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Metodologia de pesquisa 3 - Fernando de Azevedo Lopes Apresentação do tema Sílvio Romero é destacado por muitos analistas como um dos grandes intelectuais brasileiros e sua obra foi objeto de muitas análises, indo da História e Literatura até a Filosofia. Romero é comumente associado ao movimento renovador de ideias políticas e filosóficas no Brasil, a “geração de 1870”, geração esta formada por intelectuais que se caracterizavam pela oposição à ordem saquarema, a qual vigorou quase ininterruptamente entre 1848 e 1878 e confrontava os três pilares da ordem imperial conservadora: o catolicismo hierárquico, o indianismo romântico e o regime que limitava a participação política. Romero teve sua obra, principalmente sua crítica literária, diretamente marcada pela influência do ideário cientificista, principalmente do evolucionismo de Herbert Spencer, e esse foi o aspecto que mais o marcou/estigmatizou, tanto pelos seus adversários coetâneos quanto pela produção analítica posterior sobre ele. Visto isso, o principal objetivo desse trabalho é do compreender e explicar como a aclimatação do cientificismo europeu por Sílvio Romero teve agência e de certa forma contribuiu para o desenvolvimento dos estudos sobre a sociedade brasileira que se seguiram a ele. E também tentar ver esse movimento teórico dentro de um escopo maior de

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Metodologia de pesquisa 3 - Fernando de Azevedo Lopes

Apresentação do tema

Sílvio Romero é destacado por muitos analistas como um dos grandes intelectuais

brasileiros e sua obra foi objeto de muitas análises, indo da História e Literatura até a

Filosofia. Romero é comumente associado ao movimento renovador de ideias políticas e

filosóficas no Brasil, a “geração de 1870”, geração esta formada por intelectuais que se

caracterizavam pela oposição à ordem saquarema, a qual vigorou quase

ininterruptamente entre 1848 e 1878 e confrontava os três pilares da ordem imperial

conservadora: o catolicismo hierárquico, o indianismo romântico e o regime que

limitava a participação política. Romero teve sua obra, principalmente sua crítica

literária, diretamente marcada pela influência do ideário cientificista, principalmente do

evolucionismo de Herbert Spencer, e esse foi o aspecto que mais o

marcou/estigmatizou, tanto pelos seus adversários coetâneos quanto pela produção

analítica posterior sobre ele.

Visto isso, o principal objetivo desse trabalho é do compreender e explicar como a

aclimatação do cientificismo europeu por Sílvio Romero teve agência e de certa forma

contribuiu para o desenvolvimento dos estudos sobre a sociedade brasileira que se

seguiram a ele. E também tentar ver esse movimento teórico dentro de um escopo maior

de luta política e disputa por paradigmas de organização social. Outro dos objetivos

desse trabalho será o de contestar a visão corrente dentro dos estudos sobre Romero,

segundo a qual uma certa lógica de cópia / desvio das ideias marcaria a trajetória

intelectual do autor sergipano, no sentido de absorção mecânica de certos repertórios

intelectuais e também de contradições presentes na sua trajetória intelectual. Tento

compreender, ao contrário, o uso do repertório1 cientificista europeu por Romero como

forma de atuação política e intelectual no contexto nacional, e não como mero “erro de

percurso” na migração das ideias das matrizes europeias para o Brasil.

Para tal demonstração, utilizo como ferramenta empírica a análise das críticas de

Sílvio Romero à relação das oligarquias estaduais e do militarismo com o positivismo e

1 Utilizo aqui a noção de repertório intelectual proposta por Swindler(1986) e Tilly(1993), na qual os agentes fazem uso dos conceitos e teorias por meio de um critério político de triagem. Esse uso se corresponde diretamente com as circunstâncias práticas na qual os agentes estão envolvidos. Com esse movimento, entretanto, não desconsidero a tentativa de formulação teórica generalizante por parte de Sílvio Romero, como se operasse uma adoção utilitarista das ideias, mas antes uma mobilização reflexiva e com agência das ideias científicas europeias.

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o uso pelo autor do evolucionismo spenceriano para tal fim. Outra das minhas hipóteses

é de que uma certa “linhagem” tipológica crítica surge com José Veríssimo, no

momento de formação da Academia Brasileira de Letras e de embate in loco com

Romero, variando intensidade e forma, e se renova na bibliografia subsequente sobre o

autor sergipano. Em outras palavras, acredito que a dinâmica própria do momento de

formação da ABL e as saídas retóricas nascidas naquele debate acabaram por

estigmatizar Sílvio Romero e essa pesquisa propõe uma breve tentativa de leitura de sua

atuação intelectual como dotada de sentido próprio, para assim perceber também como

o manejo do repertório científico do período segue um plano estratégico de agência na

realidade nacional do período.

