Prólogo Do Evangelho de João - Daniel Martins Sotelo

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DANIEL MARTINS SOTELO

DANIEL MARTINS SOTELO

O PRLOGO DO EVANGELHO DE JOO

INTRODUOMais do que necessria, a leitura da Bblia devem utilizar-se dos recursos e tcnicas exegticas trabalhadas em nossa poca que, alm de possibilitar uma anlise ampla das intenes e ideologias do texto, enriquece o conhecimento teolgico, dando-lhe maior respaldo cientfico.

A riqueza bibliogrfica disponvel possibilita, a qualquer leitor e estudioso da Bblia, meios para a percepo mais apurada do contexto social, poltico, econmico e religioso, fornecendo-nos subsdios e chaves para o estudo da palavra de Deus jamais visto em outros tempos.

Neste nvel possibilitou a teologia caminhos novos e desafiadores, principalmente a partir do desenvolvimento da Teologia da Libertao na Amrica Latina, onde se passou a viso de que o homem o agente da histria na caminhada da f, e o promotor do Reino e combatedor dos sinais de morte existentes no mundo.

Sobre o Evangelho de Joo, principalmente o prlogo, permitiu este estudo exegtico, como mais uma contribuio que as tcnicas exegticas nos possibilita anlise profunda da Bblia, numa perspectiva centrada no indivduo como todo.

I O EVANGELHO DE JOOA - TEXTO EM GREGOV. 1. ,

,

(a).

V. 2. (b).

V. 3. ,

(c). (d).

V. 4. (1) (2),

.

V. 5.

IntroduoEste Evangelho denominado de quarto evangelho, pois est colocado ao lado dos evangelhos sinticos. Diferente dos sinticos dos contedos. Diferente dos sinticos do contedo, na apresentao, formao e composio e, levando em conta o perodo em que foi escrito, o IV Evangelho bem posterior aos Evangelhos sinticos.

O evangelho de Joo o mais teolgico dentre os evangelhos, o menos histrico pelo seu distanciamento dos acontecimentos pascais. Este evangelho representa mais a f do que os fatos em si sobre a vida de Jesus. Joo teologiza os fatos e os eventos de uma histria distante no tempo e no espao.

Este Evangelho o ltimo dos evangelistas a ser aceito no Cnon do Novo Testamento. Durante os sculos II e III d. C. ainda havia problemas de aceitao e permanncia no Cnon. A dificuldade encontrada era que a autoria deste Evangelho permanecia em discusso nesse perodo. A patrstica, com Irineu, Papias, Jernimo, e Eusbio de Cesaria, atriburam o escrito ao discpulo amado. Porm, nesse perodo a discusso em torno da questo da autoria foi colocada em dvida. A aceitao no Cnon foi dificultada pelo seu contedo.

O Evangelho obteve uma grande aceitao entre os gnsticos do Egito e a recepo entre os hereges tambm foi grande, principalmente entre os valentinianos. As descobertas do Nag Hammadi em 1947 na mesma poca das descobertas do Mar Morto em Israel trouxeram a lume o comentrio e o texto antigo do quarto evangelho usado pelos gnsticos durante o II sculo d. C. a cidade egpcia de Chenoboskion guardavam uma relquia como os evangelhos Gnsticos Apcrifos juntamente com o evangelho de Tom que era considerado como os grafas de Jesus.

O prlogo de IV Evangelho e o conceito de logos o que mais chamou a ateno com referncia ao gnosticismo. J 1, 1-18 uma especulao gnsticos conforme o conceito grego de logos, de onde partiram os prprios GN, desenvolvendo suas prprias doutrinas e onde as teologias, apologias e filosofias se alimentam destes conceitos nos primeiros sculos da era Crist. A partir deste prlogo ou dos dois comeos 1, 18 e 1,19-28 e, os dois finais do evangelho nos caps. 20 e 21 passou-se a perguntar pela autoria do quarto evangelho.

A caracterstica poltica da canonizao dos escritos do Novo Testamento demarcou profundamente a aceitao do Evangelho de Joo no Cnon bblico. Entre critrios de aceitao para o Cnon o primeiro era que o autor devia ser discpulo, ou seja, quem viveu com Jesus; depois, quem viveu com os discpulos e os critrios de aceitao nas comunidades influenciando na problemtica da canonizao dos evangelhos. Por isso, o evangelho de Mateus vem em primeiro lugar por pensarem ser o autor do Evangelho Levi ou Mateus, o discpulo. E o IV Evangelho, Joo filho de Zebedeu, preenchendo a regra de ser discpulo, sendo este o discpulo amado. Por outro lado, Mc e Lc so discpulos de discpulos.

Onde foi escrito o evangelho de Joo? em feso, na Cisjordnia, na Sria, na regio do rei Agripa em seu governo? Qual era a comunidade para o qual foi escrito o evangelho? Foi escrita para os gnsticos do Egito? Quem escreveu esta obra? Foi o filho de Zebedeu o discpulo amado? Estas so vrias perguntas difceis de serem respondidas, entretanto, teremos que fazer isto a partir de agora.

O evangelho de Joo est includo na literatura denominado de escritos joaninos e que so compostos por: 1, 2, 3 Jo, o evangelho de Joo e o Apocalipse. Estes escritos so denominados desta maneira porqus possuem muita coisa em comum, com uma diversidade profunda entre eles. Os gneros literrios, os estilos so diferentes, porm a terminologia muito parecida. O perodo de composio muito dispare de um para outro. A poca em que foram escritos tambm distante, enquanto um parece ser do incio do sculo I d.C. Os outros so do final do I e incio e meados do II sculo d.C. Essas datas so diversas, como as discusses acerca das mesmas ainda esto em evidncia. Dessa forma, tudo isto cria uma dificuldade muito grande para o entendimento da obra do evangelho de Joo dentro dos quadros joaninos envolvendo tambm os seus projetos. Poderamos at hipotetizar que existiu uma escola joanina. O problema descobrir o Joo e a comunidade de atuao.

1 DIVISO DO EVANGELHO DE JOO1,1-18

prlogo ou o primeiro comeo do Evangelho

1,19-28

testemunho ou segundo comeo do Evangelho

1,29-34

o Cordeiro

1,35-51

os discpulos

2,1-12

sinais-semeon prton2,13-22

purificao do templo

2,23-25

a f

3,1-21

Nicodemos

3,22-30

Joo e Jesus

4,1-42

a Samaritana

4,43-54

sinal segundo de Cana

5,1-18

paraltico e a cura

5,19-30

o poder

5,31-46

testemunhas

6,1-15

alimento para a multido

6,16-21

andar sobre o mar

6,22-59

Jesus o po da Vida

6,60-71

a f

7,1-10

a falta de f

7,11-36

ensinando na festa das Tendas

7,37-52

ltimo dia da festa

7,53-8,11Jesus a luz do mundo

8,21-30

Partida de Jesus e o julgamento

8,31-59

descendentes de Abrao

9,1-41

a cura do cego

10,1-21

parbola do bom pastor

10,22-42acusao da blasfmia

11,1-54

ressurreio de Lzaro

11,55-12,11uno em Betnia

12,12-19entrada triunfal e Jerusalm

12,20-36glria e cruz

12,37-50a f verdadeira

13,1-20

refeio e lava ps

13,21-30traio de Judas

13,31-38o filho do Homem

14,1-14 Jesus o caminho para o cu

14,15-31promessa do parcleto

15,18-16,4dio ao mundo

16,4-15

obra do parcleto

16,16-24aflio e alegria

17,1-26

orao de Jesus

18,13-27priso de Jesus

18,28-19,16Jesus perante Pilatos

19,17-30crucificao e morte de Jesus

19,31-37sangue e gua

19,38-42sepultura e sepultamento

20,1-10

discpulos visitam o tmulo

20,11-18Jesus aparece a Maria Madalena

20,19-23os discpulos presenciam o ressurrecto

20,24-31primeiro final do evangelho

21,1-14

apario perto do lago

21,15-19o ressurreto e Pedro

21,20-25segundo final do Evangelho

2 ESTRUTURA E FORMA DE JOO

1,1-18 primeiro prlogo

1,19-28 segundo prlogo

2

14-17 centro teolgico

19

20,24-31primeira concluso

21, 20-25 segunda concluso

1 A 01 - No princpio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.

2 02 - No princpio, Ele estava com Deus.

