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Relatório de Estratégia – Pensões seguras e sustentáveis ___________________________________________________________________________________

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Índice

Comentário prévio ……………………………………………………………………….. 3 Introdução …………………………………………………………………………………….. 3

1. Adequação das pensões

1. …………………………………………………………………………………………….. 5 2. ……………………………………………………………………………………………… 8 3. …………………………………………………………………………………………….. 12

2. Sustentabilidade financeira dos sistemas

4. …………………………………………………………………………………………….. 12 5. …………………………………………………………………………………………….. 13 6. …………………………………………………………………………………………….. 15 7. …………………………………………………………………………………………….. 18 8. …………………………………………………………………………………………….. 18

3. Modernização dos sistemas de pensões

9. ……………………………………………………………………………………………. 20 10. …………………………………………………………………………………………. 21 11. …………………………………………………………………………………………. 22

Conclusão …………………………………………………………………………………… 23

Anexos ……………………………………………………………………………………….. 25

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Comentário prévio No período que mediou entre a elaboração do primeiro e do actual relatório, ocorreram mudanças governamentais, com a consequente alteração dos respectivos programas. Com a tomada de posse em Março de 2005 do XVIIº Governo Constitucional está previsto um amplo conjunto de medidas, no âmbito do Sistema de Segurança Social, cuja referência é efectuada ao longo deste relatório, algumas das quais já entretanto regulamentadas. O presente RNE, à semelhança do anterior, contou com a colaboração, quer dos elementos nacionais do CPS e do subgrupo dos indicadores, quer do Grupo de envelhecimento do CPE. Além disso, estiveram também envolvidos organismos do sector da segurança social ligados ao processamento das pensões, bem como outros departamentos ligados quer à gestão do regime de protecção social da função pública quer ao organismo supervisor dos fundos de pensões privados. Introdução As características do sistema de pensões mantêm-se em relação ao anterior relatório. Por um lado, existe um sistema de segurança social público que integra um subsistema previdencial de base contributiva e tendência universal, financiado, essencialmente, por contribuições dos trabalhadores e empregadores e um subsistema de solidariedade, de carácter não contributivo, financiado por transferências do Orçamento de Estado, cujos respectivos âmbitos materiais incluem o sistema de pensões e, por outro lado, um regime específico para os funcionários da Administração Pública, militares e forças de segurança. As preocupações relativas à sustentabilidade do sistema a longo prazo, face a um contexto de envelhecimento da população encontram-se evidenciadas no Programa do XVIIº Governo Constitucional, assim como no Programa de Estabilidade e Crescimento 2005-2009. Deste modo, assume-se um compromisso no sentido de proceder a uma avaliação concreta e tecnicamente fundamentada das novas medidas a adoptar para reforçar o sistema de protecção social das quais ressalta a uniformização progressiva dos diversos regimes de protecção social, já iniciada após a tomada de posse do novo Governo. Assim, na prossecução dos objectivos traçados no seu Programa o Governo estabeleceu as seguintes orientações e medidas políticas: � Convergência progressiva entre 2006 e 2015 do regime dos funcionários públicos

com o regime geral de segurança social no que respeita à idade de reforma e do número de anos de serviço para acesso à aposentação, ou seja aumento de 6 meses por ano até atingir os 65 anos.

� Alteração progressiva da forma de cálculo das pensões para os funcionários públicos inscritos antes de 1993 por forma a garantir a convergência para a fórmula de cálculo aplicável a todos os funcionários públicos admitidos após 1993 e aos beneficiários do regime geral de segurança social, que passa a ter em conta toda a carreira contributiva melhorando significativamente a sustentabilidade financeira do regime.

� Revisão dos regimes especiais de aposentação, após avaliação prévia, tendo em vista a sua convergência ao regime geral de aposentação.

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� Realização de estudos de avaliação das condições de viabilidade da integração dos beneficiários de outros regimes especiais de protecção social no regime geral de segurança social.

� Integração dos novos Funcionários Públicos, a partir de 2006, no Regime Geral da Segurança Social.

� Avaliação fundamentada de medidas a introduzir, tendo em vista o objectivo de que a idade efectiva de reforma deverá acompanhar a evolução da esperança média de vida, em resultado de estudo aprofundado das consequências desta alteração demográfica sobre a sustentabilidade da segurança social.

� Preconiza-se, igualmente, a introdução de medidas que contribuam para favorecer a permanência dos trabalhadores mais idosos no mercado de trabalho; para tal contribui a revisão dos esquemas existentes de acesso antecipado à pensão de velhice, nomeadamente o regime de antecipação da idade legal de reforma previsto no Decreto-Lei n.º 9/99, assim como a medida temporária de acesso à pensão de velhice por desemprego de longa duração, prevista no Decreto-Lei n.º 84/2003.

� Estabelecimento de mecanismos de transição mais célere para a nova fórmula de cálculo das pensões no regime geral com especial incidência nos trabalhadores independentes.

� Avaliação da adequação dos mecanismos de descontos por salários convencionais e de cálculo das prestações diferidas aplicáveis aos trabalhadores independentes

� Introdução de um limite superior para as pensões a pagar pelo sistema público. � Atribuição de uma prestação extraordinária, de âmbito e moldes de aplicação ainda

a definir, que vise garantir um rendimento mínimo de € 300 por idoso, sujeita a condição de recursos.

� Preparação de um estudo aprofundado, a apresentar em anexo ao Orçamento de Estado para 2006, que vise habilitar e quantificar estas e outras possíveis medidas de política, sob o vértice da sustentabilidade financeira do próprio Sistema de Segurança Social.

Do Programa do Governo consta, igualmente, a intenção de proceder à contratualização, com entidades privadas do sector financeiro, da gestão de uma fracção das verbas do FEFSS, tendo em vista a diversificação da gestão das reservas públicas de capitalização para melhorar a sua rentabilidade. O Governo propõe-se, também, incentivar o desenvolvimento de regimes complementares que consagrem a portabilidade dos direitos, as modalidades de gestão e de supervisão, as regras prudenciais a aplicar e a natureza das contribuições e benefícios, bem como o papel das empresas e trabalhadores, nomeadamente a avaliação de incentivos para as empresas que instituam regimes complementares de base profissional.

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1. Adequação das pensões 1. Assegurar que as pessoas idosas não são colocadas em risco de pobreza e podem usufruir de um nível de vida decente; que partilham do bem-estar económico do seu país e podem participar activamente, na vida pública social e cultural

Sistema público de segurança social

Tal como se referiu no 1º relatório nacional, desde 1998 que existe a garantia de valores mínimos para as pensões de invalidez e velhice dos regimes de segurança social do subsistema previdencial, com o objectivo de proporcionar um rendimento na reforma que permitisse aos pensionistas usufruir de um nível de vida minimamente decente. Este esforço tem vindo a ser continuado com vista à progressiva convergência dos montantes das pensões mínimas para o valor da RMMG1 (€ 374,70 em 2005), deduzida da quotização correspondente à taxa contributiva dos trabalhadores por conta de outrem (11%), em função de escalões de carreira contributiva. O gráfico I (Anexo I) evidencia a aplicação, até ao próximo ano, do aumento das pensões mínimas no que se refere às pensões de invalidez e velhice do subsistema previdencial.

Embora não se trate de uma pensão mínima universal, é a mais representativa, porque num universo de 2.171.172 pensionistas de invalidez e velhice do regime geral (em 2004), 981.713 recebem montantes mínimos, repartidos pelos vários escalões de carreira contributiva, sendo que a maior fatia (+ de 480 mil pensionistas) se situa no escalão mais baixo, ou seja das carreiras contributivas inferiores a 15 anos. (Anexo I – Quadro I). O princípio de aumento sustentado das pensões mínimas foi também alargado às pensões atribuídas no âmbito do RESSAA2, que ainda cobre uma percentagem significativa de pensionistas, embora em decréscimo, bem como às pensões sociais, de natureza não contributiva, sujeitas a condição de recursos3, que se destinam a proteger os beneficiários mais carenciados, que pouco ou nunca contribuíram. De acordo com aquele princípio, o valor mínimo das pensões do RESSAA e das pensões sociais não pode ser inferior, respectivamente a 60% e 50% do valor líquido da RMMG. A pensão mínima para os beneficiários do RESSAA, corresponde, para o ano de 2005, a cerca de 59,78% do valor líquido da RMMG, estando muito próxima do valor estabelecido e o montante da pensão social, fixado para o mesmo ano, em € 164,17, corresponde a 49,23% do valor líquido da RMMG, o que significa que está praticamente a atingir a convergência (Anexo I – Quadro II) Pese embora o referido esforço associado ao aumento das pensões mínimas, o fenómeno da pobreza nos idosos, enquanto prioridade política incontornável, torna necessária a emergência de novos esquemas de protecção, mais selectivos e definidos em função das particularidades dos agregados familiares com idosos. É neste âmbito que está em curso a definição de um novo regime, cujo objectivo primordial será a formulação de uma prestação extraordinária, que vise combater a pobreza dos idosos assegurando–lhes um rendimento de €300. Esta prestação será sujeita a rigorosa condição de recursos, fazendo depender a sua atribuição da situação de carência económica específica de cada idoso. Já a partir de 2006 a medida será

1 O conceito de RMMG corresponde ao Salário Mínimo Nacional (SMN). 2 Grupo fechado, em virtude de aqueles trabalhadores agrícolas terem sido integrados no regime geral em 1986 3 Os rendimentos mensais ilíquidos não podem exceder 30% (pessoa só) ou 50% (casal) da RMMG

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aplicada aos idosos com mais de 80 anos, estendendo-se progressivamente a todos os cidadãos com mais de 65 anos. O quadro seguinte evidencia o universo dos pensionistas do sistema público de segurança social, sendo de realçar o aumento dos pensionistas de velhice no regime geral e regime não contributivo decorrente do envelhecimento da população, com excepção do RESSAA, dado que é um grupo fechado. Verifica-se, igualmente, um decréscimo das pensões de invalidez, que pode ser explicável pela melhoria de actuação dos serviços de verificação de incapacidades, mas também por neste período terem sido alargados os mecanismos de antecipação da idade de reforma por velhice.

Quadro 1 - Pensionistas por regime e por eventualidade

Invalidez Velhice Sobrevivência Total Regime Ano Dez.2001 Dez.2004 Dez.2001 Dez.2004 Dez.2001 Dez.2004 Dez.2001 Dez.2004

Regime Geral 291 271 277.120 1 183 335 1.351.665 519 164 542.387 1 993 770 2.171.172

RESSAA 19 296 13.161 318 679 259.036 92 334 81.666 430 309 353.863

R. N.Contributivo 46 777 48.434 54 750 71.584 3 320 2.057 104 847 122.075

Total 357 344 338.715 1 556 764 1.682.285 614 818 626.110 2 528 926 2.647.110

Fonte: Centro Nacional de Pensões

No período em referência, e numa perspectiva de adequação dos montantes das pensões prosseguiu-se com o processo de actualização das pensões que, além das actualizações anuais das pensões de todos os regimes, em regra segundo percentagens superiores às da taxa de inflação, e da revalorização anual dos salários que lhes servem de base de cálculo, também acolheu medidas de correcção extraordinária das pensões mínimas, da pensão do RESSAA e das pensões sociais e respectivos complementos. Regime de protecção social dos funcionários públicos

A protecção dos pensionistas deste regime é assegurada através da concessão de pensões de aposentação (que incluem pensões de invalidez e de velhice) e de sobrevivência. A gestão deste regime está a cargo da Caixa Geral de Aposentações (CGA), a qual abrangia, em 2004, um universo de 737.355 subscritores da Administração Pública Central, Regional e Local e mais de 491 mil beneficiários de pensões, cuja evolução, nos últimos 5 anos, se encontra evidenciada no quadro seguinte.

