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Quem é Maria? Maria (Miriam) é a bem-aventurada jovem hebreia a quem Deus, por pura graça, escolheu para que fosse a mãe do Messias. Segundo a Bíblia, o anjo Gabriel anunciou a Maria esta singular eleição, e o modo em que, pelo poder do Espírito Santo de Deus , sem interv enção de varão, ela haveria de conce ber (Mateus 1:18- 21; Lucas 1:26-38). Maria é uma verdadeira crente que foi obediente a Deus e deu à luz Jesus o Messias, ou Cristo, sem ter tido até então relações sexuais com seu esposo José (Isaías 7:14; Mateus 1:22-25). Maria pode correctamente ser chamada a mãe de Deus pois o seu primogénito Jesus foi "Deus connosco" (Mateus 1:23). Claro está que ela não gerou o Verbo eterno, a segunda Pessoa da Trindade, o Filho único de Deus; mas Jesus, o ser que nasceu de Maria, era tanto Deus como homem. Embora a expressão exacta "a mãe de Deus" não apareça na Bíblia, em Lucas 1:43 lemos que Isabel, cheia do Espírito Santo, disse a Maria: "Quem sou eu para que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?". Em todo o primeiro capítulo de Lucas, a palavra "Senhor" se utiliza como sinónimo de "Deus", de modo que a pergun ta de Isabel é um testemunho claro da divindade de Jesus Cristo (ver também João 1:1; 20:28; Romanos 9:5; Hebreus 1:8; Tito 2:13). Maria foi um modelo de esposa, de mãe e de crente. A sua fé e a sua obediência são um exemplo perpétuo para todos os cr is os. Isto é mostrado desde o princípio: Depois de o anjo lhe ter anunciado o propósito de Deus ela exclamou: "Eu sou a serva do Senhor; que Deus faça comigo como me disseste" (Lucas 1:38). E depois de ser saudada pela sua prima Isabel, Maria deu a glória a Deus: "A minha alma louva a grandeza do Senhor; o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. Porque Deus pôs os seus olhos em mim, sua humilde serva, e desde agora sempre me chamarão ditosa." (Lucas 1:46-48). Maria levou uma vida de oração e de meditação (Lucas 2:19). Nas bodas de Caná, ela disse aos serventes que obedecessem a Jesus: "Fazei tudo o que ele vos disser" (João 2:5). Sem dúvida ela orou pelo ministério público de Jesus, embora somente seja mencionada no princípio de tal período e no final deste, no Calvário (Marcos 3:31, Juan 19:25). A última vez que é nomeada na Bíblia, a encontramos orando com os demais discípulos. Quem tenha lido o Novo Testamento sabe bem que, fora desta menção em Actos 1:14 Maria somente é mencionada nos Evangelhos, e sempre em relação com a obra de Jesus Cristo. Paulo é o único apóstolo que, num contexto obvi amente cristológi co, alude a ela numa das su as cartas , e não menciona o seu nome: "...Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher..." (Gálatas 4:4). Conse quente com o seu interess e central na pessoa e na obra de Crist o, o NT não nos informa absolutamente nada sobre a vida da bem-aventurada Maria antes da concepção de Jesus, nem depois de Pentecostes. Não nos diz como se chamaram os seus pais, se teve irmãos, nem onde, como e em que idade faleceu Maria. Como não desejamos ir além do que Deus revelou na Sua Palavra, não podemos subscrever as seguintes doutrinas.

Quem é Maria?

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Quem é Maria?

Maria (Miriam) é a bem-aventurada jovem hebreia a quem Deus, por pura graça,escolheu para que fosse a mãe do Messias. Segundo a Bíblia, o anjo Gabriel

anunciou a Maria esta singular eleição, e o modo em que, pelo poder do EspíritoSanto de Deus, sem intervenção de varão, ela haveria de conceber (Mateus 1:18-21; Lucas 1:26-38).

Maria é uma verdadeira crente que foi obediente a Deus e deu à luz Jesus oMessias, ou Cristo, sem ter tido até então relações sexuais com seu esposo José(Isaías 7:14; Mateus 1:22-25).