3 03 - Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito

04 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens

D 05 E a Luz brilha nas trevas, mas as trevas no a apreenderam;

4 06 Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era Joo.

5 E 07 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.

C 08 Ele no era a luz. Mas veio para dar testemunho da luz

D 09 o verbo era a luz verdadeira que ilumina todo homem; ele vinha ao mundo.

10 Ele est no mundo e o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo no o reconheceu.

6 F 11 Veio para o que era seu, os seus no os receberam

F 12 Mas a todos que receberam deu poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crem em seu nome

13 Ele, que no foi gerado nem do sangue, nem de uma vontade da carne nem de uma vontade do homem, mas de Deus.

B 14 E o Verbo se f carne e habitou entre ns; e ns vimos a sua glria, glria que ele tem junto ao Pai como filho nico, cheio de graa e verdade.

E 15 - Joo d testemunho dele e clama:

Este aquele de quem eu disse: o que vem depois de mim passou adiante de mim, porqu existia antes de mim.

16 Pois de sua plenitude todos ns recebemos, graa por graa.

17 Porqu a Lei foi dada por meio de Moiss; a graa e a verdade vieram Por Jesus Cristo

A 18 Ningum jamais viu a Deus: o Filho nico, que est voltado para o seio do Pai este o deu a conhecer.

1 - (Letras A e A) V 1 e 18

Logos no princpio ningum viu a Deus. Moldura do prlogo.

2 - (Letras B e b) ref. Vs. 3 e 4

Tudo foi feito por ele e sem ele nada foi feito. E o verbo se fez carne e habitou entre ns; e ns vimos a sua glria, glria que ele tem junto ao Pai como filho nico, cheio de graa e verdade.

Joo apresenta Jesus como o revelador de Deus e a revelao de Deus. Na sua concepo de revelao dinmica a idia do verbo e eminentemente soteriolgica. A revelao do verbo ministra o conhecimento de Deus. A encarnao , tambm, um comeo. Nela se dar, mesmo que diante do sofrimento e da morte, a glorificao do Pai.

3 - (Letras C e C) Ref. Vs. 4 e 8.

O que foi feito nele era a vida, e a vida era a luz dos homens; Ele no era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

A pr-existncia do Cristo joanino firmada no testemunho do Batista. Joo Batista a grande testemunha humana do Cristo. Nessa testemunha se resumem todas as vozes profticas que antecederam testemunhando a respeito do Messias. Ao Batista coube a grande tarefa do anncio de um novo Reino.

4 - (Letras D e D) Ref. Vs. 5 e 9

E a luz brilha nas trevas, mas as trevas no a apreenderam; O verbo era a luz verdadeira que ilumina todo homem; ele vinha ao mundo.

A primeira interpretao insiste no carter vitorioso da luz. Em todo o Evangelho o Cristo triunfa sobre o poder das trevas. A segunda interpretao anuncia a recusa oposta luz.

5 (Letras E e E) Ref. Vs. 7 e 15

Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. Joo Batista d testemunho dele e clama: este aquele de quem eu disse: o que depois de mim, porqu existia entes de mim. Jesus veio depois de Joo cronologicamente falando, mas veio dele em importncia, pois era antes dele na qualidade de eterno. Joo Batista se apaga e se diminui diante daquele que superior a ele, pois o procedia desde a eternidade.

6a. (Letras F e F) Ref. Vs. 11 e 12

Veio para o que era seu e os seus no o receberam. Mas todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que crem em seu nome.

A revelao de Deus (a sua palavra) fora desconhecida pelos homens. Essa doutrina bblica e judaica: as naes viviam na idolatria e na corrupo; Israel fora tirado do meio das naes para observar a aliana e a Lei, mas tornou-se infiel. Mas a luz triunfa sobre as trevas, e haver aqueles que O reconhecero e sero chamados filhos de Deus.

Obs. Os versculos 2, 10, 13,16 e 17 foram considerados como acrscimos posteriores ao texto original.

A anlise do prlogo permite descobrir o que est por detrs do texto, ou seja, qual a inteno do mesmo, a partir de quatro questes elementares: as palavras que mais ocorreram no texto; as palavras que menos ocorreram no texto; o verso chave; e a verificao do paralelismo.

As palavras que mais ocorreram no texto so: Deus, Luz e Verbo; as palavras que mais ocorreram no texto: Lei, Jesus, Sangue, Crer, Plenitude, Glria, Carne e Revelar.

3. O PRIMEIRO PRLOGO DO EVANGELHO DE JOOJo 1.1,18

1,1 Logos

1,2 princpio

1,3 existir

1,4 vida

1,5 luz e trevas

1,6 homem enviado

1,7 testemunho e crer

1,8 dar testemunho da luz

1,9 iluminar o homem e o mundo

1,10 mundo

1,11 para os seus e no O receberam

1,12 filhos de Deus

1,13 sangue/carne/homem/Deus

1,14 logos encarnado/glria

1,15 testemunho de Joo

1,16 graa

1,17 lei/graa-Moiss/Cristo-anttese ou dualismo

1,18 ver Deus / unignito de Deus / pai / teofania

O prlogo um tipo de hino gnstico; este hino foi adaptado e transformado a partir de Gen 1,1-11, Eclo 1,11-15, I Jo 1,1-2 e Apoc 19,13. Ele pode tambm ser denominado como ttulo cristolgico de Logos. No princpio era o Logos e no princpio criou Deus os cus e a terra. Estas duas expresses so correlatas, com as modificaes necessrias. Os escritos fazem uma conexo com a criao no Gen para enfatizar que o Logos encarnado estava presente em toda a criao antiga e nova. Pode-se lembrar que tambm em Prov 8,22 as primcias das obras de Jav, ou ainda em Sirac 24,9 no Princpio antes dos sculos o Logos estava presente. O logos representa a Palavra e a Sabedoria no Antigo Testamento encarnada no verbo em Jo 1,1. O prlogo do evangelho de Jo tem na realidade uma preexistncia como o prprio Logos. Nos profetas, Deus cria e salva atravs da palavra de Jav. Se a primeira parte enfatiza que no comeo era o Logos, na segunda parte era o logos era o prprio Deus. Como em Pv 8,30 eu estava atuando junto dele em 1 Jo estava a vida eterna junto do Pai. A terceira parte corrobora tudo isto o logos era o prprio Deus (Jo 10,15 Eu e o Pai somos um). Em Sabedoria 7,25-26, acrescenta algo ao prlogo de Jo: um sopro do poder divino, uma efuso da pura glria do Todo Poderoso... um reflexo da luz eterna. Aqui existe muita coisa que encontra em Jo 1,1-18: poder, glria, luz, eternidade, etc. Tudo discorrido no v 1.

O v. 2 sobre a eternidade e a divindade do Logos com o Pai, tambm, aparece em Prov 8,27-30: quando Jav criava os cus, eu ali estava... quando firmou a terra, estava junto com ele, era mestre de obras. Assim, o v. 2 relaciona o Logos com a preexistncia e a eternidade.

O v. 3 em relao ao v. 4 pode ser dividido em A B C: Tudo isto existe porqu ele ou nele A, sem ele nada existiu B, do que nada existe C. Ou pode ser assim traduzido A1 o que foi feito, era a vida nele; A2 no que foi feito, naquele havia vida; A3 o que foi feito, naquilo, o Logos era a vida.

H um corte na passagem do v. 2 para o v. 3 e 4. Esta mudana ocorre na compreenso da existncia, a vida e a luza no apareciam antes nos versos 1, 2, 3. Esta mudana gramatical, histrica e exegtica. A histria a passagem do gnosticismo de Valentiniano para o gnosticismo de rio. No aspecto gramatical, a mudana ocorre na virgula, ou sem virgula: tudo existiu por ele (,), e sem ele nada existiu ( do que existe ). No modo exegtico, a escolha do corte A, B, C ou A1, A2, A3.