Quadro 2 - Subscritores, Aposentados/Reformados e Pensionistas

A N O

2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 U T E N T E S

S u b s c r i t o r e s ( 1 ) 7 4 7 . 4 4 9 7 7 1 . 2 8 5 7 7 8 . 7 8 2 7 7 8 .3 5 7 7 3 7 . 3 5 5

A p o s e n t a d o s / R e f o r m a d o s ( 2 ) 3 0 9 . 0 7 7 3 1 6 . 2 7 8 3 3 0 . 0 5 2 3 5 5 .0 9 7 3 6 8 . 2 6 4

P e n s io n is t a s ( 3 ) 1 1 7 . 3 3 3 1 1 9 . 8 9 8 1 2 1 . 1 9 2 1 2 1 .7 5 6 1 2 3 . 4 1 9

I n d ic a d o r e s ( 1 ) / ( 2 ) 2 , 4 2 2 ,4 4 2 , 3 6 2 , 1 9 2 , 0 0

( 1 ) / [ ( 2 ) + ( 3 ) ] 1 , 7 5 1 ,7 7 1 , 7 3 1 , 6 3 1 , 5 0

Fonte: Caixa Geral de Aposentações

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Desde 1 de Janeiro de 1999, vigora um esquema de pensões mínimas4, atribuídas em função de escalões do tempo de serviço contado para o cálculo da pensão, cuja evolução é possível observar no quadro seguinte (Ver Anexo I – quadro III - pensões mínimas de sobrevivência). Quadro 3 – Evolução das pensões mínimas de aposentação/reforma

A NO 2000 2001 2002 2003 2004

A NOS DE SERVIÇO

de 5 até 12 an o s 174,08 181,56 188,55 193,26 200,99 mais d e 12 até 18 an o s 181,56 189,54 196,53 201,44 209,50 mais d e 18 até 24 an o s 207,50 216,48 224,46 230,07 238,12 mais d e 24 até 30 an o s 233,44 243,41 252,39 258,70 266,46 mais d e 30 an os 311,25 324,72 336,69 345,11 353,05

Fonte: Caixa Geral de Aposentações euros

Outros benefícios

Para além das pensões continua a existir um conjunto de benefícios, de segurança social ou não, de que são destinatários os mais idosos e que contribuem para melhorar o seu nível de vida. Entre esses benefícios contam-se, além do complemento por dependência5 e do complemento extraordinário de solidariedade6, o rendimento social de inserção (que é acrescido de um apoio especial no caso da existência no agregado familiar de pessoas portadoras de deficiência física ou mental profundas, de doença crónica, pessoas idosas em situação de grande dependência e também para compensar despesas de habitação), o subsídio de renda de casa, o desconto em títulos de transporte e em assinaturas de telefone, a isenção de taxas moderadoras para acesso ao Serviço Nacional de Saúde e taxas de comparticipação nos medicamentos mais favoráveis no que respeita a pensionistas com montantes de pensão inferiores à RMMG, e uma rede de equipamentos e serviços disponibilizados no âmbito do sistema de acção social. No contexto da melhoria da situação das pessoas mais vulneráveis foi já concretizada, no Programa do Governo, a revisão do Rendimento Social de Inserção no que respeita, designadamente, à aferição dos rendimentos para o acesso ao direito à prestação. O Programa do Governo prevê, ainda, outras medidas que vão de encontro ao presente objectivo como lançar e concretizar a rede de cuidados continuados integrados, generalizar o apoio domiciliário integrado e lançar um programa de qualificação habitacional nos espaços rurais com o objectivo de prevenir a dependência e a institucionalização dos cidadãos mais idosos.

4 O prazo mínimo para atribuição de uma pensão é de 5 anos (o direito de inscrição encontra-se condicionado à possibilidade de o subscritor perfazer o mínimo de 5 anos de serviço antes de atingir o limite de idade para o exercício das funções respectivas, limite esse que se encontra estabelecido, para a generalidade das categorias, em 70 anos). 5 Atribuído aos pensionistas de invalidez, velhice e sobrevivência de todos os regimes que se encontrem em situação de dependência 6 Que acresce ao montante das pensões sociais de invalidez e de velhice

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2. Proporcionar o acesso de todos os indivíduos a regimes de pensões, públicos e/ou privados, que lhes confiram direitos a pensões que permitam manter, em grau razoável, o seu nível de vida depois da reforma;

Sistema público de segurança social

Em matéria de pensões, o sistema público de segurança social encontra-se estruturado de forma a assegurar a cobertura das pessoas através de duas vias: subsistema previdencial que abrange regimes contributivos de inscrição obrigatória, para os trabalhadores independentes e por conta de outrem, e um regime contributivo de inscrição facultativa para determinados grupos que não podem ser abrangidos obrigatoriamente (pouco expressivo) e o subsistema de solidariedade que cobre um regime de natureza não contributiva que se destina às pessoas em situação de carência sócio-económica (e cujo acesso está sujeito ao cumprimento de condição de recursos). Dado que coexistem as regras de cálculo do regime estabelecido em 1993 e as novas regras aprovadas em 2002, segundo as quais passaram a ser relevantes no cálculo das pensões as remunerações de toda a carreira contributiva até ao limite de 40 anos7, foi estabelecido um período transitório, durante o qual é atribuído o montante mais favorável que resultar da aplicação do regime anterior, das regras do novo regime ou da aplicação proporcional das regras do anterior e do novo regime. Face ao exposto, verificou-se que no período de 2002-2004 tiveram início 238.060 novas pensões das quais, 41.713 (cerca de 17,52 %), foram concedidas considerando toda a carreira contributiva (ao abrigo do nº 1 da alínea b) do artº 13º do Decreto Lei nº 35/2002, de 19 de Fevereiro), beneficiando, deste modo, da garantia do montante de pensão mais favorável (Informação CNP, Maio 2005). Embora as regras de cálculo introduzidas em 2002 se tivessem revelado adequadas em termos do reforço da solidariedade profissional entre a generalidade dos trabalhadores, ainda há dificuldades no que respeita à permeabilidade que se verifica na gestão das carreiras contributivas, com particular incidência nos trabalhadores independentes, em virtude do período de transição estabelecido. A duração deste mecanismo de transição acabou por se tornar pouco propícia a uma melhor partilha intergeracional e dos custos do envelhecimento, uma vez que protelou no tempo os efeitos do reforço da relação entre carreira contributiva e pensão de velhice. É neste sentido que se vão estudar esquemas que permitam uma mais célere transição para a nova fórmula de cálculo das pensões, tal como se referiu na introdução. As taxas de formação das pensões, são adequadas, mas há que levar em linha de conta que os níveis salariais são em regra baixos e que uma percentagem significativa de pensionistas, por força de carreiras contributivas curtas, ou de longas carreiras a que correspondem salários baixos, recebe montantes mínimos, eles próprios pouco elevados. Além disso, pensões de regimes fracamente contributivos que ainda subsistem, como o regime especial das actividades agrícolas, e a pensão social, do regime não contributivo, para a qual não houve a correspondente contrapartida contributiva, além da restritividade das condições de recursos, são igualmente de baixo montante.

7 Quando o número de anos civis com registo de remunerações for superior a 40 considera-se, para apuramento da remuneração de referência a soma das 40 remunerações anuais revalorizadas mais elevadas.

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O quadro seguinte evidencia a evolução das pensões médias dos novos pensionistas do regime geral, que têm vindo a aumentar, mas que ainda assim não são muito elevadas.

Quadro 4 - Pensões Médias Mensais dos Novos Pensionistas do Regime Geral

Unidade Monetária : EURO

Evento 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Invalidez 164,10 171,09 185,05 197,03 211,48 222,76 240,10 253,24 280,85

Velhice 250,40 270,85 287,31 308,26 337,41 351,45 364,09 384,04 424,44

Sobrevivência 97,76 102,75 110,23 120,71 133,48 139,41 147,55 156,76 164,64

Fonte: CNP No âmbito do sistema público de segurança social, os períodos de incapacidade temporária por motivo de doença, maternidade, desemprego e outros são equivalentes à entrada de contribuições. Já os períodos de interrupção de carreira especificamente para prestação de cuidados a idosos não estão contemplados no sistema, pelo que não beneficiam de qualquer crédito. Todavia, no âmbito do regime de protecção social da função pública existe um período de faltas de 15 dias para assistência a membros da família, que embora tenha efeitos na retribuição, contam para efeitos de antiguidade. O actual sistema de pensões também prevê um mecanismo de bonificação das pensões por velhice a que se fará referência no objectivo 5. Regime de protecção social dos funcionários públicos

Os funcionários da Administração Pública, militares e forças policiais beneficiam, como já se referiu, de esquemas específicos de protecção social. Para este regime, a taxa de substituição passou a ser, a partir de 1 de Janeiro de 20048, de 90%, ou seja corresponde à remuneração resultante do último cargo exercido pelo funcionário, excepto para aqueles que foram admitidos após a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 286/93, de 20 de Agosto, cujas pensões são calculadas nos mesmos termos que as pensões do regime geral de segurança social. No quadro 5 pode observar-se a evolução, nos últimos anos, das pensões médias de aposentação e sobrevivência atribuídas no âmbito do regime de protecção social da função pública, sendo a pensão de aposentação concedida por este regime substancialmente superior à pensão média do sistema público de segurança social.

Quadro 5 – Pensões Médias - Montantes –

A N O 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4

T I P O D E P E N S Ã O

A p o s e n ta ç ã o 8 7 7 ,2 7 9 2 8 ,3 1 9 9 3 ,4 3 1 .0 3 5 ,6 2 1 .0 6 8 ,3 3 S o b r e v iv ê n c ia (* ) 3 1 3 ,3 8 3 1 4 ,2 4 3 2 9 ,9 4 3 3 9 ,3 7 3 5 1 ,5 7

( * ) V a lo r d a p e n s ã o g lo b a l , q u e p o d e e s ta r d is t r ib u íd a p o r m a is d e u m p e n s io n is ta . E u ro s

Fonte: Caixa Geral de Aposentações

8 A partir desta data, por força da Lei n.º 1/2004, de 15/01, a fórmula de cálculo das pensões de aposentação, para os subscritores inscritos até 31 de Agosto de 1993, passou a ser, Pensão=(Rx90%xT)/36, em que R= remuneração relevante e T=total de anos e meses de serviço, expressos em anos, ou seja, até 31 de Dezembro de 2003 a taxa de substituição era de 100% e a partir de 1 de Janeiro de 2004, passou a ser de 90%.

