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Discussão acerca da América do norte, utilizada como...
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CENTRO DE EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIADISCIPLINA: HISTÓRIA DA AMÉRICA III
TURNO: NOITEPROFESSOR: BRUNO GAUDÊNCIO
ALUNO: ____________________________________________________
AVALIAÇÃO DA I UNIDADE (10 pontos)
1- A partir da leitura dos textos Héctor Bruit (1988), Marco Antônio Villa (1984) e Carlos Alberto Barbosa (2006), analise historiograficamente os três textos enfatizando as semelhanças e as diferenças de ambos no enfoque sobre a Revolução Mexicana.
2- Durante a disciplina de História da América III discutimos nesta I Unidade dois textos de Sean Purdy (2007), presentes na coletânea organizada pelo Leandro Karnal “História dos Estados Unidos”. A partir de leitura dos textos “A era progressista: 1900-1920” e “Décadas da discordância: 1920- 1940”, analise o contexto sociocultural e político dos Estados Unidos das primeiras décadas do século XX, enfatizando as questões dos movimentos sociais presentes.
3- Compare as abordagens sobre o governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-1945) presentes nos textos: “Décadas da discordância: 1920- 1940”, de Sean Purdy (2007) e “A Era Roosevelt”, de Antônio Pedro Tota (2009).
4- Antônio Pedro Tota (2000,2009) é um dos maiores especialistas na História dos Estados Unidos, em especial do século XX. Discuta dos textos “Uma verdadeira ‘fábrica de ideologias’: O Office of the Coordinator of Inter-American Affairs” e “Vendo tudo Vermelho: paranoia e anticomunismo”, contextualizando as estratégias governamentais de controle e combate ideológico durante e depois da Segunda Guerra Mundial.
OBSERVAÇÕES: DATA DE ENTREGA: 30 de Outubro (Quinta-feira) – Deixar na
Coordenação de História (3°Andar-CIA). ESCOLHA DUAS QUESTÕES. ESPECIFICAÇÕES: Os textos (somados as duas respostas) devem ter uma
extensão de 5 a 10 páginas (não contando a capa) e devem ser entregues digitados.
NORMAS ABNT: Times New Roman, Tamanho 12, Espaçamento 1,5, Justificado, Margens: superior e inferior: 2,0; esquerda e direita, 3,0.
Boa Sorte!
2- Os dois textos abrangem um período de 40 anos da história norte-americana,
contidos no conturbado século XX, dando amplo destaque as tensões sociais geridas
pelos avanços tecnológicos e econômicos do país, que atraiam imigrantes de todo o
mundo. Entretanto, devemos destacar também as tensões geradas por todo o contexto
histórico dos EUA que descrimina e exclui todos aqueles que não são estão incluídos no
ideal de cidadania, ou seja, negros e imigrantes estão alheios ao padrão de vida norte-
americano. Além desses dois grupos, podemos destacar também a exclusão das
mulheres e daqueles que apresentam discordâncias ao sistema político e econômico
atuante. Mas, essas tensões não foram uniformes durante todo o período estudado.
No começo do século XX, os EUA aparecem perante todos com o maior poder
econômico do mundo. A imigração massiva do final do século XIX proporcionou a
consolidação dos grandes centros urbano como nova York e Chicago. Além disso, o
governo, aliado as elites econômicas, lança projetos imperialistas visando o controle e a
exploração de territórios da américa latina. Todo esse movimento foi embasado no
darwinismo social que instituía o lugar de superioridade aos exploradores (EUA) e de
inferioridade aos explorados (países latino americanos), segundo o sucesso político e
econômico do país norte-americano e da fraqueza dos outros países americanos. O
darwinismo social também promove a exploração da classe trabalhadora e legitima
politicas discriminatórias, apresentando tudo isso como um estado natural da sociedade.
Todo esse período, conhecido como Era Progressista1, estava repleto de contradições e
isso ficaria evidente durante os anos da Primeira guerra mundial. Em meio a tantas
mudanças, escritores e artistas começam a criticar as condições sociais do país e
começam a elaborar suas próprias noções de liberdade e de sonho americano.
Após a guerra de Secessão, os EUA viveram um impulso industrial bastante
forte, gerindo a consolidação de uma elite econômica reconhecida internacionalmente.
