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Psicopedagogia
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Sábado, 8 de Março de 2014 1:20:32
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PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL: ASPECTOS HISTÓRICOS
SOBRE A FORMAÇÃO DE UMA ÁREA DO CONHECIMENTO
Tathiana Fernandes Biscuola Figueiredo, Luciana Roberta Donola
Cardoso, Eliane Porto Di Nucci
School Psychology and Educational: historical aspects of the formation
of an area of knowledge. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito parcial à obtenção do título de Psicóloga pelo Centro
Universitário Padre Anchieta.
RESUMO
A psicologia escolar é uma área ampla que envolve aspectos da
psicologia e da educação. Psicólogos escolares e educacionais são
aqueles que, devido a sua preparação universitária em psicologia e
experiências subseqüentes nas áreas escolar e/ou educacional,
trabalham para melhorar o processo ensino-aprendizagem no seu
aspecto global do desenvolvimento, através de serviços oferecidos a
indivíduos, grupos, famílias e organizações (Joly, 2000). Para tal,
realiza avaliações e intervenções visando à prevenção ou remedição
de problemas relacionados a: dificuldades de aprendizagem,
escolarização em todos os níveis, desenvolvimento humano, inclusão
de pessoas portadoras de necessidades especiais. Bem como faz
avaliação psicológica, atua na formação de professores e estuda a
história da psicologia. Este trabalho teve por objetivo levantar os
aspectos históricos sobre a formação da área do conhecimento da
psicologia escolar e educacional, bem como apresentar as questões que
cerceiam as práticas do psicólogo escolar e educacional.
Palavras-chave: Psicólogo Escolar e Psicologia Escolar.
ABSTRACT
The school psychology is a wide area that involves aspects of
psychology and education. School psychologists and educational are
those who, because of their preparation university in psychology and
subsequent experiences in the areas school and / or educational, work
to improve the teaching-learning process in its global aspect of the
development, through services offered to individuals, groups, families
and organizations (Joly, 2000). To that end, conducts assessments and
interventions aimed at the prevention or resolution of problems
related to: learning difficulties, education at all levels, human
development, including people suffering from special needs. Well how
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development, including people suffering from special needs. Well how
does psychological evaluation, operates in the training of teachers and
studying the history of psychology. This work was aimed at lifting the
historical aspects on training in the area of knowledge of the school
psychology and educational, as well as presenting the issues that
surround the practices of the school and educational psychologist.
Keywords: Educational psychology, school Psychologist.
INTRODUÇÃO
A psicologia escolar é uma área ampla que envolve aspectos da
psicologia e da educação, está em processo de desenvolvimento e faz
a interface entre psicologia e educação.
O psicólogo inserido na escola é responsável pela promoção de saúde
mental da mesma, atuando junto a todos os membros que fazem parte
da escola: alunos, educadores (diretores, professores e funcionários) e
os pais. O trabalho com estas pessoas é sempre contínuo e a
intervenção, sempre em grupo. O psicólogo atua não apenas na
remediação de problemas, mas também desenvolvendo trabalhos que
visem à prevenção dos mesmos. Por estar inserido na escola é preciso
que tenha conhecimentos relacionados à criança, suas fases de
desenvolvimento e de aprendizagem, e sobre o processo ensino-
aprendizagem.
Tendo em vista a importância do psicólogo escolar, é necessário que
pesquisas sejam desenvolvidas na área da psicologia escolar para
contribuir com a escola, com os alunos e a família. É através do avanço
da ciência que é possível aprimorar o processo ensino-aprendizagem, o
relacionamento entre os alunos, entre os alunos e a escola e entre o
aluno e a família e, em conseqüência, o relacionamento da família com
a escola. Para a melhoria do relacionamento e do processo ensino-
aprendizagem é preciso lapidar o papel do psicólogo escolar e as
possibilidades de intervenção visando à promoção da saúde mental na
escola, facilitando a aprendizagem dos alunos.
Os estudos relacionados à psicologia escolar proporcionam o
aprimoramento da literatura e das práticas possíveis e efetivas na
escola, contribuindo na construção do conhecimento da psicologia
escolar uma vez que ela ainda esta em desenvolvimento e muito longe
de ser concluída, já que o processo ensino-aprendizagem, a escola e os
alunos estão em constante mudança, não existindo uma padronização.
Com os estudos de levantamento bibliográfico do que esta sendo
publicado nessa área é possível verificar o que de real vem sendo
estudado e aplicado em psicologia escolar, construindo, assim, a
dimensão real e possível para a atuação do psicólogo dentro da escola,
a partir do que foi produzido e estudado nessa área.
Mediante experiências em escolas e ao longo da graduação foi possível
verificar que os psicólogos escolares têm práticas diferentes e por
estar inserida na área da educação, surgiu o interesse de estar
trabalhando com questões relacionadas com a psicologia escolar. Logo,
com o desenvolvimento da psicologia escolar e a construção de formas
com o desenvolvimento da psicologia escolar e a construção de formas
de atuação profissional.
Este trabalho teve por objetivo levantar os aspectos históricos sobre a
formação da área do conhecimento da psicologia escolar e
educacional, bem como apresentar as questões que cerceiam as
práticas do psicólogo escolar e educacional.
HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA ESCOLAR E
EDUCACIONAL
O título berço da Psicologia Escolar vem sendo reivindicado por muitos
países da América e da Europa, já que concepções, procedimentos e
iniciativas eram apontados, na mesma época, em diversos países, não
sendo possível afirmar qual seria este. Dentre os países da América
têm-se os Estados Unidos da América, e entre os países da Europa, Grã-
Bretanha, Suíça, Bélgica, Alemanha, Itália e França (NETTO, 2001).
