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Projeto revista magazine

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Trabalho desenvolvido no curso Design Gráfico.

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Um ônibus sus-penso que anda por cima dos car-

ros. Já imaginou? Uma equipe de pesquisado-res chineses colocou a ideia no papel e defen-de que o projeto pode ser parte da solução para o trânsito terrível das grandes cidades. Cada “vagão” com-porta até 300 pessoas. Os passageiros entram no ônibus via elevador lateral e também são previstas estações fixas de parada. Movido por painéis solares e eletri-cidade, o veículo chega a 60 km/h. Há ainda um sistema que freia o ve-ículo automaticamente em caso de emergência (se houver um acidente à frente, por exemplo).Os criadores dizem que o ônibus suspen-so pode diminuir em 30% o trânsito nas ruas e avenidas. Outra vantagem destacada é que a construção da estrutura para supor-tar esse tipo de trans-porte levaria três vezes menos tempo que a construção de metrôs, com custo 10% menor. O projeto é apresen-tado como “o futuro das cidades”. Você acha que a solução parece viável? Veja o vídeo do projeto e entenda melhor o fun-cionamento do ônibus:

Projeto chinês propõe ônibus que anda por cima dos carros

“Quando parado, o Land Airbus, como é chamado, não interrompe o trân-sito, pois a parte inferior funciona como um túnel, “vazada”, em formato de arco – o que os inventores chamaram dedesign oco. O veículo ocupa duas pis-tas e permite que carros de até dois metros de altura passem por baixo.”

A cidade de Pequim ocupa o topo do rank-ing em razão de seus trajetos desorientados, da falta de respeito à sinalização (e da falta da própria sinalização) e de sua frota de mais de três milhões de veícu-los. A capital chinesa apresenta engarrafa-mentos quilométricos. Hoje, Pequim tem cerca de 1,3 bil-hões de habitantes.

Um ranking indesejado

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A tatuagem pode ser tanto uma manifestação artística quanto de rebeldia. Conheça seus vários significados ao redor do mundo e ao longo dos tempos.

ARTE À FLOR DA PELEcertamente chamaram a atenção dos egípcios há mais de 4 000 anos. Não se sabe o que aquela tatuagem significava para os nossos ancestrais. Mas é muito provável que ela não tenha sido desprovida de sen-tido. “O corpo foi um dos primeiros instrumentos manipulados pelo homem para expressar um sig-nificado”, afirma a antropóloga Lux Vidal, especia-lista em pinturas corporais da Universidade de São Paulo. “Tatuagens, pinturas, mutilações e cortes de cabelo são modos de transformar o corpo para que ele comunique códigos, relações sociais e valores.”

O lugar é asséptico, limpíssimo. Paredes brancas, espelhos, apa-relhos de esterilização, luvas descartáveis, gave-tas com seringas lacra-das e cadeiras de den-tista. Num balcão ficam expostos os tubos de tin-ta colorida. O ambien-te seria tão silencioso quanto um hospital não fosse o som psicodélico que agita os corajosos que circulam pela casa em busca de uma das poucas coisas definitivas na vida: uma tatuagem. No estúdio Led’s Tattoo,do paulista Sérgio Ma-

ciel, 38 anos, cerca de 50 pessoas são tatua-das todos os dias. Com o verão, que natural-mente coloca barrigas, costas e pernas de fora, esse número cresce. A tatuagem existe desde que o mundo é mun-do. O Homem de Gelo, um corpo congelado encontrado na Itália em 1991, que se supõe ter vivido há cerca de 7.300 anos, tinha vá-rios desenhos sobre a pele. A múmia da prin-cesa Amunet, de Tebas, exibe desenhos feitos de pontos e linhas que

“Tatuagem hoje é status, como se fos-se uma jóia. Sig-nifica que você é moderno. É sinô-nimo de personali-dade”, diz Maciel.

As motivações que levam uma pessoa a se tatuar são quase infi-nitas. Índios de vários países costumam se pin-tar para, entre outras coisas, assinalar classi-ficações de status entre os membros da tribo. Como em seu local de origem, dispensam as roupas com que o ho-mem branco sinaliza seu poder aquisitivo e valores estéticos, é com tinta e formas impressas no corpo que eles se di-ferenciam. Os peles-ver-melhas, da América do Norte, cobriam o corpo com pinturas em situa-ções de luto ou para ir à guerra. Já na região que hoje corresponde

aos países árabes, as tatuagens eram feitas para “proteger” o cor-po de doenças e trazer prosperidade. Acredita-va-se que a impressão definitiva de desenhos na pele tinha proprie-dades mágicas. Quando a região foi dominada pelo Islamismo do pro-feta Maomé, tatuagens e qualquer alteração no corpo passaram a ser vistas como pecado.O primeiro registro lite-rário da tatuagem data de 1769. Trata-se do re-lato do navegador inglês James Cook sobre o que viu ao chegar ao Taiti, na Polinésia: os nati-vos usavam espinhas de peixe finíssimas, ou

ossos de passarinho, para perfurar a pele e in-jetar um pigmento feito à base de carvão e ferru-gem. Data daí também a palavra tattoo, versão para o inglês do taitiano tatu (pronuncia-se ta-tau), que quer dizer, adi-vinhe, desenho na pele.Ao longo da história as tatuagens também têm sido freqüentemente associadas à punição e a comportamentos marginais. Os bretões, povo bárbaro que ha-bitava a região da atual Grã-Bretanha, pinta-vam o rosto com várias cores para intimidar invasores. No Impé-rio Romano, os escra-vos eram tatuados. Na

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A tatuagem pode ser tanto uma manifestação artística quanto de rebeldia. Conheça seus vários significados ao redor do mundo e ao longo dos tempos.

na pele dos condena-dos. “Ao longo do tem-po, a tatuagem acabou virando a marca de pessoas marginais, di-ferentes do resto da sociedade”, diz Mirela Berger, mestre em An-tropologia pela Univer-sidade de São Paulo.Hoje isso mudou. Al-guns grupos marginais ainda utilizam a tatua-gem como código, como os mafiosos japoneses da Yakuza, que tatuam grande parte do corpo como prova de coragem e de fidelidade à gan-gue. Além da tatuagem, é muito comum mem-bros do grupo terem fa-langes decepadas como punição por traição.

