12
Questionário Direito Penal I – Parte Geral 1 – Explique as três fases da evolução histórica do direito penal. 2 – Explique a divergência doutrinária sobre a finalidade do direito penal em Birbaum e Gunther Jakobs. Esse raciocínio a respeito da finalidade protetiva de bens jurídicos atribuída ao Direito Penal teve início com Birnbaum, em 1834. Antes dele, Feuerbach afirmava que o Direito Penal tinha por fim proteger direitos subjetivos, pois o delito significava uma lesão de um direito subjetivo alheio. Portanto, desde Birnbaum a doutrina majoritária tem afirmado ser esta a finalidade do Direito Penal. No entanto, atualmente, parte da doutrina tem contestado esse raciocínio, a exemplo do Prof. Günther Jakobs, que afirma que o Direito Penal não atende a essa finalidade de proteção de bens jurídicos, pois, quando é aplicado, o bem jurídico que teria de ser por ele protegido já foi efetivamente atacado. Para Jakobs, o que está em jogo não é a proteção de bens jurídicos, mas, sim, a garantia de vigência da norma, ou seja, o agente que praticou uma infração penal deverá ser punido para que se afirme que a norma penal por ele infringida está em vigor. Conforme destacado por Guillermo Portilla Contreras, para Jakobs, "o essencial no Direito Penal não é a proteção de bens jurídicos senão a proteção de normas, dado que os bens se convertem em jurídicos no momento em que são protegidos normativamente"; e continua dizendo que "o delito já não se caracterizará pelo conceito de dano social, senão pelo de infidelidade ao ordenamento, e a pena cumprirá a missão de confirmar o mandato jurídico como critério orientador das relações sociais”. 3 – Conceitue direito penal objetivo e subjetivo. Denomina-se direito penal objetivo o conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. Somente o Estado, na sua função de promover o bem comum e combater a criminalidade, tem o direito de

Questionário D.P - respostas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Questionário D.P - respostas

Questionário Direito Penal I – Parte Geral

1 – Explique as três fases da evolução histórica do direito penal.

2 – Explique a divergência doutrinária sobre a finalidade do direito penal em Birbaum e Gunther Jakobs.

Esse raciocínio a respeito da finalidade protetiva de bens jurídicos atribuída ao Direito Penal teve início com Birnbaum, em 1834. Antes dele, Feuerbach afirmava que o Direito Penal tinha por fim proteger direitos subjetivos, pois o delito significava uma lesão de um direito subjetivo alheio. Portanto, desde Birnbaum a doutrina majoritária tem afirmado ser esta a finalidade do Direito Penal. No entanto, atualmente, parte da doutrina tem contestado esse raciocínio, a exemplo do Prof. Günther Jakobs, que afirma que o Direito Penal não atende a essa finalidade de proteção de bens jurídicos, pois, quando é aplicado, o bem jurídico que teria de ser por ele protegido já foi efetivamente atacado. Para Jakobs, o que está em jogo não é a proteção de bens jurídicos, mas, sim, a garantia de vigência da norma, ou seja, o agente que praticou uma infração penal deverá ser punido para que se afirme que a norma penal por ele infringida está em vigor. Conforme destacado por Guillermo Portilla Contreras, para Jakobs, "o essencial no Direito Penal não é a proteção de bens jurídicos senão a proteção de normas, dado que os bens se convertem em jurídicos no momento em que são protegidos normativamente"; e continua dizendo que "o delito já não se caracterizará pelo conceito de dano social, senão pelo de infidelidade ao ordenamento, e a pena cumprirá a missão de confirmar o mandato jurídico como critério orientador das relações sociais”.

3 – Conceitue direito penal objetivo e subjetivo.

Denomina-se direito penal objetivo o conjunto de normas que regulam a ação estatal, definindo os crimes e cominando as respectivas sanções. Somente o Estado, na sua função de promover o bem comum e combater a criminalidade, tem o direito de estabelecer e aplicar essas sanções. É, pois, o único e exclusivo titular do “direito de punir” (jus puniendi) que constitui o que se denomina direito penal subjetivo.

4 – Quais são os princípios regentes do Direito Penal?

5 – Explique os princípios da intervenção mínima e da taxatividade.

Princípio da intervenção mínima:

Page 2: Questionário D.P - respostas

Princípio da taxatividade:

6 – Explique os princípios da individualização da penal e da proporcionalidade, bem como seus fundamentos constitucionais.

Individualização da pena:

Proporcionalidade:

7 – Explique a origem do princípio da insignificância ou bagatela e dê exemplo(s).

8 – Explique o princípio da adequação social e dê exemplo.

Na precisa lição de Luiz Regis Prado, "a teoria da adequação social, concebida por Hans Welzel, significa que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da yida historicamente condicionada". Ex.: jogo do bicho

9 – Qual a diferença essencial entre o DP e os demais ramos do Direito?

10 – Classifique as normas penais.

Page 3: Questionário D.P - respostas

11 – Explique o que é a extratividade da lei penal e qual o princípio reitor desse fenômeno?

Chamamos de extra-atividade a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência, desde que benéficas ao agente. Temos, portanto, a extra-atividade como gênero, do qual seriam espécies a ultra-atividade e a retroatividade.

12 – Explique a ultra-atividade e a retroatividade da lei penal.

Fala-se em ultra-atividade quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante sua vigência; retroatividade seria a possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor.

13 – Defina novatio legis in mellius e novatio legis in pejus e dê exemplo de cada uma.

A lei nova, editada posteriormente à conduta do agente, poderá conter dispositivos que o prejudiquem ou que o beneficiem. Será considerada novatio legis in pejus, se prejudicá-lo; ou novatio legis in mellius, se beneficiá-lo.

14 – Qual o entendimento do STF para notio legis in pejus nos crimes permanentes e continuados?

Em 24 novembro de 2003, o Supremo Tribunal Federal aprovou, em sua sessão plenária, a Súmula de nº 711, ratificando o entendimento assumido por aquela Corte no sentido de que: Súmula nº 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Dessa forma, nos casos expostos, deverá ter aplicação a lei B, desde que não tenha cessado a permanência ou a continuidade das infrações penais até o início da vigência da lexgravior.

15 – Explique o instituto da abolitio criminis temporalis.

Tem-se entendido por abolitio criminis temporalis, ou suspensão da tipicidade, a situação na qual a aplicação de determinado tipo penal encontra-se temporariamente suspensa, não permitindo, consequentemente, a punição do agente que pratica o comportamento típico durante o prazo da suspensão.

16 – Explique o princípio da continuidade normativa-típica abarcado pela revogação do art. 214 do CP, face a lei 12.015/09.

17 – Em que consiste a lei temporária?

Considera-se temporária a lei quando esta traz expressamente em seu texto o dia do início, bem como o do término de sua vigência.

18 – Explique o que significa o instituto da lei penal no espaço.

Page 4: Questionário D.P - respostas

19 – Explique as teorias que tentaram definir o lugar do crime (art. 6º do CP) e qual a teoria adotada pelo Direito Penal Brasileiro.

20 – A extraterritorialidade incondicionada está relacionada à quais princípios?

21 – Descreva quais princípios estão relacionados a extraterritorialidade condicionada.

22 – Explique e dê exemplos dos princípios utilizados para solução do conflito aparente de normas.

23 – Explique e exemplifique os casos de normas penais incriminadoras.

As normas penais incriminadoras têm a função de definir as infrações penais, proibindo (crimes comissivos) ou impondo (crimes omissivos) a prática de condutas, sob a ameaça expressa e específica de pena, e, por isso, são consideradas normas penais em sentido estrito1. Essas normas, segundo uma concepção universal, compõem-se de dois preceitos: 1) preceito primário, que encerra a norma proibitiva ou mandamental, ou, em outros termos, -que descreve, com objetividade, clareza e precisão, a infração penal, -comissiva ou omissiva; 2) preceito secundário, que representa a cominação abstrata, mas individualizada, da respectiva sanção penal.

24 – Quais são as finalidades das normas penais não incriminadoras?

25 – Conceitue norma penal em branco e explique suas espécies.

