Upload
dodung
View
231
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
1
Proposta de pré-projeto para construção de um aterro sanitário para o Município de Viana (MA)¹
Katia Maria Souza de Carvalho² Prof. Dr. Claudemir Gomes de Santana³
RESUMO: Os resíduos sólidos urbanos tem se tornado um grande problema para muitas cidades brasileiras, a falta de recursos, a falta de gestão pública unindo-se a falta de consciência ecológica da população tem justificado a incorreta disposição final dada ao lixo verificada em muitos dos municípios brasileiros. De forma a se amenizar os impactos no meio ambiente, a construção de aterros sanitários tem se mostrado uma alternativa eficiente na questão do tratamento do lixo, o presente trabalho visa à elaboração de proposta de um pré-projeto para construção de um aterro sanitário no município de Viana (MA).
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Urbanos; Projeto; Aterro Sanitário.
INTRODUÇÃO
É notório que, a globalização tem potencializado o crescimento das
cidades brasileiras, como consequência disto, o consumo de bens materiais
tem aumentado e refletido negativamente no descarte incorreto dos mais
variados tipos de resíduos sólidos no meio ambiente, tal consumo que se faz
de maneira desenfreada, tem gerado enormes problemas sociais e ambientais
com sérios danos aos ecossistemas existentes bem como afetado a saúde
pública de um modo geral.
Diante deste cenário, é dever do Estado por meio de políticas
públicas e normas, zelar pela conservação do meio ambiente para as próximas
gerações e desenvolver políticas sustentáveis quanto ao consumo de bens
materiais. A lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 que instituiu a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem sido um importante exemplo da
responsabilidade do Estado em proporcionar a diminuição da degradação do
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
meio ambiente por meio de políticas que visam à prevenção e a redução na
geração de resíduos sólidos.
A lei nº 12.305 exige, por exemplo, que os resíduos gerados por
uma cidade devem ter como destino final, os aterros sanitários, que são locais
onde há uma compactação dos resíduos no solo, colocando-os assim em
camadas que devem ser periodicamente cobertas com terra. A disposição final
dos resíduos sólidos se realizada da forma correta, contribuirá de forma
significativa para o desenvolvimento sustentável urbano, haja vista que, o
descarte de forma inadequada, gera poluição afetando diretamente o meio
ambiente e a saúde das pessoas, um exemplo disto é a contaminação de
lençóis freáticos e a proliferação de insetos transmissores de doenças.
Diante desta problemática, o objetivo geral do trabalho é propor
como estudo de caso, a formulação de um pré-projeto de um aterro sanitário
para que o município de Viana (MA) possa estar em condições de atender as
regulamentações estabelecidas pelas políticas nacionais de resíduos sólidos
urbanos. E seus objetivos específicos são descrever sobre os conceitos
relacionados aos resíduos sólidos urbanos e aos aterros sanitários como
disposição final, analisar o cenário de disposição de resíduos sólidos pré-
existente a proposta de pré-projeto de construção de um aterro sanitário para o
município de Viana (MA) e analisar a viabilidade local para implantação do
referido pré-projeto.
O presente estudo se justifica pela importância do gerenciamento
dos resíduos sólidos nas cidades e a necessidade do cumprimento da política
nacional de resíduos sólidos urbanos, lei nº 12.305/10, contribuindo com uma
proposta de pré-projeto para construção do aterro sanitário no município de
Viana (MA), sendo este então um novo local para o encaminhamento final de
resíduos sólidos da região propiciando assim um desenvolvimento urbano
sustentável e a melhoria na saúde da população local, pois o município
estudado conta ainda com o inadequado descarte de resíduos que assim
degradam o meio ambiente. O trabalho desta forma apresenta certa relevância
social por estar contribuindo com o desenvolvimento sustentável do planeta, e
na área acadêmica, com trabalho técnico especializado com conceitos e
abordagens de engenharia civil na área de saneamento básico.
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
1 PRÉ-PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO
1.1 Resíduos sólidos urbanos
Pode-se afirmar que os resíduos sólidos constituem-se como lixo,
seja ele de origem urbana, agrícola, radioativa ou outros, ou seja, qualquer
sólido que descartado não apresente valor agregado ao material descartado.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, através da
NBR 10.004/04, conceitua resíduos sólidos urbanos como:
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam das atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos). Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face às melhores tecnologias disponíveis.” (ABNT, 2004, p.1).
