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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE MÚSICA RODRIGO CANTOS SAVELLI GOMES MÚSICA, GÊNERO, COMUNIDADE: UM ESTUDO DE CASO NO MORRO DO MONT SERRAT. Projeto de TCC apresentado à disciplina de Metodologia Científica do curso de Licenciatura em Música, ministrada pela professora Tereza Franzoni, sob a orientação da professora Maria Ignez Cruz Mello. FLORIANÓPOLIS 2007

PROJETO TCC - MÚSICA, GÊNERO, COMUNIDADE: UM ESTUDO DE CASO NO MORRO DO MONT SERRAT

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Projeto de TCC apresentado à disciplina de Metodologia Científica do curso de Licenciatura em Música, ministrada pela professora Tereza Franzoni, sob a orientação da professora Maria Ignez Cruz Mello.O presente projeto de pesquisa pretende analisar as relações de gênero em música a partir da observação de encontros comunitários onde a música se faz presente no morro do Mont Serrat – localidade situada entre uma das 17 áreas que compõe o complexo do Morro da Cruz no centro da cidade de Florianópolis.

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Page 1: PROJETO TCC - MÚSICA, GÊNERO, COMUNIDADE: UM ESTUDO DE CASO NO MORRO DO MONT SERRAT

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE ARTES

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

RODRIGO CANTOS SAVELLI GOMES

MÚSICA, GÊNERO, COMUNIDADE:

UM ESTUDO DE CASO NO MORRO DO MONT SERRAT.

Projeto de TCC apresentado à disciplina de Metodologia Científica do curso de Licenciatura em Música, ministrada pela professora Tereza Franzoni, sob a orientação da professora Maria Ignez Cruz Mello.

FLORIANÓPOLIS

2007

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................03

2 OBJETIVOS........................................................................................................................04

2.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................................................04

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................04

3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................05

4 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................08

4.1 RELAÇÕES DE GÊNERO...............................................................................................08

4.2 GÊNERO E MÚSICA.......................................................................................................11

4.3 MÚSICA, GÊNERO E A COMUNIDADE DO MONT SERRAT..................................13

5 METODOLOGIA...............................................................................................................14

6 CRONOGRAMA................................................................................................................15

7 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................16

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1 INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa pretende analisar as relações de gênero em música a

partir da observação de encontros comunitários onde a música se faz presente no morro do

Mont Serrat – localidade situada entre uma das 17 áreas que compõe o complexo do Morro da

Cruz no centro da cidade de Florianópolis.

A discussão se dará a partir da observação de diversas manifestações artístico-culturais

coletivas presentes no morro como, por exemplo, os ensaios da escola de samba, o movimento

hip-hop, os encontros do pagode, bem como as manifestações religiosas como, catolicismo

popular, terreiro de umbanda, assembléia de deus, tendo como foco as práticas musicais e a

presença das mulheres nestas atividades.

Desse modo, procurar-se-á refletir sobre como as relações de gênero, instituídas de

poder, prestígio, hierarquia e discriminações, afetam, modelam e estruturam o discurso e a

performance musical de seus integrantes. Sendo a música uma das manifestações culturais

mais próximas do dia a dia das pessoas, esta pesquisa parte do princípio que a mesma pode

estar diretamente afetada por essas determinações (BRETT e WOOD, 2002), seja

reproduzindo, afirmando ou contestando modelos e costumes vigentes.

Esta pesquisa segue a orientação antropológica, tendo como característica

metodológica a inserção intensa e freqüente do pesquisador no cenário da pesquisa, com

observação participante nas atividades musicais, sociais, culturais, coletivas e individuais,

sendo os dados empíricos coletados através de entrevistas, conversas com os moradores,

descrição e relatos das observações em diário de campo, além de filmagens e fotografias.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

• Investigar como se dão as relações de gênero nas atividades musicais comunitárias na

localidade do Mont Serrat e como estas relações estruturam o discurso e a

performance musical de seus integrantes.

