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    Exercícios com Gabarito de Português

    Sintaxe - Período Simples 

    1) (Cesgranrio-1995) Assinale a opção que traz corretasclassificações do sujeito e da predicação verbal.

    a) "Houve uma considerável quantidade" - sujeitoinexistente; verbo transitivo direto.b) "que jamais hão-de ver país como este" - sujeitoindeterminado; verbo transitivo indireto.c) "mas reflete a pulsação da inenarrável história de cadaum"- sujeito simples; verbo transitivo direto e indireto.d) "que se recebe em herança" - sujeito indeterminado;verbo transitivo indireto.e) "a quem tutela" - sujeito simples; verbo intransitivo.

    2) (UFC-2002) No trecho: “Eu não creio, não posso mais

    acreditar na bondade ou na virtude de homem algum;todos são mais ou menos ruins, falsos, e indignos; háporém alguns que sem dúvida com o fim de ser maisnocivos aos outros, e para produzir maior dano, têm omerecimento de dizer a verdade nua e crua, (...)” (p.65):

    I . algum e alguns são pronomes indefinidos.II. alguns é sujeito do verbo haver.III. algum equivale a nenhum.

    Assinale a alternativa correta sobre as assertivas acima:a) apenas I é verdadeira.b) apenas II é verdadeira.c) apenas I e II são verdadeiras.

    d) apenas I e III são verdadeiras.e) I, II e III são verdadeiras.

    3) (PUCCamp-1995) A questão da descriminalizaçãodas drogas se presta a freqüentes simplificações de carátermaniqueísta, que acabam por estreitar um problemaextremamente complexo, permanecendo a discussãoquase sempre em torno da droga que está mais emevidência.

    Vários aspectos relacionados ao problema (abusodas chamadas drogas lícitas, como medicamentos, inalação

    de solventes, etc.) ou não são discutidos, ou não merecema devida atenção. A sociedade parece ser pouco sensível,por exemplo, aos problemas do alcoolismo, querepresenta a primeira causa de internação da populaçãoadulta masculina em hospitais psiquiátricos. Recenteestudo epidemiológico realizado em São Paulo apontouque 8% a 10% da população adulta apresentavamproblemas de abuso ou dependência de álcool. Por outrolado, a comunidade mostra-se extremamente sensível aouso e abuso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína,heroína, etc.

    Dois grupos mantém acalorada discussão. O

    primeiro acredita que somente penalizando traficantes eusuários pode-se controlar o problema, atitude essacentrada, evidentemente, em aspectos repressivos.

    Essa corrente atingiu o seu maior momento logoapós o movimento militar de 1964. Seus representantesacreditam, por exemplo, que "no fim da linha" usuáriosfazem sempre um pequeno comércio, o que, no fundo, osigualaria aos traficantes, dificultando o papel da Justiça.Como solução, apontam, com freqüência, para osreconhecidamente muito dependentes, programasextensos a serem desenvolvidos em fazendas derecuperação, transformando o tratamento em umprograma agrário.

    Na outra ponta, um grupo "neoliberal" busca umasolução nas regras do mercado. Seus integrantesacreditam que, liberando e taxando essas drogas atravésde impostos, poderiam neutralizar seu comercio, seu uso eseu abuso. As experiências dessa natureza em curso emoutros países não apresentam resultados animadores.

    Como uma terceira opção, pode-se olhar aquestão considerando diversos ângulos. O usuário

    eventual não necessita de tratamento, deve ser apenasalertado para os riscos. O dependente deve ser tratado, e,para isso, a descriminalização do usuário é fundamental,pois facilitaria muito seu pedido de ajuda. O traficante e oprodutor devem ser penalizados. Quanto ao argumento deque usuários vendem parte do produto: é fruto dedesconhecimento de como se dão as relações e as trocasentre eles.

    Duplamente penalizados, pela doença(dependência) e pela lei, os usuários aguardam melhoresprojetos, que cuidem não só dos aspectos legais, mastambém dos aspectos de saúde que são inerentes ao

    problema.

    (Adaptado de Marcos P.T. Ferraz, Folha de São Paulo)

    Como solução, apontam, com freqüência, para osreconhecidamente muito dependentes, programasextensos.

    Sobre a frase anterior é INCORRETO afirmar-se que:a) o sujeito é inexistente.

    b) "com freqüência" é um adjunto adverbial.c) "os reconhecidamente muito dependentes" é o objetoindireto.d) "programas extensos" é o objeto direto.e) "extensos" é adjunto adnominal.

    4) (UFMG-1998) Já não basta ficarem mexendo toda horano valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nasalíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regrasdo imposto de renda?

    Já não basta mudarem as formas da Lua, as

    marés, a direção dos ventos e o mapa da Europa? E asregras das campanhas eleitorais, o ministério, ocomprimento das saias, a largura das gravatas? Não basta

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    os deputados mudarem de partido, homens viraremmulher, mulheres virarem homem e os economistasvirarem lobisomen, quando saem do Banco Central eingressam na banca privada?

    Já não basta os prefeitos, como imperadoresromanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciaiscomo a Vieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem àaventura maluca de destruir largos pedaços da cidade pararasgar avenidas, como em São Paulo? Já não bastamudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e oque emagrece? Não basta mudarem a capital federal, onúmero de estados, o número de municípios e até o nomedo país, que já foi Estados Unidos do Brasil e depois virouRepública Federativa do Brasil?

    Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendomudar as regras de escrever o idioma.

    "Minha pátria é a língua portuguesa", escreveuFernando Pessoa pela pena de um de seus heterônimos,

    Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego.Desassossegados estamos. Querem mexer na pátria.Quando mexem no modo de escrever o idioma, põem amão num espaço íntimo e sagrado como a terra de ondese vem, o clima a que se acostumou, o pão que se come.

    Aprovou-se recentemente no Senado mais umareforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nosúltimos 52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muitareforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anosaprendeu a escrever "idéa", depois, em 1943, mudou para"idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passouincólume, mas agora vai escrever "ideia", sem acento.

    Reformas ortográficas são quase sempre umexercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentambanhar de lógica o que, por natureza, possui extensaszonas infensas à lógica, como é o caso de um idioma.Escreve-se "Egito", e não "Egipto", mas "egípcio", e não"egício", e daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala"muinto". Segundo, porque, quando as reformas se regempela obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita, comoé o caso das reformas da Língua Portuguesa, estãocorrendo atrás do inalcançável. A pronúncia muda notempo e no espaço. A flor que já foi "azálea" está virando"azaléa" e não se pode dizer que esteja errado o que todo

    o povo vem consagrando. "Poder" se pronuncia "poder" noSul do Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que agrafia coincida sempre com a pronúncia é como correratrás do arco-íris, e a comparação não é fortuita, pois umalíngua é uma coisa bela, mutável e misteriosa como umarco-íris.

    Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola.Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasile de Portugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se queseria uma violência fazer um português escrever "fato"quando fala "facto", brasileiro escrever "facto" ou"receção" (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no

    sentido inferno astral da economia). Deixou-se, então, quecada um continuasse a escrever como está acostumado,no que se fez bem, mas, se a reforma era para unificar e

    não unifica, para que então fazê-la? Unifica um pouco,responderão os defensores da reforma. Mas, se é só umpouco, o que adianta? Aliás, para que unificar? O últimoargumento dos propugnadores da reforma é que, afinal,ela é pequena - mexe com a grafia de 600, entre as cercade 110.000 palavras da Língua Portuguesa, ou apenas0,54% do total. Se é tão pequena, volta a pergunta: paraque fazê-la?

    Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim,torna mais fácil seu ensino. Engano. A representaçãoescrita da língua é um bem que percorre as gerações,passando de uma à outra, e será tão mais bem transmitidaquanto mais estável for, ou, pelo menos, quanto menosinterferências arbitrárias sofrer. Não se mexa assim nalíngua. O preço disso é banalizá-la como já fizeram com amoeda, no Brasil.Roberto Pompeu de Toledo - Veja, 24.05.95.Texto adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da

    COPEVE/UFMG

    Todas as alternativas contêm trechos que, no texto,apresentam imprecisão do agente da ação verbal, exceto:

    a) Já não basta mudarem toda hora as teorias sobre o queengorda e o que emagrece?b) Já não basta ficarem mexendo toda hora no valor e nonome do dinheiro?c) Lá vêm eles de novo, querendo mudar as regras deescrever o idioma.d) Já não basta os prefeitos, como imperadores, tentarem

    mudar o nome de avenidas cruciais (...)?

    5) (Mack-1996) "Há uma gota de sangue em cada poema."Assinale a alternativa que contém uma observação corretasobre a sintaxe dessa frase.a) sujeito: uma gota de sangue.b) verbo intransitivo.c) adjuntos adverbiais: uma e de sangue.d) complemento nominal: em cada poema.e) predicado verbal: toda a oração.

    6) (UFV-1996) "Paquera, gabiru, flerte, caso, transa,envolvimento, até paixão é fácil." As gramáticas diriam queesta flexão verbal está correta porque o sujeito écomposto:a) de diferentes pessoas gramaticais.b) constituído de palavras mais ou menos sinônimas.c) posposto ao verbo.d) ligado por preposição.e) oracional.

    7) (Mack-2001) ... E surgia na Bahia o anacoreta sombrio,cabelos crescidos até aos ombros, barba inculta e longa;

    face escaveirada; olhar fulgurante; monstruoso, dentro deum hábito azul de brim americano; abordoado ao clássicobastão em que se apóia o passo tardo dos peregrinos.

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    É desconhecida a sua existência durante tão longo período.Um velho caboclo, preso em Canudos nos últimos dias dacampanha, disse-me algo a respeito, mas vagamente, semprecisar datas, sem pormenores característicos.Conhecera-o nos sertões de Pernambuco, um ou dousanos depois da partida do Crato.

