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5/26/2018 Pblico-OxDaQuesto-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/publico-o-x-da-questao 1/27 M&I Museologia & Interdisciplinaridade. Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília Vol.1, nº1, jan/jul de 2012 209 Público, o X da questão?  A construção de uma agenda de pesquisa sobre os estudos de público no Brasil Luciana Sepúlveda Köptcke Fundação Oswaldo Cruz RESUMO: O texto enfatiza a importância de constituir as práticas em curso no campo da avaliação e dos estudos de público nos museus brasileiros em objeto de estudo histórico e social, de forma a refletir sobre o sentido atribuído a estas práticas pelos atores do campo cultural e sua contribuição para os museus. Neste sentido, após definir o entendimento sobre museu, missão, vocação, estudos de público e sua relação com as políticas de democratização da cultura, a análise avança apresentando algumas experiências na área dos estudos de público e avaliação em museus brasileiros nos últimos 10 anos. Conclui propondo uma agenda de pesquisa com três eixos: análise do contexto de produção dos estudos, análise e sistematização dos resultados acumulados e análise dos seus usos, visando apoiar uma prática consciente, crítico-reflexiva e questionadora entre gestores, profissionais e formadores da área museológica. PALAVRAS-CHAVE: Museus, estudos de público; política cultural; democracia cultural. RÉSUMÉ: Le texte soutient qu´il est important de réfléchir sur les études de public et des évaluations dans les musées, à fin de développer une politique des publics critique et réflexive. Ainsi, après avoir défini ce que l´on entend par musée, mission institutionnelle, études de publics et ses rapports avec les politiques de démocratisation de la culture, on discute les présupposés politiques et scientifiques de ces pratiques considérant quelques expériences brésiliennes dans ce domaine depuis une décennie. En guise de conclusion, on présente une agenda de recherche pour les études des publics au Brésil à partir de trois axes : l’analyse des contextes de production des études, l’analyse des résultats et ses conséquences pour le monde des musées  ; l’analyse des usages sociaux des résultats. MOTS-CLÉ: musées; études de public; politique culturelle; démocratie culturelle. Missão, Função, Vocação de museu? Vocação, substantivo feminino de origem latina, remete a dois movimentos complementares: o ato de chamar e a escolha de quem responde ao chamado. A construção semântica usual do termo aponta a vocação como uma tendência, disposição ou pendor para alguma coisa, o que por extensão acabou designando talento ou aptidão (Aurélio, 1975:1482). É comum dizer, “fulano tem vocação para as Artes” como quem diz “tem talento ou leva jeito” para  determinada atividade.

Público - O x Da Questão

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    Museologia & Interdisciplinaridade. Revista do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade de Braslia Vol.1, n1, jan/jul de 2012

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    Pblico, o X da questo?

    A construo de uma agenda de pesquisa sobre os estudos de pblico

    no Brasil

    Luciana Seplveda Kptcke Fundao Oswaldo Cruz

    RESUMO: O texto enfatiza a importncia de constituir as prticas em curso no campo da avaliao e dos estudos de pblico nos museus brasileiros em objeto de estudo histrico e social, de forma a refletir sobre o sentido atribudo a estas prticas pelos atores do campo cultural e sua contribuio para os museus. Neste sentido, aps definir o entendimento sobre museu, misso, vocao, estudos de pblico e sua relao com as polticas de democratizao da cultura, a anlise avana apresentando algumas experincias na rea dos estudos de pblico e avaliao em museus brasileiros nos ltimos 10 anos. Conclui propondo uma agenda de pesquisa com trs eixos: anlise do contexto de produo dos estudos, anlise e sistematizao dos resultados acumulados e anlise dos seus usos, visando apoiar uma prtica consciente, crtico-reflexiva e questionadora entre gestores, profissionais e formadores da rea museolgica. PALAVRAS-CHAVE: Museus, estudos de pblico; poltica cultural; democracia cultural. RSUM: Le texte soutient quil est important de rflchir sur les tudes de public et des valuations dans les muses, fin de dvelopper une politique des publics critique et rflexive. Ainsi, aprs avoir dfini ce que lon entend par muse, mission institutionnelle, tudes de publics et ses rapports avec les politiques de dmocratisation de la culture, on discute les prsupposs politiques et scientifiques de ces pratiques considrant quelques expriences brsiliennes dans ce domaine depuis une dcennie. En guise de conclusion, on prsente une agenda de recherche pour les tudes des publics au Brsil partir de trois axes : lanalyse des contextes de production des tudes, lanalyse des rsultats et ses consquences pour le monde des muses ; lanalyse des usages sociaux des rsultats. MOTS-CL: muses; tudes de public; politique culturelle; dmocratie culturelle.

    Misso, Funo, Vocao de museu?

    Vocao, substantivo feminino de origem latina, remete a dois movimentos

    complementares: o ato de chamar e a escolha de quem responde ao chamado. A

    construo semntica usual do termo aponta a vocao como uma tendncia,

    disposio ou pendor para alguma coisa, o que por extenso acabou designando

    talento ou aptido (Aurlio, 1975:1482). comum dizer, fulano tem vocao para

    as Artes como quem diz tem talento ou leva jeito para determinada atividade.

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    No universo das reflexes museolgicas, falar em misso discorrer sobre o

    sentido da existncia da instituio, propondo uma finalidade prioritria, definida

    a priori. Entende-se aqui que a vocao de natureza diferente, pois constitui um

    processo dialtico e histrico. O ponto de partida o projeto poltico, manifesto na

    misso que orienta as aes e as formas de atuar. Esta atuao no mundo

    apropriada de modos variados pela sociedade, a observao das formas de

    apropriao retroalimentam o projeto e a misso original e a releitura da misso

    sugere mudanas no projeto de origem. Uma nova etapa do processo se inicia. Este

    processo de construo contnua nem sempre perceptvel de imediato.

