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DIREITO COMUNITÁRIO I 2009 ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 1 QUESTÕES DIREITO COMUNITÁRIO Lisboa, em 11 de dezembro de 2009 FONTES PRINCIPAIS : v DIREITO DA UNIÃO EUROPÉIA – ALMEDINA – FAUSTO QUADROS v A CRISE DAS FRONTEIRAS – EDIÇÕES COSMOS – LUÍS SÁ v APONTAMENTOS DAS AULAS DOS PROFESSORES – MARIA TERESA BRACINHA VIEIRA e LUIS PEDRO RUSSO SOARES FONTES SECUNDÁRIAS : v DICIONÁRIO DE POLÍTICA - NORBERTO BOBBIO, NICOLA MATTEUCCI E GIANFRANCO PASQUINO v WIKIPÉDIA

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ALTAMIRO RAJÃO - | DIREITO 1

QUESTÕES DIREITO COMUNITÁRIO

Lisboa, em 11 de dezembro de 2009FONTES PRINCIPAIS:

v DIREITO DA UNIÃO EUROPÉIA – ALMEDINA – FAUSTO QUADROSv A CRISE DAS FRONTEIRAS – EDIÇÕES COSMOS – LUÍS SÁv APONTAMENTOS DAS AULAS DOS PROFESSORES – MARIA TERESA BRACINHA

VIEIRA e LUIS PEDRO RUSSO SOARES

FONTES SECUNDÁRIAS:v DICIONÁRIO DE POLÍTICA - NORBERTO BOBBIO, NICOLA MATTEUCCI E GIANFRANCO PASQUINOv WIKIPÉDIA

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1. DISTINGUIR AS CARACTERÍSTICAS ENTRE OS QUE ENTENDEM O ESTADOCOMO OBJECTO DE INVESTIGAÇÃ O PARA A LOCALIZAÇÃ O DA SEDE DEPODER, E OS QUE DEFENDEM O CONCEITO DE EXTRATERRITORIALIDADEDO MESMO.Resposta:

Diante das transformações ocorridas, principalmente a partir dosanos 90, começaram a surgir os fenómenos da integração, Globalização dosRegionalismos, mas acima de tudo da Mundialização. Estas transformaçõescolocaram em choque os conceitos de Estado e de Território. Deixaram deter uma concepção clara diante do conceito de extraterritorialidade.

Esta espécie de dicotomia é discutida por diversas escolas. Senãovejamos:

Ø O Prof. Adriano Moreira entende que a análise do Poder e asua localização é mais um fenómeno de Ciência Politica do queinerente do conceito de Estado.

Ø Os Professores Paulo Otero e Adelino Maltez, entendem que oestudo da localização do Poder fora do Estado, é mais típicodas Universidades Norte-Americanas, enquanto o estudo doPoder dentro do Estado é um fenómeno que mais se estudanas Universidades Europeias.

Ø Também Jean Monnet chama a atenção para os níveis dedecisão na Europa, afirmando nomeadamente de que a sedede Poder não está ou não se localiza no local onde se exerce ovoto, dizendo mesmo: “a Comunidade não é um assunto nemexterno ou interno de cada Estado, mas possui sim elementosde cada um”.

Ø Maurice Duverger também afirma que “porque no principionão era o Estado, mas o Homem terá de ser o Estado a seHumanizar, e não o Homem que tem de se Estadualizar”; nestesentido podemos admitir que haja um Povo Comunitário quese venha a constituir em Nação.

Ao meu ver, a questão posta está centrada no instituto da Soberania. Oconceito de soberania atende à necessidade política de concentrar numa só instância omonopólio legal da força. Representa, ao mesmo tempo, uma reação ao exercíciofragmentado do poder político sobre um mesmo território.

Soberania é a autoridade de um estado para ditar ou eliminar normas, manter aordem e administrar a justiça. Dizer que um estado é soberano é o mesmo que afirmarque suas leis têm autoridade definitiva, ou seja, que não existe poder acima dele. A

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idéia de soberania tem profunda ligação com o conceito de poder político, poisconsiste na racionalização jurídica do poder, isto é, na transformação da força empoder legítimo, quando o poder de fato se torna poder de direito.

Vemos então a relação da Soberania ligada a sua actuação dentro de umdeterminado espaço geográfico. Por essa razão, que há diversas correntes dominantesque defendem a soberania do Estado dentro de um determinado território.

Ao longo do século XX, produziu-se uma limitação cada vez maior da soberaniaplena do estado como conseqüência do surgimento de organismos com autoridadesupranacional, como as Nações Unidas e a União Européia, e de pactos militares quelimitam a capacidade de atuação de cada país, de acordo com interesses coletivos dedefesa.

Como dito, na União Européia observamos o instituto daEXTRATERRITORIALIDADE DO EXERCÍCIO DO PODER. Este determina o carácter daactuação da UE entre os Estados Membros, por intermédio de suas ações legislativas,executivas, judiciais e de fiscalização. Estas ações são definidas pelo sistema orgânico(ógãos constituintes principais e complementares) da UE e das Comunidades, quevisam proteger os interesses comunitários, estendendo os seus efeitos a todos os seusintegrantes (Estados Membros, Estados Exíguos e Regiões Ultraperiféricas), em virtudedos Tratados, Planos, Convenções e/ou Princípios do Direito da União Européia.Portanto, esta é a idéia de que na UE, a sede de poder não está num só local.

2. EXPLIQUE A IDÉIA DE TERRITÓRIO COMO DEFINIDOS DE SEDE DE PODER DEUM ESTADO.Resposta:

Território é o termo que designa, em direito, uma parte determinada dasuperfície terrestre sujeita à soberania de um estado. Compreende o espaçoterrestre, aquático e aéreo.

A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceucom o Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania,isso não queria dizer que os Estados anteriores não tivessem território. Durante aIdade Média, com a multiplicação dos conflitos entre ordens e autoridades, tornou-se indispensável essa definição, e ela foi conseguida através de duas noções: a desoberania, que indicava o poder mais alto, e a de território, que indicava onde essepoder seria efetivamente o mais alto.

Com raríssimas exceções, os autores concordam em reconhecer o territóriocomo indispensável para a existência do Estado, embora o considerem de maneiras

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diferentes. Enquanto para muitos ele é elemento constitutivo essencial do Estado,sendo um dos elementos materiais indispensáveis, outros o aceitam como condiçãonecessária exterior ao Estado, chegando, como BURDEAU, à conclusão de que ele,conquanto necessário, é apenas o quadro natural, dentro do qual os governantesexercem suas funções. Bem diversa é a concepção de KELSEN, que, tambémconsiderando a delimitação territorial uma necessidade, diz que assim é porque taldelimitação é que torna possível a vigência simultânea de muitas ordens estatais.