Variados tipos de resíduos sólidos são gerados no dia a dia pelas
mais variadas atividades, entre elas domésticas, industriais, comerciais ou
públicas, tal produção se for analisada em termos de números, poderá variar
de uma região a outra, isso dependerá de fatores, como: renda, estilo de vida,
utilização de embalagens não retornáveis, período do ano, entre outros.
Segundo o levantamento de dados do panorama de 2014 dos
resíduos sólidos no Brasil realizado pela Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a geração de resíduos
sólidos urbanos (RSU) no Brasil contabilizou cerca 78,6 milhões de toneladas
em 2014, o que representou um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior,
isso reflete um índice superior à taxa de crescimento populacional no país no
período, que foi de 0,9%.
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
Figura 1 – Geração de RSU em 2013 e 2014
Fonte: ABRELPE (2014)
Os dados da geração ao ano e da geração per capita em 2014,
comparados com 2013 apresentados na figura 1 mostram que o brasileiro no
ano de 2014 gerou cerca de 387,63 kg de resíduos sólidos, o que representa
um aumento de 2,02% em relação ao ano anterior.
O correto gerenciamento dos resíduos sólidos requer a classificação
dos mesmos conforme agrupamento por características similares. Para a
ABNT, através da NBR 10.004/04:
“A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu origem.” (ABNT, 2004, p.2).
Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras,
RECESA (2008, p.17) classifica de acordo com:
a) Composição química: orgânico (resto de alimentos, frutas) e
inorgânico (vidro);
b) Riscos potenciais ao meio ambiente: Perigosos e não perigosos
(não inertes e inertes);
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
c) Origem: Público (ruas, avenidas, praças, praias), comercial,
doméstico, especiais (hospitais, aeroportos, terminais rodoviários,
ferroviários e portuários, resíduos da construção civil) e agrícolas.
Para efeitos da NBR 10.004/04, os resíduos sólidos são
classificados em duas classes, conforme os potenciais riscos ao meio
ambiente:
a) Classe I - Perigosos
b) Classe II – Não Perigosos (A – Não inertes, B – Inertes)
1.1.1 Aspectos legais no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos
Os principais marcos legais na história do Brasil para a questão dos
resíduos sólidos se originam desde a Constituição de 1988 e vão até meados
de 2014 com o prazo de encerramento dos lixões regulamentados através da
Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS no ano de 2010.
Figura 2 - Linha do tempo com os principais marcos legais
Fonte: SELUR (2011)
Em janeiro de 2007 foi instituída a Lei nº 11.445 que representa a
Política Nacional de Saneamento Básico – PNSB, considerada até então um
grande marco nas diretrizes nacionais de saneamento, inaugurando uma fase
nova no desenvolvimento social brasileiro relacionado à cultura e consciência
sanitária (SELUR, 2011).
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
Consequentemente em 2 de agosto de 2010, através da PNSB foi
criada a Lei nº 12.305 referente a Política Nacional de Resíduos Sólidos –
PNRS, que marcou a história do gerenciamento de resíduos sólidos no país.
Jacobi e Besen (2011, p.137) afirmam que:
“Os aspectos relacionados aos marcos legais da limpeza urbana, em especial da gestão e manejo dos resíduos sólidos no Brasil, são definidos na Política Nacional de Saneamento Básico, Lei n. 11.445, de 2007, na qual o plano de resíduos sólidos deve integrar os planos municipais de Saneamento (PNSB) e na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n. 12.305, de 2010, regulamentada por meio do Decreto n. 7.404, de 2010, que após vinte anos de tramitação no Congresso Nacional estabeleceu um novo marco regulatório para o país”. (JACOBI E BESEN, 2011, p.137)
A PNRS tem como objetivo fortalecer os princípios de gestão
integrada e sustentável dos resíduos sólidos urbanos, desta forma possui
princípios básicos como a “prevenção, precaução, redução, reutilização e
reciclagem, metas de redução de disposição final de resíduos em aterros
sanitários e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em
aterros sanitários”. (JACOBI; BESEN, 2011, p. 137).
1.2 Projeto de aterro sanitário
O aterro sanitário é uma técnica na construção civil que possibilita a
correta disposição dos resíduos sólidos urbanos. A ABNT em sua NBR
8.419/92 define o aterro sanitário como:
“Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar o resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los a menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou intervalo menores, se necessário.” (ABNT, 1992, p.1).
O aterro sanitário consiste desta forma, na compactação do RSU no
solo, dispondo-o em camadas que periodicamente devem ser cobertas com
terra ou então algum outro material inerte, formando determinadas células de
lixo de um modo que se tenha certa alternância entre o RSU e o material da
cobertura. (MURGO; RIBEIRO; RAFAEL, 2010).
