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PROJETO DE TERCEIRIZAÇÃO DE
SERVIÇOS LOGÍSTICOS EM UMA
EMPRESA FABRICANTE DE MOTORES:
ROTINA OPERACIONAL E
INDICADORES DE DESEMPENHO PARA
CARGA LÍQUIDA PERIGOSA CLASSE
TRÊS.
Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE)
VALTERNEI BORGES SAMPAIO (UNINOVE)
JACIARA PEREIRA MACHADO (UNINOVE)
FABIO YTOSHI SHIBAO (UNINOVE)
LUCIO TADEU COSTABILE (UNINOVE)
O presente artigo tem o objetivo principal de apresentar um projeto
para terceirização do recebimento, armazenagem e setor de descarte
de óleo diesel usado, desenvolvido por uma empresa de fabricação de
motores de São Paulo. Esse projeto ennvolveu o mapeamento da rotina
operacional, que detalha os cuidados a serem tomados no ciclo
logístico, apresentando trinta e dois indicadores de desempenho
utilizados pela empresa para controle do processo. Esses indicadores
permitiram estabelecer o nível de serviço exigido na formalização
contratual e acompanhamento junto ao operador logístico. Como
método de pesquisa elaborou-se questionário semiestruturado e
agendou-se entrevista junto aos gestores da cadeia de suprimentos
visando coletar os dados em observação participante para posterior
análise qualitativa e quantitativa. Os resultados da terceirização do
sistema logístico é percebido por meio dos indicadores que servem
também para a melhoria contínua do processo, apresentando 3% de
melhoria na efetividade no transporte e 4% no recebimento de 2010
para 2011, e tanto armazenagem como destinação final dos resíduos,
os índices são 100% nos dois anos, o que atende integralmente a
percepção dos gestores da contratante e a legislação ambiental
vigente, logo, quando as responsabilidades do contratante como do
OPL são definidas claramente em contrato e são acompanhadas no dia
a dia aumenta as chances de sucesso da terceirização. Espera-se que
esse estudo contribua no desenvolvimento do estudo para a
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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formalização contratual robusta dos serviços logísticos, evitando
falhas e prejuízos à empresa contratante.
Palavras-chaves: operador logístico, descarte do óleo diesel usado,
terceirização de serviços logísticos
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1 Introdução
As organizações se deparam com cenário incerto em relação à competição global, onde o
principal aspecto dessa competição está na disputa entre cadeias de suprimentos. Essa
percepção pela alta administração faz com que se voltem ao desenvolvimento da estratégia em
cadeia de suprimentos. Nesse contexto, os gestores passaram a planejar estratégias no
desenvolvimento de projetos de terceirização.
Segundo Simchi-Levi et al. (2010) é preciso selecionar fornecedores que cooperem no
desenvolvimento do projeto, incluindo firmar contratos de propriedade intelectual e de
confidencialidade. Um aspecto relevante é estabelecer o gerenciamento de risco na rotina
operacional com enfoque no desempenho, visando selecionar um operador logístico (OPL)
apropriado para a necessidade logística.
O objetivo principal desse estudo é apresentar um projeto para terceirização do recebimento,
armazenagem e setor de descarte de óleo diesel desenvolvido por uma empresa de fabricação
de motores. Para isso, estudou-se de maneira cautelosa a rotina operacional dos elos da cadeia
que se pretende terceirizar e foi levantado indicadores de desempenho utilizados para o
controle do processo, que estabeleceram o nível de serviço exigido na formalização contratual
junto ao OPL.
Espera-se que esse estudo contribua com os gestores operacionais no que tange a necessidade
de desenvolver estudo para a formalização contratual robusta, evitando falhas e prejuízos à
empresa contratante.
2 Referencial teórico
Neste tópico será abordada o referencial teórico subdividido em cinco seções: (i) conceituação
sobre carga perigosa classe 3 – líquidos inflamáveis, (ii) cuidados no manuseio de produtos
perigosos – classe 3, (iii) rotinas operacionais, (iv) indicadores de desempenho para o controle
do processo e (v) terceirização do recebimento, armazenagem e destinação correta de resíduos
classe 3.
