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PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA
Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde on line 15 (2019.2)
Aula 66 – Parte 01/04
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
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Células-tronco embrionárias
Fecundação
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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A vida humana se inicia com a fecundação (concepção)
Com base no artigo 2º do Código Civil, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas por meio de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” é
proibida, porque a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção,
inclusive a vida que é um direito constitucional garantido a ele.
PROF. DR. JOSEVAL MARTINS VIANA
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Lei de Biossegurança (LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005)
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados no respectivo
procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou
que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos,
contados a partir da data de congelamento.
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§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou
terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo
e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
fevereiro de 1997. (Lei de transplante)
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Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde on line 15 (2019.2)
Aula 66 – Parte 02/04
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§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou
terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter seus
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética em
pesquisa.
§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo
e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
fevereiro de 1997. (Lei de transplante)
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RESOLUÇÃO CFM nº 2.168/2017
O tempo máximo de desenvolvimento de embriões in vitro será de até 14 dias
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Artigo 15 do CEM R ESO LU Ç ÃO CFM Nº2 2 17 DE 27/ 0 9/2018
§ 2º O médico não deve realizar a procriação medicamente assistida com
nenhum dos seguintes objetivos:
I - criar seres humanos geneticamente modificados;
II - criar embriões para investigação;
III - criar embriões com finalidades de escolha de sexo, eugenia ou para originar
híbridos ou quimeras.
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§ 3º Praticar procedimento de procriação medicamente assistida sem que os
participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o método
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Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde on line 15 (2019.2)
Aula 66 – Parte 03/04
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As técnicas de RA podem ser aplicadas à seleção de embriões submetidos a diagnóstico
de alterações genéticas causadoras de doenças – podendo nesses casos ser doados para
pesquisa ou descartados, conforme a decisão do(s) paciente(s) devidamente
documentada em consentimento informado livre e esclarecido específico. RESOLUÇÃO
CFM nº 2.168/2017
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Qual é o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre experiências e tratamento
com células-tronco embrionárias?
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.510 DISTRITO FEDERAL
29/05/2008
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Posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre as experiências com células-tronco
embrionárias
Não desrespeita o direito à vida.
É constitucional o emprego de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas para
fins terapêuticos.
Não pode ser comparado com o aborto.
Proporciona uma vida digna aos pacientes que necessitam de tratamento (direito à saúde)
–
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Artigo 6º da Constituição Federal
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
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CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL
As pesquisas com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos são
legítimas respeitando o constitucionalismo fraternal.
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O Ministro Fachin afirma que a fraternidade está relacionada ao diálogo entre o direito
e a vida pública.
Por sua vez, o então Ministro Carlos Ayres Britto explica que a fraternidade é o
“ponto da unidade a que se chega pela conciliação possível entre os extremos da
liberdade e da igualdade.”
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Continua ainda o então Ministro Carlos Ayres Britto explicando o constitucionalismo
fraternal, afirmando que consiste na “fase em que as constituições incorporam às
franquias liberais e sociais de cada povo soberano a dimensão da fraternidade; isto é, a
dimensão das ações estatais afirmativas, que são atividades assecuratórias da abertura
de oportunidades para os segmentos sociais historicamente desfavorecidos como, por
exemplo, os negros, os deficientes físicos e as mulheres, para além da mera proibição de
preconceitos”
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A operadora de plano de saúde é obrigada a cobrir o tratamento com
células-tronco?
Exemplo: Doença de Crohn
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Como se pacificou na jurisprudência, cabe ao médico assistente
determinar o procedimento necessário e que mais se adequa ao paciente,
sempre visando o bem maior que é a vida, tal como ocorreu. Também não
se pode cogitar ou exigir do profissional que, diante da necessidade de
adotar procedimentos imprescindíveis para debelar a doença, fique
condicionado a agir mediante a autorização do convênio.
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Plano de Saúde – Obrigação de Fazer – Aplicação do Código de Defesa do Consumidor – Paciente portador
de "mucopolissacaridose Tipo I", sendo indicado procedimento de transplante de células-tronco
hematopoiéticas (TCTH) – Sentença de improcedência – Insurgência do requerente, sob a alegação de que a
negativa em custear o tratamento se revela abusiva e foge do objeto do contrato; que o menor é portador de
doença extremamente grave e letal; que o tratamento foi prescrito por médicos especialistas e possui
indicação do Ministério da Saúde, como forma de cura da doença e manutenção da vida do paciente, não
podendo haver negativa sob o argumento de ausência de previsão no rol da ANS, que é exemplificativo –
Abusividade que deve ser reconhecida, pois negar-se tal cobertura, implicaria na negação da própria
finalidade do contrato que é assegurar a continuidade da vida e da saúde, deixando o prestador de serviços
de atuar com o cuidado próprio à sua atividade, especialmente em função da natureza a ela correspondente,
cautela que tem a ver com a própria dignidade humana e o quanto dela resulta, no tocante ao
convencionado– Expressa indicação médica para o tratamento – Danos morais configurados – Sentença
reformada – Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação Cível 1046134-90.2018.8.26.0114; Relator
(a): A.C.Mathias Coltro; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Privado; Foro de Campinas - 2ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 11/09/2019; Data de Registro: 12/09/2019)
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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE.
