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SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - SEMAD INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais COOPERAÇÃO FINANCEIRA ALEMANHA/BRASIL PROJETO DE PROTEÇÃO DA MATA ATLÂNTICA DE MINAS GERAIS BMZ 1008 67 219

Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

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Page 1: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - SEMADINSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF

Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

COOPERAÇÃO FINANCEIRA ALEMANHA/BRASILPROJETO DE PROTEÇÃO DA MATA ATLÂNTICA DE MINAS GERAIS

BMZ 1008 67 219

Page 2: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Page 3: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

As reformas promovidas pelo Governo de Minas Gerais

nos últimos anos deram novo fôlego ao

Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema). Parte desse Sistema, o IEF fortaleceu

sua capacidade institucional e vive hoje uma nova realidade, com uma estrutura

administrativa mais robusta e recursos humanos, financeiros e técnicos mais adequados

ao desenvolvimento de suas atribuições.

Nesse novo contexto, o Promata se insere como um projeto alinhado ao enfoque da

política ambiental do Estado, somando esforços para que o IEF melhore continuamente

sua atuação na proteção e uso sustentável dos recursos naturais. Por meio da

Cooperação Financeira Alemã, através do Banco KfW, em sua primeira etapa o Promata

contribuiu com recursos financeiros e subsídios técnicos para elevar a eficiência da

gestão de unidades de conservação, incrementando a proteção dessas áreas e seus

entornos, identificando e apoiando a implementação de estratégias inovadoras.

Investimentos em infra-estrutura, treinamento e capacitação, recuperação de florestas

nativas e o incentivo a parcerias compõem o elenco de iniciativas que o Instituto

vem implementando e para as quais o Promata muito contribuiu, pois os objetivos e

resultados alcançados pelo Projeto vieram convergir com estas ações.

Esperamos que uma segunda fase do Promata, em negociação com a Cooperação

Financeira Alemã, possa continuar contribuindo para que o Governo do Estado

enfrente com êxito os desafios da proteção e da promoção do desenvolvimento

sustentável no Estado de Minas Gerais.

Humberto Candeias Cavalcanti Diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

O Promata, fruto da cooperação internacional da

Alemanha, conduzida pelo Ministério Federal

da Cooperação Econômica e Desenvolvimento e do KfW Entwicklungsbank, deu uma

contribuição decisiva para o aprimoramento da gestão das áreas protegidas em Minas,

permitindo um salto qualitativo que se reflete na melhoria dos aspectos gerenciais

de nossas unidades de conservação e na abordagem conceitual das políticas públicas

de conservação com foco na proteção da biodiversidade, na medida em que não se

restringiu às unidades selecionadas como “ilhas de conservação”, mas considerando o

entorno e as regiões nas quais estão inseridas.

Com a ajuda do Promata, Minas mudou de patamar, ampliando os esforços políticos,

institucionais e administrativos destinados ao fortalecimento do sistema estadual de

áreas protegidas, especialmente no bioma Mata Atlântica.

José Carlos CarvalhoSecretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Page 4: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Índice

1 A Mata Atlântica em Minas Gerais ................................................ 10

2 Uma estratégia para a Mata Atlântica mineira ........................ 20

3 Um novo jeito de cuidar dos parques..........................................22

4 Unidos pela sustentabilidade ..........................................................28

5 A floresta em boas mãos ..................................................................34

6 De olho no futuro ............................................................................... 46

Page 5: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

A Mata Atlântica em Minas Gerais

11A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIsProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA10

Page 6: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Cerca de 15 milhões de mineiros vivem na região de

abrangência da Mata Atlântica no estado. Um contingente

populacional distribuído em mais de 600 municípios e

que depende da conservação dos remanescentes da Mata

para o abastecimento de água, a regulação do clima e

a fertilidade do solo, entre outros serviços ambientais.

Do Rio Grande do Sul até o Piauí, diferentes expressões culturais, formas de relevo, paisagens e características

climáticas configuram uma imensa faixa territorial do Brasil coberta pelo bioma mais rico em biodiversidade

do planeta, a Mata Atlântica.

Distribuída ao longo de mais de 23 graus de latitude sul, com grandes variações no relevo e regimes

pluviométricos, a Mata Atlântica é composta de uma série de tipologias ou unidades fitogeográficas,

constituindo um mosaico vegetacional que ainda sustenta a grande biodiversidade atribuída ao bioma.

As estimativas indicam que a Mata Atlântica abriga 270 espécies de mamíferos (73 deles endêmicos),

370 de anfíbios (87 endêmicos), 192 de répteis (60 endêmicos), 1.020 de aves (188 endêmicas), além de

aproximadamente 20 mil espécies de plantas, das quais aproximadamente metade está restrita ao bioma.

Em Minas não é diferente. Das oito mil espécies endêmicas da Mata Atlântica, muitas são bem conhecidas

dos mineiros. A jabuticabeira, por exemplo, é uma das árvores frutíferas mais presentes no bioma. Entre

outras frutas típicas do bioma estão a goiaba, o araçá, a pitanga, o cambuci e a uvaia. Isso sem falar na

diversidade da fauna que se espraia pelo Estado.

1CAMPANILI Maura-PROCHNOV Mirian (Org.) Mata Atlântica: Uma rede para floresta – Brasília: Rede Mata Atlântica/RMA; 2006, 332 p.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA12 13A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs

Page 7: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Em Minas ainda é possível encontrar papagaios,

corujas, gaviões, morcegos, gambás, tatus e uma

infinidade de espécies de primatas, como o mico-

leão da cara preta. Resistem também a garça

branca, o tamanduá-mirin e o muriqui, estes

últimos encontrados principalmente em áreas de

conservação protegidas.

E não é só isso. Das 270 espécies de mamíferos do

bioma no País, 70% são conhecidas das florestas

de Minas Gerais. Já o número de espécies de aves

é outro motivo de orgulho para os mineiros: das

quase 1.023 espécies catalogadas no País, 785 são

encontradas em Minas Gerais, sendo 54 endêmicas

da Mata Atlântica.

Desde as primeiras etapas da colonização do

Brasil, a Mata Atlântica testemunhou uma série

de surtos de conversão de florestas naturais para

outros usos, cujo resultado final foi a devastação

de 93% da cobertura original da floresta. A maior

parte dos ecossistemas naturais foi eliminada ao

longo de ciclos desenvolvimentistas, acarretando

na destruição de habitats extremamente ricos em

recursos biológicos.

A região, que foi tradicionalmente a principal fonte

de produtos agrícolas do País, abriga também

os maiores pólos industriais e do agro-negócio,

especialmente a cafeicultura, o segmento sucro-

alcoleiro, a silvicultura e a pecuária, além dos mais

importantes aglomerados urbanos. Essas e outras

ações antrópicas acentuaram a destruição nas

últimas décadas, trazendo alterações severas paras

os ecossistemas que compõem o bioma.

A alta fragmentação do habitat e a perda da

biodiversidade não pouparam Minas Gerais:

segundo o levantamento da cobertura florestal

realizado pela Universidade Federal de Lavras,

sob os auspícios da Secretaria Estadual de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD

e do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais

– IEF em 2007, o Estado possuía apenas 23,4% de

cobertura florestal do bioma, que originalmente

cobria cerca da metade do território mineiro.

A devastação resultou na diminuição em 82% da

fauna original do Estado, sendo 60% associada à

Mata Atlântica. Uma realidade que impulsionou

iniciativas de recuperação do bioma e deu caráter

de urgência às ações em favor da floresta.

2Inventário Florestal de Minas Gerais: monitoramento da flora nativa 2005-2007 – Editora UFLA 2007.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA14 15A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs

Page 8: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Ameaça real Em virtude da ameaça à sua gigantesca riqueza biológica, a Mata Atlântica foi indicada pela ONG Conservation International como um dos hotspots globais – áreas de alta biodiversidade mais ameaçadas do planeta. São consideradas hotspots áreas com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenham perdido mais de 75% de sua vegetação original. Há 34 regiões dessas no planeta que, embora ocupem apenas 2,3% da superfície terrestre, abrigam 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.

Apostas na conservaçãoAs unidades de conservação - UCs são áreas definidas

com o objetivo primeiro de proteger a biodiversidade

existente em seu interior. Na Mata Atlântica brasileira,

existem hoje XXX que vão de pequenos sítios

transformados em Reservas Particulares do Patrimônio

Natural – RPPNs, até áreas imensas como o Parque

Estadual da Serra do Mar, com 315 mil hectares e o

Parque Estadual do Rio Doce, com 35 mil hectares de

florestas em avançado estágio de recuperação.

Em Minas Gerais, 1.125.806 hectares de Mata

Atlântica estão resguardados em um conjunto

de 24 UCs estaduais.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA16 17A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs

Page 9: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Uma estratégia para a Mata Atlântica Mineira

UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA 19ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA18

Page 10: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

A partir de um acordo de cooperação bilateral entre o Brasil e a

Alemanha, o Governo de Minas Gerais, através da seMAD e do

IeF, adotou uma iniciativa inovadora para apoiar a conservação

da Mata Atlântica no estado: o Promata. em seus quatro anos de

vida, o Projeto contribuiu para implantação de novas estratégias e

ações, disponibilizando recursos financeiros e suporte técnico.

Desde 2003, Minas Gerais tem consolidado uma posição inovadora na implementação de políticas de

proteção dos recursos naturais, optando pela busca de soluções para as questões ambientais que aliem

conservação e desenvolvimento.

Uma reestruturação administrativa e legislativa da política estadual mineira, denominada “Choque de

Gestão”, promovida desde então, propiciou o marco institucional, financeiro e legal favorável para iniciativas

de proteção do meio ambiente.

A nova estrutura de gestão implementada na área ambiental, permitiu ao IEF assumir um papel mais eficaz

no cumprimento das suas responsabilidades institucionais.

O Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais - Promata encontrou assim, um cenário mais para

se desenvolver.

Coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - SEMAD

e executado pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF, o Promata resulta de um acordo com a Cooperação

Financeira Brasil-Alemanha. Encarregado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do

Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), o KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento),

21UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrAProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA20

Page 11: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

dono de uma longa tradição em apoio financeiro a

projetos de desenvolvimento regional sustentável,

co-financiou o Promata. Para a realização da

primeira fase, iniciada em 2003 e concluída em

2007, o Promata recebeu uma doação de 7,7 milhões

de euros do Governo Alemão, com aplicação de

outros 7,3 milhões de euros como contrapartida,

por parte do Governo de Minas, aplicados pela

SEMAD e pelo IEF.

