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Minísllrio da Estado De Colas Promotoria de Justiça da Comarca de Padre Bernardo Padre Bernardo, 04 de abri! de 2011. Ofício n^ 088/11-PJPB. A Sua Excelência o Senhor ÉRICO DE PINA CABRAL Promotor de Justiça/Coordenador do CAOC GOÍÂNIA-GO Assunto: Encaminha cópia de petição inicial. Senhor Promotor de Justiça, A par de cumprimentá-lo, sirvo-me do presente para encaminhar a Vossa Excelência cópia da petição iniciai da Ação Declaratória de Nulidade de Cláusula Contratual c/c Restituição de Valores Indevidamente Pagos em face dos advogados Dr. MARCOS AURÉLIO BASSO DE MATOS AZEVEDO e Dr. JOÃO BATÍSTA DE MATOS AZEVEDO, a qual originou o processo n^ 201100860082, distribuída a Vara Única da Comarca de Padre Bernardo, nos termos do art. 27 da Resolução ns 09/95 da Procuradoria Geral de justiça do Estado de Goiás. consideração e apreço. Sem mais para o mamen,terxrnanifesto protestos de Atenciosamente, Lucrada dristiria Guimarães Promotora çíe Justiça j Em Substituição :C EBI ..-U../.C..4 Ed. do Fórum, Av. Santa Luzia, Setor Leste - Pé. Bernardo/GO - CEP73700-000-Tel/Fax 61-3633-1976 |

Promotoria de Justiça da Comarca de Padre Bernardo Ofício ... · rtfl Esteia ÍÉ Scíãt Promotoria do Justiça de Padre Bernardo 011 socialmente relevantes de idosos, incapazes

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Minísllrioda Estado De Colas

Promotoria de Justiça da Comarca de Padre Bernardo

Padre Bernardo, 04 de abri! de 2011.

Ofício n^ 088/11-PJPB.

A Sua Excelência o SenhorÉRICO DE PINA CABRALPromotor de Justiça/Coordenador do CAOCGOÍÂNIA-GO

Assunto: Encaminha cópia de petição inicial.

Senhor Promotor de Justiça,

A par de cumprimentá-lo, sirvo-me do presente para

encaminhar a Vossa Excelência cópia da petição iniciai da Ação Declaratória de

Nulidade de Cláusula Contratual c/c Restituição de Valores Indevidamente Pagos

em face dos advogados Dr. MARCOS AURÉLIO BASSO DE MATOS AZEVEDO e Dr.

JOÃO BATÍSTA DE MATOS AZEVEDO, a qual originou o processo n^

201100860082, distribuída a Vara Única da Comarca de Padre Bernardo, nos

termos do art. 27 da Resolução ns 09/95 da Procuradoria Geral de justiça do

Estado de Goiás.

consideração e apreço.

Sem mais para o mamen,terxrnanifesto protestos de

Atenciosamente,

Lucrada dristiria Guimarães

Promotora çíe Justiçaj

Em Substituição

: C E B I ..-U../.C..4

Ed. do Fórum, Av. Santa Luzia, Setor Leste - Pé. Bernardo/GO - CEP 73700-000-Tel/Fax 61-3633-1976 |

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PODER" JUDICIÁRIO

tribunalde justiçado estado de goiás

A II T II A í*

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sto Êiiasa «e Saias P !̂ x^ G1 ^ J J

Promotoria de Justiça de Padre Bermirdo

. . ) ' ) , • l - i j n i r n . Ai . S.n.i,, l.;j/l;s t;,'\. S"1..ir l ejl'- P^r.lrc- iiirniirrli J i j ! i-Ctt] 7T/Ci j - f i í ) ; ) i ^ l f l . i 'lítonjj

Porteiro Judiciárioi:XCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DlidCeTO*RCADE PADRt: BERNARDO.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu membro

infra-assinado, com fundamento nos arts. 127, caput, e 129, inciso I H, da

Constituição Federal; art. 74, inciso I, da Lei 10.741/03; art. 1°, inciso IV. da Lei

"-3-17/85; & no art. 51, §4°, da Lei 8.078/90, vem, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADK DE CIÁUSULA CONTRATUAL

C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS

em face dos advogados Dr. MARCOS AURÉLIO BASSO DE MATOS AZEVEDO,

inscrito na OAB/GO sob o n° 16.913, e Dr. JOÃO BATISTA DE MATOS

AZEVEDO, inscrito na OAB/GO sob o n° 6.865, ambos com escritório profissional

situado na Rua Alfredo Nasser, n° 44, Centro, Formosa - GO, em razão dos motivos

de fato e de direito a seguir expostos.

i. SÍNTESE DOS FATOS

Após receber representação com a notícia de que os advogados Dr.

MARCO AURÉLIO BASSO DE MATOS AZEVEDO e Dr. JOÃO BATISTA DE MATOS

AZF.YEDO, crn suposta sociedade com o Vereador GILENES FERNANDES

GONÇALVES, estariam cobrando, a título de honorários advocatícios, o percentual de

50% (cinquenta por cento) dos créditos reconhecidos nas demandas providenciarias

ajuizadas nesta comarca, em desfavor de seus diversos clientes, em sua maioria

idosos, incapazes e hipossuficientes económicos, o Ministério Público instaurou

INQUÉRITO CIVIL, registrado sob o n° 001/2010, para apurar eventuais práticas

abusivas em violação aos direitos coletivos e individuais homogéneos indisponíveis

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rtfl Esteia ÍÉ Scíãt

Promotoria do Justiça de Padre Bernardo

011 socialmente relevantes de idosos, incapazes e hipossuficientes económicos

Af im de resguardar os referidos direitos, o Ministério Público solicitou a

este juízo, inicialmente, a adocão de cautelas na concessão de alvarás para ri

levantamento de dinheiro nas demandas previdência rias em geral, sugerindo que os

advogados fossem intimados a juntar aos autos os respectivos contratos de

honorários advocatícios antes da expedição dos alvarás, nos termos do art. 22, § |". da

Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), para viabilizar o controle judicial sobre eventuais

abusos e excessos.

Em razão da investigação ministerial em curso, assim, foram remetidas

com vistas ao Ministério Público 266 (duzentas e sessenta e seis) demandas

previdenciárias, patrocinadas pelos referidos advogados, que já possuem decisão

favorável definitiva e somente aguardam a expedição dos alvarás de levantamento de

valor das parcelas atrasadas.