2.2 OBEJTIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar onde estão as mulheres e que funções exercem nas práticas musicais;

• Discutir como as relações de gênero modelam e estruturam o universo musical da

comunidade;

• Perceber e em que medida a produção e o discurso musical revelam questões

relacionadas à temática de gênero, seja através da organização social na hora da

performance musical, seja através das letras das canções, bem como dos processos

composicionais;

• Fazer um levantamento histórico das atividades musicais e culturais da comunidade;

• Descrever, caracterizar e analisar as atividades musicais no âmbito da comunidade;

• Dar continuidade aos estudos sobre relações de gênero desenvolvidos na UDESC

desde de 2003;

• Discutir implicações para a Educação Musical a partir da perspectiva de gênero;

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3 JUSTIFICATIVA

Apesar do grande avanço, nas diferentes áreas do conhecimento, em estudos sobre as

relações de gênero, alguns setores da sociedade ainda não exploraram o tema em seus mais

variados aspectos, como é o caso dos estudos sobre a produção musical feminina. Sabe-se que

há muitos séculos o meio musical tem sido um privilégio dos homens. Estudos recentes têm

mostrado que desde Platão podemos observar uma musicologia calcada “em metáforas de

gênero, diferença sexual, atração e repulsa sexual” que favoreceram uma estruturação musical

consolidada em valores que refletem predominantemente o ponto de vista da masculinidade

(MELLO, 2006a)1. Nas últimas décadas, estudos em Antropologia, Musicologia, História,

Psicologia, Sociologia, etc, têm explorado a temática de gênero em diferentes contextos

geográficos, culturais e socioeconômicos, indicando novas perspectivas para o assunto além

da total dominação masculina, apontando para um sistema de “complementaridade entre os

gêneros” (MELLO, 2005, p.287), como é o caso dos estudos musicológicos em aldeias

indígenas brasileiras (PIEDADE 2004; BASTOS, 1999; MELLO, 2005).

No Departamento de Música da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),

o estudo sobre relações de gênero no campo musical vêm sendo desenvolvido desde 2003

pela professora Dra. Maria Ignez Cruz Mello, na área da Etnomusicologia. Durante os anos de

2006 e 2007, a participação como bolsista de iniciação científica em um projeto de pesquisa

que estuda as relações de gênero na produção musical contemporânea brasileira – orientado

pela professora em questão – fomentou o debate na área, apontando para as diversas

possibilidades que o tema pode ser direcionado, o que instigou na continuação nesta linha de

pesquisa através deste Trabalho de Conclusão de Curso.

A participação nos anos de 2004 e 2005 – também como bolsista de iniciação

científica – em outra pesquisa, desta vez coordenada pela professora Vânia Beatriz Muller, foi

igualmente decisiva no direcionamento desta investigação. Esta pesquisa centrava-se na

música comunitária e os processos de subjetivação estabelecidos através da performance

musical, tendo como foco a Comunidade Batuel Cunha, localizada no bairro do Rio Tavares,

1 Este artigo também foi publicado nos Anais da Jornada de Pesquisa do CEART-UDESC. Ver: MELLO, 2006b.

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em Florianópolis. Este trabalho trouxe à tona a importância da aproximação das pesquisas

acadêmicas com as comunidades periféricas, haja vista que estas apresentam um campo fértil

para o estudo das relações sócio-culturais. O interesse por esta vertente de estudo manifestou-

se também pelo fato de que muitas vezes estas comunidades são tratadas com certa

‘invisibilidade’ pelos organismos governamentais, pela sociedade e, diga-se de passagem, por

algumas instituições de pesquisa e ensino. Infelizmente, a imagem negativa que muitas pessoas têm acerca do território dos empobrecidos, as impede de vê-lo como local de inovação e de pesquisa. Sendo assim, possivelmente não o enxergam como um campo fértil de possibilidades de ação e conseqüentemente acabam não percebendo que é muitas vezes nestes lugares que surgem as perguntas mais instigantes, especialmente na área da educação e da cultura, pois “[...] na periferia existe uma vontade real de resistir ao insuportável”.

Essa vontade aliada às iniciativas constrói espaços e delimita territórios geradores de vida e conhecimento. (COPPETE, 2003b).