    Considere as afirmações.I - o anacoreta sombrio e a sua existência desempenhamfunção sintática de sujeito.II - Os pronomes oblíquos assinalados desempenhamfunções sintáticas diferentes.III - Depois da conjunção mas há elipse de um verbo.Assinale:a) se apenas I e II estiverem corretas.b) se apenas II e III estiverem corretas.c) se apenas II estiver correta.d) se todas estiverem corretas.

    e) se apenas I e III estiverem corretas.

    8) (UECE-2006) “Além, muito além daquela serra, queainda azula no horizonte, nasceu Iracema.Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelosmais negros que a asa da graúna e mais longos que seutalhe de palmeira.O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem abaunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria osertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreiratribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal

    roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terracom as primeiras águas.Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro dafloresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, maisfresca do que o orvalho da noite........................................................................Rumor suspeito quebra a harmonia da sesta. Ergue avirgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vistaperturba-se. Diante dela, e todo a contemplá-la, está umguerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mauespírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias quebordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas.

    Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.Foi rápido como o olhar o gesto de Iracema. A flechaembebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham naface do desconhecido.De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz daespada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu nareligião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura eamor. Sofreu mais da alma que da ferida.O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não sei eu.

    Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba e correupara o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão,que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o

    sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flechahomicida; deu a haste ao desconhecido, guardandoconsigo a ponta farpada.

    O guerreiro falou:- Quebras comigo a flecha da paz?- Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meusirmãos? Donde vieste a estas matas que nunca viram outroguerreiro como tu?- Venho de longe, filha das florestas. Venho das terras queteus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.- Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras,senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai deIracema.” (José de Alencar, do romance Iracema)

    “ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra”.(linhas17 a 18). O agente de deslumbra éa) a virgemb) os olhosc) a palavra qued) o sol

    9) (UFSC-2007)

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    TEXTO 4

    “Capitu deu-me as costas, voltando-se para oespelhinho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos eentrei a alisá-los com o pente, desde a testa até asúltimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé nãodava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha

    mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesmaaltura. Pedi-lhe que se sentasse”.[...]

    “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosasme fez esquecer a primeira amada do meu coração?

    [...]E bem, qualquer que seja a solução, uma

    coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos,a saber, que a minha primeira amiga e o meu maioramigo, tão extremosos ambos e tão queridostambém, quis o destino que acabassem juntando-se eenganando-me... A terra lhes seja leve!” 

    ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: FTD,1991, p. 65, 208 e 209.

    A respeito do TEXTO 4 e da obra Dom Casmurro, assinalea(s) proposição(ões) CORRETA(S).

    01. Em “Peguei-lhe dos cabelos...” (linhas 1-3), “...que lhedesciam” (linha 3) e “Pedi-lhe que se sentasse” (linhas 4-5),a palavra destacada, embora sendo um pronome pessoaloblíquo, tem valor possessivo.02. Os pronomes destacados em “Capitu deu-me as

    costas” (linha 1), “voltando-se para o es-pelhinho” (linha 1)e “... que se sentasse” (linhas 4-5) são todos reflexivos,

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    pois o mesmo indivíduo ao mesmo tempo que exerce aação expressa pelo verbo, recebe os efeitos dessa ação.04. Em “Em pé não dava jeito” (linha 3), a elipse do sujeitonos remete a Capitu, que não conseguia pentear seuscabelos sem o auxílio do narrador.08. Dom Casmurro é um romance com fortes tendênciasrealistas, em que Machado exercita com maestria oslongos textos descritivos e explicativos, prolongando ahistória e protelando o desfecho.16. A narrativa gira em torno do triângulo Bentinho, Capitue Escobar. Bentinho é o narrador que está vivo e relatandoo triste desfecho da história de sua vida, cujos pilaresforam Capitu e Escobar, que já estão mortos.32. Bentinho tem certeza de que foi traído, e o romanceoferece pistas para sua comprovação, como, por exemplo,a semelhança de Ezequiel com Escobar e uma cartareveladora deixada por Capitu.64. Com a frase “A terra lhes seja leve!” (linha 13),

    Bentinho revela acreditar que os dois possíveis amantesnão merecem punição.

    10) (PUC-SP-2006) A animalização do paísClóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006

    SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-seontem, nesta Folha, a história de um Honda Fitabandonado em uma rua do Rio de Janeiro "com umacabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros,retalhados a machadadas, no interior do veículo".Prossegue o relato: "A reação dos moradores foi tão

    chocante como as brutais mutilações. Vários moradoresbuscaram seus celulares para fotografar os corpos, e osmais jovens riram e fizeram troça dos corpos.Os próprios moradores descreveram a algazarra àreportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?",relatou um motoboy que pediu para não ser identificado,enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada aover que o coração e os intestinos de uma das vítimastinham sido retirados e expostos por seus algozes."Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado",respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causade sua reação.

    O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria,num esforço de auto-engano, para dizer que crimesbestiais ocorrem em todas as partes do mundo.Mas a reação dos moradores prova que não se trata deuma perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O paísperde, crescentemente, o respeito à vida, a valoresbásicos, ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, obestial, vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.O processo de animalização contamina a sociedade, apartir do topo, quando o presidente daRepública diz que seu partido está desmoralizado, mas vai

    à festa dos desmoralizados e confraterniza comtrambiqueiros confessos. Também deve achar"engraçado".

    Alguma surpresa quando é declarado inocente ocomandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos deparcela da sociedade para quem presos não têm direito àvida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. Éa lei da selva, no asfalto.

    No primeiro parágrafo do texto, lê-se o seguinte trecho:"No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nestaFolha, a história de um Honda Fit abandonado...". Emrelação a esse trecho, a ação de ler expressa em "lia-se.tem como agente:a) Um grupo generalizado de leitores.b) Apenas Elvira Lobato, uma vez que ela é a autora doartigo referido pelo autor.c) Apenas o relato de Elvira Lobato, pois é ele que exerce aação expressa pelo verbo.d) Exclusivamente o próprio autor deste artigo (Clóvis

    Rossi), porque só ele pôde ter acesso ao texto.e) Somente os jovens negros referidos no artigo, pois oque aconteceu com eles é o centro deste artigo.

    11) (Vunesp-2003) A questão abaixo toma por base umfragmento da Poética, do fi lósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), um fragmento de Corte na Aldeia, do poetaclássico português Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622),e um fragmento de uma crônica do escritor realistabrasileiro Machado de Assis (1839-1908).

    PoéticaPelas precedentes considerações se manifesta que não éofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o derepresentar o que poderia acontecer, quer dizer: o que épossível segundo a verossimilhança e a necessidade. Comefeito, não diferem o historiador e o poeta, porescreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam serpostas em verso as obras de Heródoto, e nem por issodeixariam de ser história, se fossem em verso o que eramem prosa), - diferem, sim, em que diz um as coisas quesucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso apoesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a

    história, pois refere aquela principalmente o universal, eesta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo euatribuir a um indivíduo de determinada naturezapensamentos e ações que, por liame de necessidade everossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal,assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes aosseus personagens; particular, pelo contrário, é o que fezAlcibíades ou o que lhe aconteceu.(Aristóteles, Poética)

    Corte na Aldeia

    - A minha inclinação em matéria de livros (disse ele), de

    todos os que estão presentes é bem conhecida; somentepoderei dar agora de novo a razão dela. Souparticularmente afeiçoado a livros de história verdadeira,

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    e, mais que às outras, às do Reino em que vivo e da terraonde nasci; dos Reis e Príncipes que teve; das mudançasque nele fez o tempo e a fortuna; das guerras, batalhas eocasiões que nele houve; dos homens insignes, que, pelodiscurso dos anos, floresceram; das nobrezas e brasõesque por armas, letras, ou privança se adquiriram. [...][...]- Vós, senhor Doutor (disse Solino) achareis isso nos vossoscartapácios; mas eu ainda estou contumaz. Primeiramente,nas histórias a que chamam verdadeiras, cada um mentesegundo lhe convém, ou a quem o informou, ou favoreceupara mentir; porque se não forem estas tintas, é tudo tãomisturado que não há pano sem nódoa, nem légua semmau caminho. No livro fingido contam-se as cousas comoera bem que fossem e não como sucederam, e assim sãomais aperfeiçoadas. Descreve o cavaleiro como era bemque os houvesse, as damas quão castas, os Reis quão justos, os amores quão verdadeiros, os extremos quão

    grandes, as leis, as cortesias, o trato tão conforme com arazão. E assim não lereis livro em o qual se não destruamsoberbos, favoreçam humildes, amparem fracos, sirvamdonzelas, se cumpram palavras, guardem juramentos esatisfaçam boas obras. [...]Muito festejaram todos o conto, e logo prosseguiu oDoutor:- Tão bem fingidas podem ser as histórias que merecemmais louvor que as verdadeiras; mas há poucas que osejam; que a fábula bem escrita (como diz SantoAmbrósio), ainda que não tenha força de verdade, temuma ordem de razão, em que se podem manifestar as

    cousas verdadeiras.(Francisco Rodrigues Lobo, Corte na Aldeia)

    Crônica (15.03.1877)Mais dia menos dia, demito-me deste lugar. Umhistoriador de quinzena, que passa os dias no fundo de umgabinete escuro e solitário, que não vai às touradas, àscâmaras, à rua do Ouvidor, um historiador assim é umpuro contador de histórias.E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa.Um contador de histórias é justamente o contrário de

    historiador, não sendo um historiador, afinal de contas,mais do que um contador de histórias. Por que essadiferença? Simples, leitor, nada mais simples.O historiadorfoi inventado por ti, homem culto, letrado, humanista; ocontador de histórias foi inventado pelo povo, que nuncaleu Tito Lívio, e entende que contar o que se passou é sófantasiar. O certo é que se eu quiser dar uma descriçãoverídica da tourada de domingo passado, não poderei,porque não a vi.[...](Joaquim Maria Machado de Assis, História de Quinze Dias.In: Crônicas)

    A leitura do último período do fragmento de RodriguesLobo revela que o escritor valeu-se com elegância do

    recurso à elipse para evitar a repetição desnecessária deelementos. Com base nesta observação,a) aponte, na série enumerativa que começa com a oração“se não destruam soberbos”, os vocábulos que sãoomitidos, por elipse, nas outras orações da série;b) considerando que as sete orações da série enumerativase encontram na chamada “voz passiva sintética”, indiqueo sujeito da primeira oração e as características de flexão econcordância que permitem identificá-lo.

