8
Publicação bimestral da Associação dos Magistrados do Trabalho da 13ª Região - João Pessoa/Paraíba - Novembro/Dezembro de 2004 Leia nesta edição Leia nesta edição Leia nesta edição Leia nesta edição Leia nesta edição EDITORIAL Agora, Justiça do Trabalho ENTRE EM CONTATO: www.amatra13.org.br Telefones/Fax: (83) 241-7799 e (83) 241-7640 Celular: (83).9961-0430 Distribuição gratuita e dirigida aos associados Ano V Ano V Ano V Ano V Ano V Nº 16 PERFIL Esutudar, namorar e malhar... e os processos? 8 2 8 Justiça do Trabalho sai fortalecida com Emenda Constitucional nº 45 PAULO ROBERTO V. ROCHA A magistratura do Trabalho na Paraíba comemorou a pro- mulgação, pelas Mesas da Câma- ra dos Deputados e do Senado Federal, da Emenda Constitucio- nal nº 45, resultante da Reforma do Judiciário. “A Justiça do Trabalho saiu fortalecida em virtude da substancial ampliação de sua competência material, pois passará a julgar os conflitos resultantes de toda e qualquer relação de trabalho, e não ape- nas os conflitos oriundos dos contratos de trabalho regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT”, explicou o juiz Humberto Halison, presidente da Amatra 13ª Região. A promulgação da Emenda Constitucional nº 45 é de tal importância que a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) já confirmou a realização, em São Paulo, do 1º Seminário Nacional sobre Ampliação da Competência da Justiça do Trabalho. O evento deverá reunir cerca de 600 participantes. Mais sobre a EC nº 45 na página 4. A nova seção do Jornal da Amatra ESMAT forma a 10ª turma Emoção. Eis a melhor palavra para descrever o sentimento geral manifesta- do pelos professores, alunos e seus fami- liares que compareceram à Escola Supe- rior da Magistratura, na sede da Amatra 13ª Região, na tarde da sexta-feira, 28, para assistir à solenidade de formatura dos 45 formandos da nona turma da Es- mat, cujo “patrono” é o professor Eduar- do Ramalho Rabenhorst, do Centro de Ci- ências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A programação incluiu o descerra- mento, na Esmat, da placa “Turma Eduardo Ramalho Rabenhorst” pelo juíz Humberto Halison B. de Carvalho e o professor convidado Eduardo Ramalho Rabenhorst, um ato solene na sede do Tribunal Regional do Trabalho 13ª Re- gião, presidida pela juíza Ana Claro Ma- roja, vice-presidente do TRT 13ª Região, e a Aula da Saudade - ministrada pelo professor Eduardo Ramalho Rabenhorst, que falou sobre o tema “A cultura dos direitos humanos”. Página 7 Formandos da ESMAT em solenidade no auditório do TRT 13 Região

Publicação bimestral da Associação dos Magistrados do Trabalho da … · 2018-05-07 · para assistir à solenidade de formatura dos 45 formandos da nona turma da Es- ... e a

Embed Size (px)

Citation preview

Publicação bimestral da Associação dos Magistrados do Trabalho da 13ª Região - João Pessoa/Paraíba - Novembro/Dezembro de 2004

L e i a n e s t a e d i ç ã oL e i a n e s t a e d i ç ã oL e i a n e s t a e d i ç ã oL e i a n e s t a e d i ç ã oL e i a n e s t a e d i ç ã oEDITORIAL

Agora, Justiçado Trabalho

ENTRE EM CONTATO: www.amatra13.org.br nnnnn Telefones/Fax: (83) 241-7799 e (83) 241-7640 nnnnn Celular: (83).9961-0430

Distribuição gratuita e dirigida aos associados

Ano VAno VAno VAno VAno VNº Nº Nº Nº Nº 11111 66666

PERFILEsutudar, namorar emalhar... e os processos?82 8

Justiça do Trabalho sai fortalecidacom Emenda Constitucional nº 45

PAULO ROBERTO V. ROCHA

A magistratura do Trabalhona Paraíba comemorou a pro-

mulgação, pelas Mesas da Câma-ra dos Deputados e do Senado

Federal, da Emenda Constitucio-nal nº 45, resultante da Reforma

do Judiciário. “A Justiça doTrabalho saiu fortalecida em

virtude da substancial ampliaçãode sua competência material,

pois passará a julgar os conflitosresultantes de toda e qualquer

relação de trabalho, e não ape-nas os conflitos oriundos dos

contratos de trabalho regidospela Consolidação das Leis do

Trabalho, a CLT”, explicou o juizHumberto Halison, presidente da

Amatra 13ª Região.A promulgação da Emenda

Constitucional nº 45 é de talimportância que a Associação

Nacional dos Magistrados daJustiça do Trabalho (Anamatra)já confirmou a realização, em

São Paulo, do 1º SeminárioNacional sobre Ampliação da

Competência da Justiça doTrabalho. O evento deverá reunircerca de 600 participantes. Mais

sobre a EC nº 45 na página 4.

A novaseção doJornal da

Amatra

ESMAT forma a 10ª turmaEmoção. Eis a melhor palavra para

descrever o sentimento geral manifesta-do pelos professores, alunos e seus fami-liares que compareceram à Escola Supe-rior da Magistratura, na sede da Amatra13ª Região, na tarde da sexta-feira, 28,para assistir à solenidade de formaturados 45 formandos da nona turma da Es-mat, cujo “patrono” é o professor Eduar-do Ramalho Rabenhorst, do Centro de Ci-ências Jurídicas da Universidade Federalda Paraíba (UFPB).

A programação incluiu o descerra-

mento, na Esmat, da placa “TurmaEduardo Ramalho Rabenhorst” pelo juízHumberto Halison B. de Carvalho e oprofessor convidado Eduardo RamalhoRabenhorst, um ato solene na sede doTribunal Regional do Trabalho 13ª Re-gião, presidida pela juíza Ana Claro Ma-roja, vice-presidente do TRT 13ª Região,e a Aula da Saudade - ministrada peloprofessor Eduardo Ramalho Rabenhorst,que falou sobre o tema “A cultura dosdireitos humanos”.

Página 7

Formandos da ESMAT em solenidade no auditório do TRT 13 Região

2

O JORNAL AMATRAÉ UMA PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO

DOS MAGISTRADOS DO TRABALHO DA

13ª REGIÃO - AMATRA XIII.

