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Jornal do Movimento Passe Livre (MPL) de Joinville-SC. N.07. Outubro/Novembro 2012.
PULA CATRACAN07 JORNAL DO MOVIMENTO PASSE LIVREOUT/NOV.2012 - JOINVILLE | SCDISTRIBUIO GRATUITA
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@mpljoinville
POR QUE RECUSAR O PLANO DA LICITACAONO TRANSPORTE?p.03
26 DE OUTUBRO, POR UMA VIDA SEM CATRACASp.04
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notas do zarco
A populao que utiliza o transporte coleti-vo na cidade de Natal-RN teve uma grande surpresa ao se deparar, no dia 27 de agos-to, com o reajuste de 9% na tarifa.A passa-gem que antes custava R$2,20 passaria a custar R$2,40. Passaria, j que aps vrias manifestaes de usurios do transporte, os vereadores da cidade aceitaram em una-nimidade, no dia 6 de setembro, o decreto que revoga o aumento das tarifas de trans-porte, retornando ao preo anterior. Este acontecimento nos mostra o quanto im-portante a luta popular para conseguirmos tornar possvel um transporte coletivo de qualidade e mais barato.
Natal revoga o aumento na tarifa
Duplicaao da Santos DumontFoi dada a largada! A ordem de servio da Duplicao da Santos Dumont deve ser as-sinada em dezembro, com o valor da obra estimado em R$66 milhes. A duplicao vai contemplar oito km de extenso da via, e promete desafogar o trnsito na regio. Voltamos ao ponto em que mais uma vez o transporte coletivo deixado de lado favorecendo o individual. Acredita-se que alargar a rua pode resolver o problema, porm, num mdio perodo de tempo, o problema retornar. Uma boa opo seria investir no transporte coletivo, mas como sempre ouvimos dizer, nunca h dinheiro para esse tipo de investimento.
Aps trs meses, foi suspensa a greve dos professores das Instituies Federais, que tambm teve a adeso de estudantes e tcnicos. Durante a greve, a categoria foi bombardeada na mdia por matrias sen-sacionalistas que tinham o intuito de desle-gitimar a greve. As pautas, como reajuste salarial, reestruturao do plano de car-reira e melhoria de ensino, so uma busca para melhorar a educao. A greve mostrou fora e capacidade de organizao, porm o governo se mostrou negligente durante todas as negociaes. As lutas nos servios pblicos como educao, sade e transpor-te devem ser entendidas como lutas de toda sociedade e devemos buscar som-las.
Greves no ensino Federal
Estacionamento rotativo O atual Ittran, antiga Conurb, rompeu con-trato com a empresa Carto Joinville. A em-presa no estaria cumprindo com os paga-mentos para a prefeitura, e desde ento o processo passa por uma briga judicial. Hoje, pela primeira vez, o instituto responsvel pelas atividades do estacionamento rota-tivo. Essa uma tima fonte de financia-mento para o transporte pblico da cidade. A questo que o Ittran pretende lanar edital em breve e terceirizar o servio. Fica claro que a prefeitura no tem interesse em baratear o zarco, mas sim em deixar uma empresa privada lucrar.
2 PULA CATRACA N07
*da esquerda para direita: ex-prefeito Luizinho Henriques da Silveiras, ex-prefeito Tebaldo, prefeito Carlitinho Merssis.
matria
Por que recusar o plano da licitaao do transporte?
3PULA CATRACA N07
Aps muitos anos de expectativa, final-mente foi iniciado o processo de licitao do transporte coletivo em Joinville. Em geral, as pessoas acreditam que a concorrncia ser benfica, diminuir a tarifa, melhorar a qualidade.Essa opinio, contudo, no condiz com a rea-lidade. Por duas razes fundamentais: a) em cidades nas quais houve licitao, mas o modelo do transporte permaneceu pri-vado, no ocorreram mudanas significati-vas. Um exemplo a questo tarifa, onde Curitiba e Florianpolis no tem preos nem muito menores ou maiores que Joinville. Isso porque o modelo privado tem a lgica
de que o retorno do capital do empresrio, seu enriquecimento, mais fundamental que a mobilidade do usurio. Essa questo foi tema da 5 edio de nosso jornal. Alm disso, b) o plano de licitao lanado pela prefeitura (o plano que estipula critrios de como dever ser o servio de transporte pelos prximos 15 anos) no prope mu-danas em aspectos bsicos do sistema de transporte, como financiamento e gesto.Trataremos do plano de licitao nesse tex-to. Vamos mostrar quais so os aspectos de-ficientes dele em sete tpicos. As pginas citadas se referem ao plano, que por sua vez pode ser consultado no site do IPPUJ.
O Plano tem o objetivo de pro-mover o equilbrio entre os inte-resses dos grupos de usurios, operadores e poder pblico. L est escrito: Para a obteno desse equilbrio funda-mental a conciliao de interesses de trs grupos, com preocupaes distintas quanto ao desempenho do sistema (p. 4). Reside a o problema: com o transporte privado, a preocupao do empresrio ganhar di-nheiro e a do usurio exercer seu direi-to de se movimentar pela cidade com qualidade e a um preo mnimo. Como conciliar esses interesses opostos? O plano no responde.