3. O QUE ENTENDE POR APROXIMAÇÃO E BUSCA PLANETÁRIA.

Resposta:

A priori, devemos ter em mente que os Países estão sofrendo um choqueexistêncial quanto aos seus valores de Estado, Nação, Soberania, Território,Economia, etc. Estes dilemas a serem tratados numa nova visão de um mundoglobalizado, tem resultado numa crise de identidade.

Parafraseando Lévi-Strauss que disse o seguinte:

“(...) a crise de identidade seria o novo mal do século. Quando hábitos seculares vêmabaixo, quando gêneros de vida desaparecem, quando velhas solidariedadesdesmoronam, é comum, certamente, que se produza uma crise de identidade”.

O Estado em choque diante de conceitos seculares que são colocados porterra diante de uma nova realidade global. Este é um dos seus recentes desafios,que é a superação de determinados paradigmas relacionados a antiga concepção deEstado.

Um País ao se fechar em seu território numa perspectiva de defesa dosvalores de sua nação, diante do ufanismo do discurso da soberania, estarãodestinados ao isolamento global e fadados a um modelo mediévico feudal. Algoinconcebível nos dias de hoje.

Nesta concepção, Edgar Morin alertou a necessidade de que UE deveriasuperar estes conceitos, rumo ao “destino planetário”, senão vejamos:

“Há duas conversões a fazer, aparentemente contraditórias, mas na realidadecomplementares: uma que deve levar as pessoas a ultrapassar o conceito de Estadopara se chegar ao conceito de Nação, e outra, que deve levar a cultura da cadaEstado-membro na procura daquilo a que o Tratado da União Européia chama dedestino planetário”.

Portanto, entendo que a “aproximação e busca planetária” é tão somente,uma realidade global em que todos Países estão sujeitos aos efeitos de determinadosfenómenos (integração, Globalização dos Regionalismos, Mundialização, Blocos

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Económicos, etc) que resultam na aproximação destes Estados, que reunidos,buscam as soluções não apenas nacionais ou regionais, como também, numaperspectiva macro, verdadeiramente planetária.

Não podemos deixar de falar que estas idéias não são recentes. Talvez nostenhamos esquecido dos sinais semeados por KANT, ainda tão incompreendidos,dessa república universal entendida como uma exigência ética, no sentido de levarcada Estado a comportar-se como se todos os Estados existentes, formassem umEstado Mundial, uma civitas humana, a fim de poderem limitar-se os poderes doEstado-Leviathan.

4. O CONCEITO DE ESTADO NAÇÃO ABRANGERÁ O CONCEITO DE ESTADOResposta:

Chama-se ESTADO-NAÇÃO quando um território delimitado écomposto por um governo e uma população de composição étnico-culturalcoesa, sendo esse governo produto dessa mesma composição. Uma nação ésempre o resultado da história, uma obra de séculos. Desenvolve-se pormeio de provações, de sentimentos experimentados pelos homens, não rarodo emprego da força, ou ainda pela interação de elementos raciais eculturais. Tal definição, que sintetiza o consenso da maioria dosespecialistas, engloba os elementos essenciais para a constituição danacionalidade: tradição comum de cultura, origem e raça (factoresobjetivos), e a consciência do grupo humano de que esses elementoscomunitários estão presentes (factores subjetivos).

Já o conceito de Estado é a organização política de um país, ou seja, aestrutura de poder instituída sobre determinado território ou população.Poder, território e povo são, conseqüentemente, os elementoscomponentes do conceito de estado, que com eles deve estar identificado.

Portanto, ao meu ver, entendo que o conceito de Estado-Naçãoengloba a noção de Estado, uma vez que este envolve os elementosfundamentais de um estado (organização, política, poder, território epopulação), e aquele sobressai com os factores determinantes paraexistência de um Povo (laços históricos, culturais, raciais, econômicos,lingüísticos, consciência do grupo humano e elementos comunitários).

5. DEVE-SE MUITO FALAR EM EUROPA SOCIAL, QUE PROGRESSO FORAM FEITOS?

Resposta:

O pós-Guerra (1945) até os anos 1970, intensificou-se a implantação depolíticas sistemáticas de proteção nos países europeus, em variados graus eindependentemente de diferenças sócio- culturais ou de modelos econômicos e de

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governo. Sociedades plurais e igualitárias, com direitos assegurados pelo Estadosob prerrogativa de eficiência econômica, são preceitos do welfare state (estado dobem-estar) que alicerçaram a reconstrução da Europa.

Na prática, o welfare europeu fortaleceu a participação sindical, promoveu umaeficiente eqüidade, menor dispersão salarial e constituiu políticas públicas em renda,educação, saúde, emprego e assistência com bases seguramente mais generosas quenas demais partes do globo, inclusive, estando à frente dos Estados Unidos.

Diante das mudanças no capitalismo a partir dos anos 1970, críticos liberal-conservadores passaram a defender práticas desregulatórias, flexíveis e decrescente competitividade, com a mercantilização de amplos setores sociais. Essescríticos consideravam o modelo ultrapassado, pois combinaria disfuncionalidadesistêmica com incapacidade de reação diante das pressões demográficas e fiscais àsquais estava submetido. Mesmo à esquerda, o debate se deu em torno da “crise dowelfare”. Paralelamente aos efeitos da globalização, advieram as dificuldadestrazidas pelo processo de unificação política e econômica da Europadesenvolvendo-se a mais ampla e desafiadora experiência de governança no mundoatual – a experiência de unidade na diversidade. Esta realidade social faz-noscompreender melhor as relações entre o processo de unificação européia e osestados de bem-estar no continente. Ao contrário do que defendem alguns autores,o modelo social europeu está se adaptando lenta e cuidadosamente a essescontextos. Os países não estão adotando as mesmas políticas de mudanças parafacilitar o cenário econômico. Não se está copiando o modelo americano ou inglêsde crescimento e modernização econômica.

O modelo americano, que tem o Reino Unido como caso mais próximo naEuropa, se caracteriza por níveis bem mais reduzidos de proteção social: a saúdeuniversal está sob pressão, por exemplo, e a previdência tem nos fundos de pensãoprivados um elemento muito importante. Há grande relevância nos capitais de curtoprazo. A força de trabalho possui estrutura fluida, com sindicatos fracos, trabalhoflexível e uma dispersão salarial muito grande.

Portanto, vemos que há avanços no contexto comunitário, mas é precisocaminhar ainda mais. Mesmo diante destes desafios, é preciso dizer que a Europanão se ‘americanizou’, ainda que muitas mudanças estejam acontecendo.

6. “QUEM ACOLHE UM BENEFÍCIO COM GRATIDÃO, ACOLHE A SUA DÍVIDA COM AVIDA”

Resposta:Entendo que esta frase nos leva ao entendimento da política adotada

pelos Estados Membros e a UE como um todo, quanto ao Estado do bem-estar social (welfare state).

Por Estado do bem-estar social, entende-se como uma tendênciaeconômica que tem por objetivo propiciar a satisfação das necessidadesbásicas ao maior número possível de habitantes de um país, a partir daredistribuição da renda, do incremento da segurança social e da educaçãopública.