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
Figura 3– Seção em corte de um aterro sanitário
Fonte: PORTAL RESIDUOS SOLIDOS (2013)
O corte da seção de um aterro sanitário (figura 3) mostra as áreas
em preparo, execução e conclusão, observa se que na etapa de preparo, é
necessário que o terreno esteja preparado com uma camada
impermeabilizante para a não infiltração de poluentes no lençol freático e que o
mesmo em sua base, possua um sistema de drenagem do chorume, para que
seja executadas, células de lixo de verão ser formadas com camada de solo na
cobertura, todo este sistema deverá estar assegurado por drenagens
superficial e interna, destinadas ás águas de chuva e ao chorume, e ainda pela
drenagem dos gases. Para o setor concluído recomenda-se a cobertura com
grama, é importante frisar que todo o chorume drenado deverá ser
encaminhado a uma estação de tratamento.
1.2.1 Apresentação do projeto
Por se tratar de uma obra de engenharia, o aterro sanitário deverá
ter um projeto executivo, a NBR 8419/92 – Apresentação de projetos de aterros
sanitários de RSU define que o projeto deve conter as seguintes partes:
a) Memorial descritivo;
b) Memorial técnico;
c) Cronograma físico-financeiro (execução e estimativa de custos);
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
d) Desenhos ou plantas;
e) Eventuais anexos.
Para o memorial descritivo, o projeto deve conter informações
relacionadas ao cadastro, resíduos a serem dispostos, caracterização do local
de destino, concepção e justificativa do projeto, especificações dos elementos
de projeto, a metodologia operacional do aterro e o seu uso futuro. (ABNT,
1992).
O memorial técnico reúne informações a respeito de cálculos dos
elementos e suas metodologias utilizadas bem como vida útil do aterro e ainda,
informações dos demais sistemas constituintes (drenagem superficial, remoção
do percolado, drenagem de gás).
Deverá ser apresentado um cronograma de execução do aterro
sanitário assim como uma estimativa de custos da implantação, operação e
manutenção do mesmo. Os desenhos deverão mostrar através de plantas,
detalhes de corte, vistas superiores, localização, levantamentos
planialtimétricos, edificações ao entorno, vias internas e demais sistemas em
escalas adequadas. Licenças ambientais ou outras licenças necessárias
poderão ser anexadas ao projeto executivo. (ABNT, 1992).
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa teve como proposta a elaboração de um pré-
projeto para construção de um aterro sanitário para o município de Viana
(MA),em relação a sua natureza, a pesquisa, é classificada de acordo com o
seu objetivo como sendo exploratória, segundo Gil (2010, p.41), estes tipos de
pesquisa:
“[...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.” (GIL, 2010, p.41).
Lakatos (2003) afirma que os estudos exploratórios descrevem
completamente um determinado fenômeno de modo a se realizar análises
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
empíricas e teóricas. A abordagem qualitativa e quantitativa da pesquisa é
realizada mediante os procedimentos técnicos de embasamento através da
revisão bibliográfica e estudo de caso, sendo que este último, segundo Gil
(2010, p.55) proporcionará assim, uma visão global do problema, identificando
possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados.
A metodologia do trabalho se dá através de um estudo de caso com
fundamentação teórica, abordando conceitos relativos aos resíduos sólidos
urbanos e aterros sanitários, pesquisa realizada em campo com coleta de
dados para caracterização da região de estudo, bem como a situação da
disposição de resíduos no local e posterior a isto, o tratamento dos dados para
a apresentação da proposta de pré-projeto de construção do aterro sanitário
para o município analisado.
2.1 Local de estudo
A pesquisa foi realizada no município de Viana (MA), localizado na
microrregião da Baixada Maranhense, no estado do Maranhão. Esta região
possui cerca de 51.503 habitantes segundo a estimativa do IBGE para 2016,
distribuídos em uma área de 1.168 km². (IBGE, 2016).
Figura 4 - Localização do município de Viana (MA)
Fonte: Adaptado pelo Autor de Google Maps (2016). Coordenadas: latitude 03° 13'
12"sul e uma longitude 45°00' 14" oeste.
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
Viana está localizada a uma latitude 03° 13' 12"sul e uma longitude
45° 00' 14" oeste, limita-se com os municípios de Penalva, Monção, Cajari,
Pedro do Rosário, Matinha e Vitória do Mearim, o município encontra-se a uma
distância de 214 km da capital São Luís, sua localização em mapa pode ser
vista na figura 4.
2.2 Instrumentos de coleta de dados
Para a coleta de dados do município em estudo (população, área,
taxa de crescimento populacional, produção diária de resíduos, peso específico
do resíduo), contou-se com informações disponibilizadas em banco de dados
de órgãos competentes ao assunto proposto como o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE e o Sistema Nacional de Informações sobre a
Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR.
Para a verificação do problema exposto na pesquisa, utilizou-se a
pesquisa de campo com a verificação in loco de informações junto a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e registro fotográfico do cenário pré-existente para
comprovação da hipótese apresentada.
2.3 Análise e tratamento dos dados
A partir do embasamento teórico e dos dados coletados, a análise e
tratamento dos dados será feita utilizando-se metodologias de cálculo
específicas no que tange ao dimensionamento do aterro sanitário.
Para a tratativa dos dados, considerou-se o dimensionamento do
aterro com uma previsão de 20 anos de vida útil.
Foram utilizados como metodologia para elaboração da proposta do
pré-projeto para construção de um aterro sanitário no município de Viana (MA),
as seguintes normas técnicas:
1 - A norma NBR 15.849/2010 – Resíduos sólidos urbanos – Aterros
sanitários de pequeno porte que estabelece as diretrizes para localização,
projeto, implantação, operação e encerramento de aterro sanitário. Esta norma
foi usada para estabelecer os critérios do dimensionamento do pré-projeto;
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
2 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de RSU conforme
a NBR 8419/1992, que estabelece os procedimentos para elaboração do
projeto fixando as condições mínimas para o referido pré-projeto;
3 - A norma NBR 13.896/1997 que estabelece procedimentos e
critérios de projeto, implantação e operação para aterros de resíduos
perigosos;
4 - A norma NBR 10.157/1987 que estabelece procedimentos e
critérios para projeto, construção e operação para aterros de resíduos não
perigosos.
A elaboração dos desenhos do projeto foi realizada utilizando-se o
software profissional da Auto Desk, AutoCAD 2016.
3 DISCUSSÃO
A implantação do aterro sanitário consiste na adoção de uma
solução técnica que possibilite a correta disposição de RSU no município de
Viana (MA), atualmente disposto em lixão e assim enquadre o município no
atendimento a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS.
A concepção do pré-projeto fundamentou-se em critérios técnicos de
engenharia e em normas específicas operacionais de forma a minimizar os
impactos ambientais e sociais oriundos pela disposição de RSU no município.
A vida útil estimada para o aterro de Viana foi de 20 anos com uma média de
recebimento de RSU de 39 t/dia e volume acumulado no seu encerramento de
312.032 m³.
O projeto considera que o aterro de Viana receberá resíduos do tipo
Classe II A, ou seja, “os não perigosos”, não inertes (material orgânico), os da
Classe II B, inertes (rochas, tijolos, solos) e alguns resíduos de saúde, grupo A
(sobras de amostras de laboratório).
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
Figura 5 - Vista superior do aterro em planta
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)
Figura 6 - Seção transversal simétrica do aterro em corte
Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)
Foi utilizada a metodologia executiva de trincheira para o aterro, em
camadas de altura de 3,00m (abaixo do nível do solo) e 5,00m (acima do nível
do solo) (figura 6) totalizando uma altura final de 8 metros e área superficial de
55.275 m² (figura 5).
Estima-se que a população de Viana em 20 anos esteja na faixa dos
59.449,32 mil habitantes, o custo estimado foi de R$ 72,07/hab, o que
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
corresponde a R$ 4.284.512,00 milhões conforme trabalho realizado por Neto
et. al (2010) para a primeira etapa de escavação do aterro referente a um
volume de 3 anos.
CONCLUSÃO
O presente trabalho embasado pelo referencial teórico apresentou o
uso do aterro sanitário como alternativa eficiente para o município de Viana
(MA), a partir da observação exploratória, observou-se que o local oferece
estrutura inadequada onde os resíduos sólidos urbanos coletados são
dispostos em lixões causando inúmeros danos ao meio ambiente.
Conforme trabalho realizado por Silva, C.C. (2016) escolheu-se a
área de implantação do pré-projeto do aterro sanitário baseada em critérios
técnicos, que resultou em um local distante 18 km do centro do município as
margens da rodovia MA-216. A área total disponível para o projeto totaliza
336.138,00m² ou 33,61 ha com um perímetro de cerca de 2.350,00 metros.