    12) (FGV-2006) Amor de SalvaçãoEscutava o filho de Eulália o discurso de D. José, lardeadode facécias, e, por vezes, atendível por umas razões que selhe cravavam fundas no espírito. As réplicas saíam-lhefrouxas e mesmo timoratas. Já ele se temia de respondercoisa de fazer rir o amigo. Violentava sua condição para oigualar na licença da idéia, e, por vezes, no desbragado dafrase. Sentia-se por dentro reabrir em nova primavera de

    alegrias para muitos amores, que se haviam de destruiruns aos outros, a bem do coração desprendidosalutarmente de todos. A sua casa de Buenos Airesaborreceu-a por afastada do mundo, boa tão somentepara tolos infelizes que fiam do anjo da soledade odespenarem-se, chorando. Mudou residência para ocentro de Lisboa, entre os salões e os teatros, entre orebuliço dos botequins e concurso dos passeios. Entrou emtudo. As primeiras impressões enjoaram-no; mas, à beiradele, estava D. José de Noronha, rodeado dos próceres dabizarriz (sic), todos porfiados em tosquiarem umdromedário provinciano, que se escondera em Buenos

    Aires a delir em prantos uma paixão calosa, trazida lá dasserranias minhotas. Ora, Afonso de Teive antes queriarenegar da virtude, que já muito a medo lhe segredava osseus antigos ditames, que expor-se à irrisão de pessoasdaquele quilate. É verdade que às vezes duas imagenslagrimosas se lhe antepunham: a mãe, e Mafalda. Afonsodesconstrangia-se das visões importunas, e a si se acusavade pueril visionário, não emancipado ainda das crendicesdo poeta inesperto da prosa necessária à vida.Escrever, porém, a Teodora, não vingaram as sugestões deD. José. Porventura, outras mulheres superiormente belas,e agradecidas às suas contemplações, o traziam

    preocupado e algum tanto esquecido da morgada daFervença.Mas, um dia, Afonso, numa roda de mancebos a quemdava de almoçar, recebeu esta carta de Teodora:“Compadeceu-se o Senhor. Passou o furacão. Tenho a

    cabeça fria da beira da sepultura, de onde me ergui. Aquiestou em pé diante do mundo. Sinto o peso do coraçãomorto no seio; mas vivo eu, Afonso. Meus lábios já nãoamaldiçoam, minhas mãos estão postas, meus olhos nãochoram. O meu cadáver ergueu-se na imobilidade daestátua do sepulcro. Agora não me temas, não me fujas.Pára aí onde estás, que as tuas alegrias devem ser muito

    falsas, se a voz duma pobre mulher pode perturbá-las.Olha... se eu hoje te visse, qual foste, ao pé de mim, anjoda minha infância, abraçava-te. Se me dissesses que a tua

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    inocência se baqueara à voragem das paixões, repelia-te.Eu amo a criança de há cinco anos, e detesto o homem dehoje.Serena-te, pois. Esta carta que mal pode fazer-te, Afonso?Não me respondas; mas lê. À mulher perdida relanceou oCristo um olhar de comiseração e ouviu-a. E eu, se vissepassar o Cristo, rodeado de infelizes, havia de ajoelhar edizer-lhe: Senhor! Senhor! É uma desgraçada que vosajoelha e não uma perdida. Infâmias, uma só não tenhoque a justiça da terra me condene. Estou acorrentada a umdever imoral, tenho querido espadaçá-lo, mas estou pura.Dever imoral... por que, não, Senhor! Vós vistes que eu erainocente; minha mãe e meu pai estavam convosco.’’ A propósito do trecho “Compadeceu-se o Senhor. Passou ofuracão. Tenho a cabeça fria da beira da sepultura, deonde me ergui.” (L. 22-23), pode-se dizer que:A) Teodora diz que Deus havia tido dó de seus sofrimentos.Assim, o termo Senhor é sujeito de compadeceu-se.

    B) A autora da carta dirige-se a Deus; assim, a funçãosintática de Senhor é vocativo.C) Teodora havia falecido. O autor recorre a um artifíciopara dar-lhe voz.D) Teodora declara já ter conseguido retomarcompletamente o controle de sua vida porque tinhasofrido demais.E) Em passou o furacão, identifica-se a figura chamadasilepse.

    13) (Unicamp-1995) Ao ler o texto a seguir, alguns leitorespodem ter a impressão de que o verbo "achar" estáflexionado equivocadamente:

    ERA DO TERRORAssessores de Itamar filosofam que o governo justo éaquele que entra do lado do mais fraco. Como considerama inflação resultado de conflito na distribuição de renda,apregoam cadeia para quem acham que "abusa" nospreços.(Painel, Folha de S. Paulo, 11.03.94)

    a) a quem o jornal atribui a opinião de que quem abusanos preços deve ir para a cadeia?b) do ponto de vista sintático, o que produz a sensação deque há um erro de concordância?c) explique por que não há erro algum.

    14) (FGV-2004) Assinale a alternativa em que a oraçãosublinhada funciona como sujeito do verbo da oraçãoprincipal.

    a) Não queria que José fizesse nenhum mal ao garoto.b) Não interessa se o trem solta fumaça ou não.

    c) As principais ações dependiam de que os componentesdo grupo tomassem a iniciativa.d) Era uma vez um sapo que não comia moscas.

    e) Nossas esperanças eram que a viatura pudesse voltar atempo de sair atrás do bandido.

    15) (FGV-2002) Assinale a alternativa em que estrelas tema mesma função sintática que em:

    “Brilham no alto as estrelas.”  

    a) Querem erguer-se às estrelas.b) Gostavam de contemplar as estrelas.c) Seus olhos tinham o brilho das estrelas.d) Fui passear com as estrelas do tênis.e) As estrelas começavam a surgir.

    16) (FGV-2003) Assinale a alternativa em que o pronomevocê exerça a função de sujeito do verbo sublinhado.

    a) Cabe a você alcançar aquela peça do maleiro.b) Não enchas o balão de ar, pois ele pode ser levado pelovento.c) Ao chegar, vi você perambulando pelo shopping center  da Mooca.d) Ei, você, posso entrar por esta rua?e) Na Estação Trianon-Masp desceu a Angelina; naConsolação, desceu você.

    17) (IBMEC-2006) Assinale a alternativa em que o termosublinhado não é sujeito da oração.

    a) “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique não amava ninguém.” (Carlos Drummond de Andrade) b) “E vendo os vales e os montes E a pátria que Deus nos deu,Possamos dizer contentes:Tudo isso que vejo é meu!” (Gonçalves Dias) c) “São aqueles que empurram as águas e as fazem servir de alimento” (Mário de Andrade) d) “Eu amo a noite solitária e muda, Quando no vasto céu fitando os olhos,Além do escuro, que lhe tinge a face,

    Alcanço deslumbrado...” (Gonçalves Dias) e) “Mas precisamos agora deter o sabotadorque instala a bomba da fomedentro do trabalhador.” (Ferreira Gullar) 

    18) (FGV-2002) Assinale a alternativa que completacorretamente as lacunas da frase:“Eu _____ encontrei ontem, mas não _____ reconheciporque ________ anos que não _____ via.” a) lhe, lhe, há, lhe.

    b) o, o, haviam, o.c) lhe, o, havia, lhe.d) o, lhe, haviam, o.

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    e) o, o, havia, o.

    19) (UFMG-2005) Considere este conceito:“O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração.”  CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do portuguêscontemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p.119.REDIJA um texto, explicitando por que esse conceito nãose aplica a cada uma das seguintes frases:1. Eu vos declaro marido e mulher.2. Dessa água, nós não bebemos de jeito nenhum.

    20) (ITA-2005) Considere o uso do particípio nas frasesabaixo:I. Considerado um dos principais pensadores da

    educação no país, o economista Cláudio de Moura Castrosintetiza a relação atual do diploma com o mercado detrabalho em uma frase (...).II. Equilibrados demais acessórios, igualado o preço,o motor pode desempatar a escolha do consumidor.III. Brasileiro nascido na China, Wong observa que éem países como esses (...).Considere ainda a seguinte regra gramatical:“[...] a oração de particípio tem sujeito diferente do sujeitoda oração principal e estabelece, para com esta, umarelação de anterioridade.” (Cunha, C.; Cintra, L. Nova gramática do português

    contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985:484)Esta regra se aplicaa) apenas a I.b) a I e II.c) a I e III.d) apenas a II.e) a II e III.

    21) (Fuvest-2004) Conversa no ônibusSentaram-se lado a lado um jovem publicitário e umvelhinho muito religioso. O rapaz falava animadamente

    sobre sua profissão, mas notou que o assunto nãodespertava o mesmo entusiasmo no parceiro. Justificou-se,quase desafiando, com o velho chavão:

    - A propaganda é a alma do negócio.- Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou

    daqueles que acham que o sujeito dessa frase devia ser onegócio.

    a) A palavra alma tem o mesmo sentido para ambas aspersonagens? Justifique.b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase naversão que a ele pareceu mais coerente.

    22) (FGV-2003) Diga, da perspectiva da norma culta, se afrase abaixo está correta ou incorreta. Justifique suaresposta.

    Este livro trata-se da melhor forma de você sedivertir sem gastar muito.

    23) (UFV-1996) Dizem algumas gramáticas que o sujeitonão pode ser regido de preposição. Assinale a alternativaem que aparece exemplo ilustrativo de obediência a essaproscrição:a) "A proteção dele não precisa ser parruda..."b) "... quem não se chateia com o fato de o seu bem serpaquerado."c) "... quando se chega ao lado dele a gente treme..."d) "... quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado..."e) "... quem não fala sozinho, não ri de si mesmo..."

    24) (Mack-2002) Embalo da canção01 Que a voz adormeça02 que canta a canção!03 Nem o céu floresça04 nem floresça o chão.