2.1 Conceituação sobre carga perigosa classe 3 – líquidos inflamáveis
Define-se como líquidos inflamáveis os líquidos, misturas de líquidos ou líquidos que
contenham sólidos em solução ou suspensão que produzem vapor inflamável a temperaturas
de ate 60,5°C, em ensaio de vaso fechado ou ate 65,5°C, em ensaio de vaso aberto,
normalmente referido como ponto de fulgor (Flash Point), conforme Haddad (2012) e Santos
(2006).
Explosivos líquidos insensibilizados são substancias explosivas dissolvidas ou suspensas em
água ou em outras substancias liquidas, para compor mistura liquida homogênea que elimine
suas propriedades explosivas (SANTOS, 2006). A classe 3 inclui líquidos inflamáveis e
explosivos líquidos insensibilizados, como exemplos o Benzeno (ONU 1114); combustível
automotor, incluindo álcool-motor e gasolina (ONU 1203).
2.2 Cuidados no manuseio de carga perigosa classe 3
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Nos acidentes com líquidos inflamáveis, é necessário o pleno conhecimento das propriedades
físicas e químicas das substancias envolvidas, como ponto de fulgor, considerando-se que a
temperatura ambiente seja de 25°C e que esteja ocorrendo o vazamento de uma substância
cujo ponto de fulgor seja de 15°C, isto significa que nessas condições estará liberando
vapores inflamáveis, e existindo uma fonte de ignição a ocorrência de incêndio ou de uma
explosão é iminente (HADDAD, 2012).
Por questões de segurança, não é recomendável realizar a contenção de um produto
inflamável próximo ao local do vazamento de modo a evitar a formação de altas
concentrações de vapores (HADDAD, 2012), principalmente em locais com grande
movimentação de pessoas e equipamentos.
Quanto as operações de recebimento e armazenagem dos s lubrificante usados
regulamentadas na Resolução Conama no
362, no artigo 17o, de como receber dos
brificante usado ou contaminado acondicionando em
ambiental competente, utilizando recipientes resistentes a vazamentos, de modo a
contaminar o meio ambiente, adotando medidas para evitar que
, s
outras substâncias, inviabilizando a reciclagem.
Na destinação final, exigir o credenciamento junto a Agencia Nacional de Petróleo (ANP)
Portaria no 127 de 30 de Julho de 1999, da empresa coletora que
procedimentos diferenciados para este tipo de atividade, como manutenção para fins de
fiscalizaç
lubrificante usado ou contaminado, pelo prazo de cinco anos.
2.3 Rotinas organizacionais
O mapeamento das rotinas operacionais foi importante para o processo de terceirização de
serviços logísticos. Nas rotinas internas de uma organização estão as oportunidades de
desenvolver estratégia de sucesso (DOSI; NELSON; WINTER, 2000), porque as mesmas são
fundamentadas em conhecimentos dos colaboradores, sendo alguns desses conhecimentos
tácitos, desenvolvidos pela experiência nas tarefas ao longo do tempo, que permitem o
funcionamento regular da companhia. Sendo assim, uma empresa é composta de rotinas de
operações de fábrica e de gestão para que o processo tenha êxito (NELSON; WINTER, 1982).
2.4 Indicadores de desempenho para o controle do processo
O modelo para gerenciamento de riscos desenvolvido por Andersson e Menckel (1995),
engloba as necessidades de prevenção e os atores envolvidos, portanto incorpora as dimensões
e os parâmetros identificados como relevantes a prevenção de acidentes e seus danos aplicado
ao manuseio de cargas perigosas, conforme apresentado de forma sintética do modelo (Figura
1).
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Figura 1 – Modelo sintético de prevenção de acidentes e seus danos.
Fonte: Andersson e Menckel (1995).
O modelo incorpora quatro dimensões para estabelecer as estratégias de prevenção (REAL,
2000): (i) curso temporal dos eventos sobre as medidas de prevenção; (ii) níveis em que as
medidas podem ser implantadas; (iii) abordagem das intervenções, a) do Estado por meio de
seus instrumentos regulatórios e coercitivos, b) o publico e as comunidades sob-risco no
processo preventivo; e (iv) processo de exposição, que hostiliza o homem e o meio ambiente.