A asserção acima é confirmada por Oakanld (1993) em seus estudos
quando afirma que isso se configurou devido à ocorrência de
modificações sociais, tanto na América quanto na Europa: a sociedade
que era basicamente rural, baseada na agricultura, passa a ser urbana,
baseada na indústria. Essas modificações originaram a expansão do
ensino público nas cidades e o aparecimento de problemas com
crianças e adolescentes menores de idade relacionados à negligência,
abandono, delinqüência e com isso a necessidade de profissionais
preparados para contribuir com a escola e com os órgãos jurídico-
legais, surgindo, dessa forma, os estudos relacionados ao conhecimento
psicológico e assim, a psicologia escolar (OAKANLD, 1993).
Os americanos não só se interessavam em estudar as diferenças
individuais como queriam verificar como estas interferiam no
desempenho escolar. No ano de 1882 Granville Stanley Hall, um dos
pioneiros da Psicologia Escolar nos EUA publicou o artigo intitulado “O
conteúdo da mente das crianças quando ingressam na escola” que foi
resultante do trabalho que realizou com classes de ensino elementar.
Em 1892/93 fundou a “National Association for the Study” (Associação
Nacional de Estudos Infantis) que tinha como objetivo estudar
problemas educacionais e de desenvolvimento e que possuía como
órgão de divulgação dos seus estudos e pesquisas a revista Pedagogical
Seminary (posteriormente denominada Journal of Genetic
Psychologicay). Vale ressaltar que esse interesse de Hall por temas e
problemas relacionados ao desenvolvimento das crianças e questões
educacionais consequênciou inúmeros relatos de pesquisas, artigos e
livros (BARDON e BENNETT, 1981; NETTO, 2001).
Os estudos desenvolvidos por Hall relacionados à criança fizeram com
que em muitos países fossem criadas sociedades de estudos de
crianças, o que contribuiu para reconhecer a importância do estudo
empírico da criança, a realização e a avaliação crítica de pesquisas e o
fortalecimento de laços entre a psicologia escolar.
Lightner R. Witmer, que juntamente com Hall é considerado pioneiro
da Psicologia Escolar nos EUA, iniciou as clínicas psicológicas para
crianças, sendo o fundador da primeira Clínica Psicológica dos Estados
Unidos, na Universidade de Penssylvania no ano de 1896. A clínica
fundada por Witmer, juntamente com suas concepções é reconhecida
como ponto de partida tanto da psicologia escolar quanto da psicologia
como ponto de partida tanto da psicologia escolar quanto da psicologia
clínica. Nesta clínica eram realizados trabalhos de avaliação
psicológicos individuais de crianças e adolescentes que eram suspeitos
de serem deficientes mentais, físicos ou morais. Um fator de destaque
na concepção de Witmer é o fato de considerar importante a influência
ambiental sobre o comportamento da criança e sobre o seu
desenvolvimento (NETTO, 2001)
Witmer fundou a revista The Psychological Clinic em 1896 com a
finalidade de divulgar os resultados de pesquisas e manteve a clínica
em funcionamento por mais de trinta anos. Witmer aponta que os
objetivos da clínica são: “a investigação dos fenômenos do
desenvolvimento mental em crianças escolares, como se manifestam
mais particularmente no retardamento mental e moral (...). Uma clínica
psicológica complementada por uma escola de treinamento com o
perfil de uma escola-hospital, para o tratamento de todos os tipos de
crianças retardadas ou com efeitos físicos que interferiam no processo
escolar... E oferecimento de condições para a realização e trabalhos
práticos às pessoas engajadas nas profissões de ensino e medicina, a
aos interessados em serviço social, na observação e no treino de
crianças normais e retardadas” (cit. em FRENCH, 1990, p. 3).
Outras pessoas também se destacam com relação à Psicologia Escolar
nos EUA, e estas pessoas são: H. H. Goddard (pioneiro em teste de
inteligência e no trabalho com subdotado e superdotados); Lewis M.
Terman (realizou trabalhos relacionados ao desenvolvimento de
superdotados e ampliação e modificação da Escola de Binet-Simon);
Arnold Gesell (recebeu o título oficial de Psicólogo Escolar). Vale
destacar que Gesell, em 1915, foi a primeira pessoa a receber o título
oficial de Psicólogo Escolar e o recebeu do Conselho Estadual de
Educação de Connecticut que lhe atribuiu a função de fazer avaliações
de crianças e recomendar tratamento e educação, originando assim, as
classes de educação especial que se propagaram por diversos países
(BARDON e BENNETT, 1981; NETTO, 2001).
Entre 1880 e 1890, as escolas dos EUA criaram classes chamadas de
regulares para aquelas crianças que não aprendiam ou não se
comportavam bem, sendo assim, a criação dessas classes foi o
resultado da aceitação das diferenças individuais e da exigência de
instrução universal para os jovens (BARDON e BENNETT, 1981).
A primeira definição de Psicologia Escolar surge na França no final do
século XIX, com o propósito de pesquisar, e realizar intervenções
concretas aos escolares (NETTO, 2001). Isso foi possível graças a vários
nomes como Alfred Binet, Henri Wallon, René Zazzo e Madame Gratiot-
Alphandery. Sendo que o “primeiro tratado de Psicologia Escolar” foi
publicado por Binet em seu livro Ideés modernes sur les enfantes
(GILLY, 1974).