Seguindo o avanço industrial, o país expandiu suas linhas férreas e consolidou seu
mercado financeiro. Porém, deve-se destacar os problemas desse rápido
desenvolvimento em que inexistia-se uma legislação trabalhista. Os “capitães da
indústria”, como denomina Sean Purdy, mantinham sobre suas mãos o poder de
regulamentar a sua própria prática empregativa. Dessa forma, como podemos imaginar,
os abusos eram constates: horas excessivas de trabalho, baixos salários, péssimas
condições dos locais de trabalho, entre outros. Muitas empresas empregavam
preferencialmente mulheres e crianças, pois os salários eram mais baixos que os dos
1 Período que vai de 1900 até 1920.
homens. A exploração dos patrões não enfrentava, inicialmente, muitos problemas, pois,
a divisão ideológica dos primeiros sindicatos eram evidentes, cada grupo lutava por
melhorias para seus grupos, não para os outros.
Para atender ao crescimento econômico do período posterior a Guerra de
Secessão, a mão de obra imigrante era de vital importância, pois trazia consigo uma
identificação ao trabalho industrial, tendo em vista que a enorme quantidade de negros
que receberam a alforria nos EUA não possuíam conhecimento acerca do trabalho
fabril, sua vida toda viveu em fazendas ou desempenhando atividades domésticas. Além
disso, podemos supor uma preferência pela cor da pele, já que o ódio racial era algo
bastante forte na sociedade daquele período. Era comum os imigrantes se submeterem
ao processo de adaptação cultural, visando uma inserção na sociedade norte-americana
em que muitos adotavam o american way of life. Mas o que as autoridades norte-
americanas não esperavam era que esses imigrantes trouxessem consigo suas práticas
culturais e, principalmente, suas ideias políticas, que muitas divergiam do ideal norte-
americano de ser.
Nesse mesmo período, as tensões raciais adquiriram números alarmantes, com a
prática de linchamentos contra negros que culminaram com o êxodo dos negros do sul
para o norte do país. “A maioria dos migrantes negros eram da geração pós-Guerra
Civil: insatisfeitos e impacientes, não queriam se acomodar a papéis subservientes”
(PURDY, p. 183, 2007). Essa migração para o norte proporcionou o surgimento de
bairros negros, excluídos pelos brancos e acreditando na aglomeração entre iguais como
forma de luta contra o preconceito. É nesse momento que o Jazz e o Blues emergem
denunciando através da música a injustiça e a discriminação, muitas vezes buscando
referencial no passado de escravidão.
As desigualdades e a miséria proporcionaram enormes questionamentos e
protestos. É nesse momento que surge o grupo conhecido como wobblies como
alternância ao sindicalismo tradicional (e desunido).
Influenciado pelos ideais anarcossindicalistas circulantes na Europa na época, e com elas contribuindo, seu objetivo último era formar “um grande sindicato” de todos os trabalhadores e promover uma greve geral nacional que permitiria a tomada do poder pela classe trabalhadora. (PURDY, p. 185, 2007)
Os wobblies sofreram grade repressão por parte do Estado e dos patrões, que
responderam através de protestos a favor da liberdade de expressão a exemplo da greve
de 1912 em que 20 mil imigrantes pararam de trabalhar.
Além da influência anarquista, o socialismo estava também presente na
América. Fundado em 1901 por sindicalistas intelectuais, o Partido Socialista da
América misturava ideias marxistas com as necessidades sociais do país, visando um
melhoramento da qualidade de vida do trabalhador. O partido sofreu enorme repressão
no período da Primeira Guerra Mundial, onde a revolução social eclode na Rússia e o
temor das ideias socialistas se espalham por todo o globo.
Em meio a tantos questionamentos, as mulheres também começam a questionar
o seu lugar social, iniciando uma luta pelo sufrágio feminino. Entretanto, devemos ter o
conhecimento de que essa era uma luta limitada, pois restringia-se ao ideal de voto
feminino e não pelo fim das desigualdades. Era bastante frequente encontrar
“feministas” brancas que lutavam pelo direito ao voto para a mulher branca, elas
questionavam algumas condições, mas reforçavam outras.
Todas essas lutas por direitos sociais, influenciaram o movimento reformista que
instituiu restrições aos poderes da elite econômica e criou uma legislação trabalhista que
melhorava a vida de trabalhadores de alguns setores. Entretanto, é de suma importância
compreendermos que as mudanças proporcionadas pelo reformismo se revelaram de
forma limitada em que alguns setores estavam alheios a essas melhorias. O movimento
progressita se imbuia da tarefa de, através da intervenção estatal, “busca pela melhoria
da qualidade de vida”, entretanto, não foi isso que aconteceu, essa intervenção veio
recheada de repressão aos movimentos sociais e de autoritarismo.
