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PULA CATRACA N08 JORNAL DO MOVIMENTO PASSE LIVRE FEV/MAR/ABR.2013 - JOINVILLE | SC DISTRIBUIÇÃO GRATUITA mpljoinville.blogspot.com /MovimentoPasseLivreJoinville @mpljoinville [email protected] 2013, ANO DE LUTAS NO TRANSPORTE EM JOINVILLE p.03 TRANSPORTE GRATUITO NA ESTONIA p.04 JARAGUA DO SUL E TABOAO DA SERRA REVOGAM AUMENTO DA TARIFA p.02

Pula Catraca N08

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Jornal do Movimento Passe Livre (MPL) de Joinville-SC. N.08. Fevereiro/Março/Abril 2013.

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Page 1: Pula Catraca N08

PULA CATRACAN08 JORNAL DO MOVIMENTO PASSE LIVRE

FEV/MAR/ABR.2013 - JOINVILLE | SCDISTRIBUIÇÃO GRATUITA

mpljoinville.blogspot.com

/MovimentoPasseLivreJoinville

@mpljoinville

[email protected]

2013,ANO DE LUTAS NO TRANSPORTE EM JOINVILLEp.03

TRANSPORTE GRATUITO NA

ESTONIAp.04

JARAGUA DO SUL E TABOAO DA SERRA REVOGAM

AUMENTO DA TARIFAp.02

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notas do zarcão

O prefeito de Taboão da Serra revogou, no dia 16 de janeiro, o aumento da tari-fa de ônibus. O valor aumentaria 10%, passando de R$3,00 para R$3,30. Um dos motivos da revogação foi a irregu-laridade encontrada no contrato, que prevê um período de 12 meses entre um aumento e outro. Mas a força popular foi muito importante para que a revoga-ção acontecesse, já que vários trabalha-dores e estudantes saíram às ruas. Isso mostra que, com a força de todos/as, podemos conseguir um transporte me-lhor e mais barato.

Taboao da Serra revoga aumento

Jaraguá também revoga aumentoNo dia 11 de dezembro de 2012, foi decretado um aumento de 8% na pas-sagem de ônibus de Jaraguá do Sul, que passaria, assim, de R$2,75 para R$ 3,00.Mas a população foi às ruas protestar. Foram três manifestações, sendo a últi-ma ocorrida no dia 14 de janeiro e reu-nindo cerca de 200 pessoas. Os mani-festantes reivindicaram, também, mais linhas em horário de pico e integração entre as linhas. A mobilização popular surtiu efeito, e no dia 25 de janeiro o prefeito anunciou a revogação do au-mento para seu valor anterior, R$ 2,75.

No dia 27 dezembro de 2012, o ex-prefeito Carlito Merss assinou um acordo reconhe-cendo uma dívida da prefeitura com a Gi-dion e Transtusa, de R$125 milhões. Esse valor foi supostamente adquirido devido às perdas que as empresas acumularam com os aumentos de tarifa abaixo do que elas pediam. Esse acordo mostra a cumplici-dade do Poder Público com as empresas de ônibus, já que nunca houve prejuízo real, pois as empresas cortavam custos, sempre reduzindo a renovação da frota. Com essa dívida, vencedor da licitação do transporte coletivo deverá pagar esse valor às duas empresas, o que faz com que provavel-mente nenhuma outra empresa concorra.

Dívida com empresas de ônibus

X ELAOPAO MPL-Joinville esteve presente no X En-contro Latino Americano das Organiza-ções Populares e Autônomas (ELAOPA), realizado nos dias 25, 26 e 27 de Janeiro, em Porto Alegre/Viamão – RS. O encon-tro busca integração entre os movimentos populares e autônomos de nosso conti-nente. No encontro, foi realizada uma ofi-cina que tratou das lutas pelo transporte público no país. Com a presença do MPL-Florianópolis e parte autônoma do Bloco de Luta pelo Transporte Público (POA) foi possível trocar experiências sobre mobili-dade urbana e lutas nas ruas.

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Foto Capa - 26 de outubro de 2012, Manifestação Dia N

acional de Luta, Joinville-SC.

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2013, ano de lutas no transporte em Joinville

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A luta em torno do transporte coletivo no ano de 2013 em Joinville é especialmente decisiva. Isso porque em janeiro de 2014 se encerra a concessão das atuais empresas

(Gidion e Transtusa), que atuam há mais de 45 anos sem licitação. Essa primeira lici-tação definirá os próximos quinze anos do transporte em Joinville.

Em 2009, tomava posse o então prefeito Carlito Merss, carregando consigo a sigla do Partido dos “Trabalhadores”, o que fazia alguns acreditarem em mudanças. Carlito, antes de ser prefeito, tinha entrado com um processo contra a renovação do contrato – absolutamente ilegal – da concessão das empresas Gidion e Transtusa.

Porém, na prática, Carlito foi responsável por quatro aumentos na tarifa de ônibus, correspondente a todos os anos de seu mandato. No primeiro ano de seu mandato, em maio de 2009, encontrou forte oposição dos movimentos organizados. Porém, a partir disso, fixou a database dos trabalha-dores – reajuste salarial – do transporte em janeiro, assim usa-se esse reajuste como pretexto para o aumento de tarifa, que ocorre logo em seguida. Depois do erro ini-cial de aumentar a tarifa em maio, onde en-controu uma cidade mais viva, movimenta-da, fora do período de férias escolares, seus

outros aumentos foram em 29 de dezem-bro de 2010, 27 de dezembro de 2011 e 28 de dezembro de 2012.

