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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 45 | setembro de 2016 1 DIREITO, SEGURANÇA E DEMOCRACIA SETEMBRO 2016 45 PROTEÇÃO CIVIL, SEUS AGENTES E OS INCÊNDIOS FLORESTAIS Civil Protection, their Agents and Forest Fires CRISTINA SOFIA POLLERI MARTINS Mestranda em Direito e Segurança RESUMO A Proteção Civil apresenta-se como algo absolutamente fundamental na sociedade de risco em que vivemos. A qualquer momento podem ocorrer um conjunto vasto de acidentes ou catástrofes que impliquem a necessidade de existência de uma estrutura de Proteção Civil. Esta tem de ser capaz não só de prevenir a existência destes fenómenos, mas também de neles atuar e de prover a segurança dos cidadãos e seus bens. A Proteção civil é uma tarefa do Estado, mas também de todos os cidadãos em especial no que toca à prevenção. A atuação da Proteção civil, bem como a dos seus agentes, é especialmente relevante durante o verão face à grande ocorrência que se regista de incêndios florestais no nosso país. Os incêndios florestais são dos fenómenos ligados à proteção civil que mais marcam o nosso país, seja pelos danos ambientais, materiais ou até mesmo pelas mortes que se registam no seu combate.

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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | ISSN 2184-0776 | Nº 45 | setembro de 2016

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DIREITO, SEGURANÇA E

DEMOCRACIA

SETEMBRO

2016

Nº 45

PROTEÇÃO CIVIL, SEUS AGENTES E OS INCÊNDIOS FLORESTAIS Civil Protection, their Agents and Forest Fires CRISTINA SOFIA POLLERI MARTINS Mestranda em Direito e Segurança

RESUMO A Proteção Civil apresenta-se como algo absolutamente fundamental na sociedade

de risco em que vivemos. A qualquer momento podem ocorrer um conjunto vasto de

acidentes ou catástrofes que impliquem a necessidade de existência de uma estrutura de

Proteção Civil. Esta tem de ser capaz não só de prevenir a existência destes fenómenos,

mas também de neles atuar e de prover a segurança dos cidadãos e seus bens.

A Proteção civil é uma tarefa do Estado, mas também de todos os cidadãos em

especial no que toca à prevenção.

A atuação da Proteção civil, bem como a dos seus agentes, é especialmente

relevante durante o verão face à grande ocorrência que se regista de incêndios florestais

no nosso país.

Os incêndios florestais são dos fenómenos ligados à proteção civil que mais

marcam o nosso país, seja pelos danos ambientais, materiais ou até mesmo pelas mortes

que se registam no seu combate.

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Falar em proteção civil e em incêndios florestais implica falar, inevitavelmente, em

bombeiros voluntários. Pois são estes os principais agentes de proteção civil que, ano

após ano, combatem os incêndios florestais (não obstante o importante papel de outros

agentes como as forças armadas e as forças de segurança).

PALAVRAS CHAVE

Proteção civil, incêndios florestais, agentes de proteção civil, bombeiros.

ABSTRACT The Civil Protection presents itself as something absolutely crucial at the risk

society in we live in. It could occur, at any time, all sorts of of catastrophes and accidents

that require the existence of a Civil Protection Structure. The Civil Protection has to be

able, not only to prevent the existence of this phenomena, but also to act and promote the

security of the citizen and its propriety.

The Civil Protection is State obligation, but also is a responsibility of all citizens,

especially when we talk about prevention.

The performance of Civil Protection, as well as their agents, is especially relevant

during the summer due to the high occurrence of forest fires in our country.

Forest fires are the phenomena connected to the civil protection that marks our

country the most, for the environmental damage, material or even for the deaths that

happen during it's fight.

When we talk about civil protection and forest fires, it is inevitable to talk about

volunteer’s firefighters. They are the principal agents of civil protection that, year by year,

fight forest fires (not forgeting the important part of the other agents, like armed forces and

other security forces).

KEYWORDS

Civil protection, forest fires, civil protection agents, firefighter

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Siglas AR – Assembleia da República

ANPC – Autoridade Nacional de Proteção civil

CCO - Centros de Coordenação Operacional

CCOD - Centros de Coordenação Operacional Distrital

CCON - Centros de Coordenação Operacional Nacional

CDOS - Comando Distrital das Operações de Socorro

CRP – Constituição da Republica Portuguesa

DECIF – Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais

DGRF - Direção Geral dos Recursos Florestais

GIPS - Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro

GNR – Guarda Nacional Republicana

INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica

LBP – Lei de Bases da Proteção Civil

MAI – Ministério da Administração Interna

SEPNA - Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente

Introdução Para este trabalho de investigação, no âmbito do módulo de Outros Sistemas de

Segurança: Proteção Civil, Segurança Rodoviária e Proteção Comunitária do Mestrado de

Direito e Segurança, optei por abordar um tema pelo qual tenho uma grande admiração e

que me é especialmente próximo, que é o tema da Proteção Civil.

Com este trabalho não pretendo analisar todos os aspetos que dizem respeito à

Proteção civil, pois tal seria muito difícil. Pretendo antes, dar especial relevância a alguns

pontos que eu considero que são cruciais no âmbito da proteção civil.

Assim, ao longo deste trabalho vou analisar o sistema de Proteção Civil em

Portugal sendo que, para tal, vou analisar quais as suas principais funções, objetivos,

estruturas e agentes. Vou também analisar aquele que é um dos princípios mais

importantes nas matérias relacionadas com a Proteção Civil: o princípio da prevenção.

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Pretendo, ainda, analisar os agentes de Proteção Civil sendo que vou dar particular

atenção àqueles que se podem considerar, na minha opinião, os principais agentes da

proteção civil: os bombeiros voluntários.

Vou também analisar qual o papel das Forças Armadas e das Forças de

Segurança no âmbito da proteção civil, em especial, no que diz respeito aos incêndios

florestais.

Ao longo do trabalho pretendo dar especial relevância aos incêndios florestais uma

vez que estes são os fenómenos que mais evidenciam as atividades de Proteção civil no

nosso país.

Está a terminar o mês de junho e, por isso, estamos a entrar naquela que é uma da

fase crítica dos incêndios florestais. É nesta altura que mais ouvimos falar de Proteção

Civil e tal deve-se quase exclusivamente devido aos incêndios florestais.

Não há verão em que a abertura dos telejornais não comece com notícias de

incêndios um pouco por todo o país. Milhares de hectares de floresta consumidos e

completamente destruídos pelo fogo. Fogo esse que sem dó nem piedade destrói tudo à

sua volta com consequências brutais para toda a sociedade em geral.

A Proteção Civil em Portugal Percorrendo aquele que é o texto fundamental do nosso ordenamento jurídico, a

Constituição da República Portuguesa (CRP), são raríssimas as referencias à Proteção

Civil. Estamos aqui perante um não reconhecimento constitucional daquela que é uma

questão crucial para a segurança dos cidadãos e, até mesmo, do próprio Estado. No

entanto, tal não retira a importância que à Proteção Civil deve ser reconhecida.

É dever do Estado, como não poderia deixar de ser, garantir a segurança de todos

nós.

O artigo 27º da CRP determina que «Todos têm direito à liberdade e à segurança».

Esta “segurança” tem de ser aqui entendida não apenas como uma segurança militar,

mas também como uma segurança civil.

Historicamente a noção de Segurança sempre esteve associada à ideia de

segurança militar e à segurança do Estado (Lourenço, 2015).

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No entanto, no atual contexto societário em que vivemos a Segurança não pode

ser entidade exclusivamente como a segurança do Estado contra os inimigos externos.

Há hoje a consciência de que, o conceito de Segurança sofreu alterações profundas que

já não permitem considerá-la apenas como a segurança do Estado face aos inimigos

externos.

A segurança deve ser atualmente no conceito mais abrangente de Segurança

Nacional. Este conceito surge associado à existência de 3 Pilares:

- Pilar da Defesa Nacional relacionado com a segurança externa

-Pilar da Segurança Interna relacionado com a atuação das Forças e Serviços de

Segurança e ligada à ideia de ordem pública e de garantia e proteção dos direitos,

liberdades e garantias dos cidadãos.

- Pilar da Proteção Civil associada à ideia de Segurança Humana

Estes três pilares assumem cada um o seu papel consoante o tipo de ameaças que

enfrentam, sendo ambos fundamentais para a garantia da segurança dos Estados e seus

cidadãos.

No que diz respeito à Proteção civil e ao seu reconhecimento como um dos pilares

da Segurança Nacional temos que ela surge associada à ideia de Segurança Humana.1

A grande evolução cientifica e tecnológica que marcou os últimos séculos trouxe

um conjunto de benefícios inumeráveis para a vida de todos nós. Mas trouxe também um

conjunto de novos riscos e ameaças à nossa segurança. Certas catástrofes e

calamidades são provocadas por acidentes tecnológicos e provocados por causas

humanas que à uns seculos atrás eram completamente impensáveis e que apenas se

podem explicar através das grandes evoluções cientificas e tecnológicas dos últimos

séculos.

A segurança humana preocupa-se com a segurança das pessoas. Surge

associada à ideia de que o ser humano, no atual mundo em que vivemos, é vulnerável a

certas questões relacionadas com a sua dignidade e bem-estar. Estamos a falar, por

exemplo, de da segurança ao nível do emprego, saúde e em relação ao meio ambiente. A

1 Conceito desenvolvido pelas Nações Unidas, com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento de 1994

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segurança humana esta, então, associada à ideia de garantia de certos elementos

básicos de sobrevivência, subsistência e dignidade das pessoas.

Surge assim a ideia de que as pessoas e os seus bens (essenciais para a sua

sobrevivência) precisam de especial proteção perante certos acontecimentos e

fenómenos, sejam eles de causas naturais ou humanas.

Não pode, por tudo isto, de maneira nenhuma ser desassociado a ideia de

proteção civil do conceito de Segurança Nacional.

Assim, é inegável que é ao Estado que cumpre assegurar a proteção e segurança

dos seus cidadãos e, consequentemente, a proteção civil não pode deixar de se

considera uma função do Estado.

No Ordenamento Jurídico Português a Proteção Civil encontra-se regulada na Lei

n.º 27/2006, de 3 de julho2 que aprova a Lei de Bases de Proteção Civil (LBPC).

Pode ler-se logo no artigo 1º nº 1 da LBPC que «A proteção civil é a atividade

desenvolvida pelo Estado, regiões autónomas e autarquias locais, pelos cidadãos e por

todas as entidades públicas e privadas com a finalidade de prevenir riscos coletivos

inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e

proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram.»

Desta definição podem retirar-se aquelas que podem ser as características

fundamentais da Proteção Civil:

- É uma tarefa do Estado (incluindo-se aqui o poder local e regional);

- É uma tarefa de prevenção dos vários riscos associados a acidentes graves e

catástrofes;

- É uma atividade de proteção de socorro das pessoas e seus bens em caso de

acidente grave ou catástrofe;

Estas características vão de encontro com o que acima referi relativamente ao

facto de a Proteção Civil não poder deixar de ser uma tarefa fundamental do Estado (não

obstante a ausência a tal referencia na CRP) fazendo-se referência também aqui à

responsabilidade das regiões autónomas, através dos Governos Regionais, relativamente

à atividade de Proteção Civil nas ilhas.

2 Com as alterações introduzidas pela Lei Orgânica nº 1/2011, de 30 de novembro e da Lei 80/2015 de 3 de agosto.

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Nos termos do artigo 32º da LBPC a condução política de Proteção civil é da

competência do Governo, sendo o Primeiro-Ministro o responsável pela direção da politica

de proteção civil (artigo 33º nº 1 da LBPC) havendo a possibilidade de delegação destas

competências do Ministério da Administração Interna (MAI) com possibilidade de

subdelegação (artigo 33º nº 2 da LBPC). O governo tem ainda o dever de informar

periodicamente à a Assembleia da República (AR) sobre a situação do País no que toca à

proteção civil, bem como sobre a atividade dos organismos e serviços por ela

responsáveis nos termos do artigo 31º nº 3 da LBPC.

O artigo 31º da LBPC determina que a AR contribui, pelo exercício da sua

competência política, legislativa e financeira, para enquadrar a política de proteção civil e

para fiscalizar a sua execução (artigo 31º nº1).

Na definição de Proteção Civil fornecida pela LBPC é bem patente as questões

relacionadas com a segurança humana e a proteção dos cidadãos perante acidentes

graves e catástrofes que tanto podem ter como causas tanto fatores naturais como

humanos (ou ambos).

Ainda nos termos do disposto no artigo 1º da LBPC o seu nº 2 determina

que a atividade de Proteção Civil se caracteriza ainda pelo seu caráter permanente,

multidisciplinar e plurissectorial e, consequentemente, pela necessidade de colaboração

entre todos os órgãos e departamentos da Administração Pública cabendo-lhes promover

as condições indispensáveis à sua execução.

É também patente na definição de proteção civil que esta é uma função que não é

exclusiva do Estado, sendo também por ela responsável todos os cidadãos bem como

todas as entidades públicas e privadas, especialmente no que toca à prevenção, que irei

de seguida analisar.

Os Princípios Da Proteção Civil: importância do princípio da

prevenção

Os principais objetivos da proteção civil são, nos termos do artigo 4º da LBPC, os

seguintes:

-Prevenir os riscos coletivos e a ocorrência de acidente grave ou de catástrofes

dele resultantes;

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-Atenuar os riscos coletivos e limitar os seus efeitos no caso de ocorrências ligadas

com acidentes graves ou de catástrofes dele resultantes;

- Socorrer e assistir as pessoas e outros seres vivos em perigo e proteger os

bens e valores culturais, ambientais e de elevado interesse público;

-Apoiar a reposição da normalidade da vida e das pessoas em áreas

afetadas por acidente grave ou catástrofe;

É qui bem notário que a atuação da proteção civil existe em três momentos: antes,

durante e depois da ocorrência de um acidente grave ou de uma catástrofe.

O “antes” refere-se à necessidade de atividades de prevenção. Muitos dos efeitos e

danos que resultam de acidentes graves e das catástrofes podem ser substancialmente

diminuídos se existirem eficazes medidas de prevenção perante certos riscos. A atividade

de prevenção pode mesmo considerar-se das mais importantes ao nível da proteção civil

uma vez que, se esta for eficaz não só se diminuem os danos como se pode ate diminuir

a própria possibilidade de ocorrência do acidente ou da catástrofe. É claro que nestas

áreas existem sempre variantes que não se podem controlar por muita prevenção que

exista. Mas a realidade é que a prevenção pode fazer toda a diferença.

Para percebemos bem isto basta pensarmos num exemplo prático: a existência de

extintores num edifício pode fazer toda a diferença. Se, por algum motivo, se iniciar um

foco de incêndio num determinado compartimento de um edifício e se existirem extintores

e se as pessoas que se encontram nesse edifício os souberem usar, a sua atuação irá, à

partida, permitir que o incêndio não se alastre e os danos materiais (e mesmo eventuais

danos pessoais). Este é um pequeno exemplo de como certas medidas preventivas

(neste caso em concreto: a existência de extintores e o conhecimento do seu correto

funcionamento) podem fazer toda a diferença. Se pensarmos em casos mais

complicados, como os incêndios florestais, as atividades de prevenção assumem uma

importância vital.

Para além do objetivo fundamental da proteção civil, esta também atua,

como não poderia deixar de ser, no “durante” e no “depois” cabendo-lhe atuar aquando da

existência de ocorrência de acidentes graves ou catástrofes, socorrendo e assistindo as

pessoas e outros seres vivos em perigo, mas atuando também numa fase a posteriori

desenvolvendo as atividades necessárias para repor a normalidade da vida das pessoas

nas áreas afetadas por acidentes graves ou catástrofes.

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Se pensarmos bem, muitas das atividades desenvolvidas no “durante” e no

“depois” nem serão necessárias se a fase do “antes”, a prevenção, for eficaz. É claro que

isto não se aplica a todos os fenómenos que podem levar à necessidade da atuação da

proteção civil, mas é bem verdade para muitas outras realidades.

Ainda no que à prevenção diz respeito o artigo 4º no seu nº 2 da LBPC

refere os domínios em que se desenrola a atividade da proteção civil e todos eles se

reconduzem necessariamente à prevenção. Se não vejamos:

«a) Levantamento, previsão, avaliação e prevenção dos riscos coletivos;

b) Análise permanente das vulnerabilidades perante situações de risco;

c) Informação e formação das populações, visando a sua sensibilização em

matéria de autoproteção e de colaboração com as autoridades;

d) Planeamento de soluções de emergência, visando a busca, o salvamento, a

prestação de socorro e de assistência, bem como a evacuação, alojamento e

abastecimento das populações;

e) Inventariação dos recursos e meios disponíveis e dos mais facilmente

mobilizáveis, ao nível local, regional e nacional;

f) Estudo e divulgação de formas adequadas de proteção dos edifícios em geral, de

monumentos e de outros bens culturais, de infraestruturas, do património arquivístico, de

instalações de serviços essenciais, bem como do ambiente e dos recursos naturais;

g) Previsão e planeamento de ações atinentes à eventualidade de isolamento de

áreas afetadas por riscos.»

A prevenção, vem ainda referida, como um principio especial aplicável às

atividades de proteção civil, dispondo a alínea b) do artigo 5º da LBPC que «O princípio

da prevenção, por força do qual os riscos de acidente grave ou de catástrofe devem ser

considerados de forma antecipada, de modo eliminar as próprias causas, ou reduzir as

suas consequências, quando tal não seja possível».

Está aqui presente a lógica que todos nós conhecemos de que “prevenir é melhor

que remediar”.

As atividades de proteção civil devem ainda pautar-se pelo princípio da precaução

que vem definido na alínea c) do artigo 5º da LBPC como o princípio «(…) de acordo com

o qual devem adotadas as medidas de diminuição do risco de acidente grave ou

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catástrofe eminente a cada atividade, associando a presunção de imputação de eventuais

danos à mera violação daquele dever de cuidado».

Tanto o princípio da prevenção como o princípio da precaução estão muito

relacionados com o Direito do Ambiente. 3 São vários os instrumentos legislativos

relacionados com Direito do ambiente se pautam por estes dois princípios, sendo que o

princípio da prevenção se encontra previsto no artigo 66º nº 2 da CRP.

É de realçar que se encontra constitucionalmente garantido o direito ao ambiente e

à qualidade de vida. O artigo 66º nº 1 da CRP determina que «Todos têm o direito a um

ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender».

Estamos aqui perante um direito, mas também, como não poderia deixar de ser, um

dever. Todos nós temos utilizamos o meio ambiente e, por isso, todos nós somos

responsáveis pela sua conservação. Esta lógica encontra-se bem presente no artigo 66º

nº2 que determina que «Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um

desenvolvimento sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com

o envolvimento e a participação dos cidadãos (…)». O artigo 9º alínea e) da CRP

determina que uma das tarefas fundamentais dos Estado defender a natureza e o

ambiente.

O facto de o princípio da prevenção estar consagrado como um dos princípios

especiais aplicáveis às atividades de proteção civil, à semelhança do que acontece nas

matérias relacionadas com o Direito do Ambiente, faz todo o sentido. Tal como a Proteção

Civil, o Direito do Ambiente, lida com riscos, acidentes e catástrofes. E também estes

riscos, acidentes e catástrofes em questões ambientais implicam a existência de danos,

muitos deles completamente irreversíveis e que nos afetam a todos. Dai o princípio da

prevenção ser absolutamente crucial para as matérias relacionadas com a aplicação do

Direito do Ambiente, da mesma forma que o é para a Proteção Civil.

Esta ligação entre a Proteção Civil e Direito do Ambiente surge claramente naquele

que é dos fenómenos que mais fustiga o nosso país, verão após verão e que o fenómeno

dos incêndios florestais. Os incêndios florestais arrastam consigo uma grande destruição

trazendo consequências em várias áreas sendo que uma delas esta estritamente

3 Existe uma discussão doutrinária no Direito do Ambiente sobre a relação entre estes dois princípios. Discute-se, nomeadamente, se há necessidade de autonomização do principio da precaução face ao princípio da prevenção.

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relacionada com o Direito do Ambiente e que é a existência de graves danos ambientais.

Podemos pensar não só na destruição da floresta, que é um dos elementos fundamentais

do nosso ecossistema, mas podemos também pensar nas enormes quantidades de

emissão de gases que resultam da combustão e que vão causar danos, muitos deles

irreversíveis, na nossa atmosfera.

A Prevenção é, por tudo isto, absolutamente essencial não só a nível do Direito do

Ambiente, mas também ao nível da Proteção civil, principalmente se pesarmos no

fenómeno dos incêndios florestais. Mas esta ligação também se encontra noutros

acidentes e catástrofes que podem ocorrer e que podem causar danos ao ambiente e

simultaneamente exigir a atuação das estruturas relacionadas com a proteção civil. Como

por exemplo a existência de acidentes com matérias perigosas entre tantos outros.

Para além dos princípios da prevenção e da precaução as atividades de

proteção civil devem ainda reger-se pelos princípios da subsidiariedade, cooperação,

coordenação, unidade de comando e pelo princípio da informação, nos termos do artigo

5º alíneas d) a h) da LBPC.

Autoridade Nacional de Proteção Civil

No que diz respeito à estrutura da proteção civil é importante referir o artigo 44º da

LBPC faz referência à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) remetendo para um

diploma próprio. Este diploma é o Decreto-Lei 73/2013, de 31 de maio4 que estabelece a

Lei Orgânica da ANPC.

O artigo 1º do Decreto-Lei nº 73/2013, de 31 de maio determina que a ANPC, em

relação à sua natureza, é um serviço central, da administração direta do Estado, dotado

de autonomia administrativa e financeira e património próprio (artigo 1º do referido

diploma).

As principais missões atribuições da ANPC encontra-se enunciadas no artigo 2º do

Decreto-Lei nº 73/2013, de 31 de maio e prendem-se com o planeamento, coordenação e

execução da politica de proteção civil, designadamente na prevenção e reação a

acidentes graves e catástrofes, de proteção e socorro de populações e de

superintendência da atividade dos bombeiros, bem como assegurar o planeamento e

4 Com as alterações decorrentes do Decreto-Lei n.º 163/2014 de 31 de outubro

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coordenação das necessidades nacionais na área do planeamento civil de emergência

com vista a fazer face a situações de crise ou de guerra.

A ANPC prossegue atribuições previstas no artigo 2º em vários domínios,

nomeadamente:

-Previsão e gestão de risco e planeamento de emergência;

-Proteção e socorro;

-Atividades dos bombeiros

-Gestão de recursos de proteção civil

-Aplicação e fiscalização do cumprimento das leis, regulamentos, normas e

requisitos técnicos aplicáveis no âmbito das suas atribuições.

Relativamente à organização interna da ANPC o artigo 11º do Decreto-Lei nº

73/2013, de 31 de maio estabelece que a ANPC obedece a um modelo de estrutura

hierarquizada que compreende:

-A Direção nacional de planeamento de emergência;

-A Direção nacional de bombeiros;

-A Direção nacional de recursos de proteção civil;

-A Direção nacional de auditoria e fiscalização

Em termos muito gerais pode dizer-se que a ANPC é das principais estruturas

responsáveis pela atividade de Proteção civil em Portugal.

Sistema Integrado de Operações de Socorro

O SIOPS é o conjunto de estruturas, de normas e procedimentos que asseguram

que todos os agentes de proteção civil e as entidades previstas no artigo 46º-A (apenas

as previstas nas alíneas a) a g) do nº1) que atuam, no plano operacional, articuladamente

sob um comando único (artigo 48º nº1 da LBPC).

Nos termos do nº 2 do artigo 48º o SIOPS é regulado em diploma próprio.

O SIOPS foi criado pelo Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho, e alterado pelo

Decreto-Lei n.º 114/2011, de 30 de novembro e pelo Decreto-Lei n.º 72/2013, de 31 de

maio e surge em resposta à necessidade de reorganizar o Sistema de Proteção Civil

permitindo às Autoridades envolvidas nas ações de Socorro de Proteção Civil pudessem

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adotar medidas de socorro para situações de acidentes graves ou catástrofes que não

exijam as medidas extremas dos estados de sítio ou emergência. (ANPC, 2009).

O SIOPS vem definido no artigo 1º do Decreto-Lei nº 134/2006, de 25 de

julho de forma muito semelhante à do artigo 48º nº 1 da LBPC.

O SIOPS pretende organizar a articulação, no plano operacional, entre os vários

agentes de proteção civil e entre as várias entidades que com elas colaboram, sob um

comando único, sem prejuízo da respetiva dependência hierárquica e funcional (artigo 48º

nº 1 da LBPC e artigo 1º do Decreto-Lei nº 134/2006, de 25 de julho).

O SIOPS responde perante as situações de iminência ou de ocorrência de

acidente grave ou catástrofe nos termos do nº 2 do artigo 1 do Decreto-Lei nº 134/2006,

de 25 de julho.

O SIOPS assenta o princípio do comando único que, por sua vez, e de acordo com

o nº 3 do artigo 1 do Decreto-Lei nº 134/2006, de 25 de julho, assenta em duas

dimensões do Sistema:

-Coordenação institucional: os centros de coordenação operacional (CCO) de

âmbito nacional (CCON) e distrital (CCOD), onde se integram todas as entidades

necessárias para fazer face a acidentes graves e catástrofes. Os CCO são responsáveis

pela gestão da participação operacional de cada força ou serviço nas operações de

socorro a desencadear5.O CCON é coordenado pelo presidente da ANPC, podendo este

fazer-se substituir pelo comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de

Proteção Civil (artigo 3º nº 4 do Decreto-Lei nº 134/2006, de 25 de julho).

-Comando operacional: Competências atribuídas à ANPC, para agir perante a

iminência ou ocorrência de acidentes graves ou catástrofes em ligação com outras forças

que dispõem de comando próprio.

De acordo com o Glossário de Proteção Civil6 o carácter peculiar do SIOPS resulta

do facto de se tratar de um instrumento global e centralizado de coordenação e comando

de operações de socorro cuja execução compete a entidades diversas e não

organicamente integradas na ANPC, mas que dependem, para efeitos operacionais, do

SIOPS.

5 Disponível em http://www.prociv.pt/AutoridadeNacional/siops/Pages/Enquadramento.aspx 6 Disponível em http://www.prociv.pt/GLOSSARIO/Documents/GLOSSARIO-31_Mar_09.pdf

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Com a criação do SIOPS é estabelecido um sistema de gestão de operações,

definindo a organização dos teatros de operações e dos postos de comando, clarificando

competências e consolidando a doutrina operacional. O SIOPS é superintendido pelo

presidente da ANPC.

Em termos gerais pode concluir-se que o SIOPS exerce uma importância

fundamental no que diz respeito à articulação entre os vários agentes de proteção civil e

as entidades que com eles colaboram sob um único comando.

Agentes de Proteção Civil Vamos passar agora a analisar quais os principais agentes de Proteção Civil.

Nos termos do artigo 46º da LBPC são agentes de proteção civil:

- Os corpos de bombeiros

- As forças de segurança

- As Forças Armadas

- Os órgãos da Autoridade Marítima Nacional

- A Autoridade Nacional de Aviação Civil

- O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e demais entidades

públicas prestadores de cuidados de saúde,

- Os sapadores florestais.

É também referido no n.º 2 do artigo 46.º da LBPC que a Cruz Vermelha

Portuguesa exerce, em cooperação com os demais agentes e de harmonia com o seu

estatuto próprio, funções de proteção civil nos domínios da intervenção, apoio, socorro e

assistência sanitária e social.

A LBPS vem, ainda, determinar que existem um conjunto de entidades sobre quem

impende um especial dever de cooperação (artigo 46º-A7). São elas:

-Entidades de direito privado detentoras de corpos de bombeiros, e que são, as

Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários;

-Serviços de segurança;

-Serviço responsável pela prestação de perícias médico-legais e forenses (o

Instituto Nacional de Medicina Legal);

7 Este artigo foi aditado pela Lei nº 80/2015 de 3 de agosto (artigo 3º).

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-Serviços de segurança social;

-Instituições particulares de solidariedade social e outras com fins de socorro e de

solidariedade;

-Serviços de segurança e socorro privativos das empresas públicas e privadas, dos

portos e aeroportos.

-Instituições imprescindíveis às operações de proteção e socorro, emergência e

assistência, designadamente dos setores das florestas, conservação da natureza,

indústria e energia, transportes, comunicações, recursos hídricos e ambiente, mar e

atmosfera;

-Organizações de voluntariado de proteção civil (que nos termos do artigo 46º-A nº

2 «são pessoas coletivas de direito privado, de base voluntária, sem fins lucrativos,

legalmente constituídas e cujos fins estatutários refiram o desenvolvimento de ações no

domínio da proteção civil»).

Os Corpos de Bombeiros

Os corpos de bombeiros aparecem como os primeiros agentes de proteção civil

enumerados no artigo 46º da LBPC.

O Decreto de Lei Decreto-Lei n.º 247/2007, de 27 de junho8 que define o regime

jurídico aplicável à constituição, organização, funcionamento e extinção dos corpos de

bombeiros, no território continental, no seu artigo 2º alínea c) define «Corpo de

bombeiros» como a unidade operacional, oficialmente homologada e tecnicamente

organizada, preparada e equipada para o cabal exercício das missões atribuídas pelo

presente decreto-lei e demais legislações aplicáveis»

Nos termos do artigo 7º do Decreto-Lei nº n.º 247/2007, de 27 de junho existem

várias espécies de corpos de bombeiros, com características diferentes e que se

encontram apresentados na tabela que se segue.

Espécies de Corpos de Bombeiros

Entidade

detentora

Tipo de

bombeiros

Outras

características

Profis Câmara -Designam-se

8 Com as alterações decorrentes do Decreto-Lei nº 248/2012, de 21 de novembro.

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sionais Municipal

Profissionais

por bombeiros

sapadores;

- Detêm uma

estrutura que pode

compreender a

existência de

regimentos,

batalhões,

companhias ou

secções;

Mistos

Câmara

Municipal ou

Associação

Humanitária de

Bombeiros

Profissionais

e Voluntários

- Estão

organizados, de

acordo com o

modelo próprio,

definido pela

respetiva câmara

municipal ou pela

associação

humanitária de

bombeiros, nos

termos de

regulamento

aprovado pela

ANPC, ouvido o

Conselho Nacional

de

Bombeiros.

Volunt

ários

Associação

Humanitária de

Bombeiros

Voluntários -Podem

dispor de uma

unidade profissional

mínima

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Privati

vos

Pessoas

Coletivas Privadas

Bombeiros

com formação

adequada

-Organização

segundo um modelo

adequado às suas

missões e

objetivos

-Têm uma

área circunscrita aos

limites da

propriedade da (s)

entidade (s) à qual

pertencem,

podendo

atuar fora dessa

área em algumas

situações;

-Não recebem

apoios da ANPC

Tabela 1: Espécies de Corpos de bombeiros9

Da análise do artigo 3º do Decreto Lei n.º 247/2007, de 27 de junho pode concluir-

se que é muito grande a diversidade de missões que são atribuídas aos corpos de

bombeiros. Desde a prevenção e combate a incêndios ao socorro em caso de incendio,

inundações, desabamentos, socorro a náufragos, transporte de acidentados e doentes,

passando, ainda, pela emissão de pareceres técnicos em matéria de prevenção e

segurança contra riscos de incêndio e outros sinistros e por atividades de formação e

sensibilização junto das populações.

Os corpos de bombeiros prosseguem as suas missões através da existência de

bombeiros. Nos termos do artigo 2º alínea c) do Decreto-Lei nº 247/2007, de 27 de junho,

bombeiro é «o indivíduo que, integrado de forma profissional ou voluntária num corpo de

bombeiros, tem por atividade cumprir as missões do corpo de bombeiros, nomeadamente

9 Tabela elaborada tendo em conta o artigo 7º do Decreto-Lei nº n.º 247/2007, de 27 de junho

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a proteção de vidas humanas e bens em perigo, mediante a prevenção e extinção de

incêndios, o socorro de feridos, doentes ou náufragos e a prestação de outros serviços

previstos nos regulamentos internos e demais legislações aplicáveis».

Em Portugal existem cerca de 470 corpos de bombeiros10, sendo que segundo

informação disponível no sitio da internet da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP),

existem 7 corpos de bombeiros sapadores, 19 corpos de bombeiros municipais, 435

associações de bombeiros voluntários e 9 corpos de bombeiros privativos (dentro de

empresas).11

Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) existem

cerca de 30 000 bombeiros (dados relativos a dezembro de 2015).12

A importância dos bombeiros voluntários no combate aos

Incêndios florestais

É de conhecimento geral que, e os dados acima referidos deixam tal bem claro, a

esmagadora maioria dos corpos de bombeiros e, consequentemente os bombeiros que

deles fazem parte, são voluntários. Isto significa que praticamente todas atribuições

destinadas aos corpos de bombeiros são levadas a cabo por bombeiros voluntários. Esta

situação pode levantar algumas questões, nomeadamente no que respeita à qualidade do

socorro prestado por este tipo de bombeiros pela sua falte de formação e instrução

adequada. É neste sentido vai o Prof. António Duarte Amaro na sua tese intitulada O

socorro em Portugal: Organização, formação e cultura de segurança nos corpos de

bombeiros, no quadro da Proteção Civil.

No entanto, é inegável a importância dos bombeiros voluntários como

agentes de proteção civil. São eles que asseguram praticamente todos os tipos de

10 Segundo dados do INE disponíveis em:

https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008232&contexto=bd&se

lTab=tab2 11 Disponível em: http://www.bombeiros.pt/cronica-semanal/os-bombeiros-3.html/ 12 Disponível em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0008231&contexto=bd&selTab=tab2

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socorro. Mas, na minha opinião, a importância dos bombeiros voluntários reside no facto

de estes serem isso mesmo: voluntários. Estes homens e mulheres disponibilizam uma

grande parte do seu tempo, muitas vezes em detrimento da vida pessoal e familiar, para

estarem nos seus corpos de bombeiros, seja a cumprir as suas horas de serviço ou a

adquirir formação nas mais variadas áreas.

É certo que existem um conjunto de benefícios atribuídos aos bombeiros

voluntários e que se encontram regulados no Decreto-Lei nº 241/2007, de 21 de junho13 e

que passam por isenções de taxas moderadoras, certas regalias no âmbito da educação,

entre outros. Na minha opinião, estes benefícios ou regalias mais do que medidas

compensatórias atribuídas aos bombeiros voluntários, são formas de promover o

voluntariado e garantir que não deixem de existir pessoas que se disponham a ser

bombeiros.

Os bombeiros voluntários são uma realidade única no que à proteção civil diz

respeito. Todos os outros agentes de proteção civil são-no, mas de forma profissional, ou

seja, de forma remunerada. Não ouvimos falar em momento algum em policias voluntários

ou em militares voluntários (mesmo os militares em regime de voluntariado são

remunerados).

As áreas ligadas com o socorro e com os fenómenos que implicam a

necessidade de atuação dos agentes de proteção civil são extremamente sensíveis e que

envolvem riscos para os agentes que os combatem.

Mais nenhum agente de proteção civil coloca a sua vida e integridade física

em risco recebendo apenas em troca isenção de taxas moderadoras, por exemplo.

Por serem voluntários, muitos dos bombeiros, podem não ter a formação e

treino adequados para enfrentar determinadas situações, mas a realidade é que são ele

que, de forma esmagadora, asseguram a nossa proteção e socorro a troco de muito

pouco.

Apesar da panóplia de missões atribuídas aos corpos de bombeiros a realidade é

que a atividade mais visível dos bombeiros, especialmente os voluntários, é na época do

verão devido às inúmeras ocorrências relacionadas com os incêndios florestais. Muitas

13 Com as alterações decorrentes da Lei nº 48/2009, de 04 de agosto e do Decreto-lei nº 249/2012, de 21 de novembro

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das vezes a atenção mais “mediática” que é dada aos bombeiros surge mesmo na

sequência da existência de feridos e, até mesmo, mortos por parte daqueles que

combatem estes incêndios.

Todos nós temos bem presente o inferno que foi o verão de 2013. O ano de 2013

foi particularmente grave no que aos incêndios florestais diz respeito, não apenas pela

elevada extensão de área ardida (140 mil hectares) mas principalmente pelo número

elevado de mortos que se registaram na sequência destes incêndios. No total onze

pessoas perderam a vida: 8 bombeiros, 2 populares e um autarca.14

Os outros agentes de proteção civil: Forças Armadas e

Forças e Serviços de Segurança Tanto as Forças Armadas como as Forças de Segurança são agentes de proteção

civil nos termos do previsto no artigo 46º da LBPC.

Apesar de quando se fala em incêndios florestais se pensar imediatamente nos

bombeiros voluntários, como acima foi referido, a realidade é que as Forças Armadas e as

Forças de Segurança também têm “uma palavra a dizer” no que aos incêndios florestais

diz respeito.

Passemos então a analisar qual o papel de cada uma destas forças no combate

aos incêndios florestais.

Forças Armadas

Nos termos do artigo 275º nº 6 da CRP «Incumbe às Forças Armadas, nos termos

da lei, colaborar em missões de proteção civil (…)». A CRP atribuí assim expressamente

às Forças Armadas uma tarefa que se distancia daquela que é a típica função das Forças

Armadas que é de assegurar a defesa militar do Estado, mas que é compatível com o

conceito mais vasto de Segurança Nacional e do qual faz parte o pilar da Proteção Civil.

14 AAVV, Os grandes Incêndios Florestais e os Acidentes Mortais ocorridos em 2013 – Parte I , Centro de Estudos sobre incêndios florestais. ADAI/LAETA. Departamento de Engenharia Mecânica Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra. Disponível em http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/relat/rel-if

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A Lei Orgânica n.º 1-A/2009 de 7 de julho que prova a Lei Orgânica de Bases da

Organização das Forças Armadas, com as alterações decorrentes da Lei Orgânica n.º

6/2014 de 1 de setembro, determina no seu artigo 4º alínea f) que compete incumbe às

Forças Armadas «colaborar em missões de proteção civil e em tarefas relacionadas com

a satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das

populações».

A LBPC dispõe de um capítulo exclusivamente dedicado às Forças Armadas

(Capitulo VI: artigo 52º a 58º). 15

Nos termos do artigo 52º da LBPC «As Forças Armadas colaboram, no âmbito das

suas missões específicas, em funções de proteção civil.»

É da competência da ANPC, a pedido do comandante operacional nacional,

solicitar ao Estado-Maior-General das Forças Armadas a participação das Forças

Armadas em funções de proteção civil, nos termos do artigo 53º nº 1 da LBPC.

Ainda nos termos do previsto no artigo 53º da LBPC compete aos presidentes das

câmaras municipais a solicitação ao presidente da ANPC da a participação das Forças

Armadas em funções de proteção civil nas respetivas áreas operacionais. Sendo que, em

casos de manifesta urgência, os presidentes das câmaras municipais podem solicitar a

colaboração das Forças Armadas diretamente aos comandantes das unidades

implantadas na respetiva área, cabendo aos comandantes operacionais distritais ou

municipais informar o comandante operacional nacional (nos termos do disposto no nº 3

do referido preceito).

A tarefa de colaboração das Forças Armadas em tarefas de proteção civil é levada

acabo através de várias formas, enunciadas no artigo 54º da LBPC:

-Ações de prevenção, auxílio no combate e rescaldo em incêndios;

-Reforço do pessoal civil nos campos da salubridade e da saúde, em especial na

hospitalização e evacuação de feridos e doentes;

-Ações de busca e salvamento;

-Disponibilização de equipamentos e de apoio logístico para as operações; e)

Reabilitação de infraestruturas;

15 O artigo 63º da LBPC veio revogar o Decreto-Regulamentar 18/93, de 28 de junho que regulamentava o exercício de funções de proteção civil pelas Forças Armadas.

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-Execução de reconhecimentos terrestres, aéreos e marítimos e prestação de

apoio em comunicações.

No que aos incêndios florestais diz respeito e de acordo com Relatório de

segurança interna16 de 2015 o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais

(DECIF) desse mesmo ano contou com a colaboração das Forças Armadas, as quais ao

abrigo do Plano Lira do Exército17, empenharam um efetivo de 38 pelotões militares e 14

destacamentos de engenharia em ações de combate indireto, vigilância, rescaldo e

consolidação da extinção de incêndios, o que se traduziu num total de 197 milhares e 172

veículos e equipamentos pesados de engenharia.

É ainda de referir que, no âmbito do SIOPS, o CCON 18 integra um representante

das Forças Armadas.

As Forças Armadas, no âmbito das suas missões de proteção civil, assumem um

papel de especial relevo na eventualidade de vigorar um estado de exceção constitucional

uma vez que, nos termos do artigo 59 da LBPC «em situação de guerra e em estado de

sítio ou estado de emergência, as catividades de proteção civil e o funcionamento do

sistema instituído pela lei, subordinam-se ao disposto na Lei de Defesa Nacional e na Lei

sobre o Regime do Estado de Sítio e do Estado de Emergência.»

Serviços de Segurança

Também os serviços de segurança são, como já vimos, nos termos da LBPC,

agentes de proteção civil e aqui incluem-se aqui, essencialmente, a Polícia de Segurança

Pública (PSP) e a Guarna Nacional Republicana (GNR). 19

16 Disponível em: http://www.portugal.gov.pt/pt/pm/documentos/20160331-pm-rasi.aspx 17 Plano de operações Lira: apoio do Exército na colaboração, em todo o território nacional, cm a estrutura de proteção civil através de ações que visam minimizar os efeitos dos incêndios florestais e ainda participar noutras ações relacionadas com a satisfação das necessidades básicas e melhora da qualidade de vidas das populações. 18 Estrutura responsável por assegurar assegura que todas as entidades e instituições de âmbito nacional imprescindíveis às operações de proteção e socorro, emergência e assistência previsíveis ou decorrentes de acidente grave ou catástrofe se articulam entre si, garantindo os meios considerado adequados à gestão da ocorrência em cada caso concreto, nos termos do disposto no artigo 3º do Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho. 19 Nos termos da Lei de Segurança Interna (Lei n.º 53/2008 de 29 de agosto) exercem funções de

segurança interna: a GNR, PSP, PJ, SEF e SIS (artigo 25º).

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As Forças de Segurança assumem um especial papel de prevenção,

especialmente no que toca à prática de ilícitos penais e contraordenacionais no que diz

respeito aos incêndios florestais

Assim, o Relatório de Segurança Interna relativo ao ano de 2015 (que cima já tive a

oportunidade de referir) foram contabilizadas perto de 49 000 ações de patrulhamento,

tendo sido detidos 131 indivíduos e registado 2821 contraordenações. Foram, ainda,

constituídos como arguidos 135 indivíduos.

A titulo de exemplo, pode-se referir que no DECIF de 2016 prevê-se a mobilização

de 338 efetivos da PSP apoiados por 48 viaturas.

No que às Forças de Segurança diz respeito, em especial à GNR, não posso

deixar de referir a existência dos Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS)

previstos no Decreto-Lei nº 22/2006, de 2 de fevereiro que consagra no âmbito da GNR o

Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), cria o GIPS e extingue na

Direção Geral dos Recursos Florestais (DGRF).

Atualmente os GIPS te sete Companhias de Intervenção de Proteção e Socorro

que se encontram distribuídos por onze Distritos de Portugal Continental. Estas

companhias de Intervenção de Proteção e Socorro efetuam a primeira intervenção em

incêndios nascentes através da utilização de meios aéreos, mais precisamente

helicópteros, que transportam uma equipa composta por 5 ou 8 militares que através da

utilização de material sapador iniciam o combate direto. A utilização destas Companhias é

feita mediante despacho do Comando Distrital das Operações de Socorro (CDOS) no

tempo máximo de 2 minutos. Existem ainda equipas de combate de intervenção

terrestre.20

Os GIPS intervêm ainda na busca de pessoas desaparecidas, em situações de

inundações, buscas em ambiente de neve entre outras. Caracterizam-se por ser uma

força altamente especializada e treinada nas mais diversas áreas de atuação da proteção

civil.

Uma das áreas em que é mais visível a atuação das forças de segurança, em

especial da GNR, é a área relacionada com a temática da proteção contra os atentados

ambientais e a prevenção de incêndios florestais. Neste âmbito, o Relatório de Segurança

20 Informação disponível em http://www.gnr.pt/atrib_GIPS.aspx

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Interna afirma que se realizaram em 2015 cerca de 3.164 ações de sensibilização

ambiental direcionados para a população estudantil e para a sociedade em geral, que

contaram com 41.921 presenças.

Conclusão A realização deste trabalho permitiu-me compreender um pouco melhor aquilo que

é a Proteção Civil em Portugal.

Com este trabalho pretendi analisar algumas das principais estruturas da Proteção

Civil (como a ANPC e o SIOPS), a importância da prevenção e os agentes de proteção

civil.

Com a realização deste trabalho posso concluir que a Proteção Civil em Portugal é

algo complexa, apresentando um grande numero de estruturas, agentes e entidades

dispersos por uma grande panóplia de diplomas legais. Isto em parte deve-se, na minha

opinião, ao facto de a Proteção civil ser uma área pluridisciplinar que envolve a

necessidade de envolvimento de várias entidades com competências especializadas.

Os Incêndios Florestais continuam a constituir um dos principais domínios que

obrigam a um permanente envolvimento da Proteção Civil e de todos os seus agentes

que concorrem para o seu combate. Sem prejuízo da importância dos outros agentes de

proteção civil, o papel dos corpos de bombeiros e dos próprios bombeiros é

absolutamente crucial nos vários tipos de operações de socorro às populações em

Portugal.

Muita havia ainda a dizer relativamente à aos incêndios florestais e aos agentes de

proteção civil, nomeadamente, seria interessante, por exemplo, analisar o papel dos

sapadores florestais.

A proteção civil é uma atividade absolutamente crucial tendo em conta a enorme

variedade de ricos e ameaças que podem ocorrer nos dias hoje. Ameaças e riscos esses

que, não obstante terem origem em causas naturais, são atualmente agravados pela

atuação Humana.

A função de Proteção civil, eminentemente ligada à necessidade de segurança dos

cidadãos e dos seus bens perante a ocorrência de determinados fenómenos, é uma

função do Estado e apresenta-se como um dos pilares do conceito mais abrangente de

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Segurança Nacional. Mas a Proteção Civil apresenta-se ainda como algo que compete a

todos nós enquanto cidadãos, principalmente no que à prevenção diz respeito.

Bibliografia AAVV, Os grandes Incêndios Florestais e os Acidentes Mortais ocorridos em 2013

– Parte I, Centro de Estudos sobre incêndios florestais. ADAI/LAETA. Departamento de

Engenharia Mecânica Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra.

Disponível em http://www.bombeiros.pt/wp-

content/uploads/2013/12/Relat%C3%B3rio_IF2013_parte1.pdf

Amaro, António Duarte (2009) O socorro em Portugal: Organização, formação e

cultura de segurança nos corpos de bombeiros, no quadro da Proteção Civil, Tese de

doutoramento em Geografia Humana, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Autoridade Nacional de Proteção Civil (2008) – Glossário de Proteção Civil, 2009.

Disponível em: http://www.prociv.pt/GLOSSARIO/Documents/GLOSSARIO-

31_Mar_09.pdf

Autoridade Nacional de Proteção Civil - Diretiva Operacional nº 2 – Dispositivo

Especial de Combate a Incêndios Florestais. Disponível em:

http://www.portugal.gov.pt/media/18859123/20160331-rasi-2015.pdf

Francisco, Nelson, Ensaio sobre os Corpos de Bombeiros e os Incêndios

Florestais. CEDIS Working Papers, Nº 34º, maio de 2016. Disponível em:

http://cedis.fd.unl.pt/wp-content/uploads/2016/05/CEDIS-working-paper_DSD_ensaio-

sobre-o-corpo-de-bombeiros-e-os-inc%C3%AAndios-florestais.pdf

Lourenço, Nelson, Segurança interna (2015) in Gouveia, Jorge Bacelar e Santos,

Sofia Santos (coordenação), Enciclopédia de Direito de Segurança. Volume I, Almedina,

2015.

Relatório de Segurança Interna 2015. Disponível em:

http://www.portugal.gov.pt/media/18859123/20160331-rasi-2015.pdf

Legislação Consultada Constituição da República Portuguesa

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Lei de Bases da Proteção Civil - Lei n.º 27/2006, de 3 de julho com as

alterações introduzidas pela Lei Orgânica nº 1/2011, de 30 de novembro e da Lei 80/2015

de 3 de agosto;

Lei Orgânica da ANPC - Decreto-Lei 73/2013, de 31 de maio com as

alterações decorrentes Decreto-Lei n.º 163/2014 de 31 de outubro;

SIOPS - Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho, e alterado pelo Decreto-Lei n.º

114/2011, de 30 de novembro e pelo Decreto-Lei n.º 72/2013, de 31 de maio Decreto-Lei

n.º 72/2013, de 31 de maio;

Decreto-Lei n.º 247/2007, de 27 de junho que define o regime jurídico aplicável à

constituição, organização, funcionamento e extinção dos corpos de bombeiros, com as

alterações decorrentes do Decreto-Lei nº 248/2012, de 21 de novembro.

Decreto-Lei nº 241/2007, de 21 de junho com as alterações decorrentes da Lei nº

48/2009, de 04 de agosto e do Decreto-lei nº 249/2012, de 21 de novembro que

estabelece o Regime Jurídico Aplicável aos Bombeiros Portugueses no Território

Continental;

Lei Orgânica n.º 1-A/2009 de 7 de julho que prova a Lei Orgânica de Bases da

Organização das Forças Armadas, com as alterações decorrentes da Lei Orgânica n.º

6/2014 de 1 de setembro

Lei de Segurança Interna - Lei n.º 53/2008 de 29 de agosto

Decreto-Lei nº 22/2006, de 2 de fevereiro que consagra no âmbito da GNR o

Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, cria o GIPS e extingue na Direção Geral

dos Recursos Florestais (DGRF).

Sítios Internet ANPC

http://www.prociv.pt/AutoridadeNacional/Pages/MensagemDoPresidente.aspx

Guarda Nacional Republicana

http://www.gnr.pt/atrib_GIPS.aspx

Instituto Nacional de Estatística

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DIREITO, SEGURANÇA E DEMOCRACRIA

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https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0

008232&contexto=bd&selTab=tab2

Liga dos Bombeiros Portugueses

http://www.bombeiros.pt/cronica-semanal/os-bombeiros-3.html/