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O pós-Guerra (1945) até os anos 1970, intensificou-se a implantação depolíticas sistemáticas de proteção nos países europeus, em variados graus eindependentemente de diferenças sócio-culturais ou de modeloseconômicos e de governo. Sociedades plurais e igualitárias, com direitosassegurados pelo Estado sob prerrogativa de eficiência econômica, sãopreceitos do welfare state (estado do bem-estar) que alicerçaram areconstrução da Europa.

7. EXISTE, HOJE EM DIA, UMA RÍGIDA DICOTOMIA ENTRE O ESTADO E O PODERCONSTITUÍDO PARA ELA O SURGIMENTO DA UNIÃO EUROPÉIA.

Resposta:A União Européia, diferentemente dos Estados Unidos da América,

não é uma federação, nem uma organização de cooperação entre governos,como a Organização das Nações Unidas (ONU). A União Européia possui, defacto, um carácter único. Os países que compõem a UE congregaram suassoberanias em algumas áreas para ganhar força e influência no mundo, asquais não poderiam obter isoladamente.

Este trabalho de “congregação de soberanias” e “delegação depoderes” dos Estados Membros à União Européia é o que proporciona estadicotomia.

Por não se tratar de uma federação de estados, como já falado, osEstados Membros são ainda detentores de soberania, entretanto, delegampoderes a UE. Esta actua de tal forma, que não o faz apenas em nomepróprio, mas em nome colectivo, conformando determinadas ações de cadaEstado Membro, limitando as ações destes em determinadas áreas. Estasimposições, às vezes, podem ser consideradas como uma limitação dasoberania estadual.

As dificuldades trazidas pelo processo de unificação política eeconômica da Europa é a mais ampla e desafiadora experiência degovernança no mundo actual – a experiência de unidade na diversidade.

Portanto, esta rígida dicotomia entre Estado Membro e UniãoEuropéia, vem sendo, a cada dia que se passa, trabalhada para o alcance deum verdadeiro sentido de Estado-nação.

8. EXPLIQUE A IDÉIA DE UM EXERCÍCIO DO PODER LIGADO A EXISTÊNCIA DOS GRUPOSDE PRESSÃO.

Resposta:A idéia da Europa como uma unidade política e económica tem pelo

menos um século de existência.

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Ao longo desses anos, várias disputas políticas foram travadas para seatingir a estrutura actual que conhecemos hoje por União Européia.

A U.E é um campo de lutas simbólicas pelo Poder. Tanto, que osMembros da Comissão Europeia passaram a ser propostos pelos GovernosNacionais, bem como, os Eurodeputados são eleitos em cada País. Estes eoutros personagens políticos, com decisão dentro da Comunidade, exercemos poderes conferidos, entre as quais cito as cinco principaisinstituições:Parlamento Europeu (representa os cidadãos da União Européia,que elegem seus membros), Conselho da União Européia (representaindividualmente os Estados-membros), Comissão Européia (defende osinteresses de toda a União Européia), Tribunal de Justiça (assegura ocumprimento da legislação européia) e o Tribunal de Contas Europeu(fiscaliza as finanças das actividades da União Européia).

Os embates políticos travados, visam não apenas os interessesnacionais de cada País, como também os interesses privados, de diversossegmentos económicos e sociais existentes na sociedade européia.

Na defesa de um determinado interesse, quase sempre há por trás umGrupo de Pressão. Este, entendemos como, um grupo de pessoas ouorganização que tem como actividade buscar influenciar, aberta ousecretamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo,em favor de determinados interesses privados. As pressões e manipulaçõesexercidas por lobbies também são observadas em outras instâncias do poderpúblico (executivo e judicial), e também sobre os meios de comunicação.

O estudo dos Grupos de Pressão contribui grandemente para acompreensão de qualquer sistema político e o seu processo de decisão.

O papel dos Grupos de Pressão é considerado por muitos como umavia de reforço do “papel da sociedade civil” e do combate do “excessivo papeldo Estado”. Complementa e democratiza o exercício das funções públicasnum processo de articulação da democracia representativa. Em suma, são osresponsáveis políticos que aconselham o “pensar europeu” em Bruxelas.

Dentre outras funções, exercem a capacidade de marcar outransformar a agenda política a nível europeu. Também, além da pressão(influência) que exerce nos diversos órgãos comunitários, possuem o papelde informar os seus membros ou aderentes na perspectiva nacional, regionalou local.

Existem Grupos de Pressão aos mais diferentes níveis. Podemosagrupar em dois grandes blocos os diversos grupos existentes. O primeirogrupo compreende o agrupamento dos Grupos de Pressão Nacionais,Regionais e Locais. O segundo grupo, compreende os Grupos de PressãoInternacionais ou que tem dimensão comunitária.

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Contudo, a organização dos «Lobbies» dos grupos de pressãoencontra-se organizada dentro da União Europeia para facilitar adeterminação do próprio Poder.

Por exemplo, existem múltiplos casos em que a pressão é exercidasimultaneamente sobre órgãos estaduais e órgãos comunitários, tendo emconta os vários intervenientes no processo de decisão política.

O lobbying “de cara aberta” mobiliza cerca de três mil pessoas emBruxelas, segundo Jean de La Guérivière.

Acresce ainda que a complexidade da vida internacional constitui umnovo aparecimento de diálogos entre Blocos (Ex. União Europeia – NAFTA,União Europeia – Mercosul).

Assim, podemos dizer que o conceito de Poder não reside apenasdentro de cada Estado, mas como também, dentro dos Sistemas Políticosque dialogam entre si, bem como, o Poder face ao Cidadão, através dosgrupos ou instituições que os representa.

9. DIGA EM QUE MEDIDA A CIDADANIA EUROPÉIA REFORÇA A CIDADANIA DEUM ESTADO MEMBROResposta:

Foi de um discurso do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais,em outubro de 1774, que surgiu o sentido moderno da palavra cidadão -- queganharia maior ressonância nos primeiros meses da revolução francesa, com aDeclaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Em sentido etimológico, cidadania refere-se à condição dos que residem nacidade. Ao mesmo tempo, diz da condição de um indivíduo como membro de umestado, como portador de direitos e obrigações.

Na Europa, até o início dos tempos modernos, o reconhecimento de direitoscivis e sua consagração em documentos escritos (constituições) eram limitados aosburgos ou cidades. O termo cidadão tornou-se sinônimo de homem livre, portadorde direitos e obrigações a título individual, assegurados em lei. Por estes e outrosmotivos, fala-se hoje numa “Europa dos Cidadãos”.

Esta europa dos cidadãos tem uma vasta dimensão, ou seja, a UniãoEuropéia está em curso, para os cidadãos e com os cidadãos. Isto implica a idéia deaproximação entre instituições Europeias e o cidadão, bem como, uma participaçãomais forte destes nas questões da União. Por outro lado, nota-se claramente que aCidadania da União Europeia completa a cidadania nacional, embora não asubstitua.