    O que vem mente ao se falar em museu no incio da segunda dcada do sculo

    XXI? A percepo da instituio resulta da justaposio de papis, significados e

    modelos redesenhados ao fio do tempo, cristalizados nas definies, a exemplo da

    que segue, publicada no stio do Instituto Brasileiro de Museus, em 2005:

    O museu uma instituio com personalidade jurdica prpria ou

    vinculada a outra instituio com personalidade jurdica, aberta ao

    pblico, a servio da sociedade e de seu desenvolvimento e que

    apresenta as seguintes caractersticas:

    I - o trabalho permanente com o patrimnio cultural, em suas diversas

    manifestaes;

    II - a presena de acervos e exposies colocados a servio da sociedade

    com o objetivo de propiciar a ampliao do campo de possibilidades de

    construo identitria, a percepo crtica da realidade, a produo de

    conhecimentos e oportunidades de lazer;

    III - a utilizao do patrimnio cultural como recurso educacional,

    turstico e de incluso social;

    IV - a vocao para a comunicao, a exposio, a documentao, a

    investigao, a interpretao e a preservao de bens culturais em suas

    diversas manifestaes;

    V - a democratizao do acesso, uso e produo de bens culturais para a

    promoo da dignidade da pessoa humana;

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    VI - a constituio de espaos democrticos e diversificados de relao e

    mediao cultural, sejam eles fsicos ou virtuais. Sendo assim, so

    considerados museus, independentemente de sua denominao, as

    instituies ou processos museolgicos que apresentem as

    caractersticas acima indicadas e cumpram as funes museolgicas.1

    A definio acima marca as formas institucionais possveis para o museu, afirma

    sua natureza pblica, situa o objeto de sua prtica e suas finalidades, sinalizando a

    vocao para comunicar, expor, documentar, investigar e interpretar. Bastante

    abrangente, deve ser compreendida no s como o reflexo de um projeto poltico,

    mas como o resultado de um processo de disputa simblica onde se enfrentam

    usos e expectativas sociais constitudos historicamente.

    Nascido em terras europias, no bojo das revolues ou no corao das dinastias

    esclarecidas, o museu herdou do iluminismo a crena na razo como operadora da

    verdade, da justia social e poltica e a misso de construir e preservar um

    patrimnio cultural comum a todos os homens civilizados. A instituio com

    grande notoriedade e prestgio no sculo XIX, acompanhou de perto a expanso

    colonialista dos pases Europeus antes de entrar em crise, nos anos 30 e 40,

    servindo aos regimes totalitrios como instituies de propaganda e de

    estigmatizao poltica, tnica e social. Posteriormente, competindo com os meios

    de comunicao de massa, os museus perderam prestgio social e investimentos,

    ao mesmo tempo em que sofreram duras crticas do movimento da contra cultura

    de 68. Percebidos por intelectuais e artistas como inadaptados, ultrapassados e

    reprodutores de uma cultura elitista, ser neste perodo que um movimento de

    ressignificao desponta em diferentes pontos do globo, recuperando prestgio,

    investimentos financeiros e vigor simblico para a instituio (Ball, 2000: 138).

    1 Definies sobre Museu. Disponvel em : Acesso em 09/02/2012.

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    Os museus se formaram na esfera pblica, articulando prticas e discursos sobre

    elementos da cultura. Constituram-se como espaos de construo de

    conhecimento; de ressignificao de objetos; de interao social; de exerccio de

    autoridade simblica, servindo construo da memria, afirmao identitria,

    popularizao da cincia, educao esttica e na virada do sculo XX ao XXI,

    incluso social. Como camalees, transformam-se, reinventam-se e redefinem, em

    permanente negociao, seu papel social. O museu, tal qual o concebemos hoje, a

    combinao do humanismo da Renascena, das Luzes do sculo XVIII e da

    democracia do sculo XIX (Alexander apud Poulot, 2000: 25), no entanto, segundo

    Ball (2000:141), ao final do sculo XX, o museu entrou definitivamente na

    sociedade, revendo as relaes estabelecidas com o ambiente e afirmando sua

    vocao pblica.

    O sentido da instituio e sua forma de operar mudam com o tempo e respondem

    realidade de cada contexto poltico, social e cultural. Assim, com a Revoluo

    Francesa, em 1789, surge o museu como espao de ressignificao, transformando

    objetos monrquicos, feudais ou religiosos em bens nacionais. Vinte e nove anos

    aps, no Brasil, o Decreto de criao do Museu Nacional em 1818, anuncia o

    projeto de desenvolvimento das cincias naturais nos trpicos, promovendo a

    construo de um patrimnio simblico a servio das elites que deveriam

    sustentar a implantao da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro e dotar a mais nova

    metrpole com os equipamentos culturais necessrios (Koptcke, 2005:191).

    O Museu Nacional de Histria Natural do Rio ilustra uma experincia particular do

    projeto ideolgico destas instituies que, no sculo XIX posicionadas como

    agentes de reforma social, atuaram como instrumentos civilizatrios para o Estado

    (Sandell, 2003:45). Sandell observa que no incio de 2000, o Departamento de

    Cultura, Mdia e Esporte do Reino Unido convidava os museus a reconsiderar seu

    papel no combate a questes como ms condies de sade, alta criminalidade,

    problemas de fracasso escolar e desemprego, indicadores da excluso social. Em

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    diferentes pases, estas instituies buscam estabelecer parcerias com os setores

    de sade, assistncia social, educao, dentre outros, visando colaborar para o

    alcance de metas de incluso social (2003:46). No incio do sculo XXI, observa-se a

    intensificao e ampliao das expectativas do Estado e da sociedade com relao

    ao museu. Para alm de templo, escola, frum, centro cvico e ator de

    desenvolvimento urbano e econmico, as instituies museais acompanham o

    movimento geral de gesto intersetorial nas polticas pblicas. No entanto, no s

    obedecem ao contexto sociocultural e poltico, como respondem dinmica do

    subcampo de produo simblica onde se situam: museus de arte respondem s

    relaes entre os artistas, crticos, gestores, acadmicos, pblicos, artesos,

    fornecedores que operam neste espao de produo de forma imbricada e

    interdependente (Becker, 1988).

    Neste sentido, o papel de um museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro no ser o

    mesmo de um museu de Histria Natural ou de Antropologia. A relao entre o

    museu, educao e escola refletir, por exemplo, em um programa disciplinar

    especfico, no prestgio intelectual e social do campo de saber em determinado

    perodo, entre outros fatores que definem a prtica interna e a posio ocupada

    pelo museu no universo em questo.