Maria pode correctamente ser chamada a mãe de Deus pois o seu primogénitoJesus foi "Deus connosco" (Mateus 1:23). Claro está que ela não gerou o Verboeterno, a segunda Pessoa da Trindade, o Filho único de Deus; mas Jesus, o ser quenasceu de Maria, era tanto Deus como homem.

Embora a expressão exacta "a mãe de Deus" não apareça na Bíblia, em Lucas 1:43lemos que Isabel, cheia do Espírito Santo, disse a Maria: "Quem sou eu para quevenha visitar-me a mãe do meu Senhor?". Em todo o primeiro capítulo de Lucas, apalavra "Senhor" se utiliza como sinónimo de "Deus", de modo que a pergunta deIsabel é um testemunho claro da divindade de Jesus Cristo (ver também João 1:1;20:28; Romanos 9:5; Hebreus 1:8; Tito 2:13).

Maria foi um modelo de esposa, de mãe e de crente. A sua fé e a sua obediênciasão um exemplo perpétuo para todos os cristãos. Isto é mostrado desde oprincípio: Depois de o anjo lhe ter anunciado o propósito de Deus ela exclamou:"Eu sou a serva do Senhor; que Deus faça comigo como me disseste" (Lucas 1:38).E depois de ser saudada pela sua prima Isabel, Maria deu a glória a Deus: "A minhaalma louva a grandeza do Senhor; o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.Porque Deus pôs os seus olhos em mim, sua humilde serva, e desde agora sempreme chamarão ditosa." (Lucas 1:46-48).

Maria levou uma vida de oração e de meditação (Lucas 2:19). Nas bodas de Caná,ela disse aos serventes que obedecessem a Jesus: "Fazei tudo o que ele vos disser"(João 2:5). Sem dúvida ela orou pelo ministério público de Jesus, embora somenteseja mencionada no princípio de tal período e no final deste, no Calvário (Marcos3:31, Juan 19:25). A última vez que é nomeada na Bíblia, a encontramos orandocom os demais discípulos. Quem tenha lido o Novo Testamento sabe bem que, foradesta menção em Actos 1:14 Maria somente é mencionada nos Evangelhos, esempre em relação com a obra de Jesus Cristo. Paulo é o único apóstolo que, numcontexto obviamente cristológico, alude a ela numa das suas cartas, e nãomenciona o seu nome: "...Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher..."(Gálatas 4:4).

Consequente com o seu interesse central na pessoa e na obra de Cristo, o NT nãonos informa absolutamente nada sobre a vida da bem-aventurada Maria antes daconcepção de Jesus, nem depois de Pentecostes. Não nos diz como se chamaramos seus pais, se teve irmãos, nem onde, como e em que idade faleceu Maria.

Como não desejamos ir além do que Deus revelou na Sua Palavra, não podemossubscrever as seguintes doutrinas .

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1. Que por uma graça especial de Deus a bem-aventurada Maria tenha sidocompletamente livre de pecado desde a sua concepção .

"... declaramos, proclamamos e definimos que a doutrina que sustenta que abeatíssima Virgem Maria foi preservada imune de toda a mancha da culpa originalno primeiro instante da sua concepção por singular graça e privilégio de Deusomnipotente, em atenção aos méritos de Cristo Jesus Salvador do género humano,está revelada por Deus e deve portanto ser firme e constantemente crida por todosos fiéis..." (Pio IX, Bula Ineffabilis Deus , 8 de Dezembro de 1854)[1]

À diferença da concepção milagrosa de Jesus, a denominada imaculada concepçãode Maria não tem fundamento bíblico. Pior ainda, contradiz o claro ensinoapostólico que estabelece que o único sem pecado foi nosso Senhor Jesus Cristo(Hebreus 4:15; ver também 1 Pedro 2:22). Dos restantes declara o Apóstolo Paulo:"todos pecaram e estão longe da presença salvadora de Deus" (Romanos 3:23). Aspróprias palavras de Maria indicam que ela também se encontrava nesta tristecondição, da qual teve de ser resgatada pela graça de Deus (Lucas 1: 28, 47).