EEEEEddddd iiiii ttttt ooooorrrrr iiiii aaaaa lllll

Agora, Justiça do TrabalhoDiretoria Executiva

da AMATRA XIII

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

Em regra, a Justiça do Trabalho tinha desde os seus primórdiossua atuação jurisdicional limitada pelo incompreensível estreita-mento legislativo da sua competência material. De fato, tornava-sede difícil assimilação ao leigo e mais ainda aos que nela prestamserviços, juízes, servidores e advogados, o fato de demandas tipi-camente inseridas num contexto trabalhista simplesmente escapa-rem da órbita de atuação da Justiça do Trabalho. Nesse rol, pode-mos incluir mesmo os dissídios entre sindicatos ou o julgamento dasações envolvendo aplicação de penalidades administrativas impos-tas pelos auditores fiscais do Trabalho, processados perante a Justi-ça Comum Estadual e Federal, respectivamente. Desvios legislati-vos simplesmente injustificáveis.

Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, porém, ocenário de atuação da Justiça do Trabalho sofreu substancial modi-ficação. A partir de janeiro do corrente ano, todas as ações oriun-das da relação de trabalho, ações sobre representação sindical,aquelas envolvendo penalidades administrativas, dentre outras,passaram a fazer parte do cotidiano do magistrado trabalhista.Novos tempos, novos desafios. A ampliação do raio de competênciamaterial traduz, em última análise, um crédito de confiança dopovo brasileiro, representado pelo Poder Legislativo, na atuação daJustiça do Trabalho. Com certeza, nos prepararemos à altura pararesponder, mais uma vez, ao chamado da Nação, julgando comceleridade e sensibilidade social os feitos que se nos apresentarem.De Justiça do Emprego ou do Desempregado, passamos, efetiva-mente, a Justiça do Trabalho.

Sobre este tema cuida o Jornal. Igualmente sobre a posse daatual Diretoria que, com a colaboração de todos os associados,administrará a entidade durante o próximo biênio. Além disso,abre-se espaço para a confraternização de Natal, realizada emclima de muita alegria, animação e otimismo. A associação devecontinuar mantendo o seu papel de pólo agregativo através darealização de eventos científicos, culturais, esportivos e sociais.Na presente edição há ampliação do universo de colaboradores,através da coluna “Livro de Cabeceira”, estreada pelo colega Arnal-do Duarte. Outras virão, para se somar às permanentes e imperdí-veis colunas dos colegas Antônio Cavalcanti, Marcos Farias e FátimaChristiane. Os mitos, metáforas, a informática e a tela de cinemajá fazem, com satisfação, parte do nosso cotidiano. O Perfil e oArtigo Jurídico igualmente têm os seus espaços preservados. Opróximo passo representa a inserção dos colegas inativos no cotidi-ano do Jornal, através de entrevistas com os mesmos, observada aordem da data da aposentadoria. Enfim, um esforço no sentido deaprimorar um dos projetos bem sucedidos já em curso na AMATRA, oseu Jornal. Boa leitura a todos!

PresidenteHUMBERTO HALISON BARBOSA

DE CARVALHO E SILVAVice-Presidente

ANDRÉ MACHADO CAVALCANTIDiretor Financeiro

ANDRÉ WILSON AVELLAR DE AQUINODiretora Secretária

NAYARA QUEIROZ MOTA DE SOUZADiretora Cultural

Diretor Jurídico

Diretor de Esportes

Direção da ESMATANDRÉ MACHADO CAVALCANTIROBERTA DE PAIVA SALDANHA

Conselho FiscalTitulares

MARIA DAS DORES ALVESMARIA LÍLIAN LEAL DE SOUZAANA PAULA CABRAL CAMPOS

SuplenteSOLANGE MACHADO CAVALCANTI

n n n n n n n n n n n n n n n

AMATRA XIIIEdifício Atrium - 5º andar – Sala 505

Av. Corálio Soares de Oliveira, nº 43358.013-260 João Pessoa/PB

Telefones/Fax:(83) 241–7799 /(83) 241-7640Site: www.amatra13.org.br

ENDEREÇO PARACORRESPONDÊNCIA

Edição e projeto gráficoMeios – Comunicação e Design Gráfico

Telefax: (83) 241-2695 / [email protected]@uol.com.br

Os artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos respectivos autores e

não expressam, necessariamente, a opinião daAMATRA XIII e do conjunto de seus associados.

Diagramação eEditoração Eletrônica

Ricardo Araújo (MTb/PB 631)

Colaboração paraedição deste número

Anette Leal (MTb/PB 783)William Costa (MTb/PB 792)

Tiragem: 500 exemplares.Impressão: Gráfica JB

As informações divulgadas nesteinformativo podem ser reproduzidas,

desde que citada a fonte.

n n n n n n n n n n n n n n n

O futuro das organizações - e nações - dependerá cada vez mais

de sua capacidade de aprender coletivamente.(Peter Senge)

HUMBERTO HALISON BARBOSADE CARVALHO E SILVA

Presidente da Amatra 13ª Região

Você não pode ensinar nada a um homem;você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo.(Galileu Galilei)

3

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

Ensinando a esquecerDuas experiências frustrantes em ensino jurídico

DAVID SÉRVIO COQUEIRO DOS SANTOS

nnnnn DAVID SÉRVIO COQUEIRO DOS SANTOS é Juízdo Trabalho Substituto da 13ª Região.

a r t i g o j u r í d i c o

A primeira oportunidade(decepcionante)

Logo que fomos aprovados no concursode Juiz do Trabalho e, tomando posse nacidade de Campina Grande/PB, tínhamos emmente a necessidade de repassar para osdemais profissionais do ramo o conhecimen-to que havíamos acumulado na jornada, acre-ditávamos, extensa de 7 anos de atividadesjurídicas ininterruptas.

Para tal fim escolhemos como metodolo-gia de ensino aquela que considerávamos amais adequada para o repasse de tais co-nhecimentos, método este já utilizado poroutros professores dos quais citamos SérgioTorres Teixeira em suas aulas em cursos pre-paratórios na cidade de Recife/PE.

Consiste a aula em resolução por partedos alunos de questões discursivas que tenhasido objeto de concursos jurídicos já realiza-dos, bem assim sua discussão em sala de aula.

Quando éramos alunos, o método demons-trou grande resultado, tendo abreviado otempo de estudo necessário para a prepara-ção ao concurso público e resultado mesmo,acreditamos, em nossa aprovação, bem assimde boa parte dos demais candidatos, que àépoca eram nossos colegas de aula.