Mais de 100 (cem) beneficiários dessas demandas previdenciárias foram

notificados e ouvidos nesta Promotoria de Justiça sobre os termos em que teriam sido

ajustados os serviços advocatícios prestados, ao que se constatou o seguinte:

- a grande maioria dos beneficiários é idosa;

a grande maioria dos beneficiários é analfabeta;

a grande maioria dos beneficiários tem renda de 01 (um) salário mínimo:

a grande maioria dos beneficiários não tinha condições económicas de pagar

as custas do processo e os honorários advocatícios, razão pela qual receberam

os benefícios da justiça gratuita;

a grande maioria dos beneficiários tomou conhecimento e ajustou c serviçr:

advocatício prestado através do Vereador GILENES, tendo contato pessoal

com os referidos advogados somente no dia da audiência;

a grande maioria dos beneficiários não teve nenhum motivo especial para

contratar os serviços dos referidos advogados;

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ao folaí s fie; Saía*

Promotoria de Justiça d<t Padre B«rnardo

a grande maioria dos serviços advocatícios prestados não íni iorniali/..idi-)

através de contrato escrito, com a entrega de cópia para o beneficiário, sendc

que parcela dos beneficiários foi procurada pelo Vereador GILENt-S após a

instauração do referido inquérito civil para a regularização dessa situação, com

a formalização dos respectivos contratos;

a grande maioria dos beneficiários não foi adequadamente informada sobre L:

valor dos honorários advocatícios e a forma do seu pagamento:

a grande maioria dos beneficiários não tinha noção de qual seria o valor

aproximado das parcelas previdenciárias atrasadas em caso de procedência da

demanda;

a grande maioria dos beneficiários não sabia que os referidos advogados

tinham poderes para levantar o valor das parcelas previdenciárias atrasadas

depositadas em juízo, em nome deles (dos beneficiários);

a grande maioria dos beneficiários não acredita ser justo nem razoável pagar a

título de honorários advocatícios a metade do valor das parcelas

previdenciárias atrasadas; e

parcela dos beneficiários já pagou ao Vereador GILENES, a t i tulo de

honorários advocatícios, a metade do valor que acumulou na conta bancária

entre a implementação do beneficio mensal previdenciário e o primeiro saque.

Também foram notificados e ouvidos aproximadamente 90 (noventa)

beneficiários de demandas previdenciarias julgadas procedentes nas quais já houve o

levantamento das parcelas atrasadas através de alvará judicial e o pagamento dos

honorários advocatícios, ao que se constatou, além da mesma realidade acima

Jescrila, o seguinte:

os referidos advogados retiravam os alvarás expedidos por esse. juízo, em nome

dos beneficiários (direito outorgado na procuração), e os apresentaram em

agência bancária do Banco do Brasil em Formosa - GO com pedido de

autorização de crédito, movimentando os valores depositados na.s contas

judiciais situadas na agência bancária local do Banco do Brasil, vinculadas às

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Promotoria de Justiça ilt; Padre Bernardo

respectivas demandas previdenciarias, para a conta corrente r.° 3}. ,28-0,

Agencia 0377-8, Banco do Brasil, de titularidade de MATOS AZF.VUDO S. S

ADVOGADOS ASSOCIADOS, CNP.T n° 10.807.282/0001-^7. conforme

documento anexo;

a grande maioria dos beneficiários se deslocou até o escritório dos referidos

advogados, situado em Formosa - GO, através do transporte oneroso

oferecido pelo irmão do Vereador GILENES, o Sr. VANDERLEI. conhecido

como "COELHO", e lá recebeu apenas 50% (cinquenta por cento) do valor da.s

parcelas previdenciárías atrasadas, deixando o restante a título de honorários

advocatícios;

Os advogados Dr. MARCO AURÉLIO BASSO DE MATOS AZEVEDO e Dr.

JOÃO BATISTA DE MATOS AZEVEDO, ao serem notificados para prestar

esclarecimentos por escrito, informaram que até o início do ano de 2009 pactuaram

Lias demandas previdenciárias, a título de honorários advocatícios convencionais, t -

percentual de 50% (cinquenta por cento) das parcelas previdenciárias atrasadas, e ,i

partir de então, em razão da mudança de comportamento do INSS, passaram a

pactuar de fornia escalonada: 50% (cinquenta por cento) caso o valor das parcelas

previdenciárias não ultrapassasse 24 (vinte e quatro) salários mínimos e 30% ( t r inta

por cento) na hipótese contrária (informações e contratos anexos).

Apurou-se, também, que naquelas 266 (duzentas e sessenta e seis)

demandas previdenciárias remetidas ao Ministério Público, sendo que todas elas

foram ajuizadas antes de 2009, o número médio de petições elaboradas pelos

referidos advogados em cada demanda variou entre 04 (quatro) e 06 (seis) c o de

audiências entre 01 (uma) e 02 (duas), enquanto o valor médio das parcelas abrasadas

em cada demanda girou em torno de RS 16.000,00 (dezesseis mil reais j . o que

equivaleria a Rg 8.000,00 (oito mil reais) em méd_ia_de honorários, advocatictos

convencionais por demanda, sern contar com os honorários sucumbeneiaLs

:;m juí/o.

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Promotoria de Justiça do Padre Bernardo

.1 -!,. hiriíin. -'v Soiltf-. : '••ã-a. S/N, Siotur Lcitu, P.idr" BfirnanNGi •• ' " : i ' != ,'J7i;0-00';. l

O valor total das parcelas previdenciárias atrasadas daquelas 266

(duzentas c sessenta e seis) demandas previdenciárias remetidas ao Ministério

Público, que ainda aguardam a expedição de alvará, corresponde ao montante de RS

4.213.589,91 (quatro milhões, duzentos e treze mil, quinhentos e oitenta e nove reais,

e noventa e urn centavos) [soma do Lotes 01 e 02], o que equivaleria a RS

2.106.794,95 (dois milhões, cento e seis mil, setecentos e noventa e qualrr reais, e

noventa e cinco centavos) de honorários advocatícios convencionais a receber, sem

contar com a verba honorária sucumbencial, conforme gráfico anexo.

Por outro lado, apurou-se que nos últimos 03 (três) anos íoram expedidos

alvarás de levantamento de parcelas atrasadas cm cerca de 306 (trezentos e sei5-)

demandas previdenciárias patrocinadas pelos referidos advogados neste juízo, os

quais totalizaram o valor de RS 3-337-065,67 (três milhões, trezentos e trinta e sete

mil, sessenta e cinco reais, e sessenta e sete centavos), o que equivaleria a RS

1.668.532,50 (um milhão, seiscentos e sessenta e oito mil, quinhentos e trinta e

dois reais, e cinquenta centavos) de honorários convencionais...recebidos, .sem contar

com a verba honorária sucumbencial, conforme gráfico anexo, partindo-se du

pressuposto, conforme informado pelo próprios advogados, de que o honorário

convencional fixado nas demandas ajuizadas até 2009 é de 50% do valor dus

atrasados.