Em 1904, neste país, inicia-se o desenvolvimento das escolas visando à
medição da capacidade intelectual do indivíduo, com Simon e Binet, e
a partir disso foram criados os testes de inteligência e de outras
capacidades, passando a ser aplicado nas escolas por psicólogos
(BARDON e BENNETT, 1981).
De acordo com Netto (2001) alguns nomes como Wallon, René Zazzo e
Gratiot-Alphadery foram de grande contribuição para a Psicologia
Gratiot-Alphadery foram de grande contribuição para a Psicologia
Escolar na França. Wallon, teve a iniciativa de efetivar a criação e
funcionamento de serviços de Psicologia Escolar que foi caracterizado
por René Zazzo nas escolas primárias e por Gratiot-Alphadery nas
escolas secundárias. Wallon juntamente com Langevin, após a 2ª Guerra
Mundial elaborou um projeto de reforma de ensino, sendo o primeiro
texto mundial a definir oficialmente a Psicologia Escolar como campo
específico de atividades de natureza psicológicas. A concepção
orientadora na efetivação da reforma de ensino supra citado foi de
Zazzo e Gratiot-Alphandery que visava uma intervenção psicológica
contínua e permanente com cada aluno (NETTO, 2001).
Em 1910, na França, os aplicadores e interpretadores de teste
receberam o nome de psicólogos escolares, iniciando-se assim o uso da
denominação psicologia escolar, tendo sido no mesmo ano, inaugurado
o serviço de orientação profissional nesse país (BARDON e BENNETT,
1981).
Na Alemanha as pesquisas e intervenções relacionadas a escolares data
do final do século XIX. No ano de 1895 Ebbinghaus estudou a
possibilidade de determinados horários escolares serem prejudiciais à
criança e com base nestes estudos introduziu na prática escolar a
experimentação. Já no ano de 1899 foi fundada a “Vereinfür
Kinderpsychologie” (União para a psicologia da criança) que tinha como
presidente Stumpf, originando a revista Zeitschrift für Pädagogische
Psychologie, que era dirigida por Kemsies. Muitos dos estudos e
postulações originários na Alemanha influenciaram o mundo todo,
podendo ser destacado os três volumes das Vorlesungen zur Einführung
in die Experimentale Pädagogik que falava sobre a pedagogia
experimental, publicada em 1904 por Ernest Meumann; o Instituto de
Psicologia Aplicada dirigido por Wilhelm Stern e a revista científica
que Stern publicava.
Um país que deve ter destaque é a Itália com Sante de Sanctis por ter
sido o pioneiro na criação de uma equipe interdisciplinar para o
atendimento de escolares “anormais e atrasados”, esta equipe era
composta por psicólogos, psiquiatra, professor especializado e
assistente social. E com Maria Montessori que foi a pessoa que teve a
maior repercussão internacional por ter criado a escola: “Casa dei
bambini” e dissertado sobre a mente absorvente dos pré-escolares que
são capazes de resolver problemas e de realizar atividades antes da
chamada educação formal (NETTO, 2001).
Outros nomes importante são Ferrari com a publicação, em 1894, da
Rivista di Psicologia Applicata allá Pedagogia (Revista de Psicologia
Aplicada à Pedagogia) que relacionava questões referentes a problemas
psicológicos e emocionais no aprendizado e no mesmo ano Paola
Lombroso lança a obra “La vita dei bambini” (BARDON e BENNETT,
1981; NETTO, 2001).
Uma obra que se destaca na história da Psicologia Escolar com origem
na Suíça é de Eduard Claparède, que dirigia o Instituto Jean Jacques
Rosseau, e trazia o atendimento e a pesquisa em escolares.
Posteriormente outros nomes importantes deram contribuições como
Bovet, Ferrière, Descoeudres e Jean Piaget. Na sua obra de 1909,
Psychologie de I’enfant et pédagogie experimentale, compilou o que
estava sendo produzido em vários países sobre temas relacionados ao
estava sendo produzido em vários países sobre temas relacionados ao
que hoje abrange a Psicologia Escolar (NETTO, 2001).
Os dois nomes de destaque na Inglaterra foram Francis Galton e Cyul
Burt. O primeiro fez pesquisas e contribuiu teoricamente para a
Psicologia Escolar e, além disso, criou em Londres, em 1886, um centro
de orientação infantil que era uma espécie de serviço psicológico. Já o
segundo, Burt, foi o primeiro Psicólogo Escolar da Inglaterra em 1913,
intitulado pelo “London County Council”. Segundo consta os ingleses
adotaram a terminologia Psicologia Educacional, ao invés da Psicologia
Escolar (NETTO, 2001).
Tratando-se do Brasil tem-se no ano de 1938, mesmo sem o
reconhecimento, neste país, da psicologia, o primeiro Congresso de
Psicologia no Brasil.
Em 1941, Mira y Lopez (psiquiatra cubano), pioneiro na psicologia
escolar no Brasil, publicou um livro sobre psicologia evolutiva da
criança e do adolescente. Em 1947 Mira y Lopez dirigiu o Instituto de
Orientação Profissional da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro e
publicou livros sobre orientação profissional. A literatura de Psicologia
aplicada à instituição escolar expandiu em 1950, e em 1962 foi
regulamentada a profissão do psicólogo e implementado nos currículos
da graduação a psicologia escolar (BARDON e BENNETT, 1981).
A ABRAPEE (Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional)
foi fundada em 1988 pela Dra. Solange M. Wechsler com o objetivo de
promover e aperfeiçoar a psicologia escolar no Brasil, muito pouco
divulgada até então (WECHSLER, 2001).
