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QFL-305 2003 Diurno Prof. Luiz F Silva Jr 1 3.1. Estereoisômeros Estereoisômeros são isômeros que possuem a mesma conectividade, mas diferem um do outro na disposição dos átomos no espaço. Estereoisômeros podem ser enantiômeros ou diastereoisômeros. a) Enantiômeros: Imagens especulares não são sobreponíveis. Um par de imagens especulares não idênticas é chamada de um par de enantiômeros. 3. Estereoquímica (Bibliografia Principal: Vollhardt, 3rd) 3.2. Moléculas Quirais Uma molécula que não é sobreponível a sua imagem no espelho é chamada de quiral. Uma molécula que é sobreponível a sua imagem especular é chamada de aquiral. Lembrar sempre: i) o único critério para quiralidade é que a molécula e sua imagem especular não são sobreponíveis. ii) Para transformar um enantiômero em outro seria preciso a quebra de ligações. Um átomo ligado a quatro grupos diferentes é chamado de carbono assimétrico (ou estereocentro). Moléculas contendo um único estereocentro são sempre quirais. Quiral: Aquiral:

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3.1. Estereoisômeros

Estereoisômeros são isômeros que possuem a mesma conectividade, mas

diferem um do outro na disposição dos átomos no espaço. Estereoisômeros podem

ser enantiômeros ou diastereoisômeros.

a) Enantiômeros: Imagens especulares não são sobreponíveis.

Um par de imagens

especulares não idênticas é

chamada de um par de

enantiômeros.

3. Estereoquímica(Bibliografia Principal: Vollhardt, 3rd)

3.2. Moléculas Quirais

Uma molécula que não é

sobreponível a sua imagem no

espelho é chamada de quiral.

Uma molécula que é

sobreponível a sua imagem

especular é chamada de aquiral.

Lembrar sempre:i) o único critério para quiralidade é que a molécula e sua imagem especular não

são sobreponíveis.ii) Para transformar um enantiômero em outro seria preciso a quebra de ligações.

Um átomo ligado a quatro

grupos diferentes é chamado de

carbono assimétrico (ou

estereocentro). Moléculas

contendo um único estereocentro

são sempre quirais.

Quiral:

Aquiral:

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Como determinar se uma molécula é quiral ou não?

i) construindo modelos moleculares.

ii) verificando a presença de planos de simetria na molécula: moléculas quirais não tem um plano de simetria.Exemplos:

Plano de simetria é um plano imaginário que corta uma molécula de maneira

que as duas metades da molécula sejam uma imagem especular da outra.

Metano Clorometano Diclorometano Bromoclorometano

Bromoclorofluormetano

3.3. Atividade Ótica

Enantiômeros possuem propriedades físicas idênticas, exceto sua

interação com a luz polarizada (atividade ótica).

O aparelho utilizado para medir a atividade ótica é

o polarímetro.

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Um composto aquiral não roda o plano de polarização. É oticamente

inativo:

Um composto quiral pode rodar o plano de polarização. Pode ser

oticamente ativo:

i) Em um par de enantiômeros:

Sentido horário: dextrorrotatória; (+)-enantiômero.

Sentido anti-horário: levorrotatória; (-)-enantiômero.

ii) Devido ao seu efeito sobre a luz plano-polarizada, enantiômeros separados são

ditos compostos oticamente ativos.

iii) Atividade ótica foi descoberta em 1815.

Mais alguns aspectos da atividade ótica:

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Fatores que afetam a rotação ótica observada:

a) concentração

b) estrutura da molécula

c) comprimento da cela

d) comprimento de onda da luz

e) solvente

f) temperatura

Rotação Específica

Rotação específica é uma constante física característica de uma molécula.

Notar que:Rotação específica é uma constante física possível somente para moléculas quirais.

Exemplo – Amostra de alanina:

Dado experimental: [α] = +4,25

Cálculo da Pureza Ótica: excesso enantiomérico = ([α]observado/[α]).100 = (4,25/8,5).100 = 50

Conclusão: 50% ee (75% - 25%)

Cálculo do excesso enantiomérico a partir da atividade ótica:

(+)-alanina enantiomericamente pura:

+ 8,5o

Alanina: ácido 2-aminopropanóico

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Uma mistura 1:1 dos enantiômeros é chamada de mistura racêmica. Esta

mistura é oticamente inativa e é muitas vezes designada como (±).

Importante: uma mistura racêmica tem (quase sempre) propriedades

físicas diferentes dos correspondentes enantiômeros puros.

Exemplo:

Se um enantiômero equilibra com a sua imagem especular, dizemos que

ocorreu uma racemização.

