como o voto divergente, atécnica da progressividade é "m instr"mento por e#celência para a$eriç%o

da capacidade contrib"tiva. & trib"taç%o #$ %#&'()* com a especi$icaç%o

de 'nica al(!"ota é insens(vel ) intensidade econ*mica da base !"e se

est+ trib"tando, circ"nstncia !"e pode gerar distorçes !"e ig"alam

s"eitos passivos !"e, na verdade, ostentam sit"açes diversas.

Por essa ra/%o, acompanho a divergência, pedindo vênia

ao Ministro-Relator.

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PLENÁRIO

EXTRATO DE ATA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045-0

PROCED.: RIO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

RECTE. S): ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADV. A/S):  PGE-RS - KARINA DA SILVA BRUM E OUTRO A/S)

RECDO. A/S): ESPÓLIO DE EMÍLIA LOPES DE LEON

ADV. A/S): ANTONIO JOSÉ DIDONET

Decisão:  Após o voto do Senhor Ministro

Ricardo Lewandowski  relator),  desprovendo o recurso, pediu

vista dos autos o Senhor Ministro Eros Grau. Ausente,

justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa.

Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. Plenário,

12.06.2008.

Decisão: Após o voto do Senhor Ministro

Ricardo Lewandowski

  Relator),

  desprovendo o recurso, e os

votos dos Senhores Ministros Eros Grau, Menezes Direito,

Cármen Lúcia e Joaquim Barbosa, provendo-o, pediu vista dos

autos o Senhor Ministro Carlos Britto. Ausente,

justificadamente, a Senhora Ministra Ellen Gracie.

Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. Plenário,

17.09.2008.

Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes.

Presentes à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello,

Marco Aurélio, Cezar Peluso, Carlos Britto, Joaquim Barbosa,

Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Menezes

Direito.

Procurador-Geral da República, Dr. Antônio

Fernando Barros e Silva de Souza.

Luiz Tomimatsu

Secretário

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04/08/2011 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

 V O T O – V I S T A

O SENHOR MINISTRO AYRES RITTO!

Trata-se de recurso extraordinário, com repercussão geral

reconhecida, interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do RioGrande do Sul. córdão !ue deu pela inconstitucionalidade do art. "# da$ei %stadual n& #.#'"(#), por o*ensa ao + "& do art. " da onstituição/ederal. 0sso por!ue a lei em causa instituiu sistema de al1!uotasprogressi2as para o 0mposto sobre a Transmissão Causa Mortis e 3oaçãode bens e direitos 40T536.

'. 7 recorrente alega !ue o acórdão impugnado 2iolou o + "& do art." e o inciso 08 do + "& do art. ", ambos da nossa $ei 5aior.

9. 7 relator, 5in. Ricardo $e:ando:s;i, 2otou pelo despro2imentodo recurso, ao passo !ue 2otaram pelo seu pro2imento os 5inistros %rosGrau, 5ene<es 3ireito, ármen $=cia e Joa!uim >arbosa.

. ?edi 2ista dos autos para exame mais detido da mat@ria.. Ressalto !ue há pre2isão de Aulgamento conAunto desta causa com

outros recursos extraordinários de idBntico obAetoC a constitucionalidade,ou não, da mencionada lei estadual.

D. ?ois bem, inicio por assentar !ue o art. "# da $ei %stadual n&#.#'"(#) *oi alterado pelo inciso 000 do art. "& da $ei %stadual n&"9.99E('FF). lteração !ue se deu para reinstituir ou tra<er de 2olta aal1!uota =nica, em substituição s al1!uotas progressi2as do 0T53 noRio Grande do Sul. H esta a redação atual do dispositi2oC

Irt. "#. a transmissão Kcausa mortisK, a al1!uota doimposto @ L 4!uatro por cento6.M

E. Sucede !ue o art. '& da $ei %stadual n& "9.99E('FF) con*eriue*icácia retroati2a al1!uota =nica, in verbisC

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RE 562.045 / RS

Irt. '& - /ica estendida aos *atos geradores do 0mposto

sobre a Transmissão, Kausa 5ortisK e 3oação, de !uais!uer bens ou direitos N 0T3 -, ocorridos at@ a entrada em 2igordesta $ei, a aplicação das al1!uotasC

0 - L 4!uatro por cento6, sempre !ue a al1!uota aplicá2el,em ra<ão do disposto na legislação 2igente at@ a entrada em2igor desta $ei, nos termos do art. "# da $ei n& #.#'"(")#), *orsuperior a L 4!uatro por cento6O

P...Q+ "& - 7 disposto neste artigo *ica condicionado a !ueCa6 o contribuinte solicite o bene*1cio apresentando

re!uerimento repartição *a<endária onde *oi processada aa2aliaçãoO

 b6 o contribuinte e*etue o recolhimento do total doimposto de2ido at@ 9F de Aunho de 'F"F.

+ '& - 7 disposto neste artigo não autori<a a restituição oua compensação de importncias pagas at@ a data de in1cio de2igBncia desta $ei.M

#. 3a leitura desse texto normati2o, assento a integridade do obAetodeste recurso extraordinário, o !ue *aço na linha da mani*estação dorelator no R% ".F". 0sso por!ue as sucessi2as redaçes do art. "# da $ei%stadual n& #.#'"(#), anteriores $ei %stadual "9.99E('FF), continhamal1!uotas iguais ou menores do !ue L 4!uatro por cento6. l1!uotas,estas, !ue eram progressi2amente estabelecidas em *unção da base decálculo. São situaçes !ue não se encontram no mbito de e*icácia do

inciso 0 do art. '& da $ei %stadual n& "9.99E. cresça-se !ue a no2a lei2edou !ual!uer restituição ou compensação, al@m de ha2er estabelecidoduas condiçes para a aplicação do bene*1cio retroati2oC re!uerimento docontribuinte e recolhimento da totalidade do tributo at@ 9F de Aunho de'F"F 4@ o !ue se lB nos parágra*os do re*erido art. '&6. 3onde se concluirpela subsistBncia do interesse Aur1dico na causa, sobretudo diante doreconhecimento de sua repercussão geral.

). 8istas as coisas por esse prisma, prossigo para lembrar !ue a

'

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RE 562.045 / RS

compatibilidade entre impostos reais e al1!uotas progressi2as *oireconhecida por este Supremo Tribunal /ederal no Aulgamento do R%

'9.ED#, da relatoria do 5in. 5arco ur@lio. Trata-se do precedente em!ue se examinou a progressi2idade do 0mposto ?redial e Territorialrbano 40?T6, introdu<ida pela %menda onstitucional n& '). a!uelaoportunidade, a*irmei em 2oto-2ista !ueC

IP...Q @ no mbito de tal sistema constitucional-tributário!ue a2ulta o princ1pio da igualdade como *órmula ou crit@rioda mais Austa participação dos contribuintes no aporte dos

recursos *inanceiros de !ue o %stado precisa para se manteren!uanto má!uina administrati2a e para combater as maistemerárias assimetrias sociais e regionais, em demanda dodesen2ol2imento e!uilibrado do ?a1s e do bem-estar da nossapopulação 4parágra*o =nico do art. '9 da /6. Sem descurar

 Aamais dos outros obAeti2os *undamentais !ue a $ei 5aiorexpressamente lista em seu art. 9&.

". H essa ideia prima< de e*eti2a igualdade no suportar a

carga tributária do >rasil !ue de2e orientar o poder impositi2o-*iscal do %stado. 0deia elementar de !ue toda pessoa detentorade maior patrimUnio, de renda mais expressi2a ou de maior2olume de ati2idades econUmicas, de2e contribuir mais*ortementeO ou seAa, !uem tem mais e mais se relacionaeconomicamente, mais contribui. $ogo, os tributos, porde*inição, de2em ter caráter pessoal. aráter pessoal apenasmitigado naturalmente na!uelas hipóteses em !ue eles Aá sede*inam como do tipo indireto, por incidirem sobre o ser2iço

prestado ou o produto obAeto de negócio 4como o 0?0 e o 05S6.este sentido @ !ue *oi redigido o + "& do art. " daonstituição, verbisC

K + "&. Sempre !ue poss12el, os impostos terão "#$%&'$('))*#+  e serão ,$#-#-*)  )',-*  a "#(#"-#-''"*"#  do contribuinte, *acultado administraçãotributária, especialmente para con*erir e*eti2idade a esses

obAeti2os, identi*icar, respeitados os direitos indi2iduais e

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RE 562.045 / RS

nos termos da lei, o patrimUnio, os rendimentos e asati2idades econUmicas do contribuinte.K

"D. 7ra, o !ue relu< desse expleti2o ou didático preceitoV igualdade como crit@rio de Austiça tributária, a se concreti<arpor meio da graduação dos impostos e de acordo com acapacidade econUmica do contribuinte. Trata-se, então, departiculari<ada mani*estação da igualdade no ramo Aur1dico emcausa 4o tributário6.

