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P1 de Filosofia
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Prova 1: As ideias inatas em Leibniz
FLF 0113 - Introducao a Filosofia
A concepcao de Leibniz do conhecimento e de que a alma humana possuiideias e princıpios que sao inatos, isto e, que lhe estao previamente gravadose que os sentidos nao fazem senao fornecer ocasiao para que sejam descober-tos. Desta natureza sao as verdades necessarias, aquelas cuja demonstracaoindepende dos sentidos.
Para explicar essa concepcao, em oposicao a visao empirista da origem doconhecimento que compara a alma a lousas vazias, Leibniz a compara a umapedra de marmore com veios, que assinalam a priori a figura que lhe sera es-culpida. Dessa maneira, a figura e inata a pedra de alguma maneira, emboraseja necessario bastante trabalho para limpar os veios, fazendo-a aparecer.E dessa maneira que se apresentam as ideias inatas: como inclinacoes, dis-posicoes naturais da alma.
As ideias inatas sao para ele uma das coisas que diferencia o homem dosanimais irracionais: os animais sao puramente empıricos e esperam que aquiloque aconteceu uma vez, aconteca sempre que aquilo que os impressiona forsemelhante, como uma mera conexao de imagens em sua memoria; o homem,por outro lado, e capaz de formular, a partir das ideias inatas, proposicoesnecessarias e avaliar se subsistem as mesmas razoes para que o acontecimentose repita. E se um acontecimento pode ser previsto dessa maneira sem qual-quer experiencia anterior, para Leibniz “e manifesto que contribuımos comalgo de nosso para isto.”
O primeiro exemplo de ideia inata que e discutido, e a de Deus: a facili-dade que os homens demonstram em recebe-la e para ele um indıcio de queesta ideia e inata ao ser humano. Neste ponto, Leibniz cita dois exemplos:uma crianca nascida surda e muda que mostrava veneracao a lua cheia; enacoes que nao tinham aprendido nada de outros povos temerem poderesinvisıveis. Para se chegar dessas ideias ao conhecimento do verdadeiro Deus,bastaria algum ensinamento, para limpar os veios do marmore.
O filosofo ainda rejeita a concepcao de lousas vazias da alma observandoque sem as imagens de fora, a alma seria em si mesma inteiramente vazia,algo para ele inconcebıvel. Em seu sistema, as substancias simples (monadas)sao sempre unicas, nao se admitindo nenhuma que nao possa se distinguir
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das demais. Todas as coisas que se concebem como destituıdas de formas evariedade, como o vazio, o atomo ou a materia primeira resultam das nocoesincompletas dos filosofos. Da mesma maneira, nao se consegue dizer o queresta na alma depois de retirar-lhe as ideias. Ele recorda o caso do historiadorSleidan que esqueceu, antes de morrer, tudo aquilo que sabia: supondo queele rejuvenescesse e aprendesse tudo novamente, ele nao seria por isso outrapessoa, o que para Leibniz seria uma consequencia da concepcao de lousasvazias.
Ainda de acordo com seu sistema, a alma nao poderia possuir apenasa faculdade para receber as ideias e princıpios inatos. Para ele, nao existepotencia sem acao: a materia nao pode jamais estar sem movimento, comoa alma nao pode jamais estar sem pensamento. Assim, a mera potenciade conhecer as ideias inatas seria tambem uma ficcao resultante das nocoesincompletas dos filosofos.
Por meio destes argumentos e deste sistema, Leibniz acredita ter demon-strado que as almas, enquanto monadas, possuem ideias inatas, que as dis-tingue uma das outras, e que constituem a base de todas as verdades necessarias.Aqui se incluem a existencia de Deus, as conclusoes da aritmetica e da ge-ometria e muitas outras verdades da logica, da metafısica e da moral. Eleacredita com isso ter rejeitado a chamada tabula rasa dos filosofos.
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