Observou-se, assim, atendo-se somente às demandas previdenciárias

ajuizadas perante este juízo, sem imaginar o volume de demandas previdenciana^

lindas ou cm curso noutras comarcas, que os referidos advogados mantém relação de

massa com seus clientes, em demandas de natureza providenciaria, que envolvem

questões repetidas e de pouca complexidade jurídica, não exigindo maior esforço e

tempo no desenvolvimento do trabalho, e que os honorários advocatícios pactuados,

são evidentemente excessivos e desproporcionais aos serviços advocatícios prestados,

cm que pese o valor dos nobres causídicos e a relevância de suas funções na

administração da justiça.

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dç fetais ÍÉ Saía*

Promotoria de Justiça de Padre Bernardo

Houve, portanto, violação não somente à proporcionalidade exigível em

qualquer relação negociai, para evitar o enriquecimento sem causa, corno também

aos deveres anexos que devem nortear o negócio jurídico, em prestígio ac principie

da boa-fé. afinal, os beneficiários, em sua grande maioria idosos, analfabetos e

pobres, não foram devidamente informados sobre o valor dos honorários advocatícios

e J forma do seu pagamento.

Constatou-se, assim, em todos os casos, evidente desproporção entre o

semço advocatício prestado e o valor dos honorários advocatícios convencionados,

além de manifesto abuso na forma como se realizou o referido negócio jurídico entre

os advogados e sua cliente, em franca violação aos princípios da informação e d;i

transparência.

Em relação aos honorários.__advocatícios convencionais a receber,

decorrente das demandas previdenciárías em curso, o Ministério Público ofereceu

pedido incidental, ern cada uma daquelas 266 (duzentas e sessenta e seis) demandas,

para revisar e limitar a cláusula contratual que estabeleceu os honorários

advocatícios.

Agora, quanto aos honorários convencionais, recebidos, por uma questãc

de nraticidade e eficiência, o Ministério Público propõe a presente acão coleliva

visando a declaração de nulidade da cláusula contratual que fixou os ho.iorários

advocatícios c a restituição dos valores indevidamente pagos nos últimos 03 (três]

anos. em favor de Iodos os beneficiários que contrataram com os doutos advogados,

ora requeridos.

•2. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A desproporção entre o serviço advocatício prestado e o \v,lor de s

honorários advocatícios, assim como a falta de informação sobre o valor e a fjrma de

pagamento dos referidos honorários advocaíícios, configuram manifesto abuso de

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Proiuoloria de Justiça de Padre Bernardo

direito, seja a relação jurídica entre o advogado e seu cliente considerada como de

consumo ou não, pois os princípios da boa-fé e da função social do contrato regem

não apenas os negócios jurídicos que se submetem ao Código de Defesa ci>

Consumidor mas todas as relações negociais, conforme expresso nos art?. 113, i8~ e

42-2 do Código Civil.

Sobre o tema, convém conferir a percuciente observação do professor

LEONARDO DE MEDEIROS GARCIA:

"Para se buscar o \erdadeiro equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores alguns

princípios se fazem presente e, sucintamente, merecem ser analisados. São eles, principalmente, u

princípio da informação e o princípio da transparência, verdadeiros corolários do princípio da boa-te

nbjema. O Código de Defesa do Consumidor foi a primeira norma a pre\er expressamente j boa-fé

ob.jeth a e eferi\ amente aplicá-la no campo das obrigações entre consumidores e fornecedores. A boa-

fé objetha estabelece um de\er de conduta entre fornecedores e consumidores no sentido de asirem

com lealdade e confiança na busca do fim comum, que é o adimplemento do contraio, protegendo.

assim, a? expectativas de ambas as partes. A boa-fé objetiva também foi inserida no No\o Código Cuil.

como cláusula geral, irradiando seus efeitos por todo o sistema chilista." (Diivitu it<> Cu

-a hiifictu<. 2a edição, p.S2)-

Analisemos, então, a conformação jurídica dessa situação ratica

diversos diplomas legais aplicáveis e suas consequências no mundo do direito, para

percebemos que seja qual for o texto legal especificamente aplicável o fundamento é o

mesmo, qual seja, violação aos princípios da boa-fé objetiva e da função social du

contrato, que norteiam todo o sistema jurídico e decorrem dos fundamentos

prmcipiológicos constitucionais da dignidade da pessoa humana (art.l0. inciso I I I , da

CF}, da solidariedade humana (art. 3°, inciso III, da CF) e da igualdade substancial

(arts. 8° e 5° da CF).

2.1 APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Em que pese o entendimento contrário externado em alguns julgados

recentes do e. Superior Tribunal de Justiça, a relação jurídica entre o advogado e seu

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Promotoria de Justiça de Padre Bernardo

cliente deve ser considerada como de consumo porque, primeiro, ela se enquadra no

conceito legal de serviço previsto no art. 3°, §2", do CDC, do qual somente é excluída

a relação de caráter trabalhista, não havendo motivos para afastar o serviço

advocatíeio; segundo, o Estatuto da OAB (Lei 8.906/94), embora lei especial, nau

conílita nem derroga as regras do Código de Defesa do Consumidor, mas corri ela se

harmoniza, conforme já declarado pelo STF em caso análogo envolvendo a incidência

da Lei 8.078/90 às relações bancárias, também regidas por lei especial (ADI 2591):

terceiro,, o Código de Defesa do Consumidor, ao prever a responsabilidade pessoal

dos profissionais liberais no art. 14, §4°, classifica também como relação de consumi:

aquela existente entre o profissional liberal e seu cliente, não exigindo que o

fornecedor de serviços seja necessariamente empresário, tal como definido -elo jri .

966 do Código Civil; e, por último, se, por um lado, a ética empresarial é considerada

distinta da ética profissional intelectual, de natureza científica, literária ou artística, >

que implica na limitação do conceito de empresário, nos termos do art . 966,

parágrafo único, do Código Civil, por outro lato, não há como se estabelecer

diferenças substanciais, no campo da profissão intelectual, entre a ética do advogado

e a ética do médico, do engenheiro ou do arquiteto, de fornia a afastar exclusivamente

o serviço advocatíeio da aplicação do CDC, quando todas essas profissões st'

caracterizam pela natureza intelectual de sua atividade e possuem tsiatutos

profissionais de ética próprios com fundamentos principiológicos similares.