    05 (Só - minha cabeça,06 Só - meu coração.07 Solidão.)

    08 Que não alvoreça

    09 nova ocasião!10 Que o tempo se esqueça11 de recordação!

    12 (Nem minha cabeça13 nem meu coração.14 Solidão!)Cecília Meireles

    Assinale a afirmação correta sobre o texto.a) Na primeira estrofe, o eu cita experiências do passado.b) alvorecer e florescer expressam o desejo de um mundo

    melhor.c) Em nem floresça o chão tem-se oração sem sujeito.d) A quarta estrofe retoma a segunda para aprofundar aidéia de solidão.e) A forma verbal adormeça expressa o apelo a um tu, aquem o eu se dirige.

    25) (Cesgranrio-1994) Entre as frases a seguir somenteUMA apresenta sujeito indeterminado. Assinale-a.a) Há a marca da vida nas pessoas.

    b) Não se necessita de lavadeira.c) Vai um sujeito pela rua.d) Não se engomou seu paletó.

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    e) Pede-se um pouco de paciência.

    26) (UFPE-1996) ERRO DE PORTUGUÊS

    Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despido

    o português.(Oswald de Andrade)

    Em:"Vestiu 'o índio' ..."" 'O índio' tinha despido ...", os termos entre aspas simplesexercem, respectivamente, as funções de objeto direto e

    sujeito agente.Assinale o par de frases em que, para os destaques, aclassificação sintática é, respectivamente, a mesma.a) "... e perdeu a 'calma'.""A 'calma' voltou a estabelecer-se."b) "Do mundo, 'nada' se leva."" 'Nada' se cria; tudo se recria."c) "O diretor exibiu 'cenas' do filme.""As 'cenas' foram exibidas na noite de estréia ..."d) "Encontraram-se 'vestígios' da ação.""Dos 'vestígios', nada fora encontrado."e) "Fundiam-se no 'personagem' sentimentos

    contraditórios.""O 'personagem' exibia sentimentos contraditórios."

    27) (PUC-SP-2005) Estradas de RodagemComparados os países com veículos, veremos que osEstados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentinaum automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carrode boi.O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km porhora; o terceiro apesar das revoluções tira 10 léguas pordia; nós...Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a

    estação das águas, e nos outros 6 meses caminhamos àrazão de 2 léguas por dia. A colossal produção agrícola eindustrial dos americanos voa para os mercados com avelocidade média de 100 km por hora. Os trigos e carnesargentinas afluem para os portos em autos e locomotivasque uns 50 km por hora, na certa, desenvolvem.As fibras do México saem por carroças e se um generalrevolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvocom relativa presteza. O nosso café, porém, o nosso milho,o nosso feijão e a farinha entram no carro de boi, ocarreiro despede-se da família, o fazendeiro coça a cabeçae, até um dia!. Ninguém sabe se chegará, ou como

    chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está devolta, quando vê chegar o carreiro.Então? Foi bem de viagem?

    O carreiro dá uma risadinha.Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e...E o quê?... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois

    para tirar ele.E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro.Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a rapaduraderrete, o feijão caruncha, o milho grela; só o café resiste eainda aumenta o peso.(LOBATO, M. Obras Completas, 14ª ed., São Paulo,Brasiliense, 1972, v. 8, p.74)

    A sintaxe de concordância é determinada por regraspresentes na Gramática Normativa da LínguaPortuguesa. Uma delas refere-se ao sujeito constituído porpalavras que têm forma plural precedidos ou não deartigo. Identifique o caso em que o sujeito é um pluralaparente:

    a) “Comparados os países com veículos, veremos que osEstados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentinaum automóvel; o México uma carroça; e o Brasil um carrode boi.” b) “A colossal produção agrícola e industrial dosamericanos voa para os mercados com a velocidade médiade 100 km por hora.” c) “Os trigos e carnes argentinas afluem para os portos emautos e locomotivas que uns 50 km porhora, na certa, desenvolvem.” d) “As fibras do México saem por carroças e se um generalrevolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvo

    com relativa presteza.” e) “E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar ocarro.” 

    28) (Mack-2001) Ficávamos sonhando horas inteiras,Com os olhos cheios de visões piedosas:Éramos duas virginais palmeiras,Abrindo ao céu as palmas silenciosas.

    As nossas almas, brancas, forasteiras,No éter sublime alavam-se radiosas.

    Ao redor de nós dois, quantas roseiras… O áureo poente coroava-nos de rosas.

    Era um arpejo de harpa todo o espaço:Mirava-a longamente, traço a traço,No seu fulgor de arcanjo proibido.

    Surgia a lua, além, toda de cera… Ai como suave então me pareceraA voz do amor que eu nunca tinha ouvido! Alphonsus de Guimaraens

    Assinale a alternativa correta.a) Os versos 3 e 4 expressam, por meio de metáforas, adesistência da busca de alturas.

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    b) No último verso, uma vírgula depois de amor mantém osentido inalterado.c) Na segunda estrofe, nomes e verbos representam ummundo carnal.d) No verso 8, há a sugestão do tempo da cena por meiodo sujeito sintático.e) Os versos 9 e 12 apresentam sujeito anteposto aoverbo.

    29) (UFMG-1998) Já não basta ficarem mexendo toda horano valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nasalíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regrasdo imposto de renda?Já não basta mudarem as formas da Lua, as marés, adireção dos ventos e o mapa da Europa? E as regras dascampanhas eleitorais, o ministério, o comprimento dassaias, a largura das gravatas? Não basta os deputados

    mudarem de partido, homens virarem mulher, mulheresvirarem homem e os economistas virarem lobisomen,quando saem do Banco Central e ingressam na bancaprivada?Já não basta os prefeitos, como imperadores romanos,tentarem mudar o nome de avenidas cruciais como aVieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à aventuramaluca de destruir largos pedaços da cidade para rasgaravenidas, como em São Paulo? Já não basta mudarem todahora as teorias sobre o que engorda e o que emagrece?Não basta mudarem a capital federal, o número deestados, o número de municípios e até o nome do país,

    que já foi Estados Unidos do Brasil e depois virouRepública Federativa do Brasil?Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo mudar asregras de escrever o idioma."Minha pátria é a língua portuguesa", escreveu FernandoPessoa pela pena de um de seus heterônimos, BernardoSoares, autor do Livro do Desassossego. Desassossegadosestamos. Querem mexer na pátria. Quando mexem nomodo de escrever o idioma, põem a mão num espaçoíntimo e sagrado como a terra de onde se vem, o clima aque se acostumou, o pão que se come.Aprovou-se recentemente no Senado mais uma reforma

    ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nos últimos52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita reforma, parapouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anos aprendeu aescrever "idéa", depois, em 1943, mudou para "idéia",ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou incólume, masagora vai escrever "ideia", sem acento.Reformas ortográficas são quase sempre um exercício vão,por dois motivos. Primeiro, porque tentam banhar delógica o que, por natureza, possui extensas zonas infensasà lógica, como é o caso de um idioma. Escreve-se "Egito", enão "Egipto", mas "egípcio", e não "egício", e daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala "muinto". Segundo,

    porque, quando as reformas se regem pela obsessão defazer coincidir a fala com a escrita, como é o caso dasreformas da Língua Portuguesa, estão correndo atrás do

    inalcançável. A pronúncia muda no tempo e no espaço. Aflor que já foi "azálea" está virando "azaléa" e não se podedizer que esteja errado o que todo o povo vemconsagrando. "Poder" se pronuncia "poder" no Sul doBrasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que a grafiacoincida sempre com a pronúncia é como correr atrás doarco-íris, e a comparação não é fortuita, pois uma língua éuma coisa bela, mutável e misteriosa como um arco-íris.Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola. Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasil e dePortugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se que seriauma violência fazer um português escrever "fato" quandofala "facto", brasileiro escrever "facto" ou "receção" (queele só conhece, e bem, com dois ss, no sentido infernoastral da economia). Deixou-se, então, que cada umcontinuasse a escrever como está acostumado, no que sefez bem, mas, se a reforma era para unificar e não unifica,para que então fazê-la? Unifica um pouco, responderão os

    defensores da reforma. Mas, se é só um pouco, o queadianta? Aliás, para que unificar? O último argumento dospropugnadores da reforma é que, afinal, ela é pequena -mexe com a grafia de 600, entre as cerca de 110.000palavras da Língua Portuguesa, ou apenas 0,54% do total.Se é tão pequena, volta a pergunta: para que fazê-la?Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim, tornamais fácil seu ensino. Engano. A representação escrita dalíngua é um bem que percorre as gerações, passando deuma à outra, e será tão mais bem transmitida quanto maisestável for, ou, pelo menos, quanto menos interferênciasarbitrárias sofrer. Não se mexa assim na língua. O preço

    disso é banalizá-la como já fizeram com a moeda, no Brasil.Roberto Pompeu de Toledo - Veja, 24.05.95. Textoadaptado pela equipe de Língua Portuguesa daCOPEVE/UFMG

    Todas as alternativas contêm trechos que, no texto,apresentam imprecisão do agente da ação verbal, EXCETOa) Já não basta os prefeitos, como imperadores, tentaremmudar o nome de avenidas cruciais (...)?b) Já não basta mudarem toda hora as teorias sobre o queengorda e o que emagrece?c) Lá vêm eles de novo, querendo mudar as regras de

    escrever o idioma.d) Já não basta ficarem mexendo toda hora no valor e nonome do dinheiro? 

    30) (FGV-2003) Leia atentamente o texto e responda àquestão que a ele se refere.