A atuação dos atores envolvidos no gerenciamento de risco no manuseio de cargas perigosas
está situada nos níveis (i) macro, considerando o Governo Federal e o Estadual, (ii) meso,
que estão às organizações fabricantes e transportadoras dos produtos perigosos e (iii) micro,
considerando o ambiente rodoviário, com a sua infraestrutura, usuários, empregados e
comunidades (REAL, 2000).
Pode ser utilizada com quaisquer modelos de gerenciamento de riscos adotados pelos
embarcadores, tanto individualmente ou por um grupo, por exemplo, em uma associação de
fabricantes de um determinado tipo de produto perigoso pode ser usada para qualquer classe
de risco de produto manuseado.
Na Tabela 1, são apresentados os principais atributos na escolha de um OPL de combustíveis
líquidos.
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Fonte: Lieggio Jr, Granemann e Souza (2011).
Tabela 1 – Atributos e níveis utilizados na escolha de um OPL de produtos perigosos – classe 3
Mesmo caracterizada pela praticidade do modelo, é necessário cuidados principalmente na
fase de comparação entre os resultados alcançados versus projetados. Este modelo procura
compatibilizar ferramentas disponíveis em outras áreas de pesquisa, como o planejamento
estratégico e situacional, inserindo-as no contexto de planejamento e gestão de manuseio de
produtos perigosos.
2.5 Terceirização do recebimento, armazenagem e destinação correta de óleo
lubrificante
A organização em estudo desenvolveu metodologia para ter uma percepção real da operaç
ser executada ao terceirizar as atividades de recebimento, armazenagem e destinação final
para um OPL.
A Resolução no 362 do CONAMA aqueles
resultante do seu uso normal ou por motivo de contaminação, tenha se tornado inadeq
sua finalidade original e versa sobre a nocividade do produto assim como o seu tratamento
adequado e determina procedimentos sobre o recolhimento, coleta e destinação final.
No artigo 1o olhido,
coletado e ter destinação
recuperação dos constituintes nele contidos, na forma prevista nesta
Resolução”. O 3o
”
artigo 4o
”. N 12o
, no mar territorial, na zona
econômica exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação ”.
Portanto, para Novaes (2007) os contratos nece a, mas a
confiança ,
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permanentemente as parcerias. Barros (2009) relatou que como precauções, os contratantes
estabelecem .
Logo, para se conseguir altos níveis de excelência, são necessárias intervenções em diversas
áreas de negocio da companhia, como a revisão e implantação de novas praticas que visam
alcançar a excelência operacional. Principalmente no manuseio de produtos perigosos classe
3, em caso de acidentes geralmente trazem grandes prejuízos tanto financeiro como
ambiental, além de denegrir a imagem da empresa, segundo Cruz e Oliveira (2012).
O beneficio gerado pela terceirização segundo Ribeiro, Henrique e Cordeiro (2011) é a
criação de empregos na terceirizada, o aperfeiçoamento da mão de obra, serviço especializado
no manuseio de produtos perigosos e elevação do nível de competitividade no mercado.
3 Método de pesquisa
Para o desenvolvimento dessa pesquisa qualitativa e quantitativa elaborou-se questionário
semiestruturado e foram entrevistados gestores da cadeia de suprimentos visando coletar os
dados em observação participante, segundo Bogdan e Biklen (1992) esses são os instrumentos
mais comuns na pesquisa qualitativa.
Os gestores entrevistados foram os responsáveis pelo desenvolvimento do projeto de
terceirização dos serviços logísticos, que permitiu desenvolver este estudo de caso, para
Eisenhardt (1989) é uma estratégia de compreender a dinâmica presente em cada cenário
combinando métodos de coleta de dados, entrevistas, questionários e observações. As
evidências podem ser qualitativas ou quantitativas, ou ambas. Segundo Yin (2003) o estudo
de caso tem caráter empírico, que investiga fenômenos presentes na vida real e Sousa (2005)
falou da possibilidade de emergir novas teorias fundamentados em eventos atuais.
No processo de coleta de dados, conheceu-se a rotina operacional e os indicadores de
desempenho do transporte, recebimento, armazenagem e destinação dos resíduos, que foram
copiados no pendrive, para analisar os dados de desempenho exigido para cada rotina via
contrato do OPL.
Após a entrevista foi desenvolvido o referencial teórico para fundamentar a pesquisa de
campo, por meio da revisão bibliográfica (GIL, 2002).
A pesquisa quantitativa permite a mensuração de opiniões, reações, hábitos e atitudes em um
universo, por meio de uma amostra que o represente estatisticamente (HAYATI; KARAMI;
SLEE, 2006).
4 Estudo de caso e análise dos dados
Nessa seção será apresentado um projeto para terceirização do recebimento, armazenagem e
descarte de óleo diesel usado. Esse projeto envolveu o mapeamento da rotina operacional da
empresa fabricante de motores, com os cuidados a serem tomados no ciclo logístico,
apresentando trinta e dois indicadores de desempenho utilizados para controle do processo,
que permitiram estabelecer o nível de serviço exigido na formalização contratual junto ao
OPL.
4.1 Apresentação da empresa e o projeto para terceirização de serviços logísticos
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A empresa fabricante de motores pesquisada é situada em São Paulo com capacidade
produtiva mensal média de 6.200 motores de diversos tipos e nos meses de dezembro e
janeiro apresentam menor capacidade, 2.450 motores em detrimento da redução dos pedidos
de compra das montadoras, que foram abastecidas ao longo do ano.
A observação participante e entrevistas semiestruturada foram realizadas junto aos gestores
operacional no mês de dezembro de 2011, devido disponibilidade dos mesmos em nos receber
para a pesquisa com o objetivo de conhecer o projeto de terceirização (Figura 2), que visou
cooperação, complementaridade de propriedade intelectual e confidencialidade, além da
preocupação ambiental.
Foram constatados três aspectos estratégicos imprescindíveis para o desenvolvimento do
projeto, que são: mapeamento da rotina operacional, indicadores de desempenho para o
controle da operação e os atributos para seleção de OPL. Outro aspecto relevante foi o
gerenciamento de risco, mitigando a probabilidade de acidentes em relação às consequências
que esses poderiam trazer para a empresa.
Figura 2. Pontos principais do projeto de terceirização de serviços logísticos.
Fonte: Os autores.
4.2 Rotina operacional e indicadores de desempenho do processo logístico de óleo diesel.
A decisão de terceirização de serviços logísticos precede uma análise da rotina operacional e
indicadores de desempenho (Figura 3). A organização decidiu terceirizar a área de
recebimento, armazenagem e descarte do produto líquido perigoso classe 3. Sendo assim, será
apresentado o mapeamento das rotinas e indicadores de desempenho para exigir do OPL as
necessidades reais em contrato.
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Figura 3. Rotina operacional e indicadores de desempenho para o sucesso da operação.
Fonte: Os autores.
A cadeia produtiva começa no transporte realizado pelo fornecedor, em que há a necessidade
de conhecer a rotina operacional e elencar os indicadores de desempenho no transporte
(Quadro 2). Durante essa atividade, vários fatores são críticos e a imprudência pode significar
não só a perda de produtos como um elevado risco para os profissionais envolvidos e ao meio
ambiente. A regulamentação nacional do transporte de óleo diesel o classifica como perigoso
para transporte conforme Resolução 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres de
12/02/2004. Além disso, o fabricante, distribuidor e transportador devem emitir FISPQ (Ficha
de Segurança de Produtos Químicos), Rótulo de Segurança e Ficha de Emergência.
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Fonte: Os autores.
Quadro 1 – Rotina do transporte do fornecedor e indicadores de desempenho no transporte.
Após conhecer a rotina operacional do transporte é preciso elencar as responsabilidades do
recebimento (Quadro 2).
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Fonte: Os autores.
Quadro 2 – Rotina do recebimento e indicadores de desempenho do recebimento.
Em seguida, desenvolveu-se a análise da rotina da armazenagem e os indicadores de
desempenho utilizados (Quadro 3).
Fonte: Os autores.
Quadro 3 – Rotina da armazenagem e indicadores de desempenho da armazenagem.