França do século XVIII, criminosos ganhavam uma pintura na pele – às vezes uma marca com ferro quente – registran-do o crime que tinham cometido. Prostitutas, piratas e marinheiros também se tatuam há séculos, como sinal de valentia e para demar-car seus grupos sociais (na primeira década deste século, todo navio que partia da Europa le-vava a bordo um tatua-dor). Sereias, caravelas, mulheres, âncoras e sinais patrióticos sem-pre foram os desenhos mais escolhidos entre os marinheiros. Era co-mum também as pros-titutas levarem uma

marca de seus cafe-tões, como um ates-tado de propriedade.Em presídios do mun-do inteiro, os próprios detentos se tatuam para diferenciar a fac-ção à qual pertencem. O desenho do punhal cravado num coração significa “assassino”. É comum também os pre-sos marcarem o núme-ro do crime que come-teram (o número 288, por exemplo, é o artigo referente ao crime de formação de quadrilha no Código Penal Brasi-leiro). Antigamente, era a própria polícia que os tatuava. Na Inglaterra, cravavam-se as iniciais “BC” – bad character,

“Perdi a conta de quantas vezes me perguntaram se eu vendo drogas. Infelizmente a tatuagem ainda é vista como sinônimo de irrespons-abilidade”, diz a analista de sistemas Katia Marcoli-no, 32 anos, toda tatuada.

nuas a morcegos, pas-sando por escrita japo-nesa, adora pôr uma sunga e sair por aí. Ao seu lado, acredite, qual-quer modelo de biquíni passaria despercebida.Fazer uma marca de-finitiva no corpo exige coragem para desafiar normas e encarar pre-conceitos. Em profis-sões tradicionais, como advocacia e medicina, braços cheios de dese-nhos não são vistos com bons olhos. Nem por chefes, nem por pares e nem pelos clientes da maioria das empresas.

Mas a tatuagem, prin-cipalmente nas últimas décadas, deixou de sig-nificar desencaixe so-cial. Para muita gente – e gente formadora de opinião, com alto poder aquisitivo e boa baga-gem cultural –, tatuagem pode ser apenas uma forma de arte e diversão. Essa réstia de preconcei-to em relação a quem se tatua pode explicar a tremenda irritação que análises psicológicas geram na maioria dos tatuados de hoje. Club-bers, roqueiros, skatis-tas, surfistas, lutadores de jiu-jitsu, ou simples-mente aquela gatinha

que tatuou uma flor de lótus no tornozelo, todos eles detestam ser tratados como ex-cêntricos ou anormais. “Não gosto que me ro-tulem porque não sou lata de óleo nem vidro de maionese”, diz Katia.De todo modo, certa-mente uma das razões que conduzem à tatu-agem hoje é o desejo de aparecer em público com um visual inusi-tado. O motorista Luis Cláudio Marangoni, 32 anos, tatuado da cabe-ça raspada aos dedos dos pés (“Inclusive lá”, afirma), com motivos que vão de mulheres

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Seitas ufológicasGrupos messiânicos movidos pela crença na vida extraterrestre arrebanham seguidores mundo afora. Alguns tiveram fim trágico

N o dia 27 de março de 1997, nada menos do que 39 pessoas foram encontradas mortas numa mansão ao norte de San

Diego, na Califórnia, Estados Unidos. Elas ha-viam cometido suicídio coletivo, levadas pela crença cega em Marshall Applewhite, líder de uma seita denominada Heaven’s Gate (literal-mente, “Portal do Paraíso”). Applewhite fez seus seguidores acreditarem que alcançariam a vida eterna se morressem no momento da passa-gem do cometa Halle-Bopp pela Terra, pois o as-tro abrigaria em sua cauda uma nave espacial. Fundada em 1970, a Heaven’s Gate é só uma das muitas seitas que se espalharam pelo mundo ancoradas em elementos ufológicos. Na maior par-te das vezes, seus líderes se dizem pessoas eleitas por “forças extraterrestres” para cumprir alguma missão na Terra. O ufólogo Vanderlei D’Agostino diz que existem três tipos de líderes de seitas: os bem-intencionados, os que têm algum desvio de conduta (eventualmente patológico) e os literal-mente charlatães. Ou seja, não dá para generali-zar. Nem todos, é claro, levam a um final trágico quanto o do Heaven’s Gate. A seguir, conheça mais algumas seitas que arrebanharam seguidores com base em crenças e dogmas ligados à ufologia.

Fundado em 1975 pelo jornalista francês Claude Vorilhon, que se autodenomina Rael, pre-ga que o ser humano foi criado em laboratório por extraterrestres. Rael, hoje com 59 anos, afirma ter sido contatado e abduzido em 1973 por um ET, que lhe pediu para construir uma “embaixa-da” na Terra, para receber de volta os alienígenas. O francês teria sido escolhido como o “messias”, destinado a conscientizar a humanidade sobre a necessidade de evolução. A seita tem 70 mil se-guidores no mundo. Nos últimos anos, tem cha-mado a atenção por sua defesa da clonagem humana – tida como um meio de atingir a imor-talidade. Há rumores de que a Clonaid, empresa criada por Rael em 1997, já teria conseguido gerar uma menina, clone de uma mulher de 31 anos.

Movimento RaelianoLineamento Universal Superior

Projeto Portal

Comando Ashtar

Baseia-se em supostos contatos realiza-dos entre humanos e um extraterrestre chamado Ashtar Sheran, que seria o grande “comandante intergaláctico”, incumbido de promover a regene-ração da Terra. É um movimento forte na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. A figura de Ashtar estaria ligada a mensagens de alerta à humanida-de. Nos anos 50, segundo seus seguidores, Ashtar teria entrado em contato com a Terra para evitar que bombas atômicas destruíssem nosso planeta e colocassem em risco o equilíbrio intergaláctico.

A seita foi fundada há dez anos em Corgui-nho (MS) por Urandir Fernandes de Oliveira, que se considera um representante dos ETs na Terra. “Tem causado grandes estragos na vida de inúme-ras pessoas que o procuram na busca de curas e contatos com ETs”, diz Rafael Cury, presidente da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil. Uran-dir chegou a ser preso, sob acusação de participar de um esquema de venda ilegal de lotes de terra em Corguinho. Segundo Urandir, o mundo será castigado por uma grande inundação, mas o lugar que ele chama de “A Cidade dos ETs” – onde ficam os tais lotes de terra – estaria imune à tragédia.