Enfim, a nobreza, a relevância e a natureza intelectual da fincão dn

advogado na administração da justiça, tal como ocorre com as funções de outros

profissionais liberais, evidenciam uma ética profissional distinta daquela

empresarial, mas não servem de argumentos para afastar a aplicação do Código de

Defesa do Consumidor, que se baseia fundamentalmente na vulnerabilidade Juconsumidor,

Na verdade, sob esse prisma ético profissional, espera-se que a atividade

advocatícia, exatamente por não ser considerada empresarial, seja norteada por

princípios e regras ainda mais rígidos que aqueles previstos no Código de Defesa du

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[Já Eíiatí» í* Saias

Promotoria de lust.iça de Padre Bernardo

Consumidor, no sentido de expressar, com mais ênfase, os íundumenlns

principiológicos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da solidariedade

humana e da igualdade substancial. Não se mostra lógico nem coerente, assim,

entender que as cláusulas de boa-fé estipuladas no CDC se aplicam a todos os

serviços, inclusive os públicos, mas não incidem única e exclusivamente sobre o

serviço advocatício, como se nesse fosse admissível a má-íé, a iniquidade, o abuso,

aMUamento e a onerosidade excessiva, em favor do advogado e em prejuízo dos seu1-

clientes, quando a natureza e a relevância da função advocaticia exigem cmn maior

razão exatamente o contrario-

o

No caso concreto, ademais, restaram evidentes diversas circunstâncias

típicas do mercado atual de consumo, quais sejam: captação de centenas de clientes

através de interposta pessoa, contrato de adesão, relação jurídica impessoal.

terceirização de atividades e serviços idênticos prestados ern massa,

Sobre a admissibilidade da aplicação do Código de Defesa do Consumidor

ao serviço advocatício, assim já se manifestou o e. Tribunal de Justiça do Estado de

Goiás:

UK1(,FM : l \ CAMARÁ C1\T,I,-TJ GO FOME : Di 14633 de 10 11 200?UORDVO.. . . : 01 102005 L1VKO : CS RSPKIH h^M).... 2oit;(ii)yxsj64i, c/tNHRCA....: nvxiiii \R \Hl I . UOIÍ....: ili S. 10 Ml rBAI.r .OFF.KRKIRAm.nvioK....:1'KOl ..R\« .• HSí 'JM-1 1 8 K - U'KI.AC s .OCIVK],

l Ml M \ .... \P) l AC AO CIM-.I AC AO lih EMBARCiOS A FXECCC.AO CO\'I'RATO Dl' UfAOk ''ííl'^ >,iy r « \ MU»-I'KI ST.VUOS. CODKiO DE DEFESA DO CONSUMIDOR API.ICACVO CL.USn. \.S Mil M'- \~- M s.s | ' •, i (v '- O CONiKATO DE, 1'RhST-VCAO Dh SERVIÇO ADVOCATÍCIO L 1 1 1 1 LO FAI crilM • l \ ! '. Ml D l < i i ,COMORMK DISPOSIÇÃO DO .ART 58;. INCISO li. DO CPC. BhM COMO .\RlIi,o 24 D \ '. '-. l x - . „- •! ( <\UJLIC VSi. O CÓDIGO Dl-, DEFESA IM) CONSl'MIDOR AS RF,L.«'OI-.S Dt Pkl s i \C \O D! SIIC.M),AD\oc \ncos- ívrrci.ic.vNciA DO ARTIGO si . INCISO x. \ . P A R A U U X R I i INCISH :• i i ! < i ' i - v-.CLArSTIAS CONTRATUAIS DO CONTRATO Dl-, PRRST \C \O DF. SI RV1COS \D\OC \ KciilSU I T R \ D A S QI/AN1X) ABl'SJVAS. S r ONERA DFM \SIADAMfcNTI', \ CONSi \I!DOR i \ l s ,

C O R R ] l -\ \ SF.NThNCA OIT. Al Á S I A O PF.RCLN H r.Al DE 1)1 >/l PO1Í C I M OfovTi? \nu iAi i -N n-.. POR SLR KNLCLS&IVAMKNTL ONI-.ROSO. t M I X ( . > K \ - ' O p \i< \ SM>SOliRV O B I N 1 F I C I O F.CONOMICO ,\].CANCAÍX) H . L A SFítrND.A - \PM.A1J\ l\ - l i! V1FND1MI-.NTO DL O> "F- SI;, DbVI: AP! IÇAR O IND1C1-. Mf-.NOS OR.A\'OSO AO Cu\Si \iii) ' HDESTA FORMA. APLICAR O IMt \ - OS JUROS DF. MOR \ Dl- (.•>.! POi! CT-.VIO \O \ l i ' S D! M M -l „•MANTIDOS. MSIO yt T, D!-. \CORDO COM A TAXA MhDI.A LOÍ M L \ \ t l O \ \ l \1 - l I K 1 I - \í .OBR.',\C\ DE MU TA \O PI -RCKMTAl , 1>E ÍX11S POR C K N I O . C O M - O R M l DiSPi 'S]L V i Ur1'AKAGR VI-O ]. DO UilTUO 52. DO CODICiO Dt DlilTiS-X DO CONSI MIDOR \Ft í i í** L < ;'- 1 1 ! < ! l > KP R I M E I R O APi-:i.O [MPROVIDO. SFXiUMX) P.AliCI.VLMICNTF PROVIDO "

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Piomotoria de Justiça (te Padre Bernardo

l .'n :•>. \v '•s. inta ! «,:i-i, s/N Sehur l fisUi, Pfidm Dernanl--»!' V-1 -M? ? "'•''• -'' 'i'1 '

VM OS COMfONEMBS 154 Q U E R I A Tl. R M \ jrLC5AlX)K.\ i>A P!!!MI ! R \ L \\! \!í ', U\ l I !)uTRIBUNA!. Df. .irSTICA DO TSTADO DK C!O)-\S. A UNANIM1D-UH l» '.OldS. I M U ) \ H ] v ! l-'

1X1S APKLOS. IMPROVEN1X1 O PRIMEIRO E 1>.-VMIJO PARC1M 1'ROVIMS \ IO \ O S R i I \ n n \< is l ) «MusIX) \ ' t )TOIX)RI ; . I .AH>F "

Pois bem., o art. 6°, inciso V, do CDC estabelece expressameniL oomn

direito básico do consumidor, em sintonia com o equilíbrio contratual exigido pelos

princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato, "a modificação das

cláusulas contratuais que estabeleçam preslacões desproporcionais" .

Ou seja, a boa-fé objetiva, que possui multifuncoes, assume aqui o papel de

«.r.nt rola dor das cláusulas contratuais, impedindo a onerosidade excessiva, de um

lado. e o enriquecimento sem causa, de outro. Classifica, assim, como ilícito ohietivo

o abuso do direito, r elati virando a autonomia da vontade em favor da diresrizes da

stictdade e da socialidade. Confira-se, a propósito, o seguinte julgado:

b os fundamentos do Código de Defesa do Consumidor, a estipulação do preço do dinheiro

osiecmfra l imi tes nos princípios da equidade retributiva e da boa-fé objetha dos negócios ji irídii-os.

