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(*) Bacharel e Licenciatura Plena em História; Professora de História, de Ética e Cidadania Organizacional e de Ética, Qualidade e Cidadania da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar.
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
“Quem quer saber de índio!”
Profª MARA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA(*)
Introdução
A Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar do município de Franco da Rocha foi inaugurada em
2006 apenas com os cursos de ensino médio técnico (EMT) em Administração e Informática.
No ano de 2008 iniciaram-se os cursos de EMT em Logística e o Ensino Médio regular (EM).
Hoje a Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar tem 986 alunos todos por ingresso via concurso
público através da prova do vestibulinho (um no meio do ano e outro no final de ano), deste
total 360 estudantes são do EM sendo 120 para os primeiros anos do EM divididos em três
turmas de quarenta alunos cada.
No Ensino Médio (EM) da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar localizada no município de
Franco da Rocha que está na região metropolitana de São Paulo é onde temos procurado
desenvolver um estudo histórico com espaço e intencionalidade para abordar o período da
pré-história brasileira.
Essa abertura e abordagem sobre período histórico tão pouco conhecido tornou-se para nós
uma forma de atender o disposto na lei 11.645/08:
“Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos
indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira.”
Trabalho desenvolvido no 1º ano do EM
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Normalmente se dá destaque a pré-história europeia e procuramos demonstrar aos estudantes
que onde hoje é o território brasileiro foi um território ocupado, muito ocupado por diferentes
grupos humanos, muito tempo antes da chegada dos europeus à América.
E essa ocupação por diferentes grupos humanos foi variada com diferentes povos como os
sambaquiqueiros no litoral, os movimentos migratórios da Amazônia para o sul pelo litoral e
pelo interior do continente, o povo do sul do Piauí, o povo de Lagoa Santa – MG, as gravuras
em rochas de SC, os povos que fizeram os geoglifos no AC, as pinturas rupestres, os vestígios
cerâmicos e os vestígios líticos por todo o território que hoje é o Brasil.
Uma observação e desenvolvimento importante do estudo sobre a pré-história brasileira é a
percepção e constatação de que as populações indígenas que aqui viviam na chegada dos
portugueses eram descendentes dos povos paleoíndios – população indígena que viveu aqui a
dez mil anos AP. (antes do Presente).
Vários aspectos são possíveis de serem observados como:
Linha do tempo da pré-história brasileira:
- PeríodoPaleoíndio: antes de 12 mil anos AP também chamado de Cultura do
Pleistoceno até 10 mil anos AP;
- Período Arcaico: 9 mil a 1mil anos AP;
Cultura do - Período Formativo: 1 mil anos AP até a 1500 d. C.;
Holoceno - Período Pós-Cabralino: os primeiros trinta e dois anos
antes da formalização da invasão do território pelo litoral. (1)
A partir da constatação que existiram esses diferentes grupos humanos pedimos que os
estudantes fizessem em grupos (organizados por eles mesmos) pesquisas sobre o que foi a
“pré-história” dos estados brasileiros, os estados a serem pesquisados e os grupos são
sorteados. Normalmente o prazo corresponde a três ou quatro semanas para preparar uma
pesquisa escrita, uma apresentação em slides com imagens para a data pré-estabelecida.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Para auxiliar no desenvolvimento da pesquisa é exigido a leitura extraclasse do livro
paradidático “O Brasil antes dos brasileiros”(2); e é realizada uma prova com questões do
paradidático e das pesquisas.
Para incentivar a pesquisa e ajudar na elaboração da conclusão do grupo apresentamos
algumas questões que devem ser comprovadas ou descartadas pela pesquisa.
Riqueza em quantidade e em diversidade que o país possui em sítios arqueológicos;
A falta de conhecimento e divulgação sobre esse patrimônio arqueológico e histórico;
A falta investimento para pesquisa e preservação dos sítios arqueológicos;
E por que a pré-história brasileira é tão desconhecida pelos próprios brasileiros?
