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QUARTEL DO COMANDO GERAL DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR JONAS ALEXANDRE DOS SANTOS OLAVO AURÉLIO DA NÓBREGA NETO JOÃO PESSOA-PB 2016

QUARTEL DO COMANDO GERAL DIRETORIA DE ENSINO, … · CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR Artigo apresentado à Câmara Técnica Educacional

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QUARTEL DO COMANDO GERAL

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA

ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA

CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO

DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

JONAS ALEXANDRE DOS SANTOS

OLAVO AURÉLIO DA NÓBREGA NETO

JOÃO PESSOA-PB

2016

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JONAS ALEXANDRE DOS SANTOS

OLAVO AURÉLIO DA NÓBREGA NETO

CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO

DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Artigo apresentado à Câmara Técnica Educacional em Pesquisa Científica da Corporação, como requisito para obtenção do Título de Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico na Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa.

Orientador (a): 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz

JOÃO PESSOA-PB

2016

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QUARTEL DO COMANDO GERAL

DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA

ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA

Artigo intitulado “Cães De Resgate Nas Operações De Busca E Salvamento Do

Corpo De Bombeiros Militar” de autoria de Jonas Alexandre Dos Santos e Olavo

Aurélio da Nóbrega Neto avaliada pela banca constituída dos seguintes professores:

Aprovada em: 29 de Novembro de 2016.

_______________________________________________________

1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz (CBMPB) – Orientador

________________________________________________________

Capitão Antônio Barbalho Tavares Junior (CBMPE) – Examinador

________________________________________________________

Professora Dra. Rosângela Guimarães de Oliveira – Examinadora

JOÃO PESSOA-PB

2016

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois graças a

Ele que tenho o privilégio de estar vivo e poder ter a honra

de estar concluindo este curso. Dedico também a meus

pais, George e Delânia, pelo amor, esforços e renúncias

realizadas para que eu tivesse uma educação de qualidade.

À minha noiva Rebeca pelas palavras de motivação e pelo

apoio em todas as horas. Aos familiares e amigos pelas

orações e palavras de motivação nos bons e maus

momentos. (Jonas Alexandre dos Santos)

Dedico este trabalho a Deus primeiramente por ter me

dado a graça de conseguir estar neste curso. Aos meus

pais Onildo e Luzia que me propiciaram toda a educação

necessária e o apoio para a minha formação. E

principalmente à minha esposa Juliany Paula e ao meu

filho Carlos Eduardo pela paciência e apoio nas horas boas

e difíceis, sem os quais eu não teria forças para hoje estar

terminando este curso. (Olavo Aurélio da Nóbrega Neto)

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AGRADECIMENTOS

Jonas Alexandre dos Santos:

A Deus, pelas bênçãos derramadas em minha vida e pela oportunidade que me concedeu de estar cursando este curso, o qual sempre foi um sonho. Aos meus pais pela motivação e suporte nos mais variados momentos da minha vida, desempenhando um papel de uma verdadeira coluna na minha caminhada. Aos meus familiares pelo carinho e pelas palavras de incentivo tanto em momentos bons quantos nos maus, foram muito importantes. A minha noiva, pelo companheirismo e pelo auxílio durante essa etapa da minha vida, estando presente em todos os momentos, sempre com sua compreensão e paciência. Ao orientador e amigo de corporação, 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz pelo apoio e ensinamentos que demonstraram seu profissionalismo e amor à profissão. Aos meus colegas de turma (Aspirantes 2016) pela convivência ao longo desses três anos, através da qual tive oportunidade de fazer verdadeiros irmãos e obter um crescimento tanto humano quanto profissional.

Olavo Aurélio da Nóbrega Neto:

A Deus, pela sua presença constante na minha vida, sem que eu precise pedir, pelo

auxílio nas minhas escolhas e me confortar nas horas difíceis.

Aos meus pais, Luzia e Onildo, por todo carinho e apoio incondicionais que me

prestam todos os dias desde que nasci.

A minha esposa Juliany e ao meu filho Carlos Eduardo, pelo amor e paciência

prestados em todos os momentos. Graças ao apoio e compreensão deles foi

possível desenvolver este trabalho.

Ao meu orientador e amigo, 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz, pelos

ensinamentos científicos e operacionais que foram de fundamental importância para

a conclusão deste trabalho.

Às Coordenações Pedagógica e Disciplinar, por todo o auxílio, empenho e

compreensão ao longo de todo o curso.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste

trabalho.

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Para ser bombeiro o corpo precisa saber que não há diferença

entre a madrugada fria, ou verão quente, entre a água e o fogo,

todos se igualam ao som das sirenes.

SER BOMBEIRO É UMA HONRA!!!!

Autor Desconhecido

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RESUMO

A atividade de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar é a área de atuação mais diversificada dentro da corporação, em virtude da ocorrência das mais variadas emergências envolvendo pessoas, animais, bens materiais e meio ambiente. Dentre as tarefas realizadas, encontram-se as atividades de salvamento em altura, aquático e terrestre, este último dando ênfase as tarefas de busca e resgate de vidas ou bens perdidos. Nessa modalidade vêm se destacando a utilização de cães treinados para encontrar pessoas e objetos nos mais variados ambientes, desde áreas rurais até debaixo de escombros provenientes de desabamentos ou soterramentos em áreas urbanas. Pretendemos neste estudo mostrar a importância da utilização de cães nas atividades de busca e resgate nos Corpo de Bombeiros Miliares, apresentar um pouco do histórico dos cães de busca e resgate, destacando atividades que os cães desempenham dentro dos Corpos de Bombeiros, revelar como é realizado o treinamento através de atividades lúdicas, utilizando brincadeiras e brinquedos adorados pelos cães, além de abordar os tipos de buscas desempenhadas pelos cães de resgate. Será realizado um roteiro de entrevista com dez bombeiros lotados no Batalhão de Busca e Salvamento dentre os quais cinco oficiais e cinco praças.

Palavras-Chave: Cães. Busca e Salvamento. Treinamento.

ABSTRACT

Activity Search and Fire Brigade Rescue is the most diverse area of expertise within the enterprise, due to the occurrence of various emergencies involving people, animals, material goods and the environment. Among the tasks performed, the rescue activities in height, water and land are, the latter emphasizing the search tasks and rescue lives or lost goods. In this mode are distinguishing the use of trained dogs to find people and objects in various environments, from rural areas to under rubble from landslides or heaping in urban areas. We intend this study show the importance of using dogs in search and rescue activities in the Fire Department miliary, show a bit of history of search and rescue dogs, highlighting activities that dogs play in the Fire Stations, reveal how is performed training through play activities, using games and toys loved by dogs, in addition to addressing the types of searches performed by rescue dogs. Will be held an interview script with ten firefighters crowded the Search and Rescue Battalion of which five officers and five places. Keywords: Dogs. Search and Rescue. Training.

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1 INTRODUÇÃO

De acordo Parizotto (2013), com o aumento desordenado das cidades,

diretamente associadas com a ocupação das áreas de risco de deslizamentos e a

verticalização das edificações, tem crescido o número e a complexidade das

ocorrências, exigindo dos Corpos de Bombeiros de todo o Brasil, a constância nos

treinamentos e a aquisição de novos materiais para suprir as dificuldades

enfrentadas nos sinistros e proporcionar um melhor atendimento. Porém as

dificuldades financeiras encontradas pelas corporações impedem a realização da

compra desses materiais e a contratação do número de profissionais necessários,

muitas vezes tendo de trabalhar com um efetivo muito abaixo do ideal. Logo, é

preciso procurar alternativas para solucionar esses problemas visando sempre o

alcance da melhoria do tempo resposta da ocorrência.

É justamente nesta conjuntura que entra a necessidade do trabalho dos

cães de busca e resgate, pois de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de

Sergipe (2013), a incrível capacidade do faro canino associado a sua mobilidade, faz

com que o cão desempenhe um trabalho de busca equivalente a vinte homens em

um tempo consideravelmente reduzido.

Os Corpos de Bombeiros Militar têm um histórico de intervir em ocorrências

de grandes dificuldades, tanto causadas pela ação da natureza como pelo homem, e

que exigem um grande contingente de pessoas trabalhando em conjunto para salvar

pessoas e bens materiais.