Com os dados coletados para o município como população, taxa de
crescimento populacional, geração per capita de resíduos, massa específica do
resíduo procedeu-se ao dimensionamento do aterro de Viana para 20 anos de
vida útil, o volume estimado de resíduos calculado foi de 312.031 m³ com uma
média de recebimento de 39 t/dia.
A trincheira para o aterro foi dimensionada em camadas de altura de
3,00 m (abaixo do nível do solo) e 5,00m (acima do nível do solo) totalizando
uma altura final de 8,00 metros, com volume de 343.775 m³ e área superficial
de 55.275 m².
Apresentou-se no trabalho o dimensionamento e a especificação dos
demais sistemas pertencentes ao aterro como drenagem, remoção e
tratamento de percolado, drenagem dos gases, drenagem superficial e
impermeabilização de fundo. As etapas de operação, manutenção,
monitoramento, encerramento e uso futuro, assim como as instalações de
apoio, mão de obra e equipamentos necessários foram também descritos no
memorial descritivo do trabalho.
Para complementação e finalização do pré-projeto elaborou-se um
cronograma de execução e uma estimativa de custos para o aterro sanitário do
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
município de Viana, indicando ainda os necessários procedimentos ao
licenciamento ambiental.
O trabalho desenvolvido foi de grande valia acadêmica e social, haja
vista que conhecimentos técnicos de engenharia, atendimento a normas
específicas foram exigidas na etapa de dimensionamento e especificação. A
importância social se deu pela questão ecológica do futuro sustentável,
minimizando impactos ambientais com o uso do aterro e fazendo a triagem e o
reaproveitamento do material reciclável que chega ao mesmo.
Recomenda-se para futuros trabalhos, a construção de aterros para
municípios adjacentes que necessitem conforme a demanda, uma disposição
correta para os seus resíduos sólidos e que ainda necessitem atender as
legislações vigentes quanto ao gerenciamento de resíduos.
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
REFERÊNCIAS ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2014. São Paulo. 2014. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm/>. Acesso em: 15 set. 2016. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10157:1987- Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação –Procedimento. Rio de Janeiro, 1987. ________.NBR 8419:1992 Versão Corrigida:1996 - Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos –Procedimento. Rio de Janeiro, 1996. ________.NBR 13896:1997 -Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 1997. ________.NBR 15849:2010 - Resíduos sólidos urbanos – Aterros sanitários de pequeno porte – Diretrizes para localização, projeto,implantação, operação e encerramento. Rio de Janeiro, 2010. ________.NBR 10004:2004 - Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 05 set. 2016. ________.Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 05.set. 2016. ________.Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007.Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>.Acesso em: 05.set. 2016. ________.Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 05 set. 2016. CONDER. Manual de Operação de Aterros Sanitários. Bahia, 2002.
Revista Científica do CEDS (ISSN 2447-0112) – Nº 6 – Jan/Jul-2017 Disponível em: http://www.undb.edu.br/ceds/revistadoceds/
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.,4ed. São Paulo: Atlas, 2010. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2016//>. Acesso em: 20 set. 2016. JACOBI, P.R.; BESEN, G.R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Rev. Estud. av., São Paulo, v. 25, n. 71, abr. 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. - São Paulo: Atlas 2003. MURGO, A.R.; RIBEIRO, L.A.A.; RAFAEL, M.F.A. A importância de um aterro sanitário na cidade de Jaú. Monografia. Faculdades Integradas de Jaú – FIJ. 2010. NETO, José C.S. et al. Estimativa Dos Custos de Implantação de Aterros Sanitários nas Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba. 26º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Brasília. 2010. PORTAL RESIDUOS SOLIDOS. Aterro Sanitário. 2013. Disponível em: < http://www.portalresiduossolidos.com/aterro-sanitario/>. Acesso em: 20 set. 2016. RECESA. Resíduos sólidos: projeto, operação e monitoramento deaterros sanitários: guia do profissional em treinamento: nível 2 / Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). – Belo Horizonte: RECESA, 2008. 120 p., 2008. SILVA, Clauber César M. Proposta de dimensionamento de trincheiras para um aterro sanitário no municipio de Viana – MA. 2016. 59 p. Monografia (Engenharia Civil) – Unidade de Ensino Superior Dom Bosco. São Luís. 2016. SILVA, Karine Trajano. Projeto de um aterro sanitário de pequeno porte. 2016. 81 p. Monografia (Engenharia Civil)- Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2016. SELUR. Guia de orientação para adequação dos Municípios à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). São Paulo. 2011. SINIR - Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão Dos Resíduos Sólidos. Disponível em: < http://sinir.gov.br/>. Acesso em: 22 set. 2016.