A psicologia escolar possui um processo de desenvolvimento comum,
apesar de não ter ocorrido de forma simultânea em todos os locais,
descrito a seguir. O processo de desenvolvimento divide-se em fases:
a primeira fase, no domínio da Psicologia Escolar, foi o emprego do
psicólogo como administrador de testes escolares, sobretudo os de
capacidade mental refletidos em escores de QI; a segunda fase foi o
psicólogo como clínico, diagnosticando e fazendo recomendações aos
professores e outros profissionais da escola, a terceira que acumula as
funções das duas fases anteriores, e com psicólogos dotados de uma
variedade de habilitações e conhecimentos que os amplia, de diversas
maneiras, num contexto específico que é a escola, sendo assim, o
psicólogo da terceira fase é resultante dos acontecimentos históricos
que o precederam e das condições e pressões antecedentes que
possibilitaram a sua existência (BARDON e BENNETT, 1981).
Mediante todos os dados históricos pontuados até o momento é
possível afirmar que a origem da psicologia escolar ocorreu a partir das
necessidades educacionais e escolares relacionadas aos problemas de
aprendizagem e de comportamento apresentados por diversos alunos
em diversas partes do mundo. O modelo tradicional da psicologia
escolar se sustenta na atribuição de culpa ao aluno, ou seja, problemas
de aprendizagem e de ajustamento de alunos dentro da escola são
explicados como conseqüência de dificuldades orgânicas, de
características individuais, de capacidade intelectual, de problemas
afetivos, de comportamentos inadequados, de carências psicológicas e
culturais, de dificuldades de linguagem, de desnutrição, falta de apoio
da família. Sendo assim, tem-se à construção de uma visão clínica para
da família. Sendo assim, tem-se à construção de uma visão clínica para
a atuação do psicólogo escolar. No entanto, é preciso desvincular essa
visão clínica do psicólogo escolar, esse caráter individualista e limitado
à resolução de problemas de aprendizagem, é preciso que, o psicólogo
escolar atue de forma coletiva também com orientação preventiva
(ALMEIDA, 2002; GOMES, 2002; MARTINS, 2003).
Todo o processo de desenvolvimento da Psicologia Escolar, desde o
seu nascimento, passando pelo desenvolvimento e chegando a forma
como se apresenta hoje, foi calcada em três signos: utilidade social,
controvérsia e unidade na diversidade. Com relação a utilidade social,
desde o surgimento da psicologia escolar o intuito era promover o
bem-estar humano, na promoção em crianças que estão em fase
escolar, abrangendo os alunos “comuns” e os de classes especiais e com
o tempo ampliou-se para atingir adolescentes, pais, professores e a
comunidade, ou seja, passou a abranger todos aqueles que de alguma
forma influenciam no processo ensino-aprendizagem do educando ou os
próprios educandos. Com relação à controvérsia, pela existência de
muitos enfoques, modelos e concepções na psicologia, e também pelas
variadas posturas e perspectivas da educação escolar e o papel que a
escola tem na sociedade. Além das diversas formas de compreender a
atuação do Psicólogo Escolar, tanto pelos psicólogos quanto pela
instituição. Por último, tem-se a unidade na diversidade, pois há uma
generalização a nível nacional e internacional dos pontos essenciais da
Psicologia Escolar (NETTO, 2001).
O QUE É PSICOLOGIA ESCOLAR?
Hoje tem-se, segundo o dicionário de Psicologia Dorsch (2001, p. 763)
a definição de Psicologia Escolar como a “aplicação de conhecimentos
psicológicos, especialmente dos pedagógicos e da psicologia do
desenvolvimento às exigências da escola, bem como a pesquisa e
prática psicológicas no âmbito da escola, por exemplo, o diagnóstico
das causas das dificuldades de aprender e sua eliminação ou a análise
psico-organicossocial e a melhoria dos processos entre as pessoas (por
exemplo, as relações de estima, cadeias do mundo), dos fatores
situacionais (por exemplo, clima da escola, atmosfera do grupo) e das
estruturas institucionais (por exemplo, tamanho das instalações e sua
distribuição, regulamentos, no tocante à escolha das disciplinas e à
avaliação do rendimento)”, logo o mesmo dicionário traz que o
Psicólogo Escolar é “o psicólogo que age e trabalha no espaço de vida
e das relações da escola (em sentido amplo), com as tarefas principais
de diagnóstico e solução de problemas que aparecem, no âmbito da
atividade escolar, entre alunos e/ou professores. De acordo com esta
descrição das tarefas, as atividades do psicólogo escolar visam também
a eliminar deficiências individuais, - enquanto aparecem assim
condicionadas - como a eliminar deficiências da instituição escolar”
(DORSCH, 2001, p. 784).
A ABRAPEE (Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional)
se posiciona quanto à compreensão de Psicologia Escolar e
Educacional, atestando que “entende por psicólogos escolares e
educacionais aqueles profissionais que, devido a sua preparação
universitária em psicologia e experiências subseqüentes nas áreas
universitária em psicologia e experiências subseqüentes nas áreas
escolar e/ou educacional, trabalham para melhorar o processo ensino-
aprendizagem no seu aspecto global (cognitivo, emocional, social e
motor) através de serviços oferecidos a indivíduos, grupos, famílias e
organizações” (JOLY, 2000, p. 52). Tem-se na literatura uma diferença
entre psicologia escolar e educacional que não é trazida no dicionário
citado anteriormente. De acordo com a ABRAPEE a distinção entre
psicologia escolar e psicologia educacional, esta calcado no fato da
atuação do psicólogo escolar estar mais voltada para intervenção na
prática, enquanto que a do psicólogo educacional se direciona,
geralmente, para as áreas de ensino e pesquisa.
O PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR
O profissional que trabalha com a psicologia escolar será o psicólogo
escolar que, mediante a sua formação, utiliza-se de métodos e técnicas
psicológicas para promover a melhora na qualidade e eficiência do
processo educacional, visando, não apenas a resolução de um
problema, mas também a promoção da saúde mental na escola
(NOVAES, 1972; REGER, 1986). Quando se fala em promoção de saúde
mental, se fala em promoção de bons relacionamentos interpessoais,
boa auto-estima, boas condições de aprendizagem/desenvolvimento,
facilidade de expressão, acesso à equipe pedagógica, preocupação
com os indivíduos e suas limitações. Sendo assim, como destaca Masini
(1981), o psicólogo deve ser não apenas uma pessoa treinada em
psicologia, como também treinada em educação, e se não for treinada
em ambas é preciso que seja treinada em uma e familiarizada com a
outra, para que possa desenvolver o seu trabalho satisfatoriamente, ou
seja, capaz de assistir e orientar professores e educadores no trabalho
com crianças. Essa orientação a professores deve estar relacionada a
forma como estes devem lidar e auxiliar aquelas crianças que tem
problemas relacionados a motivação, questões emocionais,
comportamentos inadequados em sala de aula a terem uma
aprendizagem satisfatória (MASINI, 1981).
O psicólogo precisa compreender a criança mediante o seu processo de
desenvolvimento, saber em qual estágio se encontra, que toda criança
passa por processos de mudanças e de que convive não apenas no
ambiente escolar, mas também em um contexto externo a este que é o
seu lar (ambiente social e familiar) composto por diversas relações.
Além desse conhecimento mais amplo é preciso que tenha o
conhecimento mais voltado ao processo educacional já que está
inserido no ambiente escolar, é preciso que saiba a história da
educação, quais as teorias existentes que a cerceiam e que tenha
conhecimento do método pelo qual a população com a qual trabalha irá
aprender. Apenas os conhecimentos relacionados à educação não são
suficientes, é preciso que tenha conhecimentos específicos de
psicologia que dizem respeito aos padrões de aprendizagem
apropriados para cada nível de desenvolvimento, entender a
importância da aprendizagem progressiva no programa de
desenvolvimento de currículo, entender as várias maneiras de ensinar
alunos de diferentes condições intelectual, social e emocional (MASINI,
1981).
1981).
Para atender a toda essa demanda é preciso que o psicólogo tenha
conhecimento tanto no âmbito prático quanto no âmbito teórico dos
procedimentos e princípios psicológicos. Vale destacar que estes
conhecimentos não podem ser desvinculados da realidade na qual está
trabalhando, ou seja, precisa ter conhecimento do funcionamento da
escola, dos seus objetivos e do nível cultural da comunidade que a
escola atende (MASINI, 1981).
Para ser, o psicólogo, profissional da educação é preciso ter
habilidades que estão envolvidas na atuação que são a capacidade
analítica que é a capacidade de identificar elementos inerentes ao
processo educacional e às metas da instituição escolar, de avaliar
necessidades e possibilidades de mudanças e de planejar intervenções
orientadas para tais mudanças; e ter capacidade instrumental que
envolve as habilidades técnicas assimiladas na formação acadêmica
(estratégias de intervenção, avaliação, observação) e habilidades
pessoais (comunicação, afetividade, interação). Mediante estas
habilidades necessárias é possível observar que o psicólogo não será
aquele profissional que irá permanecer apenas dentro de sua sala, ou
dentro da sala de aula, ele será um profissional que precisará estar
atento a tudo o que está acontecendo, em todos os ambientes da
escola, desde dentro da sala de aula, até no pátio, além do
conhecimento da realidade externa a esta que os alunos encontram no
dia-a-dia, quando fora da escola (PATTO, 1997).
Além disso, é necessário uma série de conhecimentos em outras áreas
do conhecimento, dentro da própria psicologia que não particulares da
psicologia escolar, e de outras áreas a fim de que o psicólogo escolar
possa desenvolver o seu trabalho de forma satisfatória. É preciso,
então, que tenha conhecimentos referentes a psicologia
organizacional, psicologia do desenvolvimento, psicologia da saúde,
trabalho ou clínica, como stress e ansiedade, psicologia social
referentes a questão dos grupos, psicologia da criatividade, além dos
conhecimentos próprios da pedagogia (MARTÍNEZ, 2006)
Como traz Masini (1981) o papel do psicólogo escolar se baseia em:
1. Desempenhar um papel importante no processo educativo através de
sua atuação profissional, fundamentalmente preventiva;
2. Ter uma formação de alto nível teórico, uma vez que deverá estar
devidamente capacitado e qualificado para enfrentar diversas
situações, problemas e dificuldades de adaptação e aprendizagem
escolar;
3. Programar sistematicamente estágios supervisionados, pois o
psicólogo escolar deve não somente dominar as técnicas de observação
e de avaliação psicológica, como ter tido experiências relacionadas à
dinâmica das estruturas escolares, a ênfase deve ser dada aos estudos
práticos da psicologia evolutiva, diferencial, social, da aprendizagem e
à revisão contínua das técnicas de pesquisa e de avaliação psicológica;
4. Ser criteriosamente selecionado, pois necessita ter significativo
interesse por problemas da educação e particular motivação pelo
estudo e soluções dos problemas de desenvolvimento, ajustamento e
aprendizagem escolar;
5. Colaborar na elaboração do programa de testes adotados na escola,
5. Colaborar na elaboração do programa de testes adotados na escola,
pois a atuação do psicólogo escolar num serviço de psicologia escolar
atingirá alunos, professores e pais, cabendo a ele a tarefa da avaliação,
diagnóstico e orientação psicológica;
6. Utilizar o processo do exame psicológico analítico, pois oferece
maiores recursos para um diagnóstico e prognóstico escolar válido;
7. Desenvolver pesquisas no campo da educação, bem como a
elaboração de testes específicos que tragam contribuição real para o
campo da psicologia escolar.