Em golpe de marketing orquestrado, o atual prefeito, Udo Döhler, do PMDB, dono da empresa têxtil Döhler, “revogou” o úl-timo aumento de Carlito Merss em dez cen-tavos. Tratou-se de uma falsa revogação, pois na prática o aumento anterior sequer vigorou e a população sentiu um aumento real de quinze centavos.

Carlito iniciou o processo licitatório do transporte, todavia sem dar continuidade. Foram realizadas duas audiências públicas para “debater” a questão. Muito embora a presença marcante dos movimentos so-ciais e o tom geral reprovativo acerca da qualidade do serviço e da tarifa, nenhuma sugestão dos movimentos e da população foi incorporada ao plano de licitação. Essa primeira versão do plano, e até agora única, consiste fundamentalmente na legitimação do atual modelo de transporte, que é ilegal. Uma fachada legal é dada ao presente mo-delo e, pior, o plano de licitação prevê que haverá aumento de tarifa obrigatoriamente anual, que a capacidade de ônibus que vi-gora hoje é suficiente e não prevê nenhum controle popular.

De modo contínuo, desde 2003, os movi-mentos sociais aparecem na cena política da cidade reivindicando tarifas mais bai-xas. Essa reivindicação inicial foi progres-

sivamente modificada e ampliada.A reivindicação do ano de 2003, por exemplo, Passe Livre Estudantil cedeu lu-gar para o problema global do transporte.

Alguns elementos da conjuntura política

Movimentos sociais

2013, manifestação contra o aumento da tarifa.

2009, manifestação contra o aumento da tarifa.

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especial

Referendo garante transporte gratuito na capital da EstôniaOs moradores de mais uma cidade con-quistaram o direito ao transporte público gratuito. Trata-se dos cidadãos de Tallinn, capital da Estônia. O direito foi conquista-do através de um referendo popular, onde 75,5% dos eleitores votaram a favor do sistema de transporte gratuito. Agora, os mais de 400 mil habitantes da capital da Estônia podem ter acesso a toda cidade.

Em março do ano passado, foi realizado um referendo, onde o eleitor deveria responder à pergunta: “Você aprova a introdução de um sistema de transporte gratuito a partir de 2013?”. O prefeito de Tallinn, Edgar Savisaar, garantiu que a decisão das urnas seria colo-cada em prática. Desta forma, a população se mobilizou, buscando a conquista de seu direito, e mais de três quartos dos eleitores votaram a favor de um novo modo de se pen-sar o transporte público. Com isto, desde o primeiro dia do ano de 2013, a população de Tallinn pode utilizar o transporte cole-tivo gratuitamente.

Obviamente, como em qualquer lugar, há um grupo contrário a iniciativa. Muitos acre-ditam que o sistema não funcionará. Porém, o que se tem notado, é que as cidades que implantaram o sistema não têm voltado

atrás quanto ao modo de se pensar o trans-porte público. Segundo o site tarifazero.org, o ex-prefeito de Tallinn, Hardo Aasmäe, que se declarou a favor do novo sistema, disse que “transporte público gratuito é uma coisa do futuro”. “Devemos enxergar isso de uma perspectiva mais ampla do que a cidade de Tallinn”, completou.

Além da questão econômica, onde, com a gratuidade, ninguém fica excluído da uti-lização do transporte público por falta de dinheiro, a intenção da mudança era melho-rar o trânsito local, evitando congestiona-mentos. Segundo o vice-prefeito de Tallinn, Taavi Aas, em reportagem ao portal de notí-cias ERR, até o dia da entrevista, ou seja, nos dez primeiros dias da implantação do novo sistema, o tráfego de veículos caiu 15%, comparado aos meses de novembro e dezembro passado. Além disso, houve um aumento de 6% de usuários utilizando o transporte público.

Tallinn se junta a outras 48 cidades no mun-do, segundo o site Free Public Transports, a adotarem a utilização de um transporte público gratuito para todas/os. Dentre a lo-calidades estão os municípios brasileiros de Porto Real (RJ) e Agudos (SP).

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O Movimento Passe Livre vem alguns anos debatendo a desmercatilização do trans-porte coletivo, tornando-o 100% público, com a criação de uma empresa pública, e sem a cobrança de tarifa, financiado através de impostos progressivos – ou seja, impos-

tos cobrados dos mais ricos da cidade – para que seja feita uma redistribuição de renda, disponibilizando um serviço publico a toda população e garantindo o direito do acesso da cidade a todas/os.

HojePor conta do último aumento de tarifa, que passou a valer a partir do dia 7 de Janeiro, O Movimento Passe Livre junto com a Frente de Luta pelo Transporte Público convocou manifestação para o dia 8 de Janeiro. O ob-jetivo da Frente é ligar a luta pelo não-au-mento da tarifa com a luta pelos termos da licitação. Na manifestação, compareceram 150 pessoas, que fizeram ouvir a reivindi-cação por um transporte fora da lógica do lucro. Essa é apenas a primeira manifesta-ção do ano, de muitas que necessariamente virão.

O atual momento das lutas em torno do transporte em Joinville é decisivo. Decidirá como funcionará o transporte pelos próxi-mos quinze anos. A organização do povo determinará o modo pelo qual o transporte será estruturado: se privado, se público, se um modelo misto ou o que for; se a gestão caberá à burocracia, a empresários privados, a conselhos populares; se o financiamento será por meio de impostos progressivos ou tarifado sobre os mais pobres. O fato é que 2013 será um ano de lutas.