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De acordo com o que se referiu na introdução foi já estabelecido um conjunto de medidas e de orientações que visam aplicar aos actuais funcionários públicos a convergência com o regime geral de segurança social, quer no que respeita ao aumento gradual da idade de reforma quer às regras de cálculo com o objectivo de garantir a sustentabilidade financeira do sistema e torná-lo mais justo e equitativo. Visam, igualmente, a alteração progressiva da fórmula de cálculo das pensões para os funcionários públicos inscritos antes de 1993, por forma a garantir a convergência para a fórmula de cálculo aplicável a todos os funcionários públicos admitidos após 1993 e aos beneficiários do regime geral da segurança social, salvaguardando o regime em vigor para os subscritores que reúnam as condições de aposentação voluntária até ao final do corrente ano, independentemente da data em que a requeiram. Regimes privados de 2º e 3º pilar

Permanece a situação de independência entre o sistema público e o sistema privado de reformas, apesar de muitos dos planos de pensões de empresas, actualmente existentes em Portugal, providenciarem pensões complementares ou suplementares às dos sistema público e mesmo pensões substitutivas do sistema de Segurança Social9. Não existindo a obrigatoriedade das empresas constituírem e financiarem os seus planos de pensões, a não ser aquela que decorre de regulamentação colectiva, os regimes de reforma privados não são muito comuns em Portugal10, apesar dos custos suportados com contratos de seguros de vida ou as contribuições para os fundos de pensões e equiparáveis, ou para quaisquer regimes complementares de segurança social serem considerados como custo fiscal. No que respeita aos regimes privados de iniciativa individual (3º pilar), o trabalhador pode complementar a pensão atribuída no âmbito do sistema público e/ou pela empresa, quer através da constituição de planos individuais de reforma, recorrendo, para o seu financiamento, aos seguros de vida individual e adesões individuais a fundos de pensões abertos e ainda a fundos de pensões fechados ou adesões colectivas a fundos de pensões abertos quando estes se encontram a financiar planos de pensões de carácter contributivo. São dedutíveis à colecta, até determinados limites11, 25% das importâncias despendidas com prémios de seguros de vida que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou reforma por velhice, neste último caso desde que o benefício seja garantido após os 55 anos de idade e cinco de duração do contrato. Esta dedução não é efectuada no momento da entrega das contribuições efectuadas para fundos de pensões, sendo considerada no momento do recebimento do benefício. Dado que a actual legislação contempla unicamente os planos de pensões financiados através de fundos de pensões, a informação irá centrar-se maioritariamente nos fundos de pensões, cujo montante detinha, em 2003, um peso em relação ao PIBpm de, aproximadamente, 12,4%, tendo, no entanto, decrescido em 2004 para cerca de 11,2%. Atente-se ao facto do mercado de fundos de pensões ter registado um decréscimo muito acentuado (-6,7%) dos montantes

9 Caso dos sectores bancário e de comunicações.

10 Sublinhe-se a este respeito que aproximadamente 82% do mercado de fundos de pensões refere-se a fundos onde os planos são substitutivos da Segurança Social e/ou fundos constituídos ao abrigo de regulamentação colectiva.

11 Art.º 86.º do Código do IRS.

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geridos, de 2003 para 2004, em larga medida consequência da integração de vários Fundos de Pensões e quotas partes de Fundos de Pensões na Caixa Geral de Aposentações12. Aliás, já em 2003 a transferência, também para a CGA, do Fundo de Pensões do Pessoal dos CTT/CGA, explica o aumento diminuto dos montantes sob gestão. (Anexo II- Quadro I).

No que diz respeito à população de participantes e beneficiários abrangida pelos fundos de pensões, verificou-se, em 2003, um decréscimo de 5,2% face a 2002. O número de participantes decresceu 4,4%, enquanto que o número de beneficiários decresceu 7,1%. Esta última percentagem, bastante superior à primeira, não permitiu contrariar grandemente a evolução do rácio beneficiários/participantes que, em 2003, se situava nos 40,9%, apenas 1,1% inferior ao rácio obtido em 2002. Este rácio é, aliás, bastante elucidativo quanto ao relativo envelhecimento das populações abrangidas pelos fundos de pensões.

Quadro 6 – Evolução do Número de Participantes e Pensionistas

2000 2001 2002 2003

Participantes 293.530 283.244 282.026 269.557

Fundos de pensões fechados 184.075 178.940 174.355 161.430

Fundos de pensões PPR/E 69.482 61.565 64.593 65.579

Fundos de pensões PPA 3.367 3.436 3.443 3.274

Outros fundos de pensões abertos 36.606 39.303 39.635 39.274

Beneficiários 106.323 112.813 118.581 110.166

Fonte: ISP – Instituto de Seguros de Portugal Para que os 2º e 3º pilares se desenvolvam em plenitude é necessário que se preencha o vazio legal existente ao nível de regras aplicáveis aos planos de pensões, já que a actual legislação contempla unicamente os planos de pensões financiados através de fundos de pensões. A este respeito considera-se de referir que está em curso a transposição da Directiva 2003/41/CE, de 3 de Junho, para o ordenamento jurídico português, transposição que irá trazer ao sector dos planos de pensões profissionais algumas concretizações do princípio da liberdade de prestação transfronteiras dos serviços de gestão dos planos de pensões e de guarda dos respectivos activos. O referido projecto integra, ainda, as regras prudenciais previstas na Directiva sobre composição dos activos e cálculo das responsabilidades, apesar de se tratar de regras que decorrem já dos princípios aplicáveis à gestão dos fundos de pensões, consagradas em normas regulamentares do ISP e, novas estruturas de governação dos fundos de pensões: a comissão de acompanhamento dos planos de pensões profissionais e o provedor dos participantes e beneficiários para as adesões individuais. Em consonância com o presente objectivo comum, o Programa do Governo preconiza: � O desenvolvimento de regimes complementares que consagrem a portabilidade dos

direitos, as modalidades de gestão e de supervisão, as regras prudenciais a aplicar e a natureza das contribuições e benefícios, bem como o papel das empresas e trabalhadores

12 A quase totalidade do património do Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos e do Fundo de Pensões NAV-EP/SINCTA e os Fundos de Pensões ANA-SA Aposentações, NAV-EP Aposentações e do Pessoal da Imprensa Nacional - Casa da Moeda - CGA

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• Avaliação de incentivos a introduzir, nomeadamente a possibilidade de redução da base de incidência contributiva para a aplicação da taxa contributiva global para as empresas (e trabalhadores) que instituam regimes complementares de base profissional, com concessão de vantagens adicionais aos regimes resultantes de negociação colectiva

3. Promover a solidariedade entre gerações

A actual Lei de Bases estabelece que o sistema está estruturado com base no desenvolvimento do princípio da solidariedade: � no plano nacional, através da transferência de recursos entre os cidadãos, de forma a

permitir a todos uma efectiva igualdade de oportunidades e a garantia de rendimentos sociais mínimos

� no plano laboral, através do funcionamento de mecanismos redistributivos no âmbito da protecção de base profissional

� no plano intergeracional, através da combinação de métodos de financiamento em regime de repartição e de capitalização.

Como medidas para manter/reforçar a solidariedade intergeracional, além das que se encontram referidas na Introdução, designadamente a evolução da idade efectiva de reforma de acordo com a esperança média de vida que, ao mesmo tempo que contribui para a sustentabilidade do sistema, reforça a solidariedade entre gerações, o Programa do Governo prevê, também, dar um novo impulso ao sistema através do reforço da protecção social sempre e cada vez mais baseada na diferenciação positiva das prestações face às diversas situações de risco. 2. Sustentabilidade financeira dos sistemas 4. Atingir um nível elevado do emprego através de, se necessário, amplas reformas do mercado de trabalho, de acordo com o estabelecido na Estratégia europeia do emprego e de forma consentânea com as BEPG (Broad Economic Policy Guidelines).

Um dos pilares fundamentais numa perspectiva de assegurar a sustentabilidade financeira de um regime de protecção social gerido em repartição tendo por base as contribuições, deduzidas através dos respectivos salários, dos beneficiários e respectivas entidades patronais, será assegurar a estabilidade na evolução da massa salarial. O envelhecimento proporcionará sérios riscos, por via da redução da população potencialmente activa, no sentido de contribuir para a deterioração da evolução da massa salarial e concomitantemente comprometendo o próprio equilíbrio financeiro do Sistema de Segurança Social. Neste contexto, cabe às autoridades de política a salvaguarda dos referidos equilíbrios, procurando compensar essa progressiva quebra na população potencialmente activa com um incremento das taxas de participação no mercado de trabalho, com particular ênfase nos grupos menos integrados; os trabalhadores mais idosos e as mulheres. De salientar, igualmente, a importância da adequação das políticas de imigração.

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Para além das medidas, no âmbito do próprio enquadramento prestacional do sistema de Segurança Social, que assegurem a criação de incentivos, ou pelo menos, a não criação de desincentivos à permanência no mercado de trabalho dos referidos grupos, existem actualmente em curso duas estratégias de âmbito Nacional com o propósito de aumentar a empregabilidade da força de trabalho nacional; o novo Plano Nacional de Emprego a aprovar ainda em 2005, assim como no caso particular dos trabalhadores mais idosos, a Estratégia Nacional de Envelhecimento Activo. Mantêm-se em vigor e estão actualmente a ser objecto de análise com vista à sua revisão, as medidas no âmbito da segurança social que podem constituir incentivos à contratação de grupos mais vulneráveis, como pessoas com deficiência, jovens em situação de 1º emprego, desempregados de longa duração, e concretizam-se através da possibilidade de redução ou dispensa temporária do pagamento de contribuições para as entidades empregadoras que tenham a situação contributiva regularizada. 5. Assegurar que, a par das políticas de mercado de trabalho e económicas, todos os ramos principais da protecção social, em particular os sistemas de pensões, ofereçam incentivos à participação dos trabalhadores idosos; que os trabalhadores não sejam encorajados a reformarem-se cedo e não sejam penalizados pelo facto de se manterem no mercado de trabalho para lá da idade legal de reforma; e que os sistemas de pensões facilitem a opção pela reforma flexível.

Sistema público de segurança social

O sistema público de segurança social inclui um conjunto de medidas que se inserem neste objectivo geral, contemplando o actual enquadramento jurídico várias modalidades de acesso à pensão de velhice: 1. Idade legal de acesso aos 65 anos, sujeita ao cumprimento de um período de garantia de 15 anos; 2. Idade legal por antecipação: 2.1. Aos 55 anos para os beneficiários desempregados de longa duração que à data do desemprego tenham idade igual ou superior a 50 anos e pelo menos 20 anos civis com registo de remunerações, ficando o montante da pensão sujeito a um factor de redução por cada ano de antecipação em relação aos 60 anos; 2.2. Aos 60 anos para os beneficiários desempregados de longa duração que à data do desemprego tenham idade igual ou superior a 55 anos e tenham cumprido o prazo de garantia para a pensão por velhice. No que se refere à 1ª modalidade, as regras de cálculo das pensões, introduzidas em Fevereiro de 2002, favorecem a permanência na vida activa já que, ao contrário do que acontecia com o anterior método de cálculo, se entra em linha de conta com os salários revalorizados de toda a carreira contributiva. De referir que visando garantir e reforçar a sustentabilidade financeira do sistema de segurança social e o prolongamento efectivo da vida activa dos beneficiários, o Governo procedeu à revogação definitiva do regime jurídico que previa para os desempregados a possibilidade de acesso antecipado à pensão por velhice a partir dos 58 anos de idade e suspendeu a aplicação das normas relativas à flexibilização da idade de reforma que