Os versos 4-5 mostram a nfase em vida e luz. O segundo conceito gnstico. Ele est relacionado ao par antittico e dual: trevas opostas luz. Este conceito aparece em primeiro plano sobre a influ6encia dos persas, no retorno do exlio babilnico: em Esd 14,19-20; Baruc Sir 87,16; Test de Lev 14,4; IQS XI, 3-4; Sl 34-10; 119,105-130; 27,1; Sab 18,4; Sirac 50,29.

So conceitos influenciados do perodo persa, da religio parsista. Tudo isto reflexo ainda de gen 1,3-5 onde a criao dos astros existe um binmio luz-trevas para fazer a distino e a separao dia-noite, etc. A luz em Jo sinnima de que um vence o outro. A luz brilha nas trevas um conceito gnstico relativo ao modo de conhecimento (a caverna de Plato). A luz passa a ser entendida de uma nova maneira pelo evangelista: Luz significa a mstica e representa uma pequena luz que vem em primeiro lugar para antecipar a grande luz: Joo e Jesus. A luz passa a ter o significado de entender, conhecer, receber e vencer Katalambenein, tambm pode ser entendida como o receber: e as trevas no o receberam; e as trevas no o venceram; e as trevas no o compreenderam.

Na realidade, a expresso gnstica para enfatizar a questo da luz e das trevas, como sinnimo de Bem e do Mal, que so expresses da influncia da concepo persa e grega do Novo Testamento. Este conceito percorre outros textos do Novo Testamento que foram escritos no mesmo perodo que o Evangelho de Joo. Porm, nos outros do no ocorre este conceito ou idia opostos luz. A no ser nos escritos de Qumran. Os vs. 6-8 enfatizam que o Batista enviado por Deus, testemunha da luz para que todos cressem na luz e, ele no era a luz, mas testemunho da verdadeira luz. Cristo anunciado Logos e Luz. Este trecho anunciado pura poesia, com ritmo que abranda a seqncia anterior e posterior. A lgica dos versos demonstra que os versos 6-8 so uma ruptura de assuntos entre 1-6 e 7-9. O Batista o antecessor desta grande luz, ele uma pequena luz, mas no a verdadeira luz. A verdadeira luz o Logos: esta a luz eterna. Estes versos relacionam a luz ao Logos, o encarnado a luz e o Logos ao mesmo tempo. Este Batista apenas o testemunho do Logos e da luz. Ele veio para que testemunhasse da luz para que todos cressem nele. A mensagem do precursor da luz e do Logos est ligado boa nova do Evangelho para todos os homens. Este testemunho anuncia a universalidade da luz e do encarnado (Westcott e R Schnackenburg).

Neste texto, O IV Evangelho se distancia dos sinticos. Os sinticos anunciam atravs de vrios cenrios, o batismo, os sumos sacerdotes, os fariseus, o Jordo. No Evangelho de Joo vai direto para o mensageiro Batista e o logos e a luz, e a testemunha no Evangelho. Isto importante, pois tanto Joo, como os sinticos, a luz inicia seu brilho aps a mensagem do Batista. Esta idia de precursor ocorre no Antigo Testamento; Elias, Eliseu; Moiss, Aro, Abrao, so precursores juntamente com Davi de muitos outros no prprio Antigo Testamento, e se tornam nos Evangelhos os anttipos do prprio Jesus. O tema do testemunho passa a ser uma teologia fundamental do evangelista Joo. Joo Batista, o Parcleto so testemunhos de Jesus, e o prprio Jesus testemunha de Deus o Pai. Ento o mrtir neste evangelho de fundamental importncia. O conceito jurdico de mrtir a testemunho que expe a limpo, todas as coisas, no s o sentido religioso.

Nos versos 9-10 o logos a luz do homem e do mundo, mas rejeitado tanto por um outro como pelo outro. Este texto reflete a mudana dos versos anteriores, pois esta mudana est relacionada com a rejeio. O logos ilumina a humanidade desde que ela aceite o Logos e a luz, seno o Logos iluminador no ter significado nenhum. Por isso, o Logos e a luz so sinnimos de conhecer. Os que no conhecem no tem sabedoria divina. A luz verdadeira ocorre com o conhecimento-sabedoria ou apreenso do logos. O logos se encarna e se manifesta atravs do mrtir. O mrtir no a luz, mas testemunho da luz. Se algum rejeita a luz ou o logos ou o mrtir, rejeita o enviado e o precursor. O logos tem a funo criadora. Deus manifestou-se aos homens na forma da encarnao. A encarnao uma criao. A palavra cria, a palavra encarna.

O v. 11 continua a linhagem do v. 10, pois se o v. 10 diz que estava no mundo, o mundo existiu por ele e este mundo no o reconheceu, o v. 11, fala de que veio para os seus e os seus no o receberam. Neste v. est evidente a rejeio dos judeus pelo seu patrcio. O Evangelho de Joo nos caps. 12-14 mostra esta rejeio e o autor declara que nem mesmo ao requerer a descendncia de Abrao, pois Cristo pode suscitar filhos a este patriarca, realmente uma polmica contra os judeus (fariseus), e no o povo. Em Sirac ou Eclo 24 fala-se exatamente isto, e o evangelho reflete uma dependncia deste texto.

Os vs. 12-13 so uma continuidade lgica e oposta ao v. 11. O v. fala da rejeio e o outro da aceitao. Estes versos complementam-se. Mas o v. 12 uma citao e repetio de anteriores versos e os exegetas suspeitam da sua existncia. Nos originais no cdigo B e o papirus Bodmer no existem o verso e estas repeties. As expresses nascer do sangue, da carne so uma suspeita gnstica que no pode ser entendida ao p da letra. O final da seo 12-13 deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus um outro problema a ser resolvido; os que nascem de Deus uma tautologia. Como se tornar filhos de Deus se fomos criados por Deus? Refere-se ao novo nascimento de Nicodemos, ao nascimento do batismo? talvez seja uma soluo. Nas epstolas mostram quem que ama nascido de Deus. Num texto posterior a este, fala de filho de Abrao contraposto filiao divina.

Os vv. 14 a-b compem a encarnao do Logos; nova mudana ocorre nos vrios versos anteriores at chegar ao v. 14 e, nele prprio h uma deslocao em v. 14c. Este verso faz parte do hino gnstico critolgico. Porm aqui trata da encarnao do filho de Deus. Esta mudana radical, uma constituio lgica do v. 5: a criao do mundo pelo Logos-palavra e agora o Logos-palavra encarnada no filho. Somente atravs da encarnao do Logos-palavra-Filho se torna possvel insero de Deus no mundo. A plenitude de Deus (pleroma paulino) se realiza na encarnao divina do Filho. Esta encarnao no doctica, mas fsica, mental-intelectual e espiritual.

Como em Is 40, 6-8, a erva e a palavra o evangelista pensa em natureza divina-humana. Esta parte do v. 14a complementa-se em 14b O Logos se fez carne e habitou entre ns. O complemento habitou no original grego seria eskenosen ergueu a sua tenda. A imagem de tenda retirada da idia da peregrinao, de uma morada provisria dos nmades como no Antigo Testamento. Esta expresso mostra o carter passageiro da estada do Logos na terra. O termo hebraico interessante (shakan), designa a idia da presena divina no meio de seu povo. Da a expresso do Antigo Testamento Shekinah a habitao e a presena de Deus, a manifestao divina no meio do povo e do tabernculo (Ex 33, 7-11; Lv 26,12) e no templo de Jerusalm (1 Rs 8,10-11).