A proposta de se pesquisar esses períodos é tão nova que os estudantes enfrentam dificuldades
para encontrar informações sobre o tema, mesmo hoje com as facilidades de recursos que a
internet permite e quando um grupo do 1º EM C de 2011 ficou responsável por apresentar
pesquisar escrita e visual sobre a pré-história no atual estado do Rio de Janeiro eles no dia da
apresentação trouxeram uma pesquisa sobre a Confederação dos Tamoios e o conflito dos
Tupinambás com os portugueses. A apresentação não foi aceita e eles receberam novo prazo
para apresentarem a pesquisa originalmente solicitada.
Apresentaram a pré-história do RJ, onde demonstraram a longevidade da formação
geológica de Búzios e para a formação dos Tupinambás como descendentes dos Tupis e da
Tradição Humaitá também apresentaram uma lista de vários povos pesquisados pelo
Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
E para iniciar a conclusão foi dito: ”Quem quer saber de índio?!?” Quando ouvi a pergunta foi
chocante, mas veja a profundidade do pensamento desenvolvido pelo grupo responsável pelo
trabalho:
“Por que os brasileiros não sabem das pesquisas arqueológicas?
Existem fatores na sociedade brasileira que dificultam ou chegam a impedir o acesso
ou até talvez à curiosidade do povo brasileiro.
O povo brasileiro tem como o pensamento Ocidental em preponderância, ou seja, se
perguntar para um cidadão o que foi um índio ele vai ter somente uma visão! (das danças e de
uma cultura!) sendo assim a sociedade é Ignorante não só como os Índios, mas também nas
praticas Arqueológicas. Pense bem professora, Imaginemos uma mulher comum da capital de
são Paulo, vai ao trabalho volta cuida dos filhos, assiste o jornal, faz parte da rotina do
brasileiro saber das descobertas científicas que ocorre no Brasil? Não! . O brasileiro não está
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
“nem ai” com Niède Guidon alguns poucos a conhecem; a educação cultural é totalmente
externa, ou seja, por conta disso o cidadão não sabe ou sabe muito pouco de sua cultura e de
sua História, o conhecimento é baseado na produção de cultura externa. O povo foi moldado a
aceitar informação somente de um pólo de conhecimento científico (E.U.A).
Sem contar problemas sociais geopolíticos enfrentados no pais no século XXI, mal as
pessoas tem acesso a um computador, muitos dos pais mal terminaram a 4ª serie na maioria
da população (pobres) o povo brasileiro o verdadeiro a maioria a casta trabalhadora que
trabalha 8 horas por dia e ganha 520 reais por mês terá acesso as pesquisas arqueológicas? E
mesmo se chegar a passar no jornal mais assistido do Brasil, será que ele vai entender a
importância de ter encontrado registros de pedra lascada datado com 58 A.P? Não! Ver o
Corinthians perdendo é muito mais importante do que uma coisa estúpida assim. O que é
cidadania, cultura quando um pai vê um filho passando fome e indo mal na escola por conta
disso e por outros fatores; isto é culpa do cidadão imigrante do norte do pais ou do governo
que dificulta mais ainda para estas pessoas? Dificultam a coisas básicas o pólo do
conhecimento fica com poucos, nos burgueses e a classe média (minoria da população) , e
como fazer com que todos ou pelo menos a grade maioria tenha conhecimento disso? 1º
vencer os problemas sociais básicos criado pelo rápido crescimento populacional, 2º acesso a
informação, 3º entendimento dela vindo de uma boa educação básica, 4º a produção de
cultura do país tende ter nome próprio para todos ter pessoas com personalidade cultural e
social e muito mais fácil de identificar um informação preconceituosa e etc. Depois do povo
brasileiro ter noção de sua própria cultura (indígena) é bom ter olhos críticos para a
hegemonia ocidental(Portugueses) eles não estão errados mais também não estão totalmente
certos a consequências evolvidas causaram o desprezo de alguns quanto as pesquisas , ou seja
, “veio do Brasil então não tem importância “ “no que isso vai influenciar em minha vida”
talvez demore alguns séculos para que se crie “um nome próprio para o Brasil”
Tendo em verdade o Brasil tem o seu nome sua personalidade o seu Brasil, a raiz do
Brasil não fez arvores equivalentes, ou seja, o que adianta ter a cultura indígena e sociedade
mais igualitária do mundo se poucos sabem? Do que adianta ter o maior sitio arqueológico do
mundo se não tem estradas se as pessoas não tem dinheiro para ir para lá,se o governo se
preocupa mais com o seu umbigo, a população também se preocupara com o seu.”(3) (Transcrito
da forma que foi entregue).