"E. 3esse preciso contexto normati2o @ !ue se parte para oa*unilamento de uma *undamental distinçãoC a di*erenciação

hermenButica entre capacidade econUmica e capacidadecontributi2a. onceitos próximos, por@m di*erentes, na medidaem !ue a capacidade econUmica @ de caráter puramentematemático, por!uanto englobante do somatório absoluto dopatrimUnio e dos rendimentos de uma dada pessoa de direitopri2ado. seu turno, a capacidade contributi2a @ somente aparcela de ri!ue<a pass12el de tributaçãoO isto @, a parte dopatrimUnio e da renda !ue supera o ra<oa2elmente necessário

para a satis*ação das necessidades básicas indi2iduais, *icandoessa parte sobeAante dispon12el para o poder impositi2o-*iscaldo %stado. 8ale di<er, a capacidade contributi2a das pessoastradu<-se na parcela da sua ri!ue<a pessoal-tributá2el. %m=ltima análise, signi*ica a "#(#"-#-' '"*"# -' "*&$3$&$3&#$#'&'.

"#. laro !ue uma segunda di*erenciação ainda caberianeste 2oto, sabido !ue a própria capacidade econUmica não se

con*unde com capacidade *inanceira, entendida esta como ae*eti2a aptidão do indi21duo para satis*a<er de imediato seuscompromissos *inanceiros. H o !ue se tem chamado de li!uide<Omas @ tema sem maior ser2entia para o e!uacionamento destacausa, e por isso nele não me deterei.

"). 3e toda sorte, o !ue interessa reter como 2etorinterpretati2o @ a noção de !ue @ pela consideração dacapacidade contributi2a de um dado suAeito passi2o !ue o%stado *a< a identi*icação do Ksigno presunti2o da ri!ue<aK

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RE 562.045 / RS

4l*redo ugusto >ec;er6 pass12el de apropriação por ele,tributariamente. 3onde Geraldo taliba a2erbarC

KH !ue ele Po 0?TQ, na concepção uni2ersal e nosistema brasileiro, @ um imposto da categoria dos reais. 7!ue a nosso 2er ocorre, no contexto da nossa onstituição,@ !ue de2endo o legislador dar-lhe tratamento t@cnicogeral de imposto real, não está impedido 4pelo contrárioW6de modulá-lo le2ando em consideração certaspeculiaridades pessoais gen@ricas dedut12eis daobAeti2idade de dados sócio-econUmicos *ornecidos pela

realidade urbana, tais comoC estagnação ou decadBncia de bairros ou áreas, proximidade de *a2elas, conexão comcancros urbanos, inserção em <ona problemática do pontode 2ista social, etc.

Tudo isso são *atores coleti2amente pessoais, !uepodem e de2em ser considerados pelo legislador paraimprimir alguma dose de extra*iscalidade ao 0?T, semdes*igurá-lo como imposto realK. 40?TC progressi2idade.

Re2ista de 3ireito Tributário, São ?aulo, ano ", n& D, pág.#9, abr.(Aun. "))"6

'F. H o !ue me basta para aAui<ar !ue a expressãoconstitucional Kcaráter pessoalK não @ usada para classi*icartributos, mas para exprimir !ue o tributo de nature<a real nãoelimina o ingrediente da pessoalidade em sua abstratacon*ormação. 0sso por!ue a relação Aur1dico-tributária @ sempre

entre suAeitos de direitosC o suAeito tributante e o suAeitotributado. % o *ato @ !ue o + "& do art. " da / cont@m recadoexpl1cito para o suAeito tributanteC o recado de !ue o KcaráterpessoalK dos tributos @ de ser le2ado em conta na oneração dosuAeito passi2o da relação Aur1dico-tributária. om o !ue ditaoneração *ica adstrita capacidade contributi2a do suAeitotributado, sem o !ue não há Austiça tributária, altaneiramodalidade de Austiça social. Justiça social-tributária, em2erdade, !ue se *a< mediante imposição *iscal mais expressi2a

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RE 562.045 / RS

aos detentores da!uela capacidade contributi2a de maiorcompleição.

'". %m pala2ras di*erentes, mas com o mesmo sentido,estamos a lidar com imposição *iscal 2etorialmenteproporcional aos signos presunti2os de uma personali<adacapacidade contributi2a, por!ue somente assim @ !ue se temisonomia entre os contribuintes. 0sonomia !ue @ o próprio norteda ação do suAeito tributante, mesmo !uando se trate deimpostos reais. 0sonomia tamb@m na ati2idade estatal de bema!uilatar a Kcapacidade econUmica do contribuinteK 4trecho do +"& do art. " da /6, atento ele ao 2is12el elo entre *unção social

da propriedade, Austiça social-tributária e tratamento igualitárioaos contribuintes !ue se achem em igualdade de situação.

''. H desse mais abrangente 2isual do nosso regimeconstitucional dos tributos !ue importa saber, alusi2amente ao0?TC !uando, mediante ação de tributar, o %stado intentaconcreti<ar a *unção social da propriedade, tamb@m promo2e oideal da Austiça dita socialV Respondo !ue sim, atinentemente propriedade imobiliária, pois somente ela @ !ue @ atingida pelo

0?T. 7 !ue se tem, então, @ Austiça social-imobiliária, pelotratamento tributário desigual a !uem @, imobiliariamente,desigual. 7 imposto @ sobre a propriedade territorial ou predialurbana, de maneira !ue o 0?T *ica Aungido ao seu próprionome. ão cabendo ao %stado *a<er Austiça social senãotributando mais a!uele !ue tem mais, imobiliariamente. 7hori<onte de incidBncia do tributo @ a propriedade imobiliáriaurbana, e o *ato @ !ue a al1!uota 2ariá2el cumpre melhor essa

*unção se a base de cálculo @ o 2alor 2enal da propriedadepredial, ou, então, terrritorial urbana. H di<erC como a relação Aur1dico-tributária @ entre suAeitos de direitos, assegura-se oprinc1pio da igualdade pela consideração da capacidadecontributi2a, e, esta, em se tratando de 0?T, pelaprogressi2idade da al1!uota em *ace das circunstncias !uere2elem, por presunção, maior ri!ue<a urbano-imobiliária.$ogo, capacidade contributi2a !ue se desata, por presunçãoconstitucional, da propriedade imobiliária urbana de maior

D

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RE 562.045 / RS

2alor. ssim @ !ue se imbricam, em congruente unidade, a*unção social da propriedade, a Austiça social e a isonomia.

8erdadeiro enlace do pessoal e do real. 7 real a condicionar acompreensão do pessoal e 2ice-2ersa.'9. erto !ue a al1!uota progressi2a pode res2alar para o

des2ario do con*isco, mas, a1, o caso será de a*erição do caráterra<oá2el e proporcional da lei. ontrole Audicial sobre aati2idade legislati2o-tributária, então, para !ue esta nemdescambe para a <ona da gula arrecadatória nem dese!uiparecontribuintes em situação *actual de igualdade.

'. este mesmo *luxo de id@ias, sinta-se !ue a

incompatibilidade entre impostos reais e capacidadecontributi2a @ a *alsa premissa !ue responde pelo erro deconclusão. onstituição !uer, sim, !ue se le2e em conta acapacidade contributi2a do suAeito passi2o, mesmo !uando setrate de impostos reais. 0sto por!ueC a6 tal linha de conta @ !uetira a onstituição do papel para concreti<ar de modoconAugado os princ1pios da *unção social da propriedade, da

 Austiça *iscal e da isonomia tributáriaO b6 se assim não *osse, para

!ue a onstituição *aria expressa re*erBncia a impostos reais, aexemplo do 0?T, 0TR, 0T>0, num contexto de expl1citare*erBncia capacidade contributi2aV % tal re*erBncia signi*ica aimposição constitucional dos seguintes 2etores hermenButicosCa6 nos impostos pessoais, a administração tributária *a< o !ue @próprio dessa esp@cie de tributosC a rigorosa obser2ncia docrit@rio da capacidade contributi2aO b6 nos impostos reais, omesmo crit@rio da a*erição da capacidade contributi2a

pre2alece, a menos !ue seAa imposs12el 4este o sentido dalocução Ksempre !ue poss12elK, constante do + "& do art. "6. %tenho como certo !ue a % ') te2e o sentido de re*orçar taisproposiçes normati2as. om o !ue a onstituição e2idencia!ue a relação Aur1dica tributária @ entre suAeitos de direitos 4otributante e o tributado6, insista-se, e não entre suAeitotributante e o obAeto da tributação. %!ui2ale a concluirC poucoimporta !ue o tributo seAa da esp@cie real, pois o !ue interessa @o suAeito passi2o da obrigação tributária. 7 imposto sempre

E

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RE 562.045 / RS

 Aungido regra elementar de !ue ' &' #) * ,###) * &'$#,' #) '"**"#'&' -'7' (#,#$ #) 4em

linhas gerais, @ isso6. /órmula !ue possibilita a concreçãomaximi<ada ou otimi<ada dos princ1pios da *unção social dapropriedade, da Austiça social-tributária e da isonomia, comotantas 2e<es dito neste 2oto.M

"F. noto !ue esse entendimento *oi recentemente rea*irmado no Aulgamento do R% #D.D)9, tamb@m da relatoria do 5in. 5arco ur@lio,em decisão dotada de repercussão geral.