Simplesmente não funcionou.É claro que não somos Sérgio Torres Tei-

xeira, não esperávamos o resultado imedia-to e prolongado conseguido pelo professor,todavia, esperávamos, ainda que pequeno,qualquer resultado.

Todavia, do grupo formado, que contavacom sete alunos, nenhum permaneceu, tendosido desfeito o grupo de estudos já em seunascedouro.

Qual teria sido o motivo da falha?

Uma nova oportunidade(igualmente frustrante)

Dois anos e meio depois, somos convida-dos para participar de um curso preparató-rio à carreira jurídica. Mais uma vez, na Ci-dade de Campina Grande/PB.

O citado curso, que tinha um modelo jáfixado, deveria servir ao aluno candidatar-sea quaisquer das carreiras jurídicas existen-tes e que tenham como condição de ingres-so certame público de provas e títulos.

Optamos por ministrar a primeira aula,que seria em Direito Constitucional, em umamatéria mais polêmica, por ser o curso diri-gido a candidatos egressos das faculdades.

Tal aula foi realizada no método expositivoe, segundo soube mais tarde, muito elogiada.

Na segunda aula, decidimos por modifi-

car o método, apresentando aos candidatosproblemas para serem resolvidos, na confor-midade dos conhecimentos já obtidos na pri-meira aula. Ou seja, buscamos confrontaros conhecimentos teóricos obtidos e me-morizados, para que o aluno pudesse, numprocesso dialético, construir o seu próprioconhecimento.

Nunca pensamos que pudéssemos ser tãocriticados.

Segundo alguns alunos, haviam perdidotodo o conhecimento que haviam acumula-do na primeira aula sobre a matéria.

Outros acharam a aula confusa e semmétodo.

E uma aluna, que também é educadora,chegou mesmo a afirmar que o método es-colhido foi o mais desastroso possível.

Por força das circunstâncias, abandona-mos o método dialético e albergamos o mé-todo expositivo para o restante do curso.Todavia, não sem amargar, durante todo otempo, a mágoa por não sabermos a respos-ta para o problema: – Aonde erramos?

A resposta para a pergunta veio somen-te depois, muito depois.

Ela é mais simples do que parece, porémé trágica e até mesmo, perigosa.

Respondendo a pergunta

Um candidato que vai se submeter a umconcurso público não se interessa por cons-truir o pensamento crítico sobre a teoriaque lhe é apresentada. Nem tampouco querconstruir um conhecimento que resista aotempo e lhe habilite a discutir os rumos daciência com qualquer um.

Ele não está interessado em ser habilita-do a usar o conhecimento que ele mesmoconstruirá.

Nada disso é interessante para o candidato.Ao candidato somente interessa uma

coisa: passar numa prova.E, para passar numa prova, o mesmo tem

que ser adestrado a responder os quesitosde uma prova discursiva de tal forma que oexaminador ache agradável ler. Para passarnuma prova ele precisa ser treinado àexaustão, a saber o texto legal, para iden-tificar a proposição, dentre as várias, quecontém a alternativa absolutamente corre-ta. E, ele tem de fazer isso no tempo máxi-mo de quatro horas.

Um candidato precisa saber destas coi-sas, porque, no final do arco-íris, há o potede ouro da remuneração elevada, do prestí-gio e de todo poder que vêm junto ao cargo.

Perguntamo-nos: uma vez aprovado,como exercer o cargo para que o prestí-

gio não lhe suba à cabeça, e o poder nãose lhe volte contra?

Chegamos a algumas conclusões

A primeira delas é a de que ERRAMOS.É obrigação do educador motivar seus

alunos, bem assim ajudá-los a alcançaremseus objetivos relativos ao curso. E, nós fa-lhamos neste mister.

Não tivemos habilidade para identificar-mos os objetivos dos educandos, perdemo-nos nas nossas deficiências e buscamos nocurso as nossas falhas, ao invés de nos olhar-mos no espelho.

A segunda conclusão é de que, o mo-delo atual (milenar) de escolha dos mem-bros das carreiras públicas já não atendeao seu fim maior, ou seja, de escolha domelhor candidato. Atualmente escolhe-seaquele que melhor foi treinado a saber fa-zer uma prova.

A terceira, e última, é de que necessita-mos, com urgência, da institucionalização dasEscolas de Carreiras Públicas, com adoçãode avaliações continuadas ao longo de umtempo razoável, com solução mais prementepara a melhoria dos quadros de profissionaisde servidores do estado.

Uma observação final

Aqui, em momento algum, estar-se afir-mando que existe má qualidade nos qua-dros de carreira típica de Estado que, emrealidade são excelentes e em muito hon-ram suas respectivas carreiras. Porém, aforma de avaliação e escolha de seus mem-bros é, no mínimo, deficitária, de fato, pa-dece da mesma doença dos demais vestibu-lares que em momento algum avaliam, uni-camente eliminam aqueles que não são do-tados da qualidade (se é que isto é qualida-de) de saber fazer provas.

O presente trabalho tem como objetivo lançar um alerta sobreo atual rumo do ensino jurídico voltado à formação dos candidatos àscarreiras, ditas, “de Estado”, em especial sobre a repercussão dos

cursos preparatórios na vida jurídica do futuro profissional do Direito.

BIZAWU, Kiwonghi. O repensar da Deontologia Jurídica . Jus Navigandi,Teresina, a. 8, n. 352, 24 jun. 2004. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5380>.

CAMINHA, Marco Aurélio Lustosa. Disciplinas que estudam o fenômenojurídico . Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 256, 20 mar. 2004. Dis-ponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4801>.

GOMES, Luiz Flávio. A crise (tríplice) do ensino jurídico . Jus Navigandi,Teresina, a. 6, n. 59, out. 2002. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3328>.

GRUNWALD, Astried Brettas. A força da lei e a modernização do Direito:os novos rumos do ensino jurídico. Jus Navigandi, Teresina, a. 4, n.39, fev. 2000. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=42>.

MARTÍNEZ, Sérgio Rodrigo. Experiências metodológicas no ensino jurídico.Jus Navigandi, Teresina, a. 3, n. 28, fev. 1999. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=46>.

VIANNA, Túlio Lima. Roteiro didático de elaboração de projetos depesquisa em Direito . Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 64, abr. 2003.Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3983>.

BIBLIOGRAFIA

Os grandes navegadores devem sua reputaçãoaos temporais e tempestades.

(Epicuro)4

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

REFORMA DO JUDICIÁRIOREFORMA DO JUDICIÁRIOREFORMA DO JUDICIÁRIOREFORMA DO JUDICIÁRIOREFORMA DO JUDICIÁRIO

Justiça do Trabalho é fortalecida com a EC 45/2004A magistratura do Traba-

lho na Paraíba comemorou apromulgação, pelas Mesas daCâmara dos Deputados e doSenado Federal, da EmendaConstitucional nº 45, resultan-te da Reforma do Judiciário,cujo texto foi publicado no Di-ário Oficial da União, ediçãonº 252, de 31 de dezembro de2004. “A Justiça do Trabalhosaiu fortalecida em virtude dasubstancial ampliação de suacompetência material, poispassará a julgar os conflitosresultantes de toda e qualquerrelação de trabalho, e não ape-nas os conflitos oriundos doscontratos de trabalho regidospela Consolidação das Leis doTrabalho, a CLT”, explicou ojuiz Humberto Halison, presi-dente da Amatra 13ª Região.

A promulgação da Emen-da Constitucional nº 45 é de talimportância que a AssociaçãoNacional dos Magistrados daJustiça do Trabalho (Anama-tra) já confirmou a realização,em São Paulo, de 16 a 18 demarço deste ano, do 1º Semi-nário Nacional sobre Ampliaçãoda Competência da Justiça doTrabalho. O evento, batizadode “Enfim, Justiça do Traba-

lho”, ocorrerá no auditório daFaculdade de Direito da USP, edeverá reunir cerca de 600 par-ticipantes, entre eles, os maisrenomados juristas, procura-dores, advogados e professo-res do País. O objetivo do Se-minário é municiar os juízes doTrabalho sobre as novas atri-buições decorrentes da ampli-ação da competência da Justi-ça do Trabalho.

Em documento distribuí-do às associações regionais demagistrados do trabalho, aAnamatra destaca que a Refor-ma do Judiciário determinousensível aumento da competên-cia da Justiça do Trabalho. Deacordo com a entidade, depoisde décadas restrita à aprecia-ção das lides decorrentes ape-nas das relações de emprego,a Justiça Laboral passará a jul-gar toda e qualquer lide relaci-onada com o trabalho. “Certa-mente que a especialização domagistrado do trabalho serámuitíssimo útil ao jurisdicio-nado. O tempo é de prepara-ção para que as alterações daConstituição representemavanço para o cidadão”, frisao documento.

Parece ser consensual en-

tre os juízes que, para abra-çar a nova competência atri-buída à Justiça do Trabalho, omagistrado do trabalho have-rá de refletir, debater e apro-fundar diversos temas corre-latos. O Seminário, portanto,tem como finalidade a medi-tação dos operadores do direi-to, abrindo espaço para o iní-cio da construção dos novosparâmetros do Direito do Tra-balho e do Processo do Traba-lho. “Tudo em vistas ao aper-feiçoamento da prestação ju-risdicional”, justifica, porexemplo, o juiz Marcos NevesFava, diretor de Ensino e Cul-tura da Anamatra e um dosmembros da comissão organi-zadora do evento.

O artigo 114 da EmendaConstitucional nº 45 deverá serum dos temas obrigatórios nasdiscussões a serem travadasno âmbito do Seminário a serpromovido pela Anamatra.Reza o texto do artigo citadoque compete à Justiça do Tra-balho processar e julgar asações oriundas da relação detrabalho, abrangidos os entesde direito público externo e daadministração pública direta eindireta da União, dos Estados,

Esmat e Amatra lançam no TRTCartilha do Trabalho

do Distrito Federal e dos Mu-nicípios. Isso envolve, entreoutras competências, julgar asações sobre representação sin-dical, entre sindicatos, entresindicatos e trabalhadores, eentre sindicatos e empregado-res, como também as ações re-lativas às penalidades admi-nistrativas impostas aos em-pregadores pelos órgãos de fis-calização das relações de tra-balho.

O texto da Reforma doJudiciário, portanto, impõeaos juízes do trabalho julgartodas as relações oriundas darelação de trabalho, e não ape-nas de emprego como era an-tes da mudança constitucional,permitindo assim aos 40 mi-lhões de trabalhadores brasi-leiros não empregados e osrespectivos tomadores de ser-viços, a via da Justiça do Tra-balho para a solução dos seusconflitos. Também estão com-preendidas como novas com-petências os atos decorrentesda greve, o habeas corpus, ohabeas data, a ação de inde-nização por dano moral, e oslitígios que tenham origem nocumprimento de seus própriosatos e sentenças.

Dedicada “a todas as pessoas que ano-nimamente contribuíram e contribuem para atransformação da sociedade”, foi lançada, namanhã do dia 17 de dezembro de 2004, duran-te solenidade realizada na sede do TribunalRegional do Trabalho da 13ª Região, em JoãoPessoa, a “Cartilha do Trabalho – Conhecendoseus Direitos”, de autoria da assessora parla-mentar e advogada Zildene Bezerra Brito. Apublicação da obra teve o apoio da Escola daMagistratura do Trabalho (Esmat 13ª Região),da Associação dos Magistrados do Trabalho(Amatra 13ª Região) e Caixa Econômica Fede-ral (CEF).

A “Cartilha do Trabalho”, de inestimávelvalor educativo para a sociedade, divide-seem oito capítulos, abordando os temas Traba-lho e conquistas sociais, Contrato de Traba-lho, Segurança do trabalho, Fim do Contratode Trabalho, Trabalho na adolescência, Minis-tério do Trabalho, Exercício pleno de seus di-reitos e Fases do processo trabalhista, alémde dois fluxogramas sobre Procedimentos no

dissídio individual e Caminho percorrido pelo pro-cesso na Justiça do Trabalho.

A apresentação da “Cartilha do Trabalho”é assinada por Eduardo R. Rabenhorst, profes-sor do Centro de Ciências Jurídicas da Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB). Segundo pala-vras do jurista, trata-se de um trabalho neces-sário, oportuno e atual, principalmente por seinscrever no âmbito do que chamamos “educa-ção popular”, isto é, a ação pedagógica voltadapara a conscientização de direitos básicos dacidadania, no caso, o direito do trabalho.

Eduardo Rabenhorst destaca, ainda, que,“como um fio de Ariadne”, o texto ajuda o neó-fito a percorrer o labirinto conceitual da justi-ça laboral. “Adotando um estilo claro e conciso,Zildene Bezerra Brito fornece informações pre-ciosas sobre o funcionamento do processo tra-balhista, explica o significado dos principais di-reitos do trabalhador e, mais importante, in-forma o leitor sobre a maneira mais adequadade reivindicá-los juridicamente”, acrescenta oprofessor.

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

Ninguém comete erro maior do que não fazer nada

porque só pode fazer um pouco.(Edmund Burke) 5

MARCOS FARIASJuiz do Trabalho aposentado e Advogado

Contatos: 227.0538 – 227.0233 - 9983.0038E-mail: [email protected]

Como se propagam? - Os ví-rus se propagam por meio de dis-quetes e de arquivos compartilha-dos, pelas redes corporativas, porarquivos anexados em mensagens decorreio eletrônico e pela Internet. Arede mundial é hoje a principal viade propagação dos vírus, principal-mente os de macro e os chamados“cavalos de tróia”, pois ela permiteque os usuários de computador fa-çam download de vários programase arquivos de fontes nem sempreconfiáveis.

Como são ativados? - Para ativarum vírus, é preciso rodar (execu-tar) o programa infectado. Quandovocê executa o código do programainfectado, o código do vírus tam-bém é executado e tentará infectaroutros programas no computador eem outros computadores conecta-dos a ele por rede.

Que tipos de arquivo podem es-palhar vírus? - Todo arquivo quecontém códigos executáveis podeespalhar vírus (arquivos com as se-guintes extensões: .exe, .sys, .dat,.doc, .xls etc.). Os vírus podem in-fectar qualquer tipo de código exe-cutável. Por exemplo: alguns vírusinfectam códigos executáveis nosetor de boot (inicialização) de dis-quetes ou na área de sistema dosdiscos rígidos. Outros tipos de ví-rus, conhecidos como “vírus de ma-

Invasão de vírusVamos falar hoje de uma

pequena praga que vem se espa-lhando no mundo da informática.Trata-se do “vírus de computa-dor”. É importantíssimo, paraquem lida com informática, saberdo que se trata e quais as manei-ras de se proteger contra a inva-são de vírus.

Se seu micro repentinamen-te passar a se comportar de for-ma pouco costumeira, é possívelque você tenha sido premiado comalguma contaminação virótica.Abra o olho para os seguintes sin-tomas: sua máquina está demoran-do mais que o normal para carre-gar programas? Estão aparecendomensagens incomuns de erro? O

tamanho de memória disponívelparece ter diminuído sem razãoaparente? A luzinha de acesso adisco permanece acesa mais tem-po que o normal? Arquivos estãose corrompendo ou simplesmen-te desaparecendo? Se você che-gou à conclusão de que sua má-quina adorada foi contaminada poralgum vírus, NÃO ENTRE EM PÂNI-CO. Algumas vezes uma tentativaimpensada de remover um víruspode causar estrago maior do queo vírus propriamente dito. Sevocê não tem certeza do que fa-zer, desligue imediatamente suaengenhoca e mantenha-a quietaaté encontrar alguém capaz deremover o maldito ser.

O que são vírus de computador?

São programas desenvolvidos para alterar nociva e clandestinamente sof-twares instalados em um computador. Eles têm comportamento semelhante ao dovírus biológico: multiplicam-se, precisam de um hospedeiro, esperam o momentocerto para o ataque e tentam se esconder para não ser exterminados. Estãoagrupados em famílias (boot, arquivo e programa), com milhares de variantes.

cro”, podem infectar documentosque usam macros, como o processa-dor de textos Word e a planilha decálculos Excel. Macros são códigosutilizados para automatizar tarefasrepetitivas dentro de um programa.Arquivos de dados puros estão se-guros. Isso inclui arquivos gráficos,como .bmp, .gif e .jpg, bem comotextos em formato .txt. Portanto,apenas olhar arquivos de imagensnão provocará a infecção do com-putador com um vírus.

O que são cavalos de Tróia? Sãoprogramas aparentemente saudá-veis que carregam escondido o có-digo de um vírus. Por exemplo: vocêfaz um download do que pensa serum joguinho legal, mas quando exe-cuta o programa, ele apaga arqui-vos de seus discos rígidos ou captu-ra a sua senha da Internet e a enviapor e-mail para outra pessoa.

O que são vírus de e-mail? Nãoexistem vírus de e-mail. O que exis-tem são vírus escondidos em pro-gramas anexados ao e-mail. Você nãoinfecta seu computador só de leruma mensagem de correio eletrôni-co escrita em formato texto (.txt).Mas evite ler o conteúdo de arqui-vos anexados sem antes certificar-se de que eles estão livres de vírus.Salve-os em um diretório e passe umprograma antivírus atualizado. Sódepois abra o arquivo.

Amatra realiza confraternizaçãoEntre as principais atribuições de

uma entidade de classe destaca-se a pro-moção de atividades voltadas para a inte-gração social. Ciente de suas responsabi-lidades na área social, a diretoria da Ama-tra 13ª Região realizou, na noite do dia 9de dezembro do ano passado, a confra-ternização natalina com os seus associa-dos, numa bonita e alegre festa que tevecomo palco o restaurante Gulliver, emTambaú, que recebeu uma decoração es-pecial para abrilhantar o evento.

Animada pelo cantor e violonista Fla-marion, um dos artistas mais requisitadosda noite pessoense, a confraternizaçãonatalina varou a madrugada e ficou na me-

mória dos associados como mais um even-to inesquecível entre tantos realizadoscom êxito pela entidade. O sorteio debrindes foi a grande surpresa da noite, e,após o jantar de pratos deliciosos, nãofaltou quem aproveitasse a ocasião parademonstrar sua perícia na arte da dança.

“Após um ano de trabalho exausti-vo, torna-se imperativo conversar comamigos, degustar uma boa comida, ouvirmúsica, cantar e dançar num clima de des-contração total. E isso nós conseguimosnaquela noite inesquecível no Gulliver, querecebeu com exclusividade os associadosda Amatra 13ª Região”, disse o juiz Hum-berto Halisson, presidente da entidade.

6

n n n n n FÁTIMA CHRISTIANE GOMES DE OLIVEIRA é Juíza do Trabalho Substituta da 13ª Região.

O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho,mas formar uma nação, com gente capaz de pensar.

(José Arthur Giannotti)

Tocante. Seria o sufici-ente para descrever o exce-lente “Brilho eterno de umamente sem lembranças”. Epara afirmar isto, precisei medespir de todas as sensaçõesque tive ao assistir filmes an-teriores (“Quero ser Jonh Mal-covich“, “Adaptação”) que ti-veram como roteirista CharlieKaufman, tão adorado por uns,e tão detestado por outros.Neste filme, o roteiro assina-do pelo polêmico, para não sedizer ininteligível Kaufman,mais prende do que assusta, emais encanta do que confun-de, embora não deixe de também assustar e confundir.

Na história, o personagem central vivido por JimCarrey sofre ao descobrir que sua ex-namorada, vividapor Kate Winslet, o apagou totalmente da memória atra-vés de um processo artificial de eliminação de lembran-ças, decidindo, então, se utilizar do mesmo processopara deletar as recordações relativas à mesma. Desco-brirá, contudo, que, às vezes, a dor do esquecimentopode ser maior do que àquela relativa à saudade e àsensação de frustração que acompanha geralmente o fimde uma relação. Partindo desta idéia, o filme se desenvol-ve alternando sonho e realidade, presente e passado,lembrança e a ausência dela.

Dizer que o filme é poético soaria piegas e não ofarei, embora cada cena seja repleta de poesia. O mesmoocorreria se eu dissesse que o filme é romantismo emestado bruto. Também não o farei, até porque “Brilhoeterno...” retrata de maneira absurdamente real a ten-tativa desesperada de esquecimento que geralmente se-gue o final de um grande (ou pequeno) amor. Ao mesmotempo, o filme mostra o surrealismo dos subterfúgios damente humana, notadamente, quando persegue um obje-tivo que considera ser o mais acertado. Ao final, é tambémum filme sobre perdas e resgates.

“Brilho eterno...” me fez lembrar o clássico fran-cês “Hiroshima, mon amour”, dirigido por Alain Res-nais, em 1959, a partir de roteiro da inesquecível Mar-guerite Duras. Embora de maneira completamente di-ferente, ambas filosofam sobre memória e esqueci-mento, deixando no final a impressão de que ainda quedoloroso, lembrar é sempre melhor do que esquecer.Ambos, também de maneira completamente diferente,fazem parte daquele seleto grupo de filmes que eno-brecem a sétima arte.

À propósito, o insólito título do filme foi retiradodo poema “Eloisa to Abelard”, do inglês Alexander Pope(1688-1744).

Devo dizer, por fim, que o filme foi classificadocomo comédia romântica pelos distribuidores, porém,mais se aproxima de um drama, ainda que, com pitadasde humor. Indicado, portanto, para quem deseja apreci-ar um bom título deste tipo de filme.

Tde CinemaELA

FÁTIMA CHRISTIANE G. DE OLIVEIRA

ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND(COMÉDIA/ROMANCE, 108 MIN, EUA/2004)

Pharmakon

E METÁFORASANTÔNIO CAVALCANTE DA COSTA NETO

ANTÔNIO CAVALCANTE DA COSTA NETO é Juiz Titular da Vara do Trabalho em Guara-bira/PB e professor da UEPB. Autor dos livros "Direito, mito e metáfora" (Ed. LTr) e "Bem-vindo ao Direito do Trabalho" (Ed. Papel Virtual) E-mail: [email protected]

É de Platão a idéia de que alinguagem humana é pharmakon,palavra grega da qual derivam ter-mos como fármaco ou farmácia, eque significa cosmético, venenoe remédio. Mas como entenderque a palavra, expressão do pen-samento, seja, ao mesmo tempo,substância que disfarça a aparên-cia, que mata e que cura?

Bem, podemos começar re-fletindo sobre a capacidade depensar. Nada há de mais nosso,de mais íntimo e de mais livre queo pensamento. Em qualquer situ-ação que nos encontremos, ain-da que presos ou amordaçados,não se impõem barreiras ao nos-so pensamento. Este é espíritoque sai de dentro de cada umde nós e percorre o universo,que permite à pessoa afastar-sede si mesma sem abandonar o seuinterior. E o melhor é que tudopode ser pensado, até o própriopensamento. Não é isto que sechama reflexão?

O pensar, porém, não é algoseparado da linguagem. Esta é umfio tecido na trama do pensamen-to, que permite a comunicaçãodo ser humano com o mundo, como outro e consigo mesmo. Por issoo lingüista Hjemslev nos diz que alinguagem é inseparável do ser hu-mano, é recurso último e indis-pensável nas horas solitárias emque o espírito luta contra a exis-tência, e quando o conflito seresolve no monólogo do poeta ena meditação do pensador.

Mas não nos bastam o pen-sar e o refletir; precisamos noscomunicar. Animais aristotelica-mente sociais, destinados não sóao existir mas ao coexistir, neces-sitamos participar dos modos deser uns dos outros, criando assim

uma teia de relações e pensamen-tos. Aí entra a linguagem utilizadana comunicação, no diálogo, que,no dizer do mestre Paulo Freire,é, acima de tudo, o encontro amo-roso entre os seres humanos.

Sucede que a concretizaçãodesse encontro pressupõe a pa-lavra-remédio. Pois como cosmé-tico, a palavra mais esconde querevela, tornando-se máscara quedissimula; é arma do demagogoque, travestido de altruísta, utili-za-se das paixões populares embeneficio próprio; é instrumentodaquele que, pela ironia, diz jus-tamente o contrário do que pen-sa, quando quer humilhar o inter-locutor. Já como veneno, ela nosfaz cair sob o peso de falsas idéi-as ou de afirmações precipitadas,quando, à míngua de maior refle-xão, deixamo-nos abater por fra-ses sedutoras ou ilusórias, muitasdelas pronunciadas com força deautoridade. Lembro o caso de umasenhora que adoeceu só por ou-vir de seu médico que, dependen-do do resultado de um exame aoqual ainda iria se submeter, po-deria ter um tumor maligno, quan-do, na verdade, a paciente nãotinha doença alguma.

Como remédio, porém, a lin-guagem realiza o verdadeiro diá-logo, que não é necessariamenteconsenso, senão partilha, em queaprendemos uns com os outros,diminuindo cada qual sua ignorân-cia. Diálogo é obra inacabada,pautada pelo respeito ao diferen-te e voltada para a incessantedescoberta. É ter a mente e ocoração abertos para o autoco-nhecimento e para interagirmosafetuosamente com os outros. Eisto nada mais é do que uma for-ma de amar.

Mitos

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

Brilho eterno de umamente sem lembranças

Você vê coisas e diz: Por quê? Mas eu sonho coisas que nunca existiram e digo:

Por que não?(George Bernard Shaw) 7

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

E S M A TESCOLA SUPERIOR DE MAGISTRATURA DO TRABALHO

Emoção marca formatura da 10ª turma

Novos formandos da ESMAT, em solenidade realizada no auditório do TRT 13ª Região

No coquetel de encerramento do ano letivo da ESMAT (da esquerda para a direita):o Juiz Alexandre de Luna Freire, os professores Carlos Brito e Eduardo Rabenhorst,o Promotor de Justiça Valberto Lira (pai de uma das formandas), os colegas Roberta

Saldanha, André Machado, e Humberto Halison, a advogada Juliana Érikae a associada Ana Clara Nóbrega

ANDRÉ MACHADO CAVALCANTI

No dia 28 de janeiro próximo passa-do, a ESMAT concluiu mais um ano letivo,formando sua décima turma, e festejou oacontecimento com a presença de váriosprofessores e familiares dos quarenta e cincoformandos, que, reunidos na sede da AMA-TRA, assistiram ao descerramento da pla-ca, pelo Diretor da Escola, o Juiz André Ma-chado Cavalcanti, e pelo professor home-nageado, Dr. Eduardo Ramalho Rabenhorst.

Na oportunidade, o Presidente daAMATRA, Juiz Humberto Halison B. de Car-valho e Silva, felicitou os concluintes e de-sejou-lhes sucesso em suas carreiras, ten-do sido seguido pelo aluno Carlos Alessan-dro Miranda Félix que, em discurso emoci-onado, saudou os colegas e demonstroutoda a união que havia em torno deles.

Encerrada a solenidade, os alunos di-rigiram-se à Sala de Sessões do Tribunal,local onde foi proferida a aula de encerra-mento, pelo Professor Eduardo Rabenhorst,que falou sobre o tema “A cultura dos di-reitos humanos”.

O evento foi prestigiado pelos pro-fessores Eduardo Varandas Araruna, RamonBezerra dos Santos, Alfredo Rangel, CarlosBrito, e, ainda, pela Vice-Diretora da ES-MAT, Juíza Nayara Queiroz, pela sua anti-ga Diretora, Juíza Roberta de Paiva Salda-nha, pelo Vice-Presidente da AMATRA, JuizAndré Wilson Avellar de Aquino, pelo Dire-tor da Escola da Magistratura Federal, JuizAlexandre de Luna Freire, pela represen-tante da OAB/PB, a advogada Juliana Éri-ka Pessoa, e pela Vice-Presidente do Tri-

bunal Juíza Ana Clara de Jesus Maroja Nó-brega, que presidiu a mesa.

Sucedendo o orador da turma, o for-mando Carlos Nazareno Pereira de Olivei-ra, o Diretor da Escola, o colega AndréMachado Cavalcanti, ressaltou a relevân-cia do Magistrado, no contexto social, fa-lando das dificuldades que permeiam o“bem julgar, sempre compromissados coma verdade e a justiça, valores que nemsempre convergem para o mesmo ponto”.

Lembrou que não é fácil exercer a ju-dicatura, mas exortou os concluintes a per-severar na busca pela vitória, lembrando queos nossos futuros colegas “serão Juízes de

todos os trabalhadores, e não apenas dosempregados, num país onde a mão de obrainformal é uma realidade incontestável”.

“Que possamos saudá-los em breve,recebendo-os nesta Casa como soldados daJustiça, e que possamos, juntos, construirum novo tempo, contribuindo para o enri-quecimento do debate, para o fortalecimen-to do estado democrático de direito, e paraa formação de uma jurisprudência ousa-da, embora conforme ao já tão velho di-reito do trabalho.

Que Deus os abençoe e preencha seuscorações com inabaláveis otimismo, âni-mo e vontade de vencer. Que Ele chame osvocacionados, dando-lhes garra e disposi-ção para a árdua luta que se avizinha.

Que o Senhor lhes faça recordar, diaapós dia, de quantas vitórias já foram al-cançadas e de que foi por Sua permissãoque chegaram tão longe, num país ondemuitos sequer logram sentar em um bancode universidade.

Que o êxito de ontem, que reverberanos dias de hoje, possa servir de felpudotapete para os pés cansados numa trajetó-ria que, muitas vezes, parece não ter fim.

Parabéns a todos. Desejo de muitosucesso é o sentimento que preenche osnossos corações neste final de tarde”.

Com essas palavras, o Diretor da ES-MAT finalizou sua fala, declarando seu oti-mismo em relação ao sucesso dos futuroscandidatos a uma vaga na MagistraturaTrabalhista.

Já no início da noite, alunos, familia-res, professores e demais presentes fes-tejaram a conclusão do curso em coqueteloferecido pela Escola no hall do Tribunal.

ANDRÉ MACHADO CAVALCANTI é vice-presidente da Amatra e diretor da ESMAT

8

p e r f i l

A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa,transformam-se em oportunidades.

(Maxwell Maltz)

Ano V - nº 16 - Novembro/Dezembro de 2004

Diz-se que, para se conquistar a atençãodo leitor ou espectador, deve-se chamar a suaatenção nas primeiras linhas da escrita ou nosprimeiros 30 segundos da fala. Superado tal desa-fio, o conteúdo não precisa ser uma obra-primapara ser consumido, apreciado ou criticado. De-safio maior parece-nos fazer alguém se interes-sar pelo perfil de um pobre mortal que, emboraimpregnado no meio jurídico, não é famoso pelonotório saber, ou pela reputação ilibada.

Contudo, isso não nos impede de ter umperfil, até porque todo mundo tem um, nem queseja com a graça de um “picolé de chuchu”.

Segundo o dicionário Aurélio, perfil nadamais é do que a “descrição de uma pessoa emtraços mais ou menos rápidos”. Neste espaço,traços comportamentais, evidentemente, e nãoapenas físicos, até porque, em relação a estes,devo respeito à genética e pouco poderia fazer, anão ser por uma intervenção cirúrgica, por exem-plo (quase que me referia a minha imperceptívelcalvície, decorrentes dos meus 36 anos - comple-tos hoje, 03/02/05 -, o que vou omitir, para evi-tar gozações).

Busco pautar a minha vida no equilíbrio entreas três ações descritas no título acima (estudar,namorar e malhar). Desconheço que se possa atin-gir uma boa qualidade de vida por outros meios.