Criado pela vidente brasileira Valentina Andrade e por seu marido, o argentino José Teru-ggi, em Buenos Aires. Segundo eles, só os segui-dores da seita seriam salvos do apocalipse, resga-tados por naves espaciais. Nos anos 80, Valentina e outros membros do grupo foram acusados de castrar nove meninos de 8 a 14 anos e assassi-nar seis deles, em rituais satânicos, entre 1989 e 1993, em Altamira, no Pará. “Quando invadiram sua residência em Londrina, no Paraná, encon-traram várias fitas de vídeo em que ela, em tran-se, dizia: ‘Matem criancinhas’”, conta Rafael Cury. Presa em 2003, Valentina foi julgada e absolvida por falta de provas. Outros quatro acusados foram condenados a penas de 35 a 77 anos de prisão.

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Grupo Rama Cultura Racional

Começou no Peru, com os irmãos Six-to e Carlos Paz. Após se desentender com o ir-mão, Carlos mudou-se para o Brasil e criou um braço da seita, o Grupo Amar (Rama ao contrá-rio). Os irmãos organizavam vigílias para aguar-dar a chegada de naves alienígenas. Afirmavam viajar com freqüência à Constelação de Órion, onde eram recebidos por ETs. Após denúncias sobre a falsidade desses contatos, a seita caiu no ostracismo. Carlos acabou mudando de sexo e Sixto perdeu credibilidade depois de partici-par de um programa de TV e ser reprovado por um detector de mentiras. As duas vertentes da seita deixaram de existir no início dos anos 90.

Foi criada por Manoel Jacinto Coelho em 1935, no Rio de Janeiro, num centro espírita no bairro do Méier. Nos meios usados para sua di-vulgação, a Cultura Racional cita com freqüência discos voadores e seres extraterrestres. Consi-dera-se um movimento cultural, não uma seita. Nos anos 70 e 80, atraiu milhares de seguido-res, entre eles o cantor Tim Maia, que acabou deixando o movimento. Seus princípios se ba-seavam em um conjunto de livros denomina-do Universo em Desencanto, considerado por muitos um instrumento de lavagem cerebral.

Todo mundo conhece os riscos trazidos pela obesidade - diabetes, doenças cardiovascu-lares, menor expectativa de vida. Mas uma nova descoberta está surpreendendo a comunidade científica: a gordura também causa danos ao cére-bro. Pesquisadores da Universidade de Nova York estudaram o cérebro de 63 pessoas - 44 delas tinham sobrepeso ou obesidade e as demais eram magras. A experiência constatou que, nos indivíduos obesos ou acima do peso, o cérebro apresentava duas alterações importantes: tinha níveis mais altos de fibrinogênio, uma proteína que causa inflamação, e menor córtex orbitofron-tal - região cerebral que coordena a tomada de decisões. Os cientistas ainda não sabem explicar exatamente como esse processo se desenrola. Mas apostam no seguinte: obesidade gera fibrin-ogênio, que gera inflamação, que gera danos ao córtex. E tudo isso gera consequências perma-nentes - e terríveis. "Essa inflamação, ao afetar a integridade do córtex orbitofrontal, pode reduzir o controle da pessoa sobre seus hábitos alimenta-res", afirma o estudo, coordenado pelo psiquiatra Antonio Convit. Ou seja: indivíduos acima do peso poderiam se tornar neurologicamente incapaz-es de comer menos. Escravos do próprio apetite.

Obesidade causa danos ao cérebroEstudo revela que comer demais provoca inflamação cerebral - e pode deixar a pessoa neurologicamente incapaz de controlar seu apetite

E com dificuldade para se lembrar das coisas. Uma pesquisa recém-publicada nos EUA consta-tou que a obesidade afeta a capacidade de mem-orização. A diferença é que, nesse caso, a sequela não é permanente (perder peso reverte o efeito).

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Curiosidades

Psiquiatras da Uni-versidade de Twente, na Holanda, demons-traram que ter bom controle da bexiga aju-da a evitar atitudes impulsivas. Numa ex-periência, pessoas que tomaram 5 copos de água fizeram escolhas menos imediatistas e mais vantajosas. Isso supostamente acon-tece porque segurar a vontade de urinar es-timula o autocontrole.

Segurar o xixi ajuda a tomar decisões

você estará na pior, re-zando por outro milhão pra pagar as dívidas."

por, Carlos Cardoso, do Blog do Cardoso

NÃO PRECISA SER

"Há dois modos de ver o futuro: o vidente e o previdente. Quem pre-fere a opção vidente, se consulte com um deles e torça para ouvir ‘você vai ficar rico!’. A quem opta pelo caminho pre-vidente, aconselho a iniciar um bom plano de previdência privada."Dinheiro na mão é

vendaval?"Nossa programação é gastar mesmo - fazer vendaval. Só que essa lógica pré-histórica não faz mais sentido. Se an-tes os recursos eram perecíveis, hoje podem ser conservados e até render juros. Melhor não fazer vendaval."

Philipe Maciel, professor da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro

Ô SE É

"Sua conta aumentou em US$ 1 milhão: você irá conhecer o mundo, viver nos melhores ho-téis, pegar caminhões de mulheres, certo? Certo, por 6 meses, se tanto. Depois disso

Cientistas holande-ses criaram um jogo em que os voluntários eram agrupados em pares. Uma pessoa recebia dinheiro, e tinha que decidir quanto iria com-partilhar com o colega. O estudo constatou que os homens canhotos são mais generosos do que os destros. Já entre as mulheres é diferen-te: as canhotas retêm mais dinheiro para si.

Mulheres canhotas são mais egoístas

Estudo mostrou que canhotas são menos generosas do que de-stras.

por Thiago Perin

O que há por trás do Facebook

Por trás da rede social de A Rede Social há 60 mil servidores. E muita fé também: se você comprasse o Facebook hoje teria que esperar 100 anos para o inves-timento dar retorno. Mas tudo bem: pelo menos você seria dono do maior álbum de fotos da história da hu-

por Vinícius Cherobino e Alexandre Versignassi

1 BILHÃO DE PESSOAS O Facebook ganha 8 novos membros por segundo. Se continuar nessa toada, deve saltar dos 500 milhões de usu-ários de hoje para 1 bilhão no começo de 2013. No Brasil são só 11 milhões, contra 50 milhões do Orkut. Só que ele cresce 10 vezes mais rápido que o concorrente pioneiro. Mantendo o ritmo de hoje, o Feice ultrapassa o Orkut lá por abril de 2012.