âmbito em que o abuso de poder económico e o excesso de onerosidade dos encardo; pecuniário-

iniilateralmente pactuados caracterizam conduta de lesa -cidadania, promovendo o enr iquecimento

ilícito do credor c o simultâneo empobrecimento sem causa do devedor" (Apelação OM n' 1

-000185689-. 14a Câmara Cível do T.JRS, Rei. Dês. Aymoré Roque Pottes de Mello. j. 21.12.00!.

Nessa linha normativa, materializando os fundamentos principiológicos

constitucionais da dignidade da pessoa humana, da solidariedade humana e d.~i

igualdade substancial, o Código de Defesa do Consumidor prevê, ainda, ser vedado

L'x.i.£ir_do consumidor,vantagem manifestamente excessiva (art.39, inciso Vi , bem

como serem nulas de pleno direito aã cláusulas ..contratiiais qu^- es l a helena m

obrigações consideradas iníquas. ..._abusjyas, que coloquem o consumi dor em

desvantagem exagerada, ou sejam incornpaliveis com a boa-fé ou^a equidade (a r t . ,si.

inciso IV).

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d« fsíaíis íe Bofe

Prwmoloria de Justiça do Padre Bernardo

O Código de Defesa do Consumidor vai além e estabelece parâmetros para

se aferir o equilíbrio contratual, ao dispor que se presume exagerada, entre outros

Çj^j^_a_vamagejTL_que_ se_ mostra ejxcegsivamgnte, onerosa para o _ consumid_o_r,

gQ]isider_ando7S_e ajiatureza e__o conteúdo do contratQ,_o interesse das_p_artes e outras

drcuristâncias_peguliares_aQ_ça_SQ (art. 51, §1°, inciso III).

É justamente a situação verificada na espécie, porquanto o percentual de

50% {cinquenta por cento) do valor das prestações atrasadas, em demandas

pre\idenciárias que envolvem questões repetidas e de pouca complexidade jurídica,

reveladas pelo número e pelo conteúdo das petições e das audiências realizadas,

mostra-se insuportavelmente excessivo e desproporcional ao serviço advocatício

prestado. Na verdade, esse preço acabou por estipular uma sociedade entre n

advogado e o cliente sobre os ganhos da demanda, quando devia somente remunerar

o serviço prestado.

Além de vedar o abuso na fixação das contraprestações, o Código de Defesa

do Consumidor, atento aos deveres anexos de informação e transparência, que

irradiam do principio da boa-fé objetiva, também estabelece o seguinte:

"Art, 46. Os coníTg.tos_que_regularnasreÀações de consumojião_obriggrãoj^s

consiirnidores^se não Ihes.for dada, a oportunidade de tomar conhecimento prévio

de seu_ conteúdo, ou se os respetivos_ instrumentos forem redigidos _de modo_a

dificultar a_cpnipreensão de seu sentido, e alcance".

Ou seja, a mera exteriorização da \'ontade não é mais suficiente para

validar a obrigação ajustada quando na relação negociai não houve informação

adequada sobre os encargos assumidos, em violação ao princípio da boa-fé obictiva.

O negócio jurídico, assim, sofreu os influxos dos direitos fundamentais da pessoa

humana para relativizar a autonomia da vontade em favor dos fundamentos

principiológícos consagrados na Carta Magna.

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Wlnislíflo Pitblktd6€ife«ÉÉS6Í34

Promoloria de Justiça de Padre Bernardo

O caso ern análise se amolda perfeitamente ao ilícito objetivo disposk

nessa norma, pois, conforme apurado, os beneficiários, na maioria idosos,

analfabetos e pobres, incluindo a parte autora, não foram devidamente informados

sobre o valor dos honorários advocatícios e a forma do seu pagamento.

a.2 APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL

O princípio da boa-fé objeliva também eslá expressamente previsto no

Código Civil, nas suas variadas funções (controle, interpretação, integração etct.

conforme se observa dos seguintes dispositivos:

Arf . i í3 . 0< neyncins jurídicos devem ser interpretados conforme a bj.>a-fe L> os iw^ í/o lmi.tr {k- N I Í Í Í

Ari. i^'-. Também comete ato ilícito o titular de um din:ito que, ao exercê-lo, cxí-cdu mai

•js /íííiifrs im/iosfas peio seu fim económico ou social, pela boa-fé «u pelos bons cnsDuiu/.-.-.

Art. 422. OK cíxitmtmiíes soo o/inyndos a yuardar, assim na conclusão do coutmtn. u>ino cm

(.'.m-uçãn. os prmcípíos de probidade e boajv.

É a influência da ética nos negócios jurídicos. O ordenamento .jurídico.

iluminado pelas diretrizes da eticidade e da socialidade, exige que a propriedade, a

família e o contrato possuam também função social e não se esgotem com a satisfação

meramente econômico-individual. E urna das funções da boa-fé objetiva, conforme

analisado, é justamente a manutenção do equilíbrio contratual, a fim de impedir a

imposição de onerosidade excessiva aos mais fracos e obstar o enriquecimento sem

causa dos mais fortes.

Sobre as funções da boa-fé objetiva, a doutrina au.ioii7.adn de GUSTAVO

TEPEDINO assim as resume:

"Km termos práticos, a boa-fé objetiva, introduzida no ordenamento jurídico brasileiro por for^a do

Código de Defesa do Consumidor, e expandida, paulatinamente, por obra da doutrina e da

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Piomotoria de Justiça de Padre Boruardo

jurisprudência. foi finalmente consargrada no dispositivo em análise (art.i 13 do CC), desempenhando.na teoria contratual, três funções fundamentais: (i) função interpretativa dos contratos: (iil função

restritiva do exercício abusivo de direitos contratuais; e (iii) função criadora de deveres anexo*; ou

acessórios à prestação principal, como o dever de informação e o de\er de lealdade" {Código '"Ml

Interpretado conforme a Constituição da República, Vohime [, Ed. Renovar, 2a edição, p- 231).

Portanto, a desproporção excessiva entre o serviço advocatício prestado y

os honorários advocatícios convencionados afronta a boa-fé objetiva. enquanto

função restritiva do exercício abusivo de direitos contratuais, e a falta de informação

adequada sobre o valor dos referidos honorários advocatícios e sua fornia de

pagamento \iola a boa-fé objetiva, enquanto função criadora dos deveres anexos de

informação e de transparência, configurando-se no caso, por ambas as razões, a

hipótese de ilícito objetivo prevista no art. 187 do Código Civil.