Ocorrências de deslizamentos, enchentes, desaparecimentos e agora, como

registrados em diversas partes do Brasil, terremotos, revelam a dificuldade de

acesso e perda de tempo para encontrar vítimas ainda com vida nesses desastres.

Logo, o serviço de resgate com o auxílio de cães é essencial para aumentar o tempo

resposta nas operações. De acordo com Lima Junior (2012), o trabalho de busca

utilizando cães é comum em diversos países. Destaca-se aí o trabalho dos cães na

busca de pessoas em desastres como o ocorrido no World Trade Center, em

setembro de 2001 nos Estados Unidos da América, e a tsunami que abalou Japão

em 2011.

No Brasil, cães de resgate foram usados em diversas ocorrências

destacando-se o resgate de vítimas soterradas no desabamento de um prédio na

região de São Mateus em São Paulo em 2013, e o deslizamento de terra na região

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serrana do Rio de Janeiro em 2011. Recentemente cães também foram usados para

encontrar corpos de pessoas soterradas pela lama proveniente do rompimento da

represa que devastou a cidade de Mariana, no interior de Minas Gerais.

Logo, vê-se a importância dessa poderosa ferramenta que é o cão de busca

e resgate e, sendo assim, é importante conhecer como são feitas essas buscas, de

que maneira são realizados os treinamentos dos cães empregados nesta tarefa tão

importante que é a de salvar vidas.

A escolha por esse estudo surgiu da curiosidade em saber como se realiza o

treinamento de cães de resgate, bem como, a afinidade com o tema.

Diante do que foi exposto, pode-se ver que a pesquisa sobre os cães de

busca e resgate vem a contribuir para desmistificar as especulações de como se dá

o treinamento e utilização de um cão, pelo fato de ser uma atividade que não é muito

divulgada no âmbito da corporação. Os objetivos são revelar um pouco da história

dos cães, que esse treinamento não é danoso ao cão, mostrar os principais tipos de

buscas e provocar no Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba a produção de

materiais sobre o tema, como também incentivar mais militares a se especializarem

na área.

2. ORIGEM DA ESPÉCIE CANINA: COMO ESTES VÊM SENDO UTILIZADOS

NAS ATIVIDADES DE BUSCA E SALVAMENTO

De acordo com o artigo ORIGENS... (2014) os canídeos, assim como outros

mamíferos como os ursos, gatos e outros animais carnívoros, descendem de um

ancestral comum, semelhante a uma doninha, denominado Miacis, que viveu há

aproximadamente 40 milhões de anos. Esses animais apresentavam cinco dedos,

patas chatas, possuíam capacidade de subir em árvores e suas unhas eram

retráteis, semelhantes a dos felinos atuais. Do Miacis evoluiu um animal de tamanho

médio, mais alto e comprido, o Cynodictis e este deu origem ao Cynodesmus que

viveu na Eurásia. Dele, sucedeu o Tomarctus que segundo Alcarria (2000) seria o

progenitor dos lobos, cães e raposas.

Basta dizer que o tomarctus deu origem a todas as espécies de canídeos (lobos, chacais, raposas, hienas e cães). Todos esses animais apresentam uma formação óssea similar e são predadores rápidos, com boa visão, boa audição, um olfato aguçado, além de dotados de uma excelente resistência física (ORIGENS..., 2014).

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Figura 1- Evolução dos canídeos e outros mamíferos Fonte: http://caovet.blogspot.com.br/2013/12/origens-dos-caes-pre-historia.html

Muitas teorias afirmam que os cães atuais descendam dos lobos, porém não

da espécie Canis lúpus como conhecemos. De acordo com Horowitz (2012), tanto

os cães como os lobos têm um ancestral em comum que os fazem possuir uma

grande semelhança em seus DNA´s. Alguns autores, como Parizotto (2013),

afirmam que tanto os cães como os lobos descendam do lobo cinzento. Outros,

como Alcarria (2000), defendem que os cães não apenas descendam do Canis

lúpus pallipes, como é conhecido o lobo cinzento, mas também de chacais. Estes

cães podem ter dado origem a algumas raças nativas africanas atuais. “Rastrear os

canídeos até sua origem, não é um fato consensual entre os cientistas, porem as

correntes concordam com uma origem comum entre todos os canídeos modernos e

extintos” (PARIZOTTO, 2013, p.16).

Segundo o Parizotto (2013), o cão foi o primeiro dos animais domésticos e

esse processo de domesticação durou anos, de forma que os cães atuais pouco se

parecem com seus primeiros ancestrais. A domesticação desses animais deu-se

através da seleção das características desejáveis, ou seja, os seres humanos foram

moldando os cães de acordo com suas vontades e aptidões e esses fatores eram

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passados de geração em geração. De acordo com o artigo ORIGENS... (2014),

várias são as características que tornaram os cães mais propensos à domesticação:

ele tem um tamanho conveniente para viver dentro da habitação humana, o fato de o

cão ser um caçador é de grande valia para a aquisição de alimento e a fertilidade da

espécie favorece a produção de um grande número de filhotes, de forma que agiliza

a seleção desses animais para atuarem em diversas tarefas, como a caça, a guarda,

pastoreio, tração e até cães de colo. Segundo Cielusinsky (2012), hoje os cães são

empregados em diversas atividades, como guia para cegos, no auxílio a deficientes

físicos, no combate ao narcotráfico e ao terrorismo, busca e salvamento de pessoas

e até na detecção de certas doenças como epilepsia.

Segundo Lima Junior (2010), os primeiros cães de busca e resgate foram

empregados no continente europeu para encontrar caminhos e pessoas soterradas

por nevascas. Eles teriam sido criados por frades franciscanos do monastério de

São Bernardo, um dos mais altos e antigos da Europa, e eram possuidores de um

faro apurado, grande senso de direção, densa pelagem para resistir às baixas

temperaturas além de corpos musculosos. Esses cães desenterravam pessoas e

ficavam em cima delas para aquecer até a chegada do socorro. O nome do

monastério acabou dando nome à raça São Bernardo, considerada, segundo o

artigo A HISTÓRIA... (2016), a pioneira na atividade de resgate.

De acordo com Parizotto (2013), cães de busca e resgate teriam sido

utilizados nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), salvando a vida

de soldados soterrados e feridos pelos bombardeios. Esses cães, segundo Alcarria

(2000), eram chamados de “cães ambulância”. Com a Segunda Guerra Mundial

(1939 – 1945), os cães foram utilizados pela Grã-Bretanha para encontrar pessoas

presas em escombros de edifícios. Como afirma CORTES (2002 apud PARIZOTO,

2013), a eficácia desses cães foi tão grande que a partir dos anos cinquenta

começou-se a ser criadas escola de formação de cães de busca e salvamento na

Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Suíça.

A Suíça foi o primeiro país a utilizar os cães com propósitos civis de resgate. Desde 1940, Ferdinand Schunmtz, foi o pioneiro ao dedicar-se à formação de cães, visando a localização de pessoas em avalanches, e posteriormente adaptando-os para a localização em escombros. A Alemanha, através dos Corpos Alemães de Defesa Civil, iniciou serviços com cães localizadores de pessoas vivas em escombros a partir da metade dos anos 50 (PARIZOTTO, 2013, p. 20).

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Com a crescente importância dos cães nas atividades de busca e

salvamento, passou-se a criar escolas especializadas na formação desses animais.

Em 1971, na Suíça, surgiu a primeira escola de formação na área. Em 1972 foi

publicado o primeiro manual de adestramento para resgate. Nesse ano, de acordo

com o artigo A HISTÓRIA... (2016) foi criada a Dog Rescue American Associaition1

(ARDA) organização que reunia vários grupos de cães de resgate e treinadores para

trocar técnicas de treinamento e informações. Dessa maneira, a ARDA ajudou a

treinar cães capazes de ajudar pessoas através do seu faro. Em 1981, na

Alemanha, surgiu a Associação Nacional de Cães de Resgate. Em 1984 foi

realizado o primeiro Simpósio Internacional de Cães de Resgate, na Suíça.