55 BILHÕES DE FOTOS A graça do Facebook são as fotos. Não é a gente que está dizendo, mas Mark Zuckerberg, o chefe. São 55 bilhões delas ali. Com isso, o Facebook pode dizer que é o maior álbum online da his-tória - o Flickr, segundo colocado, tem 10 vezes menos. Isso dá uma média de 110 fotos por pessoa. Pouco, até. Mas a coisa deve cres-cer bem: só na noite de Ano Novo entraram 750 milhões de fotos.

60 MIL SERVIDORES Essa é a quantidade de máquinas que guardam o conteúdo da rede social - segundo estimativas da indústria, porque o Facebook não revela o número exato. O custo esti-mado para rodar os 60 mil servidores é de US$ 100 milhões por ano. E vai crescer: a rede social está construindo um data center do zero no Oregon, do tamanho de 26 Maracanãs.

O 10º HOMEM MAIS RICO DO BRASIL Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador do Face-book que foi passado pra trás por Zuckerberg, entrou numa batalha judicial contra o ex-amigo e terminou como dono de 5% do site. Isso o deixa hoje como o 10º homem mais rico do Brasil, já que o Facebook está avaliado em US$ 50 bilhões. Com US$ 2,5 bilhões de dólares, Saverin está logo atrás de Abílio Di-niz e de Antônio Ermírio (US$ 3 bi cada). E ele tem 29 anos.

LUCROS MIÚDOS O Facebook divulgou que teve lucro de US$ 355 milhões nos primeiros 9 meses de 2010 - o que leva a uma estimativa de US$ 473 milhões no ano. É pouco para uma empresa avaliada em US$ 50 bilhões. A Amazon, que vale a mesma coisa, deu US$ 900 milhões. A Bayer, US$ 1,9 bilhões. Mas ok: a expectativa dos investidores é que o Facebook logo dê tanto quanto o Google com publi-cidade online: US$ 2,5 bilhões. Por esse ponto de vista, US$ 50 bi ainda está barato. O Google vale 4 vezes mais.

UM PÉ NO NAPSTER O The Facebook, primeira versão do site, permi-tia o compartilhamento de qualquer arquivo entre ami-gos - de fotos a músicas ou textos. Desenvolvido pelo pró-prio Mark Zuckerberg e por Sean Parker (que também é cofundador do Napster), o serviço foi lançado em 2004.

Fontes Consultorias Pingdom e Candytech; revista Forbes

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Deus existe? Existe uma luz no fim do túnel? Eu sin-ceramente espero que sim. Afinal, faz várias semanas – meses tal-vez – que estou perdido nesse labirinto escuro.Eu não sei o que fiz para merecer tamanho cas-tigo. De todos os traba-lhos que poderiam me dar nesta vida de jorna-lista, não deve ter aba-caxi mais cascudo que esse: uma reportagem sobre Deus... e justo numa revista científica!Mecânica quântica e ma-temática do caos a gente até entende – com a aju-da de um bom professor, claro. Deus é outra his-tória. É o infinito impon-derável: aquilo que não dá para se pensar nem imaginar. É o infinito inefável: aquilo que não dá para se falar. Ou pelo menos essa é a maneira mais segura de abordar – e encerrar – o assun-to sem cair no ridículo nem ofender ninguém.Mas são os próprios cientistas que não pa-ram de falar em Deus. Os últimos dez anos em es-pecial viram nascer um novo filão literário dedi-cado a discutir o Divino – aquele mesmo, um Criador Onipotente e Onisciente! – à luz da fí-sica e da matemática, da química e da biologia.

O culpado, ao que tudo indica, é o físico inglês Stephen Hawking, ocu-pante da cadeira que foi de Isaac Newton na ultra-prestigiosa Uni-versidade de Cambrid-ge e um dos principais teóricos dos buracos negros. Hawking, todo mundo sabe, realizou um milagre digno do Grande Arquiteto Ce-lestial ao vender mais de dez milhões de có-pias de um tratado de cosmologia e astrofísi-ca, denso o suficiente para fritar o cérebro do público leigo. Publicado em 1988, Uma Breve História do Tempo tor-nou-se o mais inespe-rado best seller da his-tória e até filme virou – não sem antes deixar no ar, bem no parágrafo final, uma sedutora in-sinuação de casamento entre ciência e religião:“Se chegarmos a uma teoria completa, com o tempo esta deveria ser compreensível para todos e não só para um pequeno grupo de cientistas. Então, todo mundo poderia tomar parte na discussão so-bre por que nós e o Uni-verso existimos... Nesse momento, conhecería-mos a mente de Deus.”Aviso importante: Hawking nunca se

declarou religioso e usa essa idéia mais como uma frase de efeito, uma metáfora do conheci-mento total do Univer-so. Mas não demorou para outro cientista in-glês do alto escalão, o fí-sico Paul Davies, extrair todo um livro – e mais um sucesso comercial de arromba! – levando ao pé da letra as palavras do colega. Acolhido com uma chuva de prêmios destinados à divulgação científica, A Mente de Deus (1992) passa em revista a história da ci-ência e da filosofia para afirmar, com convicção, que tudo no cosmo re-vela intenção e consci-ência. Como o próprio Davies resumiu em uma entrevista: “Acredito que as leis da natureza são engenhosas e cria-tivas, facilitando o de-senvolvimento da rique-za e da diversidade na natureza. A vida é ape-nas um aspecto disso. A consciência é outro. Um ateu pode aceitar essas leis como um fato bruto, mas para mim elas sugerem algo mais profundo e intencional.”Estava dada a deixa para uma verdadeira

enxurrada de físicos-teólogos atacar o as-sunto em dezenas de publicações semelhan-tes, como Ian Barbour, Arthur Peacocke, Hugh Ross, Frank Tipler e Ge-rald Schroeder. Dessa turma, o mais ativo é o também inglês John Polkinghorne, colega de Hawking no departa-mento de Física de Cam-bridge, que – depois de 25 anos de carreira aca-dêmica brilhante – lar-gou tudo para se orde-nar pastor anglicano e escrever seus livros de “cristianismo quântico”.“Eu não abandonei a física porque estava de-siludido com ela, muito pelo contrário: conti-nuo acompanhando o assunto com o máximo interesse. Só não faço mais pesquisa científi-ca. Mas boa parte dos meus livros consiste em ensinar física quân-tica aos leigos”, disse ele à SUPER. “Acredi-to que precisamos de ambas as perspectivas, a científica e a religio-sa, para compreender esse mundo admirá-vel em que vivemos.”Alguma transformação radical deve ter ocor-

No final do século passado, a ciência acreditava ter todas as chaves do conhecimento: decifrar os últimos mistérios da natureza era só uma questão de tempo. Agora, na entrada de um novo milênio, as certezas mais claras

agonizam e os cientistas se perguntam...