(±)-Ácido tartárico: pf = 204-206oCsolubilidade: 206 g/litro

(+)- ou (-)-Ácido tartárico: pf = 170o/Csolubilidade: 1390 g/litro

Mistura Racêmica

Fatos Importantes:

i) Não existe correlação entre o sinal da

rotação ótica e o arranjo espacial dos grupos

substituintes.

ii) Não é possível determinar a estrutura de um

enantiômero medindo o valor de [α].

iii) Não existe correlação necessária entre a

designação (R) e (S) e a direção da rotação

da luz plano-polarizada.

3.4. Configuração Absoluta

Determinação da configuração absoluta:i) Método direto: análise de raio-X.ii) Método indireto: correlação com um composto cuja configuração

absoluta já foi determinada.

Exemplo:

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Nomenclatura R e S

Como designar a nomenclatura R e S:i) Ordenar os substituintes segundo uma ordem de prioridade.ii) Posicionar a molécula de modo que o substituinte com a menor prioridade

seja colocado o mais distante do observador.iii) Ler os grupos em ordem decrescente de prioridade:

Anti-horário: S Horário: R

Importante: Os símbolos R e S não estão correlacionados com o sinal da rotação ótica (α).

Ordem de Prioridade:a>b>c>d

Como determinar a ordem de prioridade:

i) Verificar o número atômico de cada átomo ligado ao estereocentro: quanto

maior o número atômico, maior a prioridade.

Exemplo:

ii) Se dois (ou mais) substituintes ligados diretamente ao estereocentro têm o

mesmo número atômico, percorremos as cadeias até encontrar o primeiro ponto

de diferença.

Exemplo:

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iii) Ligações duplas (e triplas) são tratadas como se fossem simples e os átomos

são duplicados (ou triplicados), como exemplificado abaixo:

Exemplos:

Exemplos:Determine a configuração absoluta e dê o nome IUPAC:

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3.5. Projeção de Fischer

Projeção de Fischer é um modo simplificado de representar um átomo de

carbono tetraédrico e seus substituintes.

Linha horizontal significa ligações direcionadas para fora do plano do papel.

Linha vertical significa ligações direcionadas para trás do plano do papel.

Exemplo:

Rotação de Projeções de Fischer

Rotação de 90°: muda a configuração do estereocentro.

Rotação de 180° (no plano do papel): não muda a configuração do estereocentro.

Exemplos:

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Alterando os Grupos Substituintes de uma Projeção de Fischer

Número Par de Mudanças: Estruturas Idênticas

Número Ímpar de Mudanças: Enantiômeros

Exemplo:

Determinação da Configuração Absoluta utilizando Projeções de Fischer

Exemplos. Determinar a configuração absoluta dos compostos abaixo:

a)

Procedimento:

i) Desenhar a projeção de Fischer da molécula.

ii) Aplicar as regras de prioridade para ordenar os substituintes.

iii) Troque dois grupos de modo que o de menor prioridade fique acima.

Br

CH3H D

b) Cl

IF Br

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Moléculas com Mais de Estereocentro

Um composto com n estereocentros pode ter até 2n estereoisômeros.

Exemplo:

Ácido Cólico: 11 centros estereogênicos.

Número possível de estereoisômeros: 2048!

Moléculas com Mais de Estereocentro

Grupos do mesmo lado: eritro

Grupos de lados opostos: treo

Qual a relação estereoquímica entre os compostos 1 e 3? E 1

e 4? E 2 e 3? E 2 e 4?

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Determinação da Configuração Absoluta de Moléculas com dois Estereocentros

i) Tratar cada estereocentro separadamente.

ii) O grupo contendo o outro estereocentro é considerado como um substituinte.

Exemplo:

Isômeros cis e trans em Compostos Cíclicos

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3.6. Compostos MesoUma molécula com dois estereocentros pode ter apenas três

estereoisômeros (um composto meso e um par de enantiômeros). Exemplo:

Um composto que contém mais de um estereocentro mas é

sobreponível à sua imagem especular é chamado de composto meso.

Um composto meso possui propriedades físicas diferentes dos

enantiômeros, bem como da mistura racêmica:

Em um composto meso existe um plano de simetria:

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Compostos meso podem ocorrer em moléculas com mais de dois estereocentros.

Exemplo:

Podemos ter também compostos meso em sistemas cíclicos.

Exemplos:

É possível estabelecer uma relação entre a configuração absoluta de

compostos oticamente ativos pela conversão de um deles em outro,

utilizando reações onde não ocorre a quebra de uma ligação do centro

quiral.

Exemplo:

3.7. Estereoquímica em Reações Químicas

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i) Bromação do

Butano

Um material de partida oticamente inativo produz produtos oticamente inativos.

OuA formação de um

composto quiral a partir de reagentes aquirais fornece um racemato.

Estereoquímica em Reações de Halogenação

ii) Cloração do (S)-2-Bromobutano

a) Cloração em C1 e C4:

O estereocentro não é modificado durante a reação. Assim, os

produtos formados são oticamente ativos.