Justificativa

A justificativa em torno da escolha da obra de Sílvio Romero como eixo

norteador da pesquisa, que de uma forma mais geral, é a tentativa de compreender os

usos feitos pelos intelectuais brasileiros da chamada “Geração de 1870” por matrizes

teóricas hegemônicas no cenário científico internacional se aloca no fato de que o autor,

entre os seus contemporâneos, foi o que levou ao extremo o projeto de unir a crítica

literária e a análise social. Nesse sentido, Romero pode ser alocado como iniciador de

uma nova forma, não disjuntiva entre texto e contexto, de se olhar para os objetos

literários e também para os fenômenos culturais, quase como uma “sequência

sociológica”, aonde, de forma crítica, vai ser retomado como projeto intelectual, entre

outros, por Antonio Candido (2000; 2006) e seus seguidores. No decorrer do texto em

tela, essa tese que apresento aqui de resgatar criticamente a contribuição de Romero

para a formação de um tipo específico de fazer sociológico poderá ser mais clarificada,

verificando e criticando certa interpretação “ossificada” sobre as obras do autor e

mostrando a vivacidade de seu projeto frente a conjuntura específica em que ele estava

inserido.

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Localização do tema

1.1 – A fortuna crítica sobre Romero

Muitas das análises sobre Romero trabalham com a ideia de que o pensamento

do autor e a forma como mobilizou suas construções intelectuais seriam

“contraditórios”, desde as primeiras reações em relação à sua obra até as análises mais

recentes. Sua suposta incoerência e o ardor e ferocidade para com as querelas em que

estava envolvido com seus adversários marcaram uma tradição de análise que por muito

tempo balizou o debate sobre sua contribuição para o pensamento social brasileiro. José

Veríssimo, um dos principais adversários intelectuais de Romero2, inaugura uma

vertente interpretativa sobre a obra do autor ao se posicionar criticamente em relação à

crítica literária romeriana, tendo no trecho abaixo citado um grande exemplo desse

movimento:

[...] ele não é uma natureza complicada e difícil, antes clara, espontânea e

aberta. Mas também incoerente, impulsiva, sem medida nem comedimento.

Isso explica as suas incoerências, a sua inconstância de caráter e de espírito

[...] se não se emenda, é um candidato ao delírio de perseguição

(VERÍSSIMO, 2001, p. 244)

Nota-se claramente a desqualificação de Romero transcendendo ao arcabouço

teórico e crítico utilizado por ele e fixando-se nas suas características pessoais e

psicológicas. Artifício comum no mis-en-scéne intelectual da época, essa forma de

abordagem interpretativa se perpetuou, de formas diversas, na vasta produção

subsequente acerca do autor, indo desde Antonio Candido até obras mais recentes, as

quais serão abordadas adiante.

Sílvio Romero é considerado por Antonio Candido um dos principais nomes da

moderna crítica literária brasileira, apesar do autor salientar discrepâncias nas suas

análises e o excessivo enfoque nos fatores externos à literatura. Candido, em Método

Crítico de Sílvio Romero (1945), enfatiza as contradições romerianas, caracterizando-as

como um “ardente e por vezes desordenado movimento entre ideias resultante de um

humor instável” (Ibid.:19). Podemos notar que a interpretação de Candido lança mão de

2 Além de toda a diferença entre as propostas de crítica literária existentes entre os autores, pode-se localizar o início da polêmica e da intensa rixa entre os dois na defesa de Machado de Assis empreendida por Veríssimo mediante as críticas feitas por Romero no seu Machado de Assis: Estudo comparativo de literatura brasileira (1897). Sobre essa tríplice polêmica, ver Bariani, 2007.

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certo psicologismo, como Veríssimo, ao caracterizar a lógica do movimento intelectual

de Romero. Segundo Candido, a polêmica, tão marcante na obra de Romero, teria

sofrido influência de ressentimentos e motivos pessoais, mais do que motivações

políticas e de disputa intelectual. O problema de tal análise é o fato de Candido

deslegitimar essas motivações na trajetória de Romero dentro da disputa intelectual do

período.

Por outro lado, Antonio Candido vê na obra de Romero importância devido à

forma como o último ultrapassou o formalismo da crítica literária e permitiu uma leitura

mais complexa das atividades artísticas e literárias do Brasil. Para Candido, esse

movimento em Romero deveu-se ao embasamento no naturalismo crítico, que entende

as questões culturais de forma integrada e funcional em relação a um contexto

específico (Ibid.).