Por isso, a idia de Emanuel-Deus conosco encontrada em Is 7 e, em outros textos do Antigo Testamento. No livro de Sabedoria existe a idia de habitao divina escatolgica. Este texto ilustra e influi em Jo 1,14 e em Apc 21, 3-4. O v. 14 c d narra a situao do mistrio da encarnao e vimos a sua glria. O pronome pessoal nos mito discutido na questo literria do Evangelho de Joo, na 1 Jo e em Atos, denotando assim a relao de vrios escritores ou que houve um escritor e o redator final. Era muito comum neste perodo, e em vrios escritos do Novo Testamento, encontrarmos a seco eu e ns. Este verso denota tambm a presena de testemunhas oculares da existncia, morte, ressurreio de Jesus e vimos a sua glria. Esta relao ainda pode ser acrescentada prpria comunidade como testemunha de Jesus. 1 Jo 1,3 aparece o mesmo verbo em Jo theasthai que significa vimos e temos apalpado com as mos. Outras passagens do mesmo Evangelho reforam esta idia de testemunha do mistrio da encarnao como se fossem testemunhas oculares (Jo 15-27; 19, 35; 21,24).

Vrios autores vem nesta expresso vimos a sua glria, a insero da concepo da trindade. Em muitos concepes e expresses estes autores procuram o caminho do dogmatismo teolgico sem se preocuparem com os resultados da exegese e da literatura para fazerem tal afirmao dogmtica do conceito trinitrio. Talvez o perodo em que foi escrito o Evangelho de Joo refletisse a idia trinitria, porm afirmar atravs do pronome pessoal prpria trindade muito pretensioso.

Os versos 14 c-17 mudam de novo o tom anterior do prlogo, este trecho anuncia o novo testemunho, a graa e a verdade. Estas expresses so muito importantes no evangelho e no grego, e mais o termo pleroma-plenitude-muito contradio nos escritos de Paulo. Graa e verdade so uma traduo de hesed e de emeth encontradas no Antigo Testamento; como aliana no AT era um acordo com entre duas partes Ex 34,6; Sl 25,10; 61,8; 86,15; 89,3; 117,2; Prov 20,28. O hesed a misericrdia divina, a bondade de Deus aos homens, que perdoa o seu pecado e reinaugura a aliana-acordo- berith. Emeth a verdade, assim seja, a f, a fidelidade a promessa e a sua bondade. Embora uma parte rompa o acordo, Ele continua firme.

Este verso reflete a reflexo do Evangelho dos versos anteriores. Narra a glria-poder do Filho nico, o qual recebe tudo direto do Pai, cheio de hesed e de hemed. Depois vem algum j narrado em 1, 6-8 e agora em 1,15 que d testemunho-mrtir e a citao do texto veterotestamentrio: este era o que dizia, aquele que vem aps mim maior do que eu, porqu j existia antes de mim. O trecho continua a plenitude, graa por graa, a lei de Moiss e a graa e a verdade em Jesus Cristo. Este texto realmente refere-se s situaes encontradas no Antigo Testamento e talvez um conhecimento do autor de Jo 1,17 da anttese paulina da Lei e da graa. A situao est em esclarecer se 1,17 uma anttese ou uma anlise ou uma sntese paulina sobre a Lei e da graa. Aqui se encontra uma coisa muito importante na contraposio do Logos e da Lei: porqu a Lei foi dada por Moiss, a graa e a verdade por Cristo. A interpretao hermenutica que o autor usa esta terminologia como tipologia. Moiss tipifica Cristo e isto foi muito usado por Paulo no Novo Testamento e na patrstica.

Em Jo 1,18 ocorre mais uma nova seqncia lgica. Em 1,13, o Logos e a sua pr-existncia, aqui jamais algum viu a Deus, mas o filho o manifestou a todos. Era a concluso do hino cristolgico gnstico. O verso 18 resolve a pretenso humana, jamais se viu a Deus, porm a concluso sem igual, o filho manifestou-se do Pai. O texto traz problemas difceis de soluo nas formulaes sobre Cristo: Deus unignito, Filho unignito e o unignito que no existia nos originais mais antigos do prprio Evangelho. Deve-se ler conforme a maioria dos especialistas baseados nos papiros de Bodmer, as verses siracas e com Irineu, Clemente de Alexandria e Orgenes como apenas um Deus unignito. A frase posterior estando no seio do Pai, sugere a intimidade conjugal, a relao de Cristo com o Pai a de marido com sua esposa. A idia central mostrar que ningum viu a Deus e a funo primordial do verso enfatizar a revelao pela manifestao do Logos Filho. Um autor chegou a observar que Jo 1,18, mostra que Cristo o exegeta do Pai.

8 CONCLUSES8.1 Teologias do Prlogo

A estrutura do prlogo abrangente, ele parte do Logos e passa pela graa e chega revelao. A Teologia est ento na encarnao e na revelao e criao pelo Logos, pois lembra o prlogo de Gnesis onde bara em hebraico criar pela palavra tem relao com o Logos e sua ao criadora no prlogo. Esta ao criadora atravs da palavra determina uma parte de toda a Teologia de Jo 1,1-18. Um trecho menciona a pr-existncia, a atividade iluminadora da palavra, a manifestao histrica da palavra na encarnao da prpria palavra.

Os vs. 11 e 14 so os mais importantes na estrutura do prlogo, do hino cristolgico sobre o Logos encarnado. Depois do Logos, a importncia recai sobre a luz e o iluminar e, por fim, graa e verdade. Uma est ligada outra, e uma sem a outra no faz sentido.para outros especialistas as idias fundamentais do prlogo so: presena do Logos na vida divina como fonte de sua obra salvfica; a vinda do Logos entre os homens, o testemunho encarnado. O Logos est com o Pai desde sempre, a luz e a vida ilumina os homens e vem aos homens em forma de homem: o Filho de Deus.

Se os vs. 12-13 centralizam o prlogo, os vs. 1-9 baseiam-se no pensamento e na terminologia grega, e o autor do prlogo dos v.14-18 usam a terminologia e o raciocnio semtico: graa, verdade, carne, Lei de Moiss. Mas o Logos usa concepo conjunta do grego e do hebraico: um posterior ao outro. O desenvolvimento do prlogo segue uma seqncia inversa 14-18 semtico e 1-9 grego, tratando 1-9 da encarnao, do testemunho do Batista e a ao de Cristo; entretanto, o v. 17 retrocede a Moiss e Lei; o v. 18 remonta a presena do Filho no Pai.

Nesta Teologia est implcita a idia judaica e grega. O hino foi composto para uma comunidade de judeus cristos e gregos e pagos cristos. Na realidade o hino foi composto sob o pensamento grego, e inserido o pensamento semtico e suas idias sobre a Lei e Moiss, graa e verdade. Os vs. 1-9 foram compostos primeiro, e, logo, inseridos os vs. 14-18, constando os versos intermedirios, incluses bem posteriores ao incio do prlogo e seu fim. A teologia do prlogo, portanto, enfatiza o Cristo encarnado e a revelao. Encarnao e revelao centralizam a idia do prlogo do Evangelho de Joo.

II EXEGESE DO EVANGELHO DE JOO

(Cap I: 1-18)

IntroduoQuando nos referimos ao Evangelho de Joo devemos ter em mente que o mesmo contm uma caracterstica nica pelo qual o Evangelho surgiu. Trata-se do Quarto Evangelho, composto por vrios autores (escritores), com textos escritos em locais diferentes; com variedades de pensamentos, vistas as diferenas dos termos em grego.

Por outro lado, nota-se tambm, as influncias helensticas sofridas pelo escritor da poca. Eusbio, mais ou menos, pelo ano 300 d.C. a pedido do Imperador Constantino, organizou os evangelhos, como tambm deu o nome do Evangelho de Joo. Embora o Evangelho de Joo esteja entre vrios outros como se sabe, o Prlogo colocado como um hino. Em se tratando da sua forma literria, destarte, h indcios de que Joo havia feito a leitura da Septuaginta. O texto em grego do Antigo Testamento, em grupo, Joo faz citaes em hebraico tambm.

Atualmente subsistem algumas divergncias entre os crticos, mas certos nmeros de exegetas se orientam para uma soluo mais malevel e satisfatria para o esprito: Joo Zebedeu seria provavelmente o discpulo que Jesus amava (Jo 13.23). Estaria na origem do Quarto Evangelho, mas no o teria redigido. Esse Evangelho teria passado por um longo processo de formao nos ambientes judaicos-helenistas ou helenizados, afetado especulaes diversas.