    O Mundo das Não-palavras

    Já o disseram muitos, e de várias maneiras, que osproblemas do conhecer e docompreender centralizam-se em torno da relação entre a

    linguagem e a realidade, entre osímbolo e o fato. Estas marcas de tinta sobre as quaiscorrem nossos olhos, essas marcas de tinta

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    que concordamos em chamar palavras, e estas palavrasque concordamos em aceitar como“moeda legal” para a troca de informações, por quemágica, por que regras prosaicas, exercemelas suas estranhas funções? Se olharmos demoradamentepara uma palavra, ela se converterá,de fato, para nós em meras marcas de tinta dentro de umpadrão peculiar de linhas. A princípio,parece escrita corretamente, depois já não podemos tercerteza disso, e finalmente somosdominados pela impressão de que o simples cogitar de suagrafia é penetrar nos maisintrincados labirintos da Humanidade.Está claro que, se olharmos reflexivamente para qualquercoisa por um espaço de temposuficientemente longo, como um bezerro olha para umaporteira nova, ela tende a aparecerafinal como se fosse totalmente inexplicável. Um grande

    filósofo observou, de uma feita, que amais estranha invenção em toda a História era essacobertura peculiar para o pé humano que nósdenominamos meia. Ele estivera olhando para uma delasdurante vários minutos. Há momentos,contudo, em que parece impossível que qualquer outrainvenção humana pudesse ser maissurpreendente e estranha do que uma palavra - a palavrameia, por exemplo.Wendell Johnson, tradução de Octavio Mendes Cajado.

    No texto, encontra-se o fragmento Já o disseram muitos, e

    de várias maneiras, que os problemas do conhecer (...).Esse fragmento poderia ter sido apresentado sob a forma Já disseram, e de várias maneiras, que os problemas doconhecer (...). Nesse caso, seria correto concluir que:

    a) O sujeito da oração passaria a ser obrigatoriamente eles.b) A forma verbal disseram, no plural, continuaria a indicarque o seu sujeito seria plural.c) Não estaria determinado o agente da ação verbal: osujeito estaria indeterminado.d) A forma verbal disseram estaria no plural porqueproblemas está no plural.

    e) Ocorreria um erro de concordância, pois o sujeito desseverbo, sendo uma oração, deveria tê-lo levado ao singular.

    31) (GV-2003) Leia atentamente o texto e responda àquestão que a ele se refere.

    Pode-se abordar o estudo das organizações asseverando aunicidade de toda estrutura social e evitando qualquergeneralização, até que se tenha à mão prova empírica desimilaridade bem aproximada. Foi esse o ponto de vistaaconselhado à equipe de pesquisa da Universidade deMichigan pelos líderes de quase todas as organizações

    estudadas.- Nossa organização é única; de fato, nãopodemos ser comparados a qualquer outro grupo,declarou um líder ferroviário. Os ferroviários viam seus

    problemas organizacionais como diferentes de todas asdemais classes; o mesmo acontecia com os altosfuncionários do governo. Os dirigentes das companhias deseguros reagiam da mesma forma, o que também era feitopelos diretores de empresas manufatureiras, grandes epequenas.Entretanto, no momento em que começavam a falar deseus problemas, as reivindicações que faziam de suaunicidade tornavam-se invalidadas. Através de uma análisede seus problemas teria sido difícil estabelecer diferençaentre o diretor de uma estrada de ferro e um altofuncionário público, entre o vice-presidente de umacompanhia seguradora e seu igual de uma fábrica deautomóveis. Conquanto haja aspectos únicos em qualquersituação social, também existem padrões comuns e,quanto mais nos aprofundamos, maiores se tornam assimilaridades genotípicas.Por outro lado, o teorista social global pode ficar tão

    envolvido em certas dimensões abstratas de todas assituações sociais que ele será incapaz de explicar asprincipais origens de variação em qualquer dada situação.O bom senso indica para esse problema a criação de umatipologia. Nesse caso, são atribuídos às organizações certostipos a respeito dos quais podem ser feitasgeneralizações. Assim, existem organizações voluntárias einvoluntárias, estruturas democráticas e autocráticas,hierarquias centralizadas e descentralizadas, associaçõesde expressão e aquelas que agem como instrumentos. Asorganizações são classificadas de maneira ainda maiscomum,

    de acordo com suas finalidades oficialmente declaradas,tais como educar, obter lucros, promover saúde, religião,bem-estar, proteger os interesses dos trabalhadores erecreação.Adaptado de KATZ, Daniel e KAHN, Robert L., p. 134-135.Psicologia Social das Organizações. São Paulo: Atlas, 1970.Obs.: Asseverando significa afirmando com certeza,assegurando.

    Assinale a alternativa correta referente ao período“Conquanto haja aspectos únicos em qualquer situaçãosocial, também existem padrões comuns e, quanto mais

    nos aprofundamos, maiores se tornam as similaridadesgenotípicas”. a) A primeira palavra da primeira oração indica umaconclusão do que foi dito anteriormente.b) A segunda oração expressa uma concessão em relação àprimeira.c) O verbo haver (primeira oração) tem sujeito claro.d) O verbo existir (segunda oração) não tem sujeito.e) Nesse período, há um erro de pontuação, pois não podeocorrer vírgula após a conjunção e.

    32) (FGV-2003) Leia o fragmento abaixo, do conto A

    cartomante de Machado de Assis. Depois, responda àsperguntas.

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    “Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Ritaestava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, masvia-a estremecer e arriscar-se por ele, correr àscartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podiadeixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era naantiga Rua dos Barbonos, onde morava umacomprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua dasMangueiras na direção de Botafogo, onde residia; Camilodesceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para acasa da cartomante.”Qual é o sujeito de ser amada, no texto. Explique.

    33) (FGV-2003) Leia o texto abaixo, fragmento de umconto chamado “A nova Califórnia”, de Lima Barreto.Depois, responda à pergunta correspondente.

    Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente docorreio pudera apenas informar que acudia ao nome de

    Raimundo Flamel (..........). Quase diariamente, o carteiro láia a um dos extremos da cidade, onde morava odesconhecido, sopesando um maço alentado de cartasvindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguasarrevesadas, livros, pacotes...Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casado novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe quetrabalho lhe tinha sido determinado.- Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, aosaber de tão extravagante construção: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que

    vira balões de vidros, facas sem corte, copos como os dafarmácia - um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelasmesas e prateleiras como utensílios de uma bateria decozinha em que o próprio diabo cozinhasse.

    Observe as frases abaixo. Entre elas há diferença na funçãosintática das palavras Fabrício e pedreiro. Explique essadiferença.Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço... Quando o pedreiro Fabrício voltou de um serviço... 

    34) (FGV-2004) Leia o texto abaixo; depois, responda àpergunta.

    TEXTO A 1. É justa a alegria dos lexicólogos e dos editores2. quando, ao som dos tambores e das trombetas3. da publicidade, aparecem a anunciar-nos aentrada4. de uns quantos milhares de palavras novas5. nos seus dicionários. Com o andar do tempo, a6. língua foi perdendo e ganhando, tornou-se, em7. cada dia que passou, simultaneamente mais rica8. e mais pobre: as palavras velhas, cansadas, fora

    9. de uso, resistiram mal à agitação frenética das10. palavras recém-chegadas, e acabaram por cair11. numa espécie de limbo onde ficam à espera da

    12. morte definitiva ou, na melhor hipótese, do toque13. da varinha mágica de um erudito obsessivo ou de14. um curioso ocasional, que lhe darão (sic) ainda15. um lampejo breve de vida, um suplemento de16. precária existência, uma derradeira esperança. O17. dicionário, imagem ordenada do mundo,constróise18. e desenvolve-se sobre palavras que viveram19. uma vida plena, que depois envelheceram edefinharam,20. primeiro geradas, depois geradoras,21. como o foram os homens e as mulheres que as22. fizeram e de que iriam ser, por sua vez, e ao23. mesmo tempo, senhores e servos.

    SARAMAGO, José. Cadernos de Lanzarote II.SãoPaulo: Companhia das Letras, 1999, p. 303/304.

    Qual o sujeito e qual o objeto direto de "..aparecem

    anunciar..." (L. 3)?

    35) (IBMEC-2006) Me devolva o Neruda(que você nem leu)Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, aindanão tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda - prêmioNobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil. Nasala da Censura Federal o nosso poeta negociou aproibição. E a música foi liberada quando ele acrescentouo “que você nem leu”, pois ficava parecendo que ninguémdava bola para o Neruda no Brasil. Como eram burros os

    censores da ditadura militar! E coloca burro nisso!!!Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gostodemais dela. Imagine a cena. No meio de uma separação,um dos cônjuges (me desculpe a palavra) me solta esta:me devolva o Neruda que você nem leu! Pense nisso.Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei aescrever esta crônica, que não tem nada a ver com oChico, nem com o Neruda e, muito menos, com osmilitares.É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breveporque, se me aceitarem - você e o diretor da revista -, euvolto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma novela na

    Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e depois eu volto.Esperando que você já tenha lido o Neruda.Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas pormês, fora a novela, o cara não consegue? O que é umacrônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas pormês e o cara me vem com esse papo de Neruda?Preguiçoso, no mínimo.Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntamo que é necessário para se tornar um escritor. E eu semprerespondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos, recebiana minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal ÚltimaHora. E lá dentro eu lia (me invejem): Paulo Mendes

    Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, MillôrFernandes, Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta,

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    Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente: quandoeu crescer, vou ser cronista.Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir devolta o livro chileno, fico pensando em como eu mesentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iriadar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz com oleitor (desculpe, minha amiga, não estou me colocando nomesmo nível deles, não!)E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhasleitoras de 30 e 40 anos (e para todas):Escuchas otras voces en mi voz doloridaLlanto de viejas bocas, sangre de viejas súplicas,Amame, compañera. No me abandones. Sigueme,Sigueme, compañera, en esa ola de angústia.Pero se van tiñendo con tu amor mis palabrasTodo lo ocupas tú, todo lo ocupasVoy haciendo de todas un collar infinitoPara tus blancas manos, suaves como las uvas.