2. Que a bem-aventurada Maria tenha permanecido sempre virgem, tantoantes, como durante, como depois de parir Jesus .

"O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar avirgindade real e perpétua de Maria (cf DS 427) mesmo no parto do Filho de Deusfeito homem (cf DS 291; 442; 503; 571; 1880). Com efeito, o nascimento de Cristo«não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal» da sua Mãe (LG 57). Aliturgia da Igreja celebra Maria como a "Aeiparthenos", a «sempre Virgem» (cf LG52) ... Maria «foi Virgem ao conceber o seu Filho, Virgem no parto, Virgem depoisdo parto, Virgem sempre» (S. Agostinho, serm. 186,1); com todo o seu ser; ela é a«serva do Senhor» (Lc 1, 38)." (Catecismo da Igreja Católica, 499 e 510).[2]

O que a Bíblia claramente ensina é que ela era virgem ao conceber, e quepermaneceu em tal condição até ao nascimento de Jesus (Mateus 1:25). Embora aconcepção de Jesus tenha sido um milagre operado pelo poder do Espírito Santo,parece claro que a gravidez e o parto foram completamente normais. Não semenciona nenhum milagre ligado a eles (Mateus 1:25; Lucas 2:6-7).

Nada há nas Escrituras que afirme, implique ou exija a perpétua virgindade deMaria. Pelo contrário, o NT menciona em várias ocasiões os "irmãos e irmãs" deJesus (Mateus 12:46-47; 13:56; Marcos 3:31-32; Lucas 8:19-20; João 2:12; 7:3-10; Actos 1:14; 1 Coríntios 9:5). Quem eram eles?

Antes de considerar diversas explicações, recordemos que a palavra gregaadelphos , irmão, se refere primariamente a filhos da mesma mãe ou pai; porexemplo, Mateus 1:2, 11; 4:18; Lucas 3: 1, 19; João 1: 40. Secundariamente podealudir a parentes próximos [Génesis 13:8], a vínculos raciais ou nacionais (Actos 2:29,37; Romanos 9:3), ou espirituais e religiosos (Mateus 18:15; Romanos 1:13).Ora bem, entender a expressão "os irmãos" de Jesus neste último sentido éimpossível, pois eles são claramente distinguidos dos discípulos: "Depois disto,[Jesus] desceu a Cafarnaum, acompanhado da sua mãe, seus irmãos e seusdiscípulos" (João 2:12). Por outro lado, durante o ministério terrenal de Jesus osseus irmãos não criam n`Ele (João 7:5). Consideremos pois outras explicações.

A) Os irmãos e irmãs de Jesus eram filhos de um matrimónio anterior de José.

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Segundo esta noção, que é a explicação oficial da Igreja Ortodoxa Grega, José eraum velho viúvo quando se casou com Maria. No entanto, estes supostos irmãosmais velhos nunca se mencionam nas narrações da infância de Jesus, e por outrolado Lucas 2:23 diz que Jesus foi o primogénito da família, ou seja, o filho maisvelho.

B) Os irmãos eram parentes próximos, por exemplo, primos.

Esta é a explicação corrente da Igreja Católica Romana, e tem em seu favor o usohabitual do vocábulo hebreu ah (e o seu correspondente arameu aha ), irmão, nosentido de parente. No entanto, esta opinião tem vários pontos fracos.

Em primeiro lugar, não há nenhum exemplo claro deste uso no Novo Testamento.

Em segundo lugar, nenhuma das listas de irmãos que incluem nomes própriosmencionam o parente mais famoso de Jesus, ou seja o seu primo João o Baptista.

Em terceiro lugar, parece decisivo que os Evangelistas, que escreveram em grego,fazem sempre uma cuidadosa distinção entre um parente e um irmão em sentidopróprio. Assim, o anjo Gabriel chama Isabel, a prima de Maria, sua "parenta"[grego syngenis ] e não sua "irmã" (Lucas 1:36). Segundo Marcos 6:4, Jesus disse:"Em todos os lugares se honra um profeta, menos na sua própria terra, entre osseus parentes [grego syngeneus ] e na sua própria casa [o núcleo familiar, pais eirmãos]." Também pode ver-se Lucas 14:12 e 21:16.