    Como se v, os papis sociais atribudos aos museus so mltiplos, resultando de

    uma delicada tessitura de fatores relativos tanto riqueza e tradio cultural

    acumuladas de um pas ou regio, quanto situao econmica, educacional e

    poltica de cada grupo poltico e social onde se desenvolvem estas instituies. De

    forma que, falar do papel, da misso ou da funo social do museu em geral no

    possvel. sempre um recorte com base em alguma experincia situada no espao

    e no tempo, atualizado pela noo de vocao, enquanto processo permanente e

    dialtico da vida institucional.

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    Os Estudos de Pblico e a construo discursiva

    O entendimento das dinmicas que caracterizam o museu nos pases ocidentais,

    toma como ponto de partida a possibilidade do museu intervir e sofrer

    intervenes de outras instituies, das polticas de Estado e dos demais atores

    no s do seu campo especfico como de toda a sociedade. Neste sentido, as

    relaes reais e desejadas dos museus com seu pblico funcionam como molas

    propulsoras de mudanas para a instituio. Argumenta-se, neste texto, que no

    apenas as expectativas sociais delineiam outro conceito de museu e renovadas

    prticas e servios referentes aos visitantes e no visitantes (pblico a conquistar),

    mas que ao colocar no pblico a centralidade da vocao institucional, ganham

    vulto os estudos voltados para estes e suas visitas, construindo um vasto campo

    discursivo apropriado pelos diversos atores envolvidos.

    No h museu sem pblico e representao sobre estes. A construo dos

    visitantes dos museus no plano das representaes sempre existiu.

    Colecionadores, curadores, pesquisadores, artistas, profissionais de museus,

    educadores, gestores culturais, pais ou visitantes elaboram, de forma mais ou

    menos explcita, imagens parciais de um pblico ideal e de um comportamento

    desejvel. Os responsveis pelos estudos e avaliaes nos museus, um corpo cada

    vez mais especializado, passam a participar das disputas simblicas referentes aos

    diversos visitantes, no visitantes e usos sociais da instituio.

    A construo do campo dos estudos e avaliaes ocorre principalmente dentro das

    universidades e dos museus, s vezes de forma integrada, com a participao dos

    gestores pblicos, algumas vezes responsveis pela demanda estruturada e

    sistemtica de dados.

    As primeiras iniciativas de registro e identificao dos visitantes foram feitas por

    meio dos livros de visitante preenchidos pelos porteiros responsveis pelas salas

    ou ainda pelos visitantes que assinavam o livro de ouro do museu. No Brasil, o

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    registro do pblico remonta ao final do XIX, incio do XX, como ilustra a presena

    de dados sobre o nmero dos visitantes aos museus por ms e ano, no Primeiro

    Anurio Estatstico do Brasil (AEB), referente ao perodo 1908-1912 (Koptcke,

    2005:188).

    Diferentes campos disciplinares encontraram nas instituies museais terrenos de

    observao, contribuindo, ao longo dos ltimos 80 anos, com a reflexo sobre a

    relao dos museus com a sociedade e suas formas de apropriao. As questes

    referentes aprendizagem humana foram abordadas pela psicologia no incio do

    sculo XX, definindo a visita como uma situao de educao fora da escola. Para os

    profissionais dos museus imbudos de sua misso educativa, os estudos

    ofereceriam novas abordagens para a elaborao de exposies mais eficazes, no

    que se refere aprendizagem. Aps a segunda guerra, os estudos de pblico se

    beneficiaram das pesquisas sobre o tempo livre e sobre os meios de comunicao

    de massa, situando a visita dentre as escolhas do tempo livre e observando como a

    informao circula e como grupos e indivduos se influenciam reciprocamente.

    Nesta linha, a teoria da comunicao abre uma possibilidade importante para

    abordar visitantes na sua relao com as exposies nos museus, culminado com

    os estudos de recepo iniciados a partir dos anos 70.

    As cincias sociais explicitaram com o trabalho de Bourdieu e Darbel (1965) a

    construo social das escolhas no campo cultural, no mbito de uma problemtica

    da dominao e da violncia simblicas. As prticas avaliativas e os estudos de

    pblico nos museus refletem, simultaneamente, as problemticas e as teorias em

    curso nos diferentes campos do conhecimento bem como as expectativas sociais e

    as transformaes na poltica cultural e na oferta museal, caracterizando uma

    espiral de demandas, retroalimentao e transformao. Os estudos de pblico

    podem ser descritos como processos de obteno de conhecimento sistemtico

    sobre os visitantes de museus, atuais ou potenciais, com o propsito de empregar o

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    dito conhecimento na planificao e pr em marcha atividades relacionadas com

    os distintos grupos de visitantes.

    Segundo a abordagem e os pressupostos tericos escolhidos, as questes,

    metodologias e finalidades destes estudos formatam prticas passveis de

    mltiplas categorizaes. Cada tipo de estudo agrega caractersticas, nuances e

    perspectivas particulares que renovam e ampliam a percepo e a construo

    discursiva sobre o pblico.

    Neste sentido, Octobre (2007:96-97) prope organizar os estudos relacionando os

    objetivos, o alvo e as perguntas. Com referncia ao alvo, foram identificados quatro

    interlocutores para os quais os estudos costumam voltar-se: os efetivos visitantes

    das instituies culturais sejam, o pblico ou praticante; os grupos que por suas

    caractersticas sociais e culturais assemelham-se queles que visitam museus e

    constituem um pblico potencial a conquistar e o no pblico, ou seja, aqueles

    que se diferenciam dos potenciais visitantes e dos praticantes efetivos em seu

    perfil sociocultural e demonstram pouco ou nenhum interesse ou familiaridade

    quando indagados a respeito destas instituies. Finalmente, a populao de

    referncia que representa o universo a partir do qual se podem construir

    parmetros de observao dos comportamentos estudados. Dependendo do alvo,

    os objetivos variam. Assim, junto ao pblico efetivo, tratando das prticas reais de

    visita, os objetivos so sintetizados em trs grupos principais: as sociografias, que

    visam descrever o perfil e as modalidades de apropriao das instituies; os

    estudos de fluxo, que pretendem acompanhar a dinmica das visitas ao longo do

    tempo, contabilizando quantas pessoas realizam tal prtica; e os estudos de

    recepo, que buscam compreender as formas de apropriao e o sentido das

    prticas junto aos visitantes. Junto ao pblico potencial, a abordagem do

    marketing cultural foca na segmentao, buscando identificar necessidades e

    expectativas particulares a cada grupo de forma a adequar a oferta cultural,

    atraindo novos visitantes. Com relao ao no pblico, trata, principalmente, de

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    conhecer as representaes e atitudes daqueles que no visitam, no demonstram

    interesse nem valorizam a prtica museal.