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previam o acesso à pensão antecipada, com factor de redução, a partir dos 55 anos de idade e 30 anos de período contributivo. Relativamente à antecipação da pensão referida na parte final do parágrafo anterior, um universo significativo de beneficiários recorreu a esta modalidade de antecipação da idade de pensão (6.389 em 1999 para 50.879 em 2004, Anexo I – Quadro IV), o que aliado ao facto de ser um regime deficitário, determinou a medida de suspensão adoptada com o objectivo de se proceder à sua revisão até final de 2006. Como incentivo ao prolongamento da vida activa está consagrada a bonificação do montante da pensão para quem optar por diferir a idade de reforma para além dos 65 anos tendo como limite os 70 anos (10% por cada ano civil com registo de remunerações cumprido entre os 65 e os 70 anos, desde que possuam cumulativamente mais de 65 anos e 40 anos com registo de remunerações). No entanto, o regime de bonificação não tem tido muita aderência (14 beneficiários em 1999 e 730 em 2004) porventura devido ao facto de os pensionistas poderem acumular livremente as suas pensões com rendimentos de trabalho e poderem melhorar anualmente o montante das pensões através de um acréscimo resultante de uma percentagem do montante de contribuições pagas durante o ano anterior a que reporta o acréscimo. No sentido de facilitar a reinserção sócio-profissional e de aumentar o rendimento dos pensionistas continua a ser permitida, sem restrições, a acumulação das pensões de velhice com rendimentos de trabalho e consentida, com limites, a acumulação de pensão de invalidez com rendimentos da actividade profissional, atentas as capacidades remanescentes do pensionista (Anexo I - Quadro V). Mantém-se os mecanismos existentes de pré-reforma, aplicáveis a empresas ou sectores económicos em situação económica difícil ou em reestruturação, bem como os regimes que permitem o acesso à pensão antecipada para alguns grupos profissionais sujeitos a rigorosas condições de acesso. O acesso depende do cumprimento de determinados requisitos (prazo de garantia, anos com registo de remunerações, estando o montante da pensão, nalguns casos, sujeito a redução), e só é aplicável em sectores muito específicos com elevado desgaste profissional. No que respeita à pensão de invalidez, o Programa do Governo prevê a reformulação do regime de protecção nesta eventualidade, através da revisão periódica da invalidez, da criação de novas regras de acumulação de trabalho com pensões e da estruturação de um esquema de bonificação das pensões de acordo com os graus de incapacidade. Regime de protecção social dos funcionários públicos

No âmbito do regime da função pública foi revogada a medida que permitia aos subscritores com 36 anos de serviço, independentemente da idade e sem submissão a junta médica, requererem a aposentação, desde que não houvesse inconveniente para o serviço. Assim, aquela medida deu lugar à instituição de uma modalidade de aposentação antecipada, permitindo a aposentação voluntária do subscritor desde que este tenha 36 anos de serviço, independentemente da idade. Neste caso, porém, o valor da pensão sofrerá uma redução de 4,5% por cada ano de antecipação em relação à data em que o subscritor atingiria a idade em

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que poderia aposentar-se normalmente (60 anos ou outra resultante de lei especial). Contudo, o número de anos de antecipação a considerar para a determinação da taxa global de redução da pensão é reduzido de um por cada período de três que exceda os 36 anos de serviço. Este mecanismo de antecipação é menos favorável do que o previsto no sistema de segurança social no que respeita à densidade contributiva dos anos relevantes para a determinação da taxa global de redução (na segurança social os anos são validados com 120 dias e na função pública com 365 dias). Como medidas enquadráveis neste objectivo geral o Programa do Governo prevê a adopção de medidas que contribuam para favorecer a permanência dos trabalhadores mais idosos no mercado de trabalho, minimizando os custos para a comunidade decorrentes da antecipação da idade de reforma, sendo para isso essencial que a idade de reforma vá acompanhando a evolução da esperança média de vida. Está prevista, como já se referiu, a uniformização progressiva dos diversos regimes de protecção social, nomeadamente no que respeita à idade de reforma dos funcionários públicos, que deverá convergir progressivamente para os 65 anos num prazo de 10 anos. Foi também aprovada a integração de todos os novos funcionários públicos no regime geral de segurança social já a partir de 1 de Janeiro de 2006. Regimes de 2º pilar

No âmbito do sistema privado (2º pilar), apenas cerca de 48% do número total de fundos fechados abrange os benefícios por reforma antecipada/pré-reforma. No que se refere a fundos de pensões abertos os benefícios de reforma antecipada/pré-reforma detêm peso bastante inferior aos registados nos fundos fechados (25,8%). 6. Reformas dos sistemas de pensões de modo adequado, tendo em conta o objectivo global de manter a sustentabilidade das finanças públicas. Simultaneamente, a sustentabilidade das pensões necessita de ser acompanhada de políticas fiscais sólidas, incluindo, quando necessário, a redução da dívida. As estratégias adoptadas para atingir este objectivo podem também incluir o desenvolvimento de fundos de reserva destinados a pensões.

Sistema público de segurança social

Como já foi referido existe uma forte preocupação com a sustentabilidade do Sistema de Segurança Social, razão pela qual foi constituído um Grupo de Trabalho com o objectivo de avaliar, numa perspectiva de longo prazo, os impactos associados ao envelhecimento da população, assim como medidas concretas previstas no Programa de Governo e no Programa de Estabilidade e Crescimento (2005-2009). O actual Governo avançou já com um conjunto de medidas de reforma, com vista à promoção do equilíbrio financeiro do sistema. Como passo intermédio na aproximação das remunerações convencionais às remunerações reais dos trabalhadores independentes, procedeu-se à elevação para 1,5 vezes o salário mínimo nacional de escalão mínimo de base de incidência (aumento de 50%). Considerando que a antecipação da idade de acesso à pensão por velhice pressupõe a existência de adequado suporte financeiro para o efeito, foi suspensa a vigência das normas que prevêem a flexibilização da idade de reforma por antecipação.

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Assim, foi revogada a legislação que permitia a antecipação da idade de reforma aos 58 anos desde que se verificasse a situação de desemprego aos 55 anos e 30 anos de carreira contributiva, após esgotado o período de concessão das prestações de desemprego. Foi igualmente suspensa a legislação que permite a antecipação da idade de reforma aos 55 anos de idade para os beneficiários que possuem 30 anos de carreira contributiva. Ainda neste âmbito, será introduzido um limite às pensões a pagar pelo sistema público de segurança social, estabelecido ao nível do vencimento líquido do Presidente da República, sendo congelados os aumentos daquelas que actualmente já ultrapassam este limite. Será equacionada a possibilidade de aceleração dos mecanismos relativos à evolução da fórmula de cálculo das pensões em relação a toda a carreira contributiva, concretizada em 1 de Janeiro de 2002. Com o objectivo de assegurar a estabilização financeira do sistema, a Segurança Social dispõe de um Fundo de capitalização pública com património autónomo (FEFSS) criado em 1989. A Lei 17/2000, mais tarde revogada pela Lei 32/2002, veio institucionalizar a afectação a este Fundo, de uma parcela (entre 2 a 4%) das contribuições dos trabalhadores a ser gerido em regime de capitalização, passando este a ser alimentado de forma regular, ao invés de continuar a ser financiado arbitrariamente pelos excedentes do regime geral. Para além desta componente das contribuições, constituem ainda outras fontes de receitas, os saldos anuais do subsistema previdencial, as receitas resultantes da alienação de património e os ganhos obtidos nas aplicações financeiras. A acumulação obtida com o FEFSS, que, neste momento, já assegura a cobertura de cerca de 9.6 meses de despesas com pensões, visa garantir a cobertura das despesas previsíveis com pensões por um período mínimo de dois anos. A carteira do FEFSS atingiu, em 31.12.2004, 5,779 milhões de euros, correspondendo a 4.3% do PIB. Os resultados da gestão ao longo dos anos permitiram obter, desde a sua criação, uma taxa anual média de rentabilidade de, aproximadamente, 5.45%.

Quadro 7 - Evolução do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social

Ano Transferências Rendimentos e Valias

líquidos Total do FEFSS

2001 616.548.137,96 103.047.971,35 3.798.642.783,17

2002 812.591.630,46 105.720.974,66 4.716.955.388,29

2003 415.155.547,39 296.200.118,61 5.428.311.054,29

2004 30.215.872,38 320.524.457,49 5.779.051.384,16

Neste âmbito, e com vista à diversificação da gestão das reservas públicas de capitalização, pretende-se contratualizar com entidades privadas do sector financeiro, a gestão de uma fracção das verbas do FEFSS, permitindo, assim, melhorar a sua gestão e rentabilidade.

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Regime de protecção social dos funcionários públicos

No que respeita à sustentabilidade financeira do sistema gerido pela CGA, para além das medidas referidas em 5. (revogação do diploma que permitia aos subscritores com 36 anos de serviço, independentemente da idade e sem submissão a junta médica, requererem a aposentação e instituição de uma modalidade de aposentação antecipada, sujeita a factor de redução) também a remuneração mensal relevante no cálculo da pensão passou a ser deduzida da percentagem da quota para efeitos de aposentação e sobrevivência. Refira-se ainda, no âmbito da sustentabilidade financeira do sistema, a publicação de diplomas diversos que instituíram a obrigatoriedade de contribuição para o financiamento da CGA de várias entidades com autonomia administrativa e financeira.

Porém, como se pode observar no quadro 8, a capacidade de autofinanciamento tem vindo a diminuir desde o ano de 2001.

Quadro 8 – Capacidade de autofinanciamento

A N O 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4

R Á C IO

Q u o t iza ç õ e s / P e n s õ e s 41,7% 43,4% 43,0% 41,1% 39,3%

Fonte: CGA

É ainda de referir que, com a transferência, nos últimos anos, para a CGA, a quem cabe a gestão do sistema de pensões da função pública, dos encargos com pensões de pessoal de diversas entidades, encargos esses que eram da responsabilidade dessas mesmas entidades, e com a transferência de valores para a assunção, por parte da CGA, dos referidos encargos, a CGA passou a gerir um regime puro de repartição a par com um regime de capitalização. Na medida em que o Governo elegeu como prioridade a promoção de um sistema de segurança social sustentável, mais justo e equitativo determinou em Resolução do Conselho de Ministros: � Aproximação gradual da idade de aposentação aos 65 anos a entrar em vigor já a

partir de 2006 e a atingir progressivamente em dez anos. � A eliminação de taxas reduzidas das contribuições patronais para a CGA. � Alteração progressiva da fórmula de cálculo das pensões para os funcionários

públicos inscritos antes de 1993, por forma a garantir a convergência para a fórmula de cálculo aplicável a todos os funcionários públicos admitidos após 1993 e aos beneficiários do regime geral da segurança social, salvaguardando o regime em vigor para os subscritores que reúnam as condições de aposentação voluntária até ao final do corrente ano, independentemente da data em que a requeiram;

� A revisão dos regimes especiais de aposentação, após prévia avaliação, segundo critérios de equidade e de aproximação às novas regras do regime geral de aposentação e, designadamente, aproximação dos diferentes regimes relativos a pré-aposentação e reserva existentes em grupos profissionais específicos (apresentação de propostas de medidas legislativas e regulamentares até final de Novembro de 2005);

� A aplicação de um regime coerente de protecção social dos funcionários e agentes da Administração que com esta tenham iniciado uma relação jurídica de emprego antes

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de 1 de Janeiro de 2006, incluindo a aplicação do regime geral de protecção social na doença, nos termos de proposta de lei a apresentar à Assembleia da República;

7. Assegurar que o enquadramento legal e as reformas das pensões manterão um equilíbrio justo entre os activos e os reformados, não sobrecarregando os primeiros e mantendo pensões adequadas para os segundos

Os princípios genéricos de financiamento e as formas de financiamento do sistema de segurança social foram adoptados em 2001 (Decreto-Lei nº 331/2001, de 20 de Dezembro) com o objectivo de clarificar e delimitar a partilha de responsabilidades financeiras, obedecendo ao princípio da diversificação das fontes e da adequação selectiva. Recentemente, a Lei nº 39/2005, de 24 de Junho, determinou a afectação da receita do IVA resultante do aumento de 19% para 21% em igual proporção à segurança social e à Caixa Geral de Aposentações, por forma a garantir, com outras medidas, a sustentabilidade do Estado Social. Além disso, o conjunto das medidas de política que se referiram no relatório, como a convergência do regime dos funcionários públicos com o regime geral, a revisão dos regimes especiais de aposentação da função pública, o estabelecimento de mecanismos de transição mais célere para a nova fórmula de cálculo das pensões do regime geral têm em vista garantir a sustentabilidade e a equidade da segurança social e, por esta via, garantir o equilíbrio entre activos e pensionistas. 8. Assegurar através de quadros jurídicos apropriados e de uma gestão sólida, que os regimes de pensões em capitalização, públicos e privados, podem atribuir pensões com a necessária eficiência, acessibilidade económica, portabilidade e segurança.