É no período da Primeira Guerra Mundial que os a intervenção estatal vai revelar
seu momento mais repressivo, pois, baseado em um patriotismo, incitava através das
propagandas, uma “caça aos vermelhos” (comunistas) que apresentavam um ideal
diferente daquele apresentado pelo Estado Norte-americano. Em 1918 é instituída uma
restrição à liberdade de impressa, visando a contenção das ideias ‘vermelhas”. Nesse
período temos a prisão e expulsão de imigrantes e norte-americanos ligados a ideais
“subversivos”.
Em 1919 algo novo surge, os negros não só apanharam de brancos, eles agora
reagiram. Essa resistência a violência pode ser entendida como uma nova forma de ser
negro, a partir da perspectiva do próprio negro.
Em 1920 chega ao fim a era Progressista, onde encontramos um crescimento
econômico e o retorno ao conservadorismo. O crescimento econômico é gerido pela
Guerra, em que os EUA aumentam seu número de exportações para atender ao mercado
dos países destruídos pelo conflito. O sucesso da economia enchia os olhos de uma
população que sonhava com uma vida melhor.
Circulava entre as massas produtos antes restritos aos ricos e o american way of
life tornou-se o slogan exaltado do período. A nova indústria de marketing disseminou a
ideia de liberdade associada ao consumo, onde a felicidade só poderia ser encontrada
através do consumo. Mesmo assim, deve-se notar que havia uma má distribuição de
renda e que nem todos podiam –mas faziam o possível e o impossível para conseguir-
ter acesso aos produtos oferecidos pela mídia. Nesse mesmo momento, encontramos nos
EUA a ausência de um mercado eficiente e uma grande aglomeração nos centros
urbanos, motivados pelo crescimento do agronegócio.
De 1920 à 1932 a política de econômica instituída era o Livre Mercado, onde a
classe empresária via-se contrária a regulação estatal da economia. A ausência de uma
intervenção estatal permitiu o crescimento da especulação financeira e o estacionamento
das leis trabalhistas.
O preconceito também se fortalece, com a presença marcante das ideias
antissemitas e eugenistas. O movimento chauvinista ganha destaque. A partir de visão
ultranacionalista, o movimento consegue a adesão de grande parte dos americanos,
levando a aprovação de leis de restrição a imigração e ao policiamento das fronteiras.
Programas de americanização também são colocadas em prática, visando a
transformação dos imigrantes em americanos, através de cursos de formação cultural.
A elite intelectual critica o modo de vida americano, questionando o
conservadorismo religioso, a lei seca (que levou a consolidação de um mercado negro) e
ao ressurgimento do Ku Klux Klan (que evidencia o lado mais radical do preconceito
racial nos EUA). Estes intelectuais começam a usar a arte e a música como forma de
crítica social.
Em 1929, explode nos EUA a maior crise econômica do mundo capitalista.
Todos os ideais da american way of life caem por terra, em um momento em que a
pobreza e a miséria se disseminam por toda a sociedade. Temos nesse momento um
aumento do preconceito racial, de gênero e um acirramento de ideias xenofóbicas. Os
brancos começam a ser empregados em funções antes destinadas aos negros (isso
contribuiu para o aumento da tensão raciais) e imigrantes começaram a ser deportados
para o México.
O presidente Franklin Delano Roosevelt apresenta em 1933-1934 o primeiro
New Deal, em uma tentativa de controlar a crise, o plano fracassou. Em 1935 o segundo
New Deal é lançado e esse se revela um sucesso, promovendo um melhoramento na
qualidade de vida da população e, com isso, uma confiança no progresso.
A década de 1930 nos EUA é conhecida como a “Década Vermelha”, onde uma
elite intelectual empurrou o reformismo de Roosevelt mais para a esquerda. A crescente
influência da esquerda pode ser entendida como uma alternativa para os horrores da
crise econômica. Nesse período, alguns sindicatos de esquerda organizaram esquemas
de autoajuda e promoveram alguns protestos desorganizados entre 1930 e 1933. Os
movimentos eram reprimidos pelos governantes locais com bastante violência. Em
1934, grandes greves explodem sob a liderança de socialista e comunistas. Inicia-se a
sindicalização em massa. O Congresso de Organizações Industriais (CIO) surge como
uma central sindical alternativa, que aderiu ao New Deal. O fim dos anos 1930 é
marcado pela adesão de líderes sindicais à política de colaboração. As Décadas de
Discordância (1920-1940) chegam ao fim.