    Quadro 1 Categorizao dos estudos de pblico segundo alvo, objetivos e

    perguntas*

    ALVO

    OBJETIVOS

    PERGUNTAS

    O pblico: os visitantes

    de um museu, visitantes

    de uma exposio ou de

    uma atividade particular

    no museu; praticantes

    efetivos.

    Sociografia do pblico: Conhecer

    os perfis e as prticas de visita do

    pblico;

    Identificar fatores facilitadores e

    empecilhos do acesso aos museus;

    Acompanhar, caso os estudos se

    repitam, a evoluo das prticas e

    a resposta oferta cultural;

    Fluxo de frequncia:

    Acompanhar o volume de visitas e

    sua variao;

    Anlise de recepo:

    Compreender as modalidades

    concretas de apropriao das

    exposies, materiais ou

    atividades oferecidas pela

    instituio;

    Qual o perfil dos visitantes? O nvel

    escolar e o tipo de estudos

    interferem na frequncia de visitas?

    A companhia de visita modifica as

    expectativas e a experincia da

    visita?

    Como as visitas se repartem ao

    longo do ano? Que eventos,

    internos ou externos ao museu,

    favorecem a intensificao das

    prticas?

    O que os visitantes esperam

    encontrar no museu X sobre o tema

    Y?

    O que os visitantes aprenderam

    durante a visita? Como interagem

    com os elementos da exposio?

    (Leem os textos? Utilizam mdias

    diversas? Demandam auxlio aos

    mediadores?)

    Qual o grau de satisfao dos

    visitantes diante da oferta?

    Pblico potencial:

    grupos que possuem

    caractersticas

    socioculturais

    Identificar fatores que

    facilitariam a visita destes grupos;

    Conhecer os hbitos culturais e

    O que fazem estes grupos em seu

    tempo livre?

    O que costumam fazer com os

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    semelhantes quelas dos

    pblicos efetivos dos

    museus, visitam

    instituies similares,

    podendo tornar-se

    visitantes ou pblico de

    uma dada instituio.

    as preferncias destes segmentos

    para melhor adequar a oferta e

    atrair estes segmentos;

    Conhecer as representaes

    acerca dos museus e dos temas

    que tratam.

    filhos?

    O que esperam de uma atividade de

    lazer educativo?

    Que temas parecem prioritrios

    para serem abordados em um

    museu?

    Que tipo de arte mais atrai estes

    grupos?

    No pblico: grupos que

    no costumam

    frequentar museus e

    manifestam disposio

    desfavorvel a esta

    prtica;

    Conhecer os fatores externos

    (ex: falta de equipamento

    prximo) e atitudinais (ex:

    disposies de gosto, hbitos,

    preconceitos, experincias

    negativas) que impedem a visita;

    Identificar as caractersticas e

    expectativas que favoream a

    prtica de visita, orientando

    ofertas mais adequadas ao perfil

    destes frequentadores.

    O que pensam sobre os museus?

    O que costumam fazer no tempo

    livre?

    Qual o perfil sociocultural deste

    pblico? Qual a influncia dos

    amigos e familiares nas prticas

    culturais destes grupos?

    Populao: Universo

    agrupando a populao

    de certa localidade

    (cidade, estado, pas)

    que serve como

    referncia para estudar

    as caractersticas dos

    diferentes grupos de

    frequentadores.

    Analisar como se situam os

    visitantes e o pblico potencial dos

    museus com relao

    escolaridade, raa/cor; renda,

    estado civil, etc. comparados

    populao de referncia?

    Conhecer as representaes

    acerca dos museus e dos temas

    que tratam;

    Como percebem as instituies

    culturais?

    Que valores atribuem arte,

    sade ou cincia?

    Qual a representao que a

    populao acalenta sobre os

    museus?

    * Esta tabela faz referncia ao trabalho de Octobre,(2007).

    Logo, se no sculo XIX as categorias de pblicos restringiam-se aos estudiosos e

    curiosos, pesquisadores estrangeiros, visitantes ilustres, escolares e a massa ou

    popular, a fala dos especialistas e seus estudos introduzem novas categorias. Alm

    do pblico real, potencial e do no pblico, fala-se tambm em nefito ou expert,

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    considerando a familiaridade com os museus como dispositivo cultural. Distingue-

    se o primovisitante do fidelizado, referindo-se assiduidade das visitas a uma

    instituio em particular, o pblico de proximidade ou de vizinhana dos turistas

    nacionais ou estrangeiros, o pblico escolar do espontneo, o solitrio daquele que

    visita em companhia de amigos ou de familiares.

    A construo de um pblico fragmentado no seu perfil e nas formas de visita

    respalda-se na psicologia cognitiva, sugerindo uma anlise com foco na experincia

    de visita com seus contextos pessoal, fsico e social (Lynn, Direking 1992).

    Tambm nas cincias sociais ecoar a desconstruo da idia de um pblico geral,

    homogneo e estvel, apresentando o pblico da cultura como coalises e

    agrupamentos efmeros, fenmenos particulares da vida coletiva, diferentes de

    fazer parte da multido ou de uma associao instituda (como um sindicato

    patronal) (Mouchtouris, 2003:7,8,16,17; Fabiani, 2007:21-22). O pblico deixa de

    ser um grupo construdo de uma vez por todas para tornar-se um organismo vivo

    que se forma e se desfaz, composto de grupos sociais diferentes a cada perodo,

    sugerindo o uso do termo pblicos no plural.

    Observa-se a especializao deste campo de estudo a partir dos anos 70 nos

    Estados Unidos e na Europa, retratando os ltimos 42 anos, a histria recente de

    uma prtica e seus resultados, onde se fala de uma poltica de pblicos (Fourteau,

    2000: 236) percebida como uma nova sensibilidade que leva em conta os pblicos

    na elaborao das polticas culturais.