"". esse ritmo argumentati2o, Aá se 2B !ue os *undamentos do meu2oto no R% '9.ED# se aAustam causa em debate, na medida em !ue nãohá incompatibilidade entre al1!uotas progressi2as e impostos reais. !ui,o !ue existe @ remoção de percalçoC a progressi2idade de al1!uotas nãotem como descambar para o con*isco, pois, no caso do 0T53, há ocontrole do teto das al1!uotas pelo Senado /ederal. ontrole !ue @pre2isto no inciso 08 do + "& do art. " da nossa $ei 5aior.

"'. Já me encaminhando para a conclusão deste 2oto, esclareço uXa

=ltima !uestão !ue me pareceu pertinente. S=mula DD# deste SupremoTribunal assenta !ue “É inconstitucional a lei municipal que tenhaestabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas

 para o !"#, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da $un%&o social da propriedade'. 7ra, ao conAugar esse entendimento sumulado com asrecentes decises nos R%s '9.ED# e #D.D)9, concluo !ue a AurisprudBnciadeu pela necessidade da edição da % n& ') para !ue o 0?T pudesse teral1!uotas progressi2as *ora do alcance extra*iscal do inciso 00 do + & do

art. "#' da $ei das $eis. 0sto na acepção de !ue a redação originária do +"& do art. "D da onstituição se re*eria progressi2idade tão-somentecomo instrumento para “assegurar o cumprimento da $un%&o social da

 propriedade'. %sse, aliás, *oi um dos *undamentos da decisão no R%"9.EE", tendo sido designado redator para o acórdão o 5in. 5oreiral2es. córdão !ue *icou assim ementado 4gri*os nossa conta6C

I%5%TC - 0?T. ?rogressi2idade. - o sistema

#

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RE 562.045 / RS

tributário nacional @ o 0?T ine!ui2ocamente um imposto real.- Sob o imp@rio da atual onstituição, * 9 #-&-# #

($*,$'))7-#-' :)"#+ -* IPTU , !uer com base exclusi2amenteno seu artigo ", + "&, (*$' '))' (*)&* &' "#$%&'$ $'#+' 9 "*(#&;7'+ "* # ($*,$'))7-#-' -'"*$$'&' -#"#(#"-#-' '"*"# -* "*&$3&' , !uer com arrimo naconAugação desse dispositi2o constitucional 4gen@rico6 com oartigo "D, + "& 4espec1*ico6.

- interpretação sistemática da onstituição condu<ine!ui2ocamente conclusão de !ue o 0?T com *inalidadeextra*iscal a !ue alude o inciso 00 do + & do artigo "#' @ a

explicitação especi*icada, inclusi2e com limitação temporal, do0?T com *inalidade extra*iscal aludido no artigo "D, 0, + "&.

- ?ortanto, @ inconstitucional !ual!uer progressi2idade,em se tratando de 0?T, !ue não atenda exclusi2amente aodisposto no artigo "D, + "&, aplicado com as limitaçesexpressamente constantes dos ++ '& e & do artigo "#', ambos daonstituição /ederal.

Recurso extraordinário conhecido e pro2ido, declarando-

se inconstitucional o sub-item '.'.9 do setor 00 da Tabela 000 da$ei .D", de ''."'.#), no munic1pio de >elo Yori<onte.M

"9. 3a!ui se seguem os dois *undamentos da!uela decisãoC "6 por serum imposto real, o 0?T não admitiria progressi2idade de al1!uotas com

 base na norma geral do + "& do art. " da 5agna $eiO e '6 aprogressi2idade do 0?T, de caráter extra*iscal, decorria da conAugaçãodo + "& do art. "D com o inciso 00 do + & do art. "#' da onstituição.

3ispositi2os, estes, !ue pre2iam para o 0?T al1!uotas progressi2asexclusi2amente como instrumento da pol1tica de desen2ol2imentourbano. H di<erC no caso do 0?T, a própria onstituição origináriaimpunha uma condiçãoC a progressi2idade de al1!uotas só poderiaocorrer como *erramenta de garantia de cumprimento da *unção social dapropriedade urbana. ondição, esta, !ue não *icaria a*astada mesmo !ue*osse admitida a progressi2idade *iscal de impostos reais.

". contece N este @ o ponto N !ue esta asa de Justiça modi*icou

)

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04/08/2011 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Apenas surge umelemento complicador É !ue" em rela#$o ao Imposto %redial e TerritorialUr&ano" a Carta 'ederal" na reda#$o primiti(a" pre(iu a progressi(idadedisciplinada em lei municipal Assentamos !ue a regra" para se tornaroperati(a" dependeria de regulamenta#$o )eio * &al+a" !uanto a esse

tri&uto – I%TU" a Emenda Constitucional n, -.No tocante ao imposto de transmiss$o mortis causa " !ue / da

compet0ncia do Estado" nem mesmo a Constitui#$o" na reda#$o primiti(a"pre(iu a progressi(idade

O SENHOR MINISTRO AYRES BRITTO 1 %er2eito

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – N$o temos" at/ +o3e" a

regulamenta#$o do tri&uto so&re as grandes 2ortunas E essaprogressi(idade aca&a por alcan#ar" considerando1se o (alor dos &enstransmitidos" a disciplina por (ia trans(ersa" indireta" desse tri&uto

Ten+o d4(idas 56 sinali7ei a (is$o linear do instituto da capacidadecontri&uti(a do cidad$o" isso no 3ulgamento em !ue n8s discutimos n$oimposto de transmiss$o m!"#$ %&'$& " mas #(")! *#*$ " no processo em!ue 2oi relator o ministro Carlos )elloso Mas" !uanto ao imposto de

transmiss$om!"#$ %&'$&+

  ten+o ser9ssimas d4(idas se / poss9(elesta&elecer1se a progressi(idade !uanto *s al9!uotas – 36 !ue a &ase deincid0ncia so2re modi2ica#$o con2orme o (alor do &em transmitido – semdisciplina espec92ica !ue (en+a a reger a mat/ria em todo o territ8rionacional" como ocorreu !uanto ao Imposto %redial e Territorial Ur&ano Amat/ria em !uest$o / muito s/ria

O SENHOR MINISTRO RICARDO LE,ANDO,S-I

RELATOR 1 Eu trago um longo (oto em !ue analiso os precedentes doSupremo Tri&unal 'ederal" !ue sempre 2oram no sentido de !ue a

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RE 562045 / RS

progressi(idade s8 se aplica aos impostos de nature7a pessoal e n$o real"mas a progressi(idade" em mat/ria de impostos de nature7a real" s8 pode

ocorrer !uando e:pressamente pre(ista na Constitui#$o

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – E a Constitui#$opre(iu !uanto ao I%TU

O SENHOR MINISTRO RICARDO LE,ANDO,S-I

RELATOR  1 E:atamente o !ue ocorreu O !ue )ossa E:cel0ncia est6di7endo" e estou di7endo tam&/m esse argumento" !ue )ossa E:cel0ncia

t$o &em est6 le(antando" / !ue essa 2iscalidade do imposto" num Estado2ederal" em regra" s8 pode partir de uma determina#$o" de umadisposi#$o ou da Constitui#$o ou de uma lei de nature7a nacional

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Como ti(emos com aEmenda Constitucional n, -." !uanto ao I%TU É interessante a mat/ria

O SENHOR MINISTRO RICARDO LE,ANDO,S-I

RELATOR  1 So& pena de +a(er distor#;es no pacto 2ederati(o Comrela#$o a esta !uest$o da e(entual distor#$o da aplica#$o dessaprogressi(idade" no caso concreto" pe#o (0nia apenas para ler umpe!ueno trec+o do meu (oto di7endo o seguinte<

=Nada se pode afirmar, à evidência, quanto à capacidadeeconômica daquele que recebe uma herança, um legado ou uma

doação, ainda que de grande valor, apenas em razão de talcircunstância. poss!vel, at", que ha#a, em certos casos, umincremento em seu patrimônio, mas não se mostra razo$vel chegar%sea qualquer conclusão quanto à respectiva condição financeira apenas

 por presunção.&asta verificar que, por vezes, uma pessoa abastada herda algo

de pequeno valor, ao passo que algu"m de posses modestas "aquinhoado com bens de consider$vel e'pressão econômica. ($ casos,

 por demais conhecidos, em que as d!vidas do herdeiro superam, em

-

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RE 562045 / RS

muito, o pr)prio valor dos bens herdados. Não são raras, ali$s, assituaç*es em que os processos de invent$rio ficam paralisados durante

longo tempo porque os herdeiros não têm condiç*es de saldar osimpostos que incidem sobre a herança, vendo%se, muitas vezes,obrigados a desfazer%se de algum bem ou direito para cumprir suasobrigaç*es relativamente ao +isco.