Podemos admitir ento o surgimento de uma escola joanina, da qual este conjunto de discpulos pregava nas comunidades, vinculadas ao testemunho do Discpulo. Aqueles cuja assinatura se acha em Jo 21, 24: Quanto a ns, sabemos que seu testemunho verdadeiro.

1 ANLISE LITERRIA DO ESQUEMA DE JOOCOMPOSIO DO LIVRO DE JOOQual o gnero literrio de Joo 1, 1-18? podemos entende-lo como um hino ao conhecimento.

O objetivo do Evangelho de Joo: foi escrito por algumas comunidades especficas, e essas comunidades estariam num local ainda discutido pelos autores de lngua grega, sendo que, para alguns, a comunidade era em Alexandria no Egito; outros porm, colocam como sendo a comunidade em Antioquia na Sria.

Nas descobertas em Nag Hammadi foram encontradas dezenas de evangelhos que no foram conservados no Novo Testamento, e consta o Evangelho apcrifo de Tom. Descobri-se tambm que evangelhos gnsticos e os de Joo estavam misturados aos evangelhos gnsticos.

Por uma outra iterao destes escritos, os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e Joo, so intrpretes de Jesus e no das palavras de Jesus. Os autores entendem que o Evangelho de Tom o que conta, de fato, as palavras de Jesus; sabe-se que o original est no idioma copta, lngua antiga traduzida por especialistas. No foi traduzido para o Cnon por entender-se conter interpretaes ligadas ao Pantesmo.

O Evangelho de Joo um livro tardio, conhecido quase ao tempo do Apocalipse. Joo, o discpulo amado, morreu no ano 40, no poderia escrever seu livro no ao 140 d.C., segundo a tradio. Foi tambm um dos ltimos livros a entrar no cnon dado ao problema do gnosticismo- eu conheo. Assim sendo, Baslio foi quem ajudou para que o livro de Joo entrasse para o cnon. As influncias gnsticas do Evangelho de Joo: Dualismo, luz, trevas, logos, ta on ta, indicam uma grande diferena entre o falar e o fazer. I Joo criou, atravs da palavra Gnesis e Apocalipse (o mundo). Todos os dualismos possveis encontrados no Evangelho de Joo, na gua da vida, Lei e graa, etc.

Em Jo 17, chegada a hora aparece vrias vezes, e no nos demais Evangelhos. Na eucaristia comer a carne e beber o sangue (cap. 6.25; 48-56) Po de Deus, Po dos Cus, no se encontram nos outros Evangelhos. A fonte de gua viva; a ressurreio de Lzaro (Jo 11, conta com detalhes a entrada triunfal em Jerusalm). No cap. 15, O consolador s Joo usa esta expresso. O aparecimento de Jesus aos discpulos; sete discpulos; cap. 21 de Jo, a narrativa sobre Pedro; a incredulidade de Tom no aparece nos outros Evangelhos, somente no de Joo.

Quanto critica literria em Joo, tem o fito de esclarecer a pergunta se o Evangelho de Joo ou no , em sua forma atual, uma unidade literria. Examinados mais sete de perto alguns pontos revelam cesuras na apresentao do Evangelho. O trecho 7,53-8,11, por exemplo, ressalta claramente do contexto e h notveis diferenas entre os extensos discursos e os feitos de Jesus descritos concisamente, tais como 2,1-12: 4,43-54; cuja forma sucinta lembra antes percopes sinticas.

A observao de que o Evangelho de Joo tem um cunho lingstico uniforme importante , tambm, para avaliao de todas as tentativas de empreender uma separao de fontes. Todas as hipteses mais antigas foram, entrementes, superadas pelos trabalhos de RUDOLF BULTMANN. Segundo ele, o Evangelho teve sua disposio, e aproveitou as fontes escritas.

Assim chamada a fonte dos Semeia indica as notas com que so registradas em 2,11 o primeiro e em 4,54 o segundo sinal de Jesus. Seu comeo encontra-se em 1,35-50 e dela faz parte o estoque bsico das histrias de milagres: Bodas de Cana, Cura do Filho de Um Oficial do Rei, Cura do paraltico de Betesda, Jesus multiplica os pes e anda sobre o mar, Jesus e seus irmos, cura de um cego de nascena, Ressurreio de Lzaro e, talvez, a uno de Jesus em sua entrada triunfal em Jerusalm.

Alm dessa, o evangelista fez uso de uma segunda fonte, a qual continha material narrativo que deixa transparecer parentesco com relatos sinticos: mas no idntica forma literria de u dos evangelhos sinticos, ou seja, - purificao do Templo, Confisso de Pedro (talvez), Uno de Jesus e Entrada em Jerusalm, Lava-ps e as partes da histria da Paixo.

Um total de 157 versculos considerado como integrante da assim chamada: fontes dos discursos de revelao: Prlogo original, Dilogo com Nicodemos, trechos dos captulos 4 e 5, Discurso sobre o Po, partes do sermo sobre a luz do mundo, O bom Pastor, a palavra sobre a Ressurreio e a Vida, trechos do cap. 12 e, sobretudo os discursos de despedida e a Orao Sacerdotal de Jesus. III - QUESTES DEBATIDAS 1) ANLISE ESTRUTURAL DO EVANGELHO DE JOO Plano do Livro

Prlogo: 1, 1-18

O Cordeiro: 1, 19-51

Can: 2,4

Escndalos e Discursos: 5, 6

Controvrsias: 7, 10

Morte e glorificao: 11, 12

Ceia: 13, 14

Discursos do Adeus: 15, 17

Paixo: 18, 19

Ressurreio: 20

Concluso - Tiberades: 21;

As palavras que mais ocorrem no texto;

As palavras que menos ocorrem no texto;

Versculo chave (1-18); (Jo 1, 1-18)

VERSOS 1 - 18

Estruturas

Sentidos

Lei- 01

Jesus Cristo 02 Princpio 03

Verbo, Logos, Palavra 05

Estava 04

Deus 07 ()

Coisas 01

Vida 02

Luz 06

Trevas 02

Homem 03

Mundo 04 ()

Testificar, testemunho 04

Conhecer, recordar 02

Receber 03

Habitar 01

Vontade 03

Plenitude 01

Unignito 02

Glria 02

Verdade 03

Graa 04 ()

Era 06 ( )

Trevas 02

Movimento

V. 1: V. 18-A

V. 2:

V. 3 v.14-B

V. 4: v. 8-C

V. 4: v. 9-D

V. 6

V. 7: v. 15-E

V. 8: v. 8 C

V. 9: v.5-D

V. 10

V. 11: - F

V. 12: - F

V. 13

V. 14: v. 3 B

V. 15: v. 17 E

V. 16

V. 17

V. 18: v. 1-A

Comentrioa) o v. 2 foi inserido, segundo o texto, o mesmo faz parte do v. 1;

b) o texto j existia sem o v. 2, das cpias feitas para as igrejas, foi inserido para reforar as expresses frente s comunidades.

c) os v. 2, 6, 10 e 17 no aparecem no original de Joo, fora do lugar.

2) ANLISE SOCIOLGICA DO EVANGELHO DE JOOa. Levantamento de dados

b. Lado econmico

c. Lado poltico religioso

Fase descritiva (falar sobre o texto)

a. Lado social

b. Lado econmico

c. Lado polticoJoo I, 1-18 (leitura dos quatro lados)

SOCIALECONMICOPOLTICORELIG./ IDEOL.

6,b. 7,c. 10, 11, 12, c.106, b. 7,a1, 2, 3, 4, 5, 6a., 7,c.

13,a10, 11, 12, b.8, 9, 10, 11, 12, a, c.

14,c.13, b. c., 14, 1. b. 15, a.

16, a., 17, a., 18, a.

Comentrios: a) pela maioria dos nmeros de dados trata-se de uma construo teolgica, e no possui aspecto histrico;

b) numa viso mais analtica, quanto mais histrico, mais verdico, menos teolgico, mais ideolgico.

c) Joo alm de um hino cristolgico um hino de exaltao a Deus Pai, como se fosse um credo uma recitao ideolgica-doutrinria.