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haviam nos atirado den-tro de um túnel escuro, onde as velhas certezas voltavam a se converter em mistérios. Esses dois cataclismas eram justa-mente a física quântica e a matemática do caos.“Ambas teorias mostra-vam que existe uma im-previsibilidade inevitá-vel espalhada por toda a natureza. Não acho que isso deva ser inter-pretado como uma infe-liz ignorância de nossa parte e sim como sinal de que os processos fí-sicos são muito mais abertos do que a me-cânica de Newton suge-ria. Quando falo ‘aber-tos’, estou querendo dizer que existem ou-tros princípios causais em ação, acima e além das trocas de energia que a física descreve”, afirma Polkinghorne.O físico brasileiro Ri-cardo Galvão, da Uni-versidade de São Paulo – que se diz “bastante religioso” – completa o quadro: “A partir das equações da mecânica de Newton e da teoria do eletromagnetismo de Maxwell, a ciência clássica dava a impres-são de que, conhecen-

rido para que a crença em Deus, assunto que havia se tornado tabu em laboratórios e uni-versidades, renascesse com tanta força. Cem anos atrás, a ciência se projetava como a própria imagem do progresso e da civili-zação: decifrar todos os mistérios da nature-za era só uma questão de tempo. Era como se estivéssemos em um trem, atravessando planícies ensolaradas, com uma visão cada vez mais ampla de tudo que nos cercava. Nós mesmos havíamos nos tornado os senhores do universo. Ninguém ne-cessitava mais de fan-tasias como “providên-cia divina”. Conceitos desse tipo – e entidades sobrenaturais em ger-al – passaram a ser considerado ou uma infantilização neuróti-ca (Freud) ou um meio das classes domi-nantes subjugarem os pobres e oprimi-dos (Nietzche e Marx).De repente, sumiram de vista as planícies, a luz do sol e os próprios trilhos do trem. Um ter-remoto, depois outro,

do essas leis matemáti-cas, conseguiríamos descrever todo o Uni-verso. É o que se chama de conceito determinís-tico, segundo o qual se acreditava que, conhe-cendo as condições ini-ciais de um evento ou sistema, poderíamos prever toda sua evolu-ção futura. Mas já no final do século passado, o matemático e físico francês Henri Poincaré (1854-1912) tocou no problema de que essas condições iniciais nun-ca são bem conhecidas. Ele mostrou que mes-mo a mecânica de New-ton não era determinís-tica no sentido que se pensava. Aí, veio a me-cânica quântica e intro-duziu o conceito de que é impossível se conhe-cer simultaneamente a posição e o movimento de uma partícula. Esse é o Princípio da Incer-teza de Heisenberg, que realmente der-rubou aquela atitude científica do tipo ‘co-nhecemos tudo e pode-mos prever o futuro’ ”.Foi justamente o Prin-cípio da Incerteza que fez Einstein soltar, em protesto, sua frase mais famosa: “Deus não joga dados!”. A imprevisibi-lidade quântica era de-mais para ele aceitar. Einstein, como se sabe, falava o tempo todo em Deus – até o dia em que o encostaram na pare-de e perguntaram se ele acreditava mesmo no

Dito Cujo. “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela na harmonia e na ordem da natureza, não em um Deus que se preocupa com os desti-nos e as ações dos seres humanos”, respondeu o criador da teoria da relatividade, citando o filósofo holandês do século XVII para quem Deus e o Universo seri-am a mesma “substân-cia”. Tal entidade, para Spinoza, só poderia ser acessível à men-te humana em dois de seus infinitos atrib-utos: o pensamento consciente e o mundo das coisas materiais.A definição de Einstein decepcionou muita gen-te – John Polkinghorne, inclusive – por excluir o que costuma se chamar de “Deus pessoal”. As-sim, até um ateu con-victo como Carl Sagan aceita a divindade. “A idéia de Deus como um gigante barbudo de pele branca, sentado no Céu, é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que rege o Universo, então claramente ex-iste um Deus. Só que é emocionalmente frus-trante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravi-dade!”, disse o famoso astrônomo americano.

No final do século passado, a ciência acreditava ter todas as chaves do conhecimento: decifrar os últimos mistérios da natureza era só uma questão de tempo. Agora, na entrada de um novo milênio, as certezas mais claras

agonizam e os cientistas se perguntam...

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Os sonhos decifradosPor que sonhamos? Para que serve o sonho? Ninguém até hoje matou a charada. Para desvendar um dos maiores mistérios da mente, neurologia e psicanálise agora caminham juntas.

Já pensou em visitar um lugar em que as leis da física valem tanto quan-

to uma nota de 3 reais? Onde você pode beijar uma estrela de cinema segundos antes de sair voando, cair e morrer, para levantar em seguida e ir para o trabalho de pijama? Num universo em que a lógica não tem vez, mas tudo parece fazer sentido – até você acordar e não entender nada do que se passou no momento an-terior? Você e a humanidade inteira são habitués desse lugar mental – o domínio dos sonhos. Supondo que uma pessoa passe um terço do dia dormindo e ocupe um quinto do tempo de re-pouso sonhando, ela pas-sa um fim de semana por mês totalmente desligada do mundo consciente. Em uma existência de 75 anos, os sonhos correspondem a nada menos que 5 anos completos. Apesar de termos tanta fa-miliaridade com os sonhos, poucos fenômenos são tão intrigantes quanto eles. Seus mistérios atormentam o homem desde sempre – e ainda não há nenhuma resposta 100% convincente para esses enigmas. Entre os antigos, os sonhos cos-tumavam ser interpretados como mensagens de outros mundos. Com a psicanálise, ganharam destaque como o caminho mais privilegiado para decifrar o inconsciente. Os avanços científicos mais recentes são promissores: graças ao desenvolvimento

das neurociências, já foram desvendados alguns meca-nismos cerebrais e funções da experiência onírica. Sa-be-se, por exemplo, que os devaneios noturnos ajudam, e muito, a consolidar memó-rias. Nesta reportagem, você vai acompanhar a trajetória do pensamento humano no maravilhoso mundo dos sonhos. Por enquanto, fi-que de olhos bem abertos e aproveite a viagem.