mesmo ocorre no tocante à doação, em que a obrigaçãotribut$ria pode recair tanto sobre o doador, quanto sobre o donat$rio.Na primeira hip)tese, o doador sofre uma dupla diminuição em seu

 patrimônio, se#a pela perda de um valor que o integrava, se#a pelo pr)prio recolhimento do tributo. -uanto à segunda, cumpre lembrar

que a maioria das doaç*es são realizadas com o intuito de socorrer oureforçar as finanças de pessoas cu#as economias se encontram emsituação prec$ria.=

Trago um longu9ssimo (oto tecendo considera#;es n$o s8 3urisprudenciais" calcadas nos precedentes da Casa" tam&/m doutrin6rias"e mesmo de car6ter 26tico" mostrando a di2iculdade de se esta&elecer aprogressi(idade do imposto so&re +eran#as e doa#;es

Ent$o" apenas gostaria de 2a7er essas sucintas re2le:;es !ue trago *cola#$o" neste momento" sem ler o longo (oto !ue pro2eri na ocasi$o

O SENHOR MINISTRO AYRES BRITTO  1 Sen+or %residente"estou" com todas as (0nias" aderindo * di(erg0ncia e" portanto"posicionando1me contra o eminente Relator" Ministro Le>ando>s?i Ouse3a" con+e#o do recurso para l+e dar pro(imento" mas" no 2undo" estou

interpretando diretamente o @ , do artigo B da Constitui#$o porentender !ue a e:press$o ali gra2ada =car6ter pessoal= n$o / usada paraclassi2icar tri&utos em pessoais ou reais

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Ministro" se o preceito2osse su2iciente" n$o +a(eria a pre(is$o e:pressa da progressi(idade!uanto ao I%TU Mais do !ue isso< n$o ter9amos assentado a necessidadede disciplina maior" como (eio a ocorrer mediante a Emenda

Constitucional n, -.

D

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04/08/2011 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

CONFIRMAÇÃO DE VOTO

O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI

(RELATOR - Senhor Presidente, apenas mais m !re"#ssimo ar$mento%

em me "oto, a&ompanhando, in&'si"e, o ra&io&#nio a$ora e(p'i&itado

pe'o Ministro Mar&o Ar)'io, e di$o *e toda "e+ *e a Constitio*is emprestar a pro$ressi"idade o imprimir a pro$ressi"idade aos

impostos reais, e'a o .e+ e(p'i&itamente/ Tra$o "0rios e(emp'os 10 tra+idos

pe'o Ministro Mar&o Ar)'io% no &aso do IPT2, a'i0s, o imposto )

pro$ressi"o no apenas &om re'ao ao "a'or, mas tam!)m o arti$o 345, 6

78, II di+ *e se admite a pro$ressi"idade no tempo &omo m

instrmento de po'#ti&a r!an#sti&a/ O arti$o 39:, 6 78, I, tam!)m admite a

pro$ressi"idade *anto ao Imposto Territoria' Rra' - o ITR, "de forma a

desestimular a manutenção de propriedades improdutivas".

Se n;s rompermos &om esse entendimento, *e ),  data venia ,

tradi&iona' a*i na Corte, no ha"eria - e disse isso no me "oto -

nenhm ;!i&e para *e n;s tam!)m emprest0ssemos o admit#ssemos a

pro$ressi"idade ao ISS, ICMS o IOF, desde *e se partisse da mesma

premissa, *a' se1a, a de *e, *anto mais e'e"ada a e(presso monet0ria

da !ase impon#"e', tanto maior a &apa&idade e&on<mi&a do s1eitopassi"o - ra&io&#nio, di+ia e, ento, no me "oto, *e, no se a.i$ra

 1ridi&amente &onsistente/

Com essas pa'a"ras, mas 'o"ando o !ri'hante "oto, &omo sempre,

do i'stre Ministro A=res >ritto, e mantenho o me primeiro ponto de

"ista em *e ne$ei pro"imento aos re&rsos, *e eram "0rios/

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04/08/2011 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

VOTO

A Senhora Ministra Ellen Gracie - Presidente, eu peço

vênia ao Ministro Lewandowski para tambm aderir ! corrente

diver"ente# $aço-o, tendo como norte, Ministro %arlos &ritto, a'uela

distinç(o cl)ssica entre impostos reais e pessoais 'ue aprendemos com

Geraldo Ataliba* os impostos s(o reais ou s(o pessoais na medida em 'ueeles tomem em consideraç(o a situaç(o individual do contribuinte#

Mas isso apenas uma caracteri+aç(o "enrica, por'ue

pereitamente possvel 'ue al"uns impostos reais se.am pessoali+ados e

'ue al"uns impostos pessoais se.am reali+ados# /ou dar um e0emplo# 1

cl)ssico e0emplo de imposto pessoal o 2mposto de 3enda e, por isso

mesmo, ele admite todas as deduç4es, a.untando-se !s circunst5ncias

particulares do contribuinte# 6o entanto, o imposto de renda pode ser um

imposto de base i0a 'uando, por e0emplo, ele incide sobre os

investimentos na )rea inanceira# Ent(o, ali, aplica-se uma al'uota 7nica,

sem consideraç(o ! individualidade do contribuinte e sem possibilidade

de posterior acertamento dessas contas# Essa uma hip8tese#

1 pr8prio 2P9: - 'ue , em princpio, um imposto real -

tambm admite personali+aç(o# S(o a'uelas hip8teses em 'ue, pore0emplo, se admite 'ue as pessoas 'ue possuem um 7nico im8vel, e;ou

'ue se.am acometidas de doença "rave se.am dispensadas ou tenham

diminuiç(o nessa contribuiç(o#

Eu, como /ossa E0celência tambm concordo 'uando di+

'ue o arti"o <=> incentiva a veriicaç(o, em cada caso, desta condiç(o

pessoal do contribuinte#

1 imposto de transmiss(o causa mortis tem dierenças -

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RE 562.045 / RS

se"undo penso, Ministro Marco Aurlio - em relaç(o ao outro imposto de

transmiss(o, inter vivos, na medida em 'ue, neste imposto de 'ue estamos

tratando, se considera sempre uma transmiss(o a ttulo "ratuito# ?)necessariamente um en"randecimento do patrim@nio do recipiente - ou

da doaç(o ou da herança -, en'uanto 'ue no imposto o inter vivos

"eralmente h) onerosidade, ou se.a, ad'uire-se o bem im8vel, mas, em

contrapartida, ad'uire-se tambm a obri"aç(o do pa"amento de um

inanciamento, por e0emplo#

Eu n(o ve.o identiicaç(o entre os dois casos e, por isso,

acompanho a linha da diver"ência, com vênia do 3elator, para considerar

ade'uada a'uela pro"ressividade 'ue oi estabelecida pelo Estado do 3io

Grande do Sul, muito embora, ho.e, ela .) tenha sido revertida numa

al'uota 7nica#

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04/08/2011 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

VOTO

A Senhora Ministra Ellen Gracie: 1. Volta à consideraçãodesta Corte a questão da possibilidade de progressiidade dos i!postose! "ace do seu car#ter pessoal ou real$ agora$ especi"ica!ente quanto aoi!posto sobre trans!issão %causa mortis&.

 '. Vale reto!ar$ no ponto$ a lição de dois grandes

tributaristas a respeito da !at(ria.

Geraldo Ataliba$ e! sua obra )ip*tese de +ncid,ncia-ribut#ria$ -$ p. 1'/$ ensinaa:

%São impostos reais aqueles cujo aspecto material da hipótese de

incidência limita-se a descrever um fato, ou estado de fato,independentemente do aspecto pessoal, ou seja, indiferente ao eventualsujeito passivo e suas qualidades. A hipótese de incidência é um fatoobjetivamente considerado, com abstração feita das condiçes jur!dicasdo eventual sujeito passivo" estas condiçes são despre#adas, não sãoconsideradas na descrição do aspecto material da hipótese deincidência... São impostos pessoais, pelo contr$rio, aqueles cujoaspecto material da hipótese de incidência leva em consideração certas

qualidades, juridicamente qualificadas, dos poss!veis sujeitos passivos.%m outras palavras, estas qualidades jur!dicas influem, paraestabelecer diferenciaçes de tratamento le&islativo, inclusive doaspecto material da hipótese de incidência. 'ale di#er( o le&islador, aodescrever a hipótese de incidência, fa# refletirem-se decisivamente, notrato do aspecto material, certas qualidades jur!dicas do sujeito

 passivo. A lei, nestes casos, associa tão intimamente os aspectos pessoal e material da hipótese de incidência, que não se pode conhecereste sem considerar aquele.& 0A-A+2A$ Geraldo.3

4ino 5arach 6 italiano que se radicou na Argentina 6$ por

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RE 562.045 / RS

sua e7$ e! sua obra %l )echo *mponible( +eor!a eneral del erecho+ributario Sustantivo, '8 ed. 2uenos Aires: Abeledo9errot$ 1;<1$ p. 1;/$

di7ia:

%Se llaman impuestos personales aquellos impuestos en cuoshechos imponibles tienen importancia cualidades personales del/contribuente0. 123 Se llaman impuestos reales, al contrario, losimpuestos para los cuales son indiferentes las cualidades personalesdel contribuente.&

Co!o se ,$ a distinção est# relacionada à consideração ounão das condiç=es pessoais do contribuinte que possa! in"luenciar nacapacidade para paga!ento do tributo.