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Como por exemplo, qualquer cidadão tem o direito de petição perante oParlamento Europeu. Poderá dirigir-se ao Provedor de Justiça Europeu, escreveruma carta em língua portuguesa, e desta, obter resposta em português.

Acresce, que para um Estado aderir à União, terá que respeitar os princípiosinerentes à liberdade de circulação de pessoas, capitais, mercadorias e serviços,bem como, deverá ainda respeitar e promover a diversidade de culturas. Isto é, oEstado deverá pautar pelos princípios fundamentais da U.E. Portanto, conclui-seque a cidadania européia reforça significativamente a cidadania nacional.

10. O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE CONSTITUI OU NÃO O APELODESCENTRALIZAÇÃO DO PODER.Resposta:

Sim, constitui uma espécie de descentralização, pois tem comprincípio básico a idéia de que “as decisões sejam adoptadas, sempre quepossível ao nível que esteja mais próximo do Cidadão”.Ou seja, este princípioé descentralizador, pois confere a preferência ao Estado Membro noexercícios das atribuições concorrentes, isto é, a intervenção do Estado é porregra e a intervenção da Comunidade é tida por excepção.

11. DO PONTO DE VISTA DE STAINER, OS LAÇOS DE PERTENÇA E O SEU PRÓPRIOCONCEITO CONSTITUI UMA PESQUISA FUNDAMENTAL A COMPREENSÃO DAUE.

Resposta:

A União Europeia constitui um modelo inovador, também porque nele cabe oconceito de Estado-Nação. Este conceito, no contexto da União Européia, nos leva oentendimento de que podemos assim falar de uma pluralidade de cidadanias etambém uma pluralidade de territórios (que as cidadanias representam). Estapluralidade de cidadanias leva a uma pluralidade de povos. Por conseguinte, surgeum novo conceito: Laços de Pertença.

Segundo o professor Adriano Moreira, entendemos que entende que osLaços de Pertença envolvem a Comunidade, os Laços de Sangue, os Laços de Lugar(local), os Laços de Família (não é consanguinidade), os Laços de Religião, os Laçosde Cultura, os Laços de Aldeia e os Laços de Cidade.

Apercebe-se através das Transnacionalizações, a amplitude da interaçãoentre povos através destes processos económicos, tais como: empresas Multi-Nacionais, da migração da Força de Trabalho a nível internacional e da própriainteração da Cultura nas relações económicas. Entretanto, não se pode

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compreender a UE apenas por factores meramente económicos ou políticos, masprincipalmente, do ponto de vista humano e cultural.

Segundo William G. Steiner aprendemos que o próprio mapa da Europa seconsegue fazer atraves dos cafés e dos nomes de ruas, que representam formas depostura humana diferenciada. O Sistema/Mundo, de Luis Sá, leva ao entendimentode que Maurice Duverger afirme que a União Europeia é filha do Estado e neta daCidade (Polis).

Também Steiner, surge como o grande pensador no debate do projectoEuropeu entendendo que o espírito europeu não é puramente geográfico, mas simextra-territorial. Steiner entende que o próprio regresso dos emigrantes à terranatal são um bom exemplo de que as pessoas não perdem os laços culturais com osseus países.

Portanto, a compreensão da U.E tende a ir inicialmente para a compreensãoEconómica/Política, mas uma das perspectivas primordiais a se ter, é a concepçãohumana e cultural. Ou seja, porventura um dia, um Povo Comunitário venha aconstituir-se como Nação, tendo em conta que partilham os mesmos Laços dePertença entre Povos diferentes.

12. EXPLIQUE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA TRANSNACIONALIZAÇÃO DOSPROCESSOS ECONÓMICOS, NÃO DESCONSIDERANDO ATRANSTERRITORIALIDADE DA FORÇA DE TRABALHO (EMIGRAÇÃO)

Resposta:

O crescimento populacional e as migrações são os grandes responsáveispara o crescimento das cidades. Com as pessoas se mudando para as cidades houveum crescimento também de mão de obra para as indústrias que passaram aproduzir mais e a procurar novos mercados. Com esta busca por novos mercadosfoi que iniciou a transnacionalização das empresas.

O crescimento econômico trouxe também a formação de blocos paracontrole do comércio das regiões construindo assim um mercado sem barreiras.

Entendemos hoje por TRANSNACIONALIZAÇÃO, como um processo que seforma mediante a internacionalização da economia e da cultura, mas que dá algunspassos além, a partir da primeira metade do século XX, ao gerar organismos,empresas e movimentos cuja sede não se encontra exclusivamente e nempredominantemente numa nação.

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Algumas empresas hoje estão presentes em vários países e com as suasinterconexões levam consigo a marca das nações que a originaram. Por exemplodisso estão os filmes de Hollywood que transmitem ao mundo a visão americana,bem como, as novelas mexicanas e brasileiras, que emocionam outros países emque são transmitidas.

Assim, a idéia de transnacionalização também está intimamente relacionadacom a globalização cultural, ou seja, quando se torna possível observar, semdificuldades, certa homogeneidade no estilo de vida e ou nas tendências noconsumo de massa. Um bom exemplo disso é a existência de pessoas que sevestem mais ou menos do mesmo jeito em diversas partes do planeta.

A transnacionalização dos mercados, em pouco mais de uma década,transformou radicalmente as estruturas de dominação política e de apropriação derecursos, subverteu as noções de tempo e espaço, derrubou fronteiras políticas ejurídicas, multiplicou, de modo excepcional, o fluxo de idéias, conhecimento, bens,serviços e valores culturais. Por tanto, a discussão de conceitos detransnacionalização, os aspectos a serem pensados são os mais diversos. Acoexistência do global e do regional traz uma nova ordem ou desordem no mundotodo, uma multiplicidade de sentidos; instala-se uma interculturalidade difícil deanalisar até mesmo pelos cientistas sociais.

No contexto da União Européia, observa-se as experiências de colaboraçãomútua e de partilha, são verdadeiras experiências transnacionais (a nível nacional,regional ou organizacional) constituindo um meio eficaz de aceder a novas ideias,abordagens inovadoras e novas competências. Por exemplo, temos algumasespécies de transnacionalização, senão vejamos:

Ø Transnacionalização da cultura: programa erasmus;Ø Transnacionalização do trabalho: Também a transnacionalização da força do

trabalho e vai determinar uma sede de poder. Se for trabalhar para oestrangeiro, fazemos descontos nesse país, mas elegemos o poder do nossopaís de origem.

Ø Transnacionalização científica;Ø Transnacionalização empresarial: multinacionais (quando uma multinacional

quer implementar-se num país, este país favorece-a baixando os impostos ouo preço dos terrenos); e,

Ø Outros tipos.