De acordo com Parizotto (2013) os cães de resgate também foram

largamente utilizados em desastres como o grande terremoto na cidade do México

em 1985, o terremoto na Argélia em 1999, no resgate às vítimas do ataque às torres

gêmeas do Edifício World Trade Center em 2001, e no tsunami que abalou o Japão

em 2011. “Em todos esses eventos a participação dos cães foi decisiva”

(PARIZOTTO, 2013, p. 21).

No Brasil ainda é recente o uso de cães pelas equipes de socorro nas

ocorrências de busca e salvamento. De acordo com Parizotto (2013) a utilização de

cães nessas ocorrências teria iniciado no Estado de São Paulo e a partir daí, se

disseminado pelo país, visando treinar cães para a localização de pessoas em

escombros ou perdidas. Em 1999 surge no Estado de São Paulo a atividade

operacional denominada ECOS (Emprego de Cães nas Operações de Salvamento),

equipe especializada em socorrer vítimas de soterramentos. Em 2003 foi realizado

em Xanxerê, Santa Catarina, um encontro de bombeiros e policiais ligados à

atividade de cinotecnia, marcando o início das atividades com cães no Corpo de

Bombeiros Militar de Santa Catarina. De acordo com Parizotto (2013), Em 2005 foi

trazido para o referido estado o colombiano Engels German Cortez Trujillo que

ministrou um curso usando a técnica denominada K-SAR2. Neste curso participaram

bombeiros, outros militares, membros da defesa civil e voluntários de vários

1 Associação Americana de Cães de Resgate

2 Sigla que tem nas letras os significados “caninos”, “salvamento” e “resgate”. Neste método, a

principal pista para que os cães encontrem as vítimas são odores liberados pelo corpo humano na

forma de gases, que podem vir da terra ou da água.

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municípios. Foi criado então a ABRESC – Associação de Busca, Resgate e

Salvamento com Cães do Brasil que tem, dentre outros objetivos, congregar

profissionais civis e militares com interesse na utilização de cães nas operações de

busca e resgate de pessoas e bens. “Esse foi um importante órgão difusor de

tecnologias e informações para várias instituições de bombeiros no país”

(PARIZOTTO, 2013, p.23).

Com os avanços obtidos a atividade vai transpondo a fase do total empirismo e também desenvolve suas potencialidades que vão além da busca urbana. Os cães que estavam sendo utilizados unicamente como ferramentas para identifica vítimas sob escombros, agora têm novas áreas para o serviço de busca e outras atividades especiais (PIVA, 2011, p. 19).

No Brasil, cães de resgate foram usados em diversas ocorrências

destacando-se o resgate de vítimas soterradas no desabamento de um prédio na

região de São Mateus em São Paulo em 2013, no deslizamento de terra na região

serrana do Rio de Janeiro em 2011, e para o resgate de corpos de pessoas

soterradas pela lama proveniente do rompimento da represa que devastou a cidade

de Mariana, no interior de Minas Gerais em 2015.

Logo, vê-se que a utilização desses animais conjunta com os militares em

salvamentos é de fundamental importância para acelerar o processo de busca e

garantir o êxito nas missões, uma vez que as atividades do Bombeiro Militar tornam-

se cada vez mais complexas, aliada ao aumento de desastres.

3. PRINCÍPIOS E TÉCNICAS APLICADAS NO TREINAMENTO DE UM CÃO DE

BUSCA E SALVAMENTO

Entender o processo cognitivo do cão é de extrema importância para a

realização do treinamento para o serviço de busca e salvamento. Ter ciência da

maneira como os cães adquirem novos conhecimentos e explorar essa capacidade

é um dos atributos que o adestrador deve ter para planejar a atividade específica

para a qual o cão será destinado, seja ela a busca de pessoas perdidas em uma

área rural, soterradas, presas em escombros, ou até a procura de restos mortais sob

ou subaquático.

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Como afirma Parizotto (2013) a atividade de busca e resgate não é uma

atividade natural dos cães. Eles precisam aprendê-las e isso se dá através da

capacidade de repetição de uma ação que lhe fora ensinada antes. E essa

aprendizagem é dependente do método de ensino e da memória do cão.

O médico e fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), ao estudar

a fisiologia do sistema gastrointestinal, realizou procedimentos com cães que ficou

conhecida mundialmente como “O Cão de Pavlov”. Nessa experiência, um cão era

colocado atrás de uma parede, de modo que não conseguisse ver o que estava

atrás desta. Sempre que este cão iria ser alimentado, alguém andava pela sala,

tocava uma sineta e lhe entregava a comida passada por uma portinhola, fato este

que o fazia salivar. Depois de um tempo, apenas o fato de ouvir os passos ou o

toque da sineta, o cão salivava como se fosse receber a comida. Pavlov conseguiu

com isso mudar o comportamento do cão frente a um estímulo e inaugurava assim a

psicologia científica através do reflexo condicionado, fato este que o fez ganhar o

Prêmio Nobel na área de Medicina e Fisiologia em 1904.

Figura 2: Cão de Pavlov Fonte: http://adestradorasofia.blogspot.com.br/2014/01/

pavlov-e-skinner-origem-do adestramento.html

Estudando as teorias e experiências de Pavlov, o psicólogo americano

Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) lançava as teorias sobre o condicionamento

operante. Essa teoria, segundo (Bethlem, 2014), afirma que um comportamento

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pode ser incentivado ou reprimido através de recompensas, ou seja, reforços. Se um

cão age de determinada maneira e queremos que ele mantenha esse

comportamento, recompensamos. Se quisermos que o comportamento seja

reduzido, punimos. Logo, de acordo com as teorias propostas por Bethlem (2014),

podemos então definir:

Reforço Positivo: ocorre quando o cachorro recebe algo (recompensa) que

ele gosta quando se comporta de certa maneira. Isso faz o comportamento se

repetir.

Reforço Negativo: ocorre quando algo que traz desconforto ao cachorro é

removido quando ele age de certa maneira.

Punição Positiva: ocorre quando é adicionado um estímulo desagradável

(aversivo) para o cão para extinguir um comportamento.

Punição Negativa: ocorre quando algo que o cachorro gosta é removido

quando ele age de certa maneira

Nota-se então que o condicionamento operante é a base para se treinar um

animal, principalmente os cães. Através do reforço positivo, pode-se modificar o

comportamento do cão para se realizar determinada tarefa. Porém uma observação

deve ser feita. De acordo com Alexandre Rossi3, em seu livro Adestramento

Inteligente (2015), toda e qualquer punição deve feita assim que o cão cometer o ato

e objetiva apenas inibir determinado comportamento, cessando os efeitos desta

assim que o cão deixar de realiza-lo.

Qualquer fator negativo durante o aprendizado contribuirá para uma resposta menos eficiente e para a má vontade do seu cão em efetuar o comando, já que subconscientemente ele vai relacionar o comando com os fatores do aprendizado (ROSSI, 2015, p.37).

Segundo Rossi (2015), no treinamento de um cão, quando queremos

ensinar determinado comportamento, começamos primeiramente sem o comando

propriamente dito, apenas a ação. Quando o cão realizar determinado ato,

imediatamente temos que recompensa-lo para que o animal assimile que ao

executar a tarefa, ganhará a recompensa e está agindo certo. Quando o cão está

familiarizado com a recompensa e a realização da ação, passa-se a acrescentar o

3 Formado em Zootecnia e Medicina Veterinária e especializado em comportamento animal.

Conhecido atualmente como Doutor PET.

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comando propriamente dito e a reduzir a recompensa, até conseguir que o cão

execute a ação somente pelo comando de voz do adestrador.

De acordo com Sperinde e Zambonato (2009), o treinamento de um cão de

busca e resgate começa pela escolha da raça apropriada para cada tipo de trabalho.

Segundo os autores, geralmente são utilizadas raças de pastoreio ou de trabalho

como o Labrador Retriever, Pastor Alemão, Golden Retriever e Border Collie e o

Pastor Belga Malinois. Estas raças são as mais utilizadas pelo fato desses cães

apresentarem boa capacidade física, temperamento estável e uma forte tendência

aos jogos de caça. Segundo a American Rescue Dog Association (ARDA)4. De

acordo com essa associação, um cão de resgate deve ter preferencialmente:

Dupla camada de pelos para proteger e servir como isolamento natural em

condições climáticas extremas;

Eficiente estrutura física que permita o animal trabalhar por horas sem

demonstrar cansaço;

Possuir tamanho suficientemente pequeno para ser ágil e também para ser

transportado em vários tipos de veículos, e suficientemente grande para

trabalhar sob terrenos irregulares;

Possuir alto grau de inteligência e treinabilidade;

Comprovada habilidade para o sentido do faro;

Curioso com novas situações e novos objetos.

Entretanto, Segundo Brissos (2010), nem todos os cães realizam o mesmo

tipo de busca. Alguns cães são utilizados para rastreio e outros para a busca. O que

distingue esses dois tipos de cães é o treinamento e o modo com são utilizados em

missões. O cão de rastreio trabalha, na grande maioria do tempo, com o focinho no

chão e precisa de um ponto de partida, como cheirar uma peça de roupa, por

exemplo. Para esse tipo de trabalho, o tempo é um componente importante. Se uma

pessoa se perder em uma mata, por exemplo, o cão de rastreio deve começar seu

trabalho imediatamente após o desaparecimento antes que outros grupos de buscas

entrem no local, contaminando a pista de cheiro. Além disso, a chuva, o vento e

outros fatores climáticos favorecem a dissipação do odor da pessoa, dificultando o

trabalho. O cão de busca, também chamado de venteio, trabalha com o focinho no

4 Associação Americana de Cães de Resgate. Trata-se da mais antiga associação de busca e resgate

com cães dos Estados Unidos, fundada em 1972.

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ar, captando o odor da pessoa ou objeto em qualquer área do local, transportados

pelas correntes de ar. Esses cães não precisam de um ponto inicial para se realizar

a busca e o tempo e os fatores climáticos não são problemas, pois os cães buscam

a origem do cheiro no seu ponto mais concentrado.

De acordo com Alcarria (2000), é importante que o treinador entenda o

processo de liberação dos odores liberados pelos seres humanos e como este é

transportado pelo vento até as narinas dos cães. Segundo o autor, os seres

humanos soltam células mortas da pele constantemente, conhecidas como rafts ou

cavéolas. São essas células que carregam bactérias e vapores que caracterizam o

cheiro individual de uma pessoa, e é justamente este odor procurado pelo cão. Elas

são transportadas pelos correntes de ar em formato de cone, também conhecido

como cone de odor, concentrado na origem (pessoa), ampliando-se à medida que a

distância aumenta.

Figura 3 - Cone de odor exalado pela vítima Fonte: http://casa.hsw.uol.com.br/caes-trabalhadores4

Ainda segundo Alcarria (2000), o treinamento do cão começa ainda filhote,

entre a sétima e a décima segunda semana de vida, com o treinamento de

socialização a fim de que este interaja com outros cães, pessoas e locais diferentes,

veja, ouça, sinta o cheiro de tudo ao seu redor e se acostume com barulhos altos e

coisas vivas, de tal modo que se familiarize com os mais diversos ambientes. É

nessa fase também que começam o treinamento de obediência básica, com

comandos fáceis como fica, senta, deita, solta, etc. com o intuito de garantir que o

cão se comporte de maneira calma e obedeça ao treinador sob várias circunstâncias

que podem estar presentes em uma situação de busca. Deve-se também realizar o

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treinamento de agilidade visando ensinar ao cão a progredir em ambientes com

obstáculos. Neste tipo de treinamento, o treinador inclui diversos tipos de rampas,

pranchas, escadas, túneis e obstáculos para salto. Todo esse treinamento básico é

necessário para que o cão ganhe confiança em si mesmo e no treinador e possa

estar calmo em uma situação de busca real. Como afirma Brissos (2010), um cão

que foge ao controle de adestrador torna-se um problema em situações de busca e

salvamento.

Quando o cão está bem adaptado ao treinamento básico, começa então o

treinamento de busca propriamente dito. Segundo Freitas (2013), existem muitas

técnicas de treinamento de um cão de resgate, porém as mais utilizadas atualmente

pelos diversos Corpos de Bombeiros do mundo são o método Arcón e o método K-

SAR. O método Arcón, desenvolvido por Jaime Parejo García5, tem esse nome em

homenagem ao primeiro cão que utilizou esta técnica, o Cão d’água Espanhol

Arcón. Essa técnica pode ser utilizada na busca de pessoas presas em escombros

ou soterradas, de entorpecentes, explosivos, no tráfego de animais silvestres, etc,

utilizando apenas o odor. De acordo com o autor, neste método de treinamento o

cão está centrado no brinquedo usado no exercício. O treinador inicia o treino

jogando o objeto e deixando que o cão busque. Quando o cão está bem treinado

nesta brincadeira de joga e busca, o treinador começa a esconder o brinquedo e

deixar que o cão use o faro para acha-lo. É justamente neste momento que o

adestrador começa a inserir o cheiro daquilo que quer que o cão busque, seja ele o

cheiro de uma pessoa viva, de um cadáver, de sangue, de entorpecentes, etc. O

cão, a partir daí tentará buscar o odor associado ao brinquedo. Quando este vier a

achar o objeto, que na verdade será aquilo que se quer achar realmente, o treinador

jogará o brinquedo ou objeto para o cão em sinal de recompensa. Segundo Freitas

(2013), o método K-SAR, sigla inglesa que significa Kanine Search and Rescue

(Cães de Busca e Salvamento), é um método criado por Engels German Cortez

Trujillo6 no qual os cães são treinados para realizarem a busca de pessoas utilizando

tanto o sentido do faro quanto a audição e visão. Neste método de treinamento, os

cães são capazes de realizar tanto buscas por pessoas soterradas ou presas em

5 Nascido em Servilla, Espanha em 1961. Reconhecido em 2005 com o Certificado de Distinção do

Premio Sasakawa das Nações Unidas para a Redução de Desastres pela criação do método. 6 Colombiano nascido em Bogotá em 1965, é voluntário da cruz vermelha, psicólogo e adestrador de

cães.

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escombros como pessoas perdidas em matas e campos abertos, ou seja, busca

rural. Neste método, segundo o autor o mais utilizado pelos Corpos de Bombeiros

atualmente, o vínculo do cão não é com o brinquedo em si, mas com a brincadeira

que o figurante faz. Aliás, de acordo com Parizotto (2013), o figurante é um dos itens

mais importantes neste método de treinamento. É ele quem realiza a brincadeira,

simula uma vítima, premia o cão quando este realiza uma atividade certa, entre

diversas outras atividades. O figurante ajuda o animal nas buscas, emitindo sons e

outros comportamentos para o cão, além do odor propriamente dito, consiga

encontrar pessoas também pela audição e visão. Quando o cão consegue encontrar,

o figurante imediatamente premia o cão com a brincadeira desejada, que pode ser

um brinquedo para ele morder, por exemplo. Segundo Freitas (2013), ambos os

métodos de treinamento exigem que o cão além de encontrar a vítima, sinalize o

local onde esta se encontra, podendo ser com latidos, sentando, deitando ou

realizando algum movimento previamente ensinado, permanecendo ao lado da

pessoa até a chegada do adestrador com a equipe de socorro.

4. TIPOS DE BUSCAS COM CÃES DE RESGATE

De acordo com Lima Junior (2010), os cães desempenham diversas funções

dentro dos Corpos de Bombeiros no que se refere à atividade de busca e

salvamento, porém destacam-se as atividades de buscas urbanas, rurais, de restos

mortais e as buscas aquáticas de cadáver.

Segundo o autor, as buscas urbanas são aquelas que envolvem a

localização, retirada e a estabilização clínica de vítimas presas em espaços

confinados. Esse tipo de busca se torna mais complicada devido a ser realizado em

ambientes onde os cenários nunca são os mesmos, dependendo do desastre

ocorrido e da posição dos escombros. Muito comum em eventos adversos como

terremotos e furacões.

No ambiente urbano, devido à complexidade da ocorrência, é exigido do

condutor do cão experiências em outras áreas do conhecimento, pois não só a vida

das vítimas está em jogo, mas também da guarnição e do próprio cão. Como afirma

Frichs (2011, p. 08):

Um bombeiro especialista em busca urbana deverá ter conhecimentos em estruturas de engenharia civil e patologia da construção, pois deverá observar as condições de segurança

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estrutural e não estrutural para a entrada do mesmo, a circulação e os trabalhos nos escombros, como as rotas de saída de partículas de odor que afloram na superfície.