Page 5: Questionário D.P - respostas

São normas penais em branco, aquelas cujo preceito primário (descrição da conduta) é indeterminado quanto a seu conteúdo, porém determinável, e o preceito sancionador é sempre certo. Dividem-se em: a) normas impropriamente em branco, que se valem de fontes formais homogêneas, em outras palavras, são as que possuem o complemento em norma de igual hierarquia. Ex„ os impedimentos matrimoniais descritos no tipo do crime do art. 237 (casar-se conhecendo tais impedimentos) não encontrados no Código Civil, que possui o mesmo status legal do Código Penal; b) normas propriamente em branco, que se utilizam de fontes formais heterogêneas, porque o órgão legiferante é diverso, ou seja, buscam o complemento em norma de inferior hierarquia. Ex.: o crime contra a economia popular, referente à transgressão de tabela de preços, encontra o complemento elaboração da tabela, em norma estabelecida por órgão do Poder Executivo, de diferente fonte normativa.

26 – Há no direito brasileiro diferença entre crime e delito?

27 – Há no direito brasileiro diferença entre crime e contravenção?

O direito penal estabeleceu diferença entre crime (ou delito) e contravenção penal, espécies de infração penal Entretanto, essa diferença não é ontológica ou essencial, situando-se, tão somente, no campo da pena. Os crimes sujeitam seus autores a penas de reclusão ou detenção, enquanto as contravenções, no máximo, implicam em prisão simples. Embora sejam penas privativas de liberdade, veremos as diferenças existentes entre elas em capítulo próprio. Além disso, aos crimes cominam-se penas privativas de liberdade, isolada, alternativa ou cumulativamente com multa, enquanto, para as contravenções penais, admite-se a possibilidade de fixação unicamente da multa (o que não ocorre com os crimes), embora a penalidade pecuniária possa ser contada em conjunto com a prisão simples ou esta também possa ser prevista ou aplicada de maneira isolada (art. l.° da Lei de Introdução ao Código Penal).

28 – Quais são as espécies de infrações penais?

29 – Quais são os elementos do fato típico?

30 – Quais os elementos da conduta?

31 – Conceitue e explique tipicidade penal.

32 – Explique a finalidade do consentimento do ofendido no estudo dos elementos do crime.

Page 6: Questionário D.P - respostas

33 – Quais os requisitos para que o consentimento do ofendido exclua a antijuridicidade?

34 – O que é conduta?

No prisma jurídico, o conceito de conduta adquire diferentes pontos de vista. Na visão finalista, que adotamos, conduta é a ação ou omissão, voluntária e consciente, implicando em um comando de movimentação ou inércia do corpo humano, voltado a uma finalidade.

35 – Quais as espécies de conduta?

36 – Explique o que é crime omissivo e suas espécies (omissão própria e imprópria).

Nos crimes omissivos, ao contrário, há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei ao agente, como no crime de omissão de socorro, previsto no art.135 do Código Penal. A omissão, na definição de René Ariel Dotti, "é a abstenção da atividade juridicamente exigida. Constitui uma atitude psicológica e física de não-atendimento da ação esperada, que devia e podia ser praticada. 0 conceito, portanto, é puramente normativo". Diz-se que sua conduta, aqui, é negativa. Os crimes omissivos ainda podem ser próprios (puros ou simples) ou impróprios (comissivos por omissão ou omissivos qualificados). Crimes omissivos próprios, na precisa definição de Mirabete, "são os que objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico",10 ou seja, são delitos nos quai s existe o chamado dever genérico de proteção, ao contrário dos crimes omissivos impróprios, em que somente as pessoas referidas no § 2a do art. 13 do Código Penal podem praticá-los, uma vez que para elas existe um dever especial de proteção. Para que se possa falar em crime omissivo impróprio é preciso que o agente se encontre na posição de garante ou garantidor, isto é, tenha ele obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o resultado; ou, com o seu comportamento anterior tenha criado o risco da ocorrência do resultado.

37 – Quais são as hipóteses de ausência de conduta?

Se o agente não atua dolosa ou culposamente, não há ação. Isso pode acontecer quando o sujeito se vir impedido de atuar, como nos casos de:

a) força irresistível;

b) movimentos reflexos;

c) estados de inconsciência.

38 – A embriagues intencional ou culposa exclui o crime ou a imputabilidade penal?