Vamos tentar detalhar um pouco mais o raciocínio desenvolvido por esses estudantes; eles
iniciam com uma pergunta respondendo as questões problematizadoras que foram
apresentadas à turma para auxiliar as pesquisas e suas conclusões, como a questão: “E por que
a pré-história brasileira é tão desconhecida pelos próprios brasileiros?”.
“Por que os brasileiros não sabem das pesquisas arqueológicas?
Existem fatores na sociedade brasileira que dificultam ou chegam a impedir o acesso
ou até talvez à curiosidade do povo brasileiro.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
O povo brasileiro tem como o pensamento Ocidental em preponderância, ou seja, se
perguntar para um cidadão o que foi um índio ele vai ter somente uma visão! (das danças e de
uma cultura!) sendo assim a sociedade é Ignorante não só como os Índios, mas também nas
praticas Arqueológica.
Neste trecho o grupo apresenta que a cultura indígena não faz parte da cultura ocidental e nem da nacional.
(...) Imaginemos uma mulher comum da capital de são Paulo, vai ao trabalho volta
cuida dos filhos, assiste o jornal, faz parte da rotina do brasileiro saber das descobertas
científicas que ocorre no Brasil? Não! . O brasileiro não está “nem ai” com NièdeGuidon
alguns poucos a conhecem; a educação cultural é totalmente externa, ou seja, por conta disso
o cidadão não sabe ou sabe muito pouco de sua cultura e de sua História, o conhecimento é
baseado na produção de cultura externa. O povo foi moldado a aceitar informação somente de
um pólo de conhecimento científico (E.U.A).
Sem contar problemas sociais geopolíticos enfrentados no pais no século XXI, mal as
pessoas tem acesso a um computador, muitos dos pais mal terminaram a 4ª serie na maioria
da população (pobres) o povo brasileiro o verdadeiro a maioria a casta trabalhadora que
trabalha 8 horas por dia e ganha 520 reais por mês terá acesso as pesquisas arqueológicas? E
mesmo se chegar a passar no jornal mais assistido do Brasil, será que ele vai entender a
importância de ter encontrado registros de pedra lascada datado com 58 A.P? Não!
Nesse momento o grupo apresenta mesmo que sem usar a nomenclatura que usaremos, estes
estudantes questionam o papel social das ciências, da arqueologia e da história como também
o papel do desenvolvimento cientifico no Brasil.
As Ciências, a História e a Arqueologia, são questionadas no seu desenvolvimento como
instrumentos culturais inacessíveis e com pouca ou nenhuma inserção concreta na vida da
ampla maioria da população pobre das grandes áreas urbanas. Apresentam como um dos
entraves da ampliação cultural desta população a baixa escolaridade e o analfabetismo digital.
Ver o Corinthians perdendo é muito mais importante do que uma coisa estúpida
assim. O que é cidadania, cultura quando um pai vê um filho passando fome e indo mal na
escola por conta disso e por outros fatores; isto é culpa do cidadão imigrante do norte do pais
ou do governo que dificulta mais ainda para estas pessoas? Dificultam a coisas básicas o pólo
do conhecimento fica com poucos, nos burgueses e a classe média (minoria da população) , e
como fazer com que todos ou pelo menos a grade maioria tenha conhecimento disso? 1º
vencer os problemas sociais básicos criado pelo rápido crescimento populacional, 2º acesso a
informação, 3º entendimento dela vindo de uma boa educação básica, 4º a produção de
cultura do país tende ter nome próprio para todos ter pessoas com personalidade cultural e
social e muito mais fácil de identificar um informação preconceituosa e etc.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Nesse trecho demonstram que os conceitos de cidadania e o acesso ao conhecimento esbarram
nas dificuldades econômicas das classes trabalhadoras, como entraves concretos que
inviabilizam o acesso aos bens culturais e, consequentemente, a própria cidadania.