Apesar desse elogio à importância da obra de Romero para a crítica literária

brasileira, Candido entende o uso do ideário cientificista como mera reprodução de suas

matrizes européias. As polêmicas em que Sílvio Romero participou são entendidas

como influenciadas pelos seus devaneios “passionais”, quase irracionais, não

obedecendo a uma lógica interna do campo3 de disputa intelectual e política do período.

Nelson Werneck Sodré, em seu livro A Ideologia do colonialismo (1984 [1956]),

trabalha com a perspectiva de que o pensamento evolucionista brasileiro,

especificamente o de Sílvio Romero, seria fruto de uma recepção acrítica e servil do

ideário da “metrópole”, reflexo da dominação colonial, enfatizando que as teorias

adotadas pelos intelectuais brasileiros do fim do século XIX seriam uma

[...] transplantação cultural, isto é, a imitação, a cópia, a adoção servil de

modelos externos, no campo político como no campo artístico [...] Os povos

subordinados não a escolhem por um ato de vontade. São naturalmente

conduzidos a recebê-la porque, ao mesmo tempo que justifica a supremacia

de nações colonizadoras, justifica, internamente a supremacia da classe ou

das classes que se beneficiam da subordinação, associando-se às forças

econômicas externas que a impõe (SODRÉ, 1984: 08).

3 Utilizo “campo” aqui como categoria descritiva e não da forma analítica empreendida por Pierre Bourdieu.

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No mesmo diapasão do argumento de Sodré, Dante Moreira Leite em O Caráter

Nacional Brasileiro (1969) argumenta que o uso dos aspectos científicos por Romero

seria forma de dar legitimidade à sua atividade de crítico, visto o prestígio que a ciência

tomou na intelectualidade brasileira no último quartel do século XIX (Ibid.: 180) e não

mantendo um nexo com a realidade social brasileira, significando, portanto, uma

contradição argumentativa na obra do sergipano.

Já na década de 1970, Thomas Skidmore, em Preto no Branco: Raça e

nacionalidade no pensamento brasileiro (1976) também destaca as supostas

contradições no pensamento de Sílvio Romero, principalmente na questão do papel do

mestiço na construção da ideia de um novo Brasil. O historiador americano classifica

como inconsistente as posições de Romero, o qual, para Skidmore, teria ressignificado

as ideias cientificistas raciológicas, alocando o mestiço em um contraditório papel na

construção desse “novo” nacional. Essa inconsistência, segundo Skidmore, seria ainda

mais aguda tendo em vista a solução do branqueamento e a sua incompatibilidade com

as ideias matriciais europeias.

Retomando e criticando essa vertente analítica propagada pelo brasilianista,

Roberto Ventura, no seu livro Estilo Tropical: História Cultural e polêmicas literárias

no Brasil analisa essas aparentes contradições na obra de Romero como uma forma de

integração do ideário europeu no Brasil consoante à conjuntura política nacional, como

fica claro no trecho citado:

[...] os sistemas de pensamento europeus foram integrados de forma crítica e

seletiva, segundo os interesses políticos e culturais das camadas letradas,

preocupadas em articular os ideários estrangeiros à realidade local. O racismo

científico assumiu essa função interna, não coincidente com os interesses

imperialistas, e se transformou em instrumento conservador e autoritário de

definição da identidade social da classe senhorial [...] (VENTURA, 1991,

p.60)

Ventura, no fragmento acima, dialoga com a tradição interpretativa na qual

Skidmore se enquadra. Ao contrário do brasilianista, Roberto Ventura não enxerga a

adaptação do ideário europeu como cópia ou erro de percurso, ao contrário, o autor

avança em muitos aspectos no trato a geração de 1870, mas em muitos trechos de seu

livro ainda trabalha com concepções como “contraditório” e outras de fundo

psicologizante – que a meu ver nublam o viés analítico sobre Romero.

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Ao relacionar o recurso à polêmica como reflexo de uma prática própria da

intelectualidade brasileira do período remanescente de certos aspectos tradicionais – a

questão da honra e da busca pela manutenção da integridade pessoal –, Ventura deixa de

considerar o projeto político específico de Romero e aponta na direção de que a forma e

o conteúdo das críticas feitas pelo autor sergipano seriam fruto de uma conjuntura

influenciada por um modus operandi tradicional.