    Da democratizao incluso social

    A ideia da cultura como direito estabelece para as polticas culturais metas de

    democratizao. O acompanhamento destas polticas e suas metas gerou a

    demanda por estudos que pudessem medir a mudana e inspirou a construo de

    teorias compreensivas das transformaes social e cultural, para explicar como e

    por que elas se processam (Sandell, 2003:46-47). No entanto, constata-se que os

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    Museologia & Interdisciplinaridade. Revista do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade de Braslia Vol.1, n1, jan/jul de 2012

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    estudos e pesquisas apresentam diferentes entendimentos e aplicaes da ideia de

    democratizao, democracia ou incluso social. A explicitao destes conceitos

    facilita o entendimento daquilo que medido, permitindo anlises e usos mais

    pertinentes dos resultados pelos diferentes atores do campo.

    A ideia contempornea de democracia se constri na modernidade europia com o

    fortalecimento do pensamento racional e da cincia, questionando a concentrao

    de poder e os privilgios garantidos pelas tradies. Os interesses comuns

    presidiro os parmetros do bem pblico, promovendo a igualdade dos indivduos

    diante dos direitos civis, mesmo que ainda socialmente desiguais. A ordem social

    percebida como uma criao humana se transformar em objeto das cincias

    sociais e humanas ao final do sculo XIX e incio do XX.

    Na Frana, o ministrio de Andr Malraux, a partir de 1959, estende a idia de

    democratizao ao campo cultural (Octobre, 2007:92). Caber ao Estado garantir a

    todos os segmentos sociais as condies de acesso a bens, equipamentos e prticas,

    empreendendo uma verdadeira evangelizao cultural a fim de fortalecer a

    identidade do povo, sua integrao cultural e coeso social. As polticas pblicas

    em curso sero respaldadas no campo cientfico pelo trabalho o Amor pela Arte, de

    Bourdieu e Darbel (1969), abordando as desigualdades diante dos bens culturais e

    a anlise de sua funo social e simblica no mbito de uma problemtica da

    dominao (Fabiani, 2007:19). A produo de Bourdieu e Darbel, assim como a

    pesquisa As prticas culturais dos franceses, (Donnat, 1998) realizada a cada 10

    anos, a partir de 1973 at o final dos anos 90, ilustram o investimento da gesto

    pblica na realizao de pesquisas por reconhecidos especialistas, visando apoiar a

    retrica da democratizao, visto que trata de um processo que s pode ser

    percebido quando se mede e compara. Mas o que se entende, mede e compara

    para caracterizar a democratizao da cultura?

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    Observam-se pelo menos trs abordagens dos processos de democratizao ou das

    aes propostas para sua realizao com base na acessibilidade. A primeira diz

    respeito ao acesso material que concerne existncia fsica e a distribuio

    territorial equnime dos equipamentos; a proposio de tarifas populares; a

    considerao das necessidades especiais dos visitantes (rampas, elevadores, textos

    em braile, etc.) nos espaos e equipamentos da cultura. A segunda faz referncia

    acessibilidade social e simblica, s chances efetivas dos diferentes segmentos

    sociais de frequentarem os diversos espaos culturais. Se a resposta ao primeiro

    nvel se situa nas aes de renovao, construo, multiplicao dos equipamentos

    e ateno s polticas tarifrias, no segundo nvel trata-se de agir sobre as

    condies de produo do desejo de cultura, combatendo as causas da

    desigualdade. Busca apreender o sentido das prticas para aqueles que as praticam

    no contexto de um grupo social e compreender as vantagens sociais,

    culturais/simblicas e econmicas que delas podem derivar para os diferentes

    grupos. Logo, a democratizao diz respeito tanto oferta (garantia da facilidade

    de acesso para aqueles que praticam ou que desejariam praticar) quanto

    apropriao, escolha e fruio diversificada de variados elementos da cultura

    por diversos grupos sociais.

    A terceira abordagem mescla objetivos de aumento numrico de praticantes

    (volume dos que frequentam um equipamento) e a diversificao da estrutura

    social dos pblicos em questo, gerando mal-entendidos e frustraes, pois no se

    observa uma relao de reversibilidade causal entre a diversificao da estrutura

    social dos pblicos de um equipamento e seu aumento numrico. Da mesa forma, o

    aumento do nmero de visitas a um equipamento no significa o aumento de

    praticantes, mas pode apenas revelar a intensificao da prtica entre os visitantes

    antigos.

    A questo da democracia nos museus entendida pelo vis do acesso reuniu

    iniciativas nos mais diversos campos e setores e inspirou aes de educao

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    permanente, de popularizao da cincia, de educao esttica, de construo e

    expresso da memria. Foi tambm neste contexto que surgiram as prticas de

    mediao cultural visando promover relaes significativas entre o pblico e os

    objetos e equipamentos da cultura. No entanto, atividades como oficinas, estgios,

    cursos, ou a criao de um comit assessor com participao de visitantes ou da

    comunidade no garantiram por si a diversificao da estrutura social ou o

    aumento do nmero de visitantes, sugerindo a necessidade de buscar novos

    referenciais explicativos para aprofundar o entendimento sobre as prticas de

    mediao cultural.

    Com os ecomuseus e museus comunitrios, integrando a dimenso intangvel do

    patrimnio, incorporou-se igualmente o direito diversificao dos espaos

    museais e dos acervos musealizveis como possibilidade de ampliar e renovar o

    acesso produo cultural no e pelo museu, por diversos segmentos sociais e

    comunidades culturais. O foco das polticas comea a deslocar-se da

    democratizao do acesso cultura para a construo de uma democracia cultural,

    onde o cidado no exerce apenas o direito de acessar os bens culturais, mas o de

    produzir, manifestar, expressar, celebrar sua criatividade, sensibilidade e memria

    nos museus, entendidos enquanto espaos pblicos de compartilhamento legtimo

    da diversidade cultural.