Mesmo o Brasil não apresentando uma quantidade considerável de

desastres ocasionados por terremotos, furacões ou outras catástrofes naturais, é

comum esse tipo de busca, pois muitos eventos adversos, como desabamentos de

casas e acidentes devido à utilização de materiais de qualidade questionável na

construção civil, ocorrem de forma recorrente. As buscas urbanas se dividem em

buscas em escombros e buscas em áreas de deslizamento por terra ou lama. Os

escombros são locais onde houve um colapso da estrutura de uma edificação, tendo

a presença de materiais sólidos compactados. Os deslizamentos são materiais

pastosos, geralmente terra, que são arrastados para longe do local de origem

especialmente depois de um período chuvoso. Segundo o autor, os cães darão o

alerta ao ver, ouvir ou sentir o cheiro de uma pessoa. Nas buscas urbanas, o

principal meio de transmissão do odor humano se dá por meio dos túneis de odor7.

De acordo com Da Luz (2006), as buscas rurais são aquelas onde as

pessoas em risco encontram-se em um ambiente longe do apoio e das facilidades

da cidade, como eletricidade, telefone, água encanada, instalações sanitárias e

estradas. Neste tipo de busca, os bombeiros devem considerar os diversos tipos de

terrenos bem como a pessoa a ser procurada. Os terrenos podem ser montanhosos,

pantanosos, de mata fechada, florestas, entre outros. Segundo Lima Junior (2010), o

terreno tem forte impacto sobre como cada equipe de cão trabalhará, pois nas

montanhas os mesmos podem ser afetados no seu fluxo de faro, assim como a

habilidade do condutor de conduzi-lo. Os pântanos muitas vezes podem ser grandes

e intransitáveis, já as matas fechadas, possuem pequenos fluxos de cheiro. Nas

buscas rurais, de acordo com o autor, o olfato é o principal sentido utilizado pelos

cães, pois a área de busca é geograficamente maior que o do ambiente urbano.

As buscas por restos mortais, segundo Lima Junior (2010), são aquelas

onde os cães são treinados para encontrar o odor de corpos ou partes de corpos em

decomposição. É utilizada principalmente nas investigações forenses, podendo os

cães encontrar o odor de corpos enterrados há mais de vinte anos. Além da

7 Túnel de odor consiste no local de passagem de ar em que partículas de odor atravessam por meio

de espaços vazios um caminho até a subida a superfície.

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importância para as investigações policiais, esse tipo de busca também tem o

objetivo de proporcionar às pessoas a possibilidade de realizar um enterro digno dos

seus familiares.

De acordo com Alcarria (2000), na busca subaquática, os cães detectam os

odorem emanados pelos corpos submersos. Os gases liberados são transportados

pela água até a superfície, onde são captados pelas narinas dos cães. Essa busca é

importante para mostrar aos bombeiros onde mergulhar, levando-se em conta a

dimensão da área a ser percorrida. Entretanto, os bombeiros devem levar em

consideração alguns fatores como a correnteza da água, pois a local indicado pelo

cão pode não coincidir com a real localização da vítima.

Figura 4: Correnteza mascarando a real localização da vítima submersa Fonte: Cadaver Dog Handbook: forensic training and tactics for the recovery of human remains

Pode-se então notar que o cão, não importando sua modalidade de busca,

necessita estar altamente condicionado, a partir de treinamentos e estímulos que o

faça desenvolver seus sentidos, que já são tão evoluídos, para que possam

desempenhar sua função com excelência e possam contribuir cada vez mais com o

serviço bombeiro militar.

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METODOLOGIA

O estudo é de caráter investigativo, exploratório e descritivo, com

abordagem qualitativa, partindo do levantamento das respostas coletadas dos

entrevistados. É investigativo, pois de acordo com Richardson (2003), ela aconteceu

quando nossa experiência cotidiana se conjugou com o problema da investigação,

contribuindo para a exploração do problema.

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), é exploratória porque teve como

finalidade proporcionar uma maior familiaridade com o tema proposto, e é descritivo

porque foi realizada apenas uma observação dos fatos apresentados. Ainda de

acordo com as autoras, a abordagem é qualitativa porque tenta compreender o tema

proposto sem controlar o contexto da pesquisa, captando apenas seu contexto.

Foram entrevistados 10 (dez) bombeiros que trabalham diretamente com

busca e resgate lotados no Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de

Bombeiros Militar da Paraíba que fica situado no município de João Pessoa - PB. Os

dados foram coletados através de questionário semi-estruturado, após a autorização

do Comitê de Ética ao qual foi submetido pela Plataforma Brasil sob a CAAE nº

61382316.6.0000.5186.

Para a coleta dos dados foram utilizados os preceitos da resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde (CNS). Foram incluídos Termos de Consentimento

Livre e Esclarecido, Termos de Compromisso e Responsabilidade do Pesquisador

Principal e do Pesquisador Responsável e Termo de Anuência.

A resolução 466/12 incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os

referenciais da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e

equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito

aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado. Esta reafirma os

princípios da consideração e do reconhecimento da dignidade, da liberdade e da

autonomia do ser humano participante da pesquisa.

A análise dos dados foi realizada através do programa Microsoft Excel a partir

da estatística descritiva e inferencial com o uso de testes comparativos sob a forma

gráficos. Para os dados qualitativos foi utilizada a metodologia de descrição das

narrativas pela análise do conteúdo Bardin.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A sistematização e análise dos dados referentes ao que tange a busca e

resgate utilizando cães visou identificar as opiniões sobre o assunto de oficiais e

praças lotados no Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar

da Paraíba. A sistematização por meio de gráficos serviu para facilitar a visualização

e percepção do tema em questão.

A análise dos dados assim sistematizados permitiu identificar as

características das opiniões que esses bombeiros têm a respeito da importância da

atividade de Busca e Salvamento com Cães nos Corpos de Bombeiros, em especial

com o Corpo de Bombeiro Militar da Paraíba.

Com relação aos dados sóciodemográficos, observou-se que a idade média

dos Bombeiros participantes desta pesquisa é de 32 anos, o que demonstra que o

efetivo possui maturidade suficiente para a profissão de salvaguardar vidas e

riquezas materiais. Igualmente pode-se observar quanto ao tempo médio de serviço

na Corporação, que foi de 8,5 anos, ou seja, quase atingindo 1/3 do tempo total de

serviço previsto na Legislação dos Militares Estaduais da Paraíba, que é de 30 anos

de efetivo serviço.

Outro fator positivo relacionado à pesquisa é que quase a totalidade dos

bombeiros entrevistados possui formação em ensino superior, totalizando 90% e

destes, 18% possui ou está em processo de especialização, o que eleva o nível da

capacidade intelectual do grupo com ganhos substanciais para a Corporação.

Reproduzindo então os resultados observados após a aplicação da pesquisa

de campo, direcionada ao efetivo de cinco oficiais e cinco praças do Batalhão de

Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, composta por nove

questões envolvendo o tema busca e resgate utilizando cães, temos:

A questão 01 procurou verificar os principais atributos que um cão de

resgate tem que ter para o serviço de busca e salvamento. O resultado foi o

seguinte:

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Gráfico 01: Principais qualidades que um cão de busca e resgate deve ter, na

opinião dos entrevistados, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Conforme as dados apresentados acima, constata-se que houve várias

respostas referentes ao tema, sobressaindo-se como principais atributos de um cão

de resgate a inteligência, sociabilidade, faro apurado, controle psicológico e

apresentar interesse por brincadeiras, concordando com as características dos cães

apresentadas pela American Rescue Dog Association (ARDA).

A questão 02 procurou verificar se o treinamento causa algum dano aos

cães e quais são eles. Os resultados foram:

9,76% 4,88% 2,44%

2,44%

12,20%

9,76%

2,44%

4,88% 4,88% 9,76%

4,88%

2,44%

9,76%

12,20%

4,88% 2,44%

Porte médio-alto

Atencioso

Persistência

Resistência Física

Inteligência

Sociável

Vivacidade

Força

Tenacidade

Bom Faro

Controle Psicológico

Agilidade

Disposição

Interesse por Brincadeiras

Boa Saúde

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Gráfico 02: Opinião dos entrevistados sobre os possíveis danos que o treinamento

causa aos cães, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Foram quase unanimidade os bombeiros que responderam que o

treinamento não causa danos aos cães. Apenas uma pessoa teve opinião contrária,

informando que o treinamento, em virtude da atividade de risco, causa danos aos

cães. Esse resultado entra em conformidade com as ideias de Freitas (2013),

quando afirma que o treinamento baseia-se em atividades lúdicas para os animais, e

que o cão está centrado na brincadeira ou brinquedo e não no treinamento

propriamente dito.

A questão 03 procurou saber se algum dos participantes da pesquisa já tinha

participado de alguma situação em que a utilização de cães de resgate foi

importante para o desfecho do evento e, em caso positivo, qual foi a situação.

Tivemos como resultado:

10%

90%

Sim

Não

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Gráfico 03: Participação de algum evento que os cães foram importantes para o

desfecho da situação, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016. Dados da Pesquisa.

Gráfico 04: Tipo de busca na qual o cão foi importante para o desfecho, João

Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Pelo exposto, pode-se perceber que a grande maioria já participou de algum

evento no qual a utilização dos cães foi importante para o desfecho de alguma

70%

30%

Sim

Não

46%

8%

46% Curso

Busca Urbana

Busca Rural

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situação, e destes, tivemos um empate entre as buscas rurais e os cursos de

especialização. Podemos verificar que, entre os tipos de buscas, a rural se sobressai

em relação à busca urbana, concordando então com as teorias de Parizotto (2013),

que afirma que essa modalidade de busca está crescendo nos Corpos de Bombeiros

Militares e se tornando importante visto as facilidades que o cão oferece.

A questão 04 procurou saber dos participantes as facilidades que os cães

oferecem no serviço de Busca e Salvamento. Obteve-se os seguintes resultados:

Gráfico 05: Facilidades oferecidas pelos cães nas ocorrências de Busca e

Salvamento, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Pode-se perceber que dentre todas as respostas dos participantes, a

diminuição do tempo resposta de uma ocorrência e uma maior eficiência das buscas

se sobressaíram frente às outras (41,18%). Isso reforça as ideias de Amorim Junior

(2013), quando afirma que um único cão de resgate pode substituir de 20 a 30

bombeiros em uma operação de busca.

A questão 05 procura saber as principais dificuldades enfrentadas pelos

bombeiros nas ocorrências envolvendo busca com cães. Tivemos como resultado:

5,88%

41,18%

35,29%

11,76%

5,88% Rapidez de varredura

Diminuição do TempoResposta

Maior Eficiência dasBuscas

Economia deMaterial/Efetivo

Sentido Apurado

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Gráfico 06: Principais dificuldades enfrentadas no serviço de busca e salvamento

com cães, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Pode-se verificar que dentre as respostas dos participantes, o transporte dos

cães devido à falta de viatura, a falta de material adequado para treinamento dos

animais, a falta de uma doutrina especializada e uma estrutura física adequada,

como a falta de canis, estão entre as mais citadas. Logo, verifica-se pouco incentivo

a essa atividade dentro do Corpo de Bombeiro da Paraíba, o que confirma as teorias

de Parizotto (2013) que afirma que no Brasil ainda é recente o uso dos cães nas

ocorrências de busca e salvamento pelas equipes de socorro.

A questão 06 procura saber o interesse da tropa em se especializar neste

tipo de trabalho, obtendo como resultado:

29,63%

7,41%

22,22%

3,70%

3,70%

14,81%

14,81%

3,70%

Transporte dos Cães(Viaturas)

Falta de EfetivoEspecializado

Treinamento dos Cães

Falta de Material deTreinamento

Falta de DoutrinaEspecializada

Estrutura Física (Canil)

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Gráfico 07: Índice de interesse na tropa do CBMPB em se especializar na área de

busca com cães, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Constatou-se que, pelas respostas dos participantes, há interesse da tropa

em se especializar neste tipo de serviço, porém metade dela se sente pouco

motivada para trabalhar na área, o que concorda com as ideias de Frichs (2011) que

diz que o bombeiro, além de ter conhecimentos relativos à atividade de busca com

cães, é necessário ter noções sobre construção civil, condições de segurança

estrutural, entre outros conhecimentos. Isso exige dedicação que algumas pessoas

não estão dispostas a ter ou se tem, falta o incentivo e a valorização da Corporação

para o desenvolvimento desta atividade.

A questão 07 busca saber a importância dada pelo Corpo de Bombeiros da

Paraíba a esse tipo de atividade dentro da corporação, perguntando: Como você

qualifica a importância dada a este tipo de atividade pelo Corpo de Bombeiros Militar

da Paraíba? Obtendo como resposta:

“Há um interesse mediano por tratar-se de uma atividade nova e que ainda

gera um expectativa por bons resultados, para que se justifique o custo

aplicado na formação de cães e condutores”. Of. 1

50% 50% Sim

Sim, Porém Pouco

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“Deveria ser dado maior importância, pois é uma atividade que otimiza a

busca de pessoas perdidas e também têm seu lado cinoterápico, ou seja,

mais serviços prestados à sociedade”. Of. 2

“Francamente, muito baixa”. Of 3

“Ascendente”. Of 4

“Muito importante para a instituição”. Of 4

“Deveria ser dado maior importância, pois é uma atividade que otimiza a

busca de pessoas perdidas e também têm seu lado cinoterápico, ou seja,

mais serviços prestados à sociedade”. P1

“Devido ao pouco conhecimento sobre a atividade há um pouco de descrédito

por parte da tropa, melhorando a visão entre os especialistas em ouras áreas

de atuação do CBMPB”. P2

“O CBMPB ainda acha pouco importante a atividade com cães, devido a falta

de conhecimento na área”. P3

“De extrema importância para a corporação e para a sociedade”. P4

“O Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba ratifica a devida importância neste

tipo de atividade pois cada vez mais qualifica seus membros no exercício da

atividade de busca e resgate com cães”. P5

Como podemos observar, a partir do posicionamento dos militares, citado

acima, podemos concluir que em uma maioria, cerca de 60%, considera a atividade

com cães de uma importância significativa para o Corpo de Bombeiros militar da

Paraíba, devido a fatores como a eficiência nos serviços de buscas, a atividade

cinoterápica desempenhada pelos cães, que com isso aumentariam o leque de

serviços, bem como de benefícios, prestados à sociedade. Outra parcela da tropa,

embora pequena, acredita que a Corporação dá importância à atividade, porém

pouca, devendo olhar com melhores olhos para o serviço de busca e salvamento

com cães.

Diante do posicionamento do efetivo, constatamos que é um posicionamento

similar ao de Piva (2011), onde ele afirma que o papel dos cães com o passar do

tempo vem se tornando cada vez mais amplo, com áreas de atuação cada vez

maiores, denotando um crescente grau de importância. Bem como destacou

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Parizzoto (2013), mencionando grandes desastres, que marcaram o mundo, como o

ataque ao World trade Center em 2001, o tsunami que abalou o Japão em 2011,

dentre outros desastres, onde cães atuaram de forma direta, contribuindo com uma

participação decisiva em tais ocorrências.

A questão 08 procura saber o que a Corporação poderia fazer para melhorar

o serviço de busca e resgate com cães. Como resultado, tivemos:

Gráfico 08: Pontos a melhorar pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba na

atividade de busca e resgate com cães, João Pessoa – PB, 2016.

Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.

Dados da Pesquisa.

Pode-se verificar, dentre as respostas, que a maioria dos participantes

(39,13%) afirma que a capacitação do efetivo é primordial para o aperfeiçoamento

da atividade de busca com cães dentro da Corporação, seguida pela necessidade

de aquisição de viaturas especiais e aperfeiçoamento das instalações físicas, como

canis. Logo, vê-se a necessidade da Corporação em promover cursos, estágios e

treinamento para a tropa, visando capacita-la para atuar neste tipo de atividade,

concordando então com as teorias de Alcarria (2000), que afirma que o bombeiro

especialista nesta modalidade de busca, deve conhecer cada etapa do treinamento

para proporcionar o melhor tipo de atividade a ser desempenhada pelo cão.