Em trabalho recente de Alberto Luis Schneider (2005), percebe-se a

preocupação em historicizar as querelas de Romero frente aos seus adversários

intelectuais e políticos (principalmente Machado de Assis), transcendendo o “estigma

do contraditório” que marcou, durante décadas, as abordagens sobre Romero. Dessa

forma, Schneider percebe que muitos dos movimentos críticos e ataques de Sílvio

Romero à “panelinha fluminense” e ao seu “chefe” – Machado de Assis –

representavam uma tentativa de critica à posição central ocupada pelo Rio de Janeiro no

ambiente intelectual do país no momento. Além disso, Schneider destaca a disputa

empreendida por Romero em torno da definição e normatização da semântica do ofício

letrado no país: a postura “engajada” de Romero em oposição ao suposto belletrissmo

de Machado de Assis (Ibid.: 99).

Outro aspecto presente no trabalho de Schneider tange a certas interpretações

que dão a linha de comparação que empreendo aqui. O autor, em passagem que explica

a diferença entre as abordagens de Machado de Assis e Romero quanto à questão da

nacionalidade, deixa clara a chave de compreensão dessa diferença:

A pretensão romeriana de explicar o Brasil exibiu uma consciência

nacionalista perturbada, oscilando entre o otimismo e o pessimismo,

que observava a vida brasileira e ao mesmo tempo lia os teóricos

europeus, extraindo desses olhares respostas contraditórias. A

imaginação intelectual do século XIX penetrou fundo no universo

romeriano. Machado de Assis, ao contrário, foi menos suscetível aos

discursos hegemônicos, menos interessado nas grandes teorias

explicativas e mais disposto a flagrar a universalidade do homem nas

suas estratégias veladas, no cálculo escondido atrás da generosidade

ou da ingenuidade, no jogo das aparências, no interesse de classes

dissimulado. Sem a angústia da identidade nacional, Machado de

Assis soube falar do seu país e de seu tempo, conseguindo afirmar e

relativizar, criticar e compreender, capaz de aludir às coisas brasileiras

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sem cair num discurso nacionalista ou antinacionalista (SCHNEIDER,

2005, p.117) (grifo meu).

O autor, ao fazer essa comparação, repete a longa tradição explicitada linhas

acima, vendo em Sílvio Romero uma adoção equivocada de repertórios intelectuais

externos à realidade brasileira e, por outro lado, em Machado de Assis, saltaria aos

olhos a sofisticação de sua interpretação e o refinamento de se afastar do cientificismo

tão em voga no período, o que lhe permitiria ver as nuances da realidade social

brasileira, desprendido das amarras da “angústia da identidade nacional” (Ibid.: 117).

Não nego que Machado de Assis não comungava e sempre foi um crítico do

cientificismo nas suas mais variadas vertentes e o fez com muita perspicácia no seu

tempo. Entretanto, entender a prevalência de Machado de Assis em relação a Romero

através dessa chave de leitura me parece um exercício eivado de anacronismo, posto que

essa interpretação desconsidera a realidade do momento em que os agentes estavam

inseridos, fazendo uma leitura teleológica. Ademais, entender que existem teorias ou

“doutrinas” específicas ou mais apropriadas em relação a determinado período pode ser

perigoso e não permitir enxergar a forma política em que os repertórios são

empregados.

Como nos lembra Quentin Skinner (1996), o estudo do contexto em que a obra

foi produzida não significa apenas adquirir uma informação adicional sobre uma

etiologia, mas também implica em perceber e ter maior visão interna sobre o que seu

autor queria dizer, o que ele “estava fazendo”4 quando escreveu suas obras (Ibid.: 13). A

proposta metodológica do contextualismo linguístico transcende a simples análise do

argumento do autor e possibilita dar conta das questões que Sílvio Romero lançava e

tentava responder e, em que medida, aceitava e endossava, ou contestava e repelia – ou

às vezes até ignorava – as ideias e convenções predominantes.

Após esse breve mapeamento da presença de certas continuidades de análise em

torno da obra de Romero, convém perceber a utilização do repertório teórico por ele

adotado com finalidade de ação prática frente à realidade política do país. Vale

mencionar que, para Romero, a atuação política e a prática literária caminhavam juntas

e faziam parte do mesmo movimento. Portanto, para melhor compreender a dinâmica

4 Skinner não defende que esse “fazer” seria o de adentrar a mente do autor e, em um esforço subjetivista, dar conta dos meandros de sua mente. O que ele coloca é o fato de entender a produção dos textos dentro dos seus contextos linguísticos específicos e compreender como os mesmos têm uma função estratégica e instrumental de agência na realidade (2005).

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intelectual do autor se torna necessário considerar também suas análises políticas strictu

sensu.