4- O historiador Antônio Pedro Tota apresenta em seus textos uma leitura acerca
das estratégias promovidas pelo governo norte-americano como forma de controle e
combate ideológico nas américas durante e depois da Segunda Guerra Mundial. O autor
apresenta em sua pesquisa o interesse desenvolvido pelos EUA sobre o que era
transmitido ao Brasil, temendo a influência alemã no maior país do cone sul das
américas.
Em 1935 é aprovada o Ato de Neutralidade, e que os EUA não deveria participar
dos conflitos alheios ao se país. A opinião pública temia uma nova crise econômica que
surgiria no período pós-guerra, seguindo a lógica da Primeira Guerra Mundial, além
disso não era interessante o sacrifício de jovens americanos em uma guerra que não é
sua.
Até 1940, a política exterior dos Estados Unidos era orientada pelo
isolacionismo e pelo neutralismo. Mas, com a derrota da França para a Alemanha
nazista, muda-se os rumos. Prevendo a entrada do país no conflito, o governo aprova a
Lei de recrutamento em tempo de paz, com a finalidade de treinar e preparar um
exército para defender o país caso alguém o atacasse. Nesse mesmo ano, o governo
norte americano aprova a Lei do empréstimo e arrendamento, que permitia o
financiamento norte-americano da empreitada inglesa contra a Alemanha. O ano de
1940 também é marcado pelas eleições presidenciais que culminaram com um
estreitamento das relações com a América Latina. A campanha do presidente Roosevelt
é financiada, em partes, pelo multimilionário Nelson Rockfeller
Rockfeller, que havia se tornado presidente do Museu de Arte Moderna
(MOMA), foi aos poucos transformando o MOMA em um território livre para as
manifestações artísticas da América Latina. Esse multimilionário era bastante sensível
as relações com a américa Latina, ele entendia que era preciso uma mudança sob a
forma como os EUA eram vistos pelos latinos, a fim de combater o antiamericanismo
que certamente atingiria os seus negócios.
Quando a Alemanha invade a Dinamarca, os Estados Unidos percebem que a
fraqueza dos países vizinhos era uma ameaça ao seu país. Nesse sentido, são criadas
comissões de desenvolvimento com a finalidade de promover as potencialidades
econômicas das outras repúblicas americanas, combatendo a miséria e promovendo o
progresso.
Com o intuito de combater o avanço da influência do Eixo nas Américas,
Rockfeller propõe a criação de um programa que deveria combater e controlar por vias
pacificas o antiamericanismo. Entendendo que a partir do momento em que as
economias latino-americanas se tornasse mais competitivas, o totalitarismo seria
distanciado desses países. Para sua realização, o programa promoveria a integração do
governo federal americano com a iniciativa privada. Era uma forma de o governo norte-
americano controlar os países latinos de forma pacifica e sem muitos gastos, onde o
poder financeiro do Nelson e a independência de seu grupo em relação a burocracia se
revelaria como um organismo mais forte.
Em 1940 é criado o Office of the coordinator of inter-american affairs. Um ano
depois a agência muda de nome, ela passa a se chamar Office for Coordination of
Commercial and Cultural Relations between the Americas e aumenta-se a autoridade:
de escritório de coordenação passasse a escritório do coordenador.
Inicialmente a agência tratou de afastar os produtos alemães da América Latina,
favorecido pelo bloqueio europeu oferecido pela Inglaterra aos alemães. Vários
produtos americanos começaram a ser comprados pelos EUA, visando uma
movimentação monetária.
Com o ataque japonês a Pear Harbor e a entrada dos EUA na guerra contra o
Eixo (1941), aumenta-se o número de exportações do país norte-americano, ou seja,
aumenta-se a influência dos Estados Unidos. Com o aumento das exportações,
presenciamos a difusão do modo de vida americano para a América Latina.
Rockfeller entendia que o principal meio de transmissão ideológica nesse
período se dava pelas comunicações, pois percebia que o controle sobre as
comunicações significaria Poder. A imprensa e a propaganda impressa eram meios
importantes para a divulgação dos princípios do americanismo transmitido pelo Office.
Nelson tinha de combater nas américas com agências alemãs que já havia
percebido a importância da propaganda para a formação da opinião. A estratégia
propagandística da agência incluía a publicação de brochuras, panfletos e revistas onde
apresentavam os EUA como a fortaleza da democracia continental, tratava-se de uma
imprensa antinazista e pró-norte-americana.