A respeito da transterritorialidade da Força de Trabalho, temos um bomexemplo que é a fabricação de produtos de prestigiosas marcas européias ouamericanas na China, Malásia, Tailândia etc. Bem como, a formação de cadeias de

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televisão mundiais revelam-se como aspectos de uma mesma tendência mundial - aglobalização.

Portanto, por TRANSTERRITORIALIDADE entende-se como uma ordem deseqüências econômicas produzidas na dinâmica global. A fragmentação daterritorialidade total em lugares logísticos às estratégias de produçãomultidimensiona a ação e o poder em escala mundial. Os lugares de produção globalinterligam-se em redes físicas e informáticas, independente dos territórios nacionaisonde se situam. Os governos nacionais, dentro da lógica dos investimentosexternos, procuram oferecer facilidades à instalação de lugares-globais e benefíciosfiscais às iniciativas de produção. Nesse sentido, a natureza dos fluxos específicosde cada unidade de produção, independente da base física, deixa de ser nacional,assumindo um carácter transterritorial no sistema de complementação decomponentes, montagens, insumos, matéria-prima, mão de obra e tecnologia.

13. REFIRA-SE A INSEGURANÇA PROVOCADO DELIBERADAMENTE PARA QUETENHA ÊXITO A EXPRESSÃO DE HOBBES “TEM RAZÃO QUEM VENCE”.

Resposta:

Dizia Hobbes, que o medo deve ser fomentado para levar todos à luta unscontra os outros, para que eles percebam (Comunidade Civil) que só tem razãoquem vence, para que o Poder Soberano se possa mostrar como o único capaz deserenar os Povos.

Hobbes entendia que se deve fomentar o medo da morte, o medo pelainsegurança, pois o individuo, tem que ter uma clara ideia de que aceita a vida, mascom uma vida submetida. As guerras são necessárias não para levar à paz, mas parase perpetuarem, levando a acreditar que só um Homem com o Poder Absoluto podepôr fim a essas guerras, e que o Leviathan possa ser uma promessa que só écumprida através de regimes ditatoriais.

O Homem “Deve ser tratado como um Ser solitário, pobre, sórdido e brutal, eque receie constantemente pela sua vida. Também este Homem não tem que conheceras Leis que estejam de fora do Poder cego a que devam obedecer. O Leviathan estáacima da Lei.”

Assim, Hobbes dizia que as guerras hão-de ser também fundamentadas pelafalta de bens indispensáveis ao ser humano. Como é o caso da água e das Poluições

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Ambientais, e para que isto aconteça, há que baralhar o raciocínio do Ser Humanopara que ele se envergonhe do seu próprio pensar.

Deve ser transmitido que a Lei é a Palavra de quem tem o Direito decomandar os outros. O Direito Natural dos Indivíduos deve ser controlado, e há queincutir-lhes o Dever de atribuir ao Poder, uma verdadeira delegação através doPacto de Sujeição.

O Estado é sempre a vontade de todos os indivíduos, só que com a seguinteparticularidade: que é a do Leviathan ser concretizado, ou seja, existir umverdadeiro pacto de sujeição dos seres humanos em que os governa. O mesmo édizer que o Voto significa: “Autorizo essa Pessoa a Mandar e Abandono-lhe o meuDireito para que ela (Pessoa) pense por mim mesmo”, isto é, o Pacto de Sujeição doser humano, deve ser de tal forma forte que todos sejam tratados igualmente,mesmo que o não sejam.

14. EXPLIQUE AS RAZÕES QUE LEVAM A ABORDAR A TEMÁTICA INERENTETENTAÇÃO IMPERIAL NO ÂMBITO DA UNIÃO EUROPÉIA

Resposta:

O termo imperialismo popularizou-se como sinônimo de política externaamericana, pelo uso que dele fizeram os partidos nacionalistas e os teóricos deesquerda do mundo inteiro. Especialmente depois da segunda guerra mundial, oantiimperialismo foi reivindicado como ponto programático de todas asorganizações políticas progressistas dos países dependentes. Entretanto, temosexemplos históricos do Império Romano até o considerado antigo ImpérioSoviético.

Por IMPERIALISMO entendemos como a política de dominação econômica deuma nação sobre outras, acompanhada ou não de ocupação territorial, com maior oumenor ingerência nos assuntos de estado das nações dominadas e com uso eventual deforça militar para garantir a hegemonia. Usado a partir do final do século XIX, otermo imperialismo define, na actualidade, as relações econômicas dos paísesdesenvolvidos com os países pobres e se confunde com "dependência" e"neocolonialismo".

As duas grandes correntes do pensamento econômico contemporâneo, oliberalismo e o marxismo, abordam o fenômeno do imperialismo. Para a primeira,ele é uma opção das grandes potências industriais, que poderiam seguir outrocaminho de desenvolvimento econômico. Para o pensamento marxista, o

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imperialismo é a etapa superior e inevitável do capitalismo, condição desobrevivência do sistema.

O primeiro estudo sistemático do imperialismo surgiu em 1902 comImperialism, do autor inglês John Hobson, para quem o fenômeno se devia àacumulação de capital excedente que devia ser exportado. Seriam motivaçõesimportantes do expansionismo a busca de novas fontes de matérias-primas e demercados. A originalidade da obra de Hobson consiste em atribuir ao imperialismoraízes econômicas, o que forneceu as bases para a interpretação marxista.

Para o economista Joseph Schumpeter, que em sua obra mais conhecida,Capitalism, Socialism and Democracy (1942), conclui que o capitalismo acabará poresgotar-se e dar lugar a alguma forma de controle centralizado da economia, apolítica imperialista não tem relação com a natureza do capitalismo, que é pacifistaem essência. O expansionismo se deve a um impulso atávico de luta, remanescenteem estruturas e camadas sociais pré-capitalistas, que dependem para suasobrevivência de guerras e conquistas.

A Tentação Imperial na U.E, pode ser em duas perspectivas, interna eexterna.

Na perspectiva interna, compreenderia a preocupação de que determinadosEstados Membros possam dominar os demais, o que é uma preocupação nãodeclarada pela maioria dos seus integrantes.

Para que isto não ocorra, a Europa deve preocupar-se em obter o máximo dedenominador comum, mesmo que possa existir Estados “Directores Locomotiva”(Alemanha e França) e “Estados Secundários”, desde que não se viole o próprioconceito de Liberdade e de desenvolvimento dentro da U.E. É a conjugação dachamada “geometria variável” adequada à pluralidade de pertenças.

Na perspectiva externa (no sentido de como é internamente e de como seexterioriza), segundo Michel Pinton, a preocupação é com o modelo de uma EuropaFederal. Ele diz que a “Europa Federal” constitui um projeto de império, ecomplementa que mesmo não possuindo o carácter original, por se tratar de umimpério formado não pela violência das armas, mas pela “tirania do dinheiro. Elenão teria risco de esmagar a liberdade de escolha das pessoas pela força, masabafaria pela pressão financeira”.