Os recursos foram integralmente investidos pelo

IEF na proteção, recuperação e profissionalização

da gestão de 15 unidades de conservação situadas

na região de abrangência do bioma no Estado. O

Projeto contribuiu também para com o esforço

empreendido pelo Instituto na obtenção de

melhores condições estratégicas e operacionais de

fiscalização, controle, monitoramento e prevenção

e combate a incêndios florestais. Apoiou ainda o

desenvolvimento de iniciativas pioneiras para o

fomento à recomposição da Mata Atlântica mineira.

Fortalecer e integrar - Um dos objetivos

centrais da parceria foi ajudar o IEF na melhoraria

da sua capacidade institucional, estratégica e

operacional, assim como sua integração com

outros órgãos ambientais nas ações de proteção de

remanescentes e recuperação de áreas degradadas

da Mata Atlântica. Uma importante estratégia de

implementação adotada foi a inserção do Projeto no

universo da estrutura administrativa e operacional

do IEF, o que serviu a uma dupla finalidade:

potencializar as ações já em curso e permitir que as

inovações desenvolvidas pudessem ser absorvidas e

implementadas pela instituição, como um todo.

Esses objetivos só puderam ser alcançados graças

à mobilização de importantes parceiros, como

empresas, universidades, ONGs, comunidades

e prefeituras, entre outros. Um arco de alianças

que revigorou o espírito de parceria do IEF com a

sociedade na defesa da Mata Atlântica, abrindo

novos caminhos de articulação para o futuro.

Abrangência - A área de atuação do Promata

abrange cerca de 140 mil quilômetros quadrados,

correspondendo a 25% do território mineiro

distribuídos por 429 municípios nas regiões do

Alto Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Zona da

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA22 23UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 12: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Mata, Centro-Sul e Sul do Estado. O trabalho é

desenvolvido em 15 Unidades de Conservação e

seus entornos, sendo oito Parques Estaduais (Serra

do Papagaio, Nova Baden, Ibitipoca, Serra do

Brigadeiro, Pico do Itacolomi, Serra do Rola Moça,

Rio Doce e Pico do Itambé), um Parque Nacional

(Caparaó), uma Estação Ecológica (do Tripuí), um

Refúgio de Vida Silvestre (Libélulas de São José), três

APAs (da Mantiqueira, São José e Cachoeiras das

Andorinhas) e uma Floresta Estadual (do Uaimií).

Para executar estas ações, o Promata foi estruturado em cinco componentes de atuação, descritos a seguir:

1 Fortalecimento das Unidades de Conservação

O Promata beneficia 15 áreas protegidas, das quais

13 estaduais e 2 federais, com um total de 566.615

hectares de matas preservadas. Isso sem falar nas

Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Das

102 RPPNs mineiras, que totalizam 64.408 hectares

protegidos, 7.012 hectares (77 unidades) se

encontram em áreas de Mata Atlântica.

A estratégia de fortalecer as Unidades de

Conservação – UCs, percorreu todas as linhas de

atuação do Promata. A partir de investimentos

em infra-estrutura e capacitação de pessoal, foi

possível iniciar um processo de modernização

da administração dos Parques e aperfeiçoar os

instrumentos de gestão. Entre as ações idealizadas

para este componente está a elaboração de Planos

Manejo, que procuraram enfatizar os aspectos

gerenciais, com o intuito de melhor atender à

administração das unidades.

Outro mecanismo importante foi o Diagnóstico

Participativo em Unidades de Conservação -

DIPUC, que conseguiu envolver os funcionários na

implantação de melhorias nos parques. Junto a isso,

soma-se a implantação dos Conselhos Consultivos,

visando ampliar a participação da comunidade no

processo de gestão dos parques e na adoção de

práticas sustentáveis em suas áreas de entorno e

de conectividade.

O Promata instituiu ainda o Sistema de Gerenciamento

de Áreas Protegidas – SIGAP, e o “Projeto de Gestão

à Vista”, como instrumentos facilitadores do

planejamento administração das UCs.

2 Monitoramento, Controle e Fiscalização

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA24 25UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 13: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Extremamente importantes para a conservação

e uso sustentável das áreas de Mata Atlântica em

Minas, são o monitoramento da cobertura vegetal,

bem como a fiscalização e o controle da exploração

florestal e do uso sustentável do solo. Na prática, o

Promata nestas áreas, agiu no fortalecimento das

bases materiais e como facilitador nos processos

de aprimoramento técnico dos profissionais do IEF,

para uma atuação planejada, monitorada e avaliada

em seus resultados. Melhor aparelhamento e

capacitação contribuíram com o surgimento de uma

abordagem integrada das ações, entre o Instituto,

a SEMAD, a Polícia Militar Ambiental, o Corpo de

Bombeiros e o Ministério Público. Esta integração

tem ensejado decisões mais ágeis e transparentes

da fiscalização, controle e licenciamento.

O monitoramento contínuo da cobertura florestal

da Mata Atlântica vem se revelando um instrumento

de grande importância para o planejamento e a

realização da fiscalização e do controle, por parte

do IEF e dos parceiros.

3 Prevenção e Combate a Incêndios Florestais

Neste componente, o Promata também apoiou

o fortalecimento operacional e a capacitação

técnica do pessoal envolvido, além de colaborar

para a integração entre o IEF, a Polícia Militar

Ambiental, o Corpo de Bombeiros e o Batalhão de

Rádio e Patrulhamento Aéreo - BTLPAER, dentre

outros parceiros. Junto com estas instituições, o

Instituto estabeleceu um sistema de prevenção

e combate aos incêndios florestais, denominado

Força-Tarefa/Previncêndio, que se transformou

em modelo para toda a América Latina.

4 Desenvolvimento Sustentável no Entorno

das Unidades de Conservação e Áreas de Conectividade

Fomento à recuperação da Mata Atlântica Com o objetivo de incentivar a recomposição

e a regeneração da floresta e promover a

conectividade entre os remanescentes de Mata

Atlântica no entorno das Unidades de Conservação,

o Projeto contribuiu para que o IEF aperfeiçoasse

sua sistemática de fomento ao reflorestamento

com espécies nativas. Estudos especialmente

realizados indicaram as áreas com maior potencial

de conectividade e as modalidades de intervenção

apropriadas. Procurou-se ainda, melhorar a logística

de trabalho, com a aquisição de equipamentos e

veículos para os trabalhos em campo.

Foi também instituído um incentivo financeiro

para os agricultores engajados, como pagamento

pelos serviços ambientais por eles prestados ao

recuperar a floresta em suas propriedades.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA26 27UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 14: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Como outra estratégia inovadora adotada, o

potencial de trabalho do IEF foi ampliado por meio

de parcerias com prefeituras municipais e OSCIPs,

ampliando os resultados alcançados.

Outras alternativas de desenvolvimento sustentável O Projeto apoiou ainda a realização estudos

para identificação de alternativas sustentáveis à

exploração predatória dos recursos florestais, para

serem fomentadas em áreas empobrecidas, como

opção de renda para os pequenos agricultores o

que também contribui para reduzir a pressão sobre

os remanescentes florestais. As ações efetivas serão

incentivadas durante a Fase II do Projeto.

5 Coordenação, Monitoria e Avaliação

Neste Componente foram realizadas as tarefas

fundamentais de direção e coordenação do Projeto.

O Promata alcançou um nível de desempenho que

pode ser considerado ágil e eficiente, uma vez que

os seus objetivos e metas foram alcançadas de

forma satisfatória.

Responsável pela implementação destas atividades,

o Grupo Executivo de Coordenação – GEC, com o

apoio da Consultoria Permanente, foi plenamente

respaldado pela SEMAD, enquanto coordenadora

geral e pelo IEF, como órgão responsável pela

execução do Projeto.

A atuação do GEC abrangeu de forma efetiva todos

os aspectos de gerenciamento e coordenação e

proveu o apoio técnico e financeiro demandado

em todas as áreas de atuação. Também articulou

as redes de cooperação com outras instituições

envolvidas, promoveu os eventos-chave

necessários, articulou a construção de alianças

estratégicas e o intercâmbio com outros projetos

afins, além de representar e divulgar o Projeto

em nome da SEMAD, do IEF e da Cooperação

Financeira Alemã.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA28 29UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 15: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Desempenho financeiro do PromataO Projeto investiu recursos da ordem de 15 milhões de Euros, que proporcionaram os investimentos

a seguir mencionados

Investimentos da Cooperação Financeira Alemã (KfW) e da contrapartida do Estado (IEF e SEMAD)

Investimentos do KfW, por classe de custos

21.936.277 49%

22.586.696 51%

Contrapartida Estadual(IEF/SEMAD)Contribuição Alemã

(KfW)

Insumos11.01%

Veículos13.23%

Radios/GPS6.91%

MobiliárioEquipamentos

2,73%Equipamentos Informatica

6,74%

Equipamentos Combate a Incendios

1,88%

Obras39.10%

Mapeamento1.79%

Capacitação0.43%

MaterialDivulgação

1,20%

Planos de Manejo / Centros Interpretativos

7.44%

Fundo Suplementar7.54%

É importante observar que os recursos internalizados como Fundo de Disposição também foram

integralmente investidos nas atividades finalísticas do Promata, especialmente em consultorias e

estudos técnicos, capacitação de pessoal do IEF e parceiros, apoio a eventos de campo e produção

de material de divulgação.

Os gastos com a consultoria Permanente somaram R$ 3.185.000,00. Esta consultoria atuou no

apoio técnico e no monitoramento da execução do Projeto, prevista conforme previsto no

Contrato de Contribuição Financeira assinado entre os Governos da Alemanha e do Estado para

a implementação do Projeto.

Investimentos do Estado de Minas Gerais realizadospelo IEF e pela SEMAD, por classe de custos

Insumos11.01%

Veículos13.23%

Radios/GPS6.91%

MobiliárioEquipamentos

2,73%Equipamentos Informatica

6,74%

Equipamentos Combate a Incendios

1,88%

Obras39.10%

Mapeamento1.79%

Capacitação0.43%

MaterialDivulgação

1,20%

Planos de Manejo / Centros Interpretativos

7.44%

Fundo Suplementar7.54%

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA30 31UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 16: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

o KfW – entwicklungsbank

A política de cooperação internacional da Alemanha é definida e conduzida pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, o BMZ, que formula as linhas de atuação, conduz o diálogo intergovernamental com os países parceiros e disponibiliza recursos do orçamento federal. Por incumbência do Governo Federal Alemão, o KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento) apoio projetos da Cooperação Financeira Oficial. Avalia as propostas de projetos, formata contratos, opera os financiamentos e apóia e monitora a implementação dos mesmos pelas instituições executoras.