>. ?utra classi"icação$ !enos usual$ !as que pode contribuir!uito para a co!preensão da !at(ria ( a proposta por 5os( 5uan @erreiroapat7a$ e! sua obra 4urso de erecho 5inanciero %spa6ol. Vol. +. Madrid.2arcelona: Marcial ons$ '$ p. 1;B'$ entre i!postos obDetios e

subDetios.

Essa classi"icação considera que u! i!postotradicional!ente classi"icado co!o pessoal$ tal qual o i!posto de renda$pode ser tratado de !odo subDetio ou obDetio. -a!b(! u! i!postotipica!ente real pode ser subDetiado.

Assi! ( que o legislador pode "a7er co! que$ no i!postode renda$ se considere e"etia!ente as condiç=es subDetias docontribuinte$ leando e! conta a uniersalidade dos seus rendi!entos ead!itindo a dedução de despesas co! dependentes$ co! sade$ co!contribuição preidenci#ria$ circunstFncias que di7e! da situaçãoespec"ica de cada contribuinte e! particular. Mas ta!b(! pode dar9lhetrata!ento de cunho obDetio$ co!o ocorre co! o i!posto de rendaeHclusio na "onte sobre rendi!entos "inanceiros$ e! que nenhu!a

circunstFncia pessoal do contribuinte ( leada e! conta$ aplicando9se

'

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RE 562.045 / RS

alquota nica$ se! nenhu! aDuste posterior.

Se a legislação do +-I$ de outro lado$ deter!inar!inoração do i!posto quando se tratar de i!*el residencial ocupadopor "a!lia nu!erosa$ ou por aposentado que ia eHclusia!ente dosseus proentos ou aco!etido de doença grae$ estar# subDetiando oi!posto real.

VeDa9se a lição do autor espanhol:

%7aturalmente, si un impuesto de producto refiere la renta o producto a la fuente, al objeto de donde procede, el impuesto se puedeestablecer sin tener en cuenta para nada la persona que percibe esarenta. %l impuesto puede ser totalmente objetivo. 8ero también unimpuesto real o de producto se puede establecer de tal forma que seantenidas en cuenta las circunstancias caracter!sticas del sujeto

 perceptor. %l impuesto puede subjetivi#ar-se. As!, un impuesto que &rave los rendimientos 1sueldos, sal$rios, honor$rios profesionales,

etc.3 del trabajo puede tener en cuenta las circunstancias personales  familiares del contribuente autori#ando, por ejemplo, ciertasdeducciones en la cuota a los titulares de fam!lia numerosa. Sinembar&o, la subjetivación de los impuestos reales puede ofrecerdificultades acarrear ciertas injusticias, a que tales impuestos no

 pueden tener en cuenta la total capacidad econ9mica de una persona si sólo rentas parciales. :...; es obvio que los impuestos personales

 pueden subjetivi#arse m$s adecuadamente que los reales" pueden, endefinitiva, acercarse mucho mejor a la efectiva capacidad del sujeto

 pasivo. <a adaptación del sistema tribut$rio a este principio depender$as! en &ran medida del desarrollo, estructura efectividad de losimpuestos personales.& 0AA-JA$ 5os( 5uan @erreiro.3

K. -ais classi"icaç=es assu!e! releFncia porque se entendeque os i!postos ditos pessoais e subDetios considera! co! !aiorprecisão a erdadeira capacidade do contribuinte de "a7er "rente ao Lnustribut#rio.

>

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RE 562.045 / RS

+sso porque passa! da consideração de u!a capacidade

contributia si!ples!ente presu!ida pela di!ensão econL!ica do "atogerador para a consideração da capacidade contributia real$ a"erida apartir de outros aspectos$ pessoais e concretos$ que di7e! respeito àpessoa do contribuinte e às suas atiidades.

/. ? art. 1K/$ 1N$ da C@ "aculta à ad!inistração aidenti"icação do patri!Lnio$ rendi!entos e atiidades econL!icas docontribuinte co!o !eio de dar car#ter pessoal 0entenda9se$ ta!b(!$

subDetio3 aos i!postos e de gradu#9los segundo a capacidade econL!icados contribuintes.

retende$ co! isso$ que o legislador tenha condiç=es deeri"icar$ se!pre que possel$ a capacidade econL!ica de cadacontribuinte que i!plique e"etia capacidade contributia e$ co! isso$tributar !ais pesada!ente que! !ais te! condiç=es de absorer a cargatribut#ria.

O. ? +-CM4 per!ite !ais do que u!a si!ples presunçãoindireta da capacidade contributia do contribuinte.

+sso porque não se trata de u! tributo que incida sobre apropriedade de u! be!$ por eHe!plo$ de caracterstica est#tica edissociada da situação do contribuinte ou que to!e qualquer outra

realidade econL!ica de !odo isolado.

? i!posto sobre a trans!issão causa %!ortis& ( deidopelo %bene"ici#rio ou recebedor do be! ou direito trans!itido& porocasião do direto e necess#rio acr(sci!o patri!onial que a trans!issãoi!plica.

Ali#s$ trata9se de u! acr(sci!o patri!onial a ttulo

K

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gratuito$ que reela$ por si !es!o$ eidente e clara capacidadecontributia. P que o i!posto si!ples!ente i!plicar# a redução do

acr(sci!o patri!onial lquido. 4e !odo algu!$ ter# o contribuinte quedispor senão de parte do acr(sci!o percebido.

<. 4i"erencia9se o +-CM4$ assi!$ do pr*prio +-2+$ que (obDeto da S!ula O/O 0%= inconstitucional a lei que estabelece al!quotas

 pro&ressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis > *+?*com base no valor venal do imóvel&3$ porquanto o +-2+ di7 respeito àtrans!issão onerosa$ e! que h# a aquisição da propriedade nu!a

operação sinalag!#tica na qual o adquirente assu!e o Lnus dacontrapartida.

Qo +-2+$ a si!ples operação de trans"er,ncia não per!iteque se saiba qual a real disponibilidade do adquirente para paga!entodo i!posto. ode o adquirente ter e"etuado o paga!ento do preço à istaou à pra7o$ co! recursos pr*prios ou !ediante "inancia!ento$ pode teradquirido o i!*el para !oradia ou para inesti!ento$ dentre outrascircunstFncias$ todas alheias ao "ato gerador. Ali#s$ ( co!u! que$ naaquisição de i!*eis$ o adquirente "aça grandes es"orços para reali7ar aoperação$ de !odo que a e"etia capacidade contributia ( !era!entepresu!ida$ !as não necessaria!ente real$ podendo a operação$ inclusie$estar associada à assunção de ultosas didas.

 5# na aquisição a ttulo gratuito$ h# se!pre e"etio

acr(sci!o patri!onial$ !ediante trans"er,ncia se! contrapartida.

? +-CM4$ portanto$ distingue9se do +-2+. Qão se tratasequer de u! tpico i!posto real$ porquanto o pr*prio "ato geradorreela inequoca capacidade contributia dele decorrente. Qessa !edidae considerando a subDetiação que ad!ite$ pode9se !es!o considerarque$ na classi"icação entre i!postos reais e pessoais$ o +-CM4 penderia!ais para esta categoria.

/

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B. Qote9se$ ta!b(!$ que o +-CM4 e! questão cont(!

algu!as cl#usulas de subDetiação$ ao assegurar isenção quando %orecebedor seDa ascendente$ descendente ou cLnDuge$ ou a ele equiparado$do trans!itente$ não seDa propriet#rio de outro i!*el e não receba !aisdo que u! i!*el$ por ocasião da trans!issão&.

icardo obo -orres$ no seu -ratado de 4ireitoConstitucional @inanceiro e -ribut#rio$ ed. enoar$ Vol. +V$ '<$ p. ''B$cuidando da !at(ria$ destaca que o %princpio da personali7ação&$

eHpresso pelo agraa!ento da tributação de acordo co! o a"asta!entoentre herdeiro e de cuDus na linha da sucessão$ presente e! diersaslegislaç=es estrangeiras$ "e7 co! que i!posto causa !ortis tenha setrans"or!ado e! u! tributo pessoal$ quando antes era real.

;. or reelar e"etia e atual capacidade contributia inerenteao acr(sci!o patri!onial$ o i!posto sobre trans!issão %causa !ortis&$ta!b(! conhecido co!o i!posto sobre heranças ou sobre a sucessão$ (u! i!posto que be! se ocaciona à tributação progressia.