Desse modo, a participação nestas duas atividades de pesquisa durante o período da

graduação convergiram, de certo modo, na idealização do tema deste projeto de TCC. A

contribuição do pesquisador em um trabalho voluntário envolvendo a prática musical na

igreja da comunidade do Mont Serrat – desde o início de 2004 até os dias atuais – foi decisiva

para escolha desta localidade como cenário da pesquisa. Nesta vivência contínua com a

comunidade foi possível conhecer um pouco suas lutas, seus valores, suas atividades culturais

e musicais, destacando-se, ao longo destes anos, a riqueza cultural presente naquela

comunidade.

A comunidade do Mont Serrat é umas das tantas regiões empobrecidas da cidade de

Florianópolis. Anexada ao Morro da Cruz, forma parte de um complexo de 14 comunidades –

em sua maioria formada por afro-descendentes – que lutam contra a pobreza, discriminação

racial, social e por mais visibilidade ante a sociedade e as instituições governamentais que

insistem em mantê-las a margens dos projetos sócio-estruturais da cidade.

Contudo, a forte organização política e social de seus moradores, estabelecendo um

sistema de ajuda mútua, de solidariedade e de luta por seus direitos têm transformado este

espaço num lugar repleto de atividades sociais, culturais, religiosas, favorecendo a criação de

diversos espaços educacionais, o que tem chamado atenção de inúmeros estudos acadêmicos

nos últimos anos em diversas áreas do conhecimento (ARAUJO, 2002, 2004a, 2004b, 2005;

COPPETE, 2003a, 2003b; SILVA A., 2002, 2004, 2006; SOUZA J., 1992; SOUZA M., 2002;

SOUZA, E., 1992; PERIM, 2003; MARIA, 1997; VIEIRA, 2003; BLUMENBERG, 2005).

Também é possível encontrar referências à comunidade do Mont Serrat, direta ou

indiretamente, em estudos envolvendo as populações negras da capital, onde se destacam

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principalmente as práticas culturais, religiosas e as lutas sociais das comunidades afro-

descendentes (GROH, 1998; TRAMONTE, 1995, 1999, 2001; CARDOSO e IANNI, 1960;

CARDOSO F., 2000; FERNANDES, 2004; CAMARGO, 2002; ALVES, 1990; VIEIRA,

2003; GRADE, 2006).

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 RELAÇÕES DE GÊNERO

Sabemos que desde os primeiros registros históricos da nossa sociedade ocidental a

figura feminina esteve em grande parte do tempo encoberta por uma sociedade que favoreceu

imensamente a projeção dos membros do sexo masculino frente a uma desvalorização e

invisibilidade do sexo feminino. Diante dos poucos registros das atividades e da presença

feminina, tendemos a pensar que estas tiveram pouca participação ou um papel secundário nas

decisões e formações históricas da nossa sociedade. Contudo, atualmente sabemos que isso

não reflete a verdade, muitos(as) historiadores(as) tem revelado que mesmo em épocas de

grande opressão, haviam ocasiões em que as mulheres obtiveram poder e reconhecimento

social. Grossi (1998) explica como a ciência e a mentalidade moderna se adequou à imagem

masculina, dando pouca margem nos espaços intelectuais, sociais e políticos para a inserção

da subjetividade feminina: A ciência, tal como conhecemos, parece dar explicações “neutras” e “objetivas” para as relações sociais. No entanto, a ciência que aprendemos desde a escola reflete os valores construídos no Ocidente desde o final da Idade Média, valores que refletem apenas uma parte do social: a dos homens, brancos e heterossexuais. Sempre aprendemos que Homem com H maiúsculo se refere a humanidade como um todo, incluindo nela homens e mulheres. Mas o que os estudos de gênero tem mostrado é que, em geral, a ciência está falando apenas de uma parte desta humanidade, vista sob o ângulo masculino e que não foi por acaso que durante alguns séculos havia muito poucas cientistas mulheres. Grande parte das mulheres queimadas como “bruxas” pela Inquisição eram mulheres que faziam ciência e lidavam com plantas e processo de cura (GROSSI, 1998, p.05).

Mesmo quando as mulheres falam em nome da ciência, elas estão usando um sistema

construído sob o domínio masculino, com valores, táticas, ideologias que não permitem a

verdadeira expressão da sua natureza feminina.