De forma sucinta é função do psicólogo escolar realizar a avaliação, o
diagnóstico e fazer a orientação psicológica escolar, cabendo a ele a
aplicação dos princípios da psicologia da aprendizagem, do
desenvolvimento, da motivação e fazer o ajustamento dos
comportamentos das crianças com o meio escolar para que dessa forma
a aprendizagem seja facilitada e tendo como conseqüência também o
desenvolvimento humano através da prevenção, identificação,
avaliação e reeducação dos problemas relacionados a educação nos
mais variados níveis escolares (NOVAES, 1972).
O Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo se coloca
sobre a atuação do Psicólogo especialista em Psicologia
Escolar/Educacional apontando que este profissional deve desenvolver
pesquisas, fazer diagnóstico e intervenções tanto de caráter
preventivo como de corretivo no ambiente da educação formal, em
grupo ou individualmente. Deve estar envolvido na sua atuação todos
os segmentos relacionados ao processo ensino-aprendizagem,
considerando o corpo docente e discente, o currículo, as normas da
instituição, o material didático utilizado, e outros elementos
relacionados ao sistema educacional, devendo fazer as intervenções
que achar necessário e que seja possível, a fim de promover a saúde
mental na escola. Para esta promoção também deverá atuar sobre o
âmbito administrativo, promovendo o clima educacional
(www.crpsp.org.br/a_servi/set_busca.htm).
A atuação do psicólogo não pode se restringir ao diagnóstico, ou
relatório aos pais ou professores, como já dito anteriormente, é
preciso que mediante estes levantamentos proporcione um ambiente
favorável para o crescimento e desenvolvimento da criança,
promovendo a saúde mental desta (PATTO, 1997).
O psicólogo escolar, por ser um profissional inserido dentro da
instituição escolar irá trabalhar com uma tríade: aluno, educadores
(diretores, professores e orientadores) e pais, sempre visando o bem
estar do aluno (NOVAES, 1972). Não há como trabalhar com o aluno e
entender como este está operacionando sem compreender o professor,
a forma como está atuando, as condições presentes em seu ambiente
de trabalho e as justificativas dadas por estes professores para o
problema instalado em sua sala de aula. Muitos professores acabam por
reduzir o processo ensino-aprendizagem como um processo mecânico,
não fazendo reflexões sobre a sua prática, e essa falta de reflexão faz
com que estes professores acabem colocando a culpa no outro, quer
seja este o sistema, os pais ou o aluno, dando a entender que acredita
que a sua prática está relacionada à observação, não se atentando para
que a sua prática está relacionada à observação, não se atentando para
o fato de que é o principal agente desse processo e que precisa
constantemente estar refletindo sobre a sua prática docente, sobre as
causas dos problemas, sobre as condições nas quais os comportamentos
estão sendo originados. Dentro deste perfil de professor, enquadram-se
aqueles, que estão esperando a aposentadoria ou que são professores
não pelo prazer do que fazem, mas pelas vantagens que encontram na
profissão, ou até mesmo pela falta de oportunidades. Normalmente,
quando não é este o perfil de profissional, se encontra professores que
estão preocupados com o aprendizado de seus alunos, fazem constantes
reflexões de sua atuação e buscam soluções para as dificuldades
encontradas no dia-a-dia na escola (MANSUR, 1984). A partir dessa
diferença de professores, o psicólogo precisa ter conhecimento sobre
qual profissional esta trabalhando, para que assim possa desenvolver
um trabalho satisfatório. O psicólogo tem a “missão” de ajudar os
professores a compreenderem e aceitarem melhor a criança, e também
a si próprios, e isso gerará o melhor relacionamento professor-aluno
(NOVAES, 1972).
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ESCOLAR
São inúmeras as possibilidades práticas de intervenção do psicólogo
escolar, podendo trabalhar a questão da avaliação em contexto
escolar, com a administração de testes, inventários, escalas e
questionários para o levantamento das mais variadas questões, sempre
com a finalidade de desenvolver algo que seja útil no estudo de
crianças e jovens, relacionando entre outras coisas a utilidade dos
testes, a validade destes no Brasil, já que muitos são produzidos em
outras realidades (GUZZO, et al, 1996; NORONHA, et al, 2003;
OAKLAND, 1996).