1.2 – O “contexto”

Em sua obra Doutrina contra Doutrina (2001 [1894]), Romero elabora uma

forte crítica ao positivismo no Brasil, presente no exército e naqueles que promoveram o

golpe republicano no país. Utilizando de forma singular e progressista o evolucionismo

spenceriano como contraponto ao “atrasado positivismo com seus anacronismos,

ditaduras, seu patriarcado...” (Ibid.: 122), Romero defende que o Brasil é “fatalmente

democrático” (Ibid.: 72). Em outras palavras, para ele, a nação brasileira surge no

momento posterior ao fim das aristocracias próprias do Antigo Regime quando a

mestiçagem funcionou como um mecanismo que tornou a sociedade brasileira

“naturalmente” igualitária e aonde o governo aristocrático e autoritário de poucos não

condizeriam com os fatores do meio social brasileiro.

Ao fazer a crítica do autoritarismo em que o positivismo se apresenta no Brasil,

Romero utiliza o liberalismo de inspiração spenceriana de forma a defender a

democracia, a chamar a atenção para a exploração capitalista dos operários (Ibid.: 90),

chegando mesmo a flertar com o movimento socialista e a tecer elogios a obra de Marx

e Engels (Ibid.: 85). Esse processo de afastamento e antagonismo em relação ao

positivismo e adesão ao evolucionismo de Herbert Spencer5 atinge o seu auge na

trajetória de Romero no início do período republicano e salienta que uma das

motivações foi o cenário político em que se configurou a república brasileira nos seus

primeiros anos. O repertório intelectual se apresenta, para ele, como forma de interagir e

reagir à estrutura política nacional.

Durante o fim do século XIX e a primeira do século XX, os grupos oligárquicos

davam suporte à ordem política nacional. As oligarquias estaduais eram os principais

atores políticos dos primórdios da República, tendo o governo federal que negociar e

tecer acordos com eles para se manter a governabilidade6. Romero em As oligarquias e

5 Sílvio Romero se dizia um “spenceriano crítico”, já que não comungava totalmente com a ideia monogenista contida na doutrina, ou seja, a de que a” raça” humana teria uma origem única e tenderia a um caminho evolutivo comum. Esse fato tem relação íntima com a sua primeira interpretação da questão da mestiçagem, aonde via nela uma saída positiva para a questão da identidade nacional brasileira, mesmo se pesando a ideia da “degenerescência” do mestiço.(1969).6 O período que vai de 1889 até 1930, comumente chamado de Primeira República, ou pejorativamente de “RepúblicaVelha” não foi um período de homogeneidade política, muito pelo contrário. Entretanto, a influência das elites regionais sempre foram um forte fator no jogo político

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sua classificação, discurso transformado em artigo que data de 31 de maio de 1908

sintetiza o que pensa sobre as oligarquias e o seu legado negativo:

O Brasil de hoje, como foi organizado, por certos ‘fantasistas’ sem

cultura real, sem plasticidade orgânica de talentos e de doutrinas,

confundidores famosos de frases com idéias, e como tem andado ao

sabor e sob o tacão de criminosos exploradores, é uma desarticulada

ditadura, de joelhos perante o exército, repartida em vinte oligarquias

fechadas, feudos escusos, pertencentes a vinte bandos de vicários

(ROMERO, 1910, p.407)

Dois dos principais grupos da renovação intelectual do Brasil, as elites regionais,

antes de 1880 marginalizadas, mas agora com poder e influência nos seus estados foram

os federalistas de São Paulo e os do Rio Grande do Sul (ALONSO, 2002: 156-157). Em

comum, eles nutriam a filiação ideológica com o positivismo de Augusto Comte e a

descentralização política como bandeira. Romero foi um crítico desses últimos,

exemplificado pelas rusgas com Pinheiro Machado7 e Julio de Castilhos8 e o grupo

gaúcho que eles eram representantes, controvérsia essa que fica evidente em um

fragmento de sua obra O castilhismo no Rio Grande do Sul:

A maior anomalia da República Brasileira é a existência em seu seio,

existência tolerada pela fraqueza do governo federal, da organização

de um dos Estados da União inteiramente fora dos moldes de todos os

outros, moldes prescritos pela carta de 24 de fevereiro [...] É a

organização castilhista do Rio Grande do Sul, fonte inesgotável de

males que têm açoitado aquela rica região e aquele nobre povo

(ROMERO, 1912: 01).