Estudos atuais em antropologia (PIEDADE 2004; BASTOS, 1999; MELLO, 2005;

GROSSI, 1998) sociologia (BITENCOURT, 2001; SCOTT, 1990, 2005) e psicologia

(NUERNBERG, 2005) têm trazido uma nova perspectiva para o discurso de gênero além

daquele onde as mulheres estariam subordinadas, dominadas, presas a um sistema opressor,

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mostrando que elas participaram como agentes atuantes na construção e idealização do

mesmo, reproduzindo-o e remodelando-o ao longo dos anos. Entende-se desse modo que o

sistema hierárquico ocidental construído sobre as diferenças sexuais não se manteve por causa

de uma “perversidade natural” dos homens, mas sim que se perpetuou ao longo dos séculos

por servir a interesses, muitas vezes, ocultos e inconscientes da sociedade, da cultura, de

homens e mulheres, interesses esses que foram fundamentais para a sobrevivência,

desenvolvimento e conservação dos indivíduos de ambos os sexos.

Contudo, desde o início do século XX – principalmente após a revolução industrial, ao

se abrir o mercado de trabalho para o sexo feminino, ocasionando uma reestruturação dos

papéis das mulheres na sociedade – a conveniência desse sistema passou a ser amplamente

questionada pela sociedade, culminando no movimento feminista dos anos 60. Esse

movimento teve um papel fundamental na reformulação dos papéis de gênero estabelecidos

pela sociedade ao longo dos séculos.

Procurando a superação das limitações da teoria feminista é que surge o conceito

gênero enquanto uma categoria de análise para ajudar a compreender as relações entre

homens e mulheres numa determinada sociedade e num determinado momento histórico,

procurando fazer ver que certos padrões de conduta e expectativas para homens e mulheres

são construídos e remodelados socialmente ao longo do tempo, podendo, portanto, ser

mudados de acordo com o interesse de cada época e região.

Sendo assim, podemos dizer que gênero é um conceito recente que se popularizou no

meio acadêmico por volta da década de 80, considerado pelos estudiosos como uma herança

dos estudos sobre mulheres advindos do feminismo (MELLO, 2006a; FARIA, 2002;

GROSSI, 1998). Enquanto o feminismo centrava seus esforços na luta pela igualdade de

direitos entre os sexos – ressaltando principalmente a opressão exercida pela sociedade sobre

as mulheres, caracterizando-se como um movimento pensado e idealizado, sobretudo, pelo

sexo feminino – os estudos de gênero, por outro lado, procuraram apontar na perspectiva de

entender como se constroem as relações de poder entre os sexos nas diferentes culturas,

comunidades, sociedades, povos, grupos, etc, e como esta relação se estabelece e se

reestrutura ao longo dos anos2. Sendo assim, gênero deixou de ser um estudo conduzido

apenas por mulheres e passou a ser uma questão discutida em todos os segmentos da

sociedade, como uma peça fundamental para a compreensão das relações humanas entre

2 Ver: FARIA, 2002; JESUS, 2003; MELLO, 2005; PIEDADE, 2004; BASTOS, 1999; WELTER, 1999; BRETT e WOOD, 2002; MATOS, 2004; BARBOSA V., 2006; BARBOSA M., 2005; BITENCOURT 2001; ERTZOGUE, 2002; NUERNBERG, 2005; GROSSI, 1998.

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mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens, já que, segundo Scott, “gênero é

considerado como uma forma primária de dar significado às relações de poder (mesmo que

não seja único), ou seja, é o campo primário, no interior, ou por meio do qual o poder é

articulado” (apud SARTORI e BRITTO, 2004, p.33).