Os primeiros projetos da Cooperação Financeira entre Brasil e Alemanha remontam a 1963. A partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92, a política do BMZ deu ênfase às questões da conservação da biodiversidade, destinando mais investimentos para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. O Brasil tornou-se um dos parceiros principais no setor do meio ambiente.

O Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais - IEF

O Instituto Estadual de Florestas tem por finalidade

executar a política florestal do Estado e promover a

preservação e a conservação da fauna e da flora e o

desenvolvimento sustentável dos recursos naturais

renováveis e da pesca, bem como a realização

de pesquisa em biomassa e biodiversidade. O IEF

também promove e apóia o florestamento e o

reflorestamento, desenvolvendo projetos e ações

que favoreçam o suprimento de matéria-prima de

origem vegetal nativa.

As reformas administrativas, que desde 2003, vêm

sendo introduzidas no âmbito do Sistema Estadual

de Meio Ambiente – SISEMA para a modernização

da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável - SEMAD e seus

órgãos executores, permitiram ao IEF alcançar

maior racionalidade administrativa, gerencial e de

custos na alocação de seus recursos financeiros,

físicos e humanos. As novas Diretorias e Gerências

criadas e a contratação de pessoal, através de

concurso público, fazem parte dessa estrutura.

A nova realidade institucional permitiu ao

Instituto contar com instrumentos para tomada

de decisões políticas e estratégicas condizentes

com as demandas cada vez maiores e mais

urgentes da sociedade, com relação à conservação,

proteção e desenvolvimento sustentável dos

recursos ambientais.

Em 2007, o IEF destinou R$ 72 milhões para ações

em suas unidades de conservação, originados

do Orçamento próprio do Instituto, do Fundo

de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento

Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado

de Minas Gerais - FHIDRO, do Promata e da

Compensação Ambiental. Destes recursos, R$ 8,8

milhões foram aplicados na administração e custeio

das UCs, R$ 5,2 milhões na criação e estruturação

de novas unidades e R$ 58 milhões na regularização

fundiária de parte das áreas protegidas. Para 2008,

estão previstos investimentos aproximadamente

R$ 55 milhões.

Neste contexto, projetos que viessem a apoiar o IEF

na condução na busca de soluções para as questões

ambientais, tais como o Promata, passaram a ter

ampla receptividade e respaldo do órgão.

COOPERAÇÃOREPÚBLICA FEDERATIVA

DO BRASIL

REPÚBLICA FEDERALDA ALEMANHA

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA32 33UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA

Page 17: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Um novo jeito de cuidar dos parques

35UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUesProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA34

Page 18: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

o planejamento estratégico, a busca por resultados, a integração

com o entorno e a valorização dos funcionários responsáveis por

cuidar das unidades de conservação são as principais marcas

do modelo de gestão implementado pelo IeF, com o apoio

do Promata. Uma tarefa que exigiu investimentos em recursos

materiais e estratégias inovadoras

Zelar pela proteção da floresta e pela segurança dos visitantes dos parques requer muita responsabilidade.

E para assegurar a agilidade necessária a esse trabalho investiu-se pesado em equipamentos, obras e

capacitação de servidores.

Seminários, oficinas e treinamentos tiveram o duplo objetivo de qualificar os profissionais e de favorecer a

integração entre eles. Uma relação cooperativa que buscou ecoar além dos limites territoriais dos parques,

dando voz à população que mora no entorno.

Afinal, é sempre bom lembrar que, embora a administração esteja a cargo do Estado, as unidades de

conservação pertencem a toda sociedade e se inserem em contextos sócio-econômicos regionais e locais.

Nesse sentido, prefeituras, organizações não-governamentais, Polícia Militar Ambiental e a própria vizinhança

se tornam parceiras por meio de iniciativas que favorecem a integração de esforços e a participação dos

segmentos envolvidos.

Assim, o Projeto contribuiu para consolidar o planejamento estratégico, os processos e a base operacional,

investiu nas pessoas e buscou aliados. Um modelo de gestão sustentável e um grande pacto socioambiental

cujo objetivo maior é harmonizar o convívio entre o homem e a natureza.

37UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUesProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA36

Page 19: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Infra-estrutura fortalecida

Melhorar as condições de proteção e uso público

das UCs, foi uma das considerado prioridades

elegidas. A aquisição de computadores, sistemas

de rádio-comunicação, GPS, entre outros,

assegurou uma base consolidada para atender a

estas necessidades.

“Nosso quadro de funcionários tem 24 pessoas.

Mas sejam engenheiros florestais ou eletricistas,

todos executam a função de guarda-parques”,

observa João Carlos Oliveira, gerente do Parque

Estadual do Ibitipoca.

Dispor de veículos adequados à fiscalização em

terrenos acidentados, assim como coletes, uniformes

e outros materias e equipamentos para combate às

queimadas, foram objetivos prontamente atendidos.

Além da aquisição de equipamentos e veículos,

mais de 12 mil metros quadrados de edificações

foram construídas ou reformadas. Isso significa

dizer que parques abrangidos pelo Projeto

receberam melhores instalações físicas, como

escritórios, alojamentos, guaritas, restaurantes,

áreas de camping, helipontos, bem como a

ampliação de sistemas de abastecimento de água

e tratamento de esgoto.

desenvolvimento de instrumentos de planejamento

estratégico e de gestão das UCs, contribuindo para

que as unidades passassem a ser administradas

com mais eficiência e com metas e resultados

claramente definidos.

Dentre esses instrumentos, o mais abrangente é o

Plano de Manejo, cujo objetivo é nortear as ações

de preservação em associação com outros fins,

como os econômicos e sociais, por exemplo. O

Plano de Manejo é que determina o zoneamento

de uma unidade de conservação, caracteriza cada

uma de suas áreas e propõe as diretrizes para o seu

manejo e administração.

O destaque entre os empreendimentos fica por

conta dos Centros de Interpretação de Visitantes

– um espaço que, além de orientar o público,

tem também o propósito de interagir com ele.

Essa mudança na relação com os frequentadores

dos parques pode ser observada, ainda, na

programação visual e nas áreas de lazer, agora

bem mais funcionais. e aconchegantes.

Gestão ágil e planejada

Valorizou-se o conceito de planejamento como

uma atividade dinâmica e participativa. Com

este objetivo, o Projeto apoiou decisivamente o

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA38 39UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 20: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

O IEF, no âmbito do Promata, estabeleceu uma

revisão conceitual deste instrumento. “Sem

desprezar os aspectos bióticos e abióticos, procurou-

se dar maior ênfase aos aspectos gerenciais, no

sentido de tornar os Planos mais úteis e efetivos

para a gestão das UCs”, ressalta Eduardo Grossi,

Coordenador Geral do Promata. Com o objetivo

de facilitar esse trabalho, foram estabelecidos dois

componentes básicos para a elaboração dos planos:

um de biodiversidade e outro de gestão, cada um

deles sob a responsabilidade de uma equipe técnica

especializada. Atualmente, os Parques Estaduais do

Itacolomi, Ibitipoca, Serra do Brigadeiro e Serra do

Rola Moça contam com planos concebidos segundo

essa abordagem gerencial. Na mesma linha,

estão sendo elaborados os planos para os Parques

Estaduais de Nova Baden e Serra do Brigadeiro.

Nas UCs mais bem estruturadas, foi instituído o

Projeto de Gestão à Vista, “priorizando a gestão

por excelência, em consonância com o “Choque

de Gestão”, estratégia que norteia o Programa

Mineiro de Desenvolvimento integrado – PMDI, do

Estado”, ressalta Grossi. Baseado na transparência e

na obtenção de resultados, esse Plano é traduzido

para um grande painel localizado na sede de

cada unidade, onde constam para consulta, as

atribuições de cada funcionário e o cronograma

de atividades a serem cumpridas.

Outro instrumento instituído no âmbito do Promata

e hoje disponibilizado “on line” para todas as UCs

administradas pelo IEF, é o Sistema de Gestão de

Áreas Protegidas - SIGAP, que é um sistema de

planejamento e monitoria física e financeira de

todas as atividades a serem anualmente realizadas,

o que constitui mais um instrumento facilitador da

administração de cada UC.

O Diagnóstico Participativo das Unidades de

Conservação (DIPUC) é uma metodologia

estabelecida pelo Projeto Doces Matas, também

implementado pelo IEF com o apoio da

Cooperação Financeira Alemã. Este mecanismo,

adotado na administração “dia a dia” das UCs,

consiste no levantamento, realizado pelos próprios

servidores da unidade, a respeito dos problemas,

potencialidades e propostas de ação para os parques

Arquitetura harmonizada

No lugar de edificações impactantes, procurou-se projetar construções mais funcionais, confortáveis e harmonizadas com a biodiversidade de cada parque.

“Nós trabalhamos o tempo todo com o conceito de bioarquitetura, utilizando materiais ecologicamente corretos e interferindo o mínimo possível na paisagem. A natureza é que merece destaque”, ressalta a arquiteta Roberta Dias, consultora do IEF e uma das responsáveis pelas novas construções.

De acordo com ela, esse princípio também foi considerado nas intervenções feitas ao longo das trilhas que levam aos atrativos dos parques. “Com a finalidade de aproximar o turista da natureza, construímos escadas, passarelas e mirantes de apoio”, explica, acrescentando que toda madeira utilizada provém do manejo sustentável da natureza.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA40 41UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 21: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

“Este sistema valoriza a visão do funcionário,

aumentando o seu nível de comprometimento

para com a administração”, explica .Infaide Patrícia,

Assessora Técnica da Diretoria de Áreas Protegidas

– DIAP do IEF.

Na avaliação do consultor internacional do

Projeto, Tomas Inhetvin, o Projeto contribuiu

para que o IEF atuasse efetivamente para

preencher um vácuo institucional. “Antes, a

gestão dos parques resultava de um acordo

com cada gerente de Unidade de Conservação.

Não existia um alinhamento estratégico, uma

padrão de gerenciamento, com missão, metas

e objetivos claros e comuns”, sustenta Inhetvin,

para quem o êxito das estratégias desenvolvidas

está diretamente ligado à adoção de um modelo

de administrativo descentralizado e participativo.

“A proposta anterior era a de uma gestão hierárquica,

verticalizada. Esta dinâmica foi alterada. Hoje,

as decisões são mais horizontais, consideram a

opinião dos funcionários e também de quem mora

nas imediações dos parques. Ou seja, o diferencial

não está apenas no aporte de recursos, mas na

mudança de conceitos”, afirma Inhetivin.