Depois do povo brasileiro ter noção de sua própria cultura (indígena) é bom ter olhos
críticos para a hegemonia ocidental(Portugueses) eles não estão errados mais também não
estão totalmente certos a consequências evolvidas causaram o desprezo de alguns quanto as
pesquisas , ou seja , “veio do Brasil então não tem importância “ “no que isso vai influenciar
em minha vida” talvez demore alguns séculos para que se crie “um nome próprio para o
Brasil”
Tendo em verdade o Brasil tem o seu nome sua personalidade o seu Brasil, a raiz do
Brasil não fez arvores equivalentes, ou seja, o que adianta ter a cultura indígena e sociedade
mais igualitária do mundo se poucos sabem? Do que adianta ter o maior sitio arqueológico do
mundo se não tem estradas se as pessoas não tem dinheiro para ir para lá,se o governo se
preocupa mais com o seu umbigo, a população também se preocupara com o seu”.
Nesse último trecho da conclusão feita por esse grupo demonstram como o preconceito ao
nacional, ao local se expressa na nossa sociedade em relação a nossa cultura, pesquisas,
ciências, valores e possuem uma perspectiva pessimista para isso ser superado, pensam que
talvez “demore alguns séculos”.
E encerram a conclusão aprofundando que além de todas as dificuldades de acesso cultural
ainda existem as dificuldades de acesso material devido à ausência de estradas e ausência de
políticas públicas para conservação e divulgação do patrimônio arqueológico, histórico e
etnológico nacional.
Todo preconceito secular fruto da violenta dominação e extermínio genocida que a sociedade
capitalista dependente impôs sobre esses povos que não foram submetidos a serem submissos
e por outro lado, também destruiu os povos indígenas que fizeram acordo com os portugueses
lhes impondo a submissão, escravidão, exploração, foi percebido e questionado pelos
estudantes deste grupo de pesquisa e compartilhado com a sua classe e também qual o papel
social da arqueologia e também da história como ciência; apresentam sua visão sobre como
deve ser a solução dos problemas nacionais.
Trabalho desenvolvido no 2º ano EM
No segundo ano do EM damos continuidade a partir dos capítulos: 25 – Povos da América do
Sul e 27 – Portugueses na América do livro didático - Divalte – História: volume único. (4).
E também com o paradidático: Koshiba, Luiz – O índio e a conquista portuguesa. (5)
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Os capítulos são explanados, as atividades corrigidas, o livro paradidático é para leitura
extraclasse e para avaliação com uma aula para esclarecimentos específicos do livro
paradidático.
Em 2011 fizemos uma avaliação misturando questões dissertativas de compreensão do texto
do livro paradidático e questões das Olimpíadas Brasileiras de História do Brasil (1ª, 2ª e 3ª
edição).
E para concluir as classes são divididas em grupos para apresentarem um jornal mural sobre o
“Ontem e Hoje” dos povos indígenas.
Neste jornal mural deve constar:
- Nome do jornal mural;
- Título das reportagens;
- Imagens e suas legendas (mapas com localização geográfica, gráficos, fotografias
e/ou desenhos);
- Assinatura dos textos;
- Anuncio de patrocínio (se houver);
- Um Box com expediente: Etec/EM/Disciplina/Profª/Turma/Nomes. (6)
Como o objetivo é desenvolver a competência da comparação entre diferentes momentos
históricos para a percepção das transformações e permanências onde procuramos orientar os
grupos a procurar a história desses povos e os seus principais problemas, suas características
culturais.
Os jornais murais realizados com mais esmero são expostos na escola na área de exposição
permanente.
A respeito dos principais problemas todos os povos escolhidos referentes ao território
brasileiro apresentaram conflitos pela posse da terra e os principais problemas em relação à
constatação das mudanças que qualquer grupo social vive, aflorando o arraigado senso
comum de que a cultura para ser legitima é estática. (7)
Mais uma vez é a presença do processo de colonização em que a empreitada colonial nos
moldes mercantilistas deixou o registro da imperiosa necessidade de destruir as sociedades
igualitárias e coletivas, com o capitalismo dependente de hoje necessitando destruir os
vestígios de que existiram pessoas sobre a face da Terra que viveu assim neste pedaço do
Novo Mundo.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
As atividades do jornal mural foram desenvolvidas nos anos de 2009 e 2011, segue tabela
com algumas informações para auxiliar a compreensão da pesquisa desenvolvida pelos
estudantes.