4,35%

26,09%

39,13%

26,09%

4,35%

Equipamentos

Aquisição de Viaturas

Capacitação/Treinamento

Estrutura Física

Aquisição de mais Cães

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A questão 09 tem o intuito de saber da tropa se é importante instalar nas três

Companhias Regionais localizadas em João Pessoa, em Campina Grande e no

sertão do Estado este tipo de atividade, perguntando: No seu ponto de vista, qual a

importância de se instalar um canil com equipe especializada neste tipo de trabalho

em cada uma das três unidades de Comando Regional do Corpo de Bombeiros

Militar da Paraíba? Obteve-se como resposta:

“Neste momento não acredito que seja necessário, considerando um volume pequeno de chamados e que não compensaria financeiramente. Vejo que a

instalação prematura de canis setoriais nas regionais, pode dificultar a padronização de procedimentos e condutas operacionais, o que pode levar a um desregramento

da atividade de BRESC. Após a solidificação de uma doutrina e da padronização de procedimentos, seria viável a instalação de canis setoriais”. Of 1

“Seria de grande importância para melhorar o tempo resposta de

determinadas ocorrências ampliando assim a prestação de serviço para a

sociedade”. Of. 2

“O tempo resposta e os diferentes tipos de clima e vegetação do nosso

estado; com a diferenciação dos cães em cada região”. Of 3

“Um atendimento melhorado e um tempo resposta reduzido nas solicitações

desta envergadura”. Of.4

“Para ter um pronto emprego para atividade na região de atuação”. Of.5

“Seria de grande importância para melhorar o tempo resposta de

determinadas ocorrências ampliando assim a prestação de serviço para a

sociedade”. P1

“Seria de grande importância, pois diminuiria o tempo resposta da ocorrência

e contaria com apoio dos outros canis”. P2

“De suma importância, devido às ocorrências de vítimas perdidas nessas

regiões sob comando dessas Regionais, otimizando o serviço no tempo

resposta, fazendo que, ao invés do deslocamento d canil de João Pessoa à

uma ocorrência no sertão, vá à ocorrência o canil da Regional responsável”.

P3

“Tudo para o bem coletivo é louvável. Excelente ideia. Penso que melhora a

qualidade do serviço quando do cuidado dos cães, para lógico, cuidado da

população que precisar”. P4

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“De suma importância, pois no fim das contas quem ganha com toda essa

logística é a sociedade que obtém mais uma forma de busca e resgate”. P5

Quase todos os entrevistados responderam que é importante a criação da

atividade de busca e resgate com cães em cada uma das três Companhias

Regionais do Estado da Paraíba, pois diminuiria o tempo resposta em cada uma

delas, visto o fato de o Corpo de Bombeiros da Paraíba só possuir cães em João

Pessoa e em Campina Grande. Se fosse o caso de haver uma ocorrência que

necessitasse desses animais na 3ª Companhia Regional, teria que deslocar os cães

e o efetivo para o local, o que demandaria tempo e custos.

Podemos ver com isso que o desejo dos militares em se criar um canil no 3º

comando regional do CBMPB, visando principalmente a diminuição do tempo

resposta, para com isso aumentar a eficiência dos serviços institucionais, concorda

com o pensamento de Lima júnior (2010), onde ele afirma que é notório que o

emprego dos cães de resgate pode ser decisivo para salvar e preservar a vida

humana.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste trabalho, pudemos perceber a importância da atividade de

busca e resgate utilizando cães para os Corpos de Bombeiros Militares e os

benefícios que trazem à sociedade pela agilidade e diminuição do tempo resposta

nas ocorrências, proporcionando maior eficiência e eficácia na solução dos

problemas atendidos pela Corporação. Também serviu para alertar as Organizações

Bombeiros Militar da necessidade de se investir na capacitação do efetivo e da

aquisição de equipamentos visando uma maior abrangência e desenvolvimento

desta atividade, pois as ocorrências estão ficando cada vez mais complexas e sua

resolução exige recursos humanos e materiais cada vez mais sofisticados. E muitas

vezes, por questões financeiras, é inviável para as corporações adquirir tais

recursos.

Sendo assim, como foi mostrado neste trabalho, o investimento na

capacitação do efetivo e no treinamento de cães de busca e resgate é uma

alternativa para a amenização desse problema. Logo, como é dever de toda

organização pública trabalhar para dar um serviço cada vez melhor à população,

quem sabe se essa atividade, tão pouco explorada pelas organizações de resgate

do Brasil, não possa se desenvolver ao ponto de ser uma obrigatoriedade a

instalação de pelo menos um canil em cada batalhão dos Corpos de Bombeiros

Militar do país?

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REFERÊNCIAS

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BETHLEM, Sofia. Pavlov e Skinner: a origem do adestramento e todas as técnicas de adestramento! Disponível em <http://adestradorasofia.blogspot.com.br /2014/01/pavlov-e-skinner-origem-do-adestramento.html>. Acesso em 20/08/2016. BRISSOS, Paulo. Os Cães de Busca. Disponível em <http://paulobrissos. blogspot.com.br/2010/07/oscaesdebusca.html>. Acesso em 25/09/2016. CIELUSINSKY, Alan Delei. Emprego de cães nas operações de busca em ocorrências de movimentos gravitacionais de terra. 2012. 100 f. Monografia (Graduação) – Curso de Formação de Oficiais, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, 2012. DA LUZ, Luciano Mombelli. Proposta para a padronização no atendimento de ocorrências envolvendo busca em áreas rurais pelo corpo de bombeiros militar de Santa Catarina. 2006. 73 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Centro de Estudos Superiores, Centro de Ensino do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, 2006.

FREITAS, Rafael Aguiar de. O Serviço de Utilização de Cães nas Atividades de Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. 2013. 34 f. Artigo Científico (Graduação). Curso de Administração. Centro Universitário Estácio. Fortaleza, 2013. FRICHS, Marcelo Henrique Barcellos. O uso de cães de resgate no Corpo de Bombeiros Militar Santa Catarina. Curso de Formação de Soldados. Biblioteca CEBM/SC, Florianópolis, 2011. Disponível em: < http://biblioteca.cbm.sc.gov.br/ biblioteca/dmdocuments/CFSd_2011_3_Barcellos.pdf>. Acesso em: 20/10/2016. GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. 1. Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

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LIMA JÚNIOR, Sílvio Mendonça. A importância do uso de cães de resgate pelo Corpo de Bombeiros Militar. 2010. 31 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) Faculdade Integrada da Grande Fortaleza - POSEAD, Itajaí, 2010. MACHADO, Geraldo Magela. Reflexo Condicionado. Disponível em < http://www.infoescola.com/psicologia/reflexo-condicionado/>. Acesso em 16/08/2016. MARTIN, Caroline. Conheça Como é a Vida de Cão de Resgate. 2012. Disponível em <http://revistameupet.com.br/treinamento-e-brincadeiras/conheca-como-e-a-vida-de-um-cao-de-resgate/343/>. Acesso em 06/02/2016. MARTINS JURIOR, Elcio Graciano. A utilização de cães na atividade de busca e resgate CBMSC. Curso de Formação de Soldados. Biblioteca CEBM/SC, Florianópolis, 2011. Disponível em: http://biblioteca.cbm.sc.gov.br/biblioteca/d mdocuments/CFSd_2011_3_Martins.pdf. Acesso em 20/10/2016. ORIGENS dos cães: Introdução. Rio Grande do Sul, 2014. Disponível em <http://www.canilfarofino.com.br/sobre-nos/>. Acesso em 18/01/2016. PARISI, Silvia. Cães de Resgate no Brasil. Disponível em <http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=resgate_brasil.htm>. Acesso em 06/02/2016. PARIZOTTO, Walter. Parâmetros Técnicos para a Aprendizagem dos Cães de Busca, Resgate e Salvamento. 2013. 47 f. Monografia (Especialização) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas, Programa de Pós-Graduação em Administração, Santa Catarina, 2013. PEREIRA, Silvio. Inteligência, Aprendizagem e Memória dos Canídeos. 2011. Disponível em < http://comportamento-canino.blogspot.com.br/2011/11 /inteligencia-aprendizagem-e-memoria-nos.html>. Acesso em 16/08/2016. PIVA, Ismael Mateus. A Certificação dos Cães de Busca e Resgate do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. 2011. 103 f. Trabalho de Conclusão (Graduação) – Curso de Formação de Oficiais, Centro de Ensino Bombeiro Militar, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, 2011. ROSSI, Alexandre. Adestramento Inteligente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. SHIROMA, Victor Heidy. A importância do uso de cães como ferramenta na busca de cadáveres humanos em água doce no estado de santa catarina. 2012. 59 f. Monografia (Graduação) – Curso de Formação de Oficiais, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, 2012. SPERINDE, Marcus Vinicius Falcão; ZAMBONATO, Evandro Egídio. Análise da Gestão da Atividade de Busca e Salvamento com Cães no Corpo de Bombeiros da Brigada Militar: Situação e Projeções. 2009. 119 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Avançado de Administração Policial Militar). Academia de Polícia Militar do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009.