Estudar, não apenas no sentido de se pre-parar para uma prova, mas no sentido genéricode se aperfeiçoar intelectualmente, antecipar-se a novos desafios, reciclar-se, adaptar-se anovos ambientes, enfim: expandir os horizontes.

Namorar, não no sentido estrito da paqueraevoluída, mas no sentido de se enamorar pelo mun-do da beleza, do afeto, da paciência, do convíviofamiliar, do altruísmo, enfim: amar ao próximo.

Malhar, não no sentido de se fazer duas horasde esteira na academia, mas no sentido de se cuidardo corpo, praticar esportes, fazer exercícios físi-cos, respeitados os limites de cada um, alimentar-se corretamente, enfim: cuidar da saúde.

Ao final de cada ano (e isso já faz uns 10anos), faço uma retrospectiva dos fatos mais im-portantes (agradáveis e desagradáveis) que ocor-reram e traço metas para o ano seguinte. Procu-ro descobrir onde errei como pai, filho, marido,estudante ou dublê de atleta. Atribuo, previamen-te, notas e pesos diferentes em relação a cadameta e, ao final, tenho uma nota para cada ano. Oobjetivo, claro, é conquistar a mai-or nota possível, ano a ano.

PAULO ROBERTO VIEIRA ROCHA

Estudar, namorar e malhar... e os processos?Busco sempre concentrar minhas ações com basenos três aspectos citados.

Se consigo fazer tudo isso ao mesmo tem-po? Claro que não... mas, ao menos, tento. O queseria de nós sem a utopia? Afinal, não é navegarque é preciso?

E os processos? Bem, penso que estes nãosão fatores motivacionais que possam, por si, in-crementar um estilo de vida, melhorar sua quali-dade; não são metas a serem atingidas; não sãocombustível; não estreitam relações sociais oufamiliares; e não contribuem para um melhor es-tado físico. Não comungo com esta estória de“uma vida dedicada ao Direito do Trabalho” ou“deixei de ver meus filhos crescerem por causado serviço no Tribunal”, como muitas vezes ouviem discursos e li em orelhas e introduções doslivros, como se o trabalho fosse excludente daboa qualidade de vida. Por mais gratificante queseja o trabalho, as tarefas dele decorrem por umaobrigação, que, ainda que prazerosa, será muitomelhor cumprida se o sujeito estiver alicerçadono conhecimento, no amor e na saúde.

Em matéria recentemente publicada na re-vista Veja (19.01.2005, com a capa “Saúde sexu-al”), li, na pág. 75, que a Organização Mundial deSaúde (OMS) definiu que, para se ter boa qualida-de de vida, é necessária a observância de 04 pa-râmetros: 1) vida sexual satisfatória; 2) capaci-dade de trabalhar; 3) não depender de ninguémpara as tarefas do dia-a-dia; e 4) manter um con-vívio familiar e social satisfatório. Pareceu-me,então, que vinha no caminho certo, ao menos nocampo das tentativas.

Bem que o título deste “perfil” poderia ser“conhecimento, amor e saúde”, “corpo e men-te”, “equilíbrio físico e mental” ou “saúde física emental”. Mas aí, dificilmente você se interessariaem lê-lo até aqui.

É evidente que não estamos aqui diante deuma receita de bolo, pois, lembre-se, é apenas umrápido e breve perfil (“tri-redundância”) do subs-critor. Como diz a canção, “cada um sabe a dor ea delícia de ser o que é”.

Paulo Roberto ama Julianae Renata, quer entender

a EC 45/2004 e tentafazer triatlo nas horas de folga

PAULO ROBERTO VIEIRA ROCHA é Juizdo Trabalho do TRT da 13ª Região

nnnnn ARNALDO DUARTE DO AMARAL é Juiz Titularda Vara do Trabalho de Areia-PB.

“Equador”, um romancede Miguel Souza Tavares

ARNALDO DUARTE DO AMARAL

Não é um Eça ou umMachado, mas vale a pena lero livro do escritor PortuguêsMiguel Souza Tavares: Equa-dor. E as razões são muitas.Especifiquemos algumas.

Primeiro, a missão donosso herói (Luís) traz mui-tas reminiscências das nos-sas missões como juiz do trabalho na atuali-dade, infelizmente. Luís, personagem cen-tral da trama, luta contra o trabalho escra-vo nas ilhas de São Tomé e Príncipe no iníciodo século passado e tenta dar cumprimentoa uma legislação social mínima. É uma boa einglória luta... Assim, decerto, os dramas vi-vidos por nosso herói anônimo se asseme-lham aos vivenciados por diversos colegasem nosso imenso e tão desigual Brasil. Defato, quando tentamos cumprir e dar efeti-vidade à lei, as incompreensões surgem, poislidamos com uma estrutura social, política eeconômica arcaica onde os direitos traba-lhistas são considerados uma irrealidade, umluxo desnecessário... onde a miséria reina.

Segundo, gostei muito da personali-dade do Luís, não encontraremos nele umherói chato. Neste tipo de herói – o chato –não acredito. Eles só seduzem moiçolas emidade universitária e bem sabemos que a ar-rogância e a prepotência, nos mais das ve-zes, escondem a insegurança e incompetên-cia. Por sua vez, uma vida pretensamentecasta esconde, por vezes, a hipocrisia. Luísnão é nada disso. Desempenha – tenta de-sempenhar – as suas funções com fidalguia ecorreção, não é racista e não compactuacom a sociedade arcaica que lhe rodeia, masé um ser vivo e sedutor. Assim, seduz e éseduzido, gosta das mulheres, dos amigos,da boa mesa e, como todo bom ser humano,erra. Enfim, é o único tipo de herói possívele verdadeiro neste mundo, um herói huma-no como tantos que encontramos por aí.Lembra-nos a luta de Prometeu...

Quanto ao fecho do livro, faria outro,mas isso pouco importa. De fato, e nossaexperiência pessoal nos ensina isso, poucoalcançamos na nossa luta desigual por ummundo mais justo e fraterno, mas o poucoque conseguimos já nos alimenta de fé e es-perança num mundo melhor. É a velha, boa einglória luta... insuportável apenas quandonos faltarem – e estes nunca faltam – o amor,os amigos e uma boa causa. Mas isso nuncanos faltará e ainda teremos um sorriso devaga ironia a nos levar num alento de brisapara a direção certa.