Do ponto de vista dos fundos de pensões públicos destacar-se-ia a necessária importância do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social enquanto elemento incontornável de sustentação financeira do Sistema de Segurança Social. Este, de acordo com as disposições da Lei de Bases, deverá enquadrar-se enquanto mecanismo de sustentação e financiamento de possíveis défices do Subsistema Previdencial, assim como um meio, ainda limitado dada a dimensão da sua carteira de activos, no sentido da diversificação de risco do próprio Sistema Público. Os fundos de pensões podem ser geridos por sociedades gestoras de fundos de pensões13 ou companhias de seguros que, em Portugal, explorem o ramo vida. “Compete ao Instituto de Seguros de Portugal a supervisão dos fundos de pensões e das sociedades gestoras de fundos de pensões.”, a qual visa a protecção dos interesses dos participantes e beneficiários, e tem como objectivo essencial garantir que cada fundo de pensões, nos termos da regulamentação em vigor, cumpre a sua função de financiamento do respectivo plano de pensões.

13 As sociedades gestoras de fundos de pensões são sociedades constituídas exclusivamente para a gestão de fundos de pensões, podendo também exercer actividades necessárias ou complementares dessa gestão, nomeadamente no que respeita à avaliação de responsabilidades com planos de pensões.

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As entidades gestoras de fundos de pensões devem dispor e manter uma margem de solvência disponível e um fundo de garantia. Esta exigência tem como objectivo a salvaguarda de que estas dispõem de meios para superar eventuais riscos, nomeadamente, o risco de investimento, nos casos em que não conseguem obter o rendimento mínimo que se propuseram garantir, ou, ainda, quando se verifique a existência de má gestão / gestão fraudulenta dos activos dos fundos de pensões. Em 2004, estavam registadas 27 entidades gestoras, das quais 14 eram empresas de seguros e 13 sociedades gestoras de fundos de pensões. No final desse ano, estas últimas eram responsáveis pela gestão de 68,8% dos fundos de pensões existentes, os quais representavam 96% do montante total dos fundos. No que diz respeito às exigências de financiamento dos fundos de pensões, há que ter em consideração o tipo de plano de pensões em causa (benefício definido ou contribuição definida). No caso de planos de pensões de contribuição definida, o associado do fundo deve efectuar o pagamento das contribuições definidas no contrato constitutivo ou adesão colectiva. Relativamente aos planos de pensões de benefício definido, o fundo de pensões tem que dar cumprimento ao mínimo de solvência exigido pela regulamentação em vigor14. Na prática, no entanto, as contribuições pagas pelos associados são, na sua grande maioria, calculadas utilizando pressupostos mais conservadores do que os estabelecidos para o cálculo daquele mínimo, para que os fundos de pensões em causa apresentem uma situação de solvência adequada para fazer face a eventuais evoluções desfavoráveis. Se o associado não proceder ao pagamento das contribuições necessárias ao cumprimento dos montantes mínimos exigidos, cabe à entidade gestora tomar a iniciativa de propor ao associado a regularização da situação, sob pena de extinção do fundo de pensões fechado ou da adesão colectiva, nos termos da legislação em vigor. A liquidação do património do fundo de pensões fechado ou da adesão colectiva deve ter em conta prioritariamente as pensões em pagamento, os direitos já adquiridos e depois a garantia das pensões em formação. Na composição do património dos fundos de pensões, as entidades gestoras devem ter em conta o tipo de responsabilidades que aqueles se encontram a financiar de modo a garantir a segurança, o rendimento e a liquidez dos respectivos investimentos, assegurando uma diversificação e dispersão prudentes dessas aplicações. Nesta área, a legislação portuguesa assenta no princípio “prudent person plus”, segundo o qual, para cada fundo de pensões, deve ser definida uma política de investimento baseada em regras e procedimentos que um gestor sensato, prudente e conhecedor aplicaria no sentido de prosseguir uma gestão no exclusivo interesse dos representados, de evitar um inadequado risco de perda e de obter um rendimento adequado ao risco incorrido. Este princípio é complementado com algumas regras quantitativas que permitem uma adequada diversificação e dispersão de risco. Saliente-se que a política de investimento deve ser formulada por escrito e constar, obrigatoriamente, do contrato de gestão do fundo de pensões fechado ou do regulamento de gestão do fundo de pensões aberto.

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Cada fundo de pensões deve ter um montante mínimo igual à soma do valor actual das pensões em pagamento e do valor actual da responsabilidade relativa aos serviços passados de todos os participantes calculada com salários não projectados. Estes montantes devem ser calculados com a tábua de mortalidade TV 73/77 e a taxa de juro de 4,5%.

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Com as medidas e linhas de orientação do Programa do actual Governo propõe-se, designadamente, incentivar o desenvolvimento de regimes complementares, através da definição de um Estatuto dos regimes complementares que consagre a portabilidade dos direitos, as modalidades de gestão e supervisão, as regras prudenciais a aplicar e a natureza das contribuições e benefícios, bem como o papel das empresas e dos trabalhadores. 3. Modernização dos sistemas de pensões para responder às necessidades de mudança da economia, da sociedade e dos indivíduos. 9. Assegurar que os sistemas de pensões são compatíveis com os requisitos de flexibilidade e segurança do mercado de trabalho, que, sem prejuízo da coerência dos referidos sistemas dos Estados-membros, a mobilidade do mercado de trabalho, dentro dos Estados-membros e através das fronteiras, bem como as formas atípicas de emprego não penalizem os direitos das pessoas às pensões e que o trabalho independente não seja desencorajado pelos sistemas de pensões.

No que se refere ao sistema público de segurança social, a lei é neutra em termos de condições de acesso, pelo que se considera que não existem grandes dificuldades para que certas actividades, de natureza atípica, cumpram esses requisitos. Assim, no que se refere aos trabalhadores independentes a diferença nas condições de acesso ao regime de pensões em relação aos trabalhadores por conta de outrem situa-se ao nível da base de incidência contributiva que, no segundo caso, incide sobre remunerações reais e no primeiro sobre remunerações convencionais escolhidas pelo interessado. Quanto a este aspecto, o Governo procedeu à elevação para 1,5 vezes o salário mínimo nacional do escalão mínimo de base de incidência para estes trabalhadores (aumento de 50%) como passo intermédio da aproximação das remunerações convencionais às remunerações reais, salvaguardando-se a possibilidade de poder descontar por um valor inferior, designadamente para aqueles que façam prova de que as respectivas remunerações reais são inferiores. Além disso, não há perda de direitos a pensões com a mudança de trabalho ou com a interrupção da carreira (esta é penalizada em termos de períodos de tempo que não são contados). No que se refere ao 2º pilar, a grande maioria dos planos de pensões existentes em Portugal não consagra a existência de direitos adquiridos15. Assim, a inexistência de direitos adquiridos ou a sua restrição a determinado sector de actividade ou grupo de empresas, determina a inexistência de uma efectiva portabilidade, limitando a mobilidade de emprego. Daqui decorre a prioridade do Governo à avaliação dos mecanismos necessários à instituição da portabilidade de direitos como regra, designadamente nos regimes complementares. 15 Nos fundos de pensões fechados, 47,4% do respectivo número corresponde a planos que não concedem direitos adquiridos em caso de cessação do vínculo contratual com o correspondente associado do fundo e 23,7% concedem tais direitos ao nível sectorial, ao abrigo do regime de contratação colectiva de trabalho, vigente nos sectores de actividade bancária, actividade seguradora e outras actividades financeiras (que não incluídas directamente naqueles dois tipos de actividades, mas abrangidas por aquela contratação colectiva). Nos planos de pensões financiados através de adesões colectivas a fundos de pensões abertos, a percentagem de adesões com planos sem direitos adquiridos é de 36,2%, e 14% do total garantem direitos adquiridos que se referem ao regime de contratação colectiva acima mencionada.

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10. Revisão das normas que regem as pensões com vista a assegurar a igualdade de tratamento entre homens e mulheres, tendo em conta as obrigações decorrentes da legislação da UE.

O princípio da igualdade entre homens e mulheres é um imperativo constitucional, encontrando-se o mesmo presente no sistema de segurança social. Assim o problema das diferenças de género não se coloca, uma vez que a legislação em vigor não contem regras discriminatórias. Se, na prática, se verificam diferenças de género elas resultam, nomeadamente, de factores decorrentes do mercado de trabalho, dado que as mulheres, em regra, têm salários mais baixos, carreiras mais curtas e, consequentemente, pensões mais baixas. Nos termos da legislação vigente, os períodos de impedimento para o trabalho, decorrentes do regime de protecção na maternidade, paternidade e adopção, são equivalentes ao registo de contribuições. Mesmo as licenças que não são subsidiadas no âmbito da segurança social (ex: licença especial para assistência a descendentes até aos 6 anos de idade) contam para a taxa de formação da pensão. Como meio de compensar, de alguma forma, a diminuição de rendimentos decorrente da morte do beneficiário, quer o sistema de segurança social público, quer o regime de protecção social dos funcionários públicos preconizam o pagamento de pensões de sobrevivência ao cônjuge sobrevivo, ao ex-cônjuge (que se encontre a receber pensão de alimentos) e à pessoa que vivia com o beneficiário em situação análoga à do cônjuge, nos termos do nº 1 do artigo 2020º do Código Civil (situação de união de facto há pelo menos 2 anos) cuja situação tenha sido reconhecida judicialmente, bastando que para isso tenham cumprido os respectivos condicionalismos legais. No âmbito do sistema de segurança social público, a percentagem a considerar para a determinação do valor das pensões de sobrevivência a atribuir aos cônjuges e ex-cônjuges16 é de 60% ou 70% da pensão (consoante sejam um ou mais do que um) que o beneficiário recebia ou da que lhe seria calculada à data do falecimento. É partilhada por igual entre os titulares do direito à pensão, se houver concorrência de herdeiros. A pensão é, em regra, atribuída ao cônjuge ou ex-cônjuge pelo período de 5 anos, no caso de este, à data da morte do beneficiário ter idade inferior a 35 anos, ou sem limite de tempo se à data do falecimento do beneficiário o cônjuge ou ex-cônjuge tiverem idade igual ou superior a 35 anos de idade ou atingirem esta idade enquanto tiverem direito à pensão e se estiverem em situação de incapacidade total e permanente para qualquer trabalho. O pagamento da pensão cessa com o casamento dos cônjuges ou ex-cônjuges e com o reconhecimento judicial das situações de deserdação e indignidade. Em caso de divórcio, o ex-cônjuge tem direito a pensão de sobrevivência se receber pensão de alimentos. No âmbito do regime não contributivo, a pensão de sobrevivência corresponde a 60% da pensão social de invalidez ou velhice, sendo para tal necessário que o cônjuge sobrevivo não tenha por si direito a qualquer pensão.