    Desculpe o mau jeito: tchau!(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº-324, 02 de agosto de 2004, p. 99) 

    É exemplo de frase em que o sujeito é representado porum substantivo sobrecomum:a) “E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhasleitoras de 30 e 40 anos (e para todas):” b) “Eu matava o cara!” c) “Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gostodemais dela.” d) “Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda

    não tinha o ‘que você nem leu’.“ e) “No meio de uma separação, um dos cônjuges (medesculpe a palavra) me solta esta...“ 

    36) (PUCCamp-1995) MEU CARO DEPUTADO

    O senhor nem pode imaginar o quanto eu e a minhafamília ficamos agradecidos. A gente imaginava que osenhor nem ia se lembrar de nós, quando saiu a nomeaçãodo Otavinho meu filho. Ele agora está se sentindo outro.Só fala no senhor, diz que na próxima campanha vai

    trabalhar ainda mais para o senhor. No primeiro dia deserviço ele queria ir na repartição com a camiseta dacampanha mas eu não deixei, não ia ficar bem, apesar queeu acho que o Otavinho tem muita capacidade e merecia oemprego. Pode mandar puxar por ele que ele da conta, étrabalhador, responsável, dedicado, a educação que elerecebeu de mim e da mãe foi sempre no caminho do bem.Faço questão que na próxima eleição o senhor mande maismaterial que eu procuro todos os amigos e os conhecidos.O Brasil precisa de gente como o senhor, homens dereputação despojada, com quem a gente pode contar.Meu vizinho Otacílio, a mulher, os parentes todos também

    votaram no senhor. Ele tem vergonha, mas eu peço porele, que ele merece: ele tem uma sobrinha, Maria LúciaCapistrano do Amara, que é professora em Capão da Serra

    e é muito adoentada, mas o serviço de saúde não quer daraposentadoria. Posso lhe garantir que a moça está mesmosem condições, passa a maior parte do tempo com doresno peito e na coluna que nenhum médico sabe o que é. Eudisse que ia falar com o senhor, meu caro deputado, nãoprometi nada, mas o Otavinho e a mulher tem esperançasque o senhor vai dar um jeitinho. É gente muito boa eamiga, o senhor não vai se arrepender.Mais uma vez obrigado por tudo, Deus lhe pague. OOtavinho manda um abraço para o senhor. Aqui vai onosso abraço também. O senhor pode contar sempre coma gente.

    Miroel Ferreira(Miré)

    Em relação à frase "O Brasil precisa de gente como o

    senhor, homens de reputação despojada, com quem agente pode contar", a única afirmação correta é:a) A expressão "homens de reputação despojada" funcionacomo aposto de um sujeito.b) As duas ocorrências de GENTE referem-se ao mesmosegmento humano.c) O termo BRASIL é equivalente a TERRITÓRIO NACIONAL.d) A regência do verbo CONTAR não foi respeitada.e) O adjetivo DESPOJADA está empregadoinadequadamente.

    37) (UFSCar-2007) Monsenhor Caldas interrompeu anarração do desconhecido:— Dá licença? é só um instante.Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velhoque o servia, e disse-lhe em voz baixa:— João, vai ali à estação de urbanos, fala da minha parteao comandante, e pede-lhe que venha cá com um ou doishomens, para livrar-me de um sujeito doido. Anda, vaidepressa.E, voltando à sala:— Pronto, disse ele; podemos continuar.— Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia

    vinte de março de 1860, às cinco horas e quarenta e trêsminutos da manhã. Tinha então sessenta e oito anos deidade. Minha alma voou pelo espaço, até perder a terra devista, deixando muito abaixo a lua, as estrelas e o Sol;penetrou finalmente num espaço em que não havia maisnada, e era clareado tão-somente por uma luz difusa.Continuei a subir, e comecei a ver um pontinho maisluminoso ao longe, muito longe. O ponto cresceu, fez-sesol. Fui por ali dentro, sem arder, porque as almas sãoincombustíveis.A sua pegou fogo alguma vez?— Não, senhor.

    — São incombustíveis. Fui subindo, subindo; na distânciade quarenta mil léguas, ouvi uma deliciosa música, e logoque cheguei a cinco mil léguas, desceu um enxame de

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    almas, que me levaram num palanquim feito de éter eplumas.(Machado de Assis, A segunda vida. Obras Completas, vol.II, p. 440-441.)

    A frase desceu um enxame de almas, no último parágrafo,tem o sujeito posposto. Assinale a alternativa em que osujeito também aparece posposto.a) De um atentado, um soldado consegue salvar seucompanheiro.b) Segunda-feira faltou, de novo, um pouco de tinta deimpressão.c) No salão de Paris, há um Audi com motor de 4,2 litros.d) Ler biografia de homens célebres é bastante útil.e) O mercado financeiro recebeu bem a inclusão das açõesdo Bradesco.

    38) (Fuvest-2000) O caso triste, e digno da memóriaQue do sepulcro os homens desenterra,Aconteceu da mísera e mesquinhaQue depois de ser morta foi rainha. 

    Para o correto entendimento destes versos de Camões, énecessário saber que o sujeito do verbo desenterra éa) os homens (por licença poética).b) ele (oculto).c) o primeiro que.d) o caso triste.

    e) sepulcro.

    39) (Faap-1996) O Tejo é mais belo que o rio que correpela minha aldeiaMas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minhaaldeiaPorque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

    O Tejo tem grandes naviosE navega nele ainda,Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,A memória das naus.

    O Tejo desce de EspanhaE o Tejo entra no mar em Portugal.Toda a gente sabe isso.Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeiaE donde ele vem.E por isso, porque pertence a menos gente,É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

    Pelo Tejo vai-se para o mundo.Para além do Tejo há a AméricaE a fortuna daqueles que a encontram.

    Ninguém nunca pensou no que há para alémDo rio da minha aldeia.

    O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.Quem está ao pé dele está só ao pé dele.(Fernando Pessoa)

    "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia".Rigorosamente o sujeito do verbo correr é:a) Tejob) rioc) que (no lugar de rio)d) aldeiae) indeterminado

    40) (FGV-2004) Observe a frase:“Esta pequena ilha abundava de belas aves...” Transcrevaessa frase, mas use belas aves como sujeito.Mantenha o tempo do verbo abundar e faça as adaptações

    necessárias.

    41) (FEI-1997) CONSIDERAÇÃO DO POEMA(Fragmento)

    Não rimarei a palavra sonocom a incorrespondente palavra outono.Rimarei com a palavra carneou qualquer outra, que TODAS ME convêm.As palavras não nascem amarradas,ELAS saltam, se beijam, se dissolvem,

    no céu livre por vezes um desenho,são PURAS, largas, autênticas, indevassáveis.

    Observe as palavras indicadas no texto: "todas" (verso 4);"me" (verso 4); "elas" (verso 6) e "puras" (verso 8).Assinale a alternativa em que a função sintática destestermos esteja corretamente analisada:a) sujeito - predicativo do sujeito - objeto - sujeito.b) predicativo do sujeito - objeto - sujeito - objeto.c) objeto - sujeito - objeto - predicativo do sujeito.d) objeto - predicativo do sujeito - sujeito - objeto.

    e) sujeito - objeto - sujeito - predicativo do sujeito.

    42) (FGV-2003) Observe os termos sublinhados nasseguintes frases:

    Chegou a hora do público se manifestar contra a publicação desse impostor . As palmas do público ecoavam pelo teatro, em apoio à proposta de Nabuco.Vista do público, a cantora parecia bonita; da coxia, percebia-se que era feia. 

    Sobre eles, é correto afirmar:

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    a) Para o segundo exemplo, vários gramáticosrecomendam a forma de o em lugar de do, porque apreposição está regendo o sujeito.b) Para o terceiro exemplo, vários gramáticos recomendama forma de o em lugar de do, porque a preposição estáregendo o sujeito.c) Nos três exemplos, os termos sublinhados exercem amesma função sintática de adjunto adverbial.d) No primeiro e no segundo exemplos, os termossublinhados exercem a mesma função sintática de adjuntoadnominal.e) Para o primeiro exemplo, vários gramáticosrecomendam a forma de o em lugar de do, porque opúblico é sujeito, que não deve ser iniciado porpreposição.

    43) (PUC-SP-2003) Os cinco sentidosOs sentidos são dispositivos para a interação com o mundo

    externo que têm por função receber informaçãonecessária à sobrevivência. É necessário ver o que há emvolta para poder evitar perigos. O tato ajuda a obterconhecimentos sobre como são os objetos. O olfato e opaladar ajudam a catalogar elementos que podem servirou não como alimento. O movimento dos objetos geraondas na atmosfera que são sentidas como sons.As informações, baseadas em diferentes fenômenos físicose químicos, apresentam-se na natureza de formas muitodiversas. Os sentidos são sensores cujo desígnio éperceber, de modo preciso, cada tipo distinto deinformação. A luz é parte da radiação magnética de que

    estamos rodeados. Essa radiação é percebida através dosolhos. O tato e o ouvido baseiam-se em fenômenos quedependem de deformações mecânicas. O ouvido registraondas sonoras que se formam por variações na densidadedo ar, variações que podem ser captadas pelasdeformações que produzem em certas membranas.Ouvido e tato são sentidos mecânicos. Outro tipo deinformação nos chega por meio de moléculas químicasdistintas que se desprendem das substâncias. Elas sãocaptadas por meio dos sentidos químicos, o paladar e oolfato. Esses se constituem nos tradicionais cinco sentidosque foram estabelecidos já por Aristóteles.

    SANTAELLA, Lucia. Matrizes da Linguagem e Pensamento.São Paulo: Iluminuras, 2001.

    A palavra relacional que aparece quatro vezes no 1o parágrafo exercendo, pela ordem, as seguintes funções:a) sujeito, objeto direto, sujeito, sujeito.b) sujeito, sujeito, sujeito, sujeito.c) sujeito, sujeito, sujeito, objeto direto.d) objeto direto, objeto direto, sujeito, sujeito.e) objeto direto, sujeito, objeto direto, sujeito.