“O importante nesse processo é que a gestão das

Unidades não dá as costas para a comunidade. Em

vez disso, convida a população a discutir soluções

compartilhadas para problemas comuns. O parque

acaba mostrando que não é um empecilho, mas

um agregador do desenvolvimento do município”,

avalia o consultor internacional do Promata, Tomas

Inhetivin, para quem o Projeto foi bem-sucedido

ao optar pela gestão desecentralizada, envolvendo

os atores locais na discussão ambiental.

Profissionais capacitados

O Promata investiu também na promoção de seminários, oficinas e cursos para os funcionários, como os módulos itinerantes do Curso de Guarda-parques e diversos treinamentos voltados para a administração e manejo das unidades de Conservação, como forma de traduzir e aproximar o parque da realidade das pessoas que nele trabalham.

Alex Campos trabalha na recepção do Centro de Interpretação de Visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca. Sua tarefa é orientar turistas sobre questões como o tempo de duração de cada trilha ou tirar dúvidas acerca das regras de funcionamento do Parque. No entanto, se você perguntar a ele qual é a sua profissão, Campos não vacilará: “Sou guarda-parques, ora”. A resposta é justificada: “Aqui todo mundo aprende a fazer de tudo. Nossa função é cuidar do parque e do público que freqüenta”, afirma. Funcionário do Ibitipoca há menos de um ano, Campos já participou de cursos sobre botânica, hélio- ataque e operações de resgate.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA42 43UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 22: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Participação e controle social

Não é possível conceber uma gestão representativa

das unidades de conservação sem a participação

efetiva da sociedade. Afinal, a responsabilidade

pela preservação é de todos, sejam agentes de

governo, do setor produtivo ou das comunidades.

Um importante instrumento de busca desse

comprometimento social para com a proteção das

Compensação ambiental acelera regularização dos parques

A compensação é devida pelas empresas cujas atividades causem poluição ou sejam potencialmente impactantes para o meio ambiente.

Uma importante iniciativa do IEF, que no seu início contou com o apoio do Promata, foi a estruturação do Núcleo de Compensação Ambiental - NCA, com o objetivo de regulamentar a identificação e o enquadramento da compensação ambiental e dinamizar a sua a arrecadação. Os valores arrecadados constituem um fundo totalmente revertido em investimentos na elaboração de planos de manejo, na aquisição de bens e serviços e, principalmente, na regularização fundiária das unidades de conservação. (UC). Atualmente, cerca de 95 mil hectares na abrangência do Promata estão total ou parcialmente regularizados.

UCs é o Conselho Consultivo, que foi implantado

em todas as 15 UCs beneficiadas pelo Projeto.

Instituído no âmbito da Lei Federal nº 9.985/2000

e do Decreto nº 4.340/2002, que criaram e

regulamentaram o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação (SNUC), o Conselho Consultivo

constitui um espaço privilegiado de negociação

entre instituições, empresas e comunidades

do entorno das UCs. Seus objetivos principais

são fomentar a troca de experiências e garantir

legitimidade, transparência e solidez às decisões

tomadas no âmbito das unidades.

“A importância capital dos CCs é trazer pessoas

e organizações do entorno para participar da

gestão das unidades. À medida que melhora a

preservação e a proteção do parque, as atividades

e as comunidades deste entorno podem ser

beneficiadas, inclusive com ações diretamente

relacionadas ao parque, como o ecoturismo”,

informa Denise Formoso, Assessora Técnica da

DIAP. Quem decide pela composição e a forma

de funcionamento dos CCs são os próprios

conselheiros. “O governo nunca tem mais membros.

Quando não é paritário, temos dado preferência

para uma maior participação da sociedade civil”,

conclui a assessora. Na prática, os Conselhos

Consultivos subsidiam o gerente das UCs, que leva

estas demandas à estrutura executiva do IEF.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA44 45UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 23: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

A vastidão dos campos rupestres não chega a

intimidar a exuberância da Mata Atlântica nos

1.488 hectares do Parque Estadual do Ibitipoca.

Situado em plena Zona da Mata mineira, o parque

abrange os municípios de Lima Duarte e Santa Rita

do Ibitipoca, nas franjas da Serra da Mantiqueira.

Criado em 4 de julho de 1973, o Ibitipoca possui 27

atrativos para visitação e é a unidade de conservação

mais freqüentada de Minas Gerais, com cerca de

40 mil visitantes por ano. São cachoeiras, trilhas,

grutas e picos que guardam 541 espécies vegetais

nos seus ambientes florestais dentro e no entorno

do Parque, além de fauna diversificada, com 74

espécies registradas nos campos de altitude e mais

100 abrigadas no ambiente florestal.

Na estruturação do Parque, o Promata, dentre

outros investimentos, financiou a concepção e

implantação do Centro Interpretativo Saint-Hilaire,

inaugurando uma nova forma relacionamento com

o turista, com a oferta de exposições interpretativas,

maquete eletrônica e uma gruta artificial.

Entre os outros serviços estruturais garantidos

com recursos do Projeto, estão a construção

e reforma da portaria, restaurante, banheiros,

casas de hóspedes e de funcionários, vestiários,

alojamento e enfermaria. A grande novidade

fica por conta da criação do Centro de Apoio à

Pesquisa, com dois laboratórios e uma biblioteca,

onde os técnicos ambientais poderão realizar

estudos sobre a fauna e a flora local. A aquisição

de equipamentos e veículos também reforçou

a capacidade administrativa e a fiscalização. Foi

também ampliado o sistema de tratamento local

de esgotos.

A elaboração do Plano de Manejo foi decisiva para

aprimorar a gestão do parque. A este instrumento

de gestão se somaram o DIPUC, o Projeto de

Gestão à Vista e o SIGAP.

Parque estadual de Ibitipoca

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA46 47UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 24: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Primeira unidade de conservação estadual criada

em Minas Gerais, o Parque do Rio Doce está

situado na porção sudoeste do Estado, a 248 km

de Belo Horizonte, na região do Vale do Aço. Em

seus 36.970 hectares, a UC abriga a maior extensão

contínua de Mata Atlântica do Estado.

Árvores centenárias, madeiras nobres de grande

porte e uma infinidade de animais nativos

compõem o cenário deste que é um dos mais

representativos remanescentes de Mata Atlântica

do Brasil. O Parque abriga quarenta lagoas naturais,

que proporcionam um espetáculo de rara beleza,

além de servirem de importante instrumento para

estudos e pesquisas da fauna aquática nativa.

O Parque abriga uma significativa representação

de espécies da avifauna e de animais conhecidos

da fauna brasileira, como a capivara, a anta, o

macaco-prego, o sauá, a paca e a cotia, além de

espécies ameaçadas de extinção, como a onça-

pintada, o macuco e o mono-carvoeiro, maior

primata das Américas.

Desde 2004, o IEF assumiu o desafio de transformar

o Rio Doce em “parque modelo”. Hoje, a UC é

reconhecida como referência em boas práticas de

Parque estadual do rio Docegestão na conservação da biodiversidade. Para isso,

o Promata contribuiu com os recursos destinados

ao completo reaparelhamento da infra-estrutura de

atendimento a turistas e pesquisadores, incluindo

obras de reforma da portaria, estacionamento, área

de camping, vestiários, restaurante, anfiteatro, dois

Centros Interpretaivos (do Lagarto e do Macuco),

Centro de Pesquisas, viveiro e posto da Polícia de

Meio Ambiente, área de apoio ao serviço de barcos,

o ancoradouro e o heliponto.

Comprovação do êxito desta estratégia é que a

Unidade de Conservação recebeu o Certificado

Nacional de Gestão Pública, concedido pelo

Ministério do Planejamento e Gestão do Governo

Federal com base na auto-avaliação da gestão

do Parque no ciclo 2007/2008, tendo recebido

205 pontos, num total de 250. O Certificado é

uma ação estratégica do Programa Nacional de

Gestão Pública e Desburocratização (Gespública),

que segue modelos de excelência em gestão

utilizados em vários países. Os critérios deste

Programa permitem trabalhar a organização de

forma sistêmica orientando pessoas, atividades e

processos em função de resultados.

Nas áreas de influência do Parque estão sendo

implementadas atividades de recuperação de áreas

desmatadas nas pequenas e médias propriedades,

visando aumentar a conectividade entre os fragmentos

florestais e a formação de corredores ecológicos. A

sistemática de trabalho utilizada obedece ao modelo

estabelecido, com a doação de mudas, insumos,

material para cercamento das áreas, assistência

técnica aos agricultores partícipes e pagamento

pelos serviços ambientais (PAS) por eles prestados, ao

recuperarem a floresta em suas propriedades.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA48 49UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 25: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

O Parque Estadual do Itacolomi, localizado nos

municípios de Mariana e Ouro Preto, é um dos

mais antigos de Minas. Criado em 1967, a UC abriga

o Pico do Itacolomi, numa região que serviu de

berço da colonização mineira. Com 1.772 metros

de altitude, o Pico era ponto de referência para os

antigos viajantes da Estrada Real, que o chamavam

de “Farol dos Bandeirantes”. A palavra Itacolomi

vem da língua tupi e significa “pedra menina”.

Pelo Parque passaram expedições em busca do

ouro das Gerais, iniciadas no início do século

XVIII, pelo bandeirante paulista Antônio Dias. O

patrimônio está preservado desde então, dando ao

visitante uma real visão da paisagem contemplada

pelos antigos viajantes destes caminhos.

O Parque possui uma área preservada de 7.543

hectares de matas onde predominam as quaresmeiras

e candeias ao longo dos rios e córregos. Nas partes

mais elevadas, aparecem os campos de altitude

com afloramentos rochosos, onde se destacam as

gramíneas e canelas de emas. A região também

abriga muitas nascentes, escondidas nas matas, que

desaguam, em sua maioria, no rio Gualaxo do Sul,

afluente do rio Doce.

Diversas espécies de animais raros e ameaçados de

extinção podem ser encontrados na unidade de

conservação, como o lobo guará, a ave-pavó, a onça

parda e o andorinhão de coleira (ave migratória).

Também podem ser vistas espécies de macacos,

micos, tatus, pacas, capivaras e gatos mouriscos.

Levantamentos identificaram mais de 200 espécies

de aves, como jacus, siriemas e beija-flores.

Graças à ação do IEF, este patrimônio está mais bem

resguardado. Através do Promata, foi restaurada

a Casa do Bandeirista, exemplo da arquitetura

colonial deixado pelos bandeirantes em Minas.