 Qa Espanha$ por eHe!plo$ quando as Co!unidades

AutLno!as não disp=e! e! sentido dierso$ as alquotas progressiasão de <$/R para as bases !enores$ at( >KR para as !aiores. VeDa9se$ noponto$ as in"or!aç=es constantes da obra de 5uan Martn ueralt e! co9autoria co! Serrano$ *pe7 e ?llero$ 4urso de erecho 5inanciero

+ributario $ 1B8 ed.$ Madrid: -ecnos$ '<$ p. <;:

%... debe calcularse la cuota !nte&ra, resultado de aplicar a labase liquidable la tarifa del impuesto, que consiste em uma escalada

 pro&resiva por tramos.4omo hemos visto antes, la tarifa puede ser establecida por las

44AA. Si no lo hacen, se aplicar$ la tarifa aprobada por el %stado, queoscila entre el @,B por CDD para la parte de base liquidable inferior a

@.EEF,G euros, el FG por CDD para la parte de base imponible que

O

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RE 562.045 / RS

eHceda de @[email protected],DI euros.%n tercer lu&ar, la cuota tributaria que se determina aplicando

la cuota !nte&ra un coeficiente multiplicador que var!a en función del parentesco entre el causante o donane el sujeto pasivo del patrimonio preeHistente de éste. 4uanto m$s lejano es el parentesco maor el patrimonio preeHistente maor ser$ también el coeficientemultiplicador. %m la actualidad tales coeficientes oscilan entre C J,G.&

icardo obo -orres$ na D# re"erida obra$ p. ''O''B$ chega

a criticar a li!itação das alquotas do +-CMS e! BR$ considerando queseria !es!o adequada u!a progressiidade !ais a!pla$ re"erindota!b(! o eHe!plo estrangeiro:

%... o Senado 5ederal, que no re&ime da 45 @KE estabeleceralimite muito baiHo 1GL3, depois de publicada a 45 II majorou o teto

 para IL 1Mesolução nN EKEJ3. Afastou-se, assim, da idéia de justiça fiscal que tem predominado nos pa!ses mais cultos, concreti#ada pelaincidência pro&ressiva das transmisses &ratuitas, aconselh$vel em

 face do fla&rante incremento da capacidade contributiva dosbenefici$rios.

7a Alemanha, por eHemplo, o imposto incide, no m!nimo, pelaal!quota de FL e, no m$Himo, pela de @DL, conforme o valor do bemtransmitido e a distOncia entre o herdeiro e o de cujus na linha dasucessão" de notar que a pro&ressividade do imposto de transmissãocausa mortis e doação, fruto de pol!tica da social-democracia que

 &overnou aquele pa!s até os anos @D, não foi minimi#ada depois da

conquista do poder pelos liberais, ao contr$rio do que ocorreu com acobrança pro&ressiva do imposto de renda.

:...;7a %spanha, na *t$lia e em quase todos os pa!ses da Pnião

%uropéia o tributo é cobrado de forma semelhante, prevalecendo adupla pro&ressividade. Qs %stados Pnidos também não constituemeHceção R pol!tica da pro&ressvidade.&

A base tribut#el do +-CM4$ portanto$ est# longe de ser

<

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RE 562.045 / RS

daquelas aessas à progressiidade. Antes$ a aconselha co!o instru!entode Dustiça "iscal.

1. P erdade que a ei B.B'1B; do Estado do io Grande doSul D# não estabelece !ais a progressiidade do +-CM4$ que$ na redaçãooriginal di!ensionaa o aspecto quantitatio$ na trans!issão %causa!ortis&$ da isenção às alquotas de 1R$ 'R$ >R$ KR$ /R$ OR$ <R e BR$con"or!e a di!ensão da base de c#lculo. Atual!ente$ co! a redação quelhe "oi atribuda pela ei 1>.>><';$ o art. 1B estabelece alquota nicade KR.

4e qualquer !odo$ por não considerar o i!posto sobretrans!issão %causa mortis& co!o u! tpico i!posto de car#ter real$ !as$di"erente!ente$ consider#9lo u! i!posto que reela e"etia capacidadecontributia de que! percebe a trans"er,ncia patri!onial$ considerandoque se d# e! car#ter gratuito$ tenho que não o"endia a Constituição oestabeleci!ento de alquotas progressias para a esp(cie.

11. or todo o eHposto$ ta!b(! peço enia ao relator Ministroicardo eTandoTsUi para$ na esteira dos otos diergentes$ darpr!"#$%& ao recurso eHtraordin#rio do Estado do io Grande do Sul.

B

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PLENÁRIO

EXTRATO DE ATA 

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 5#).&*5

PROCED. : RIO GRANDE DO SULRELATOR : MIN. RICARDO LE,ANDO,SI

RECTE.(S) : ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULRECDO.(A/S) : ESPLIO DE EM"LIA LOPES DE LEONADV.(A/S) : ANTONIO 8OSÉ DIDONET

Deci!":  A+0 , 2,1, , S'=,# M$'$01#, R$5#, L',0H$(#1,#)* 0+#,2', , #5&#0,* +$& 2$01 ,0 &1,0 , S'=,#

M$'$01#, E#,0 G#&. A&0'1* ;&01$J$5'1* , S'=,# M$'$01#,8,3&$ >#%,0. P#0$6'5$ , S'=,# M$'$01#, G$# M'0.P'?#$,* .@W.@@B.

Deci!":  A+0 , 2,1, , S'=,# M$'$01#, R$5#, L',0H$(R1,#)* 0+#,2', , #5&#0,* ,0 2,1,0 ,0 S'=,#0M$'$01#,0 E#,0 G#&* M'0 D$#$1,* C?#' L5$ 8,3&$>#%,0* +#,2',-,* +$& 2$01 ,0 &1,0 , S'=,# M$'$01#,C#,0 >#$11,. A&0'1* ;&01$J$5'1* S'=,# M$'$01# E'G#5$. P#0$6'5$ , S'=,# M$'$01#, G$# M'0. P'?#$,*.@Y.@@B.

Deci!":  A+0 , 2,1,-2$01 , S'=,# M$'$01#, AF#0 >#$11,*', +#,2$'1, , #5&#0,* ', 3& J,$ 5,+'=, + S'=,#M$'$01# E' G#5$* +$& 2$01 ,0 &1,0 , S'=,# M$'$01#,M#5, A&#$,. A&0'10* '01 ;&<'1,* , S'=,# M$'$01#,G$# M'0 * $5'5$,* , S'=,# M$'$01#, 8,3&$ >#%,0.P#0$6'5$ , S'=,# M$'$01#, C# P&0,. P'?#$,* @.@B.@.

P#0$6'5$ , S'=,# M$'$01#, C# P&0,. P#0'10 70004, ,0 S'=,#0 M$'$01#,0 C0, M,* M#5, A&#$,* E'

G#5$* G$# M'0* AF#0 >#$11,* R$5#, L',0H$* C?#'L5$* D$0 T,JJ,$ L&$ &K.

S&%-P#,5&#,#-G# R+%$5* D#. S'# C&#&.

+/ L&$ T,$10&S5#1?#$,

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

VOTO-VISTA

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – O recursoextraordinário ersa so!re a co"#ati!i$idade do arti%o &' da Lei n(')'*&+', do Estado do Rio .rande do Su$ co" a Carta da Re#/!$ica) Anor"a 0ur1dica e" 2uest3o instituiu a #ro%ressiidade das a$12uotasre$atias ao I"#osto so!re Trans"iss3o Causa Mortis  #reis3o 2ue 4oi

%$osada #e$o Tri!una$ de 5usti6a $oca$ #or o4ensa ao arti%o &78 9 &( da LeiMaior) Co" e4eito no ac:rd3o recorrido 4icou assentado 2ue a re%ra%era$ a ser o!serada ; a i"#ossi!i$idade de instituir a #ro%ressiidadenos tri!utos de nature<a rea$ con4or"e reda63o do "encionado arti%o daCarta ressa$adas exce6=es es#ec14icas constantes no #r:#rio textoconstituciona$ caso dos I"#ostos so!re a >ro#riedade Territoria$ Ur!anae so!re a >ro#riedade Territoria$ Rura$) No 0u$%a"ento da "at;ria #e$a '?C@"ara C1e$ do Tri!una$ oue a$us3o ao Ver!ete n( B8B da S/"u$a do

Su#re"o)Na sess3o de &* de 0uno de *' o "inistro Ricardo LeDandoDsi

re$ator se%uindo a 0uris#rudFncia do Tri!una$ ree$ada no exa"e doRecurso Extraordinário n( &8G)&+M. redator do ac:rd3o "inistroMoreira A$es otou no sentido do des#roi"ento do extraordinário)Resu"ida"ente consi%nou 2ue o constituinte ori%inário teria $i"itado aa#$ica63o da t;cnica da #ro%ressiidade aos tri!utos de nature<a #essoa$#resente a re%ra do arti%o &78 9 &( da Carta edera$) Ressa$tou 2ue a:#tica 4oi reiterada na a#recia63o do Recurso Extraordinário n(*G7)&8+S> ocasi3o e" 2ue o Su#re"o dec$arou a inconstituciona$idadeda #ro%ressiidade no I"#osto de Trans"iss3o de Jens I":eis)Kestacou a inia!i$idade de a4erir a ca#acidade contri!utia co" !aseexc$usia"ente no con0unto de !ens trans4eridos a t1tu$o de eran6a$e%ado ou doa63o)