3) - A TEOLOGIA DE JOOSignificado: Em Joo, sinal ao realizada por Jesus que, sendo visvel, leva por si ao conhecimento de realidade superior. Supe a presena de expectadores (12, 37) e sua visibilidade correspondente neles viso do sinal (2, 23; 6, 2; 14.26).

SINAL PROFTICO (Antigo Testamento) smeion

Aes simblicas; o termo jugo, canga para animal carregador, Jeremias faz aluso canga ao fim de mostrar ao povo (cap. 28) que deveriam se converter seno iriam para a Babilnia carregar os fardos.

Eli alude ao fato de que os filhos morreriam, por causa da deprecao dos sacerdotes; usam sinal ou smeion, para mostrar esta compreenso ao povo, e todo o povo iria carregar a canga.

2.1. SMEION NO JUDASMO A Teofania, no mundo helnico: para os gregos, cada situao tem um deus particular. Contudo, no era assim com os judeus.

Zeus era desprezado da terra para raptar a Europa. Em At. 14, 8-13; Barnab era Zeus; Paulo, Hermes; Apolo, Jpiter. Os apstolos foram confundidos com estes deuses.

Zeus e Celene cultivam da vinha, visto a influncia da religio grega, com caractersticas de culto dos mistrios: celebrava anualmente a produo do vinho nas festividades de Baco, deus do vinho. Nas religies helnicas o sinal era, para muitos, um sinal de que o homem exercita a vontade de Deus, e muitas vezes, neste ato, eles se transformam em filhos de Deus.

2.2. OS SMEION MESSINICOSA palavra messias descrita como uma figura escatolgica e apocalptica para explicar que no aconteceria, mas que futuramente acontecer, a qual;quer momento.

Escatolgico para explicar a falha proftica que no ocorreu, mas que acontecer futuramente (e uma substituio da profecia) e h que ter pacincia em esperar que ela se cumpra (profecia); por outro ngulo, pode-se entender como ma resistncia religiosa e poltica. Usa-se uma linguagem esotrica, anual: meses, dias, semanas, rei, etc. (Alexandre Dan. 7 ). O sinal apocalptico substitui a linguagem escatolgica.

2.3. O GRANDE SINALComo se anuncia em Cana (2, 4; a minha hora), o grande sinal de Jesus ser sua Cruz, por isso o objeto de testemunho particular e solene (19, 35: o que viu pessoalmente deixa testemunho). A glria amor que se manifesta na cruz simbolizada pelo sangue (o amor demonstrado) e pela gua (o amor comunicado, o esprito) que saem do lado de Jesus. o sinal do homem levantado ao alto, de quem irradia vida (3,14s). Da vem que a comunidade se identifique com o grupo que contemple a sua glria e participe dela (1, 16).

A morte exaltao de Jesus integra e explica os sinais anteriores. Uma vez que o evangelista completou, com este ltimo grande sinal, ele caracteriza sua obra como livro dos sinais (20, 30).

2.4. CONCLUSOO Evangelho Segundo So Joo, comparado com os outros trs Evangelhos, possui um contedo literrio e teolgico bem definido. Desde o princpio, apresenta Jesus como a palavra Divina, filho nico de Deus, enviado pelo Pai-Deus para dar aos homens: LUZ e VIDA. E os que aceitarem com f esta declarao, vai-se concretizando passo a passo com o testemunho de Joo Batista, e se aperfeioando com o encontro pessoal com Jesus, e seus atos poderosos (que este Evangelho chama de sinais milagrosos).

Para uma melhor pesquisa exegtica, dividimos o livro em duas partes com seus principais assuntos:

I. O filho de Deus vem ao mundo. Revelao e resposta (1. 12-50) Prlogo (1. 1-18 )

1. Revelao e Jesus, resposta de Joo (1. 19-3.36 )

2. Diversas atitudes frente Jesus (4.1-6.71)

3. Jesus rejeitado pelo seu prprio povo (7.112.50).Jesus regressa ao pai.

Paixo de Jesus (13.1 21.25)

II.

1) Cena de despedida dos discpulos (13.1 17.26)

2) Paixo e morte (18.1 19.42)

3) Apario de Jesus ressuscitado (Jo 1. 21-25 )

3. ANLISE ESTRUTURAL DO PRLOGO DE JOOO objetivo central da anlise estrutural identificar como funciona o sentido de um texto. Assim, desmonta-se o texto, e procura-se enquadrar os seus elementos em frmula onde se possa examinar melhor suas relaes.

Deve ainda, haver uma preocupao com Semitica que aborda a linguagem atravs de sua face significante e com a semntica relacionada com o significado. O significante de ordem material, e situa-se no plano de expresso, enquanto o significado situa-se no plano do contedo: no diretamente a coisa, mas antes a idia que temos da coisa, sua representao mental, o conceito.

Baseados no paralelismo encontrados no texto podem dividi-lo em seis partes:

1a. (Letra A e A) ref. Vs. 1 a 18.

No princpio, era o verbo e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus. Ningum jamais viu a Deus: o filho nico, que est voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer.

Estes versculos nos mostram a influncia do judasmo no Evangelho joanino: a palavra no princpio recorda primeiro versculo da Bblia, ou seja, a criao do mundo (Gn 11). A transformao do caos. Da mesma forma a colocao Ningum jamais viu a Deus expressa a crena judaica de que ningum pode ver a deus antes de morrer. Apenas o filho viu o Pai, portanto, apenas ele pode descreve-Lo.

O Evangelho composto por trs tcnicas literrias: o dilogo, o discurso e os relatos.

O dilogo assemelha-se muito provavelmente s formas habituais de que se servia a filosofia popular da poca. Com esta tcnica o autor quer mostrar que o ensinamento de Jesus tem algo de inacessvel para a simples inteligncia humana. Os dilogos joaninos no apenas apresentam verdades profundas sobre Cristo, fornecendo o sentido de seu ministrio e de sua Paixo, mas incluem tambm elementos propriamente histricos.

Os discursos no so a transcrio das palavras literais de Jesus literais de Jesus e, sim, uma caracterstica literria individual do autor ou copilador do evangelho, que d ao mesmo a beleza e profundidade doutrinais. Mostra revelao, iluminao interior e compreenso das coisas histricas d seu tempo, a partir da vida, morte e ressurreio de Jesus.

Os relatos caracterizam-se pela interveno de diversos atores. Isso pode observar no comparecimento diante de Pilatos, na histria da samaritana e outros. Alguns episdios tm um carter narrativo mais acentuado. O mais importante discernir seu significado doutrinal do que avaliar sua historicidade. A cura dos cegos, por exemplo, no Evangelho de Marcos assume um valor apenas simblico, bem diferente da cura do cego de nascena em Joo.

A data de autoria do texto est sendo aceita como final do 1. Sculo ao incio do segundo sculo d.C. A Jaubert nos d uma data provvel de 120 a 140 d.C.

A QUESTO DO PRLOGOAnnie Jaubert define o prlogo como sendo o cume a partir do qual possvel contemplar o conjunto do Evangelho. Neste caso especfico, o texto resume a viso global de Joo sobre o mistrio da vida de Cristo com o objetivo de transformao do caos estabelecido pelo pecado. Alis, este o tema que percorre todo o Evangelho.

O Prlogo um hino ao Logos divino, que se tornou carne em Jesus. Os que nele creram nele viram a sua glria e o louvaram no hino ao Logos que o evangelista assumiu da tradio da comunidade, acrescentando-lhes ampliaes prprias (1, 1-18).

O Prlogo derrama uma luz transcendente sobre todas as narrativas que seguem sobre a obra terrena de Jesus, sobre suas palavras e aes, e faz sua proclamao. Sofre, d testemunho e sai vitorioso. Enviado, sai acreditado e testemunhado pelo Pai, Jesus no meramente um mstico que trata do Evangelho, do comeo ao fim.