A Casa foi construída entre 1706 e 1708, sendo

considerada por especialistas o primeiro prédio

público do Estado, já que servia para cobrança de

impostos e vigilância das minas.

Também graças a recursos disponibilizados via

Promata, o Parque possui hoje uma infra-estrutura

completa para atender visitantes e pesquisadores

com Centro de Visitantes, biblioteca, alojamentos

para pesquisadores e funcionários. Desde o início

do Projeto, algumas das edificações passaram

por reformas e novas instalações melhoraram

ainda mais a infra-estrutura de apoio a visitantes e

Parque estadual do Itacolomi

pesquisadores. O Plano de Manejo foi elaborado

e o Parque conta ainda com o DIPUC, o Projeto

de Gestão à Vista e o SIGAP, que propiciam uma

gestão mais eficiente da UC.

As atividades de fomento à recomposição florestal

nativa vêm sendo fomentadas no entorno do

Parque, conforme a estratégia pioneira de incentivo

estabelecida pelo IEF/Promata, onde, além da doação de

mudas, insumos e material para cercamento das áreas e

da assistência técnica aos projetos, é repassado incentivo

financeiro (PAS) aos proprietários rurais beneficiados.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA50 51UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 26: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Criado em 1996, o Parque Estadual da Serra do

Brigadeiro está localizado na região da Zona

da Mata, a cerca de 290 km de Belo Horizonte.

No extremo norte da Serra da Mantiqueira,

ocupa terrenos nos municípios de Araponga,

Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra

Bonita, Muriaé e Divino. A Serra do Brigadeiro

possui inúmeras nascentes, que contribuem

para a formação de duas importantes bacias

hidrográficas do Estado: a do rio Doce e a do

Paraíba do Sul.

A unidade de conservação tem área de 14.984

hectares. Principal formação vegetal da área, a

Mata Atlântica está intercalada com os Campos de

Altitude e afloramentos rochosos, formando um

dos mais belos cenários de Minas. Considerado

um paraíso botânico, o Parque constitui ainda

um ecossistema rico em espécies vegetais

como bromélia, peroba, ipê, orquídea, cajarana,

jequitibá, óleo-vermelho e palmito doce. A

neblina que, durante quase o ano todo cobre os

picos onde se localizam os campos de altitude,

propicia as condições para a formação de um

ecossistema rico em orquídeas, samambaias,

liquens, bromélias, variedades de gramíneas,

arbustos e cactus, entre outras espécies.

Na fauna, destacam-se a suçuarana ou puma, a

jaguatirica, a caititu, o veado mateiro, o cachorro-

do-mato, o tamanduá-de-colete, o caxinguelê,

a preguiça-de-três-dedos, o macaco-prego,

o sagui-da-serra. Nas matas do Parque foram

localizados ainda dois grupos independentes

de mono-carvoeiro, também conhecido como

muriqui, maior primata das Américas e ameaçado

de extinção. A UC também é refúgio de outras

espécies ameaçadas, como o sauá, a onça-pintada

e o sapo-boi.

Para assegurar a preservação destes importantes

remanescentes, o IEF investiu na melhoria

da infra-estrutura do parque. Com recursos

disponibilizados pelo Promata, foi possível a

construção de Centro de pesquisa, Posto da

polícia ambiental, laboratórios, alojamentos

para pesquisadores, Centro de Administração,

além de residências de funcionários. A “Fazenda

Neblina’, antiga construção colonial, sede

da Fazenda onde hoje se localiza o Parque,

também foi reformada e transformada em casa

de hóspedes.

O Promata investiu ainda na elaboração do Plano

de Manejo, na implantação do Projeto de Gestão à

Parque da serra do Brigadeiro

Vista e na implementação do SIGAP, além de apoiar

um projeto de educação ambiental avançado.

No entorno da UC também vêm sendo

implementadas atividades de recuperação da

Mata Atlântica, no âmbito do modelo de fomento

estabelecido pelo Promata, com a doação de

mudas, insumos, mourões para cerca, asistência

técnica aos plantios e pagamento pelos serviços

ambientais (PAS) aos pequenos agricultores

engajados.no projeto.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA52 53UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 27: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Criado em 1998, o Parque Estadual da Serra

do Papagaio abriga um dos mais importantes

remanescentes de Mata Atlântica do Estado.

Localizado na Serra da Mantiqueira, possui

formações mistas de campos, matas e áreas de

enclave com matas de araucária, interligadas com

a APA Mantiqueira e com a porção norte do Parque

Nacional do Itatiaia. Este conjunto montanhoso

contínuo e legalmente preservado, permite uma

proteção mais efetiva da fauna e da flora.

Abrangendo parte dos municípios de Aiuruoca,

Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto, em

uma área de 22.917 hectares, o Parque engloba os

conjuntos montanhosos das Serras do Garrafão

e do Papagaio, apresentando cerca de 50% da

área com declividade acentuada e altitudes acima

de 1.800 metros. Trata-se de uma importante

reserva de diversas espécies de mamíferos, aves

e anfíbios, convivendo e se reproduzindo graças

à riqueza de ambientes e abrigos existentes.

Entre eles estas espécies, destaque para o mono

carvoeiro, o lobo-guará, o papagaio do peito roxo

e a onça parda.

Na região abrangida pela UC, se localizam

as nascentes dos principais rios formadores

Parque da serra do Papagaioda bacia do Rio Grande, responsável pelo

abastecimento de grandes centros urbanos do

sul de Minas Gerais.

O parque recebeu os primeiros investimentos

em obras destinadas à proteção e administração.

Além disso, nos municípios do seu entorno, vem

sendo fomentada a recuperação da mata nativa,

por meio de parcerias com a OSCIP Amanhágua e

as Prefeituras Municipais de Extrema e Itamonte.

O IEF/Promata custeia os insumos, mudas,

mourões para cercas, disponibiliza assistência

técnica às atividades e repassa os recursos para

o pagamento pelos serviços ambientais aos

agricultores participantes. Até agora, mais de

2.500 hectares de Áreas de Reserva Legal e áreas

de preservação permanentes foram cercadas e

enriquecidas, visando a sua recuperação.

Além disso, encontra-se avançado o processo de

regularização da UC, com recursos disponibilizados

pelo Departamento de Estradas de Rodagem –

DER, como compensação ambiental devida pela

construção da Rodovia Fernão Dias. O Plano

de Manejo do Parque encontra-se em fase

de elaboração, com recursos de contrapartida

do IEF ao Promata.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA54 55UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 28: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é uma

das mais importantes áreas verdes de Minas Gerais.

Situado na região metropolitana de Belo Horizonte,

com 3.941 hectares de áreas protegidas, é o terceiro

maior parque em área urbana do país e abriga seis

importantes mananciais de água que abastecem a

capital, declarados pelo Governo Estadual como

Áreas de Proteção Especial. Quem caminha por lá

logo percebe a zona, rica em campos ferruginosos

e de altitude.

Numa área de transição entre o Cerrado e a Mata

Atlântica, abriga uma vegetação diversificada, com

um colorido especial e um relevo peculiar Aí se

encontram espécies como orquídeas, bromélias,

candeias, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e

a canela-de-ema, que se tornou o símbolo do

Parque. A região também serve de abrigo a diversas

espécies da fauna ameaçadas de extinção, como a

onça parda, a jaguatirica, lobo-guará, o gato-do-

mato, o macuco e o veado campeiro.

O Parque possui dois Centros de Visitantes com

auditório para 90 e 60 pessoas, respectivamente.

Conta ainda com um Centro Administrativo,

Parque estadual da serra do rola Moça

escritório para o Grupamento de Polícia Ambienta

e residências para funcionários..

Com apoio do Promata, foi implantado um

Centro de Treinamento em Prevenção e Combate

a Incêndios Florestais, bem como projetos de

educação ambiental avançados. Para apoio à

gestão, o Parque conta com o Plano de Manejo, o

Projeto de Gestão à Vista e o SIGAP.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA56 57UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 29: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

O Parque Estadual do Pico do Itambé, em seus 4.696

hectares, abrange várias nascentes e cabeceiras

de rios formadores das bacias do Jequitinhonha e

Doce. O Pico do Itambé, com seus 2.002 metros,

é um dos marcos referenciais do Estado. De lá

podem ser avistados os municípios que compõem

a área de abrangência do Parque: Santo Antônio

do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas.

Campos rupestres de altitude e cerrado compõem

a cobertura vegetal nativa. Nos fundos de

vales ocorrem manchas de solos de aluvião, de

maior fertilidade, sobre os quais se desenvolve

exuberante mata pluvial altimontana, onde podem

ser encontradas espécies como o pau-d’óleo, a

sucupira, o ipê, o cedro, o jatobá, o ingá e a candeia,

entre outras. Nos campos de altitude ocorrem

espécies raras e endêmicas de orquídeas.

Uma fauna bastante rica possui espécies que

integram a lista oficial de animais ameaçados de

extinção, como a onça-parda e o lobo-guará. Para

assegurar sua preservação, o Promata garantiu a

elaboração do Plano de Manejo do Parque e se

Parque estadual do Pico do Itambé

prepara para na Fase II, apoiar a implantação da

sua infra-estrutura de proteção e uso público e

contribuir para o estabelecimento dos instrumentos

de gestão da UC.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA58 59UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes

Page 30: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Unidos pela sustentabilidade

60 ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA UnIDos PelA sUstentABIlIDADe 61

Page 31: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

o IeF vem trabalhando para romper o isolamento das unidades

de conservação e incentivar a população do entorno a preservar

a Mata Atlântica. o Promata contribuiu também com este esforço

de induzir o abandono de velhas práticas de exploração predatória

da floresta, conquistar parceiros locais e desenvolver alternativas

viáveis para um dos maiores desafios contemporâneos: aliar

desenvolvimento econômico e sustentabilidade

A aplicação pura e simples da legislação ambiental, sem uma contrapartida de compensações aos habitantes

do entorno das UCs, muitas vezes leva os vizinhos a considerar esta unidade um estorvo aos seus interesses.

Para reverter essa lógica, o Promata desenvolveu, junto com a Diretoria de Desenvolvimento e Conservação

Florestal do IEF, um projeto-piloto com as comunidades próximas aos Parques Estaduais do Rio Doce, do

Itacolomi, da Serra do Brigadeiro e da Serra do Papagaio, onde se procurou aperfeiçoar a sistemática de

recuperação da mata nativa, trabalho até então realizado de forma extensiva pelo Instituto.