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Após o processo de armazenagem o óleo diesel é destinado para a produção, no setor
chamado banco de teste, onde utiliza-se 17 litros de óleo para cada motor nos testes de
funcionalidade. Cerca de 60% dos motores seguem para os clientes com o óleo, porém 40%
dos motores os clientes solicitam para esgotar o óleo após os testes. Esse óleo usado segue
para o setor de destinação de resíduos denominado operação elevatória de separação de óleo
da área de armazenamento de resíduos (Quadro 4) para onde uma empresa especializada retira
e recupera as condições técnicas do óleo para reuso.
Fonte: Os autores.
Quadro 4 – Rotina da destinação correta de resíduos e indicadores de desempenho.
5.2 Gerenciamento e riscos, estratégia de prevenção e atributos de seleção do OPL
Nessa seção apresentar-se-á estratégia de gerenciamento de riscos da operação com base em
Andersson e Menckel (1995), foram estudados o curso temporal de eventos e os atores
envolvidos, durante o transporte com 17 indicadores, recebimento com 4 indicadores,
armazenagem com 6 indicadores e com 5 indicadores para destinação final dos resíduos.
A seleção do OPL, envolveu os aspectos quanto a gerenciamento de risco (próprio com
interveniência da seguradora), qualidade ambiental (ISO 14001), saúde ocupacional (OHSAS
18001), integridade das cargas (com perda < 0,5% ano) e com vários anos de tradição no
manuseio de produtos perigosos (LIEGGIO JR.; GRANEMANN; SOUZA, 2011).
Tabela 2 apresenta o resumo comparativo do desempenho do OPL nos anos de 2010 e 2011.
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Fontes: Os autores.
Tabela 2 – Resumo comparativo do desempenho do OPL em 2010 e 2011.
Nota-se pela Tabela 2 que ainda é possível melhoria nos indicadores de desempenho de
transporte, onde as maiores falhas foram no itinerário e avarias no transporte, quanto ao
indicadores de recebimento o ponto a ser trabalhado é a documentação divergente ser
corrigida dentro das 24 horas. Os indicadores de armazenagem apresenta 100% em todos os
requisitos com o uso dos EPIs pelos funcionários e sem acidentes registrados nos dois últimos
anos. E por último os indicadores de destinação final dos resíduos usados classe 3 estiveram
conforme a Resolução no 362 do CONAMA, portanto sem nenhum acidente e nem sansões.
5.3 Avaliação dos indicadores de desempenho utilizados na rotina operacional na
empresa fabricante de motores.
Com a finalidade de projetar os indicadores de desempenho utilizados na rotina operacional a
ser exigido do OPL, a Tabela 3 demonstra a ponderação qualitativa dos requisitos das rotinas
e cuidados no transporte do fornecedor, cabe ressaltar que a decisão de terceirização dos
serviços logísticos vem acompanhado de uma análise criteriosa da rotina operacional e dos
indicadores de desempenho.
Na ponderação dos critérios obteve-se os valores das notas: 3,6 em relação aos documentos do
motorista, 5,0 para a documentação do veículo, 5,0 documentação da carga, 4,6 itinerário,
4,4 estacionamento, 5,0 veículo, 4,9 sinalização do veículo, 5,0 conjuntos de equipamentos
para situações de emergência, 5,0 para avarias no transporte, sendo que para esse estudo
permanece o indicador de documentos do motorista como o fator menos relevante com a nota
de 3,6, e para os demais apontam para as suas importantes representatividades nas rotinas e
cuidados do transporte.
Fontes: Os autores.
Tabela 3 – Ponderação dos requisitos para rotina e cuidados do transporte do fornecedor.
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A Tabela 4 reflete a importância das rotinas do recebimento de produto líquido perigoso
classe 3, onde foram apontados os indicadores de rotinas e cuidados do recebimento,
realização da conferência do material e acoplamento da mangueira para abastecer o tanque
para armazenagem.
A análise de ponderação dos fatores para rotinas do recebimento, demonstra a importância de
todos os indicadores envolvidos nesse processo, pois todos os indicadores obtiveram a nota
5,0 demonstrando ser de extrema importância documentar a entrada do material correta para
que não haja divergências, uma correta conferência do material medindo a densidade para
efetuar a leitura das conformidades do material recebido e uma atenção especial para a
acoplagem da mangueira para abastecer o tanque de armazenagem, com cuidado para que não
ocorram avarias e aspectos prejudiciais à insalubridade e periculosidade, portanto, esses
fatores passam a ser críticos relacionados com o alto grau de risco de contaminação dos
indivíduos envolvidos no processo, bem como os prejuízos ao meio ambiente.