Portanto, a U.E. não descuida dos termos: Sociedade, Comunidade, Povo,Nação e Território. Tendo em conta sempre as chamadas tentações imperiais, faceao passado de muitos países membros da U.E.

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15. HÁ QUE AFIRME QUE SURGIU O NOVO MODELO DE ESTADO QUE SE CHAMARIA DE“ESTADO NOVO DE URGENCIA SOCIAL” OU “SOCIEDADE DE VIGILÂNCIA TOTAL”

Resposta:

16. COMENTE ALGUMAS RAZÕES QUE NOS LEVA A AFIRMAR QUE O PROCESSODE INTEGRAÇÃO COMUNITÁRIO SEMPRE TEVE A NATUREZA POLÍTICA.

Resposta:

Alguns aspectos devemos citar como importantes para caracterização política daintegração comunitária, senão vejamos:

1. A Europa é o berço da civilização.2. A vocação histórica da Europa, desde o Grande Império Romano, pela

integração de diversos povos num comando unificado.3. A reforma Protestante como marco de uma reorganização política européia.4. A era dos descobrimentos – o início de uma mudança mundial.5. As revoluções políticas.6. Diversos estudiosos europeus, ao longo de séculos, defendiam a idéia de um

governo político único.7. Revolução Industrial.8. A formação das Nações.9. A influência européia na 1ª e 2ª Grandes Guerras Mundiais.10. A necessidade da reconstrução européia, no pós-guerra.11. A Guerra Fria.12. Após o pós-guerra, COM A INTENÇÃO DA APROXIMAÇÃO DOS DOIS PAÍSES

(ALEMANHA E FRANÇA), surgiu a então Comunidade Européia do Carvão edo Aço (CECA) por um tratado assinado em Paris em 18 de abril de 1951 epassou a vigorar em 25 de julho de 1952, com o objetivo de centralizar aprodução de carvão e aço dos seis membros signatários: Alemanha, Bélgica,França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos.

13. A criação da Comunidade Económica Européia (CEE) e a ComunidadeEuropéia da Energia Atômica (Euratom) foram criadas por dois tratadosassinados em Roma em 25 de março de 1957 e entraram em vigor em 1º dejaneiro de 1958. O primeiro desses tratados pretendia criar um mercadocomum e aproximar progressivamente as políticas econômicas dosmembros, a fim de promover um desenvolvimento harmônico de toda aComunidade, sua expansão equilibrada e contínua, estabilidade crescente,elevação do padrão de vida da população e relações mais estreitas entre os

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membros. O segundo tratado visava a promover o desenvolvimento daindústria nuclear.

14. Em 1967, as três organizações se fundiram para formar a ComunidadeEuropéia (CE).

15. Em janeiro de 1973, aderiram aos acordos já vigentes a Dinamarca, aRepública da Irlanda e o Reino Unido.

16. O sucesso das políticas de liberação de mercado promovidas pela CE abriucaminho para uma maior integração. A Grécia aderiu em janeiro de 1981 ePortugal e Espanha tornaram-se membros em 1º de janeiro de 1986.

17. Em 1985, o Acordo Schengen já havia uma área sem fronteiras e semcontrole de passaporte entre os estados que o assinaram.

18. Em 1992, o Tratado de Maastricht foi assinado pelos então membros daUnião Européia. Isso transformou o "Projeto Europeu" de ser umacomunidade económica com certos aspectos políticos, numa união com umaintensa cooperação e prosperidade baseada em uma união de soberaniasnacionais.

19. Em 1º de janeiro de 1995 juntaram-se a eles Áustria, Finlândia e Suécia.20. Uma moeda comum para a maioria dos estados membros da U.E., o euro, foi

estabelecida eletronicamente em 1999, oficialmente partilhando todas asmoedas de cada participante com os outros. A nova moeda foi posta emcirculação em 2002 e as velhas foram retiradas dos mercados. Apenas trêspaíses dos quinze Estados-membros decidiram não aderir ao euro (ReinoUnido, Dinamarca e Suécia).

21. Em 2004, a UE deu ordem à sua maior expansão, admitindo 10 novosmembros (oito dos quais antigos estados comunistas). Outros doisingressaram no grupo em 2007, num total de 27 nações.

22. Um tratado estabelecendo uma Constituição para a U.E. foi assinado emRoma em 2004, com a intenção de substituir todos os antigos tratados comapenas um só documento.

23. O Tratado de Lisboa, entra em vigor em 01/12/2009.

Todos estes acontecimentos, certamente tiveram as suas conotaçõespolíticas, pois tiveram na sua origem, o choque de interesses entre indivíduos egrupos na sociedade.

Como prova disto, a instituição da U.E teve inúmeras vozes que gritavampela sua não instituição, enfrentando a oposição de amplos setores da população.Na Dinamarca, por exemplo, o Tratado de Maastricht só foi referendado numsegundo plebiscito. Os chamados "eurocéticos", entre os quais se destacou a alamais direitista do Partido Conservador britânico, viam a União Européia comomecanismo capaz de se sobrepor às tradições de cada país, eliminar dispositivosprotetores das indústrias nacionais, obrigar a uma unificação monetária prejudicial

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para as moedas mais fortes e permitir o acesso de contingentes de desempregadosprovenientes dos países menos desenvolvidos da Comunidade aos empregosoferecidos pelos países econômica e socialmente mais estáveis.

Portanto, ao longo de todos esses anos de construção da unificaçãoeuropéia, viu-se a relação de poder em três esferas básicas: (1) a luta pelo poder; (2)o conjunto de instituições por meio das quais esse poder se exerce; (3) e a reflexãoteórica sobre a origem, estrutura e razão de ser do poder.

17. EXPLIQUE A IMPORTANCIA DOS OBJETIVOS DA CARTA DOS DIREITOSFUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPÉIAResposta:

A aprovação da Carta dos Direitos Fundamentais é também um exemplo daclara afirmação da Europa perante fundamentalismos. Uma nova cláusula 'social'assegura que, na definição e execução das suas políticas, a União tome em contarequisitos como a promoção de um nível elevado de emprego, uma protecção socialadequada, a luta contra a exclusão social e um nível elevado de educação, formaçãoe protecção da saúde humana.

Pela primeira vez, todos os direitos que se encontravam dispersos por

diversos instrumentos legislativos, como legislação nacional e convençõesinternacionais do Conselho da Europa, das Nações Unidas e da OrganizaçãoInternacional do Trabalho, foram reunidos num único documento. Conferindovisibilidade e clareza aos direitos fundamentais, a Carta contribui para desenvolver oconceito de cidadania da União, bem como para criar um espaço de liberdade, desegurança e de justiça. A Carta reforça a segurança jurídica no que diz respeito àprotecção dos direitos fundamentais, protecção essa que até à data era apenasgarantida pela jurisprudência do Tribunal de Justiça e pelo artigo 6º do Tratado daUE.