Novas estratégias de atuação foram privilegiadas, para recuperar áreas degradadas dentro de pequenas e

médias propriedades. Um trabalho feito com apoio dos agricultores e que visa aumentar a conectividade

entre fragmentos florestais de origem nativa, formando corredores de biodiversidade.

Entre 2004 e 2008, já foram recuperados cerca de 6 mil hectares de floresta. “Nosso foco é trabalhar na zona

de influência das UCs, para aumentar a vegetacão nas imediações dos parques e enriquecer a biodiversidade,

o que contribui para a sua proteção. Há trechos de alguns parques, por exemplo, que só possuem 500 metros

de largura de vegetação no entorno, o que é insuficiente para o escape da fauna”, explica o consultor

técnico do Promata, Ricardo Galeno.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA62 63UnIDos PelA sUstentABIlIDADe

Page 32: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

O grande diferencial introduzido na sistemática de

fomento foi o estabelecimento de um incentivo

financeiro aos produtores rurais que assumem a

responsabilidades com a recuperação da floresta.

Inédito no Estado, este mecanismo, denominado

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA),

beneficiou 300 agricultores de 30 municípios

mineiros, entre 2004 e 2008. Cada produtor recebe

de R$ 140 a R$ 300 por ano, por hectare recuperado,

dependendo da modalidade de intervenção

realizada nas suas terras. O pagamento é feito por

um período de três anos.

“É muito difícil chegar até um produtor rural e

simplesmente dizer: ‘Olha, preservar a natureza

é importante, a fauna é bonita. Essa área aqui lhe

pertence mas o senhor não pode usar. O agricultor

depende da terra. Ou você dá uma compensação

financeira ou ninguém protege de bom grado”,

argumenta Galeno. Com o incentivo, cuidar da

floresta também passa a ser uma atividade vantajosa.

Além dos incentivos financeiros, os agricultores

beneficiados continuaram a receber gratuitamente

as mudas, os insumos e a assistência aos plantios,

prestada pelos técnicos do IEF e das instituições

parceiras.

A implantação dos projetos foi também objeto de

cuidado especial, visando o acompanhamento

rigoroso das atividades realizadas e dos recursos

financeiros distribuídos. Para tanto, foi criado um

programa específico denominado Sistema de

Monitoramento das Atividades de Fomento – SISMAF,

hoje disponibilizado “on line” para o controle de todos

os projetos de fomento desenvolvidos pelo IEF.

Mais agilidade, menos custos

Para manter o fôlego necessário a essa ação, o

Projeto incentivou a formação de parcerias entre

o IEF e prefeituras municipais (Extrema, Itamonte

e Itabira) e OSCIPs (Amanhágua, AMA/Juiz de

Fora e Ambiente Brasil Centro de Estudos). Na

opinião de Eduardo Grossi, “os parceiros locais

contribuem com recursos financeiros e pessoal

técnico complementar aos alocados pelo IEF, o

que permite ampliar a capacidade operacional,

diminuir custos, aumentar a área de floresta

recuperada e beneficiar uma maior número de

pequenos produtores rurais”. Além disso, no caso

das prefeituras municipais, a intenção é que elas

criem seus próprios mecanismos para o pagamento

dos serviços ambientais, no sentido de garantir uma

fonte sustentável de recursos, para esta finalidade.

E também aumentar o comprometimento do

poder municipal com a recuperação da floresta. É

o que já fazem Itabira e Extrema, onde o PSA é de

responsabilidade dos municípios.

As parcerias com a OSCIP AMA/Juiz de Fora e com

a Prefeitura de Itamonte foram iniciados em 2008,

devendo apresentar os primeiros resultados até

julho de 2009. Seguirão estratégias e requisitos

técnicos semelhantes aos das cooperações já

estabelecidas com as OSCIPs Amanhágua e

Ambiente Brasil Centro de Estudos e com as

Prefeituras de Extrema e de Itabira

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA64 65UnIDos PelA sUstentABIlIDADe

Page 33: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

A parceria inicial

Ao final de 2004, o IEF, por meio do Promata,

estabeleceu a primeira parceria para as ações de

fomento, tendo sido escolhida a OSCIP Ambiente

Brasil Centro de Estudos. Esta se responsabilizou

pela distribuição aos agricultores dos incentivos

financeiros repassados pelo IEF/Promata. A

Ambiente Brasil apoiou a arregimentação de

agricultores, a divulgação das atividades e a

monitoria e controle da implantação dos projetos,

em nível das propriedades beneficiadas. Esta parceria

permitiu que fossem estabelecidos os mecanismos

operacionais adequados, posteriormente replicados

nos convênios com os demais parceiros.

O município de Itabira e seu plano de desenvolvimento territorial sustentável

A Prefeitura Municipal de Itabira foi a segunda

instituição a firmar parceria com o IEF, para

implementar a recuperação de Mata Atlântica.

O município vem se estruturando para instituir e

instrumentalizar sua política de meio ambiente,

com a criação de um mosaico das suas unidades

de conservação e a implementação, neste espaço

geográfico, de um plano de desenvolvimento

territorial com base conservacionista. O objetivo

é estimular o processo de organização das

comunidades em bases sustentáveis dos pontos de

vista econômico, social e ambiental.

No âmbito do Projeto Mosaico das Unidades de

Conservação, um convênio com o IEF permitiu que

o município iniciasse a proteção e recuperação de

300 hectares de remanescentes da Mata Atlântica,

localizados nas sub-bacias hidrográficas do município.

O incentivo financeiro atribuído aos produtores

rurais beneficiados teve por origem o mecanismo

legal estabelecido pelo município, denominado

ECOCRÉDITO, que visa incentivar os produtores rurais

a delimitarem, dentro de suas propriedades, áreas de

preservação ambiental destinadas à conservação da

biodiversidade e dos recursos hídricos.

O valor da água

Cuidar dos mananciais passou a fazer parte do cotidiano de moradores de Extrema, um município com pouco mais de 20 mil habitantes na fronteira sul de Minas. Lá, uma iniciativa pioneira, que inclui Pagamento por Serviços Ambientais, tem garantido a preservação do Rio Jaguari, cuja bacia que, além de abastecer a população local, é responsável por metade da água potável consumida na Grande São Paulo.

A maioria da população estranhou quando a

prefeitura de Extrema sugeriu uma parceria para

cuidar do meio ambiente. A proposta era assim: se

os agricultores ajudassem a preservar os córregos

situados dentro das suas propriedades, o governo

pagaria um incentivo financeiro a eles todo mês. “De

primeiro, o povo do bairro torceu o nariz. Mas depois

vimos que seria bom pra gente e pra natureza”, conta

José Galdino, um dos 35 produtores que aderiram

ao programa Conservador de Águas, lançado em

agosto de 2007 com apoio do Promata.

Para participar, seu Galdino teve apenas que abrir

as portas de sua fazenda e deixar que os técnicos

da prefeitura cercassem a reserva legal e a área de

preservação permanente e plantassem a área com

mudas nativas. Em contrapartida, Galdino cuida da

manutenção das áreas recuperadas e recebe R$

159 por hectare ao ano.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA66 67UnIDos PelA sUstentABIlIDADe

Page 34: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Atualmente, o Projeto, denominado Conservador

de Águas, abrange mais de mil hectares, no entorno

do córrego das Posses, uma das sete bacias afluentes

do rio Jaguari. Este Rio é o principal manancial

que abastece o Sistema Cantareira, responsável

pela água encanada de 8,8 milhões de pessoas

na Grande São Paulo. “A sub-bacia das Posses é

nosso projeto-piloto, mas a meta é abranger todo

o município, algo em torno de 20 mil hectares”,

destaca Paulo César Pereira, Secretário Municipal

de Meio Ambiente de Extrema.

Na avaliação de Pereira, “o ponto principal é

mostrar ao agricultor que a natureza pode ser

uma fonte de renda. Ele percebe que além de

uma preocupação ambiental há uma vantagem

econômica no cercamento”, destaca o secretário.

Reconciliação com o meio ambiente

De desmatadores a guardiões da floresta. Essa é uma história de produtores rurais de Baependi, município situado no entorno do Parque Estadual da Serra da Papagaio. Depois de passar anos contrariada com a rigidez das leis ambientais que restringem o uso terra no entorno das unidades de conservação, a população local aderiu ao reflorestamento e à preservação da Mata Atlântica. Uma iniciativa do Promata que, em parceria com a OSCIP Amanhágua, tem conseguido transformar o cotidiano dos moradores

Investir no desenvolvimento local sustentável.

Essa é a aposta do programa de ampliação de

fragmentos florestais conduzido desde outubro

de 2007 em Baependi, Aiuruoca, Alagoa, Itamonte,

Pouso Alto e São Thomé das Letras, municípios do

entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio.

De lá para cá, 118 proprietários abriram suas

terras para a recuperação da Mata Atlântica. Até

agora, mais de 1.500 hectares de futuras áreas de

reserva legal e áreas de preservação permanentes

(APP’s) foram cercadas. “São áreas que estão

sendo enriquecidas com mudas nativas ou se

regenerando naturalmente”, explica a presidente

da OSCIP Amanhágua, Mônica Buono.

Todos os insumos para a produção de mudas e

para os plantios, além dos mourões e arame para

as cercas são fornecidos pela parceria com o

IEF/Promata. Em troca, os moradores engajados

recebem subsídio financeiro que varia de R$ 140

a R$ 300 por hectare ao ano, pelo período de

três anos. Outra opção oferecida é o plantio de

candeia, destinada à exploração futura. “Nesse

caso, o produtor ganha, a muda e o adubo, mas

não recebe o incentivo em dinheiro”, explica

Buono. “Como todas as áreas estão sendo

registradas no IEF, quando a candeia estiver em

idade de corte, o proprietário terá garantia de

poder utilizá-la”, completa.

IeF/Promata: aliados fundamentais

O Projeto Conservador das Águas

investiu inicialmente no inventário

ambiental e no cadastramento das

propriedades do município. Quando se

consolidou por meio da lei específica, o

desafio passou a ser o estabelecimento

de parcerias. “Foi aí que o IEF, através

do Promata, entrou na história, como

o nosso primeiro apoiador”, lembra

Pereira. A contribuição oferecida

compreende as mudas, os insumos

necessários para os plantios e os

mourões e arames para as cercas.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA68 69UnIDos PelA sUstentABIlIDADe

Page 35: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Além disso, a Amanhágua está fomentando a

implantação de viveiros comunitários com o apoio

de 40 famílias, cada cada uma delas produzindo 10

mil mudas para serem plantadas, ainda em 2008.