    44) (ITA-2003) Para uma pessoa mais exigente no que se

    refere à redação, especificamente a construções em queestá em jogo a omissão do sujeito, só seria aceitável aalternativa

    a) As mulheres devem evitar o uso de produtos de higienefeminina perfumados, pois podem causar irritações (...)(Infecção urinária. In A Cidade. Lorena, março/2002, anoIV, n. 42)b) É recomendável também não usar roupas justas, poisassim permite uma boa ventilação (...), o que reduz aschances de infecção. (Infecção urinária. In A Cidade.Lorena, março/2002, ano IV, n. 42)c) Alguns medicamentos devem ser ingeridos ao levantar-se (manhã), e outros antes de dormir (noite), aproveitandoassim seu efeito quando ele é mais necessário. (Boletiminformativo sobre o uso de medicamentos, produzido porM & R Comunicações)d) Já a rouquidão persistente é sinal de abuso excessivo davoz, o que pode levar à formação de nódulos (calos) oupólipos, e merecem atenção especial. (Rouquidão: o que ée como ela afeta sua saúde vocal. Panfleto de divulgaçãodo curso de Fonoaudiologia. Lorena, abril de 2001)

    e) As seqüelas [causadas pelo herpes] variam de pacientepara paciente e podem ou não ser permanentes. (FolhaEquilíbrio. Folha de S. Paulo, 27/06/2002, p. 3)

    45) (Cesgranrio-1997) Quando estou, quando estouapaixonadotão fora de mim eu vivoque nem sei se vivo ou mortoquando estou estou apaixonado.

    Não pode a fera comigoquando estou, quando estou apaixonado,

    mas me derrota a formigase é que estou apaixonado.

    Estarei, quem, e entende, apaixonadoneste arco de danação?Ou é a morta paixãoque me deixa, que me deixa neste estado?

    Carlos Drummond de Andrade

    Assinale a opção em que se encontra exemplo de elipse.

    a) "tão fora de mim eu vivo" (v.2)b) "que nem sei se vivo ou morto" (v.3)c) "Não pode a fera comigo" (v.5)d) "mas me derrota a formiga" (v.7)e) "Ou é a morta paixão" (v.11)

    46) (UFBA-1996) RESTOS DO CARNAVAL1 NÃO, não deste último carnaval. Mas não sei porque este me transportou para a minha infância e para asquartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavamdespojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata

    com um véu cobrindo a cabeça ia, à igreja, atravessando arua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Atéque viesse o outro ano. E quando a festa ia se

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    aproximando, como explicar a agitação íntima que metomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão queera em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças doRecife enfim explicassem para que tinham sido feitas.Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade deprazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.2 No entanto, na realidade, eu dele poucoparticipava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca mehaviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficaraté umas 11 horas da noite à porta do pé da escada dosobrado onde morávamos, olhando ávida os outros sedivertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então eeconomizava-as com ¤avareza para durarem os três dias:um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está setornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei decoração escuro ao constatar que, mesmo me agregandotão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que umquase nada já me tomava uma menina feliz.

    3 E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medovital e necessário porque vinha de encontro à minha maisprofunda suspeita de que o rosto humano também fosseuma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, seum mascarado falava comigo, eu de súbito entrava nocontato indispensável com o meu mundo interior, que nãoera feito só de duendes e príncipes encantados, mas depessoas com o seu mistério. Até meu susto com osmascarados, pois, era essencial para mim.4 Não me fantasiavam: no meio das preocupaçõescom minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeçapara carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas

    irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que mecausavam tanto desgosto e tinha então a vaidade depossuir cabelos frisados pelo menos durante três dias porano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meusonho intenso de ser uma moça eu mal podia esperar pelasaída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca debatom bem forte, passando também ruge nas minhasfaces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapavada meninice.5 Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tãomilagroso que eu não conseguia acreditar que tanto mefosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a

    mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e onome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprarafolhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais,suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor.Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomandoforma e se criando. Embora de pétalas o papel crepomnem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que erauma das fantasias mais belas que jamais vira.6 Foi quando aconteceu, por simples acaso, oinesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe deminha amiga - talvez atendendo a meu apelo mudo, aomeu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura

    bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mimtambém uma fantasia de rosa com o que restara dematerial. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida

    eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eumesma.7 Até os preparativos já me deixavam tonta defelicidade. Nunca me sentira tão ocupada:minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo,embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois sechovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamosde algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que derepente nos deixasse, nos nossos pudores femininos deoito anos, de combinação na rua, morríamos previamentede vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria!Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa dassobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho quesempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino medava de esmola.8 Mas por que exatamente aquele carnaval, o únicode fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedono domingo eu já estava de cabelos enrolados para que

    até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos nãopassavam, e tanta ansiedade. Enfim, enfim! chegaram trêshoras da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eume vesti de rosa.9 Muitas coisas que me aconteceram tão piores queestas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequerentender agora: o jogo de dados de um destino éirracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida depapel crepom todo armado, ainda com os cabelosenrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe desúbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino secriou em casa e mandaram-me comprar depressa um

    remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas orosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobririaminha tão exposta vida infantil - , fui correndo, correndo,perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos decarnaval. A alegria dos outros me espantava.10 Quando horas depois a atmosfera em casaacalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Masalguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas históriasque eu havia lido sobre fadas que encantavam edesencantavam pessoas, eu fora desencantada; não eramais uma rosa, era de novo uma ¡simples menina. Desciaté a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço

    pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentirêxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorsolembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eumorria.11 Só horas depois é que veio a salvação. E sedepressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava mesalvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mimsignificava um rapaz, esse menino muito bonito paroudiante de mim e, numa mistura de carinho, grossura,brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já l isos,de confete: por um instante ficamos nos defrontando,sorrindo, sem falar. E eu então, §mulherzinha de 8 anos,

    considerei pelo resto da noite que enfim alguém me haviareconhecido: eu era, sim, uma rosa.

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    LISPECTOR, Clarice. FELICIDADE CLANDESTINA: CONTOS. 7ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. p. 31-5.

    Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a somados itens corretos.

    O núcleo do sujeito está corretamente destacado em:(01) "... ruas mortas onde esvoaçavam despojos deSERPENTINA E CONFETE." (parágrafo 1)(02) "Até que viesse o outro ANO." (parágrafo 1)(04) "Mas houve um CARNAVAL diferente dos outros."(parágrafo 5)(08) "... a mãe de uma AMIGA minha resolvera fantasiar afilha..." (parágrafo 5)(16) "Embora de pétalas o PAPEL crepom nem de longelembrasse..." (parágrafo 5)(32) "Quando horas depois a atmosfera em CASA acalmou-se..." (parágrafo 10)

    (64) "Só horas depois é QUE veio a salvação." (parágrafo11)A resposta é a soma dos pontos das alternativas corretas.

    47) (Mack-2007) Texto IIEstou estudando gramática e fico pasmo com os milagresde raciocínio empregados para enquadrar em linguagem“objetiva” os fatos da língua. Alguns convencem, outrosnão. Estes podem constituir esforços meritórios, mas setrata de explicações que a gente sente serem merasaproximações de algo no fundo inexprimível, irrotulável,inclassificável, impossível de compreender integralmente.

    Meu consolo é que muitas das coisas que me afligemdevem afligir vocês também. Ou pelo menos coisasparecidas.João Ubaldo Ribeiro

    Afirma-se com correção que:a) o pronome Estes (linha 03) se refere às idéias expressasem Alguns convencem, outros não.b) o emprego do verbo “estudar” (linha 01) constitui“gerundismo”, infração à norma culta da língua.c) a oração introduzida por para (linha 02) expressafinalidade dos estudos gramaticais empreendidos por João

    Ubaldo Ribeiro.d) integralmente (linha 06) apresenta prefixo de sentidoequivalente ao que comparece em inclassificável eimpossível (linha 06).e) em muitas das coisas que me afligem (linha 07), opronome que constitui sujeito do verbo “afligir”. 

    48) (VUNESP-2007) Um velho – Por que empalideces, Solfieri? – A vida é assim. Tu osabes como eu o sei. O que é o homem? É a escuma queferve hoje na torrente e amanhã desmaia, alguma coisa de

    louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro!O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio dasilusões, vive-se então da seiva do futuro. Depois

    envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos e o suordas agonias nos grisalhou os cabelos antes do tempo emurcharam, como nossas faces, as nossas esperanças,oscilamos entre o passado visionário e este amanhã dovelho, gelado e ermo – despido como um cadáver que sebanha antes de dar à sepultura! Miséria! Loucura! – Muito bem! Miséria e loucura! – interrompeu uma voz.O homem que falara era um velho. A fronte se lhedescalvara, e longas e fundas rugas a sulcavam: eram asondas que o vento da velhice lhe cavara no mar da vida...Sob espessas sobrancelhas grisalhas lampejavam-lhe olhospardos e um espesso bigode lhe cobria parte dos lábios.Trazia um gibão negro e roto e um manto desbotado, damesma cor, lhe caía dos ombros. – Quem és, velho? – perguntou o narrador. – Passava lá fora, a chuva caía a cântaros, a tempestadeera medonha, entrei. Boa noite, senhores! Se houver maisuma taça na vossa mesa, enchei-a até às bordas e beberei

    convosco. – Quem és? – Quem sou? Na verdade fora difícil dizê-lo: corri muitomundo, a cada instante mudando de nome e de vida. (...) – Quem eu sou? Fui um poeta aos vinte anos, um libertinoaos trinta – sou um vagabundo sem pátria e sem crençasaos quarenta.

    A linguagem do fragmento, a qual reflete o estiloromântico, caracteriza-se por um léxico típico, às vezes porum tratamento em segunda pessoa e por uma sintaxepeculiar. Com base nessa reflexão, aponte um segmento

    de Um velho em que há inversão na ordem sujeito-verbo.Reescreva o seguinte trecho, passando o verbo que está noimperativo para a terceira pessoa do plural e fazendo asadequações de concordância necessárias: Se houver maisuma taça na vossa mesa, enchei-a até às bordas e bebereiconvosco.