Republicano, mesmo nos períodos aonde ocorreram tentativas de centralização política (Governo Floriano Peixoto). As críticas de Sílvio Romero mantém relações com o período florianista, mas também continua tendo como alvo os agentes oligárquicos que deram base aos governos de Prudente de Moraes e Campos Salles, aonde, na expressão de Renato Lessa (2001), foi possível “rotinizar” a política oligárquica num cenário político mais harmônico, com vistas ao desenvolvimento e expansão do mercado primário-exportador.7 Um dos principais nomes da oligarquia gaúcha, Pinheiro Machado foi eleito senador e deputado federal pelo Estado do RS.8 Político do PRP formado pela faculdade de Direito de São Paulo, por duas vezes foi eleito governador do Rio Grande do Sul. Fortemente influenciado pela doutrina positivista de Augusto Comte, redigiu a constituição do Estado do Rio Grande do Sul praticamente sozinho, constituição de viés nitidamente positivista e autoritário. Os castilhistas assumiram o poder logo que a República foi instaurada no Brasil. Sobre o tema, ver COSTA e PADUIM, 2006.

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Romero, ao atacar o grupo castilhista, o fazia nas bases teóricas que informam a

conduta do grupo – o positivismo – demonstrando que a ideia de filiação ao seu tutor e

mestre Tobias Barreto, fortemente influenciado pelo comtismo, deve ser relativizada e

as suas supostas “contradições” e mudanças de rumo intelectual e ideológico serviam a

um propósito maior, o de instrumento na luta política levada a cabo por ele (Ibid.).

O positivismo, para Romero, teria tomado forma no Brasil – principalmente com

o advento da República – como uma seita, um emaranhado de fanáticos (Ibid.: 116),

servindo ao sectarismo dos militares e às configurações oligárquicas regionais. Para o

autor, o militarismo, com a influência da doutrina positiva de Augusto Comte, teria

deixado de ser uma instituição neutra e passando a agir ativamente na política brasileira,

fato esse que seria um equívoco causador de imensos males para o país.

Conclui-se que, para Romero, a questão do combate doutrinário contra o

positivismo não se apresentava como mera disputa entre ideias, mas sim tinha tamanha

importância porque implicava em questões práticas da vida política e social do país.

Para o autor, o combate aos desmandos do militarismo no período pós-golpe

republicano e à crítica ao autoritarismo e ao regionalismo oligárquico passavam

majoritariamente pela crítica ao suporte filosófico que os sustentava. Segundo ele:

A república do positivismo têm de república apenas o nome: está para

o verdadeiro ideal republicano como o governo autocrático do Czar

está, na ordem da realeza, para a monarquia constitucional da

Inglaterra. Nem mais, nem menos. É o que é fácil de verificar,

chamando a depor as bases de uma constituição política ditatorial

federativa para a República brasileira, publicadas pelo apostolado

central. (Ibid)

Para Romero, o atraso, tanto social, quanto intelectual caminhavam juntos, e o

combate precisava ser nessas duas frentes. Penso que para entender sua atuação de

forma mais completa e dar conta dos aspectos mais imbricados e complexos precisa-se

também realizar esse duplo movimento de análise, não priorizando um aspecto em

detrimento de outro. De certa forma, a crítica ao institucionalismo presente no

positivismo, ou seja, a que a mudança e\ou reforma das instituições ou “ideologias”

pudessem, por si só, transformar a realidade é o norteador dessas críticas. Questão

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parecida é retomada, anos mais tarde, por Oliveira Vianna ([1949]1999) e na sua

construção do binômio analítico “idealismo utópico” versus “idealismo orgânico”. Para

os dois autores, a sociedade é vista como uma realidade substantiva que antecede lógica

e antologicamente a política. Parte dessa crítica vai se fazer presente também na sua

disputa em torno dos paradigmas fundadores da crítica literária brasileira a que retomo

agora na discussão sobre a formação da Academia Brasileira de Letras.

1.3 – A formação da ABL e as disputas de Sílvio Romero

O processo de diferenciação em relação à intelectualidade da capital é muito

presente na trajetória de Romero, desde seus primeiros escritos, para o qual o ambiente

intelectual fluminense do período e sua homogeneização representavam um fato

desestimulante para a individualidade e a crítica renovadora (ROMERO apud MATOS,

1994: 24). Essa busca pela novidade é justificada com base na necessidade de se criar

um sistema de pensamento organizado, lógico e unitário, que possa dar conta das

realidades do Brasil em todos os seus primas. Tal movimento político e intelectual

serviu também a tentativa de conquista de um novo espaço para o tipo de homem de

letras que Romero representava.

A criação da Academia Brasileira de Letras (1897) como forma de

especialização do ofício literário9 pode nos trazer informações e dados sobre as disputas

entre a significação do papel do homem de letras no final do século XIX. Machado de

Assis, ao contrário de Romero, pregava o distanciamento e a independência do literato

frente às questões do seu tempo. Em um trecho de seu discurso de abertura da

Academia, ele diz:

Nascida entre graves cuidados de ordem pública, a Academia

Brasileira de Letras tem que ser o que são as instituições análogas:

uma torre de marfim onde se acolhem espíritos literários, com a única

preocupação literária, e de onde estendendo os olhos para todos os

lados, vejam claro e quieto. Homens daqui podem escrever páginas de

história, mas a história se faz lá fora (ASSIS apud SEVCENKO,

1983: 83).