Ponte para o divino Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, tentava invadir a cidade fenícia de Tiro (no atual Líbano). Apesar da supremacia de seu exérci-to, a localização da cidade – que ficava em uma ilha a quase 1 quilômetro da cos-ta – atrapalhou os planos do conquistador. Depois de 7 meses de cerco, os solda-dos estavam sem ânimo e o próprio Alexandre começou a pensar na possibilidade de desistir da empreitada. Antes de bater em retira-

da, no entanto, ele teve um sonho enigmático com um sátiro dançando sobre o seu escudo. A imagem da figura mitológica ficou martelando tanto em sua cabeça no dia seguinte que ele resolveu se aconselhar com um guia espiritual que acompanhava suas tropas. Depois de ouvir o relato do sonho, o adivinho o interpretou como um sinal de que o cerco deveria ser ainda mais agressivo, pois a cidade seria conquistada em breve. Ele chegou a essa conclusão após desmembrar a palavra sátiro em duas partes – o resultado foi a ex-pressão sa Turos, que pode ser traduzida do grego como “Tiro é sua”. Alexandre acre-ditou no guru, fechou o cerco e, dito e feito, invadiu Tiro. Esse episódio foi des-crito pelo grego Artemidoro de Daldis na obra Oneiro-crítica, escrita no século 2 da era cristã, e reproduzido por Sigmund Freud no livro A Interpretação dos Sonhos. Artemidoro e Ambrósio Teo-dósio Macróbio – pensador latino que viveu entre os séculos 4 e 5 – colheram re-latos de pessoas e, após ana-lisar esse material, dividiram os sonhos em duas catego-rias principais. Na primei-ra se encaixavam aqueles que reproduziam fatos do cotidiano do sonhador. Na segunda entravam aqueles que traziam alguma mensa-gem sobre o futuro, que po-dia se apresentar de forma direta – quando o próprio acontecimento é imagina-do – ou simbólica, como o sonho de Alexandre, que

precisou ser decifrado para revelar seu conteúdo oculto. Artemidoro e Macróbio são considerados os princi-pais pesquisadores sobre os sonhos na Antiguidade, mas não foram os únicos. Aristó-teles, que viveu no século 4 a.C., já falava sobre o assunto em sua obra. “Ele sabia que o sonho converte informa-ções sem muita importância percebidas durante o sono em sensações fortes”, escre-veu Freud. Uma pessoa com febre, por exemplo, pode sonhar que está sendo quei-mada viva numa fogueira. O filósofo também teve ou-tra sacada genial, que seria mais tarde confirmada pelas neurociências: segundo ele, os movimentos corporais que ocorrem durante algu-mas fases do sono têm re-lação direta com os sonhos. Os estudos de Artemi-doro, Macróbio e Aristóteles revelam uma preocupação pouco comum entre nossos antepassados. O sonho não era visto como uma pro-dução da mente humana, mas como um fenômeno sobrenatural. A mitologia dos próprios gregos, por exemplo, delega a respon-sabilidade dos sonhos aos filhos de Hypnos, deus do sono, que por sua vez era irmão gêmeo de Tanatos, deus da morte. Entre os fi-lhos de Hypnos estavam o célebre Morfeu, que tra-zia os sonhos dos homens; Icelus, que provocava os sonhos nos animais; e Phan-tasus, que despertava so-nhos nas coisas inanimadas.

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De Darwin à psi-canálise As interpretações sobrena-turais dos sonhos perderam força a partir do século 19, quando a ciência começou a se ocupar mais atentamente da questão. Um dos primei-ros indícios dessa transfor-mação está no livro A Des-cendência do Homem, de Charles Darwin, publicado em 1871. Nessa obra, o autor do célebre A Origem das Es-pécies, de 1859, faz algumas observações sobre a nossa capacidade de sonhar e su-gere que não estamos sozi-nhos no reino de Morfeu. “Cachorros, gatos, cavalos e provavelmente todos os ani-mais superiores, até mesmo as aves, têm sonhos vívidos, o que é mostrado por seus movimentos e pelos sons que emitem. Por isso deve-mos admitir que eles têm

algum poder de imagina-ção”, escreveu. Ele acertou na mosca – hoje os cientistas sabem que praticamente to-dos os mamíferos e aves têm a capacidade de sonhar. Darwin foi contemporâ-neo de pesquisadores como a psicóloga americana Mary Calkins. No artigo Estatística dos Sonhos, publicado em 1893, ela apresenta um mé-todo usado até hoje: durante o sono, quando seus pacien-tes começavam a mover al-gumas partes do corpo, ela os acordava e pedia que re-latassem o que estavam so-nhando. Calkins descobriu, entre outras coisas, que a maioria dos sonhos aconte-cia na segunda metade do período de sono e que 89% dos relatos tinham relação direta com os eventos do dia anterior. Houve vários outros estudos sobre os so-nhos na segunda metade

AFINAL, POR QUÊ SONHAMOS?

do século 19, mas eles não fizeram muito sucesso. Mas isso não acontece de forma direta – quem deseja come-ter um crime, por exemplo, não adota necessariamente um comportamento ilegal no sonho. Nas décadas seguintes, a psicanálise foi debatida, modificada e ampliada por vários pesquisadores. Um deles foi Carl Gustav Jung, acolhido inicialmente por Freud como seu discípu-lo, mas que depois se af-astou do mestre e criou sua própria teoria. Inclusive no que diz respeito ao sonhos. “Para Jung, o sonho é um mecanismo compensatório da psique, e a realização de desejos reprimidos é ape-nas um aspecto dessa com-pensação”, diz a psicóloga Marion Gallbach, da Socie-dade Brasileira de Psicologia Analítica.