16 As pensões de sobrevivência também são atribuídas aos descendentes e ascendentes.

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No âmbito do regime de protecção social da Função Pública a pensão de sobrevivência é calculada nos moldes seguintes: - Se o tempo de contribuinte e de subscritor são coincidentes, a pensão de sobrevivência é

igual a metade da pensão de aposentação ou de reforma que o contribuinte se encontre a receber na data da sua morte ou a que teria direito, se na mesma data fosse aposentado ou reformado;

- Se os tempos referidos não forem coincidentes, a pensão de sobrevivência é igual a metade da pensão de aposentação ou de reforma que corresponder ao tempo de contribuinte até ao limite de 36 anos;

- A pensão de sobrevivência, devida por morte do contribuinte beneficiário de pensão extraordinária de aposentação ou reforma, é igual a metade desta, qualquer que seja o tempo de inscrição na Caixa Geral de Aposentações para efeito de sobrevivência.

Havendo mais do que um herdeiro hábil, a pensão é distribuída entre eles de acordo com determinadas regras previstas na lei. A extinção da qualidade de pensionista, com a consequente perda do direito à pensão de sobrevivência, verifica-se, nomeadamente pelo casamento, com excepção dos filhos incapazes, dos pais e avós; pela cessação do estado de incapacidade ou da situação que determinou a atribuição da pensão ou pela indignidade do pensionista, resultante do seu comportamento moral, declarada por sentença judicial em acção intentada por qualquer um dos herdeiros hábeis. 11. Tornar os sistemas de pensões mais transparentes e adaptáveis às situações de mudança, de maneira a que os cidadãos possam continuar a ter confiança neles. Desenvolver informação fiável e fácil de entender sobre as perspectivas a longo prazo dos sistemas de pensões, nomeadamente no que respeita à evolução provável dos níveis das prestações e das taxas de contribuição. Promover um consenso, o mais amplo possível, relativamente às políticas e reformas das pensões. Melhorar as bases metodológicas com vista à gestão eficiente das reformas e políticas de pensões.

Em matéria de informação ao cidadão, sobre os respectivos direitos e deveres no que se refere à segurança social considera-se que os meios actualmente disponibilizados decorrentes da evolução das tecnologias de informação e comunicação permitem garantir o princípio da transparência dos serviços face aos seus utentes. Sempre que as medidas legislativas se traduzam em alterações relevantes ao sistema de segurança social, nomeadamente as de actualização periódica dos montantes das pensões, são as mesmas publicitadas, nos órgãos de comunicação social, mediante iniciativa do Governo. Quanto à adopção de medidas de política e de reforma nos regimes de pensões, ou ao nível do sistema em geral, a prática tem sido a de envolver os parceiros sociais que têm assento na Comissão Permanente de Concertação Social, no sentido de se conseguir a convergência de pontos de vista e de consensos. O mesmo se encontra previsto para a discussão das medidas referidas ao longo do relatório e que se pretende implementar. No que se refere à acessibilidade à informação por parte dos beneficiários no que respeita às pensões, está disponível no site da segurança social um “simulador de pensões” que permite aos beneficiários efectuarem simulações do cálculo das respectivas pensões com base nas remunerações registadas em seu nome.

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No âmbito da melhoria da qualidade e do acesso à informação o Programa do Governo prevê a introdução de melhorias no referido simulador, bem como no sistema de informação da segurança social, garantindo, nomeadamente, que todas as prestações passem a poder ser requeridas através da Internet. Uma outra medida a adoptar é tornar obrigatória para todas as empresas a utilização do sistema de declaração de remunerações online, através da Internet, bem como melhorar todos os sistemas de relacionamento da segurança social com os cidadãos, designadamente criando um número telefónico nacional e call-center da segurança social, através do qual os cidadãos podem ver esclarecidas as suas dúvidas e minimizadas as deslocações desnecessárias aos serviços. O Governo compromete-se ainda a publicar anualmente, com o Orçamento de Estado, um estudo que contenha a actualização das projecções de longo prazo relativas ao sistema de segurança social. Ao nível dos deveres de informação a prestar aos participantes e beneficiários dos fundos de pensões, a actual legislação estipula o seguinte: � o associado deve informar os participantes sobre o plano de pensões constante do contrato

constitutivo ou do contrato de adesão colectiva e das alterações posteriores que ocorram neste âmbito, bem como facultar, a pedido dos participantes, as informações adequadas à efectiva compreensão do plano;

� as entidades gestoras devem facultar aos participantes dos fundos de pensões que financiem planos de pensões contributivos, a seu pedido, todas as informações adequadas à efectiva compreensão do mesmo;

� os beneficiários que se encontrem a receber uma pensão paga através de um fundo de pensões têm o direito de obter da entidade gestora informações sobre a sua situação;

� nos casos de fundos de pensões que financiam planos de pensões contributivos, os contribuintes e os participantes têm direito a receber das entidades gestoras, pelo menos uma vez por ano, informações sobre o montante das contribuições efectuadas por si ou a seu favor e em seu nome e sobre o valor da sua quota-parte do fundo.

O projecto de diploma que procede à transposição da Directiva 2003/41/CE, de 3 de Junho, para o ordenamento jurídico português, indo embora além do previsto na referida Directiva, mas ainda em cumprimento do aí disposto, prevê, nos fundos de pensões fechados e nas adesões colectivas a fundos de pensões abertos, deveres específicos de informação aos participantes e beneficiários, a prestar inicialmente e durante a vigência do contrato, nomeadamente informação sobre o plano de pensões, política de investimento, evolução dos direitos em formação e situação financeira do fundo de pensões.

Conclusão O contexto que precedeu a apresentação do presente relatório, caracterizou-se, como já se referiu na parte introdutória, por mudanças políticas, que resultaram na redefinição das prioridades no âmbito da Segurança Social. Os progressos realizados com vista à concretização dos objectivos comuns ficaram aquém do que seria desejável, dado que a Lei de Bases não foi ainda totalmente regulamentada, não se

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tendo adoptado, consequentemente, várias das medidas previstas e enunciadas no anterior relatório. Como aspectos positivos há a referir quer a manutenção das novas regras de cálculo aprovadas em 2002, que valorizam a contributividade e tomam em consideração toda a carreira contributiva, quer a definição do quadro genérico do financiamento, ainda em 2001. Um outro aspecto a considerar respeita a prossecução do aumento gradual dos montantes mínimos das pensões, no sentido da respectiva aproximação gradual até 2006 a valores indexados ao valor líquido da retribuição mínima mensal garantida, processo que será agora muito aprofundado com a criação de uma prestação extraordinária de combate à pobreza nos idosos, tendo em vista melhorar a qualidade de vida dos pensionistas, dirigida apenas àqueles que realmente necessitam desta prestação complementar. No que respeita ao regime de protecção social dos funcionários públicos, a revogação do Decreto-Lei nº 116/85, de 19 de Abril, bem como o aditamento do artigo 37º-A ao Estatuto da Aposentação (referidos em 6.) visaram, por um lado, reduzir o acesso à pensão antecipada sem qualquer redução da pensão e, por outro lado, aproximar o regime de aposentação antecipada, instituído em substituição daquele, ao regime vigente na segurança social. Com a introdução das outras medidas referidas visou-se diminuir, ainda que de forma ligeira, a remuneração relevante para o cálculo das pensões. Medidas bem mais estruturais estão agora a ser implementadas, como o aumento da idade de reforma para os 65 anos, a convergência gradual e completa da fórmula de cálculo das pensões e ainda a eliminação dos regimes especiais. Permanece a situação de independência entre o sistema público e os sistemas complementares de reformas. Apesar disso, muitos são os planos de pensões de empresas, actualmente existentes em Portugal, que providenciam pensões complementares ou suplementares às dos sistemas de Previdência Social, e mesmo pensões substitutivas do sistema de Segurança Social, nomeadamente nos sectores bancário e de comunicações. O novo Governo elegeu como a primeira das preocupações da sua política de protecção social, a promoção de um sistema de segurança social sustentável a prazo e simultaneamente mais justo e equitativo. Na prossecução deste objectivo foi aprovado em Conselho de Ministros um conjunto de orientações e medidas calendarizadas, tendo sido definidas as respectivas metodologias de execução, tendo em vista a respectiva concretização quer para o sistema de segurança social quer para o regime de protecção social da função pública, as quais foram referidas ao longo do relatório.

C:\relestrategiapensõesfinal/23.08.05

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Anexos

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ANEXO I

CONVERGÊNCIA DAS PENSÕES MÍNIMAS

€ 0,00 € 50,00 € 100,00 € 150,00 € 200,00 € 250,00 € 300,00 € 350,00 € 400,00

Menos de 15

17 e 18

21 e 22

25 e 26

29 e 30

32

34

36

38

40 e mais

AN

OS D

E C

AR

REIR

A C

ON

TR

IBU

TIV

A

VALORES

Montante em 12/2004 Diferença para a Convergência a atingir em 2006

Quadro I - Nº de pensionistas com pensão mínima de invalidez e velhice - 2004

Nº de Anos de Carreira Contributiva Nº. Pensionistas de velhice Nº. Pensionistas de invalidez

< 15 anos 403.509 79.335

15 e 16 anos 73.291 14.133

17 e 18 anos 53.846 13.359

19 e 20 anos 46.840 11.854

21 e 22 anos 43.050 10.798

23 e 24 anos 38.323 9.132

25 e 26 anos 33.370 8.069

27 e 28 anos 27.673 6.305

29 e 30 anos 20.451 4.656

31 anos 10.450 2.389

32 anos 8.887 1.944

33 anos 7.481 1.719

34 anos 6.542 1.449

35 anos 5.828 1.141

36 anos 4.998 1.004

37 anos 4.469 700

38 anos 3.912 549

39 anos 3.369 346

40 e mais anos 15.814 728

Total 812.103 169.610 Fonte: Centro Nacional de Pensões

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Quadro II - Valor Mínimo Mensal das Pensões de Invalidez e Velhice

Montante em 12/2004 Diferença para a

Convergência a atingir em 2006

RESSAA € 199,37 € 0,72

Pensão Social € 164,17 € 2,57

Quadro III - Evolução das pensões mínimas de sobrevivência no regime de protecção social da Função Pública

ANO 2000 2001 2002 2003 2004

ANOS DE SERVIÇO

de 5 até 12 anos 87,04 90,78 94,28 96,63 100,50 mais de 12 até 18 anos 90,78 94,77 98,27 100,72 104,75 mais de 18 até 24 anos 103,75 108,24 112,23 115,04 119,06 mais de 24 até 30 anos 116,72 121,71 126,20 129,35 133,23 mais de 30 anos 155,62 162,36 168,35 172,56 176,52

Fonte: Caixa Geral de Aposentações

Quadro IV - Nº de pensionistas, em Dezembro, ao abrigo do Decreto-Lei nº 9/99, de 8 de Janeiro

Anos Antecipação % em relação ao

Total de Pensionistas

Bonificação

1999 6.389 0,3% 14

2000 16.252 0,7% 157

2001 23.888 0,9% 333

2002 31.436 1,2% 473

2003 39.023 1,5% 591

2004 50.879 1,9% 730 Fonte: CNP, "Processamento de pensões - listagens mensais"