Para participar, os interessados foram qualificados

e receberam os insumos para a produção das

mudas., contribuindo em contrapartida, com a

mão de obra, o esterco e a terra.

Quando as mudas estiverem prontas para plantio,

o próprio IEF irá comprá-las dos viveiristas, ao

custo de R$ 0,30 cada. “Esse apoio financeiro é

fundamental. Afinal, sempre é bom lembrar que

o proprietário rural vive da propriedade dele”,

argumenta Buono, acrescentando que, aos

poucos, a população tem abandonado práticas

de degradação utilizadas no passado.

Mudança de hábito“Depois que criaram o Parque, em 98, tudo

que a gente fazia na nossa propriedade passou

a ser errado e proibido”, conta o produtor

Juarez de Castro. O que poderia ter se tornado

ressentimento, no entanto, cedeu lugar à

reconciliação com a floresta. Hoje em dia Castro,

além de manter área reflorestada dentro da

sua propriedade familiar, é viveirista e também

integra o corpo de brigadistas voluntários do

município - serviço pelo qual recebe uma bolsa

de R$ 200 por mês.

Estratégias replicadas para todo o IEF.

A estratégia de fomento implantada em caráter piloto

pelo IEF, através do Promata, hoje já se transferiu para

um programa maior no âmbito do Instituto: o Projeto

Estruturador “Conservação do Cerrado e Recuperação

da Mata Atlântica”, com a ambiciosa meta de atingir a

recuperação de 120.000 hectares de matas nativas em

todo o Estado, entre 2007 e 2011. Além disso, uma Lei

Estadual específica criou o programa “Bolsa Verde”,

o qual institui um fundo de recursos destinados

exclusivamente ao pagamento por serviços ambientais.

Este mecanismo irá ampliar consideravelmente a área

de matas nativas recuperadas, ao mesmo tempo em

Acima da média

O primeiro convênio firmado pelo IEF/Promata e a Amanhágua previa o reflorestamento 380 hectares, mas a OSCIP superou todas as expectativas e alcançou 1.046 hectares. “O próximo convênio estabelece mais 1.100 hectares. Temos certeza de que vamos bater esta meta também”, afirma Mônica Buono.

que beneficiará um universo maior de pequenos e

médios proprietários rurais engajados.

Outras alternativas de uso sustentável dos recursos florestais

Com o apoio do Promata, o Instituto, desenvolveu

estudos para identificação de alternativas

sustentáveis de uso dos recursos naturais, que

possam ser introduzidas em áreas empobrecidas

da região da Mata Atlântica, onde as atividades

agropecuárias tradicionais estão em decadência.

Nestas áreas, a pressão pela exploração predatória

da floresta nativa é maior e estas alternativas, se

implantadas, poderão reduzir este risco e ao mesmo

tempo, contribuir para a melhoria das condições

de vida dos produtores rurais aí residentes. Estes

estudos servirão de base para ações efetivas a

serem incentivadas durante a Fase II do Projeto.

Como instrumento inovador de financiamento das

ações de fomento, o Promata tem apoiado técnica

e financeiramente o IEF na negociação, junto ao

Banco KfW, de um projeto de seqüestro de carbono

(no âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento

Limpo – MDL, instituídos pelo Protocolo de Kyoto).

Essa experiência, se exitosa, constituirá um ponto de

partida para novos projetos florestais de MDL, que

contribuirão para reduzir o “efeito estufa” e ao mesmo

tempo gerarão recursos de crédito de carbono,

destinados ao pagamento de serviços ambientais

aos pequenos e médios agricultores beneficiados.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA70 71UnIDos PelA sUstentABIlIDADe

Page 36: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

A floresta em boas mãos

72 A FlorestA eM BoAs Mãos 73ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA

Page 37: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Zelar pela segurança dos remanescentes da Mata Atlântica é

uma tarefa que exige planejamento, equipamentos adequados,

pessoal capacitado e integração entre os órgãos ambientais. o

Promata contribuiu para novas estratégias adotadas pelo IeF,

especialmente a prioridade ao monitoramento e à fiscalização por

meio da gestão compartilhada e do envolvimento da sociedade

na proteção da floresta.

Manter a floresta em pé não é fácil. Diante da lógica econômica que varreu mais de 70% da Mata Atlântica

no Estado, tanto quanto incentivar a sua recuperação, zelar pelo que restou tornou-se responsabilidade de

todos, com vistas a assegurar o direito das futuras gerações aos benefícios dessa biodiversidade. Integrando-

se aos esforços do IEF para enfrentar este desafio, o Promata contribuiu com apoio técnico e financeiro na

elaboração de mapas e sistemas georreferenciados destinados a melhor orientar a proteção da floresta,

bem como no treinamento de pessoal e na aquisição de equipamentos imprescindíveis para um trabalho

eficaz de fiscalização e controle.

Essas ações foram respaldadas por uma abordagem conceitual inovadora, adotada pela SEMAD e pelo IEF,

que priorizou o planejamento de uma fiscalização ambiental integrada e coordenada entre os atores do

Sistema Estadual de Meio Ambiente - SISEMA, Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros e Ministério

Público. Outra aposta importante foi a de estabelecer uma ação integrada entre o Instituto e a Polícia

Ambiental, no combate ao desmatamento em áreas de maior pressão sobre a floresta. Para isso, a Gerência

de Monitoramento e Geoprocessamento do SISEMA vem identificando as áreas com alteração da cobertura

florestal da Mata Atlântica, para verificar em quais delas houve supressão real da floresta.. A idéia é subsidiar

uma fiscalização mais dirigida nestas áreas e também fometar a implementação de alternativas sustentáveis à

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA74 75A FlorestA eM BoAs Mãos

Page 38: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

exploração florestal predatória, especialmente nas

regiões mais pobres, onde a produção de carvão

ilegal ainda constitui a maior fonte de renda para os

pequenos produtores rurais, face à a uma atividade

agropecuária extensiva e de baixa produtividade.

Uma fiscalização e controle melhorados

já apresenta resultados: o Mapeamento da

Cobertura Vegetal de Minas indicou, entre 2003

e 2005, uma redução de 34.847 hectares (0,92%)

na cobertura do bioma como um todo, dos quais

10.830 hectares (0,45%) na área de abrangência

do Promata. Já entre 2005 e 2007, quando as ações

foram intensificadas, o desmatamento caiu para

15.543 hectares (0,42%) no bioma e para 6 mil

hectares (0,26%) na área abrangida pelo Promata,

demonstrando a importância do planejamento e

do trabalho em equipe para a proteção da Mata

Atlântica mineira.

Olhos atentos para cuidar da Mata Atlântica

Os incêndios representam uma das ameaças mais

perigosas à floresta. Para mudar esta história, o

IEF, em colaboração com e o Corpo de Bombeiros

Militar de Minas Gerais, dentre outros parceiros,

estabeleceu um modelo de prevenção e combate

aos incêndios florestais, que se transformou em

modelo para toda a América Latina. Denominado

Força-Tarefa/Previncêndio, o programa tem sido um

instrumento fundamental para a preservação dos

últimos remanescentes da Mata Atlântica mineira,

especialmente nos parques e no entorno das Unidades

de Conservação beneficiados pelo Promata.

O sistema tem sua base operacional em Curvelo

(centro geográfico do Estado), onde está instalado

o sistema de recepção de focos de calor via satélite

e a central do telefone (chamada gratuita) para

informes de incêndios florestais. Encontram-se aí

reunidos pessoal, equipamentos e infra-estrutura

adequados para vigilância, monitoramento e

combate. As informações sobre os riscos de

queimadas são rapidamente repassadas aos

parceiros envolvidos. De lá, as equipes podem

chegar a qualquer local do Estado em até duas

horas. Veículos adaptados para combate a

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA76 77A FlorestA eM BoAs Mãos

Page 39: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

incêndios, duas aeronaves e quatro helicópteros,

apóiam trabalho de 300 servidores do IEF, do

Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, do

BTLPAE, e de empresas partícipes, além de dois mil

brigadistas voluntários.

O Promata apoiou este processo, com

investimentos para fortalecer as bases materiais e

a capacitação técnica do pessoal envolvido Foram

realizados treinamentos para os quadros técnicos

do Instituto envolvidos com o monitoramento e o

geoprocessamento, capacitando-os para classificar

imagens, elaborar mapas cartográficos, analisar

sensoriamento remoto, e utilizar o GPS, além de

Sistemas de Informação Geográficas (SIG).

O Projeto investiu também na implantação de um

sistema de rádio-comunicação que já interliga

13 UCs, 5 Escritórios Regionais e os 17 Núcleos

Operacionais de Floresta, Pesca e Biodiversidade.

Isso sem falar na aquisição de veículos,

equipamentos de informática e GPS, destinados

às brigadas de incêndio e à estruturação da Força-

Tarefa-Previncêndio. “Minas já é referência no

que tange a prevenção e o combate a incêndios

e a colaboração do Promata foi decisiva para

isso”, explica a coordenadora da Força-Tarefa-

Previncêndio, Cláudia Martins de Mello.

Voluntariado em ação - As brigadas de prevenção

e combate a incêndios florestais são formadas por

voluntários que querem ser parceiros na proteção

da floresta. Elas atuam como complemento

importante ao trabalho executado pelos

funcionários das unidades de conservação e do

Corpo de Bombeiros.

O Promata apoiou ainda a instalação, no Parque

Estadual do Rola Moça, do Centro de Treinamento

de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais.

O objetivo é capacitar o pessoal do IEF, do Corpo

de Bombeiros e os brigadistas, em técnicas de

prevenção, hélio-ataque e observação aérea.

Desde então, já foram formadas 78 brigadas

voluntárias de prevenção e combate a incêndios

florestais, com 2.000 brigadistas, em oito unidades

de conservação e seus entornos.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA78 79A FlorestA eM BoAs Mãos

Page 40: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

De olho no futuro

80 ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA De olHo no FUtUro 81

Page 41: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

em seus quatro anos de atuação, o Promata cumpriu a missão a

que se dedicou: contribuir de forma criativa para com a política

estadual de proteção, recuperação e desenvolvimento sustentável

da Mata Atlântica apoiando o IeF no seu esforço de melhoria

de gestão de suas unidades de conservação e estimulando

as parcerias e a integração com outros órgãos ambientais.

A segunda etapa do Projeto, em fase de negociação, quer

consolidar os componentes exitosos da primeira fase e ampliá-los

ainda mais, expandir a sua área de abrangência e incorporar

novas UCs, bem como promover atividades econômicas capazes

de conviver com a floresta em pé.