Como tal um estranho no mundo. Embora o mundo seja criao de Deus e lhe deva sua vida e luz, sempre fechou os olhos para a verdade e optou por engano e falsidade. Agora demonstra sua rebelio contra Deus em ataques constantemente repetidos contra Jesus. O nico Deus e Salvador que o mundo quer reconhecer quem est preparado para acredit-lo e aceit-lo em seus prprios termos. A determinao do mundo para afirmar-se a si mesmo, v-se em seu constante apelo a suas santificadas tradies religiosas (Abrao, Moiss, o Templo, a Escritura). Este o motivo porqu os judeus sempre figuram no IV Evangelho como inimigos de Deus por excelncia, a prpria prognie de Satans (8,44). S cegos para a verdade, para a realidade de Deus como encontrada em Jesus (9,39s), consideram Jesus como um herege possudo pelo demnio do qual tem de livrar, antes que todo o povo perea.

Da o dualismo que pervade o Evangelho: verdade e mentira, vida e morte, luz e trevas, liberdade e escravido ao pecado.

3.2 TEOLOGIAS DOS SINAIS

Comparando-se com os milagres sinticos, o elemento miraculoso est muito acentuado em Joo. A fonte dos sinais de Joo relembra as narrativas helensticas sobre os taumaturgos divinos. Na verdade, Joo tem a menor hesitao em chamar o seu Evangelho de um livro de sinais. A finalidade dos sinais era mostrar que Jesus era o Messias, o Filho de Deus.Os sinais em Joo so sinais espetaculares que justifiquem apenas o poder miraculoso de Jesus, uma vez que somente pela f se pode compreender o seu verdadeiro sentido. A finalidade dos sinais no tanto apontar o taumaturgo, mas pelo contrrio, dele que recebem o seu significado.

O verdadeiro sentido das aes de Jesus emerge, somente, nos discursos de revelao e, sobretudo, nos ditos em eu sou. Estes ditos, que representam o trao mais caracterstico do IV Evangelho, ocorrem de vrias formas: Eu sou o Po da Vida (6, 35), diz o Cristo joanino, eu sou a luz do mundo (8, 12; 9, 5), o Bom Pastor, a ressurreio e a vida (15, 1). Cada um destes ditos contm tanto uma promessa como uma oferta: o que voc procura e o que os homens desejam em sua fome por amor verdadeiro, eu sou. Ao mesmo tempo, eles pronunciam um decisivo no para muitos substitutivos da vida e salvao que satisfazem ao mundo. Vrios dos milagres tm um dito explcito eu sou oposto a eles (6, 9, 11). Os milagres de Jesus so sempre ilustraes transparentes. Tem um sentido simblico, apontando para as obras de Deus que Jesus realiza em sua qualidade de Filho.

Os sinais em Jesus representam a assistncia de Deus sobre Ele. Constantemente lhe era exigida a demonstrao de sinais: os judeus pedem-lhe um sinal (2, 18). Em Cafarnaum, a multido tambm lhe pede um sinal. O aguardo messinico para os judeus exigia a demonstrao de sinais. Jesus renova os sinais do xodo; ele o novo man, ser o cordeiro da nova Pscoa.

No decorre de sua atividade, Jesus realiza dois sinais programtico eles lhe do chaves para interpretar a atividade que segue: as Bodas de Cana (2, 1-11) e a cura como misso no mbito fora de Israel e o motivo teolgico da substituio da aliana: Jesus substituir a antiga aliana baseada na Lei, e nova Lei baseada no Esprito. Na cura do filho do oficial do rei, Jesus explicita o efeito do amor manifestado em todos: dar vida ao homem e ao filho do funcionrio real (4, 46b-54). As bodas de Can por outro lado, representa o objeto de seu ponto de morrer.

De todos os sinais realizados por Jesus o maior deles ser a sua cruz, por isso objeto de testemunho particular e solene. A glria, amor que se manifesta na cruz, simbolizada pelo sangue (o amor demonstrado) e pela gua (o amor comunicado, o Esprito) que saem do lado de Jesus.

3.3 CONCLUSESA leitura pura e simples da Bblia, sem uma anlise profunda das indagaes ali contidas, pode levar-nos a resultados que fogem do texto proposto.

Estudar o Evangelho de Joo, a partir do prlogo, possibilitou-nos perceber a diferena com os sinticos, principalmente devido riqueza literria empregada com a existncia de grande simbologia e sinais, e, ainda, devido influncias judaicas helenizadas, gnsticas, etc.Ainda que o prlogo seja um texto extremamente religioso conforme visto na leitura dos quatro lados, percebe-se porm que o mesmo rico na valorizao da tradio que afirma a soberania de Deus sobre todas as coisas. Deus se encarna e Cristo para transformao do caos. Ele a confirmao bblica do princpio e da soberania eterna.

Sem dvida, aps a realizao deste trabalho, foi possvel detectar a importncia exegtica dos textos bblicos, e uma vontade de se envolver muito mais, ainda, com as tcnicas e recursos que a exegese possibilita.4. ANLISE SOCIOLGICA

O mesmo mtodo que usamos para interpretar a sociedade, ou a vida do povo, devemos usar para ler a histria da revelao da Palavra de Deus. A leitura a busca do sentido. o sentido da expresso da prxis e da conscincia de um sujeito histrico dentro de um feixe de relaes sociais. Assim, o objeto da leitura sociolgica a busca do sentido do texto em sua funo social. E a funo social do texto a codificao do feixe de relaes sociais num determinado modo de produo.

As relaes de produo comeam a se estruturar em relaes polticas: relaes que garantam a diviso de trabalho e a distribuio do produto.

A primeira etapa do mtodo uma descrio da totalidade social a partir dos quatros lados (economias, classes, polticas, ideologia). A segunda etapa a fase analtica: a compreenso da contradio fundamental do conjunto do todo social: a percepo do conflito e da alienao na raiz do processo social. Esta segunda fase da anlise sociolgica um discernimento do esprito: determinao para a Morte, ou para a Vida. Assim, a compreenso do texto como expresso de um conflito social constitui a formalidade da leitura sociolgica.

A anlise sociolgica do prlogo fica difcil de se realizar uma vez que texto uma construo teolgica, sendo assim, no tem histria. O quadro da pgina seguinte, far esta comprovao.

4.1 ESQUEMAS LITERRIO DO EVANGELHO DE JOO

Podemos observar que em Joo temos uma riqueza literria muito grande o que exige, de nossa parte, um cuidado especial ao analisarmos os textos bblicos. Seu escrito alm de ser hermenutico e enigmtico, demonstra certa harmonia no que revelada no seu todo.

A crtica literria no exclui que a obra tenha sido elaborada em vrias redaes. Os retoques ou as adies que se tem descoberto mostra que a mesma no foi realizada de uma s vez, sendo este evangelho produto de uma tradio coletiva chamada por Annie Jaubert de Escola Joanina. Isto justifica a existncia da presena do pronome EU e depois do pronome NS. O evangelho tambm conhecido como uma colcha de retalhos.

O estilo literrio joanino que lhe peculiar. Percebem-se ainda influncias judaicas muito fortes em Joo, como a homilia rabnica, literatura sapienciais e principalmente escritos gnsticos. O livro do Evangelho de Jo um dos ltimos a ser aceito no cnon por causa da gnose. Verifica-se, tambm, que Joo teria conhecido a tradio sintica, embora seu escrito seja bastante independente alm de conservar um gnero literrio que ao mesmo tempo histrico e teolgico, rico em simbolismo, com um ambiente cultural e religioso que parece mltiplo, incluindo desde o sincretismo helenstico at a comunidade de Qumran.

4.2 AUTORIAS DO QUARTO EVANGELHO

Que Joo o autor do Quarto Evangelho? Qual Joo? O discpulo amado (21, 20) pode no ser o autor do Quarto Evangelho. O Joo do Evangelho no o mesmo da 1, 2, e 3 Jo e do Apocalipse.

a) Data. A data da redao final do Quarto Evangelho situada numa poca tardia: no final do primeiro sculo e incio do segundo (120 a 140 d.C.)

b) Pronome A utilizao do pronome da primeira pessoa do plural indica a existncia dos vrios escritores (Jo 1 a 7)

c) Escola de Escritores neste Evangelho existem duas introdues e dois finais. Jo 21 (apndice) provavelmente no o mesmo autor de Jo 1-20, mas do editor final. O QE foi tardio e dos ltimos a serem inseridos no Cnon. A percope sobre a mulher adltera (7, 53 a 8, 11) foi acrescentada s a partir do sculo IV d. C. possvel que esse Evangelho tenha passado por um longo e complexo processo redacional. O ncleo original deve-se a uma testemunha ocular (21, 24), o discpulo amado, e um grupo de redatores, que recorreu tambm a tradies sinticas (Mc e Lc ).