Como foi ressaltado é preciso que o psicólogo escolar tenha
conhecimento não apenas da área da psicologia, como também da
pedagogia, isso porque muitos dos trabalhos desenvolvidos pelo
psicólogo escolar e que se tem acesso na literatura é a intervenção do
psicólogo sobre os processos de leitura e escrita, tanto no
levantamento do perfil do leitor, quanto na avaliação dos processos,
bem como em estratégias de compreensão de leitura, desempenho em
escrita, letramento, entre outras questões (BASCONES e CASTILHO,
1997; BORUCHOVITCH, 2001; CUNHA, 2003; NUCCI, 2002, 2003; WITTER,
1996). Bem como ter conhecimentos do contexto escolar, como o
papel da escola com trabalhos de DUSI et al (2005), dos professores, de
SADALLA et al (2005), das inúmeras práticas educacionais com trabalhos
relacionados a avaliação dessas práticas, a forma de registro, a inclusão
escolar, violência, o brinquedo, dentre outras coisas (FLEITH, 2004;
SANTOS e SOUZA, 2005; TESSARO, 2005), além da criatividade que está
sempre presente e é necessário no contexto escolar (JOLY, 2001;
WECHSLER, 1998), não deixando de mencionar a aprendizagem, e
partir disso as teorias que as norteiam, a avaliação da aprendizagem,
os processos, as formas de facilitar a aprendizagem (VASCONCELOS,
2003; PACHECO E SISTO, 2003).
O conhecimento sobre o desenvolvimento cognitivo, motor e social do
indivíduo também é importante para o psicólogo escolar, e pesquisas
indivíduo também é importante para o psicólogo escolar, e pesquisas
são desenvolvidas nessa linha com os trabalhos de Henrique Kopcke
Filho (1997) referentes ao desenvolvimento da metacognição; Pitta, et
al (2000) com estudos relacionados ao estilo cognitivo dos estudantes;
Sodré (2000) com trabalho relacionado ao desenvolvimento motor da
mão dominante e Saud e Tonelotto, (2005) com trabalhos relacionados
ao comportamento social (KOPCKE FILHO, 1997; PITTA, et al, 2000;
SODRÉ, 2000; SAUD e TONELOTTO, 2005).
Outra possibilidade de intervenção é aquela que intervêm não em
relação ao aluno, como já destacado, mas sim em outras pessoas que
fazem parte do contexto escolar, como a família e a escola, para que
juntos possam melhorar a qualidade de vida do aluno inserido na
escola, para isso são trabalhados e levantados questões como a forma
que o aprendizado esta ocorrendo, como os pais contribuem para isso,
qual a relação que os familiares e a escola tem com os alunos, as
influências de pais sobre o aprendizado das crianças, entre outras
coisas (DEL PRETTE et al, 2000; DESSEN e POLONIA, 2005).
Alguns estudos realizados se relacionam com os transtornos
diagnosticados no DSM-IV-TR (2002) e que são encontrados nos jovens
no contexto acadêmico, tais transtornos muito pesquisados em
estudantes são depressão, stress, déficit de atenção e de
comportamento diruptivo, personalidade e fonológico (BERESFORD e
COEDA, 2004; CAPELLINI e SALGADO, 2004; FERNANDES et al, 2005)
Vale a pena ressaltar nesse momento que o psicólogo não será aquele
que irá apenas intervir sobre problemas já instalados, este é apenas um
nível de intervenção possível, que é o denominado nível de
intervenção terciário, e quando se tem este nível é preciso, muitas
vezes de serviços especializados, o que fará com que seja preciso
encaminhar. Os outros dois níveis de intervenção são o primário que
ocorre quando ainda não se tem um problema instalado, mas que deve
ser desenvolvido um trabalho para que seja evitada a possível
instalação deste, ou seja, é um serviço de prevenção; e o segundo
nível de intervenção ocorre quando já há sinais de que problemas
podem se instalar, e então se faz um trabalho para que este não
ocorra, os trabalhos são realizados tanto com professores quanto com
os alunos. A partir disso, é possível afirmar que o psicólogo escolar
desenvolve tanto trabalhos de prevenção, quanto trabalhos de
remediação. O que é interessante ressaltar é que quando se faz um
trabalho com um grupo em que se detecta, em alguns indivíduos, o
problema, para estes a intervenção servirá como remediação, e para
os outros servirá como prevenção, logo, um mesmo trabalho de
intervenção do psicólogo pode servir tanto como prevenção quanto
como remediação (PATTO,1997).
A atuação do psicólogo escolar dentro de uma escola deverá seguir
diretrizes, muito bem explicitadas por Correa (2001): o psicólogo
escolar deverá fazer uma análise institucional verificando os aspectos
da escola que são: relações entre os componentes; cotidiano de sala de
aula; cotidiano da escola; comportamento influenciados pelo sistema;
organograma; relações família-escola e eficiência no processo. Com o
levantamento destes dados o psicólogo tem dados para fazer um
diagnóstico e propor a intervenção cabível (CORREA, 2001).
De acordo com Martinez (2006) todas as funções básicas de um
De acordo com Martinez (2006) todas as funções básicas de um
psicólogo podem ser transpostas para o contexto escolar, porém, estas
funções precisam sempre estar relacionadas ao processo educativo na
instituição escolar. Estas funções são: diagnóstico/avaliação,
orientação/terapia, intervenção, formação/treinamento,
assessoria/consultoria e pesquisa.