Kesse entendi"ento dier%iu o "inistro Eros .rau e" oto-ista

#ro4erido na sess3o de & de sete"!ro de *') A4ir"ou e" s1ntese ser#oss1e$ a aa$ia63o da ca#acidade contri!utia nos i"#ostos ditos reais

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RE 562045 / RS

inc$usie no "ode$o de incidFncia do "encionado i"#osto estadua$)Conc$uiu #e$o #roi"ento do extraordinário) A essa :#tica aderira" os

"inistros Mene<es Kireito Cár"en L/cia e 5oa2ui" Jar!osa)O 0u$%a"ento 4oi noa"ente interro"#ido e" ra<3o de #edido de

ista 4or"a$i<ado #e$o "inistro Ares Jritto 2ue na sess3o de 7 dea%osto de *&& ta"!;" deu #roi"ento ao recurso) Na o#ortunidade#edi ista do #rocesso #ara "e$or aná$ise da tese ne$e eicu$ada) eitaessa !ree di%ress3o #asso a en4rentar a "at;ria)

O i"#osto e" discuss3o te" co"o i#:tese de incidFncia atrans"iss3o de !ens decorrente do 4a$eci"ento e4eito #reisto no arti%o

&)'7 do C:di%o Cii$) Cuida-se de tri!uto co" nature<a e"inente"ente4isca$ e rea$) E" outras #a$aras #ossui 4ina$idade "era"entearrecadat:ria e 2uanto !ase de cá$cu$o recai a#enas e" certos !enso!0etia"ente a#reciáeis se" so#esar a situa63o #essoa$ do su0eito#assio da o!ri%a63o) Ka1 a a$e%a63o – a$icer6ada na 0uris#rudFncia doSu#re"o a res#eito da ex#ress3o se"#re 2ue #oss1e$P #resente noarti%o &78 9 &( da Carta edera$ – de inia!i$idade de %rada63o dea$12uotas do i"#osto rea$ #or2uanto so"ente se #oderia exa"inar aca#acidade contri!utia indiidua$ nos i"#ostos 2ue #ressu#=e"considera6=es #essoais)

Consoante teno sa$ientado n3o e0o inco"#ati!i$idade entre ore4erido dis#ositio e a a#$ica63o da t;cnica da #ro%ressiidade aosi"#ostos reais co" istas rea$i<a63o da 0usti6a tri!utária) E" todos os#recedentes do Tri!una$ so!re o te"a "ani4estei-"e e" ta$ sentido)A$iás a #r:#ria c$assi4ica63o dos tri!utos e" reais e #essoais e"

"erecendo cr1ticas doutrinárias) Transcreo #assa%e" de Saca Ca$"onNaarro CoF$o

A c$assi4ica63o ; 4a$a #or isso 2ue os i"#ostos 2uais2uer2ue se0a" s3o #a%os se"#re #or #essoas) Mes"o o i"#ostoso!re o #atri"Qnio o "ais rea$ de$es atin%e o #ro#rietárioinde#endente"ente da coisa #ois o 1ncu$o ambulat cum

dominus  isto ; se%ue o seu dono Curso de direito tributário

brasileiro  *7 #) '*)

*

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O caráter rea$ ou #essoa$ do tri!uto n3o ; i"#editio #ro%ress3o

de a$12uotas "as isso n3o si%ni4ica a4ir"ar 2ue todo tri!uto este0a su0eito "encionada t;cnica) A 2uest3o #recisa ser ana$isada so! o @n%u$o daca#acidade contri!utia 4unda"ento /$ti"o da tri!uta63o) Se%undo ocitado #rinc1#io dee" contri!uir #ara a "anuten63o do Estado a2ue$escidad3os 2ue #udere" 4a<F-$o na "edida dessa ca#acidade se" #re0u1<oda #r:#ria so!reiFncia) É di<er rec$a"a-se a o!ser@ncia da dis#osi63oeconQ"ica de cada indi1duo considerado a2ui$o de 2ue necessita #araexistir) Ve0a" a $i63o de Misa!e$ A!reu Macado Ker<i $an6ada nas notas

de atua$i<a63o do c$ássico de A$io"ar Ja$eeiro

Ko #onto de ista su!0etio a ca#acidade econQ"icaso"ente se inicia a#:s a dedu63o das des#esas necessárias #araa "anuten63o de u"a existFncia di%na #ara o contri!uinte esua 4a"1$ia) Tais %astos #essoais o!ri%at:rios co" a$i"enta63oestuário "oradia sa/de de#endentes tendo e" ista asre$a6=es 4a"i$iares e #essoas do contri!uinte etc) dee" ser

co!ertos co" rendi"entos e" sentido econQ"ico – "es"o nocaso dos tri!utos incidentes so!re o #atri"Qnio e eran6as edoa6=es – 2ue n3o est3o dis#on1eis #ara o #a%a"ento dei"#ostos) A ca#acidade econQ"ica su!0etia corres#onde a u"conceito de renda ou #atri"Qnio $12uido #essoa$ $ire"entedis#on1e$ #ara o consu"o e assi" ta"!;" #ara o #a%a"entode tri!uto) Kessa 4or"a se rea$i<a" os #rinc1#iosconstituciona$"ente exi%idos da #essoa$idade do i"#osto

#roi!i63o do con4isco e i%ua$dade con4or"e dis#=e" os arts)&78 9 &( &8 II e IV da Constitui63o Limitações constitucionais

ao poder de tributar  *, ##) B,-B,G)

Ora co"o 4i< er no 0u$%a"ento do Recurso Extraordinário n(*G7)&8+S> da re$atoria do "inistro Car$os Ve$$oso a2ue$e 2ue co"#rau" !e" de inte "i$ reais n3o #ode rece!er trata"ento tri!utáriose"e$ante ao 2ue ad2uire u" !e" de u" "i$3o de reais) É #atente

2ue" co"#ra ou #ossui i":e$ de a$or exor!itante ree$a "aior

G

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ca#acidade contri!utia #ode #a%ar "ais tri!uto) ue" rece!e esses"es"os !ens e" eran6a doa63o ou $e%ado #or 4ato a$eio ontade

ta$e< n3o a#resente i%ua$ ca#acidade)A #ro%ressiidade das a$12uotas do I"#osto Causa Mortis o$ida

co"#$eta"ente a situa63o rea$ #atri"onia$ do su0eito #assio) >ara essetri!uto "ostra-se necessário a$%u" %rau de #ersona$i<a63o na #ro%ress3odas a$12uotas) Se" a #essoa$idade aerá ineitae$"ente in0usti6a) Ta$co"o #osta a $e%is$a63o estadua$ #er"ite #or exe"#$o 2ue erdeiros$e%atários ou donatários e" situa63o econQ"ica a!so$uta"ente distinta –u" 4ranciscano e outro ar%entário – se0a" co"#e$idos ao #a%a"ento de

i%ua$ a$or do tri!uto 2ue #oderá ser e$ead1ssi"o a de#ender dos !ensrece!idos) Essa :#tica contraria a u" s: te"#o o #rinc1#io daca#acidade contri!utia e o da isono"ia tri!utária) Assi" "es"o 2ue sead"ita e" tese a #ro%ressiidade e" i"#ostos reais na es#;cie a$e%is$a63o estadua$ i"#u%nada eio a io$ar o #rinc1#io "aior daca#acidade contri!utia ao i"#$e"entá-$a do "odo co"o #rocedeu)

O!sere" n3o se "ostrare" raros os casos e" 2ue os interessadoss3o o!ri%ados a re2uerer a$ará ao 5u1<o #ara a enda anteci#ada de !ensisando #a%ar o tri!uto deido) Ta"!;" á 2ue" ia dos 4rutos ciisdo es#:$io) Mais 2ue isso ; de se i"a%inar 2ue a #ro%ress3o de a$12uotas#ode at; co"#e$ir a$%u;" a renunciar eran6a si"#$es"ente #araeitar a su0ei63o tri!utária) Va$e $e"!rar 2ue a eran6a acante aca!a #or

 !ene4iciar a$4i" o #r:#rio >oder >/!$ico – consoante o arti%o &)'** doC:di%o Cii$ – deixando a!ertas as #ortas #ara a ex#ro#ria63o#atri"onia$ #or ias transersas)

Ca!e ter #resente 2ue a #ro%ressiidade do I"#osto so!reTrans"iss3o Causa Mortis, considerado o a$or dos i":eis dos ":eisdos t1tu$os de cr;dito !e" co"o dos direitos a e$e re$atio a$4i" do#atri"Qnio inentariado ter"ina #or i"#$e"entar de 4or"a di4erida ;certo o i"#osto so!re %randes 4ortunas – arti%o &8G inciso VII daConstitui63o edera$ at; o0e na de#endFncia de $ei co"#$e"entar) E o4a< co" des$oca"ento da co"#etFncia tri!utária atia indo a co!rá-$on3o a Uni3o "as o Estado) A #ro%ressiidade con4or"e retratado nos

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RE 562045 / RS

#recedentes citados no es!o6o de #ro#osta de er!ete incu$ante4or"a$i<ado #e$o re$ator ce%a a su#rir a $e%is$a63o co"#$e"entar