O instituto da lesão, disposto no art. 157 do Código Civii, é também

exemplo de materialização do princípio da boa-fé objetiva e pode ser aplicado ao

presente caso, mitigando o dogma da força obrigatória dos contratos. Vejamos:

"íífí. 15-. CVOÍTC lesão quando uma pessfxi, sob premente necessidade, ou por inevpvricncín. se

: ibrit/a u prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposfo.

•ír" Aprccia-ff (f desproporção f'tts prestações segimdo os imlores vigentes ao tempo t-n? t;«t> foi

cek-hradoo negócio jurídico.

xi"' .Vão st- ilfcrctará a emulação do negócio, KC for oferecido suplemento suficiente, ou se a parti.1

Concordar com a redução do proveito."

Exige-se, aqui, o aproveitamento de uma situação de inferioridade

(premente necessidade ou inexperiência do lesado), a qual é presumida de forma

absoluta em relação ao consumidor na Lei 8.078/90, diante de sua vulnerabilidade

na relação de consumo, conforme analisado no tópico anterior. Na hipótese em

análise, caso não se entenda pela configuração de uma relação de consumo, essa

situação de inferioridade é facilmente perceptível peias condições pessoais dos

beneficiários e pelas circunstâncias nas quais o serviço advocatício fora ajusUido.

conforme acima exposto, seja porque se trata de pessoa idosa e pobre, com baixo grau

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Promuloria de Justiça dp Padre Bernardo

t.i l ujiu. Sn*-. h'iL..i[ I."MP. l'niln= ftsrr.ard-ijin i-r.H' '•'"'-"(1"

de instrução, cuja premente necessidade em receber um benefício da seguridade

social, além de evidente, se mostra ressaltada pelo próprio Estatuto do Idoso (Lei

to. "41 ''03) através de normas que lhe garantem a proteção integral e a prioridade

absoluta na efetivação dos seus direitos fundamentais, seja porque, apesar de idosas.

não são pessoas experientes nas lides forenses e no ajustamento de honorários

advocaticios, devendo ser-lhes reconhecida também a situação de inferioridade nu

relação contratual advocatícia.

Cabe observar, ainda, que a doutrina dispensa o chamado dolo de

aproveitamento, ou seja, a consciência e a vontade de se aproveitar do legado em

situação de inferioridade, bastando para a caracterização da lesão a vantagem

desproporcional e a circunstância fática do aproveitamento t situação cie

inferioridade). É dizer, torna-se descabida a análise da boa-fé subjetiva, sendo

suficiente apurar o caráter objetivo da lesão. Nesse sentido, é a orient.icào do

enunciado 150 do Conselho da Justiça Federal: "A lesão de que trata o art 15- de

Código Civil não exige dolo de aproveitamento".

Adernais, há quem entenda, corn razão, que a própria situação de

inferioridade, apesar do texto legal, não precisa ser comprovada diante de um

manifesto desequilíbrio contratual, como no presente caso, porquanto o direito não

suporta a injustiça. Sobre a comutatividade e a equidade no direito, à luz da eticidadc.

convém transcrever, a propósito, a valorosa contribuição histórica de ÁLVARO

VILLAÇA AZEVEDO:

"Desde a mací/jcitio, mencionada na Lei das XII Tábuas, de 450 a.C, em que, por ato pt"- '.h>< :•! lihiwn

as obrigações das partes contratantes eram pesadas, em urna balança, em praga pública. de\endo se!

cumpridas as formalidades legais, atestando-se a igualdade das mesmas obrigações assumidas.

Apresenta-se esse contrato como verdadeiro símbolo da Justiça (a balança), até hoje preí.er\ ndo pclo^

povos. Essa igualdade e equilíbrio nas relações jurídicas são Tão importantes que. entre os i-cmano.-,.

Celso conceituou o Direito como "a arte do bem e da equidade" (ius est ars bom et aequi). Assim, a

foimitativade. nos contratos, é princípio essencial de Direito, porque exige a equivalência das

prestações e o equilíbrio delas, no curso das contratações, pois, por ele, as partes de1' em saber, desde o

inicio negociai, quais serão seus ganhos e suas perdas, importando esse fato a aludida equipolència das

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d» fetais te Smat

Promotoria de Justiça de Padre Bernardo

mencionadas prestações."'

"Ao Lnreito repugna a atuação ilícita e mesmo o enriquecimento indevido, pois a lesão está presente

neles. O fenómeno da lesão, no Direito contratual, df\e ser encarado objethamente, Causado o

prejuízo, estabelecido o nexo de causalidade e ocorrendo o desequilíbrio nas prestações. de\e sei

restabelecida a igualdade entre os contratantes". (Questões controvertidas no novo Código Ci\i i . \ol.i>,

Editora Método, p. 16).

2.;í APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA DA OAB

Na Unha do pensamento ético e social acima exposto, o Código de Ética da

OAB também impõe restrições à liberdade de contratar, seja na convenção do valor

dos honorários advocatícios, seja na forma do seu ajuste, ao estipular:

•\u1. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração decorrente do

aumento dos atos judiciais que advierem como necessários,

escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as

e_speçificações_e ÍQrmad:e_eagamento_, inclusive no caso de acordo.

,ii1, 36- Os honorários profissionais devejn_ser^^dQS_çojiunoderaÊào. atendidos os elemento-seguintes:

l - í rele\ anciã, o \ ulto. a complexidade, e a dificuldade das questões versadas;1 1 - o trabalho e o tempo necessário;

l li a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir cm outros casos, ou de se de VIM r ramoutros clientes ou terceiros:

I N ' -- o \a lor da causa, a condição económica do cliente e o proveito para ele resultante do seiMCu

profissional:

v - a earáter da intervenção, conforme se trate de sen iço a cliente avulso, habitual ou permanente:

Vi - o lugar da prestação dos seniços, fora ou não do domicilio do advogado:

Vi j - a competência e o renome do profissional;

V i l ! - a praxe do foro sobre trabalhos análogos."

No hipótese em análise, em que pese, repita-se, o valor dos nobres

causídicos e a relevância de suas funções na administração da justiça, o importe de

50% (cinquenta por cento) das parcelas previdenciárias atrasadas, a Ululn de

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&> aiaíB te Saias

Promotoria ilc Justiça de Padre Bernardo

honorários advocatícios convencionais, em demandas de natureza previdência rias

que envolvem, em larga escala, questões repetidas e de pouca complexidade jurídica.

nas quais não se exige maior esforço e tempo no desenvolvimento do trabalho.

configurou manifesto abuso de direito.