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Quadro V - Pensionistas em actividade

ANOS INVALIDEZ VELHICE TOTAL

1996 340 18.224 18.564

1997 819 25.658 26.477

1998 1.434 31.888 33.322

1999 2.107 36.917 39.024

2000 2.748 43.816 46.564

2001 3.412 52.204 55.616

2002 3.722 57.468 61.190

2003 3.596 62.254 65.850

2004 3.552 70.681 74.233

Fonte: CNP

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ANEXO II

Regimes privados - 2º e 3º pilares

1. INTRODUÇÃO

A ligação entre o 1º e os 2º e 3º pilares da Previdência Social constante da actual Lei de Bases da Segurança Social (Lei n.º 32/2002, de 20 de Dezembro) não foi ainda objecto de regulamentação, pelo que esta não produziu, ainda, qualquer efeito prático neste âmbito. Permanece, assim, a situação de independência entre o sistema público e o sistema privado de reformas, apesar de muitos dos planos de pensões de empresas, actualmente existentes em Portugal, providenciarem pensões complementares ou suplementares às dos sistemas de Previdência Social, e mesmo pensões substitutivas do sistema de Segurança Social17. Estes planos de pensões são, geralmente, financiados através de um fundo de pensões ou de um contrato de seguro de vida grupo, sendo o seu custo, que no caso dos planos complementares ou suplementares, acresce ao montante das contribuições obrigatórias para os regimes de Previdência Social, suportado pela empresa, e por vezes pelos trabalhadores. Não existindo a obrigatoriedade das empresas constituírem e financiarem os seus planos de pensões, a não ser aquela decorrente de regulamentação colectiva, os regimes de reforma privados não são muito comuns em Portugal18. Isto, apesar dos custos suportados com contratos de seguros de vida ou as contribuições para os fundos de pensões e equiparáveis, ou para quaisquer regimes complementares de segurança social, serem considerados como custo fiscal, nos seguintes termos19: � Quando sejam direitos adquiridos e individualizados dos trabalhadores; � Quando não sejam direitos adquiridos e individualizados dos trabalhadores, até ao limite de

15% das despesas com o pessoal escrituradas a título de remunerações, salários e ordenados respeitantes ao exercício, desde que garantam, exclusivamente, o benefício de reforma, pré-reforma, complemento de reforma, invalidez ou sobrevivência, a favor dos trabalhadores da empresa. Este limite é elevado para 25%, se os trabalhadores não tiverem direito a pensões da Segurança Social.

Para que as contribuições sejam aceites como custo fiscal, devem verificar-se as condições descritas no Art. 40º do Código do IRC, sendo de destacar as seguintes: • os benefícios serem estabelecidos para a generalidade dos trabalhadores e segundo um

critério objectivo e idêntico para todos; • as disposições do regime geral de segurança social serem acompanhadas no que se refere

à idade de reforma e aos titulares do direito às correspondentes prestações.

Relativamente ao trabalhador, no momento em que são despendidas as contribuições, colocam-se duas situações:

� Se existirem direitos adquiridos e individualizados dos trabalhadores:

• Em contratos em que sejam observadas as condições previstas no Art. 40º do Código de IRC na parte em que não sejam excedidos os limites fiscais de 15% (25%) da remuneração não haverá lugar a tributação em sede de IRS, a título de rendimentos do trabalho dependente. A tributação é diferida para o momento do resgate, adiantamento, remição ou qualquer outra forma de antecipação, ou na ausência de qualquer destas situações para o momento da sua saída da empresa;

• Em contratos em que não sejam observadas as condições previstas no Art. 40º do Código de IRC ou na parte em que sejam excedidos os limites fiscais de 15% (25%) da remuneração, as contribuições feitas pela entidade patronal são rendimentos da categoria A (trabalho dependente).

17 Caso dos sectores bancários e de comunicações.

18 Sublinhe-se a este respeito que aproximadamente 82% do mercado de fundos de pensões refere-se a fundos onde os planos são substitutivos da Segurança Social e/ou fundos constituídos ao abrigo de regulamentação colectiva.

19 Art. 23º e 40º do Código do IRC.

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� Se não existirem direitos adquiridos e individualizados dos trabalhadores não haverá lugar a tributação em sede de IRS, a título de rendimentos do trabalho dependente. A tributação é diferida para o momento do resgate, adiantamento, remição ou qualquer outra forma de antecipação, ou na ausência de qualquer destas situações para o momento da sua saída da empresa.

No que diz respeito ao momento de recebimento dos benefícios, há que ter em conta se no momento em que foram feitas as contribuições houve tributação ou não. De um modo geral, as pensões são consideradas rendimento de categoria H e estão totalmente isentas até um determinado limite20.

No que diz respeito aos sistemas privados instituídos a nível individual, ou seja, ao terceiro pilar da Previdência Social, o trabalhador pode complementar a reforma concedida pela Segurança Social e/ou pela empresa, constituindo planos individuais de reforma recorrendo, para o seu financiamento, a seguros de vida individual e adesões individuais a fundos de pensões abertos e, ainda, a fundos de pensões fechados ou adesões colectivas a fundos de pensões abertos, quando estes se encontram a financiar planos de pensões contributivos. São dedutíveis à colecta, até determinados limites21, 25% das importâncias despendidas com prémios de seguros de vida que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou reforma por velhice, neste último caso desde que o benefício seja garantido após os 55 anos de idade e cinco de duração do contrato. Esta dedução não é efectuada no momento da entrega das contribuições efectuadas para fundos de pensões, sendo considerada no momento do recebimento do benefício. Mas, independentemente do veículo utilizado para o seu financiamento, para que os 2º e 3º pilares da nossa Previdência Social se desenvolvam em plenitude é absolutamente necessário que se preencha o vazio legal existente ao nível de regras aplicáveis aos planos de pensões. Saliente-se que a actual legislação contempla unicamente os planos de pensões financiados através de fundos de pensões. Refira-se que está em curso a transposição da Directiva 2003/41/CE, de 3 de Junho, para o ordenamento jurídico português, transposição que irá trazer ao sector dos planos de pensões profissionais algumas concretizações do princípio da liberdade de prestação transfronteiras dos serviços de gestão dos planos de pensões e de guarda dos respectivos activos. Indo embora além do previsto na supramencionada Directiva, mas ainda em cumprimento do aí disposto, o projecto apresentado prevê, nos fundos de pensões fechados e nas adesões colectivas a fundos de pensões abertos, deveres específicos de informação aos participantes e beneficiários, a prestar inicialmente e durante a vigência do contrato, nomeadamente informação sobre o plano de pensões, política de investimento, evolução dos direitos em formação e situação financeira do fundo de pensões. De referir ainda a previsão expressa do dever das entidades gestoras definirem os princípios aplicáveis à política de investimento de cada fundo de pensões, matéria que, embora objecto de regulação por norma do Instituto de Seguros de Portugal, carecia de maior densificação na lei. O referido projecto integra, ainda, as regras prudenciais previstas na Directiva sobre composição dos activos e cálculo das responsabilidades, apesar de se tratar de regras que decorrem já dos princípios aplicáveis à gestão dos fundos de pensões, consagradas em normas regulamentares do ISP e, novas estruturas de governação dos fundos de pensões: a comissão de acompanhamento dos planos de pensões profissionais e o provedor dos participantes e beneficiários para as adesões individuais.

2. EVOLUÇÃO DOS FUNDOS DE PENSÕES EM PORTUGAL

Assim, esta exposição irá centrar-se maioritariamente nos fundos de pensões, cujo montante detinha, em 2003, um peso em relação ao PIBpm de, aproximadamente, 12,4%, tendo, no entanto, decrescido em 2004 para cerca de 11,2%. Atente-se ao facto do mercado de fundos de pensões ter registado um decréscimo muito acentuado (-6,7%) dos montantes geridos, de 2003 para 2004, em larga medida consequência da integração de vários Fundos de Pensões e quotas partes de Fundos de Pensões na Caixa Geral de Aposentações (a quase totalidade do património do Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos e do Fundo de Pensões NAV-EP/SINCTA e os

20 Limite anual actual: 8.283 Euros. 21 Art.º 86.º do Código do IRS.

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Fundos de Pensões ANA-SA Aposentações, NAV-EP Aposentações e do Pessoal da Imprensa Nacional - Casa da Moeda - CGA). Aliás, já em 2003 a transferência, também para a CGA, do Fundo de Pensões do Pessoal dos CTT/CGA, explica o aumento diminuto dos montantes sob gestão.

Ano Montante fundos de pensões

(MFP) PIBpm MFP/ PIBpm

2000 13.767 115.263 11,9%

2001 14.808 122.501 12,9%

2002 15.880 129.892 12,2%

2003 16.283 130.856 12,4%

2004 15.191 135.035 11,2% milhões de euros

Quadro 1 – Peso do Mercado de Fundos de Pensões em Relação ao PIBPM

O quadro seguinte mostra a evolução dos vários tipos de fundos de pensões ao longo dos anos. Depois de um período de estabilização, que mediou entre 1997 e 2000 assistiu-se a uma recuperação do peso relativo das contribuições no montante total dos fundos de pensões em 2001 e 2002. No entanto, esta recuperação, longe de ficar a dever-se a um novo fôlego do mercado de fundos de pensões, esteve aliada à desvalorização dos mercados accionistas que implicou um esforço contributivo suplementar por parte dos associados. Em 2003, o esforço contributivo global foi cerca de metade do verificado em 2002, uma vez que a retoma da valorização dos mercados de capitais permitiu a obtenção de bons resultados na gestão financeira dos fundos de pensões e, consequentemente, a diminuição da necessidade de um maior esforço contributivo. Relativamente a 2004, verificou-se um aumento de 2,4 pontos percentuais no rácio contribuições/montantes geridos que deriva não do aumento das contribuições, mas da diminuição dos montantes geridos fruto da transferência de alguns Fundos para a CGA, como referido anteriormente

2000 2001 2002 2003 2004

Fundos de Pensões Fechados

Número 205 195 187 183 173

Montante 13.142 14.177 15.225 15.563 14.393

Contribuições 1.269 2.058 2.533 1.303 1.543

Contribuições /Montante 9,7% 14,5% 16,6% 8,4% 10,7%

Fundos de Pensões PPR/E

Número 17 17 20 21 22

Montante 436 411 401 412 430

Contribuições 63 71 46 42 55

Contribuições /Montante 14,4% 17,4% 11,6% 10,1% 12,7%

Fundos de Pensões PPA

Número 5 5 5 5 5

Montante 14 15 14 16 17

Contribuições 2 3 2 1 2

Contribuições /Montante 16,4% 19,2% 11,2% 7,8% 13,1%

Fundos de Pensões Abertos

Número 17 19 19 20 21

Montante 174 205 239 292 351

Contribuições 30 38 65 56 65

Contribuições /Montante 17,2% 18,7% 27,2% 19,2% 18,4%

Total de fundos de pensões

Número 244 236 231 229 221

Montante 13.767 14.808 15.880 16.283 15.191

Contribuições 1.364 2.170 2.646 1.402 1.665

Contribuições /Montante 9,9% 14,7% 16,7% 8,6% 11,0milhões de euros

Quadro 2 – Evolução dos Fundos de Pensões

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No que diz respeito à população de participantes e beneficiários abrangida pelos fundos de pensões, verificou-se, em 2003, um decréscimo de 5,2% face a 2002. O número de participantes decresceu 4,4%, enquanto que o número de beneficiários decresceu 7,1%. Esta última percentagem, bastante superior à primeira, não permitiu contrariar grandemente a evolução do rácio beneficiários/participantes que, em 2003, se situava nos 40,9%, apenas 1,1% inferior ao rácio obtido em 2002. Este rácio é, aliás, bastante elucidativo quanto ao relativo envelhecimento das populações abrangidas pelos fundos de pensões. Saliente-se que a extinção de fundos de pensões fechados foi responsável pela redução de cerca de 9.400 participantes, sendo que apenas o Fundo de Pensões do Pessoal dos CTT/CGA determinou a redução de 8.900 participantes. No entanto, a redução do número de participantes pode também ser explicada pelas reestruturações de pessoal levadas a cabo por várias empresas, bem como pela passagem de participantes à situação de beneficiários. Com efeito, apesar do decréscimo no número total de beneficiários, nos fundos de pensões fechados, o rácio beneficiários/participantes aumentou 4,5%.