    Entretanto, a problemtica da democratizao e da democracia cultural no

    esgotaram os desafios colocados para os museus. A cultura ganhou

    reconhecimento poltico no combate s iniqidades, com o entendimento

    multicausal da excluso social. Incluir socialmente implica garantir a todos a

    possibilidade de expresso e leitura do mundo, do acesso e entendimento crtico

    do infindvel corpo de conhecimento produzido, de oportunidades de emprego, de

    boas condies de sade, de relaes sociais e afetivas saudveis, indo alm do

    conceito restrito de pobreza. A abordagem intersetorial dos problemas sociais

    alargou o espectro de atores necessrios para sua resoluo. A ideia de que os

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    museus podem promover a incluso social coloca outros papis para a instituio

    que no se restringe a promover o acesso a seu acervo para aqueles em risco de

    excluso social, mas deve desempenhar um papel direto no combate s

    desvantagens e discriminaes sofridas por estes grupos (Sandell, 1998:45).

    Fabiani (2007:20) defende a necessidade de se construir novos instrumentos

    tericos para abordar a dinmica da apropriao dos espaos culturais,

    considerando que a teoria sociolgica da legitimidade cultural encontra limites

    diante de uma realidade social que reconhece de forma explcita a cultura como

    campo de disputa, onde no caberia mais imaginar uma hegemonia da cultura

    erudita, implementada pela lgica da distino e da boa vontade cultural. Neste

    sentido, no haveria um pblico da cultura homogneo, obediente, estvel, mas

    uma diversidade de relaes entre grupos sociais e experincias culturais.

    Os Estudos de pblico no Brasil, um objeto de investigao

    A histria social dos estudos de pblico e da avaliao museal no Brasil resta a ser

    contada, do mesmo modo que necessitam serem sintetizadas e sistematizadas as

    lies aprendidas com estes estudos e pesquisas. Com o propsito de colaborar

    com a construo de uma agenda de pesquisa, realizou-se uma consulta no

    exaustiva s pginas encontradas no Google acadmico no Brasil a partir de 2000,

    com os descritores estudos de pblico em museu e museus e pblicos, obtendo 72

    resultados. Ademais, foram analisadas 22 publicaes, dentre livros, revistas e

    relatrios disponveis. A leitura dos documentos revelou caractersticas referentes

    ao tipo de publicao, ao tipo de estudo com relao ao alvo e aos objetivos e

    sugeriu questes para pensar a dinmica destas prticas e sua construo como

    objeto de pesquisa.

    Com relao ao tipo de publicao, foram identificadas seis categorias. A primeira

    rene os textos publicados em Coletneas/anais de trabalhos apresentados em

    eventos: seminrios, workshop, encontros e congressos. Alguns eventos so

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    organizados pelos museus com financiamento institucional e apoio de agncias de

    fomento, a exemplo do Encontro de Pesquisa em Educao, Comunicao e

    Divulgao cientfica em Museus- EPECODIM (2001), com apoio da Fundao de

    Apoio Pesquisa do Rio de Janeiro e do Conselho Nacional de Pesquisa Cientfica.

    Outros so fomentados para os museus por instituies internacionais como o

    Workshop de Educao da Vitae (2003) ou os encontros do Committee for

    Education and Cultural Action -Ceca do International Council of Museums ICOM,

    que ocorrem regularmente. Os trabalhos tambm so apresentados em eventos de

    diferentes reas do conhecimento onde h pesquisas utilizando o museu como

    campo de investigao a exemplo do Encontro de pesquisa da Faculdade de

    Educao da Universidade Federal de Minas Gerais; o Encontro Nacional de

    Pesquisa em Cincias da Informao - Enancib, a Associao Nacional de Pesquisa

    em Educao - ANPED, a Associao Nacional de Ps Graduao e Pesquisa em

    Cincias Sociais - ANPOCS, o Encontro Nacional de Pesquisa em Educao em

    Cincias - ENPEC, o Congresso Brasileiro de Pesquisas Ambientais e o Congresso

    da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicao - Intercom.

    Muitos dos textos sobre avaliao e estudos de pblico em museus foram

    apresentados e posteriormente publicados em anais de eventos regulares de

    divulgao da cincia como a Red Pop, Rede Latino Americana de Popularizao da

    Cincia, e o Congresso Internacional de Museus e Centros de Cincia. A anlise do

    foco, dos objetivos e dos resultados destes estudos pode trazer informaes sobre

    a relao dos museus com os diferentes campos de conhecimento e de prticas,

    pois permitem comparar com periodicidade regular (a periodicidade do evento) a

    presena e a natureza de trabalhos apresentados. Trata de uma produo

    heterognea, oriunda tanto da academia quanto das prticas, bastante abrangente

    por reunir o resultado de estudos concludos e o relato de experincias recm-

    iniciadas. Registra a reflexo dos profissionais que atuam na rea museal e revela

    questes mais prximas da prtica cotidiana.

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    O segundo grupo agrega os relatrios de pesquisa, de circulao restrita aos

    profissionais das instituies que realizam estes estudos. Esta categoria sugere o

    interesse dos museus em produzir dados para o planejamento de suas aes.

    Foram encontrados relatrios densos como a avaliao de exposies e da ao

    educativa no Museu Lasar Segall de So Paulo, em geral com o apoio de uma

    agncia de fomento, Vitae ou FAPESP. Alm do foco no pblico efetivo, dentre os

    Relatrios, encontramos os trabalhos com foco na populao, como as pesquisas

    realizadas no mbito do CDHP- curso de habilidade em pesquisa - da Escola

    Nacional de Cincias Estatsticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica -

    IBGE. O CDHP oferece s instituies a possibilidade de obter um estudo

    populacional em geral oneroso e tecnicamente complexo. Indicam o interesse das

    instituies museais por estes estudos e as estratgias encontradas para sua

    realizao.