Por razões ideológicas e mercadológicas, com o decorrer da guerra, presencia-se
um aumento nos investimentos sobre a propaganda. As propagandas tentavam mostrar o
lado “bom” da guerra, onde as tecnologias militares desenvolvidas em tempo de guerra,
seriam revertidas a sociedade em tempos de paz sob a forma de produtos que
melhorassem a qualidade de vida das pessoas (ou a facilitassem). O trabalho era
apresentado como a solução para a guerra.
Em 1942 chega ao Brasil a revista Seleções, o sorvete Kibon e a Coca-Cola.
Anúncios e artigos celebravam o American way of life, cada vez mais os brasileiros
consomem produtos e a cultura norte-americana. Para evitar equívocos de interpretação
cultural, Nelson envia estudiosos para observarem as práticas culturais de diversos
países da América Latina. Rockfeller dedicou especial atenção ao cinema e o rádio.
Dentro do Office existia a divisão de cinema, que contava com o apoio de
Carmen Miranda e de Walt Disney. Com o bloqueio britânico, Nelson ficou livre de
concorrência nas américas. A divisão tinha a função de censurar alguns materiais
produzidos que não se encaixassem no ideal estabelecido por Nelson, de adaptar alguns
filmes para o português e para o espanhol e de propor a difusão de uma boa imagem dos
países latino-americanos.
Filmes, cinejornais e documentários norte-americanos eram apresentados no
Brasil com a finalidade de estabelecer uma boa relação com o país e para disseminar o
modo de vida americano. Nelson pensava na inclusão e reparação dos latinos como
forma de melhoramento das relações.
A Divisão de Rádio tinha como objetivo combater as ondas de rádios alemãs que
chegavam até a América Latina, propondo uma assimilação cultural entre as nações
latinas e a Alemanha. Segundo o Office, era sua função promover uma opinião pública
informada e livre da influência do eixo. Nelson compreendia a importância do rádio,
pois percebia que era o único meio de comunicação capaz de atingir todos os grupos
sociais.
Controlando o rádio, Rockfeller promove a difusão do modo de vida americano
e da resistência frente ao Eixo, através do radiojornal (1941) e de programas de
variedade como por exemplo o Magazine no ar que era um programa de variedades.
Utilizando esse meio de comunicação, tentava convencer os latinos que os americanos
queriam criar e não explorar.
Outra medida adotada foi o oferecimento de bolsas a professores latinos que
deveriam estudar nos EUA e consequentemente levar as ideias desse país. O Brasil,
nesse momento, recebe escolas de Inglês que deveriam preparar futuros profissionais
para trabalhar em intercambio com os EUA.
Mas, como deve-se imaginar, todo esse poder que estava concentrado sobre as
mãos de Nelson atraia inimizades e intrigas. Rockfeller entrou em um atrito com o
Departamento de Estado desde o momento da criação do OCIAA. Onde ambos os
Offices desejavam o controle sobre a difusão de filmes e pelo controle sobre a Rádio
difusão da América do Sul.
Em 1941 é criado o serviço de inteligência norte-americano (OSS). O chefe da
OSS, Donavan, vivia em atrito com Nelson, lutavam pelo controle sobre a prática de
espionagem nas américas. Devido a amizade entre Nelson e Roosevelt, Donavan tem
seu poder de influência subtraído, deixando o serviço de espionagem das américas com
Rockfeller, o restante do globo estava sob a influência de Donavan. Terminando a
Guerra, outras problemáticas deveriam ser trabalhadas pelos norte-americanos.
Deixando de lado o Office de Rockfeller, passamos a analisar as estratégias
anticomunistas praticadas pelo Estado norte-americano no período pós-guerra. A
bomba de Hiroshima e Nagasaki (1945) traziam uma mensagem consigo: os americanos
eram um povo a ser temido. Pela primeira vez na história, o tamanho do poder militar de
um país não era calculado pelo tamanho de seus exércitos.
Com o fim da guerra o mundo se divide entre os países sob influência norte-
americana e os países sob influência soviética. Segundo os países capitalistas, uma
“cortina de ferro” separava o mundo soviético do mundo livre, onde os EUA
desempenhavam o papel de Policial Planetário e uma luta contra o Mal (URSS). As
relações entre as duas grandes potências são marcadas pela cautela, pois, se uma guerra
fosse gerada entre elas a destruição planetária seria eminente. O Estados Unidos vão se
organizar em torno de uma política de contenção.