#reista na Carta da Re#/!$ica des$ocando o 2ue ; "ais %rae aco"#etFncia tri!utária da Uni3o #ara os Estados-"e"!ros)

>or tais ra<=es se" aderir inter#reta63o atri!u1da #e$o re$ator aoarti%o &7B 9 &( da Lei Maior no sentido de 2ue s: a Constitui63o #oderiaautori<ar outras i#:teses de tri!uta63o #ro%ressia de i"#ostos reaisconsi%no 2ue a4ronta o #rinc1#io da ca#acidade contri!utia ad"itir a#ro%ress3o de a$12uotas na incidFncia do tri!uto so!re a sucess3o causa

mortis  se" 2ue a0a 2ua$2uer considera63o da situa63o econQ"ica do

su0eito #assio da o!ri%a63o tri!utária)Consoante os 4unda"entos anterior"ente "encionados aco"#ano

a conc$us3o do re$ator e des#roe0o o extraordinário dec$arando ainconstituciona$idade do arti%o &* da Lei n( ')'*&+', do Estado do Rio.rande do Su$)

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06/02/2013 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

VOTO

O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI  Senhor Presidente, a

questão está em saber se o sistema de progressividade no Imposto de

Transmissão Causa Mortis é compatve! ou não com a Constitui"ão#

$pesar da controvérsia interessante %irmada sobre o tema, parece&me que

essa progressividade não s' não é incompatve! como atende, de a!guma%orma, o princpio da capacidade contributiva que, como bem

demonstraram os votos, especia!mente do Ministro $(res )ritto e da

Ministra *!!en +racie, não é também incompatve! com os chamados

impostos reais# O princpio da capacidade contributiva deve ser ap!icado

a todos os impostos#

e modo que vou pedir v-nia ao .e!ator e ao Ministro Marco

$uré!io para dar provimento#

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06/02/2013 PLENÁRIO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 562.045 RIO GRANDE DO SUL

V O T O

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES – Senhor Presidente,essa questão já provocou, como amplamente demonstrado, uma série dediscussões no Tribunal, desde aquele célebre precedente mencionado e

amplamente utiliado no voto do eminente !elator "inistro !icardo#e$ando$s%i, precedente da !elatoria do "inistro "oreira &lves, apartir da discussão sobre a então poss'vel pro(ressividade do )PT*+ asoaté muito interessante, porque, em rea-ão .quela jurisprud/ncia, oon(resso 0acional acabou por aprovar uma emenda constitucionallavrando então claramente a possibilidade de pro(ressividade do )PT*,portanto, 1aendo aquilo que os americanos chamam de corre-ão dainterpreta-ão pela via le(islativa, nesse caso, le(islativa constitucional+

& despeito das raões muito claras e eruditas, lan-adas naquele votoe a(ora desenvolvidas no voto cuidadoso do "inistro !icardo#e$ando$s%i, eu sempre tive di1iculdade de e2trair aquele resultado, emtoda a sua dimensão, porque si(ni1icava dier que, nesses chamadosimpostos de caráter real, a não ser que haja um pronunciamento claro dote2to constitucional, não pode haver qualquer pro(ressividade+ O quesi(ni1ica, tendo em vista, inclusive, a amplitude do catálo(o re1erente aos

tributos, que o sil/ncio eloquente do constituinte é su1iciente para vedarqualquer pro(ressividade+ )sso me pareceu um tanto quanto e2a(erado,tendo em vista inclusive a comple2idade, as situa-ões todas que secolocam+

3 claro que o tema relativo . capacidade contributiva tem relevo emtoda a e2tensão+ 0ão podemos esquecer, e acho que é uma outra questãoque sempre sobressai, ou pelo menos está em parte das nossas pré4compreensões, que pode, aqui ou acolá, haver um tipo de abuso na

pr5pria 1ormula-ão, uma ve que, como sabem, há até campanhaspol'ticas, pol'tico4ideol5(icas em rela-ão . questão do chamado imposto

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RE 562045 / RS

sobre heran-a+ "as a', claro, haveria não s5 o ar(umento da capacidadecontributiva, como também da não con1iscatoriedade, portanto, a ideia da

proporcionalidade+ #o(o, haveria também remédios para esse tipo desitua-ão+

6e modo que, 1aendo essas brev'ssimas considera-ões e tendo emvista aquilo que também restou assentado no voto do "inistro 7ros 8rau,o primeiro a diver(ir, 1aendo o pedido de v/nia ao "inistro#e$ando$s%i e a(ora ao "inistro "arco &urélio, eu também meencaminho no sentido do provimento do recurso+

3 como voto, Presidente+

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PLENÁRIO

EXTRATO DE ATA 

REC!RSO EXTRAORDINÁRIO *).0"*

PROCED. : RIO <RANDE DO SULRELATOR : MIN. RICARDO LEANDOS-I

REDATORA DO AC\RDÃO : MIN. CRMEN LHCIARECTE.FSG : ESTADO DO RIO <RANDE DO SULPROC.FASGFESG : PROCURADOR<ERAL DO ESTADO DO RIO <RANDE DO SULRECDO.FASG : ESP\LIO DE EMÍLIA LOPES DE LEONADV.FASG : ANTONIO JOSÉ DIDONET

Decisão:  A!& " ("'" $" S%n*"r Mini&'r" Ri)ar$" L%1an$"1&2i

Fr%la'"rG $%&!r"(%n$" " r%)ur&" !%$iu (i&'a $"& au'"& " S%n*"rMini&'r" Er"& <rau. Au&%n'% 0u&'i>i)a$a#%n'% " S%n*"r Mini&'r"J"a3ui# Barb"&a. Pr%&i$n)ia $" S%n*"r Mini&'r" <il#ar M%n$%&.Pl%n4ri" 87.56.755.

Decisão:  A!& " ("'" $" S%n*"r Mini&'r" Ri)ar$" L%1an$"1&2iFR%la'"rG $%&!r"(%n$" " r%)ur&" % "& ("'"& $"& S%n*"r%&Mini&'r"& Er"& <rau M%n%?%& Dir%i'" C4r#%n L=)ia % J"a3ui#Barb"&a !r"(%n$"" !%$iu (i&'a $"& au'"& " S%n*"r Mini&'r"Carl"& Bri''". Au&%n'% 0u&'i>i)a$a#%n'% a S%n*"ra Mini&'ra Ell%n<ra)i%. Pr%&i$n)ia $" S%n*"r Mini&'r" <il#ar M%n$%&. Pl%n4ri"

8W.5Z.755.

Decisão:  A!& " ("'"(i&'a $" S%n*"r Mini&'r" A`r%& Bri''"$an$" !r"(i#%n'" a" r%)ur&" n" 3u% >"i a)"#!an*a$" !%la S%n*"raMini&'ra Ell%n <ra)i% !%$iu (i&'a $"& au'"& " S%n*"r Mini&'r"Mar)" Aur/li". Au&%n'%& n%&'% 0ul+a#%n'" " S%n*"r Mini&'r"<il#ar M%n$%& % li)%n)ia$" " S%n*"r Mini&'r" J"a3ui# Barb"&a.Pr%&i$n)ia $" S%n*"r Mini&'r" C%?ar P%lu&". Pl%n4ri" 5.5.7588.

Decisão: C"l*i$"& " ("'"(i&'a $" Mini&'r" Mar)" Aur/li" % "&("'"& $"& Mini&'r"& T%"ri a(a&)2i <il#ar M%n$%& % C%l&" $%

M%ll" " Tribunal !"r #ai"ria $%u !r"(i#%n'" a" r%)ur&"%'ra"r$in4ri" (%n)i$"& "& Mini&'r"& Ri)ar$" L%1an$"1&2iFR%la'"rG % Mar)" Aur/li". V"'"u " Pr%&i$%n'% Mini&'r" J"a3ui#Barb"&a. R%$i+ir4 " a)r$-" a Mini&'ra C4r#%n L=)ia. N-"!ar'i)i!ara# $a ("'a,-" "& Mini&'r"& R"&a %b%r Lui? @u % Dia&T">>"li !"r &u)%$%r%# r%&!%)'i(a#%n'% a"& Mini&'r"& Ell%n<ra)i% Er"& <rau % M%n%?%& Dir%i'" '"$"& )"# ("'" %# a&&%n'a$aan'%ri"r. Pl%n4ri" 56.57.7589.

Pr%&i$n)ia $" S%n*"r Mini&'r" J"a3ui# Barb"&a. Pr%&%n'%& ;

&%&&-" "& S%n*"r%& Mini&'r"& C%l&" $% M%ll" Mar)" Aur/li" <il#arM%n$%& Ri)ar$" L%1an$"1&2i C4r#%n L=)ia Dia& T">>"li Lui? @uR"&a %b%r % T%"ri a(a&)2i.

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Pr")ura$"r<%ral $a R%!=bli)a Dr. R"b%r'" M"n'%ir" <ur+%l

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! Lui? T"#i#a'&uA&&%&&"rC*%>% $" Pl%n4ri"

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