    A terceira categoria se refere aos artigos publicados em peridicos. Embora no

    exista uma publicao peridica especializada nos estudos de pblico e avaliao

    em museus, muitas instituies museais editam regularmente peridicos onde

    estes trabalhos encontram espao. Tal o caso dos Anais do Museu Nacional, dos

    Anais do Museu Paulista ou da revista MAST Colloquia do Museu de Astronomia e

    Cincias Afins. Encontramos ainda publicaes de outras instituies que atuam no

    campo museal como a revista Musas, editada pelo Departamento de museus do

    Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional- IPHAN (atual Instituto

    Brasileiro de Museus), a Revista eletrnica do programa de ps graduao em

    museologia da Universidade do Rio de Janeiro - Unirio e a revista Jovem

    museologia. As revistas da rea das cincias sociais, como a Revista Brasileira de

    Cincias Sociais, a revista Histria, Cincias, Sade Manguinhos, a Horizontes

    Antropolgicos (Porto Alegre), a Mouseion e a Revista do Patrimnio Histrico do

    IPHAN tambm renem estes estudos assim como aquelas voltadas para a

    educao e aprendizagem como Inovao e ensino de cincias e Cincia e Cognio.

    A anlise das publicaes peridicas sugere o grau de prestgio de um campo do

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    saber e dos grupos que nele atuam. Revela, ainda, as abordagens consagradas, as

    inovaes e os tpicos inexistentes ou no publicados pelas diferentes

    comunidades cientficas.

    A quarta categoria agrupa os trabalhos acadmicos, teses de doutorado,

    dissertaes de mestrado e monografias. Foram identificados 16 trabalhos dentre

    os quais trs trabalhos de concluso de curso, nove dissertaes de mestrado e

    quatro teses de doutorado, concludos entre 2000 e 2011, nos cursos de artes da

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, sociologia da Universidade Federal do

    Paran, bens culturais e projetos sociais da Fundao Getlio Vargas, turismo, no

    Centro Universitrio UMA de Belo Horizonte, artes da Universidade de Braslia,

    sociologia do Instituto Superior de Cincias do Trabalho da Empresa, comunicao

    na Escola de Comunicao da UFRJ e cincias da informao no Instituto Brasileiro

    de Cincias da Informao Tecnolgica- UFRJ, comunicao e artes alm de

    pedagogia na USP.

    Assim como os trabalhos publicados em peridicos, as teses revelam a dinmica

    dos estudos sobre os freqentadores de museus no mbito da academia e sua

    relao com o movimento mais abrangente de afirmao ou renovao das teorias

    explicativas dentro dos diferentes campos do conhecimento.

    O quinto grupo tratou dos textos publicados em livros e captulos de livros. Foram

    quatro os livros que trataram do pblico de museus dentre aqueles identificados

    na busca realizada: Educao e Museu: a construo social do carter educativo

    dos museus, Acces/Faperj (2003); Avaliao e Estudos de Pblico de museus e

    Centros de Cincia, Museu da Vida (2003); Museus, colees e patrimnio,

    narrativas polifnicas, DEMU/IPHAN (2007); Museu lugar do pblico, Museu da

    Vida, Fiocruz (2009). Este tipo de publicao aponta as estratgias institucionais

    de criar espao para esta produo, indicando o crescimento do interesse pelos

    estudos de pblico.

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    O sexto grupo reuniu duas publicaes especializadas: o Boletim do Observatrio

    de Museus e Centros Culturais, com duas edies publicadas em 2008 pelo Museu

    da Vida e o Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, e os Cadernos do Museu da Vida (Ncleo

    de Estudos de Pblico e Avaliao em Museus), com trs edies publicadas pelo

    Museu da Vida entre 2008 e 2010. Como o anterior, este grupo de publicaes

    caracteriza um grau intenso de especializao institucional nas pesquisas de

    pblico e avaliao em museus.

    Referente ao alvo, os estudos de pblicos efetivos so a grande maioria. Dentre

    estes, as famlias, os jovens, adolescentes e crianas, os portadores de necessidades

    especiais, os educadores, os educandos ou escolares, os mediadores, os

    pesquisadores, os pblicos estimulados, os visitantes espontneos, o pblico

    fidelizado e os nefitos constituem as categorias apresentadas. Alguns estudos de

    pblico potencial foram realizados junto a estudantes universitrios, escolares,

    visitantes de jardins ou moradores de um bairro. No foi encontrado nenhum

    estudo de no pblico. Com relao aos estudos populacionais destacam-se, a

    partir de 2000, aqueles de reas geogrficas da cidade do Rio de Janeiro, no bojo

    dos estudos realizados pela Escola Nacional de Cincias Estatsticas, no mbito do

    Curso de desenvolvimento de habilidades em pesquisa - CDHP, como o estudo das

    pesquisas Conhecimento do Museu da Vida junto aos moradores de bairros

    vizinhos ao museu, COMVIDA (2002) e a pesquisa domiciliar sobre percepo e

    visita a museus - VAMUS (2008).

    Com relao s abordagens ou reas do conhecimento, dentre os analisados, a

    produo mais intensa foi aquela relacionada s teorias da aprendizagem,

    cognio, psicologia cognitiva, didtica da matemtica e da fsica. Entretanto,

    identificaram-se textos oriundos de reas diversas, como a psicologia social, a

    histria cultural, as cincias da informao, a teoria da comunicao e a teoria da

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    recepo; as cincias sociais, a antropologia e a sociologia da cultura; a teoria da

    arte, a museologia, o turismo ou a filosofia. Os objetivos dos estudos relacionam-se

    ao campo de conhecimento. Neste sentido, foram identificados objetivos referentes

    educao e relao ensino-aprendizagem: identificar as concepes prvias

    sobre um determinado conceito ou assunto, avaliar um material ou as aes

    educativas; conhecer o perfil e as prticas educativas dos professores antes,

    durante e depois das visitas; avaliar a parceria escola-museu. As sociografias, com

    base nas cincias sociais e na sociologia da cultura, visam conhecer o perfil, as

    formas de apropriao, as expectativas, o hbito de visitas a museus e as prticas

    de lazer de pblicos efetivos dos museus, do pblico potencial ou de uma

    populao adstrita a um bairro ou cidade. Estudar a transferncia da informao

    da exposio para o pblico retrata um enfoque das cincias da informao,

    enquanto que analisar a forma de apropriao de uma exposio recuperando o

    sentido atribudo visita e a forma de visitar um objetivo partilhado pela teoria

    da recepo e pela psicologia sociocultural. Revisar a produo bibliogrfica sobre

    os pblicos dos museus foi objetivo da museologia, das cincias sociais e da

    teoria da comunicao enquanto que discutir as relaes entre diferentes

    segmentos sociais e o museu ao longo do tempo e identificar fontes documentais

    que informem sobre as prticas de visita e visitantes dos museus resultam de uma

    abordagem histrica. Descrever a visita como uma experincia recupera a

    abordagem filosfica e sua contribuio para a psicologia cultural.