“Em seus quatro anos de vida, o Projeto investiu um total de R$ 50 milhões na implantação de obras de infra-

estrutura em 8 unidades de conservação; no fortalecimento da gestão de 6 UCs; no incentivo material e

financeiro para a recuperação de 6.000 hectares do bioma, no treinamento e capacitação de pessoal do IEF

e de parceiros, bem como na aquisição de equipamentos de ponta para ajudar fiscalização e controle da

exploração florestal e na redução de incêndios florestais.

“O interesse do Promata nunca foi criar uma entidade paralela. Ao contrário, o Projeto trabalhou para introduzir

ações que pudessem ser replicadas pelo IEF como um todo, até porque não tem sentido estabelecer uma política

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA82 83De olHo no FUtUro

Page 42: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

de preservação só para a Mata Atlântica”, explica o

coordenador do Projeto, Eduardo Grossi. Em razão

disso, as metas do IEF, atingidas com a contribuição

do Promata, já fazem parte dos compromissos

do Instituto, assumidos no Projeto Estruturador

“Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata

Atlântica” e na “Agenda Setorial Choque de Gestão”,

do Governo do Estado.

Próximos passos - Prevista para ser executada

entre 2009 e 2012, a Fase II do Promata inclui a

consolidação das ações em curso e a ampliação

da área de abrangência do Projeto, com a inclusão

de novas unidades de conservação. Para isso, estão

previstos mais 8 milhões de euros da Cooperação

Alemã, através do KfW, com nova contrapartida

do Governo de Minas em outros 7,8 milhões

de euros. O acordo, em fase de finalização, já

foi aprovado pela Comissão de Financiamentos

Externos (COFIEX) coordenada pelo Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão.

“Esta é a base para que novos modelos e

mecanismos inovadores sejam promovidos para

atingir a sustentabilidade. É pensar no futuro e

ver como um projeto exitoso, como o Promata,

pode contribuir com novas idéias sustentáveis”

argumenta André Ahlert, diretor do KfW no Brasil.

Para o secretário de Meio Ambiente de Minas

Gerais, José Carlos Carvalho, esta aposta implica

em ampliar as ações do Promata no entorno das

UCs, de modo a fazer valer o sentido mais amplo

do próprio conceito de sustentabilidade. “Vamos

sair mais das UCs, pensando nelas como núcleos

de proteção à biodiversidade a partir das quais

se estrutura a gestão. E não como ilhas, como

tradicionalmente se faz”, antecipa Carvalho.

sinalizações de futuro - Ao final da sua implementação, o Promata apresentou alguns desafios a serem enfrentados durante a Fase II do Projeto:• A consolidação dos resultados obtidos na pratica diária das UCs e do IEF, assim como a

ampliação de iniciativas de inserção das unidades de conservação nos contextos locais de desenvolvimento socioeconômico.

• A sustentabilidade financeira das UCs deve ser objeto de continuados esforços para ampliar a base de recursos já assegurados, como forma de garantir o sucesso dos mecanismos de gestão implantados.

• Além da continuidade do fomento à recuperação/recomposição de áreas desmatadas ou degradadas, deve-se desenvolver esforços visando apoiar a inserção de um padrão de uso sustentável dos recursos naturais, especialmente em atividades da agropecuária, e traduzir esta dinâmica sustentável em novas cadeias de valor produtivas e economicamente viáveis.

• A articulação entre o IEF, a Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros deve ser ainda mais fortalecida com vistas à eficácia da fiscalização e do controle florestal e da prevenção e combate aos incêndios florestais.

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA84 85De olHo no FUtUro

Page 43: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Como surgiu a parceria entre o governo de Minas e a Alemanha?Há muito tempo desenvolvemos uma parceria

de sucesso com Minas Gerais. Sempre tivemos

contato com o Estado, através de iniciativas que

não na área ambiental. Por exemplo, um projeto

que realizamos juntos na área de eletrificação

rural. Este contato já estava estabelecido e, como

todos já sabiam que a Cooperação Financeira tem

a proteção da Mata Atlântica como enfoque, surgiu

essa nova parceria, que resultou no Promata e em

uma grande vitória de Minas e do meio ambiente.

Como avalia os resultados da primeira fase do Promata?Os resultados do Promata nos surpreenderam. Uma

das coisas mais importantes foi o fato de Minas ter

uma agenda e compromissos muito avançados e

fortes no campo da preservação ambiental. E o

Promata, tal como foi concebido, é um projeto

que facilmente se incorpora nesta política. Além

disso, ele também facilitou a identificação e o

desenvolvimento de estratégias específicas e

novos mecanismos de política de proteção de Mata

Atlântica que o Governo pensava em implementar.

Contribuiu também com a disponibilização de

recursos financeiros, humanos e instrumentos

operacionais, para apoiar e fortalecer estas

políticas públicas.

Quais seriam estes mecanismos?Entre os temas ressaltados no projeto, um dos mais

positivos foi o apoio às unidades de conservação. A

iniciativa de promover a gestão sustentável partiu

do Governo, que optou por abrir estas unidades

para a população, ao invés de conservá-las como

áreas fechadas. Significa implementar a política de

conservação da Mata Atlântica em conjunto com

a população. Para isso, é preciso infra-estrutura

pública e recursos humanos para a manutenção

das unidades. Afinal, só receber o público não

é suficiente. E foi aí que o Promata apoiou o

desenvolvimento estratégias e mecanismos que

fizeram o aspecto sustentabilidade, em seu âmbito

geral, funcionar para todos os atores envolvidos na

proteção e recuperação da floresta.

Outro ponto forte do Promata foi o envolvimento da comunidade em todo o processo. Como se deu esta integração?Na verdade foi uma preocupação conjunta do

governo de Minas, do KfW e do governo alemão.

A participação é um dos princípios fundamentais

da Cooperação Alemã em todos os projetos que

apoiamos. Estamos convencidos de que somente

com a participação da população e das entidades

públicas é possível estabelecer atividades de longo

prazo. Não é suficiente apenas financiar a aquisição

de algum equipamento ou infra-estrutura sem se

preocupar com os planos de manutenção e operação

das áreas beneficiadas e com o fator humano,

diretamente envolvido ou afetado por essas ações.

A sustentabilidade é um dos pilares mais fortes da cultura alemã. O projeto serviu para trocar experiências?A sustentabilidade é um conceito forte em tudo

que fazemos. Não apenas a sustentabilidade

ecológica, mas também a social e a econômica.

Sempre pensamos nos efeitos de nossas ações no

futuro, o que é uma lição apreendida com o próprio

desenvolvimento da nossa cultura. É um valor

que procuramos fortalecer em nossos projetos e

parcerias internacionais. E o tema do meio ambiente

também se desenvolveu bastante no Brasil nos

últimos anos. As pessoas aqui hoje sabem o que

significa sustentabilidade e como ela é importante.

entrevista André Ahlert, diretor do KfW no Brasil

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA86 87De olHo no FUtUro

Page 44: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

As estratégias adotadas pelo IEF, com a

contribuição financeira

e apoio técnico do Promata, visando o fortalecimento das unidades de conservação

na região da Mata Atlântica, resultaram no início da modernização da administração

destas UCs, especialmente quanto à instituição de instrumentos de gestão mais

eficazes, da capacitação do pessoal envolvido e dos investimentos na estrutura de

proteção e uso público dos parques e reservas.

Os desafios que imagino deveríamos perseguir em relação a uma segunda etapa do

Promata, seriam o apoio a novas unidades unidades ainda não contempladas pelo

Projeto, bem como a contribuição para que novos instrumentos e mecanismos de

sustentabilidade financeira e administrativa das áreas protegidas sejam identificados e

implementados.

Aline tristãoDiretora de Áreas Protegidas do IEF

O IEF vem procurando desenvolver mecanismos mais eficientes

de fomento à recuperação das florestas de origem nativa do

Estado, rompendo com a tradição de práticas de exploração predatória, de modo a que

esta floresta passe a ser considerada como um componente da propriedade que possui

função ambiental e valor econômico.

O Promata apoiou o IEF neste esforço, contribuindo de forma importante para

o estabelecimento de estratégias inovadoras e mais eficientes de incentivo à

recomposição florestal.

Espera-se que uma segunda fase do Projeto venha, não apenas reforçar estas medidas,

mas também contribuir para que novas atividades ambientalmente sustentáveis e

economicamente viáveis possam ser identificadas e implementadas, o que, além de

favorecer o pequeno e médio agricultor, vai também reduzir a exploração predatória

das florestas remanescentes.

luiz Carlos Cardoso valeDiretor de Desenvolvimento e Conservação Florestal do IEF

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA88 89De olHo no FUtUro

Page 45: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais

Em acing eril utpate consectem in endrem iusci bla facidunt

et, commy nibh er aliscipis nos nit vel ut ulput adio

consenibh er sequat, volore deliquisim doloreet, sustissim vel dolore dolore venisi et irit

praessissed magna facin er sustie te et, con volore dolor iriuscidunt ulputem vel eum

essismo dolobor sed exer ip exeraesecte consequisl utatum ad et aut praesed tatinci

duisis nibh eugait, commolore feumsandiat nonse corem incin veros alisit, quis alisi.

Inis ad ercipsustrud tat alit la faccum nostie tat. Ut lam delisl do dolor illum velenim alit

augait, consequat adiam vendiamcor ipsumsan eugiam quam iure dolenis senisit veril-

laore mincil dolorem acin ut lor si.

Ommy nullamet praestrud tion essi er susciliquis nullam zzrilit, suscidunt nonsecte vel

euguer sum volortie minit wismod te veleniam, conse vel exeratet, qui elis euguero od

tat wis nim nostrud eum endit iusto euisit wis nos autpat lutatum exerilis am velenibh

etum elis eu feuguero consequate dolendit nosto consequat nos nis adipit la adipisim

velit, se dipisisisl dignisc ipsuscilis nosto dunt iure tet exer iriustrud do od estio dolorpe-

ro odolobore dolesectem iriliquat. Irilit lam er iure tio odipsuscilit num amcore te feu-

giamet lutpat, ver sed ero exerius ciduis nummy nummolore dolore magna con henit in

henit praesendiat vero odigna feuguer cillame tuerostissi.

Erat. Et, sequatuerat nullan ut ad miniamc onulput at luptat praesequi euipit la faccum

am zzriustrud ea consequi ent lore velit wis alis del ut laoreet aliquisim volor si.

nonononononnoononoDiretora de Biodiversidade do IEF

ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA90 91De olHo no FUtUro

Page 46: Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais