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Prostatite e Câncer

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Atualizado em 10 de maio de 2006.

Inflamação e infecção da próstata são assuntos embaraçosos na prática urológica (lembra-se

que Thomas A. Stamey, em 1980, já havia definido a prostatite como sendo “a cesta de lixo da ignorância clínica”).

Entretanto, hoje já se sabe que as lesões inflamatórias das Prostatites Crônicas (PC)s podem estar associadas aos estágios iniciais do Câncer da Próstata (CaP).

Assim sendo, é de se esperar que seja possível reverter esse quadro de risco para CaP a partir de procedimentos clínicos para as inflamações prostáticas (inclusive procurando observar os resultados com os coadjuvantes dietéticos, anti-inflamatórios, homeopáticos, vitamínicos, etc.).

Nessa linha de pensamento, reunimos elementos indutivos sólidos que pudessem redefinir o paradigma do atual Estado da Arte da Urologia, de sorte a estabelecer um novo modelo abrangente que pudesse tomar o seu lugar.

Os temas aqui oferecidos a exame focalizam, em especial, a Hiperplasia Prostática Benigna e o Câncer da Próstata.

Trata-se de enfoque inédito, heterodoxo, porém cogente.As premissas da abordagem são as preconizadas pela Medicina Evolucionária.Como se sabe, a Medicina Evolucionária pode ser definida como sendo o ramo especializado

da Medicina - concebido por Paul W. Ewald, professor de biologia na faculdade de Amherst, Massachusetts - que estuda a evolução das doenças infecciosas.

Sua tese central é a de que o câncer e as doenças crônicas, na maioria das vezes, se originam das infecções.

A aplicação prática dos princípios da Medicina Evolucionária, quando estes vierem a ser exaustivamente comprovados, poderá revolucionar o curso da atual prática médica.

A opção pela apresentação com “PowerPoint” se fez em face da interatividade propiciada (hipertexto) e visando a difusão.

Finalmente, cumpre ressaltar a natureza empírica da exposição que subsegue.

Celso Gontijo de Paula

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Patrick C. Walsh, M.D. urologista chefe do Johns Hopkins Hospital, em 1995,

questionava:`

“O que é prostatite? A resposta é fácil: É a inflamação da próstata. Mas isto é a única coisa simples acerca desta perturbadora e debilitante

condição. Alguns urologistas afirmam ser a prostatite o mais impreciso diagnóstico em

toda a Medicina. Outros a situam dentre os mais frustrantes. Como médico você nunca desejará

dizer a alguém que você não pode curá-lo, particularmente quando, nós médicos, vivemos

numa época em que a tecnologia médica é reconhecida como sendo tão avançada. E

prostatite parece ser uma coisa tão simples... Ela não é uma doença complicada.”

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Tumores na Próstata• Entre 50 e 60 anos todo

homem tem em torno de 50% de risco de ser portador de tumores prostáticos (benigno + maligno), risco este que cresce, rapidamente, com a idade.

• Quando chega aos 80 anos esse risco já alcança a casa dos 90%.

• Após os 85 anos estima-se que todo homem deva ser portador de algum tipo de tumor na próstata.

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Qual o motivo de tal condenação?

Será mesmo inexorável o

desenvolvimento de

tumores nas próstatas dos

pobres machos humanos?

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A Urologia não pode responder a tais questões…

-Porque desconhece as CAUSAS !

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O que se sabe sobre as causas dos Tumores Prostáticos (benignos e malignos) ?O que se sabe sobre as causas dos

Tumores Prostáticos (benignos e malignos) ?

Os pressupostos do atual Estado da Arte da Urologia nos levam a presumir que os tumores prostáticos benignos devam decorrer de causas (desconhecidas) diferenciadas das causas dos tumores prostáticos malignos (também desconhecidas).

Entretanto, evidências apontam no sentido de serem os tumores prostáticos (benignos e malignos) ESTÁGIOS EVOLUTIVOS de uma mesma patogênese, na qual as infecções da próstata podem desempenhar papel crucial.

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Agentes Etiológicos que podem estar relacionanados à condições

aparentemente Não-Infecciosas

Condições• Úlcera Péptica• Câncer do Estômago• Câncer do Fígado• Câncer Cervical• Atherosclerosis• Alzheimer• Câncer da Próstata

Agentes• Helicobacter Pylori• Helicobacter Pylori• Virus da Hepatite• Papillomavirus• Chlamydia Pneumoniae• Chlamydia Pneumoniae• Agentes Venéreos, Não-

Venéreos, Fungos, Virus, Parasitos, Micoses

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Agentes Etiológicos de processos inflamatórios na

próstata.

PATOGENIA

Venéreos

Parasitos

Fungos

Micoses

Não-Venére

os

Vírus

Existe um imenso acervo de publicações técnicas disponível dando conta que diversos organismos podem infectar a próstata, seja isoladamente, seja associados um com outro(s).

A. Doble, renomado urologista do St. Mary's Hospital Medical School de Londres, menciona no seu artigo "Prostatitis" 1991, os diferentes agentes etiológicos que causam prostatites e "em associação com outros agentes" citando Meares (1987).

Doble afirma que os agentes etiológicos nas prostatites agudas e crônicas estão bem estabelecidos consistindo de; “Gram negative Enterobacteriacae family, E. coli, Streptococcus faecalis, Staphylococcus aureus, N. gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis etc., etc., etc....”.

Ele afirma que as infecções por associações de organismos ocorrem em 20% dos casos.

Afirma ainda que; "os agentes etiológicos envolvidos na prostatite bacteriana crônica, são objeto de debates, assim como os fatores e organismos que contribuem para a prostatite crônica não-bacteriana são confusos, contraditórios e pobremente definidos”.

Tais afirmativas ainda não foram contraditadas!

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Susceptibilidade aos Parasitos pode explicar menor expectativa de vida para os homens

Vide pesquisa de Sarah L. Moore e de Kenneth Wilson em:http://www.sciam.com/article.cfm?chanID=sa003&articleID=000B9F70-0FBB-1D89-B3B9809EC588EEDF

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Virulência A Virulência é a capacidade, mais ou menos intensa, de um Agente Patogênico vir a provocar uma doença.

A virulência pode ser medida pela quantidade de toxinas produzidas pelo agente.

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LatênciaLatência é o período de incubação de

uma DOENÇA.

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Vias da Transmissão

Para atingir a PRÓSTATA os organismos precisam, primeiramente, causar uma infecção do trato urinário, seja sintomática ou assintomática.

As Vias da Transmissão serão, portanto, as seguintes.

1. Partindo de uma prévia infecção uretral a bactéria se move, através dos dutos prostáticos, até a próstata.

2. A urina infectada se movimenta para o interior dos tecidos prostáticos através dos dutos ejaculatórios e prostáticos.

A origem dos agentes poderá ser a vagina, os intestinos, a boca, ou a garganta, dependendo da modalidade sexual praticada para a transmissão.

Em casos raros, a transmissão poderá se dar pelo sangue (caso da Chlamydia pneumoniae, por exemplo).

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Sítio da Infecção

Dutos orientados horizontalmente.Zona com tendência à Prostatite e Câncer.Abrange 75% do volume da Próstata.

Zona pré-prostática.

Tendência à HPB.

Dutos com orientação oblíqua.

Abrange 25% do volume da Próstata.

Próstata Ácino inflamado

obstrução

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Infecção na Próstata - Sintomas

Menor Apetite Sexual

Fadiga-Cansaço Crônicos

DepressãoSentimentos de

Infelicidade

Idéias SuicidasSentimentos de

SolidãoTendência ao Isolamento

Sensações de Dormências

Incômodos na Virilha

Dores Articulares

Dores Musculares

Dores Lombares

Dores nas Coxas (superior)

Dores no Baixo Abdomen

Dores na área do Reto

Dores nos Testículos

Dor no PênisDor entre o Ânus e os Testículos

Dor ao UrinarDor ao Ejacular (antes ou depois)

Espasmos no Reto

Ardência na Bexiga

Dificuldade para Iniciar Micção

Gotejamento após Urinar

Bexiga sem Esvaziar

Intervalo < 2 h para Urinar

Jato Descontínuo

Jato da Urina em Gotas

Fazer Força para Urinar

Difícil Segurar a Urina

Demora para Iniciar o Jato

Urinar Repetidas Vezes à noite

Jato Urinário Fraco

Demora para a Erecção

Difícil Manter a Erecção

Dificuldades na Ejaculação

Ejaculação Precoce

Menor Volume de Sémen

Sémen DiluídoSémem Cinza ou

Amarelado

Sémen com Mal Cheiro

Menor Força para Ejacular

ImpotênciaSangue no

Sémen

No lúmen, dos ácinos bloqueados, o fluido prostático se encontra impedido de percolar para o exterior.

Assim sendo, é criado, no seu interior, um ambiente perfeito para o desenvolvimento de bactérias, ou

outro tipo de organismo, que obtêm nutrição a partir da secreção prostática produzida para alimento dos espermatozóides. Ali, a ação dos microrganismos

passa a aumentar a pressão interna fazendo com que a forma do ácino se altere, crescendo gradualmente.

Isto é o que causa muitos dos sintomas, apresentados pelos portadores das PROSTATITES CRÔNICAS, na área

perigenital. No interior dos ácinos prostáticos os agentes secretam toxinas que, por osmose, entram na

circulação do sangue alcançando, assim, todas as partes do corpo. O paciente poderá apresentar, então,

síntomas que não costumam ser associados às prostatites, mas que são muito freqüentes nos

homens com mais de 50 anos de idade, tais como: falta de memória, falta de concentração, cansaço, depressão, sentimentos de inferioridade, fadiga,

irritabilidade, zumbidos, labirintites, resfriados, etc...

Sintomas possíveis, ordenam-se no quadro abaixo.(nao se esquecendo de que as prostatites crônicas podem ser assintomáticas, ou quase-assintomáticas)

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PAQO que viria a ocorrer caso viéssemos a DESOBSTRUIR e DRENAR os ácinos prostáticos?

Em termos relativos, a forma anatômica dos ácinos prostáticos é muito longa e fina.Pode ser que seja esta forma anatômica, quando os ácinos se encontram obstruídos,

que torna o tratamento das prostatites crônicas tão difícil.A experiência da prática clínica nos mostra que quando os ácinos prostáticos estão

bloqueados (ainda que parcialmente) os antibióticos, mesmo quando ministrados em altas doses, não conseguem obter resultados satisfatórios.

Um quadro similar pode ser eventualmente observado na prática cirúrgica, como no seguinte exemplo:

“Certo paciente apresenta febre baixa após ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica. São aplicadas no paciente altas doses de antibióticos sem que os mesmos venham a eliminar a febre. O cirurgião experiente examina a área da incisão da operação, localiza um abcesso e faz sua drenagem. Isto feito, se observa uma rápida recuperação do paciente.”

À desobstrução e drenagem dos ácinos prostáticos deverá sobrevir, muito provavelmente, um quadro de alívio similar ao do exemplo acima e uma igualmente rápida recuperação, se forem aplicadas, concomitantemente, altas doses de antibióticos apropriados.

Qual a relação entre doenças venéreas e prostatites?As doenças venéreas comuns são as uretrites gonocócicas e não-gonocócicas.Se, no estado agudo, as doenças venéreas não são completamente curadas, os

agentes (patógenos) venéreos poderão infectar os ácinos prostáticos, causando as prostatites.

Prostatite crônica pode resultar em câncer da próstata?A prostatite crônica e o câncer da próstata ocorrem na mesma REGIÃO DA

PRÓSTATA e podem representar estágios de um processo patológico, evolutivo.A Medicina Ortodoxa não oferece nenhuma contribuição consistente sobre este

assunto.A Medicina Evolucionária, entretanto, nos esclarece sobre os mecanismos que

poderiam levar a prostatite crônica ao câncer da próstata.

Qual a relação entre PROSTATITE CRÔNICA e HPBOs indícios são claros: nos pacientes que sofrem de HPB (Hiperplasia Prostática Benígna)

quase sempre são detectadas infecções na próstata e os pacientes que sofrem prostatites crônicas geralmente têm hiperplasia prostática.

A Medicina Ortodoxa não reconhece conexão direta entre estas duas condições.A Medicina Evolucionária, entretanto, fornece os princípios teóricos que nos permitem

afirmar tal conexão e, mais ainda, esclarece os motivos pelos quais não devem ser detectados os patógenos, ou os seus produtos, na zona central da próstata onde a HPB se manifesta.

Por que o câncer ocorre, geralmente, na ZONA PERIFÉRICA da próstata?

Porque é nesta região que estão alojados os Ácinos Prostáticos, infectados.

Por que os tumores prostáticos ocorrem geralmente após os 40 ou 50 anos de idade?

A Medicina Evolucionária nos ensina que as doenças crônicas e o câncer podem resultar de uma sutil influência mútua entre o produto genético e o agente do processo. Por outro lado, os mecanismos da relação PATÓGENO-HOSPEDEIRO evolucionaram, desde há milhares de anos, a partir de períodos de vida útil, do HOSPEDEIRO, bem inferior aos atuais 40 ou 50 anos aqui considerados (raciocínio que se aplica, inclusive, para a evolução da FLORA NATURAL). Assim sendo é de se esperar maior suceptibilidade aos parasitos para esta faixa etária, devendo tal suceptibilidade aumentar com a idade. Esta maior susceptibilidade aos parasitos pode resultar, no HOSPEDEIRO, em surgimentos de neoplasias e em uma diminuição da expectativa de vida.

Seria eficaz proceder a culturas com a secreção prostática a fim de detectar o patógeno (bactéria) e, então, aplicar o antibiótico apropriado?

Infelizmente, a experiência clínica mostra que não existe eficácia com tal procedimento. Em primeiro lugar, é bom lembrar que as culturas muitas vezes levam a resultados inconsistentes. Por outro lado, os antibióticos, por si só, não curam as prostatites crônicas. As obstruções nos ácinos prostáticos parecem proteger os patógenos contra a ação dos antibióticos e das células do sistema imunológico do HOSPEDEIRO.

Será mesmo inexorável o desenvolvimento de tumores nas próstatas dos pobres machos humanos?

A Medicina Evolucionária nos ensina sobre os mecanismos que podem estar envolvidos na patogênese dos tumores. Basta que seja eliminada a causa (infecção dos ácinos) para que os efeitos (neoplasias) devam ser prevenidos. A inexorabilidade, portanto, não deve existir. (veja, por exemplo, os recentes resultados de experiências da vacina contra o Papillomavirus para prevenção de câncer anugenital)

Como saber se existe uma inflamação na próstata, sem que sejam detectados os seus patógenos?

Os antigos, que definiram pela primeira vez uma inflamação, não tinham instrumentos capazes de desvelar interações entre células e moléculas. Dependiam do que eram capazes de ver e sentir. Hoje, sabemos que os sinais externos da inflamação vêm de feroz combate travado num campo de batalha microscópico, conforme nos ensina a Medicina Evolucionária. Depois de captar, certo ou errado, o início de um ataque de microorganismos, certos GLÓBULOS BRANCOS do sangue, os soldados de linha de frente do sistema imunológico, correm para o tecido que parece estar ameaçado. Na área, secretam uma série de compostos químicos, destinados a limitar possível infecção. Entre esses compostos, estão oxidantes, capazes de danificar os invasores, e moléculas de comunicação como as citoquinas, pequenas proteínas cuja função é organizar as atividades das células de defesa. Assim, os pesquisadores podem verificar a existência de uma resposta inflamatória pela identificação de mediadores de sua ação no tecido.