2000 2001 2002 2003

Participantes 293.530 283.244 282.026 269.557

Fundos de pensões fechados 184.075 178.940 174.355 161.430

Fundos de pensões PPR/E 69.482 61.565 64.593 65.579

Fundos de pensões PPA 3.367 3.436 3.443 3.274

Outros fundos de pensões abertos 36.606 39.303 39.635 39.274

Beneficiários 106.323 112.813 118.581 110.166

Quadro 3 – Evolução do Número de Participantes e Pensionistas

Tendo em conta o tipo de benefícios garantidos, todos os fundos de pensões fechados existentes em 2004 financiavam planos de pensões com benefícios de reforma por velhice, e 92,4% dos mesmos financiavam igualmente benefícios de reforma por invalidez. Os benefícios de sobrevivência – viuvez e/ou orfandade – de participantes e beneficiários encontram-se previstos, respectivamente, em 61,9% e 54,3% dos planos de pensões correspondentes a fundos de pensões fechados. Relativamente a benefícios por reforma antecipada/pré-reforma, apenas cerca de 52% do número total de fundos fechados abrange esse tipo de benefícios.

No que diz respeito às adesões colectivas a fundos de pensões abertos, 98,9% destinavam-se à garantia do benefício de reforma por velhice, enquanto 87,6% financiavam o benefício de reforma por invalidez. Já os benefícios de reforma antecipada/pré-reforma e sobrevivência de beneficiários detêm pesos bastante inferiores aos registados nos fundos fechados, 48% e 25,8%, respectivamente.

Saliente-se que a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 9/99, de 8 de Janeiro, implicou a alteração de alguns planos de pensões financiados por fundos de pensões, por forma a acompanharem o regime de flexibilização da idade de reforma por velhice previsto naquele decreto. Por outro lado, diversos planos prevêem também a possibilidade de adiamento da reforma dependente de acordo entre o participante e o associado. Pensamos, portanto, que ao nível dos planos de pensões já instituídos e financiados por fundos de pensões se tem vindo a denotar um esforço em facilitar, cada vez mais, a opção pela reforma flexível. No que diz respeito à actualização das pensões, 75,7% dos fundos de pensões fechados incluem este benefício. Já nas adesões colectivas a fundos de pensões abertos esta percentagem é de, apenas, 39,3%. Dos fundos de pensões fechados que garantem actualizações, 32,8% são feitas de acordo com a regulamentação colectiva dos sectores bancário ou segurador e, em outro terço dos casos, por decisão dos associados. Nas adesões colectivas essas percentagens correspondem, respectivamente, a 48,6% e 27,9%, respectivamente. A grande maioria dos planos de pensões existentes em Portugal não consagra a existência de direitos adquiridos. Nos fundos de pensões fechados, 47,4% do respectivo número corresponde a planos que não concedem direitos adquiridos em caso de cessação do vínculo contratual com o correspondente associado do fundo e 23,7% concedem tais direitos ao nível sectorial, ao abrigo do regime de contratação colectiva de trabalho, vigente nos sectores de actividade bancária, actividade seguradora e outras actividades financeiras (que não incluídas directamente naqueles dois tipos de actividades, mas abrangidas por aquela contratação colectiva). Nos planos de pensões

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financiados através de adesões colectivas a fundos de pensões abertos, a percentagem de adesões com planos sem direitos adquiridos é de 36,2%, e 14% do total garantem direitos adquiridos que se referem ao regime de contratação colectiva acima mencionada.

A inexistência de direitos adquiridos, ou a sua restrição a determinado sector de actividade ou grupo de empresas, determina a inexistência de uma efectiva portabilidade, limitando a mobilidade de emprego.

3. GESTÃO DOS FUNDOS DE PENSÕES

Em Portugal, os fundos de pensões podem ser geridos por sociedades gestoras de fundos de pensões ou companhias de seguros que em Portugal explorem o ramo vida. As sociedades gestoras de fundos de pensões são sociedades constituídas exclusivamente para a gestão de fundos de pensões, podendo também exercer actividades necessárias ou complementares dessa gestão, nomeadamente no que respeita à avaliação de responsabilidades com planos de pensões.

As entidades gestoras não podem transferir global ou parcialmente para terceiros os poderes de gestão dos fundos de pensões que lhes são conferidos pela lei, sem prejuízo da possibilidade de recorrerem a serviços de terceiros que se mostrem convenientes para o exercício da sua actividade, designadamente os de prestação de conselhos especializados sobre aspectos actuariais e de investimentos e, ainda, de execução, sob a sua orientação e responsabilidade, dos actos e operações que lhes competem.

Em 2004, estavam registadas 27 entidades gestoras, das quais 14 eram empresas de seguros e 13 sociedades gestoras de fundos de pensões. No final desse ano, estas últimas eram responsáveis pela gestão de 68,8% dos fundos de pensões existentes, os quais representavam 96% do montante total dos fundos.

4. SUPERVISÃO

De acordo com o Decreto-Lei n.º 475/99, de 9 de Novembro, “Compete ao Instituto de Seguros de Portugal a supervisão dos fundos de pensões e das sociedades gestoras de fundos de pensões.”. Esta supervisão, tendo sempre em vista a protecção dos interesses dos participantes e beneficiários, tem como objectivo essencial garantir que cada fundo de pensões, nos termos da regulamentação em vigor, cumpre a sua função de financiamento do respectivo plano de pensões. Para esse efeito, a supervisão incide sobre as entidades gestoras de fundos de pensões e sobre os próprios fundos de pensões.

4.1. DAS ENTIDADES GESTORAS

As entidades gestoras de fundos de pensões, quer sejam sociedades gestoras, quer sejam empresas de seguros que gerem fundos de pensões, devem dispor e manter uma margem de solvência disponível e um fundo de garantia. Este último corresponde a um terço da margem de solvência exigida, sendo que esta é calculada com base nos riscos assumidos e nos montantes dos fundos geridos, da seguinte forma:

• 4% do montante dos fundos geridos em que se garante o risco de investimento • 1% do montante dos fundos geridos em que não há a garantia do risco de investimento,

mas em que a duração do contrato de gestão e a fixação das despesas de gestão é superior a 5 anos

• 1% do montante das adesões individuais a fundos abertos (inclui os fundos de pensões PPR/E e PPA, se a entidade gestora não assume o risco de investimento)

O montante da margem não pode, no entanto, ser inferior às seguintes percentagens do montante dos fundos de pensões geridos:

• Até 75 milhões de euros – 1% • No excedente – 1%o

A exigência de que entidades gestoras mantenham uma margem de solvência disponível e um fundo de garantia, tem como objectivo a salvaguarda de que estas dispõem de meios para superar eventuais riscos em que incorrem, nomeadamente, o risco de investimento, nos casos em que não

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conseguem obter o rendimento mínimo que se propuseram garantir, ou, ainda, quando se verifique a existência de má gestão / gestão fraudulenta dos activos dos fundos de pensões.

4.2. DOS FUNDOS DE PENSÕES

No que diz respeito às exigências de financiamento dos fundos de pensões, há que ter em consideração o tipo de plano de pensões em causa (benefício definido ou contribuição definida).

No caso de planos de pensões de contribuição definida, o associado do fundo deve efectuar o pagamento das contribuições definidas no contrato constitutivo ou adesão colectiva. Relativamente aos planos de pensões de benefício definido, o fundo de pensões tem que dar cumprimento ao mínimo de solvência exigido pela regulamentação em vigor22. Na prática, no entanto, as contribuições pagas pelos associados são, na sua grande maioria, calculadas utilizando pressupostos mais conservadores do que os estabelecidos para o cálculo daquele mínimo, para que os fundos de pensões em causa apresentem uma situação de solvência adequada para fazer face a eventuais evoluções desfavoráveis.

Se o associado não proceder ao pagamento das contribuições necessárias ao cumprimento dos montantes mínimos exigidos, cabe à entidade gestora tomar a iniciativa de propor ao associado a regularização da situação, sob pena de extinção do fundo de pensões fechado ou da adesão colectiva, nos termos da legislação em vigor. A liquidação do património do fundo de pensões fechado ou da adesão colectiva deve ter em conta prioritariamente as pensões em pagamento, os direitos já adquiridos e depois a garantia das pensões em formação.

Na composição do património dos fundos de pensões, as entidades gestoras devem ter em conta o tipo de responsabilidades que aqueles se encontram a financiar de modo a garantir a segurança, o rendimento e a liquidez dos respectivos investimentos, assegurando uma diversificação e dispersão prudentes dessas aplicações.

Nesta área, a legislação portuguesa assenta no princípio “prudent person plus”, segundo o qual, para cada fundo de pensões, deve ser definida uma política de investimento baseada em regras e procedimentos que um gestor sensato, prudente e conhecedor aplicaria no sentido de prosseguir uma gestão no exclusivo interesse dos representados, de evitar um inadequado risco de perda e de obter um rendimento adequado ao risco incorrido. Este princípio é complementado com algumas regras quantitativas que permitem uma adequada diversificação e dispersão de risco. Saliente-se que a política de investimento deve ser formulada por escrito e constar, obrigatoriamente, do contrato de gestão do fundo de pensões fechado ou do regulamento de gestão do fundo de pensões aberto.

Ao nível dos deveres de informação a prestar aos participantes e beneficiários dos fundos de pensões, a actual legislação estipula o seguinte:

� o associado deve informar os participantes sobre o plano de pensões constante do contrato

constitutivo ou do contrato de adesão colectiva e das alterações posteriores que ocorram neste âmbito, bem como facultar, a pedido dos participantes, as informações adequadas à efectiva compreensão do plano;

� as entidades gestoras devem facultar aos participantes dos fundos de pensões que financiem planos de pensões contributivos, a seu pedido, todas as informações adequadas à efectiva compreensão do mesmo;

� os beneficiários que se encontrem a receber uma pensão paga através de um fundo de pensões têm o direito de obter da entidade gestora informações sobre a sua situação;

� Nos casos de fundos de pensões que financiam planos de pensões contributivos, os contribuintes e os participantes têm direito a receber das entidades gestoras, pelo menos uma vez por ano, informações sobre o montante das contribuições efectuadas por si ou a seu favor e em seu nome e sobre o valor da sua quota-parte do fundo.

22 Cada fundo de pensões deve ter um montante mínimo igual à soma do valor actual das pensões em pagamento e do valor

actual da responsabilidade relativa aos serviços passados de todos os participantes calculada com salários não projectados. Estes montantes devem ser calculados com a tábua de mortalidade TV 73/77 e a taxa de juro de 4,5%.