Em 2010 foram feitos os jornais murais e os com aparência agradável e conteúdo correto
foram expostos, mas não houve apresentação em sala para a classe; com uma turma o
convívio foi muito difícil devido à presença de estudantes simpatizantes do nacional
socialismo alemão que já no primeiro ano do EM tiveram muita resistência em realizar as
atividades de pesquisa sobre a pré-história brasileira, a divergência em estudar e conhecer
uma sociedade onde não havia propriedade privada foi muito intenso, inclusive nos temas
sobre o socialismo no século XIX na Europa e na Revolução Russa, Chinesa e Cubana. Por
isso, optamos por um procedimento conteudista visando exclusivamente o vestibular.
Os questionamentos sobre a atividade de apresentar os jornais murais para a própria classe
surgiu novamente em 2011; mas não pelos mesmos motivos, mas sim por um forte
pensamento europocentrista onde o estudo dos capítulos do livro didático voltados para a
história europeia seria mais importante que pesquisar como os indígenas viveram no passado
e como vivem hoje; foi explicado a lei 11.645/08 e que compreender os conflitos que
envolvem os povos indígenas atualmente complementa a formação preparatória ao vestibular
no quesito atualidades, e, além disso, é um tema que auxilia a romper com esse pensamento
europocentrista focado na história dos países europeus, portanto, importante o debate para
justificar a necessidade da atividade ser realizada.
Segue tabela com os povos indígenas, o nome que o grupo deu ao jornal mural qual pesquisa
o grupo apresenta para o ontem do povo indígena escolhido e para o hoje e a localização
geográfica desse povo indígena.
2009 – 2º B Povo escolhido
Nome do Jornal Mural
Ontem Hoje Localização
Xacriabá Xacriabá Conflito posse da terra
Professores indígenas Projeto posto de saúde com medicina indígena
MG
Guaranis Diário Indígena
Aldeia urbana Divididos em dois grupos Processo de favelização
SP
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Guajás Folha do Índio
Nômades Perda de território para a Vale (empresa)
MA
6ª Olimpíada dos Povos Indígenas (1 a 8/11/09)
Oca News Povos sem prática esportiva entre si
Aumento do convívio, organização.
Palmas, TO
Kaiapós Diário Kaiapó
Agricultores Biblioteca com suas histórias em Altamira - PA
PA
Bororós Porrudo News
Caçadores, coletores com alguma agricultura.
Alcoolismo e o Projeto Alcoólico Indígena
MT
Ianomâmis Ianomâmi News
Isolados Conflitos pela posse da terra, pois território é rico em minérios.
AM
Apesar de não termos registro fotográfico destes trabalhos as anotações das apresentações nos
remetem ao debate sobre a concepção estática de cultura, portanto, os povos indígenas para
continuarem indígena deveriam permanecer em suas atividades culturais sem transformações
e um tema mais polêmico, envolvendo o direito a exploração do subsolo estabeleceu-se na
apresentação sobre os Ianomâmis, com claras posições contrárias a autonomia territorial deste
povo no local em que os mesmos reivindicam como sua terra, devido à riqueza mineral do
subsolo.
Outro elemento presente é a concepção de que jornal é melhor em inglês – “News”.
2009 – 2º A Povo escolhido
Nome do Jornal Mural
Ontem Hoje Localização
Tupi Catuboré Tupi (A Flauta Mágica Tupi)
Oral Lendas e crenças para adorar os antepassados
Brasil
Visão geral dos povos indígenas
A Oca do Índio
Etnias da bacia do Alto Rio Negro até a Colômbia vivem lá há pelo menos 2 mil anos.
No Brasil são aproximadamente 300 mil indígenas de norte a sul, alguns povos são aculturados outros não.