Se os Evangelistas quisessem referir-se aos familiares de Jesus e não aos seusirmãos e irmãs carnais, com toda a probabilidade teriam usado o termo gregousual, como faz Lucas em 1:58 e 2:44. Em vez disso, e sem nenhuma aclaração,escreveram uniformemente "irmãos" [ adelphoi ].

C) Os irmãos e irmãs de Jesus eram filhos da mesma mãe.

Esta é a explicação mais natural e evidente, e os que a rejeitam o fazem porconsiderações dogmáticas e não pelos dados escriturais. Contrariamente ao que porvezes se insinua, esta opinião não menospreza de modo nenhum a bem-aventuradaMaria, uma vez que para os hebreus a fertilidade era um sinal de bênção divina.

Esta óbvia explicação tem sido objectada com o argumento de que os irmãos deJesus citados pelo nome em Mateus 13:55 e Marcos 6:3, ou seja Tiago, José, Judase Simão, eram filhos de outras mulheres. Tal objecção se baseia no facto de queoutras mulheres que se mencionam no NT terem filhos com os mesmos nomes; verpor exemplo Mateus 27: 56; 28:1; Marcos 10:35 com Mateus 20:20; Lucas 24:10.No entanto, nos tempos de Jesus todos estes nomes eram muito comuns, o quetorna impossível provar que se trata das mesmas pessoas.

Outra objecção é que Tiago, o irmão do Senhor (ver Actos 12:7; 15:13) teria sido amesma pessoa que Tiago o Menor, um dos Doze Apóstolos, e portanto não um filhode Maria. Esta ideia se baseia em Gálatas 1:19 onde Paulo chama "apóstolo" aTiago, o irmão do Senhor (nesta opinião quiçá um primo). No entanto, é um factoque Paulo chamou "apóstolos" a cristãos que certamente não pertenciam ao grupodos Doze, como por exemplo Andrónico e Júnias (Romanos 16:7). A palavra gregaapostolos significa "enviado" e parece que São Paulo a utilizou num sentido maisamplo. Em 1 Coríntios 15: 5-7, Paulo nomeia primeiro Cefas (Pedro) e os Doze, edepois, como se fosse um grupo diferente de cristãos, "Tiago e todos os apóstolos".O facto de que a um dos Tiagos que se mencionam no Evangelho se o chamasse "o

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Menor" (ou "o Pequeno", ou "o Baixinho") não implica de modo nenhum que sóhouvesse dois Tiagos.

De qualquer modo, o que resulta definitivo e concludente é que os chamados"irmãos do Senhor" não eram discípulos seus antes da Ressurreição: Compare-seJoão 7:5, "Porque nem mesmo os seus irmãos criam nele" com Actos 1:14, "Todoseles se reuniam sempre para orar com algumas mulheres, com Maria, a mãe deJesus, e com os seus irmãos."

Outra objecção à opinião que sustentamos é que se Jesus tivesse tido irmãos, teriaencomendado a eles o cuidado da sua mãe. Um momento de reflexão nos permitirádar conta de que o mesmo se aplica aos seus outros supostos parentes: poderia terencomendado o cuidado de Maria a algum dos seus primos.

No entanto, para Jesus o parentesco mais importante era o espiritual. "Todo aqueleque faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Marcos3:35). "Uma mulher da multidão exclamou: Feliz é a mulher que te deu à luz e teamamentou! Ele respondeu: Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra deDeus e lhe obedecem!" (Lucas 11: 27-28). Obviamente, Jesus teve mais confiançano seu discípulo do que nos seus irmãos carnais.

3. Que a bem-aventurada Maria seja a mãe universal de todos os crentes

"Ou seja, que ela, pelo facto de ter dado à luz o Redentor do género humano, étambém, de certo modo, mãe benigníssima de todos nós, a quem Cristo Senhorquis ter por irmãos. «Tal – diz nosso predecessor de feliz memória, Leão XIII - no-la deu Deus, que pelo facto de tê-la escolhido para mãe de seu Unigénito, lheinfundiu sentimentos verdadeiramente maternais ... ; tal, com o seu modo deoperar, no-la mostrou Jesus Cristo, ao querer estar voluntariamente submetido e

obedecer a Maria como filho à sua mãe; tal no-la proclamou desde a cruz, quandono discípulo João encomendou ao seu cuidado e amparo todo o género humano[João 19,26s]; tal, finalmente, se deu ela mesma, quando ao abraçargenerosamente aquela herança de imenso trabalho que seu filho moribundo lhedeixava, começou imediatamente a cumprir todos os seus ofícios de mãe»." (Pio XI,Encíclica Lux veritatis de 25 de Dezembro de 1931[3]; ver Concilio Vaticano II,Lumen Gentium 61-63 e Catecismo da Igreja Católica, 964-970).