* * *
O plano considera que a capacidade instalada sufi-ciente para o atendimento da demanda manifesta (p. 17). Em outras palavras: no h
mudana prevista de aumento na oferta de nibus. Essa ideia contraditria com a experincia diria de qualquer cidado que utilize o transporte coletivo no horrio do incio da manh e do fim da tarde, quando os nibus tornam-se currais humanos e a dignidade mais elementar do indivduo subordinada ao lucro do empresrio, quan-do impossvel se mexer dentro de um ni-bus. Mesmo assim, a prefeitura considera que a capacidade, a oferta de linhas, est de acordo com as necessidades dos joinvilen-ses. Provavelmente jamais andaram de ni-bus para ter uma opinio dessas.
O mnimo que poderia ser feito dentro de um plano novo de transporte a extino da tarifa embarcada, inveno que multa os usurios por
no comprarem a passagem antecipada-mente e que faz o motorista ter a dupla funo motorista-cobrador, piorando a qualidade do servio e estressando o tra-balhador que atende o usurio. O plano no prev quaisquer mudanas nesse aspecto.
Quanto ao financiamento do sistema, diz o plano que a re-munerao das empresas ser feita por cobrana de tarifa dos usurios (p. 18). Ou seja: exatamente como j funciona h
mais de 45 anos. O empresrio continua recebendo a partir do que cobrado do usurio. Outros meios de financiamento multas de trnsito, estacionamentos, IPTU progressivo sequer so considerados.
Sobre o aumento de tarifa de nibus h uma terrvel novidade, pois ele ser obri-gatoriamente anual (p. 19). Antes disso havia uma folga de at 18 meses entre um aumento e outro, porm agora ele j estar estipulado como
obrigatrio no contrato. O aumento de tarifa antes do plano de outorga era apenas questionvel e absurdo, mas agora ques-tionvel, absurdo e periodicamente legal.
matria
especial
26 de outubro, por uma vida sem catracasO ano de 2012 comeou com a tarifa de ni-bus mais cara. Com o novo aumento, que entrou em vigor no dia 5 de janeiro, Carlito mais uma vez mostrou que estava ao lado das empresas, passando o valor da passa-gem para R$2,75. Mesmo com o aumento logo aps a virada do ano, a Frente de Luta pelo Transporte, do qual o Movimento Passe Livre faz parte, organizou a primeira mani-festao ainda em dezembro, quando o pos-svel novo valor da tarifa foi anunciado.Apesar de ser um perodo em que a mobi-lizao popular costuma ser mais difcil, manifestaes ocorreram antes e depois do aumento da passagem. A mobilizao que comeou como uma luta contra mais um aumento da tarifa, ganhou mais um motivo para continuar. A prefeitura havia anun-ciado duas audincias pblicas sobre a lici-tao do transporte coletivo, em janeiro e fevereiro. A Frente de Luta passou ento a se organizar para apresentar uma alterna-tiva para o transporte coletivo de Joinville. A alternativa do transporte pblico. Sem nunca argumentar de fato o porqu a tarifa zero no possvel, a prefeitura ig-norou as manifestaes nas audincias, e apresentou um plano para a licitao que
mantm o transporte coletivo da forma como est.Chegamos ao ms de Outubro, e o que j era ruim no incio do ano, est pior. A prefei-tura no realizou as audincias que prome-teu nos meses de abril e maio. O processo para a licitao do transporte coletivo est parado. As empresas que fizeram a farra em Joinville nos ltimos 45 anos, com aumen-tos que representam mais do que o dobro da inflao desde 96, ainda exigem um res-sarcimento de 268 milhes, alegando que durante esse mesmo perodo sofreram pre-juzos devido aos reajustes. Como podemos perceber, no d pra espe-rar que venha do governo a soluo para esse cenrio cada vez pior do transporte coletivo. Mesmo em perodo eleitoral, ve-mos os candidatos que lideram as pesqui-sas prometendo diversas obras que priori-zam o transporte individual. por isso que chamamos todos/as para a manifestao pelo dia nacional de luta pelo transporte pblico. Dia 26 de outubro, 18h30, na Praa da Bandeira. Pois nas ruas que po-demos lutar por uma alternativa mais justa, e exigir um transporte pblico, gratuito e de qualidade.
4 PULA CATRACA N07
O plano estima que o investimento necessrio para a infraestrutura inicial do servio de transporte seja de 165 milhes. O detalhamento desse valor remetido ao anexo 4.4, que ainda est em desenvolvi-mento. Oito meses depois da primeira audincia do transporte, esse anexo ainda no est disponvel. O poder pblico ainda no disps as informaes necessrias para melhorar o debate sobre transporte, o que demons-tra descompromisso com um tema to fundamental como o transporte coletivo.O plano prev contratualmente o equilbrio econmico-financeiro (p. 20) das empresas ganhadoras da licitao. Ou seja, h um capi-talismo sem riscos: se as empresas perderem dinheiro po-
dem requerer, por meio da justia, as supostas dvidas, como ocorre hoje com a Gidion/Transtusa, que alegam que a pre-
feitura lhes deve 268 milhes de reais. No basta explorar a populao uma vez com a cobrana de tarifa, as empresas ganhadoras podem argumentar que perderam dinheiro com a licitao e explorarem ainda por uma segunda vez.So essas razes que conduzem a seguinte concluso quanto ao plano de licitao: ele no prev nenhuma mudana substantiva, mas apenas a continuidade do que j era questionvel e o aprofundamento do que era indiscutivelmente ruim (como a periodicidade dos aumentos de tarifa). por isso que o plano da licitao do transporte insuficiente, retrgrado e deve ser recusado. O modelo privado j est esgotado. necessrio que a populao construa um modelo verdadeiramente pblico que no se fundamente na lgica do lucro.
* * *