Ninguém sabe ainda. Mas há várias pistas. E uma delas é

a relação mais que comprovada entre os sonhos e a memória. Nos últimos anos, vários arti-gos têm batido na tecla de que o sono REM – durante o qual, sabe-se agora, ocorrem mais de 90% dos sonhos, mas não todos – é importantíssimo no processo de aprendizado. Fa-zem parte desse time cientis-tas como Robert Stickgold, de Harvard, e o brasileiro Sidarta Ribeiro, da Universidade Duke, também nos EUA. Este último vem desenvolvendo uma pes-quisa que relaciona a expressão de alguns genes ao processo de formação de memórias. Os re-sultados do estudo indicam que a fase REM ajuda a consolidar memórias recém-adquiridas – sem os sonhos, as informa-ções do dia-a-dia entram por um ouvido e saem pelo outro.Todos parecem concordar que o sonho é essencial para o bom funcionamento do nosso cére-bro. “Sonhar é uma ferramen-ta cognitiva importantíssima”, diz o neurologista Sérgio Tufik, diretor do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo. Mas alguns pesquisa-dores vão além e afirmam que o sonho é fundamental à nos-sa sobrevivência. Um time de psicólogos da Universidade de Montreal liderado pela psicólo-ga Anne Germain afirmou, por exemplo, que um dos furos da teoria é a baixa incidência de sonhos com temática negativa.Durante o processo evoluti-vo, o sonho foi incorporado a algumas espécies, mesmo representando um risco real. “Ao desligar-se do mundo completamente, o homem e outras espécies podem ser atacados. Não acredito que, nos próximos anos, teremos instrumentos específicos para a análise dos sonhos ou dos pensamentos que ocorrem du-rante a vigília”, diz o psiquiatra Jerome Siegel, da Universidade da Califórnia em Los Angeles.Sonhar não custa nada.

5 perguntas sobre os sonhosComo é o sonho dos cegos?Quando uma pessoa nasce cega e não tem referências visuais, os sonhos são recheados pelos outros sentidos, como a audição. Mas ela pode formar imagens mentais relativas ao espaço, assim como consegue perceber os caminhos por onde anda durante o dia. Já quem nasce com a visão em ordem e fica cego mais tarde pode ter sonhos com imagens durante a vida toda.Bebês sonham?Como eles não falam, não dá para saber com precisão. O sono REM, um dos principais indícios do sonho, está presente em todas as idades. Mas a experiência deve ser bem diferente da vi-vida por nós, adultos, pois o bebê tem uma consciência em formação, tem emoções, memória e percepção do mundo, mas ainda não tem uma ferramenta essencial para a construção do sonho como ele ocorre nas pessoas adultas: a linguagem.Sonhamos em cores ou em P&B?Nossos sonhos, segundo os neurologistas, têm cores. O que pode causar a sensação de um sonho em preto-e-branco é a dificuldade que temos de manter as imagens oníricas na me-mória – elas vão, quase literalmente, esmaecendo no decorrer do dia. Esse esquecimento é causado pelo fato de o conteúdo dos sonhos ficar armazenado em nossa memória de curta duração. Para evitar que uma cena sensacional seja perdida, o único jeito é mentalizar o sonho várias vezes ao acordar. Se tomar nota, melhor ainda. Só assim eles ficam guardados em uma memória mais duradoura – e colorida.Existem sonhos premonitórios?Há muitos indícios de que não. Um deles é a inconsistência dos relatos. “Quem acredita nesse tipo de sonho costuma relatar fatos isolados relativos à experiência premonitória, mas quase nunca diz quantos sonhos não correspondem ao que realmente aconteceu depois”, diz J. Allan Hobson em seu livro Dreaming: An Introduction to the Science of Sleep (“Sonhando: Uma Introdução à Ciência de Dormir”, inédito no Brasil).Animais sonham?Sim, com quase 100% de certeza. Os donos de gatos e cachorros sabem que, durante o sono, os bichos se movem e emitem ruídos que sinalizam uma atividade mental intensa. A ciência já descobriu que os mamíferos – e as aves, em menor escala – têm sono REM, portanto concluiu-se que eles sonham de alguma maneira. O único entrave nessa pesquisa é a impossibilidade de relatos dos sujeitos – no caso, os animais.

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POR TRÁS DA CORTINA DE FUMAÇAA Organização Mundial da Saúde publica o mais completo relatório sobre os efeitos da maco-nha. E afasta a onda de desinformação que cerca a droga ilegal mais consumida do mundo.

Era para ser uma festa. Era para ser o triunfo da pesquisa médica em

seu esforço de separar, cien-tificamente, o que é mito e o que é fato sobre os efei-tos da Cannabis, conhecida como maconha. Mas o rela-tório sobre a droga publica-do pela Organização Mun-dial da Saúde (OMS), das Nações Unidas, teve uma outra recepção. A entida-de começou a trabalhar em 1993. Convocou os maiores especialistas do mundo e incumbiu-os de, nos cinco anos seguintes, examinar o resultado de centenas de pesquisas. Finalmente, em dezembro do ano passado, as conclusões dessa equipe foram reunidas num docu-mento de 49 páginas, publi-cado sob o título Cannabis: uma Perspectiva de Saúde e Agenda de Pesquisa. Surgia o mais completo relatório produzido sobre a maconha nos últimos quinze anos. Aí, o que era para ser uma festa virou guerra política.

O trabalho da OMS mal foi lido. Até o início do mês de março, pouco mais de 500 cidadãos, nos cinco conti-nentes, tinham tido acesso a ele. Quase não houve reper-cussão. O motivo é que seu conteúdo foi encoberto pela campanha dos que pregam a legalização da droga. Nada contra a polêmica, que pode ser até saudável. Mas o fato é que, no caso, ela fez som-bra sobre o texto da OMS e favoreceu a onda de desin-formação. A confusão chegou ao ápi-ce quando a revista semanal inglesa New Scientist, na sua edição de 21 de fevereiro, pôs em sua capa uma re-portagem explosiva em que acusava a OMS de ter su-primido do documento, por motivos políticos, um capí-tulo mostrando que a maco-nha seria menos perniciosa do que o álcool e o tabaco. A OMS admitiu a supressão do capítulo, mas negou os mo-tivos. Declarou que o texto comparando as três drogas