4.3 ANLISES ESTRUTURALE ANLISE SOCIOLGICA

De acordo com R. Barthes, a anlise estrutural procura perceber estas partes essenciais da obra literria. No texto os actantes podem estar num ato perlocutrio ou poslocutrio. Do discurso (fala) ao texto (tecido) existe um significativo perodo de elaborao, que pode ser expresso em dois tipos de distanciamento. Fala --------( escrita (1 distanciamento)---------- ( leitura (2 distanciamento).

O exame do Quarto Evangelho revela a justaposio de partes que denunciam a ao de vrios redatores: existe um primeiro prlogo (Jo 1.18), uma primeira concluso (Jo 20, 26-31) e uma segunda concluso (Jo 27, 15-25).

3. Gnero Literrio

O autor/autores do Q lanaram mo de diversos gneros literrios para expressar sua mensagem: a poesia e o hino (Jo 1, 1-18).

O texto foi escrito para uma comunidade especfica, num local muito discutido pelos autores (Alexandria, no Egito, segundo as evidncias arqueolgicas, ou Antioquia, na Sria, ou feso, segundo a tradio).Nos apcrifos (Evangelho de Tom) constam verses do Evangelho de Jo (1964). Evangelhos gnsticos (S. Joo) ipsssima verba ipsssima vox: fora do cnon dos livros sagrados.

O objetivo do autor da fonte Q era combater o gnosticismo ( ). As influncias gnsticas se manifestam especialmente atravs da dualidade (luz vs trevas. Logos vs fazer, etc.). Criar atravs da palavra que ocorre tanto em I Jo, como em Gen. 1, ou apocalipse.

Neste Evangelho so manifestados todos os dualismos possveis:

gua vs gua da vida (Jo 4)

Lei e graa

Cordeiro (s em Jo)

Filho de Deus (Jo 17)

chegada a hora

Eucaristia diferente Jo 6

Fonte da gua da vida Jo 7

Ressurreio de Lzaro Jo 11

Videira e ramos Jo 15

Consolador

Maria Madalena e Jesus

Dilogo de Pedro Jo 21

Incredulidade de Tom

4.4 ANLISE ESTRUTURAL (Jo 1, 1-18)

A anlise estrutural pode denunciar diversos tipos de ocorrncias literrias: poesia e hino, Logos, luz e trevas, vida, mundo conhecer, princpio. A inteno do escritor tambm pode ser conhecida atravs do levantamento das palavras que ocorre mais e palavras que ocorre menos. O verso-chave o 14.

Temas de discusso

Crer

As grandes controvrsias

A verdade

Os milagres

Ttulos cristolgicos

Ceia de Joo e a Ceia dos Sinticos

Jo 17 Orao sacerdotal anlise sociolgica

Jo e o Antigo Testamento.

5. ANLISE SOCIOLGICA OU DOS QUATRO LADOS

Este foi um dos aspectos de exegese desenvolvido pela teologia da Libertao, a partir dos anos 70.

Inclui:

1. A fase analtica inclui o levantamento de dados, o levantamento de termos e uma estatstica de ocorrncias.

2. Fase descritiva, inclui o levantamento do aspecto social do texto.

6. HISTORICIDADE - Jo 18, 20, 21(Histria das formas)

Tradio histrica do Quarto Evangelho

Ambiente extrnseco

Importncia da histria

Carter testemunhal

Verbos de experincia: ver, escutar, tocar

Dados cronolgicos e topogrficos

Morte real

Histria de Jesus, histria de Deus

Manifestao da glria de Deus

Teologia de Joo

6.1 TEORIAS DA FORMAO DO QUARTO EVANGELHO

Teologia dos smeion (sinais)

Comparao com os sinticos

O Evangelho e o Gnosticismo grego e Persa (Jo 1-6)6.2 EVANGELHO E GNOSTICISMO

1) As referncias ao Antigo Testamento so baseadas na Septuaginta, porqu algumas referncias do/s autores do Quarto Evangelho no coincidem com o texto original em hebraico.

2) Referncias ao judasmo (Dispora). Bar Kochda o ltimo rebelde judeu em Jerusalm (136 d. C.).

3) Influncia sapiencial. O prlogo (1: 1-18) um hino. Isaas e Salmos (110) so muito citados (19 e 21).

4) Manuscritos de Qumran, do sc. XII, encontrados em grutas prximas ao Mar Morto, em 1947. Hipteses de John OCalllahan. Fariam com que reescrevesse a Bblia. Em Qumran foram encontrados 3.753 manuscritos, em 14 grutas (2.450 so do Novo Testamento). O livro que mais ocorre o de Isaias. Na gruta (Q.7) existiam exclusivamente manuscritos em grego. Jo 2, 3 e 4 faz meno a faces do judasmo antigo.

Joo conhece os samaritanos. Eucaristia (Jo 6, 54) inserida pelos autores eclesisticos (sculo II d. C.): anamnese.

5) Gnose grega e persa. O Evangelho de Joo escrito dentro do quadro da gnose, tem elementos gnsticos para combate-los.

549 a. C. 587 a. C. Exlio para a Babilnia (Sal 137). Especialistas judeus (ouvires, engenheiros) foram deportados para construir e manter as cidades dos estrangeiros.

Parsismo dualismo: inferno, diabo, demnio, anjo vs Deus;

Dualismo grego: luz vs trevas; em cima vs embaixo; ignorncia vs cincia.

A salvao vem pela f e do conhecimento da Palavra (gnose). Ascetismo (estoicismo) mistrio e iniciao aos mistrios (Jo 1, 1) rito inicitico. Tom: ver para crer. Aquele que cr em meu nome ver a glria de Deus (( ( ( ( ) Teofania ( manifestao de Deus ) e Epifania ( ). Cristo crucificado e ressurrecto.

7. TEOLOGIA DOS SINAIS

O milagre um sinal, um anncio de Deus. Tem o objetivo de evidenciar a manifestao do Messias (Teofania) ou mostrar que Deus o Senhor da natureza (sarsa ardente, codornizes), para manter o povo coeso na presena de Deus. A mitologia Canania rica em sinais.

Existem sinais profticos que so aes simblicas: sinais messinicos, que trazem uma mensagem escatolgica ou apocalptica; e sinais simblicos.

O imaginrio do mundo helnico repleto de sinais. Cada sinal demandava um deus particular. O judasmo herda isto em sinais (urim e tumim). Os milagres de Jesus so uma manifestao do sagrado, dentro da simblica hebraica. Transmitem fora e poder. Cristo um taumaturgo (auxiliar, benfeitor)

9. REFERNCIASBROWN, R.E A comunidade do discpulo Amado, Edies Paulinas, SP, 1984.

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Valentianos. Escola gnsticas fundada pelo lder Herclito em 170 d.C., na Itlia. Ver C.H. Dodd Interpretao do IV Evangelhos e tambm dele mesmo a obra Tradio do IV Evangelho.

graphas- grafa so os ditos ou palavras originais de Jesus, em latim ipississima verba e ipississima vox Jesu.

Tautologia vcio de linguagem que consiste em dizer por tornar diversas sempre as mesmas coisas; erro lgico que consiste em aparentemente demonstrar uma tese repetindo-as com palavras diferentes.

Docetismo doutrina gnstica do sc. II o corpo de Jesus no era real s aparente e no nasceu de Maria.

Obs.: Palavras que mais ocorrem no texto: Deus, Luz, Era, Graa, Mundo.

Obs.: Palavras que mais ocorrem no texto: Deus, Luz, Era, Graa, Mundo.

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