9 Sobre a Academia Brasileira de Letras e a tentativa de Machado de Assis de criação de um ambiente mais livre e autônomo para os homens de letras no Brasil, ver MISKOLCI, 2006.

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Romero, ao contrário, defendia que o homem de letras deveria ser atuante, quase

um “militante” em torno das questões caras à realidade social e cultural do país, tendo

ele mesmo defendido esse tipo de “fazer literário” dentro da Academia. Com efeito, é

possível compreender como esse embate de ideias e práticas também era uma busca por

um status quo dentro da instituição recém-fundada, e também uma forma de defender o

emblema da tradição intelectual do Recife e do Nordeste (principalmente da

proeminência de Tobias Barreto enquanto intelectual maior), em detrimento da

intelectualidade da capital federal (ROMERO, 1897).

Convém lembrar que a polêmica que deu origem às críticas de Veríssimo a

Romero tinha como cenário os primeiros anos de formação da ABL. Nesta conjuntura,

antigas questões referentes à crítica literária e ao caráter nacional retornaram ao centro

dos debates e reavivaram antigas polêmicas. Como exemplo, podemos citar o seguinte

ataque de Veríssimo a Romero:

Eis a que chegou nas mãos incapazes do Sr. Sílvio Romero a “crítica

cientificista” como ele próprio chama a sua: à rebusca de

coincidências de opiniões, de plágios e reminiscências com cujo

achado impavam de gozo críticos das velhas escolas que o Sr. Sílvio

Romero veio justamente suplantar e destruir. Não pode haver mais

estupenda revelação de incapacidade critica. Igual só aquela de

confrontar os versos patuscos e quejandas chulices de Tobias Barreto

com o fino e percuciente humorismo de Machado de Assis

(VERÍSSIMO, 2006: 267).

No trecho acima transcrito, pode-se notar claramente como a questão da

proeminência ou não da intelectualidade pernambucana em relação à da capital

fluminense é matéria de embate, o que fica evidente também na sua frase: “A

urbanidade é também uma qualidade literária!” (Ibid.: 273). José Veríssimo condensa,

assim, o argumento em torno do qual constrói sua crítica em torno da obra de Sílvio

Romero. Ele “acusou o golpe”, respondendo e construindo boa parte de sua crítica de

forma reativa, num movimento de acusação e defesa de argumento. Pode-se notar, nesta

conjuntura, o nascimento da representação de Sílvio Romero como uma personagem

“difícil” no ambiente intelectual do Rio de Janeiro. A figura de polemista fervoroso e

dono de uma retórica agressiva, com uma personalidade egocêntrica dada com muita

frequência as autocitações (Ibid.: 241).

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Essa polêmica, que tem como pano de fundo a crítica feita por Romero a

Machado de Assis e a sua posição enquanto maior intelectual do país naquele período,

definiu parte da forma como o esforço empreendido por Romero em torno das

semânticas do ofício letrado no país não podem ser dissociadas da forma como o autor

foi recebido e interpretado pelo pensamento social brasileiro durante boa parte do século

XX. É importante notar que o mesmo projeto nacional defendido por ele em relação a

política do país e a crítica às oligarquias estaduais estão diretamente ligadas ao seu

esforço de construir uma crítica literária científica e em sintonia com o Brasil “real”.

Metodologia

A relevância do posicionamento analítico apresentado neste esboço de projeto

está no fato de trazer à tona conflitos dentro de campos vistos pela literatura como

homogêneos, e de salientar que as ideias “científicas” de Romero estavam trabalhando a

favor de uma luta política, de disputa de paradigmas de organização social. Sua obra

sempre foi encarada por ele como forma de ação na realidade, por mais que,

influenciado pelas ideias cientificistas, acreditasse que o que estava realizando era

descobrir a lógica natural existente na realidade.