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RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa-Ação: Princípios e Métodos. João Pessoa: Universitária/UFPB, 2003.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Bom dia (boa tarde ou noite), nossos nomes são Olavo Aurélio da Nóbrega Neto e

Jonas Alexandre dos Santos. Somos alunos (as) do Curso de Formação de Oficiais

Bombeiros Militares da Paraíba e temos como Orientador o 1º Tenente BM Edson

Augusto Ferreira Ferraz, que será o (a) Pesquisador (a) Responsável. O Sr. (a) está

sendo convidado (a), como voluntário (a), a participar da pesquisa intitulada “Cães

de Resgate nas Operações de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiro Militar”.

O estudo aqui proposto justifica-se pelo fato de a atividade de busca e resgate de

pessoas está se tornando mais complexa a cada dia, o que exige grandes

investimentos em aquisição de equipamentos e treinamento especializado do efetivo

dos Corpos de Bombeiros. Uma alternativa para diminuir os custos e potencializar o

trabalho tem sido a utilização dos cães para essa atividade.

O objetivo principal desta pesquisa será mostrar a importância da utilização de cães

nas atividade de busca e resgate nos Corpos de Bombeiros Militares. Os objetivos

específicos serão: relatar sobre a atividade de busca e salvamento no serviço do

Bombeiro Militar; Apresentar o históricos dos cães de busca e resgate, destacando

atividades que os cães desempenham dentro dos Corpos de Bombeiros; Descrever

como se dá o treinamento de um cão farejador e seu efetivo trabalho nas ações de

busca e resgate de vítimas e abordar os principais tipos de buscas desempenhadas

pelos cães de resgate.

Os dados serão coletados da seguinte forma: Será utilizado um roteiro de entrevista,

contendo perguntas abertas e fechadas, que abordará a percepção que os

participantes têm sobre a atuação dos cães nas atividades de busca e salvamento

dentro da Corporação Bombeiro Militar.

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Os riscos da pesquisa são os previsíveis na resolução 466/12, quando na fase da

coleta, poderá haver algum constrangimento por parte dos sujeitos pesquisados,

porém tal fato será evitado pelos pesquisadores. Quanto aos benefícios, serão tanto

na esfera acadêmica, como no âmbito social, quando tentaremos devolver ao

batalhão e à comunidade os resultados, que poderão levar subsídios para a

melhoria do serviço de busca e salvamento. Não haverá risco direto para o (a) Sr. (a)

que se submeter à coleta dos dados, contudo, como estará expondo elementos de

caráter pessoal, poderá haver constrangimentos. Ressalta-se, entretanto, que não

haverá identificação individualizada e os dados da coletividade serão tratados com

padrões éticos (conforme Resolução CNS 466/12) e científicos, sendo justificável a

realização do estudo.

FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: A participação do Sr. (a) nessa

pesquisa não implica necessidade de acompanhamento e/ou assistência posterior,

tendo em vista que a presente pesquisa não tem a finalidade de realizar diagnóstico

específico para o senhor, e sim identificar fatores gerais da população estudada.

Além disso, como no instrumento de coleta de dados não há dados específicos de

identificação do Sr. (a), a exemplo de nome, CPF, RG, etc., não será possível

identificá-lo posteriormente de forma individualizada.

GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE

SIGILO: O Sr. (a) será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que

desejar. O Sr. (a) é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou

interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a

recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de prestação de

serviços aqui no estabelecimento. Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com

padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa permanecerão

confidenciais podendo ser utilizados apenas para a execução dessa pesquisa. Você

não será citado (a) nominalmente ou por qualquer outro meio, que o identifique

individualmente, em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma

cópia deste consentimento informado, assinada pelo Sr. (a) na última folha e

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rubricado nas demais, ficará sob a responsabilidade do pesquisador responsável e

outra será fornecida ao (a) Sr. (a).

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR

EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para Sr. (a) e

não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. Não é previsível

dano decorrente dessa pesquisa ao (a) Sr. (a), e caso haja algum, não há nenhum

tipo de indenização prevista.

DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO

PARTICIPANTE:

Eu, __________________________________________________, fui informado (a)

dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci todas as

minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações.

O (a) Pesquisador (a) Responsável Edson Augusto Ferreira Ferraz (Orientador)

certificou-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais, no que se

refere a minha identificação individualizada, e deverão ser tornados públicos através

de algum meio. Ele compromete-se, também, seguir os padrões éticos definidos na

Resolução CNS 466/12. Também sei que em caso de dúvidas poderei contatar os

(as) estudantes Olavo Aurélio da Nóbrega Neto, telefone (83) 98781-6499 e e-mail:

[email protected] e Jonas Alexandre dos Santos telefone (83) 98638-

9512 e e-mail: [email protected] ou o (a) Professor (a) Orientador (a) Edson

Augusto Ferreira Ferraz, através telefone (83) 98830-2366 e e-mail:

[email protected]. Além disso, fui informado que em caso de dúvidas com

respeito aos aspectos éticos deste estudo poderei consultar o Comitê de Ética em

Pesquisa, ao qual será distribuído.

Nome Assinatura do Participante Data

/ /

Nome Assinatura do Pesquisador Responsável Data

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APÊNDICE B

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOMBEIROS MILITARES DA PARAÍBA

Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

Graduação: Oficial ( ) Praça ( )

Tempo de Serviço: ______ Anos. Idade: _______ Anos.

ESCOLARIDADE:

( ) Mestrado/Doutorado (completo ou incompleto) ( ) Especialização completa

( ) Especialização incompleta ( ) Ensino superior completo

( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino médio completo

( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino Fundamental

1) Na sua opinião, quais as principais qualidades que um cão de

busca e resgate deve ter?

_____________________________________________________

___________________________________________________

2) Você acha que o treinamento dos cães de busca e resgate causa

algum dano aos mesmos? Sim( ) ou Não( )?

Qual?_______________________________________

3) Você já participou de alguma ocorrência, curso ou treinamento no

qual o auxílio dos cães foi primordial para o sucesso da operação?

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Sim( ) ou Não( )?

Qual?_______________________________________

4) Quais as principais facilidades que um cão oferece nas operações

de busca e salvamento dentro do Corpo de Bombeiros Militar?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

___________________________________________________

5) Quais as principais dificuldades enfrentadas no serviço de busca e

salvamento com cães?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

____________________________________________________

6) Você acha que há algum interesse na tropa em se especializar na

área de busca com cães?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

___________________________________________________

7) Como você qualifica a importância dada a este tipo de atividade

pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

___________________________________________________

8) Na sua opinião, sobre esta atividade, o que deveria ser

aperfeiçoado pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba para

garantir um melhor atendimento à sociedade?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

___________________________________________________

9) No seu ponto de vista, qual a importância de se instalar um canil

com equipe especializada neste tipo de trabalho em cada uma das

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três unidades de Comando Regional do Corpo de Bombeiros

Militar da Paraíba?

_____________________________________________________

_____________________________________________________

___________________________________________________

João Pessoa/PB, ______/______/______.

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ANEXOS

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