Nos Estados Unidos é aprovado o Plano Marshall que propunha a reconstrução
da Europa, evitando dessa forma uma possível inclinação dos países destruídos ao
comunismo soviético. A potência capitalista também tem a preocupação de exercer sua
influência sobre as colônias africanas e asiáticas, que haviam ficado livres da
dominação imperialista. Entretanto, o mais interessante dos cuidados americanos acerca
da política externa no pós-Guerra foi o de promover a reconstrução do Japão, para evitar
o surgimento de um revanchismo e para possuir um ponto estratégico no Pacífico Norte.
Com a vitória do comunista Mao Tsé-Tung em 1949, os EUA se veem
preocupados com a balança de influência. Um ano depois, motivados pelo sucesso da
revolução chinesa, a Coreia do Norte (socialista) invade a Coreia do Sul (capitalista). Os
EUA temendo o avanço do “comunismo” apoia a reação sul-coreana. Como resposta a
entrada da potência capitalista no conflito da Coreia, a China entra no conflito em apoio
a Coreia do Norte. Em 1953, com a morte de Stalin, os generais norte-coreanos se
demonstram mais propícios a assinar um armistício, selamento de paz que anteriormente
não era aceito pelo Norte.
Tanto armas quanto a propaganda foram de vital importância durante a Guerra
Fria. O medo guiava o país em uma luta onde ele representava o bem e o seu rival, o
mal. Foi semeado por todo os Estados Unidos a prática dos bons costumes que incluíam
o respeito a família, as autoridades e um ódio a União Soviética.
O anticomunismo serviu a potência capitalista como mecanismo de consolidação
da nação. Outros pilares dessa consolidação foram a fé na tecnologia e o medo da
aniquilação nuclear. Propagandas ensinavam as crianças como abrigar-se em caso de
ataque atômico. Nesse mesmo período foram vendidos inúmeros abrigos antiatômicos
que poderiam ser montados por qualquer um, era a tecnologia vencendo o medo
nuclear. O medo de um ataque nuclear proporcionou uma mudança na sociedade norte-
americana: O individualismo foi substituído pelo coletivismo em uma luta contra o
comunismo.
Hollywood desempenhou um papel importantíssimo na disseminação do medo e
do estabelecimento dos EUA enquanto defensores planetários. Diversos filmes foram
produzidos, cito a exemplo os filmes de invasão alienígena (Guerra dos mundos, O
planeta proibido, entre outros) que retratam, em resumo, a invasão dos EUA por seres
monstruosos e perversos e que no final são derrotados pelos norte-americanos. Os
alienígenas são construídos em analogia aos soviéticos.
A tecnologia surge nesse período como o representante da coesão nacional, pois,
essa era elaborada em um primeiro momento para o âmbito militar e posteriormente era
adaptada para o uso doméstico. A tecnologia era desenvolvida a partir da inteligência,
usava-se a inteligência como luta contra o mal.
Em 1957 os soviéticos, antes apenas odiados, passam a ser temidos, pois
constroem os misseis intercontinentais, que permitiam o lançamento de bombas com
ogivas atômicas ou nucleares sem o uso de um avião.
A destruição entre os EUA e a URSS seria algo mútuo e assegurado. Tratava-se
de uma destruição eminente. Em resposta a isso, muitos cineastas lançam filmes em
crítica à política suicida mantida por americanos e soviéticos, o exemplo apresentado
pelo Pedro Antônio Tota à essa crítica à política suicida é o filme Dr. Fantástico. Havia-
se a certeza de um fim eminente.
A Guerra do Vietnã foi a primeira televisionada, deve ser por isso que ela foi tão
passível de críticas, críticas bem mais profundas que as outras em que os EUA
participaram. Nesse momento, presencia-se no país a emergência de uma nova classe
média que migra dos campos e das grandes cidades para os subúrbios em um momento
em que a felicidade era encontrada em produtos modernos.
Nessa ebulição de sentimentos temerosos, o Rock e as histórias em quadrinhos
vão ser condenadas pelos mais conservadores, pois trariam à tona comportamentos e
pensamentos violentos e fora do padrão social do período.
As contradições emergentes desse período se revelam nos movimentos sociais
liderados por Martin Luther King e por Malcon X, que lutavam, apesar de suas enormes
divergências, pelo fim do preconceito e exclusão racial. Os Hippies também surgem
nesse período, criticando o modo de vida baseado no consumo, entretanto, não tardou
muito para o estilo Hippie ser absorvido pela lógica mercadológica capitalista e
transformado em produto de venda.