AM, Brasil
Potiguaras Porandubas (Pequenas noticias em
Quase extintos Ensino infantil e primário em tupi. Dicionário com 30
RN
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
tupi guarani) mil verbetes de origem tupi guarani
Ianomâmis Aimarás Tupiniquins Caetés Tupinambás
Diário Histórico
Diversidade étnica da América do Sul
Problemas para demarcar território
América do Sul
Bororó Índios News Ritual para tudo, no século XIX eram 10 mil
Problemas com alcoolismo, hoje são 1024 índios.
MS
Tupinambás Carapalida News
Guerreavam entre si, elemento fundamental para canibalismo
Denuncias no Fórum Social Mundial.
BA
Terenas Tec News Pacificos Adaptam-se as instituições da sociedade brasileira.
Brasil
Kaingang A Tribo Relação inicial com a SPI – Sociedade de Proteção Indígena.
Conflito pela posse da terra.
PR e RS
Caiapós Os Caiapós Vários rituais para caça e roçado.
Apoio internacional a partir dos anos 90 do século XX. Alugam suas terras para madeireiras.
PA
Nesta sala apesar de também relacionar noticiário à concepção de que jornal é melhor em
inglês – “News”; a perspectiva mais presente é a questão cultural e suas transformações, com
um jornal mural com temática diferente sobre a mitologia indígena que não há registro nos
livros didáticos de ensino médio; a adaptação ou não as instituições não indígenas, a questão
do alcoolismo fruto dos referenciais históricos de vida comunitária e também a resistência na
luta pela posse da terra, atividade de denuncia no Fórum Social Mundial.
2011 – 2º A Povo escolhido
Nome do Jornal Mural
Ontem Hoje Localização
Sambaqui Sambaqui Povos que desapareceram.
Vestígios O governo não investe em pesquisas.
Litoral do Sudeste e Sul do Brasil
Marajoara Nota Diária 1000 anos antes Somente vestígios PA
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
dos portugueses chegarem.
arqueológicos.
Parque Nacional do Xingu
Xingu Território formado para abrigar vários povos.
Conflito por causa da construção da Usina de Belo Monte
TO
Huastecas Mexindigena Povo pré-hispanico dominados pelos astecas
Todo ano tem o Festival Huasteca em agosto.
México
Tupinambá Tupinambá “Cardápio canibal”
Conflito pela posse da terra.
Litoral brasileiro.
Nesta turma podemos observar que a presença de povos indígenas do período anterior a
chegada dos europeus tanto no Brasil quanto na América Central esteve presente na
compreensão sobre o Ontem e o Hoje em três jornais murais: “Sambaqui”, “Marajoara” e
“Huastecas” e o conflito pela posse das terras sempre presente para os povos indígenas que
possuem agrupamentos ainda vivos. Outro elemento que se destaca é que para um povo
completamente anterior a chegada dos europeus como os sambaquiqueiros é que o hoje diz
respeito à política pública de preservação patrimonial.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Fi
Figura 1 - Jornal Mural "Sambaqui”
2011 – 2º B Povo escolhido
Nome do Jornal Mural
Ontem Hoje Localização
Katukina Jornal Kutukano (de cutucar)
Isolados. Conflito pela posse da terra.
AC
Tupinambá A Folha Canibal Quase extintos. Conflitos pela posse da terra com fazendeiros e hoteleiros.
BA
Yanomâmis YanomâmiThêpê Casas coletivas. Conflito pela posse da terra com garimpeiros e boiadeiros.
AM
Bororó Índios Bororo Quase extintos em 1932.
Em 1980 voltam a crescer e enfrentam conflitos pela posse da terra.
Bacia dos rios Araguaia e São Lourenço - MT
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Kuikuro Xingu News Cidades com 50 mil índios
Conflitos pela posse da terra sofreram três divisões de terras
MT
Potiguaras Jornal Ameríndio
Comedores de camarão e antropofágicos
Criada a assessoria indígena dirigida por Sandro Potiguara em maio de 2011.
PB
2011 – 2º C Povo escolhido
Nome do Jornal Mural
Ontem Hoje Localização
Yanomâmi -1500. Um outro olhar sobre os primeiros habitantes do Brasil
Isolamento Conflito de terras e patrimônio genético roubado por cientistas dos EUA.
AM, RO e Venezuela
Xucurus Jornal Indígena
Perda do território desde 1654.
Conflitos pela posse da terra.