Segundo a vertente feminista, em nossa sociedade, por exemplo, a divisão sexual teria

sido uma das primeiras razões aparentes para a legitimação da divisão do trabalho, o que por

sua vez conduziu à divisão de classes, impregnando, conseqüentemente, todos os demais

espaços sociais, políticos, as manifestações culturais e religiosas. Autores mais atuais

(GROSSI, 1998; SCOTT, 1990) embora não renunciem a esta hipótese, preferem ampliar o

conceito para além da divisão sexual, considerando gênero como um instrumento de ordenação do mundo, e mesmo não sendo anterior à organização social, ele é inseparável desta. Portanto, o gênero é a organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas ele constrói o sentido dessa realidade. A diferença sexual não é a causa originária da qual a organização social poderia derivar. Ela é antes uma estrutura social movente, que deve ser analisada nos seus diferentes contextos históricos (HEILBORN e RIAL apud GROSSI, 1998, p.06).

Em outras palavras, gênero é uma classificação que não se estabelece somente sobre a

diferença de sexo, mas, acima de tudo, uma categoria que serve para dar significado a esta

diferença (SCOTT, 1990).

Com essa herança feminista, os estudos de gênero tenderam a centraram seu foco na

imagem mulher, tomando-o quase que como um sinônimo de estudo sobre mulheres, o que

tem deixando em desconforto alguns estudiosos. Contudo é preciso ressaltar que as

identidades masculinas e femininas se constroem de forma relacional, pois existe uma

complementaridade entre ambas as partes. Por isso, atualmente tem-se preferido adotar o

termo relações de gênero, haja vista que “é impossível tornar-se mulher na nossa sociedade, sem ter conhecimento do que significa tornar-se homem, assim como creio que é impossível tornar-se negro, sem ter conhecimento do que significa tornar-se branco – e vice-versa” (CORRÊA). No entanto, deve-se registrar que isso apenas recentemente tem chamado a atenção dos pesquisadores e das pesquisadoras. [...] Um outro aspecto que o termo “gênero” permite, para além da substituição do termo “mulheres”, é que a sua utilização sugere que qualquer informação sobre as mulheres refere-se necessariamente aos homens. Segundo essa interpretação, o estudo das mulheres de maneira isolada perpetua o mito de que apenas a experiência de um sexo tem visibilidade e que tem muito pouco a ver com a de outro (SARTORI e BRITTO, 2004, p.34-35).

Ou seja, quando se trata de gênero não existe um estudo sobre mulheres ou sobre

homens isoladamente, mas sim estudo sobre a relação estabelecida entre os sexos. “O

indivíduo não pode ser pensado sozinho: ele só existe em relação” (GROSSI, 1998, p.06).

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Portanto, há a necessidade de referências concretas, de análises comparativas e relacionais

sobre a identidade masculina e feminina para compreender a posição de cada gênero na

sociedade, a valorização ou desvalorização de seu trabalho, de seus papéis sociais, de suas

condutas, de seus deveres e obrigações, etc. Como gênero é relacional, quer enquanto categoria analítica quer enquanto processo social, o conceito deve ser capaz de captar a trama das relações sociais, bem como as transformações historicamente por elas sofridas através dos mais distintos processos sociais, trama essa na qual as relações de gênero têm lugar (SAFFIOTI, 1992 apud http://www.mj.gov.br/sedh/ct/genero.ppt).

4.2 GÊNERO E MÚSICA

Em uma revisão sobre os estudos de Gênero e Música realizada por Joana Holanda e

Cristina Gerling (2005) é possível constatar que pesquisas de gênero no campo musical ainda

são recentes e escassas. Os primeiros vestígios começaram por volta anos 80 nos Estados

Unidos, com as primeiras antologias de partituras e biografias de compositoras. Segundo as

autoras, nos anos 90 autoras como Susan MacClary, Lawrence Krammer e Marcia Citron,

levantaram os primeiros debates sobre as metáforas de gênero no código musical, mostrando

como convenções e construções retóricas da teoria e análise musical podem estar repletas de

metáforas sexuais construídas a partir de sensações e impressões que refletem

majoritariamente o modelo de masculinidade. Ainda na década de 90, outras autoras como

Ellen Walterman, Suzanne G. Cusick e também as já citadas Marcia Citron e Susan MacClary

procuraram perceber pontos diferenciais nas estruturas e elaborações de composições,

arranjos e interpretações em atividades femininas, a fim de revelar como as mulheres

encontram mecanismos de expressar sua subjetividade em um sistema musical construído

sobre o domínio patriarcal.