    49) (Unifesp-2002) Uma feita em que deitara numa sombraenquanto esperava os manos pescando, o Negrinho doPastoreio pra quem Macunaíma rezava diariamente, seapiedou do panema e resolveu ajudá-lo. Mandou o

    passarinho uirapuru. Quando sinão quando o heróiescutou um tatalar inquieto e o passarinho uirapurupousou no joelho dele. Macunaíma fez um gesto decaceteação e enxotou o passarinho uirapuru. Nem bemminuto passado escutou de novo a bulha e o passarinhopousou na barriga dele. Macunaíma nem se amolou mais.Então o passarinho uirapuru agarrou cantando com doçurae o herói entendeu tudo o que ele cantava. E era queMacunaíma estava desinfeliz porque perdera a muiraquitãna praia do rio quando subia no bacupari. Porém agora,cantava o lamento do uirapuru, nunca mais queMacunaíma havia de ser marupiara não, porque uma

    tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanharaa tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatãoperuano se chamando Venceslau Pietro Pietra. O dono do

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    talismã enriquecera e parava fazendeiro e baludo lá emSão Paulo, a cidade macota lambida pelo igarapé Tietê.(Mário de Andrade, Macunaíma, o herói sem nenhumcaráter.)

    O sujeito da oração Mandou o passarinho uirapuru podeser identificado por meio da análise do contexto lingüísticointerno. Trata-se de:a) sujeito indeterminado.b) “uirapuru” = sujeito expresso. c) “passarinho” = sujeito expresso. d) Ele (“o herói”) = sujeito oculto. e) Ele (“o Negrinho do Pastoreio”) = sujeito oculto.

    50) (IBMEC-2006) Assinale a alternativa corretaconsiderando o período abaixo.Saímos apressados daquela reunião.a) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo do predicado

    é saímos — verbo intransitivo.b) Tem-se predicação nominal, já que o núcleo dopredicado é apressados — predicativo do sujeito.c) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo é saímos eapressados é um complemento nominal.d) Tem-se predicação verbo-nominal, já que saímos eapressados constituem núcleos do predicado.e) Tem-se predicação verbo-nominal, já que apresenta doisnúcleos: saímos e reunião.

    51) (FEI-1997) CONSIDERAÇÃO DO POEMA

    (Fragmento)

    Não rimarei a palavra sonocom a incorrespondente palavra outono.Rimarei com a palavra carneou qualquer outra, que TODAS ME convêm.As palavras não nascem amarradas,ELAS saltam, se beijam, se dissolvem,no céu livre por vezes um desenho,são PURAS, largas, autênticas, indevassáveis.

    Observe o verso:"As palavras não nascem amarradas"Assinale a alternativa em que o sujeito e o predicado daoração estejam corretamente analisados:a) sujeito composto e predicado nominal.b) sujeito simples e predicado verbo-nominal.c) sujeito composto e predicado verbal.d) sujeito simples e predicado nominal.e) sujeito simples e predicado verbal.

    52) (UFV-1996) Dependendo da frase, um verbo

    normalmente empregado como transitivo direto podetornar-se verbo de ligação. Assinale a alternativa em queaparece um exemplo:

    a) "Não tem namorado..."b) "... quem transa sem carinho...'c) "... quem acaricia sem vontade..."d) "... de virar sorvete ou lagartixa..."e) "... e quem ama sem alegria."

    53) (UFV-1996) Dependendo do contexto, um verbonormalmente intransitivo pode tornar-se transitivo.Assinale a alternativa em que ocorre um exemplo:a) "Ponha intenções de quermesse em seus olhos..."b) "...sorria lírios para quem passe debaixo da janela."c) " beba licor de contos de fadas..."d) "Ande como se o chão estivesse repleto de sons..."e) "... e do céu descesse uma névoa de borboletas..."

    54) (Mack-1997) I - Na oração

    Eu considerava aquele homem meu amigo,o predicado é verbo-nominal com predicativo do objeto.II - No períodoO jovem anseia que os mais velhos confiem nele, a oraçãosubordinada é substantiva objetiva indireta, mas estáfaltando a preposição regida pelo verbo ansiar.III - No períodoA ser muito sincero, não sei como isto aconteceu, a oraçãosubordinada é adverbial final reduzida de infinitivo.

    Quanto às afirmações anteriores, assinale:a) se apenas I está correta.

    b) se apenas II está correta.c) se apenas III está correta.d) se todas estão corretas.e) se todas estão incorretas.

    55) (UEL-1995) Na frase "Nomeá-los nossosREPRESENTANTES é revesti-los do direito AO MANDATOpor três anos", as palavras em maiúsculo são,respectivamente:a) predicativo do sujeito - adjunto adnominal.b) objeto direto - objeto indireto.

    c) predicativo do objeto - complemento nominal.d) objeto direto - adjunto adnominal.e) predicativo do objeto - objeto indireto.

    56) (GV-2003) Observe a seguinte frase:Recorrendo a elas, arrisco-me a usar expressões técnicas,desconhecidas do público, e a ser tido por pedante.Das alternativas abaixo, assinale aquela em que a palavrasublinhada exerça a mesma função sintática de pedante,dessa frase.

    a) As estações tinham passado rápido, sem que tivessesido possível vê-las direito.

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    b) Fui julgado culpado, embora não houvesse provasdecisivas a respeito do crime.c) Ele era difícil de convencer, mas concordou quando aquantia foi oferecida.d) Caminhou depressa por entre os coqueiros.e) Ele passeou demasiado ontem; hoje, doem-lhe aspernas. Vai ser obrigado a deitar-se mais cedo.

    57) (Unirio-1995) POESIA AINDA VIAJA PELAS ÁGUAS DOMUNDO

    1 Acordei pensando em rios - que dão sempre umtoque feminino a qualquer cidade - e me dizendo que oúnico possível defeito do Rio de Janeiro é não ter um rio.Pior ainda, é de ter sufocado o seu rio, exatamente o riochamado Carioca, do vale das Laranjeiras.2 Esse rio, hoje secreto, que corre como ummalfeitor debaixo de ruas, ninguém, nenhum poeta o

    cantou melhor e mais ternamente do que Alceu AmorosoLima.3 Nascido à beira do Carioca quando o Carioca aindase fazia ver e ouvir na maior parte do seu breve curso,Alceu parece ter guardado a vida inteira o rumor do rio noouvido. Ele nasceu ali, na Chácara da Casa Azul.4 Quando o Rio completou 400 anos, em 1965,Alceu escreveu para "Aparência do Rio de Janeiro", deGastão Cruls, então reeditado pela José Olympio, umartigo que é um verdadeiro poema em prosa, chamado "0Nosso Carioca".5 Começa assim: "Muito antes de existir o Rio de

    Janeiro, hoje quatrocentão, existia o rio Carioca. Aqueleficou sendo rio por engano. O Carioca, esse já o era, haviaséculos. Talvez por isso a contradança das coisas humanasfez do que não era rio um Rio para sempre, e do que o erade fato, ao nascer o outro, uma reles galeria de águaspluviais, quando o falso rio completa o seu quartocentenário. 'Das Caboclas' era também seu nome".6 " 'Carioca', que nos dizem significar casa debranco, e outros, com mais probabilidade, casa de pedra,foi o nome dado em virtude do depósito de pipas de águafresca (...) para a aguada das caravelas e dos bergantins.'Das Caboclas' por outros motivos, menos aquáticos que

    afrodíticos. O rio acompanhava, descoberto, o vale dasLaranjeiras, desde a encosta do Corcovado até oFlamengo".7 No meio de sua deliciosa evocação, em que dizque cada casa do vale, como a sua, tinha sua ponte sobre orio, e que cada ponte parecia estar sempre sendoatravessada por meninas em flor, Alceu, numa breve ecerteira observação do grande crítico literário que era, põeo humilde Carioca a fluir entre os grandes rios clássicos eeternos.8 Pessoalmente, só vi o Carioca à luz do sol umavez, por ocasião das terríveis chuvaradas do ano de 1967.

    9 A tromba d'água que descia do Corcovado foi tãopersistente e se infiltrou pelo solo tão caudalosa quecomeçou de repente a fraturar o próprio leito da rua das

    Laranjeiras, que afinal se rachou em duas partes. Acho quefoi esta a única vez que o rejeitado Carioca teve fúria degrande rio.10 Eu não conheço o assunto mas arriscaria o palpitede que nenhum país do mundo contém mais água doce doque o Brasil. Temos rios descomunais. Só que em geralvadios, desocupados.11 Ao contrário do que fizeram a Europa, os EstadosUnidos, a antiga União Soviética, que comunicaram eintercomunicaram seus rios, montando um tapete rolantede gente e de riquezas, aqui deixamos os rios navagabundagem.12 Em termos de literatura, quem quiser sentir o quea operosidade dos europeus tem feito para pôr os rios atrabalhar para os homens, basta ler Simenon. Os canais,diques e eclusas estão tão presentes em seus livros quantoos desesperados e os criminosos. São romances em que ahumanidade sofre e envereda pelos caminhos errados,

    mas as barcaças e navios não se enganam nunca.13 Os rios têm leito, rumo, juízo. Os homens quecontinuem cometendo seus desvarios que eles, ainda quesubindo e descendo de nível quando necessário, deslizamno maior sossego pelas águas ensinadas.14 Enquanto isso nós, no Brasil, olhamos com tédioas correias de transmissão de poderosos rios a rolaremvazias entre estradas esburacadas e arquejantes decaminhões.15 Só no Brasil o transporte mais caro, o decaminhões, é muito maior que o de vias férreas e fluviais.Com exceção do rio Tietê, que é praticamente do tamanho

    do Reno e que pelo jeito acaba ficando tão navegável epróspero quanto o Reno. Obcecado com o interior de SãoPaulo, o Tietê corre de costas para o mar, para percorrertodo o Estado e acabar no Paraná, na bacia do rio da Prata.16 O Paraná e o Tietê já estão quase prontos paraentrar num romance de Simenon, com seus canaisartificiais e suas eclusas, e os navios abarrotados decalcário, de soja, de milho, álcool de cana.17 De qualquer forma ainda estamos, no Brasil, longedos meus sonhos, que são ¢de um país ativíssimo massilencioso. Desde que li, já faz muito tempo, umamonografia sobre hidrovias e a interligação de nossas

    bacias hidrográficas, fiquei escravo da miragem.18 A idéia da monografia, escrita por gente do ramo,do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis,era nada mais nada menos que a ligaçã