No caso de embriaguez completa, desde que não seja proveniente de caso fortuito ou de força maior, embora não tenha o agente se embriagado com o fim de praticar qualquer

Page 7: Questionário D.P - respostas

infração penal, mesmo que não possua a menor consciência daquilo que faz, ainda assim será responsabilizado pelos seus atos. Isso porque o art. 28, II, do Código Penal determina:

Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:

I - [...] ;

II - a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.

39 – Quais os passos que compõe o inter criminis?

40 – O que é o tipo penal?

N a definição de Zaffaroni, "o tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes".

41 – O que é tipicidade?

Tipicidade quer dizer, assim, a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador, ou, conforme preceitua Munoz Conde, "é a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz na lei penal. Por imperativo do princípio da legalidade, em sua vertente do nullum crimen sine lege, só os fatos tipificados na lei penal como delitos podem ser considerados como tal".

42 – Explique a tipicidade conglobante.

Para que se possa falar em tipicidade conglobante é preciso que:

a) a conduta do agente seja antinormativa;

b) que haja tipicidade material, ou seja, que ocorra um critério material de seleção do bem a ser protegido.

A tipicidade conglobante surge quando comprovado, no caso concreto, que a conduta praticada pelo agente é considerada antinormativa, isto é, contrária à norma penal, e não imposta ou fomentada por ela, bem como ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal (tipicidade material).

43 – Quais são os elementos objetivos, e dê exemplo.

Os elementos objetivos são identificados pela simples constatação sensorial, isto é, podem facilmente ser compreendidos somente com a percepção dos sentidos. Referem-se a objetos, seres, animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. Os elementos objetivos não oferecem, de regra, nenhuma dificuldade, a não ser a sua cada vez menor utilização na definição das infrações penais.

44 – Quais os elementos subjetivos do tipo penal?

Page 8: Questionário D.P - respostas

Elementos subjetivos são' dados ou "circunstâncias que pertencem ao campo psíquico-espiritual e ao mundo de representação do autor”. São constituídos pelo elemento subjetivo geral — dolo e elementos subjetivos especiais do tipo'— elementos subjetivos do injusto — que pertencem ao tipo subjetivo e, por razões metodológicas, serão analisados, quando examinarmos o tipo subjetivo do injusto.

45 – Qual a classificação doutrinária para os tipos penais com mais de um núcleo?

46 – Qual a classificação doutrinária para os sujeitos ativos de crime?

47 – A pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime? Explique.

Como não poderia deixar de ser, não há possibilidade de ser aplicada à pessoa jurídica pena privativa de liberdade, por absoluta impossibilidade no seu cumprimento. As demais sanções, desde que havendo previsão legal para elas, poderiam como podem ainda, ser aplicadas pelo Direito Administrativo, no exercício de seu poder de polícia.

48 – No estudo da teoria do crime, o que é o objeto material?

Objeto material: é a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta criminosa do agente. No furto, o objeto do delito será a coisa alheia móvel subtraída pelo agente; no homicídio, será o corpo humano etc.

49 – Quais as funções do tipo penal?

De um modo geral, atribuem-se inúmeras funções ao tipo penal, dentre as quais destacam-se como fundamentais as seguintes: a função indiciária, a função de garantia e a função diferenciadora do erro.

50 – Conceitue tipo doloso.

51 – Conceitue tipo culposo.

52 – Quais os elementos do tipo culposo?

53 – Diferencie previsibilidade objetiva de previsibilidade subjetiva.

54 – Quais as hipóteses de inobservância de dever objetivo de cuidado nos crimes culposos? Exemplifique cada uma delas.

Page 9: Questionário D.P - respostas

55 – Conceitue relação de causalidade.

56 – Dentre as teorias adotadas para explicar a relação de causalidade, qual a adotada pelo direito brasileiro?

57 – O que é conditio sine qua non?

58 – Em que consiste o processo hipotético de Thirén?

59 – O que são causas absolutamente independentes e quais suas conseqüências?

60 – O que são causas preexistentes relativamente independentes e quais são as consequências?

61 – O que são causas concomitantes relativamente independentes e quais as consequências?

62 – O que são causas supervenientes relativamente independentes e quais as consequências?

63 - Pode a omissão ser causa do resultado?

64 – Explique a posição de garantidor prevista no art. 13, § 2º do CP.