Sendo assim, em linhas gerais, os estudos de gênero em musica estão centrados

principalmente nos seguintes pontos (HOLANDA e GERLING, 2005; MELLO, 2006a):

• Estudos sobre o código musical, onde se analisam as representações de gênero

presentes como metáforas na teoria da musica tradicional e como as mulheres se

utilizam deste código para expressar sua subjetividade.

• Análise e observação das performances musicais, onde se procura perceber o emprego

maior ou não da corporalidade, sensualidade, e as diferenças e semelhanças de atitude

na realização musical entre sexos.

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• Investigação do discurso presente nas letras das músicas (desde óperas até canções

populares, folclóricas, etc) onde se faz menção às relações afetivas, sociais e morais

entre homens e mulheres.

• Observação sobre presença das mulheres nos ambientes musicais, principalmente

exercendo funções consagradas aos membros do sexo masculino, como por exemplo:

mulheres compositoras, mulheres regentes, bateristas, baixistas, Djs, etc.

É interessante notar que, no Brasil, as grandes temáticas que permeiam as discussões

em torno da categoria de gênero têm pouca repercussão nos estudos sobre música, sendo

abordado, na maior parte das vezes, as questões que dizem respeito ao trabalho, violência e

sexualidade.

Em uma sondagem preliminar, percebe-se que os estudos que envolvem a questão de

gênero no campo musical em território nacional apontam predominantemente para a análise

do discurso embutido nas letras das canções, onde se coloca em evidência a representação

feminina, os estereótipos e a imagem da mulher narrada pelos cancioneiros em seus versos.

Estes estudos são na sua maioria dirigidos por áreas do conhecimento alheias à musicologia,

como é o caso dos estudos em Letras e Literatura (BELTRÃO, 1993; SANTA CRUZ, 1992),

Ciências Políticas (COSTA, 2006), História e História Social (FARIA, 2002; ERTZOGUE,

2002, VEIGA 2006; MATOS, 2004).

Outra vertente tem se dedicado identificar onde estão as mulheres no meio musical,

que funções exercem e qual a importância delas no contexto social da sua época. Nesta linha

também se destacam os estudos biográficos de mulheres que tiveram significativa repercussão

nos ambientes artístico-musicais de sua época (STIVAL, 2004; BARONCELLI, 1987;

CHAVES, 2006; SARTORI R., 2006; MEDIA, 2006; PACHECO e KAYAMA, 2006;

WELLER, 2005; DINIZ, 1984; KATER, 2001; LIRA, 1978; PACHECO, 2006; SCARINCI,

2006).

A antropologia, tem tido um certo destaque nesta discussão ao olhar para a questão de

gênero e música a partir de outras culturas, principalmente as indígenas, como é o caso dos

estudos em Etnomusicologia que vêm sendo realizados nas aldeias indígenas brasileiras

(MELLO, 2005; PIEDADE 2004; BASTOS, 1999). Na Musicologia, Joana Holanda (2006)

trás em sua tese uma importante discussão sobre a questão de gênero na linguagem musical,

acompanhada no campo da Educação Musical por Helena Lopez da Silva (2000 e 2002) que

conduz proveitosas reflexões em relação à construção da identidade de gênero a partir do

espaço escolar. Segundo a autora, “a música, através de seus usos simbólicos, representa uma

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ferramenta importante neste processo da construção da identidade de gênero na adolescência”

(SILVA, H., 2002).

4.3 MÚSICA, GÊNERO E A COMUNIDADE DO MONT SERRAT.

As mulheres no Mont Serrat – embora historicamente discriminadas pelos conflitos

sexo/gênero, de cor/raça/etnia e de classe – são tidas como referências de organização e

movimento no morro. Muitas estão fortemente engajadas nos movimentos sociais,

educacionais e são as que mais participam das atividades religiosas e culturais da

comunidade. (ARAÚJO, 2004a; COPPETE, 2003a). A força notória adquirida por elas está

intimamente ligada ao movimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) tendo como

apoio a Teologia da Libertação e Catolicismo Popular, ideologias fortemente engajadas ao

movimento libertador feminista dos anos 60.