Com vistas a auxiliar a análise da trajetória política de Sílvio Romero torna-se

necessário retomar as reflexões de Bourdieu acerca das ilusões biográficas, que nos

indica que é necessário reconstituir o campo de ação do indivíduo estudado,

contextualizando-o em relação aos aspectos da sociedade que está inserido. Quando se

pensa numa trajetória, não se deve imaginá-la como um todo coerente e racionalmente

traçado, como se os sujeitos históricos obedecessem a um caminho pré-estabelecido

(BOURDIEU, 2005). Tratando-se da análise da obra e posicionamento político de

Silvio Romero, torna-se vital para o bom andamento da análise utilizar esses

apontamentos, pois em Romero, talvez mais explicitamente do que ocorre com todos os

literatos do período, sua vida e obra apresentam um aspecto nitidamente relacional. Essa

abordagem auxilia no entendimento da lógica social que o autor está inserido, sua

relação com os outros intelectuais do Recife e do resto do Brasil, podendo nos oferecer

uma eficaz resposta à questão da suposta falta de coerência em suas obras e atitudes,

escapando do cerne desse pensamento: a linearidade e coerência das trajetórias

intelectuais que enquadram os fatos que escapam a esse modelo como apenas

incoerências e “vulgarizações” de ideias (Ibid.).

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Por outro lado, o uso do contextualismo linguístico como aporte metodológico

para a pesquisa permite a fuga em relação ao perigoso mecanismo de interpretar a

trajetória intelectual e política de Sílvio Romero sob o prisma das classificações feitas

por seus adversários, nublando os confrontos e estratégias intrínsecas a um ambiente

marcadamente conflituoso e em formação. Essa matriz teórico-metodológica auxilia a

crítica da repercussão e da forma como a obra romeriana foi absorvida e analisada pelos

estudiosos do pensamento social brasileiro. Na sua grande maioria, esses trabalhos

muitas das vezes “importam” acriticamente categorias classificatórias próprias de um

cenário bem específico de disputas e alocam o autor em uma “jaula” hermenêutica: o

uso do ideário cientificista aparece nessas análises como mera reprodução de suas

matrizes europeias e as polêmicas em que Sílvio Romero participou são entendidas

como influenciadas pelos seus devaneios “passionais”, quase irracionais, não

obedecendo a uma lógica interna.

O esforço empreendido, de análise da produção crítica sobre Sílvio Romero

numa perspectiva de média duração10, teve o intuito de perceber e salientar

permanências interpretativas que estigmatizam o autor e elucidar um outro caminho

possível para o entendimento do seu esforço intelectual. Perceber essa dinâmica, sem

desmerecer as contribuições heurísticas das obras analisadas e criticadas, permite

transcender o lugar-comum em que se situou por muito tempo a fortuna sobre Romero e

tentar compreendê-lo em seu esforço maior de confrontação política e estratégia de

inserção num ambiente intelectual não muito receptivo a ele.

Os questionamentos levantados por este projeto colocam a necessidade de se

fazer uma análise abrangente da obra de Sílvio Romero, tanto seus textos de crítica

quanto os de motivações políticas mais claras. A conjunção e não fragmentação de sua

obra permite uma visão mais completa do seu movimento intelectual.11 A análise da

bibliografia sobre Sílvio Romero leva em conta as escolhas teóricas já detalhadas nesse

projeto, e, juntamente com aporte teórico-metodológico mencionado, busca traçar um

painel da trajetória intelectual do autor e sua disputa dupla – e relacional – em torno das

10 Utilizo aqui a noção de Braudel(1992) de “média duração” ou duração cíclica e conjuntural dos fênomenos humanos na História. Para o autor, esse seria o tempo dos processos econômicos e sociais, que extrapolariam o espontaneismo dos fenômenos de curta duração (o acontecimento) mas também não teriam a perenidade dos processos de longa duração ( os fenômenos ligados aos processos geológicos e da interação do meio com o homem em sociedade).11 Em linhas gerais, a produção analítica sobre Romero tendeu a uma segmentação de sua produção, dividindo-a entre uma parte essencialmente de análise literária e outra de discussão política e de conjuntura. Acredito que a visão em conjunto de sua obra propicie ganhos heurísticos úteis e acaba por se encontrar com a própria ideia do autor sobre sua produção intelectual.

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críticas às formas de fazer política e paradigmas intelectuais. Visto isso, procuro, com

base nos cruzamentos de dados fornecidos por fontes documentais (obras, discursos e

defesas de posições dos autores), montar um painel dessa disputa.

Além disso, num plano mais geral, demonstra-se útil esse movimento de análise

como forma de pensar as trajetórias e produções intelectuais chamadas clássicas, dentro

do campo de estudo do pensamento social brasileiro, dentro de uma dinâmica menos

“desencarnada” (FEVBRE apud CHARTIER, 1990: 70) e mais atenta aos processos

constituintes da produção intelectual e de formação dos repertórios intelectuais. As

ideias não se localizam nem se produzem no vácuo e o uso que os intelectuais fazem

delas respondem reflexivamente a conjunturas político-sociais específicas.

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