Por que o câncer da próstata se desenvolve lentamente?O desenvolvimento lento revela tendência em direção à benignidade de acordo com

os princípios da Medicina Evolucionária. Benignidade é condição reservada para as patologias decorrentes das infecções que são transmitidas diretamente de pessoa a pessoa, como é o caso das prostatites. A teoria evolucionária nos permite inferir ainda que, de modo geral, o câncer da próstata em hospedeiros saudáveis deve ser mais lento quando ocorre nos mais idosos.

Organismos da FLORA NATURAL podem estar etiologicamente envolvidos nas Prostatites?

Stig Colleen, Per-Ander Mardh (1984), da Universidade de Uppsala na Suécia afirma:“...é razoável supor que algum fator do hospedeiro

marcado por condição sub-normal, e não as características do parasito, devam ser essenciais na patogênese da prostatite bacteriana”

A Medicina Evolucionária nos revela mecanismos pelos quais os organismos podem evolucionar para a condição de FLORA NATURAL. Tais mecanismos nos permitem admitir a existência de condições sub-normais para tempo de vida (idade do HOSPEDEIRO) muito superior ao período de vida útil na época em que se deu a evolução para FLORA NATURAL Assim sendo, é admissível supor que aos 40 ou 50 anos o homem possa vir a apresentar susceptibilidades à FLORA NATURAL decorrentes desta condição “sub-normal”, e que tal suceptibilidade aumente com a idade do HOSPEDEIRO.

Qual grupo social de homens deve ter a menor incidência de câncer da próstata?

A natureza infecciosa das prostatites, dos seus agentes etiológicos, da forma de transmissão destes, e os ensinamentos da Medicina Evolucionária, nos permitem inferir que tal grupo social deva ser o de homens virgens. Aliás, é bastante sugestiva a existência do jargão popular “Próstata de Bispo”, quando se quer referir a uma ausência de problemas na próstata. Homens que perderam ambos os testículos antes de terem alcançado a adolescência estão fora das condições de risco para o câncer da próstata.

Porque grande parte das prostatites crônicas são diagnosticadas pela Medicina Ortodoxa como sendo “Não-Bacterianas”?

O diagnóstico da prostatite crônica.é confuso e fonte de permanente dor de cabeça para os médicos. Geralmente ele é feito a partir do nível de células de pus da EPS (Expressed

Prostatic Secretion). Nào existe acordo sobre qual nível deva ser o considerado patológico. Prostatites Crônicas são consideradas não-bacterianas para limites superiores entre 2 e 20 p.c../hpf, variando tal limite de autor para autor. Se o número de células de pus cai dentro dos limites de determinado critério e se não é observado o desenvolvimento de organismos em culturas, o diagnóstico é de prostatite não-bacteriana. Entretanto, a presença de células de pus significa, necessariamente, infecção. Qualquer grau de infecção é importante e caracteriza natureza bacteriana. Somente a ausência total de células de pus (0 p.c./hpf) deveria corresponder a uma condição necessária (embora

não suficiente) para um pretenso diagnótico não-bacteriano, competente.

Quais são as medidas que poderiam ser tomadas no sentido da prevenção do câncer da próstata?

Seriam as medidas preventivas e sociais para a melhoria da saúde pública em geral, com ênfase na educação alimentar (dieta e nutrição), nos controles glicêmicos e lipídicos, na atividades físicas, e, principalmente, nas campanhas educativas para o uso inevitável de preservativos (camisinhas) para todas as relações sexuais (inclusive as praticadas entre monógamos) exceptuando-se, apenas, as relações específicas com finalidade concepcional. A medida objetiva, complementar, deveria constituir no combate às infecções da próstata, através das desobstruções dos ácinos e de tratamentos curativos das prostatites. Tais tratamentos curativos poderiam ser indicados após os 40 ou 50 anos de idade, quando soe manifestar os sintomas da HPB (Hiperplasia Prostática Benígna).

Existem tratamentos clínicos eficazes para a cura da prostatite crônica?

Com base nos procedimentos atuais preconizados pela Medicina Ortodoxa,

certamente não existem. Entretanto, práticas heterodoxas, que utilizam técnicas ainda não endossadas pela comunidade urológica em geral, estabelecidas a partir de novas idéias e conceitos, alguns dos quais estando em consonância com princípios da Medicina Evolucionária, parecem estar apresentando alguns resultados concretos.

O que é Medicina Evolucionária, qual é o seu desígnio e o seu reconhecimento na comunidade médica?

A Medicina Evolucionária pode ser definida como sendo o ramo especializado da Medicina, concebido por Paul W. Ewald, que estuda a evolução das doenças infecciosas. Sua tese central é a de que o câncer e as doenças crônicas, na maioria das vezes, se originam das infecções. A aplicação prática dos seus princípios, quando já estiverem exaustivamente comprovados, deverão revolucionar o curso da Medicina (vide, por exemplo, seus prognósticos inovadores

sobre a AIDS). Quanto ao reconhecimento da comunidade Médica, este ainda é incipiente, uma vez que se trata de discussão acadêmica recente. Este debate também se encontra inserido nos fóruns da 3ª CULTURA.

A 3ª Cultura consiste no acervo de trabalhos heterodoxos de cientistas e filósofos que,através de exposições e publicações de natureza empírica, vêm tomando o lugardo pensamento e cultura tradicionais, revelando os profundos significados de nossaexistência e redefinindo quem e o que somos.

Conheça alguns deles:

Paul Davies , Richard Dawkins , Daniel C. Dennett , Niles Eldredge , J. Doyne Farmer Murray Gell-Mann , Brian Goodwin , Stephen Jay Gould , Alan Guth , W. Daniel Hillis Nicholas Humphrey , Steve Jones , Stuart Kauffman , Christopher Langton

Lynn Margulis , Marvin Minsky , Roger Penrose , Steven Pinker , Martin Rees , Roger Schank , Lee Smolin , Francisco Varela , George C. Williams

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• As cirurgias da PRÓSTATA trazem, como conseqüência, decrementos da função sexual e pioras na qualidade de vida.

• Ainda que, em certos casos, queira se trabalhar com a controvertida hipótese de se obter algum real acréscimo teórico na expectativa de vida, há de se considerar o verdadeiro significado da relação CUSTO-BENEFÍCIO envolvida.

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Ponderações Heterodoxas

• Cervicites recorrentes são comumente observadas na mulher face a sua anatomia propensa às infecções. Embora, na maioria das vezes, estas cervicites sejam consideradas relativamente inócuas, é preciso ter presente que elas são causadas pelos mesmos microrganismos responsáveis por prostatites crônicas no homem. Na mulher, tais microrganismos são quimicamente repelidos, sua população controlada, sendo a suceptibilidade aos mesmos limitada. No homem, entretanto, mais suceptível aos parasitos em geral, eles podem trazer reflexos na expectativa de vida e desempenhar o importante papel na patogênese do câncer da próstata.

• Preocupantes, ainda, são os aspectos ligados à felação e à sodomia, quando microrganismos da boca, da garganta e do intestino podem contaminar o homem, em especial a matéria fecal que pode ser muito infecciosa ao transmitir bactérias virulentas e outros agentes etiológicos agressivos.

• Embora a promiscuidade sexual seja, de longe, o maior fator de risco para as infecções da próstata, é importante não subestimar o risco presente nas relações monogâmicas entre parceiros fiéis. Uma mulher que tenha tido um único parceiro em toda a sua vida, parceiro este fiel e com uma única experiência pré-nupcial, pode, teoricamente, ser vetor de microorganismos procedentes de um elevado número de hospedeiros, face ao fator multiplicador, exponencial, decorrente de sucessivos contágios regressivos.

• Ainda importantes e menosprezados são os fatores de risco decorrentes de condicionantes culturais diversos como, dentre outros, os relacionados à higiene. Lavar as mãos antes das refeições, por exemplo, é procedimento de higiene adotado nas classes mais esclarecidas dos países com certo grau de desenvolvimento. Este procedimento pode evitar infecções por microrganismos que, de outro modo, seriam transmitidos, a partir das mãos, entrando pela boca e avançando através do tubo digestivo. Lavar as mãos após as refeições também é considerado um hábito civilizado desejável, entretanto como procedimento higiênico de rotina, inespecífico. Os demais orifícios do corpo não têm merecido a mesma atenção dada à boca. Não está culturalmente estabelecida a importância de lavar as mãos antes dos atos sexuais, antes de urinar, ou antes de defecar, como medida de higiene preventiva das infecões que podem ser transmitidas, a partir das mãos, aos aparelhos genitourinários do homem e da mulher (através da uretra e da vagina), e aos intestinos, através do anus. Entretanto, lavar as mãos após estas atividades é um hábito que freqüentemente se observa.

• O homem e a mulher precisam saber que o esperma é um potente vetor de doenças. Micrografias eletrônicas de esperma invariavelmente costumam mostrar as conhecidas células em forma de gotas circundadas por placas de bactérias. Embora o muco cervical da mulher geralmente iniba a passagem de qualquer organismo para o trato reprodutivo superior, este muco se torna permeável durante a ovulação, quando os espermatozóides precisam ter acesso ao óvulo. Pegando carona nos espermatozóides, os micróbios oriundos do macho (ou vindos do canal vaginal durante a cópula) podem subir pela cervix e invadir os órgãos femininos, colocando-os sob risco de doenças.

• Para o homem os períodos mais desfavoráveis para se infectar, quando o vetor é a mulher, correspondem aos dias que antecedem a cada menstruação, aos em que a mulher está sob efeito de anticoncepcionais, e ao período pós-menopausa sem TRH (Terapia de Reposição Hormonal). A bióloga evolucionária, Margie Profet , da Universidade de Washington, ganhadora do prêmio MacArthur de 1993 (o prêmio dos “gênios”), aos 35 anos de idade, afirma que a menstruação é um mecanismo de proteção do útero e das trompas de Falópio contra os micróbios trazidos pelos espermatozóides. De acordo com sua versão, o útero é extremamente vulnerável às bactérias e aos vírus que podem vir no esperma. A menstruação é uma maneira agressiva de evitar infecções que podem provovar esterilidade, doenças e até mesmo a morte. Na menstruação o corpo ataca em duas frentes: dissolve a camada que reveste o interior do útero, onde os patógenos podem estar, e banha a área em sangue, que traz células imunológicas para destruir os micróbios. Desta forma, os patógenos e seus alojamentos são destruídos concomitantemente. Esta hipótese ousada tem um grande número de implicações médicas. Se o sangramento ajuda a prevenir infecções, as mulheres devem evitar contraceptivos que eliminem completamente a menstruação. Por outro lado, sangramentos uterinos sem explicação devem ser vistos como um possível sinal de infecção, um sintoma que o corpo está lutando para impedir a doença. Evidentemente que os sangramentos podem ter outras razões tais como tumores, doenças fibrosas, ou gravidez ectópica, mas a possibilidade de uma infecção deve estar sempre presente. Para os homens, infere-se portanto, manter relações sexuais no período que antecede à menstruação, nos períodos de uso de contraceptivos que eliminam a menstruação, e com mulheres após a menopausa (em especial com mulheres promíscuas) deve corresponder aos tempos de maiores riscos às infecções. Para as mulheres pós-menopausa, entretanto, o risco às infecções não aumenta neste período pois o muco cervical é mais denso do que o das mulheres férteis, formando assim uma barreira de proteção que, ao menos parcialmente, dispensa a faxina mensal propiciada pela menstruação.

• Instigantes conclusões de pesquisa realizada sob a orientação do Professor Graham Giles, foram recentemente publicadas no British Journal of Urology International vol 92, p 211. Trata-se de resultados de um amplo projeto de investigação que envolveu pesquisadores do Cancer Council Victoria de Melbourne, na Austrália, da Universidade Western Australia, do Instituto Europeu de Oncologia, e da Dunedin Medical School da Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Os estudos se mostraram conclusivos e nos dão conta de que a masturbação tem um efeito protetor sobre a próstata. Os dados apresentados revelam que quão mais freqüentemente o homem ejacula, entre a idade de 20 e 50 anos, menos freqüentemente vem a desenvolver o câncer da próstata. Neste mesmo estudo foi pesquisada, dentre outras, a associação do câncer de próstata com o número de parceiros sexuais sem que nenhuma correlação pudesse ser estabelecida. Tais resultados não foram corroborados por outras pesquisas, mas são compatíveis com os pressupostos da medicina evolucionária, e podem ser assim interpretados:

• “A ejaculação, em elevada freqüência, nos adultos jovens, por consistir num intenso fluxo de esvaziamento da produção combinada das centenas de minúsculas glândulas através dos dutos prostáticos, garante que os mesmos se mantenham desobstruídos e, conseqüentemente, evita a criação, no lúmen dos ácinos, do ambiente propício ao desenvolvimento de processo inflamatório e do câncer que o subsegue. Adultos jovens, com elevado número de parceiros, também devem ter elevada freqüência de ejaculações, mas, em contrapartida, a freqüência de ácinos obstruídos também deve ser mais elevada, face à maior freqüência de infecções contraídas, o que frustraria as tentativas de estabelecimento de associação direta do câncer de próstata com o número de parceiros sexuais”.

“The future of urology is best

served by bridging the gap between science and

clinical practice”

Anthony J. Schaeffer, M.D.

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Epílogo:

• O câncer é uma doença da idade avançada. Mas, nem todos os idosos têm câncer. Haverá um dia em que a ciência conhecerá a resposta definitiva sobre a causa dessa doença. Então, o fenômeno epigenético, central, que explicará as diversas formas do câncer, estará desvendado. Uma teoria definitiva explicará, por exemplo, por que todo homem idoso, se viver o bastante, inexoravelmente contrairá o câncer da próstata. Sobre os tumores malignos, sabe-se hoje, não são constituídos por uma massa de clones idênticos. Ao contrário, todo tumor parece ser único na configuração de sua desordem genética. A partir de uma instabilidade cromossômica o fluxo genético interage suas forças com as forças da seleção natural (forças evolucionárias) para produzir tumores benignos, que se convertem em malignos, que por sua vez resultam em metástases. No caso do câncer prostático, a causa dessa instabilidade inicial pode advir de um processo inflamatório crônico da próstata, correspondendo ao epílogo de uma relação Patógeno-Hospedeiro. Assim sendo é de se esperar que se observem fatores de risco diferenciados para o câncer da próstata, em indivíduos que tenham predisposições genéticas distintas. Também diferenciado, em função da faixa etária, poderá se apresentar determinado “fator de risco”. Isto porque a suscetibilidade aos parasitos dos homens se altera com o tempo. Sob a ótica do paradigma evolucionário, o atual enfoque da urologia clássica para o combate ao câncer da próstata, essencialmente cirúrgico, precisa ceder espaço para os tratamentos clínicos preventivos que tenham por objetivo a cura das prostatites crônicas.

• “The urology is best served bridging the gap between the theory and the clinical practice”