Essa desproporção excessiva do preço em relação ao serviço advocatícic

prestado pode ser aferida pelo número e pelo conteúdo das petições e das audiências

realizadas, conforme acima delimitado. Ademais, ao estipular o percentual de 50%

(cinquenta por cento) das parcelas atrasadas, o preço acabou por traduzir uma

sociedade entre o advogado e o cliente sobre os ganhos da demanda, quando deveria

somente remunerar o serviço eíe ti vãmente prestado.

Além disso, as condições pessoais dos beneficiários (idosos, baixo grau de

instrução e pobres) são circunstâncias especialmente relevantes no caso em analise,

pois. por serem considerados pobres, na acepção legal do termo, faziam jus, inclusive,

à assistência jurídica, gratuita prestada pela Deíensoria Pública, nos termos do art.

134 da Constituição Federal e da Lei 1.060/50.

Seja em razão da ausência da Deíensoria Pública, Federal ou Estadual,

nesta comarca, à época do ajuste, por lamentável e vergonhosa inércia do Estado de

Goiás, seja porque o beneficiário, ainda que pobre, tem o direito de optar por

remunerar advogado de sua confiança, certo é que houve o ajuste de um serviço

advocatício particular. No entanto, nessa situação, em razão das condições pessoais

do cliente, declarado hipossuficiente na petição inicial, por não possuir condições de

pagar às custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento

próprio ou da família, cabia ao advogado, por dever ético profissional, fixar

honorários advocatícios moderados e não se tornar verdadeiro sócio de, clientemiserável sobre prestações previdenciárias vencidas que, não custa lembrar, possuem

natureza alimentar !'.

A abusividade ora combatida também pode ser medida pela enorme

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a» felaita í* Saía*

Pró mo t o ri a de Justiça de Padre Bernardo

distância que existe entre o fixado percentual de 50% (cinquenta por cento l sobre i

valor das prestações atrasadas e os parâmetros existentes no ordenamento jurídiec

vigente:

Tabela de Honorários da OAB/GO: "14. ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA - 14.2 -

POSTULAÇÃO JUDICIAL - Qualquer espécie, sobre o valor do beneficio

percentual mínimo: 10% - valor mínimo: R$ 86o,oo7"

Tabela de Honorários da PGE/GO (Portaria n° 2Q3/2003): "PROCESSOS

TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS - 5- Postulação Judicial de Benefícios

Previdenciários: a) na comarca de domicílio do advogado: de 1,5 a 3 UHD; b} em

outras comarcas: de 2 a 5 UHD."'

Código de_ Processo Civil: ;'art. 20, §3°. Os honorários serão fixados entre o mínimo

de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o vaiar dn

condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar da prestação d ;>

serviço; e cj a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e

o tetnpo exigido para o seu serviço".

O próprio Código de Ética da OAB, na verdade, nas hipóteses em que os

honorários advocatícios são fixados em função do resultado, estipula o seguinte limite

máximo :

"art. 38. Na hipótese de adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser

necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de honorárias

da sucumbència, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do

consii tuinte ou do cliente".

No caso em análise, houve, assim, violação clara ao referido dispositivo,

posto que a sorna dos honorários convencionados (50%) com os honorários dc-

sucumbência ultrapassou as vantagens advindas em favor do beneficiário. Nern se

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tte feíaí & is

PromoVoria de Justiça de Padre Bernardo

diga. ademais, que o ganho do beneficiário seria muito superior em nizào

prestações vinccndas, uma vez que estas simplesmente não podem ser computadas

para fins de honorários advocatícios, nos termos da súmula 111 do STJ, sob pena de

tornar o advogado co-beneficiário do ÍNSS. Afinal, a partir da implementação do

benefício previdericiário, uma vez reconhecidos judicialmente seus requisitos, não há

que -se falar mais propriamente eni ganho patrimonial imediato da demanda.

Sobre a onerosidade excessiva em serviços advocatícios com cláusulas

contratuais dessa natureza, a propósito, assim já se posicionou o Tribunal de Ética c

Disciplina da OAB/SP:

HONORÁRIOS QUOTA UTIS ACRESCIDOS DA STJCUMBÉNCIA -POSSIBILIDADE DESDE QUE NÃO ULTRAPASSEM OS VALORESRECEBIDOS PELO CLIENTE - O PERCENTUAL DE 30%, A TÍTULO DEQUOTA LÍT1S, É ACEITÁVEL - PERCENTUAL SUPERIOR PODECARCTERIZAR IMODERACÃO, EXEGESE DOS ARTS. l", 2°, 36.3K ESEU PARÁGRAFO DO CÓDIGO DE ÉTICA E ITEM 79 DA TABELA DAOARSP. Os honorários sempre deverão ser pagos em pccimia. A cláusula quomlilis é exceção à regra, fcsse tipo de cláusula contratual, como cxcecào é admitidaem caráter excepcional, na hipótese do cliente sem condições pecuniárias, desdeque contratada por escrito. De qualquer forma, a soma dos honorários deincumbência e o de quota litis, não pode ser superior às vantagens advindas a f;n or;to cliente (;m. 38. "in fine") Ao advogado é vedado participar de bens particularesdo cliente. Os olhos do advogado devem fixar-se nos preceitos c princípios dacuca. a fim de que não venham a ofender o direito e a justiça (Proc E-~í 025/2<io4-i u..em 16/09/2004, do parecer e ementado Rei. Dr. JOSÉ ROBERTOBOTT1NO - Ver. Dr. LUIZ ANTÓNIO GAMBELL1 - Presidente Dr JOÃOTEIXEIRA GRANDE).

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - CONTRATO COM A CLÁUSULA"QUOTA LITIS" - COBRANÇA SOBRE ATRASADOS E PRESTAÇÕES -ACRÉSCIMOS DA SUCUMBENCIA E CUSTEIO DA CAUSA-1MODERAÇÀO - Dc\e o advogado, ainda tuie na contratação "ad c.xilum". lc\ M i -em tonta o trabalho a ser eiciuado. a sua complexidade, o tempo necessário. apossibilidade de atoar em outras açcies. razão pela qual. no caso da consulta, tor tu-sc imoderado o percentual de 40% a 50%, mais a sucinnbência c o custeio dacausa, esta ;i ser suportada pelo profissional no caso as cláusula "quota lias"Embora proposta coielivamente. a acílo judicial c simples, não impedindo •_> nmaçrtofio rirofissioníil cm outras causas. Ainda que sejam excluídos os honoráriossucumbenciais e o reembolso das despesas processuais, o percentual da consulta sóafigura como imoderado. A fixação dos honorários em 20% dos pro\ eitos docliente, mais a \erba honorária da sucumbtucia, estaria dentro do razoável no casoda consulta (Proc. E-2.S4I/0?-v.uem 11/12/03 do parecer e ementa do Rei DrJOSÉ ROBERTO BOTT1NO e votos convergentes dos Drs. OSMAR Dt PAU.ACONCEIÇÃO JÚNIOR e ROSELI PRÍNCIPE THOMÉ - Ver. Dr JAIRO

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PttWÍCE

ao Klaís «e Baíáí

Pró mo t õ ria dn Justiça de Padre Bernardo

H ABER-Presidente Dr ROB1SON BARON1 )

3- LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A legitimidade do Ministério Público decorre de sua atribuicãc

constitucional de zelar pelos interesses sociais e individuais indisponíveis, ao leor do

art. 127 da Constituição Federal.