fora excluído por prudência, pois os estudos nos quais ele se apoiava não eram conclu-sivos. De fato, isso só levaria a mais confusão. Tanto é que a confusão, com capítulo ou sem capí-tulo, alastrou-se. E desviou, ainda mais, a atenção do público daquilo que, afinal, era o mais importante – o próprio relatório da OMS. Quem foi apanhado de sur-presa pela guerra de versões pode ter ficado desorien-tado. E pode até estar pen-sando que a maconha nem é tão perigosa. Mas ela faz mal, sim, e cria riscos sérios para a saúde. Quem tem dúvida, é só consultar o relatório. “Ele confirma diversas conse-qüências nocivas comumen-te apontadas em relação à maconha”, resume a psico-bióloga brasileira Maristela Monteiro, da OMS, uma das responsáveis pela versão fi-nal do texto. “E além disso aponta novos perigos.” Ao mesmo tempo, o trabalho

desmontou mitos antigos, li-vrando a droga de acusações que ainda hoje se escutam. A verdade é que não, a ma-conha não reduz o número de espermatozóides nos ho-mens, não induz à violência nem tira a disposição para o trabalho e para o estudo. Nas páginas seguintes, a SUPER vai esmiuçar o conte-údo do relatório para você. Os resultados apresentados pela OMS ajudam, e muito, a reverter a maré de dúvidas e de mistificações em torno da droga. Para começar, admite que ela possa ter aplicações medicinais (e sobre isso a SUPER já publicou uma re-portagem de capa, em agos-to de 1995). Mas aponta, com precisão científica, os males que o uso indiscrimi-nado dessa substância pode causar. Não são poucos. E não são suaves. É bom você se informar a respeito e es-capar da cortina de fumaça – que ainda esconde muitos riscos.

Cérebro aberto à in-vestigação O efeito sobre as funções nobres do cérebro, embora não seja tão pesado quan-to se pinta, pode prejudi-car o comportamento dos usuários. O risco da de-pendência é pequeno, mas não é nada desprezível. A avaliação mais recente, di-vulgada em 1997, indicava que eram 140 milhões de dependentes, 2,5% da po-pulação da Terra. Mas esse número vai au-mentar, diz a OMS. “O uso vem crescendo dramatica-mente nos últimos anos.

por Flávio Dieguez

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Verdades MentirasX

A capacidade de aprender e de raciocinar e a memória diminuem?

Há somente três anos, parecia não haver sinais de que a droga pudesse afetar as atividades cerebrais mais refinadas, aquelas que os especialistas chamam de funções cognitivas, as ligadas ao processo de conhecimento. Uma das novidades dos relatório é que agora há provas disso. Quem fuma regularmente por muitos anos tem dificuldade para organizar grandes quantidades de informações compli-cadas. Num tipo de teste, um cidadão empilha cartas segun-do regras que o paciente precisa deduzir, apenas observando o “jogo”. Com o tempo, as regras vão sendo mudadas. Quem não fuma, deixa de perceber cinco de cada 100 mudanças de regra. Fumantes pesados cometem o mesmo erro oito vezes. “A diferença é sutil”, afirma o relatório. “Mas é ratificada por novos estudos, realizados em 1995 e 1996.”

Os neurônios ficam estragados?

A idéia de que a maconha afeta as funções do cé-rebro porque causa algum tipo de dano aos neurônios não está comprovada. As pesquisas dão resultados ambíguos. Certas imagens das células cerebrais de ratos, obtidas por tomógrafo, parecem ligeiramente deformadas, especial-mente nos pontos em que elas tocam umas nas outras, chamados sinapses. Mas em outras experiências não se vê alteração nenhuma. Logo, não é possível tirar uma conclu-são definitiva. Diante da relevância do assunto, o relatório da OMS sugere que se façam estudos mais aprofundados sobre ele.

Quem fuma muito tempo pode acabar caindo na dependência?

Grande parte dos usuários pesados, desses que fumam diariamente durante meses, acaba se viciando. As estatísticas indicam que até metade dos fumantes desse tipo perdem o controle sobre o hábito e precisam de tra-tamento para se recuperar. Entre os que não conseguem a cura, muitos apresentam sintomas que agravam a de-pendência. Ficam desmotivados para qualquer coisa, tor-nam-se menos produtivos em suas atividades, sofrem de depressão e têm a auto-estima abalada.

Então, todos ficam viciados?

Apenas fumantes pesados caem na dependência, e eles, de acordo com os dados do relatório, são cerca de 10% de todos os que experimentam a droga. Dito de ou-tra maneira, o vício nem é inevitável, nem acontece com freqüência. “Fumar é um hábito de adolescentes”, lê-se no relatório. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, eles representam a grande maioria de usuários – perto de 70% do total – e a proporção de adultos não cresce.

Quem usa maconha pode partir para drogas mais pesadas?

Meninos e meninas, especialmente nos últimos anos, têm, sim, seguido essa trilha. “Nota-se que a experi-ência com a canabis precede o interesse por outras subs-tâncias”, diz o documento. São as colas de sapateiro, as anfetaminas, a cocaína e a heroína. Os especialistas tam-bém escrevem que, “quanto mais cedo se começa a fumar, maior é o envolvimento com a maconha”. E concluem que, entre os jovens nessa situação, é maior a possibilidade de contato com coisas mais perigosas.

Sempre que um usuário procura outras drogas, a culpa é da maconha?

Mas atenção: apesar de ser verdade que muitos jovens ampliam o coquetel de drogas depois de experimen-tar a maconha, isso não quer dizer que a culpa caiba ex-clusivamente a ela. O próprio hábito de recorrer à canabis pode ter tido causa mais profunda, como problemas fami-liares, falta de perspectiva e assim por diante. Aí, o fumante da canabis amplia o seu repertório de drogas pelos mesmos motivos. Essa, aliás, é a explicação preferida dos pesquisa-dores reunidos pela OMS. Como reforço, eles lembram que “a imensa maioria dos usários de maconha não usa a coca-ína e a heroína”.

A maconha provoca desastres de trânsito?

Essa é uma nova preocupação dos especialistas. Sob ação da droga, fica mais difícil executar desde tarefas simples, como datilografar, até as de maior responsabilida-de, como dirigir um automóvel. Em simulações, motoristas que fumaram 1 hora antes do teste brecam em hora erra-da e demoram para reagir aos sinais de trânsito.

O motorista perde totalmente a capacidade de se controlar

Alguns testes sugerem que o fumante percebe a diminuição da coordenação motora e procura compensar essa deficiência, concentrando-se mais no que está fazen-do. Nos desastres de trânsito em que o motorista demons-tra ter fumado maconha, é comum ele também ter bebido álcool. Com a mistura, é óbvio que a erva não tem culpa sozinha no cartório.

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