PE
Bororós O Mensageiro
Território da atual Bolívia até o rio Araguaia.
Problemas com epidemias.
MT
Tumbalalá Jornal Toré Junção de várias etnias.
Conflitos pela posse da terra.
BA
Chachapoya Chacha News Etnia dominada pelos Incas.
Foram extintos pelos espanhóis.
Peru
Tupinambás Tribo News Quase exterminados faziam antropofagia ritualística.
São apenas três núcleos.
BA divisa com ES. (8)
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Figura 2 - Jornal Mural "-1500. Um Outro Olhar sobre os Primeiros Habitantes do Brasil"
Podemos observar uma forte tendência a pesquisar povos historicamente constituídos no
contato com o colonizador, a presença de termos considerados politicamente incorretos como
índios em vez de indígenas; tribos no lugar de aldeias; enfim, a linguagem da destruição
desses povos.
Com as fotografias desejamos demonstrar os jornais murais que consideramos realizados com
mais esmero, a partir da iniciativa do grupo responsável pelo jornal mural “-1500. Um outro
olhar sobre os primeiros habitantes do Brasil” os grupos dos jornais murais “Jornal Indígena’,
“Tribo News” e “Chacha News” procuraram pesquisar grafismos diferentes para o contorno
da borda de seus jornais murais sem repeti-las. Para tanto usaram o Guia temático das
sociedades indígenas. (9)
E também a forte presença do idioma inglês para qualificar o nome dos jornais murais como
da força do idioma inglês como instrumento de comunicação para esses estudantes.
Em 2011 percebemos a presença e a relação que povos conhecidos apenas por seus vestígios
arqueológicos também são apresentados como povos indígenas e possuindo uma atualidade a
partir da atividade arqueológica onde podemos inferir que esses estudantes relacionam os
antigos povos das Américas como povos milenares.
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Referencias bibliográficas:
1- http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/historia/pre_historia_brasil_
e_america/pre_historia/1_4_idade_pre_historia_brasil. Adaptado a linha do tempo
usada pela Universidade Católica da Goiás.
2 – GUARINELLO, Luiz Norberto - Os Primeiros Habitantes do Brasil–SP: Atual, 1998
(Coleção A Vida no Tempo do Índio).
3 – Pesquisa apresentada pelos estudantes: Ian de Moura, Luis Henrique, Matheus
Monteiro, Gérson Roberto, Ronaldo Braga, Rômulo Moraes em maio de 2011 do 1º EM C.
4 - DIVALTE – História: volume único – 3ª ed. – São Paulo: Ática, 2007.
5 - KOSHIBA, Luiz – O índio e a conquista portuguesa – SP: Atual, 1994. (Coleção
Discutindo a história do Brasil).
6 – Caderno do Aluno (Adaptado) EF – 8ª série– Ciências Humanas e suas
tecnologias – História – FDE/SEE/SP - volume 1, 2009– p. 37.
7 – Programa de Educação Patrimonial na área de abrangência do gasoduto Coari –
Manaus/ Guia Temático – Diversidade Cultural – MAE/USP; Petrobras.
8 – Minhas anotações nos cadernos de anotações das atividades desenvolvidas em sala de
aula para os 2ºs anos do EM nos anos de 2009, 2010 e 2011 na disciplina de História na Etec
Dr. Emílio Hernandez Aguilar.
9 - Guia temático: ORIGENS E EXPANSÃO DAS SOCIEDADES INDÍGENAS. MAE-USP
Referencias das fotografias:
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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Figura 3 - Jornal Mural "Sambaqui”, jornal mural elaborado pelas estudantes Daiane Farias da Silva; Dauana Sousa de Oliveira; Fabíola Alves da Silva da Silva e Tamar Vieira de Jesus.
Figura 4 - Jornal Mural "-1500. Um Outro Olhar sobre os Primeiros Habitantes do Brasil", jornal pelos estudantes Andressa Lorena da Silva, Ângela Cerqueira Sousa, Carla de Sousa Nascimento, Josiane Cristini Negreli Nagel e Saulo Ribeiro C. Liobino Silva.
As fotografias são da estudante Ana Beatriz da Silva Mancz.