Vale ressaltar que de acordo com Almeida e Neves (2006) o psicólogo
escolar perdeu seu espaço para o psicopedagogo, tanto dentro quanto
fora da escola, justamente por não saber atuar como psicólogo escolar,
pois acabava intervindo sob os problemas de aprendizagem das
crianças, reproduzindo o atendimento clínico e não incluindo a escola
no processo, acabando de certa forma culpabilizando este aluno por
não aprender, sem que houvesse outros responsáveis. Essa focalização
no indivíduo não é a proposta da psicologia escolar, já que é de
extrema importância desenvolver um trabalho com a escola como um
todo, bem como com a sala de aula em que este aluno está inserido
(ALMEIDA e NEVES, 2006)
Uma possibilidade de atuação do psicólogo escolar apontada por
Martinez (2006) é a da construção da proposta pedagógica da escola,
que é uma atuação fundamental para o estabelecimento da inter-
relação entre a psicologia e a educação. O psicólogo, a partir da
especificidade da sua formação e como integrante da equipe escolar
pode, através de seus conhecimentos, da contribuições efetivas e
importantes na construção da proposta pedagógica da escola. A
especificidade apontada pela autora se da pelo fato de a psicologia
escolar, através do objetivo do profissional, otimizar o processo
educativo que é entendido de forma ampla e complexa e o espaço que
possue para intervir, uma vez que não é um espaço limitado apenas a
escola, compreendendo mais do que isso, todo o contexto ao qual o
indivíduo esta inserido.
De acordo com as conclusões de Almeida (2002) a partir de uma
pesquisa desenvolvida por essa autora, a produção de conhecimentos
na área de psicologia escolar é muito diversificada, e apontam para
uma deficiência na área, pois não contribuem para formulações
teóricas consistentes, dando suporte teórico-metodológico a prática
profissional. Além do fato de os trabalhos, principalmente os
relacionados a prática de estágio, estarem mais relacionados a uma
intervenção mais remediativa do que preventiva, o que segundo a
autora não é o ideal. Ressalta ainda que a psicologia escolar ainda não
possue um espaço consolidado de atuação, dado apontado como
conseqüência do fato de a área não ter subsídios teóricos satisfatórios,
segundo os entrevistados.
Um outro autor que também aponta para essa falta de subsídios
teóricos é Santos (2002), afirmando que as pesquisas estão apontando
para o fato de fracasso escolar ser fruto da escola, e essa questão,
segundo ele deveria ser alvo das intervenções psicológicas, o que não
acontece, acreditando que a falta desse tipo de intervenção é
decorrente da formação lacunar encontrada nos cursos de psicologia
(SANTOS, 2002).
Aprimorando esta idéia da falta de subsídios teóricos para a atuação do
psicólogo escolar e de certo modo dando uma justificativa para essa
psicólogo escolar e de certo modo dando uma justificativa para essa
lacuna está a idéia de Guzzo (2001), afirmando que não existe um
modelo de atuação para o psicólogo escolar brasileiro, pois as
intervenções devem ocorrer, não através do seguimento de um
padrão, mas sim a partir da caracterização da instituição que esta
inserido, das necessidades desta, bem como dos problemas existentes
e os recursos que possuem.
Nem sempre os psicólogos escolares encontram nas teorias existentes
respostas satisfatórias para os problemas vivenciados na prática, isso
porque a educação, a escola, os alunos, a família e a sociedade são
influenciados pelas questões econômicas, sociais, políticas e
ideológicas, sendo assim, é preciso adequar os constructos teóricos a
estas questões, e isso é um grande desafio. Logo, se faz necessário
buscar novas possibilidades de conceituação e atuação em uma
perspectiva crítica, dessa forma o que se percebe é que há uma grande
distância entre o enfoque teórico e suas implicações práticas. O
psicólogo escolar é o profissional que trabalha com diferentes pessoas
que reagem de forma diferente de acordo com cada circunstância
vivenciada e para, o psicólogo escolar, ser promotor de soluções para
os problemas é necessário que seja muito competente (GOMES, 2002).
Na prática, apesar de todas as explicações encontradas na literatura
sobre a atuação do psicólogo escolar e sobre os temas resultantes
desse, o que se percebe é uma atuação insatisfatória do psicólogo
escolar, pois o profissional acaba se limitando a atuar sobre o aluno
taxado como problemático: o que não aprende , o que é agressivo, o
que não para quieto e o que faz com que este profissional acabe tendo
um modelo de médico, ou engenheiro, chegando até a ter profissionais
que fazem terapia na escola e que lidam com questões não
relacionadas aos alunos (MARTINS, 2003). Essa inadequação e atuação se
dá, em muitos pela formação na qual o psicólogo foi submetido, ou
pelo valor que dá atuação do psicólogo escolar. Muitos optam pela
especialização de psicologia escolar por acreditar ser mais fácil, a
menos sobrecarregada e a mais acessível quanto aos estudos
programados, por outros, por acreditarem que o problema de
adaptação e de aprendizagem escolar parece exigir menos
comprometimento profissional, uma vez que acreditam que uma
orientação escolar errada surti menos efeitos do que uma orientação
errada na clínica. Essas duas visões são errôneas. O psicólogo escolar
precisa ter um grande conhecimento teórico e prático, como já
destacado anteriormente, e isso deve ser muito bem administrado na
graduação. Para que tal objetivo seja atingido é preciso que o
estudante tenha estágios supervisionados, para que domine não apenas
as técnicas de observação, de avaliação e de pesquisa, mas que
também tenha experiências relacionadas ao dinamismo das estruturas
escolares. Pois, um dos quesitos para ser um competente psicólogo
escolar é ele ter conhecimento não apenas da área da psicologia em
geral, como também da pedagogia (MARTINS, 2003; NOVAES, 1972).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Sandra Francesca Conte de; NEVES, Marisa Maria Br ito da Justa. A atuação da Psicologia Escolar no
atendimento aos alunos encaminhados com queixas escolares. In: Almeida, Sandra Francesca Conte de (org.).
Psicologia Escolar: ética e competências na formação e atuação profissional. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.
ALMEIDA, Sandra Francesca Conte de. O psicólogo no cotidiano da escola: re-significando a atuação profissional.