Que Santa Maria fosse a mãe de Jesus na ordem terrenal não implica que seja asua mãe, e por extensão a nossa, também na ordem sobrenatural. Uma vez queMaria foi uma criatura que necessitou da redenção tanto como qualquer serhumano desde Adão em diante, na realidade na ordem da salvação esta "serva do

Senhor" é uma irmã mais nova de Jesus Cristo o Salvador, e uma filha adoptiva doPai celestial (veja-se Hebreus 1: 10-18; João 1: 12-13).

Enquanto padecia na cruz, Jesus disse à sua mãe, referindo-se ao seu discípuloamado, (provavelmente o apóstolo João), "Mulher, aí tens o teu filho" e aodiscípulo, "Aí tens a tua mãe" (João 19:25-27). Estas palavras mostram a ternaprovisão de Jesus para a sua mãe, e implicam um encargo íntimo e familiar, feitopessoalmente a um dos discípulos e não a todos eles. Isto provavelmente se deveua que este era o único deles que esteve presente no Calvário, e talvez também aoparticular afecto que Jesus sentia por ele.

Além disso, do contexto resulta claro que era Maria quem necessitava do cuidado

do discípulo, não ao contrário. O mesmo texto nos diz que ele honrou o encargo doSenhor, tomando ao seu cuidado a idosa e presumivelmente viúva Maria: "Desdeaquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa".

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4. Que a bem-aventurada Maria tenha ascendido ao céu em corpo e alma

"... proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado: Que aImaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida

terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial." (Pio XII, ConstituiçãoApostólica Munificentissimus Deus , 1 de Novembro de 1950[4]; veja-se Catecismoda Igreja Católica, # 966, 974).

Estamos seguros de que a alma de Maria, como a de todo crente, está na presençagloriosa de Deus (veja-se por exemplo Lucas 23:43; 2 Coríntios 5:1-10; Filipenses1: 21-23; Apocalipse 6:9-11; 7:9). Uma vez que a Bíblia não diz nem uma palavraa este respeito, não é possível em contrapartida afirmar que a bem-aventuradaMaria tenha ascendido em corpo e alma ao céu.

Também não pode afirmar-se terminantemente que isto seja impossível, já queexistem indicações bíblicas de que no passado Deus concedeu tal privilégio a

Enoque e a Elias (veja-se Génesis 5:24 e 2 Reis 2:11) e, portanto, não éinconcebível que o tivesse concedido também a Maria. No entanto, o NovoTestamento não diz absolutamente nada sobre este tema, e tal silêncio nos impedede afirmar esta doutrina.

5. Que possa pedir-se à bem-aventurada Maria o que a Bíblia ensina apedir a Deus através de Jesus Cristo

"E esta maternidade de Maria perdura sem cessar na economia da graça ... Poisuma vez assunta aos céus, não deixou o seu ofício salvador, mas continua aalcançar-nos por sua múltipla intercessão os dons da eterna salvação. Por seu amormaterno cuida dos irmãos de seu Filho que peregrinam e se debatem entre perigos

e angústias e lutam contra o pecado até que sejam conduzidos à pátria feliz. Porisso, a bem-aventurada Virgem na Igreja é invocada com os títulos de Advogada,Auxiliadora, Socorro, Mediadora. O que, no entanto, se entende de maneira quenada tire nem acrescente à dignidade e eficácia de Cristo, único Mediador."(Concilio Vaticano II, Lumen Gentium , 62[5]; veja-se o Catecismo da IgrejaCatólica, # 969, 975).

As Escrituras ensinam claramente que existe um único Senhor, Salvador e SumoSacerdote, que é o Senhor Jesus Cristo.