    O presente texto props a anlise exploratria de um corpo documental no

    representativo da produo no perodo em questo. Foram identificadas categorias

    referentes ao tipo de publicao, ao alvo, ao campo disciplinar e aos objetivos dos

    estudos cuja descrio revela a natureza e sugere o perfil de um campo de

    conhecimento em construo. No entanto, preferiu-se guardar a anlise de

    frequncias, sinalizando tendncias sobre a natureza dos estudos, onde e por quem

    so produzidos dentre outras variveis para um futuro estudo sistemtico da

    produo brasileira no perodo observado.

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    Uma agenda de pesquisa para os estudos de pblico coloca a necessidade de

    descrever e questionar o contexto de produo destes estudos: quem so os

    atores? Com que finalidade so realizados os estudos? O que favorece, em

    determinado momento, o investimento nestas prticas? A que ponto os estudos de

    pblico e a avaliao em museus dependem do investimento pblico na

    organizao da oferta e da demanda? Qual a importncia da academia? O aumento

    da formao de ps graduao doutores e mestres - dentre os quadros das

    instituies museais brasileiras ocasionou aumento das prticas de estudo de

    pblico e avaliao nos museus? Os resultados dos estudos servem efetivamente

    para a gesto dos museus no Brasil? A poltica cultural implementada pelo Estado

    promove a realizao de estudos de pblico e avaliao? A educao continua a ser

    o campo mais importante da pesquisa em museus? Os museus de cincia tendem a

    desenvolver estudos e avaliaes referentes educao e relao ensino

    aprendizagem enquanto os demais privilegiam estudos com foco na ampliao

    quantitativa e no desenvolvimento de novas audincias? A abordagem intersetorial

    nas polticas pblicas de sade, educao, incluso e desenvolvimento social

    definem novos papis para os museus? Provocam a realizao de uma nova

    gerao de estudos com outras problemticas?

    Alm de refletir sobre o contexto de surgimento dos estudos de pblico, sobre

    como se desenvolvem e sobre os fatores promotores ou inibidores de seu

    crescimento, uma agenda de investigao sobre estas prticas precisa debruar-se

    sobre a natureza do conhecimento que constroem: O pblico dos museus so

    mltiplos? Os museus so mais democrticos hoje do que no sculo XIX ou na

    dcada de 30? A maneira e o sentido da apropriao dos espaos e obras da cultura

    variam segundo a situao de visita? possvel aprender no museu? O que e como

    se aprende no museu? A escola favorece o acesso aos museus para crianas

    oriundas de grupos menos familiarizados com esta instituio? O professor

    constri um papel pedaggico adaptado ao tipo de visita oferecida? Como os

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    Museologia & Interdisciplinaridade. Revista do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade de Braslia Vol.1, n1, jan/jul de 2012

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    museus contribuem com as polticas de promoo da sade, de popularizao da

    cincia e tecnologia, da educao popular?

    Um terceiro bloco de reflexo deve indagar sobre o uso efetivo do conhecimento

    construdo por estes estudos. Para que servem os estudos de pblico? Contribuem

    com a mensurao da democracia nos museus? Explicitam a situao do acesso

    produo cultural erudita? Colaboram com o planejamento e a gesto dos museus,

    gerando informaes que ajudem a ampliar o consumo cultural e a fortalecer os

    setores produtivos da cultura? Promovem a percepo do papel dos museus nas

    polticas sociais inclusivas? Geram dados sobre a mobilizao e a participao de

    diversos grupos na fruio, na produo e na criao cultural? Podem revelar o

    potencial dos museus para atuar como determinantes culturais da sade? Como

    ferramentas para a qualidade de vida e para a justia social?

    Espera-se que as questes acima provoquem muitas outras, contribuindo com a

    construo de uma agenda de pesquisa para os estudos de pblico. Tais estudos e o

    conhecimento que produzem intervm na concepo de ser/estar pblico e nas

    expectativas sociais face aos museus. Sua anlise poder revelar a relao entre a

    misso institucional e a realizao de pesquisas e avaliao em museus, permitindo

    observar seus efeitos na orientao da poltica cultural, ou ainda, do plano

    museolgico do museu estudado, explicitando como operam tanto na construo

    vocacional da instituio quanto no plano discursivo das polticas culturais.

    Consideraes finais

    A anlise do surgimento dos estudos de pblico revela a imbricao entre as

    expectativas sociais referentes aos museus, os campos de pesquisa das diferentes

    cincias que encontraram nesta instituio um objeto de estudo, as escolhas

    polticas e as especificidades de cada tipo de museu e sua forma de operar no

    cotidiano. Neste sentido, acredita-se que os estudos de pblico incidem na

    dinmica vocacional das instituies e participam da disputa pela hegemonia

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    Museologia & Interdisciplinaridade. Revista do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao da Universidade de Braslia Vol.1, n1, jan/jul de 2012

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    discursiva sobre quem e como se apropria socialmente os museus. Em seguida, a

    anlise exploratria de 22 publicaes e 16 trabalhos de concluso de curso

    graduao e ps graduao - dentre o total de 94 documentos levantados sobre

    pblicos e avaliaes em museus, permitiu identificar algumas caractersticas

    deste campo no Brasil a partir de 2000. Finalmente, sugeriu uma agenda de

    investigao sobre os estudos de pblico composta por trs eixos: anlise do

    contexto de produo; anlise da natureza do conhecimento construdo e anlise

    dos usos social, poltico, cultural e gerencial destes estudos visando apoiar uma

    prtica consciente, crtico-reflexiva e questionadora.

    REFERNCIAS

    Abreu, Regina. Chagas, Mrio Souza. Santos, Myriam Seplveda. (org.), Museus, colees e patrimnios: narrativas polifnicas, Rio de Janeiro: Garamond, MINC/IPHAN/DEMU, 2007. 256p.

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    Artigo recebido em fevereiro de 2012. Aprovado em maro de 2012