A Carta compreende um preâmbulo de introdução e 54 artigos repartidos em7 capítulos:

• Capítulo I: Dignidade (dignidade do ser humano, direitoà vida, direito à integridade do ser humano, proibição datortura e dos tratos ou penas desumanos oudegradantes, proibição da escravidão e do trabalhoforçado);

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• Capítulo II: Liberdades (direito à liberdade e àsegurança, respeito pela vida privada e familiar,protecção de dados pessoais, direito de contraircasamento e de constituir família, liberdade depensamento, de consciência e de religião, liberdade deexpressão e de informação, liberdade de reunião e deassociação, liberdade das artes e das ciências, direito àeducação, liberdade profissional e direito de trabalhar,liberdade de empresa, direito de propriedade, direito deasilo, protecção em caso de afastamento, expulsão ouextradição);

• Capítulo III: Igualdade (igualdade perante a lei, nãodiscriminação, diversidade cultural, religiosa elinguística, igualdade entre homens e mulheres, direitosdas crianças, direitos das pessoas idosas, integração daspessoas com deficiência);

• Capítulo IV: Solidariedade (direito à informação e àconsulta dos trabalhadores na empresa, direito denegociação e de acção colectiva, direito de acesso aosserviços de emprego, protecção em caso dedespedimento sem justa causa, condições de trabalhojustas e equitativas, proibição do trabalho infantil eprotecção dos jovens no trabalho, vida familiar e vidaprofissional, segurança social e assistência social,protecção da súde, acesso a serviços de interesseeconómico geral, protecção do ambiente, defesa dosconsumidores);

• Capítulo V: Cidadania (direito de eleger e de ser eleitonas eleições para o Parlamento Europeu, direito deeleger e de ser eleito nas eleições municipais, direito auma boa administração, direito de acesso aosdocumentos, provedor de justiça, direito de petição,liberdade de circulação e de permanência, protecçãodiplomática e consular);

• Capítulo VI: Justiça (direito à acção e a um tribunalimparcial, presunção de inocência e direitos de defesa,princípios da legalidade e da proporcionalidade dos

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delitos e das penas, direito a não ser julgado ou punidopenalmente mais do que uma vez pelo mesmo delito);

• Capítulo VII: Disposições gerais.

De modo geral, os direitos enunciados são reconhecidos a qualquer pessoa.No entanto, a Carta faz igualmente referência a categorias de pessoas comnecessidades específicas (crianças, pessoas idosas, pessoas com deficiência). Alémdisso, o capítulo V considera a situação específica do cidadão europeu e faz alusão adeterminados direitos já referidos nos Tratados (liberdade de circulação e depermanência, direito de voto, direito de petição), introduzindo simultaneamente odireito a uma boa administração.

À luz da evolução da sociedade e para além dos direitos clássicos (direito àvida, à liberdade de expressão, direito a um recurso efectivo, etc.), a Carta enunciadireitos que não constavam da Convenção do Conselho da Europa de 1950(protecção de dados, bioética, etc.). Em conformidade com certas legislaçõesnacionais, reconhece outras vias para além do casamento para fundar uma família edeixa de referir-se ao casamento entre homem e mulher para fazer alusãosimplesmente ao casamento.

18. “NÃO HÁ QUE SUBESTIMAR OS EFEITOS A LONGO PRAZO DO FATO DEEXISTIR UM CONTRATO DE PODER QUE REFORCE A SUA LEGITIMAÇÃO NUMAREAL UNIÃO DE POVOS, E NÃO JÁ NUMA MERA UNIÃO DE ESTADOS, NAVERDADE O APARECIMENTO DE UMA ENTIDADE EUROPÉIA E COMPATÍVEL ECOEXISTE COM A MANUTENÇÃO DAS LEALDADES NACIONAIS”.

a. EM QUE SITUAÇÃO A UNIÃO DE POVOS LEVA AOS LAÇOS DEPERTENÇA NA UE?Resposta:

A união dos povos dentro da Europa é uma realidade inquestionável. AEuropa dos Cidadãos é cosmopolita, revelando a sua multiplicidade de sentidos;instalada pela sua interculturalidade.

Sob o efeito da Globalização, esta coexistência do global e do regional, trazuma nova ordem no mundo, derrubando as fronteiras políticas e jurídicas. Com estarealidade, multiplicou de modo excepcional, o fluxo de idéias, conhecimentos, bens,serviços e valores culturais, principalmente.

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Com esta globalização cultural, se torna possível observar, certahomogeneidade no estilo de vida, revelando assim uma padronização dos costumessociais.

Portanto, esta idéia de uma só Europa, de identidade européia, pressupõe os“Laços de Pertença” (laços de aldeia global, família, lugar, cultura, etc), próprios deuma comunidade e que conjugam um conjunto de pessoas que se perspectivam emdimensões culturais, politicas e económicas.

b. DISTINGUA IDENTIDADE EUROPÉIA DE CIDADANIA EUROPÉIA.Resposta:

Antes de tratarmos dos dois conceitos é preciso saber o queeles significam, vejamos:

Identidade- O aspecto coletivo de um conjunto decaracterísticas pelas quais algo é definitivamente reconhecível, ouconhecido.

Cidadania - Qualidade ou estado de cidadão (Indivíduo no gozodos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seusdeveres para com este).

Bem, o conceito de identidade europeia é, cada vez menosproblemático. A maior parte dos habitantes do nosso continentesente-se, com maior ou menor agrado, “europeu”, ainda que amaioria dos cidadãos sinta de maneira mais clara e forte, a sua ligaçãoa França, Espanha, Alemanha ou Portugal, ou também a Catalunha,Escócia, Bretanha, ou Flandres.

É certo que todas essas identidades são dificilmente separáveise que regularmente se misturem com outros sentimentos pertinentes(género, grupo étnico ou racial, ideológico, político, afinidadesculturais…).

A unificação europeia requer a construção de uma identidadeeuropeia mas esta existe. Não há uma homogeneidade linguísticanem cultural. Não se pode construir sobre elementos como ocristianismo, nem a democracia, nem a identidade económica, nem, emuito menos, sobre uma identidade étnica.

São muitos os estudiosos que ultimamente têm tratado dedissecar o que significa isso de ser europeu. Samuel Huntington,célebre teórico norte-americano afirma que Europa termina ondeinicia a Cristandade oriental ortodoxa e o Islão. Grécia, membro daUE, não é então um país europeu? Os muçulmanos que vivem há

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décadas em qualquer bairro de Londres, Paris, Düsseldorf, não sãoeuropeus?

Noutra perspectiva, o francês Henry Mondrasse afirmou queexiste uma identidade cultural comun que poderia servir de base paraum a identidade política. Esta identidade estaria baseada numa ideiaindividualista, a ideia de nação desenvolvida nos últimos séculos, umacerta forma de combinar ciência e tecnologia no desenvolvimentocapitalista, e uma certa ideia de democracia representativa eparlamentar. Partindo desta definição poderiam ser europeus, umhabitante dos E.U.A. ou da Austrália? E um russo ou um búlgaro?