Fontes: Os autores.
Tabela 4 – Ponderação dos requisitos para rotina do recebimento.
A avaliação dos fatores relacionados às rotinas de armazenagem na Tabela 5, foram
representadas pela: capacidade de armazenagem, condições de armazenagem, medidas de
controle de infraestrutura e funcionários com utilização de EPIs. Os resultados das
ponderações desses indicadores foram nota 5,0, logo, para um nível de serviço excelente do
OPL, é necessário áreas livres para descarregar o material, áreas ventiladas com local para
retenção em caso de vazamento, infraestrutura isenta de materiais de combustão ou qualquer
outra fonte de calor e equipamentos elétricos para que não corra o risco de emitirem algum
tipo de faísca elétrica, além dos indivíduos que atuam diretamente com o material utilizarem
equipamentos de segurança para proteção respiratória, mãos, olhos, pele, chuveiros, lavadores
de olhos de emergência e a monitoração da exposição dos trabalhadores, conforme programa
de prevenção de riscos ambientais da NR-9.
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Fontes: Os autores.
Tabela 5 – Ponderação dos requisitos para rotina de armazenagem.
A Tabela 6 apresenta a avaliação dos requisitos da rotina da destinação correta de resíduos do
material coletado por dia e de material utilizado nos teste dos motores para uma correta
armazenagem.
O estudo aponta para coleta diária de óleo diesel de 14.500 litros acrescido de 204 litros de
óleo diesel esgotados após os testes dos motores somando um total de 14.704 litros
armazenados corretamente. O óleo utilizado nos testes dos motores é de 510 litros, onde 60%
desse montante, 306 litros seguem dentro dos motores para os clientes e 40%, 204 litros são
esgotados logo após os testes realizados nos motores, e que são armazenados corretamente.
Dessa forma tem-se 14.704 litros de óleo diesel rumo ao processo de separação dos óleos,
transferência para o tanque de armazenamento, processo de limpeza da elevatória de
separação do óleo e manutenção preventiva.
Fontes: Os autores.
Tabela 6 – Avaliação dos requisitos da rotina da destinação correta de resíduos.
6 Conclusões Nesse estudo foi apresentado o processo de terceirização do recebimento, armazenagem e
descarte de óleo diesel usado que é carga líquida perigosa classe 3, com foco mais restrito no
setor de produção, considerado como segredo industrial pela empresa fabricante de motores,
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situado em São Paulo, que compreende uma aplicação real na contratação desse tipo de
serviço.
Foi imprescindível estudar a rotina operacional dos elos da cadeia que se pretende terceirizar
e o levantamento dos 32 indicadores utilizados para o controle do processo, e a seleção do
OPL que cooperou no desenvolvimento do projeto, estabelecendo o gerenciamento de risco na
rotina operacional com enfoque no desempenho (SIMCHI-LEVI et al. 2010).
Sendo assim, os resultados da efetividade da terceirização do sistema logístico é percebido
por meio dos indicadores que servem também para a melhoria contínua do processo,
apresentando efetividade de melhoria de 3% no transporte em 2011 em relação a 2010,
melhoria de 4%, no recebimento em 2011 comparado com 2010, e tanto armazenagem como
destinação final dos resíduos com índices de 100% nos dois anos, o que atende integralmente
a percepção dos gestores da contratante e a legislação ambiental vigente, logo, quando as
responsabilidades do contratante e do OPL são definidas claramente em contrato e são
acompanhadas por indicadores de desempenho no dia a dia aumenta as chances de sucesso da
terceirização.
Entretanto, se fazem necessários estudos complementares, porque traduzir problemas em
informações que possam ser sintetizadas em outras com uso de métodos conhecidos torna-se
um trabalho exaustivo, pois o entendimento dos indicadores e as prioridades estabelecidas
dependem da subjetividade do decisor e das intenções desejadas.
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