Vilson Groh, padre da igreja local há vinte cinco anos, comenta sobre a forte a relação

entre o catolicismo e o movimento das mulheres: A igreja do morro é uma igreja feminina e feminista, ela sempre foi levada pelas mulheres. Pode-se dizer que a igreja do Mont Serrat é mariológica, seu centro é Maria, enquanto mulher que emancipa, bíblica, que é a Nossa Senhora do Mont Serrat. Depois é que nasce a questão da cristologia na igreja, de um Cristo histórico, pautado nessa visão da relação com a mariologia (GROH apud ARAÚJO, 2004a, p. 123).

“Os elementos de um ‘catolicismo popular’ sempre estiveram presentes na vida deste

povo, desde os primeiros passos da Irmandade da Nossa Senhora do Mont Serrat,

[caracterizado esta como] uma das primeiras comunidades a se organizar a nível eclesial”,

onde a parceria já dura mais de 100 anos (SOUZA J., 1992, p. 26). Desse modo, tendo em

conta todo o processo histórico da formação desta comunidade centenária e o processo de

integração das mulheres através religião e das lutas sociais, este projeto buscará encontrar os

vínculos entre o movimento feminista do morro e suas atividades artístico-musicais.

Nesta direção, focalizaremos as relações de gênero no âmbito das atividades musicais

coletivas da comunidade do Mont Serrat, buscando identificar onde estão as mulheres, que

funções exercem nas práticas musicais, como estas relações (gênero) instituídas de poder,

hierarquia e discriminações afetam, modelam e estruturam o universo musical da comunidade

e em que medida a produção e o discurso musical revelam questões relacionadas à temática de

gênero, seja através da organização social na hora da performance musical, seja através das

letras das canções, bem como dos processos composicionais.

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5 METODOLOGIA

Num primeiro momento, o trabalho consistirá em uma sondagem sobre quais são os

grupos, quem são os integrantes, onde moram, onde se apresentam, qual o seu público alvo,

que instrumentos e estilos de musica tocam ou cantam.

A metodologia utilizada será o Estudo de Caso (TRIVIÑOS, 1994), com utilização de

técnicas etnográficas na coleta de dados e uma inserção intensa e freqüente no cenário da

pesquisa, com observação participante nas atividades musicais, sociais, individuais e

coletivas.

As técnicas utilizadas para a coleta, análise e interpretação dos dados serão a

observação livre, a observação participante, registro em diários de campo, entrevistas livres e

semi-estruturadas, fotografias e gravações em áudio e vídeo.

As observações se darão, inicialmente, nos ensaios da Bateria da Escola de Samba

Copa Lord – tanto nos encontros da Bateria Mirim (crianças), como na Bateria Profissional

(adulta); nos encontros religiosos da comunidade onde a música se faz presente como, por

exemplo: na igreja Católica, na igreja Assembléia de Deus e nos terreiros de Umbanda; nas

festas comunitárias onde os grupos locais se apresentam, como a Festa da Nossa Senhora do

Mont Serrat; nos espaços educacionais onde a música é inserida de alguma forma como, por

exemplo: na Escola Básica Municipal Lúcia Livramento Mayvorne, no Centro Cultural

Escrava Anastácia.

Com a pesquisa de campo, serão problematizados alguns pontos: faixas etárias

envolvidas em cada um destes seguimentos, questões étnicas e raciais que perpassam os

grupos musicais, histórias de vida, produções individuais e coletivas, formas de organização

dos grupos e as visões desses grupos sobre as mulheres na música.

Através desses procedimentos metodológicos busca-se a originalidade, fidelidade e

profundidade da realidade sócio-cultural estudada, caracterizando e confirmando esta como

uma investigação qualitativa.

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6 CRONOGRAMA

Cronograma de Execução do Projeto 2007 2008

Meses Meses

Descrição das Fases 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Levantamento e revisão bibliográfica.

Levantamento de campo. Sondagem e primeiros contatos com os grupos da comunidade.

Trabalho de Campo. Observação, entrevistas, registro em diários, áudio e vídeo.

Sistematização dos dados coletados em campo.

Elaboração do trabalho final escrito.

Entrega do trabalho escrito para banca.

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