NEGATIVA DE COBERTURA DE PROCEDIMENTO PARA TRATAMENTO. PREVISÃO
CONTRATUAL PARA COBERTURA DA DOENÇA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE CONCLUIU
CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. NEGATIVA DE
COBERTURA. DANO MORAL CONFIGURADO. PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO. 1. Delineado pelas instâncias de origem que o contrato celebrado entre as partes
previa a cobertura para a doença que acometia o autor, é abusiva a negativa da operadora do
plano de saúde de utilização da técnica mais moderna disponível no hospital credenciado pelo
convênio e indicada pelo médico que assiste o paciente. 2. A orientação desta Corte Superior é
de que a recusa indevida ou injustificada pela operadora de plano de saúde em autorizar a
cobertura financeira de tratamento médico a que esteja legal ou contratualmente obrigada gera
direito de ressarcimento a título de dano moral, em razão de tal medida, agravar a situação tanto
física quanto psicologicamente do beneficiário. Caracterização de dano moral in re ipsa. 3.
Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp 1534265/ES, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 16/12/2019, DJe 19/12/2019)
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RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE.
DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
DO CORDÃO UMBILICAL DO RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL.
LEGITIMIDADE DA CRIANÇA PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL
CARACTERIZADO.
1. Demanda indenizatória movida contra empresa especializada em coleta e armazenagem de
células tronco embrionárias, em face da falha na prestação de serviço caracterizada pela ausência
de prepostos no momento do parto.
2. Legitimidade do recém nascido, pois "as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus à
proteção irrestrita dos direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito à integralidade
mental, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação" (REsp.
1.037.759/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe
05/03/2010).
3. A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para alguém a
frustração da chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda.
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4. Não se exige a comprovação da existência do dano final, bastando prova da certeza da
chance perdida, pois esta é o objeto de reparação.
5. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança que tem frustrada a chance de ter suas
células embrionárias colhidas e armazenadas para, se for preciso, no futuro, fazer uso em
tratamento de saúde.
6. Arbitramento de indenização pelo dano extrapatrimonial sofrido pela criança prejudicada.
7. Doutrina e jurisprudência acerca do tema.
8. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
(REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014)
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Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde on line 15 (2019.2)
Aula 66 – Parte 04/04 (2ª parte)
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Normas Técnicas sobre Reprodução Humana Assistida
RESOLUÇÃO CFM nº
2.168/2017
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A infertilidade humana é um problema de
saúde. Atinge 15% dos casais, segundo a
Organização Mundial da Saúde.
Implicações:
a) Médicas
b) Psicológicas
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• Idade Máxima: 50 anos
• Exceção: autorização do médico assistente
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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (na verdade Termos de Consentimento
Informado ou Termo de Consentimento Esclarecido)
• Conteúdo obrigatório
a) Detalhamento técnico (linguagem acessível)
b) Indicação dos resultados obtidos nas fertilizações “in vitro” (não esclarece se é da
clínica ou não)
c) As informações devem abranger informações biológicas, jurídicas e éticas.
PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA
ATENÇÃO
O documento de consentimento livre e esclarecido será elaborado em formulário
especial e estará completo com a concordância, por escrito, obtida a partir de discussão
bilateral entre as pessoas envolvidas nas técnicas de reprodução assistida.
PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA
É proibida a eugenia no Direito Brasileiro. Não se permite selecionar o sexo ou qualquer
outra característica do futuro filho, exceto para evitar doenças no possível descendente.
PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA
É proibida a fecundação humana (fertilização “in vitro”) com qualquer outra finalidade
que não seja a procriação humana. (Exemplo: hibridismo)
Cientistas espanhóis
criam ser híbrido de
humano e macaco na
China
Transferências de embriões
a) Mulheres até 35 anos: até 2 embriões
b) Mulheres entre 36 e 39 anos: até 3 embriões
c) Mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões
PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA
ATENÇÃO
Nas doações de oócitos e embriões, considera-se a idade da doadora no momento da
coleta dos oócitos, e o número de embriões a serem transferidos não pode ser superior
a quatro.
PROF. DR . JOSEVAL MARTINS VIANA