"E há também um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas existem e nóstambém" (1 Coríntios 8:6)

"Em nenhum outro há salvação, porque em todo o mundo Deus não nos deu outrapessoa pela qual nos possamos salvar" (Actos 4:12).

Não há dúvida que podemos orar uns pelos outros, mas quando se trata damediação celestial, nada nem ninguém pode substituir ou complementar oministério de Jesus Cristo:

"no templo celestial ... Jesus entrou como nosso precursor, tornando-se SumoSacerdote para sempre" (Hebreus 6:20).

Este único Senhor, Salvador e Sumo Sacerdote é também o único Advogado eMediador em quem somos chamados a depositar toda a nossa esperança:

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"Meus filhinhos, eu vos escrevo estas coisas, para que não pequeis; e se alguémpecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo" (1 João 2:1).

"Porque há um só Deus, e também um só mediador entre Deus e os homens, CristoJesus, homem" (1 Timóteo 2:5).

O facto de termos um profundo amor, uma enorme admiração e um reverenterespeito por Maria não implica que esqueçamos que ela não é, nem nunca poderiaser, tão boa como Jesus, nem mais sábia que Ele, nem tampouco pode possuir,como Jesus possui, os atributos divinos de omnipotência e omnipresença. Jesuspode ouvir, e ouve, todas e cada uma das nossas orações. Também tem o poder demediar perante o Pai e dar a resposta divina a elas. Isto é algo que jamais poderiaser concedido a alguma criatura, nem sequer aos anjos.

Com todo respeito, não vemos absolutamente nenhuma razão para depositar anossa confiança nesta santa mulher que – como ela própria seria a primeira areconhecer – não é tão boa, nem tão sábia, nem tão poderosa como Jesus Cristo. Abem-aventurada Maria nos deu um grande exemplo ao confiar primeiro em Deus(Lucas 1:38) e depois em Jesus, o Filho de Deus (João 2:22). Como o fez Maria,devemos deixar operar na nossa vida o Espírito Santo; só assim poderemoscompreender cabalmente as coisas de Deus (1 Coríntios 2: 6-16).

Notas

1. Enrique Denzinger, O Magistério da Igreja. Manual dos Símbolos, Definições eDeclarações da Igreja em Matéria de Fé e Costumes (versão de D. Ruiz Bueno;Barcelona: Herder, 1963, p. 385-386).2. Edição Livraria João Paulo II: Santo Domingo, 1993, p. 118-119. DS =

Denzinger, o.c.; LG, Lumen Gentium (Concilio Vaticano II).3. Denzinger, o.c., # 2271, p. 572-573.4. Denzinger, o.c., # 2333, p. 613.5. Vaticano II – Documentos conciliares. Buenos Aires: Edições Paulinas, p. 85-86.

Nota adicional sobre o significado do nome Maria :

De uma revisão sumária de diversas obras se depreende que não está clara aetimologia, nem, por conseguinte, o significado, do nome "Maria" (hebreu miryam).

Segundo o Vocabulário de Teologia Bíblica (Dir. X. Leon-Dufour; Barcelona: Herder,1985) significava em arameu 'senhora' ou 'princesa', embora tal afirmação nãoseja documentada. De qualquer modo, no seu livro "Jesus o judeu" (Barcelona:Muchnik, 1977, pp. 117-130), Geza Vermes trata do título 'mar' como equivalentedo grego 'kyrios', senhor, forma respeitosa de dirigir-se a alguém importante. 'Mar'forma parte da palavra 'Maranatha'.

O Novo Dicionário Bíblico (Dir. J.D. Douglas e N. Hyllier. Buenos Aires: Certeza,1991) diz que há uma 'ténue possibilidade' de que derive do egípcio marye,'amada.'

A International Standard Bible Encyclopedia (Dir. G.W. Bromiley; Grand Rapids:W.B. Eerdmans, 1986) dá como possíveis significados (1) 'amada', da raiz egípciamr ; (2) 'amada de Yahveh' (mr + yw/m); (3) 'roliça', de meri' ou (4) amarga,amargura, de mar.

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Também poderia derivar de meri, rebelião.

O fim do discurso é que dada a incerteza acerca do significado do nome, não parecesensato construir algum argumento a partir de um dos supostos significados.