Em que pese a disponibilidade do direito obrigacional relativo à cláusula

contratual dos honorários advocatícios convencionais, o caso envolve as seguintes

situações justificadoras da intervenção ministerial, seja pela natureza da lide. sei.i

pela qualidade da parte: a) trata-se de pessoas idosas c pobres em situação de risco,

que foram lesionadas patrimonialmer.te, sem possuir condições pessoais suficientes

para se defender do abuso praticado contra si, cabendo ao Ministério Público atuar.

se necessário, como seu substituto processual, nos termos do art, 74, inciso III, da Lei

10.741/03; b) os honorários advocatícios abusivos ora combatidos incidem sobre a^

prestações previdenciárias vencidas da demanda, que possuem caráter alimentar e

como tal assumem natureza de direito fundamental, cabendo ao Ministério Público

/elar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados aos idosos, nos

termos do art. 74, inciso VIII, da Lei 10.741/03; c) trata-se de relação de consumo e

ao Ministério Público cabe a defesa dos interesses individuais homogéneos dos

consumidores, nos termos dos arts. 51, §4°, e 82, inciso T, do CDC, ainda que de

fornia individual e incidental, conforme a inteligência do arí. 83 do CDC, <\ fim de

indiretamente zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados

ao consumidor e proteger as normas de ordem pública previstas na Lei 8.0-8/90; c

d) os interesses ora defendidos assumiram no contexto, conforme apurado.relevância e abrangência social suficiente para a intervenção do Ministério Pública

como defensor do interesse público, nos termos do art. 127 da Constituição Federal.

Sobre a última justificativa legitimadora vale a pena conferir a orientação

sumulada do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, também adotada

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Prometeria de Justiça de Padre Bernardo

pelo ilustre jurista HUGO NIGRO MAZZILU:

Súmula n" 7 - "O Ministério Público está legitimado à defesa de interesses ou direitos

individuais homogéneos que tenham expressão para a coletividade, tais como. a) o =

que digam respeito a direitos ou garantias constitucionais, bem como aqueles cujo

bem ju r íd i co a ser protegido seja relevante para a sociedade (v. g., dignidade ds

pessoa humana, saúde e segurança das pessoas, acesso das c r i anças e ado lescentes

à educação) ; b) nos casos de grande dispersão dos lesados (v, g., dano de massa ) ; c)

quando a sua defesa pelo Ministério Público convenha à colet iv idade, por assegu ra r a

implementação efetiva e o pleno funcionamento da ordem ju r íd ica , nas s u a s

perspec t i vas económica, social e tributária."

Fundamento - legitimação que o Código do Consumidor confere ao Miirs'erio P U & Í ' C C

para a defesa de interesses e direitos indiviauais homogéneos há de ser vis'.3 ae«tfo dá

destina ç ao institucional rfo Ministério Público, que sempre deve agir em defesa de

:nteresses indisponíveis ou de interesses que, pela sus natureza ou abrangé"C'a aimia-v

s sociedade como um todo (PT. N 15.939/91). Em três modalidades or>nc'Dsis :Je

<,';!eresí,es e d/rsitos individuais homogéneos mostra-se presente o p.-essur c s r o oe

relevância social, previsto no art 127, da Constituição Federai Primeiro guando i

conduta do infraior a fé f ar direitos ou garantias constitucionais hipótese e n-, que B

legitimação oecorre da naturais e relevaríeis jurídicas do b&m jurídico a fe íado (aign>daae

da t iessos humana, saúde, segurança, educação, etc.) Neste esse, a re'evá^2.a soc /a 1

e s t s fundada em raíio substantiva. Segundo, quando o número de lesados <vc>oss:bi;::ai

dificultar ou inviabilizar a tuteia dos interesses e direitos afetados f u g danos,

••"•as-.if/csaos). aqui. estamos diante de relevância social decorrente de ratto quantitativa

i ecceiro quando, pels vis da defesa de interesses e direitos individuais horrogé^eo& ,-

q i,- e velende o Ministério Público é zelar peto respeito à ordem Jurídica em vigor revanao

sós '.riDunais violações que. de outra parte, dificilmente a eles chagariam o que podens

òm consequência desacreditar o ordenamento económico, social ou tributário 7~e^os s'

relevareis social alicerçada em ratio pragmática (PT 39 ~ 27/02 alteraria a e:':ção

4- PKDIDO

Ante o exposto, o Ministério Público requer em relação às demandas

previdenciárias indicadas na planilha anexa, cujos serviços advocatícios ínram pagos

nos últimos 03 (três) anos:

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Pramotoria de Justiça de Padre Bernardo

a) a declaração da nulidade das cláusulas contratuais que fixaram como honorários

advoeatíctos convencionais valores fixos e/ou percentuais superiores a 30/0 do valor

das prestações previ d en ciarias em atraso;

M n arbitramento de honorários pelos serviços advocatícios prestados, havendo ou

não contrato por escrito, em valor não superior a 30% do valor das prestações

previdenciárias em atraso, sem prejuízo dos honorários sucumbenciais; e

r) a condenação dos réus ao pagamento dos valores recebidos em excesso, oom

correcão monetária e juros legais, em favor de cada beneficiário;

d) a publicação do edital previsto no art. 94 da Lei 8.078/90, para conhecimento dos

interessados e eventuais habilitações como litisconsortes ou assistentes;

ej a condenação dos réus nas custas processuais e demais ónus de sucumbência;

Protesta pela produção de todas as provas admitidas em

noíadamente documentais, testemunhais e periciais.

Dá à causa o valor de RS 667.413,13 (seiscentos e sessenta e sete mil,

quatrocentos e treze reais, e treze centavos), que corresponde a 20% (vinte poi cento)

do valor total de RS 8-337-065,67, isto é, constitui a diferença entre o valor dos

honorários convencionais recebidos nos últimos 03 (três) anos (50% do RS

3-3:3^-065,67 = RS 1.668.532,50) e o valor máximo que poderiam ter recebido f^oS

ck- RS 3.337-065,67 = RS 1.001.119,70).

Padre Bernardo. 16 de março de 2011.

Rogério Augusto de Almeida Leite

Promotor de Justiça