O que é evidente é que a identidade europeia não poderásurgir de uma uniformização cultural impossível, nem deveráconstruir-se contra o “outro”.

Uma das propostas mais sugestivas foi popularizada pelopensador alemão Jurgen Habermas. Numa democracia liberal, oscidadãos devem ser leais e sentir-se identificados não com umaidentidade cultural comum, mas sim com princípios constitucionaisque garantam plenamente os seus direitos e liberdades. Estaproposta é especialmente sugestiva, engloba o melhor da tradiçãoliberal e tolerante da Europa, combate o nacionalismo étnico, ogrande inimigo da paz e liberdade na Europa que penetra no séculoXXI.

Já em relação a cidadania européia, tal como está reconhecidahoje nos Tratados é uma realidade ainda insípida. Mas o que temos éo início de um processo evolutivo que chegará a uma outra realidadede acordo com o próprio destino do processo de integração europeia.Para que a cidadania europeia se desenvolva plenamente e tenha umsignificado real para os europeus é necessário que vá surgindo, comperfis cada vez mais definidos, uma consciência de identidadeeuropeia. Neste trabalho, o papel dos sistemas educativos seráessencial. Tal como a extensão da escolaridade foi um ponto chavepara a consolidação da identidade nacional, no lento aparecimento deuma identidade europeia, de um sentido de pertinência, terá muito aver com o trabalho das escolas, institutos e universidades.

Em relação o que está disposto nos tratados, temos oseguinte:

A cidadania europeia foi instituída pelo Tratado da UniãoEuropeia (TUE), assinado em Maastricht em 1992.

A cidadania da União está subordinada à nacionalidade de umdos Estados-Membros. Assim, é cidadão da União qualquer pessoaque tenha a nacionalidade de um Estado-Membro. Para além dos

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direitos e dos deveres previstos pelo Tratado que institui aComunidade Europeia (TCE), a cidadania da União reconhece quatrodireitos específicos:

Ø A liberdade de circulação e de permanência em todo o território da União.Ø O direito de eleger e de ser eleito nas eleições municipais e nas eleições para

o Parlamento Europeu no Estado-Membro de residência.Ø A protecção por parte das autoridades diplomáticas e consulares de

qualquer Estado-Membro se o Estado de que a pessoa é nacional não seencontrar representado num país terceiro (artigo 20.º TCE).

Ø O direito de petição e de recurso ao Provedor de Justiça Europeu.

Desde a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão (1999), oestatuto de «cidadão europeu» confere igualmente os direitosseguintes:

Ø O direito de se dirigir às instituições europeias numa das línguas oficiais eobter uma resposta redigida na mesma língua.

Ø O direito de acesso aos documentos do Parlamento Europeu, do Conselho eda Comissão, sob reserva da fixação de certas condições (artigo 255.º TCE).

Ø O direito de não discriminação entre cidadãos da União em razão danacionalidade (artigo 12.º TCE) e o da não discriminação em razão do sexo, daraça, da religião, de uma deficiência, da idade ou da orientação sexual.

Ø O direito de igualdade de acesso à função pública comunitária.

A instauração do conceito de cidadania da União écomplementar da cidadania nacional e não a substitui. Estacomplementaridade torna mais tangível o sentimento deidentificação do cidadão com a União.

19. DIGA O QUE ENTENDE POR PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.Resposta:

O princípio de subsidiariedade é definido no artigo 5.º do Tratado queinstitui a Comunidade Europeia.

SUBSIDIARIEDADE é o princípio jurídico estabelecido na norma queregula o exercício das atribuições concorrentes entre os Estados-Membros ea Comunidade. Este princípio é descentralizador, conferindo a preferência aoEstado no exercícios das atribuições concorrentes, isto é, a intervenção doEstado é por regra e a intervenção da Comunidade é tida por excepção,excepto quando se trate de domínios da sua competência exclusiva.

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É considerado como o desejo de que os problemas sejam resolvidosmais perto do sítio onde os mesmos estão localizados, em outras palavras,impõe maior aproximação possível do poder de decisão em relação aoscidadãos, mediante a verificação constante de que a acção a empreender anível comunitário se justifica relativamente às possibilidades oferecidas pelonível nacional, regional ou local.

Este princípio está intimamente relacionado com os princípios daproporcionalidade e da necessidade, que supõem que a acção da União nãodeve exceder aquilo que seja necessário para alcançar os objectivos doTratado.

O Conselho Europeu de Edimburgo, em Dezembro de 1992, aprovouuma declaração relativa ao princípio de subsidiariedade, que fixa as regras deaplicação. A abordagem decorrente desta declaração é retomada numprotocolo do Tratado de Amesterdão sobre a aplicação dos princípios desubsidiariedade e de proporcionalidade, anexado ao Tratado que institui aComunidade Europeia. Esse protocolo introduz, entre outros aspectos, aanálise sistemática do impacto das propostas legislativas no princípio desubsidiariedade e a utilização, na medida do possível, das disposiçõescomunitárias menos vinculativas.

O Principio da Subsidiariedade levou ao aprofundamento do conceitode nação, de laços de pertença e ao reforço do comité das regiões. O quelevou parte da doutrina a defender a preferência da directiva em relação aoregulamento comunitário. A Directiva dá mais meios de adaptação do que oregulamento.

20. ESTAMOS CONFRONTADOS COM A NATUREZA ATÍPICA DA UNIÃO EUROPÉIA,QUANDO CONFRONTADOS COM AS REALIDADES TRADICIONALMENTEEXISTENTES.Resposta:

Em relação à natureza da União Europeia, há quem entenda queestamos confrontados com o caracter atípico da U.E. e há quem julgue quese trata de uma federação, de uma confederação, ou de uma organizaçãointernacional, e há também quem defenda a «tese do condominio».

Jacques Delors defendia que se tratava de um objecto politico nãoidêntificado.

Para quem defende tratar-se de uma organização internacional dácomo fundamento: as organizações (ONU) para serem criadas com base emtratados internacionais. Segundo fundamento: Terem objectivos específicos;Terceiro Fundamento: Cooperarem os Estados entre si. Por último: Serem

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titulares de Direitos e Deveres distintos daqueles que cabem aos Estados-Membros.

Mas há que dizer que o conceito de Segurança das Nações Unidastem emitido resoluções que mais se parecem a obrigações morais que levamà Insegurança Júridica do que verdadeiras normas (pelo Artº 8ª daConstituição da Répública Portuguesa as Normas de Direito Internacionaltêm uma recepção Automática. Assim podemos dizer que a ONU tem umcarácter universal por oposição ao carácter regional da União Europeia, poroutro lado, a U.E tem o Poder de vincular os Estados-Membros com as suasnormas. Também a U.E. cria direitos e deveres para os cidadãos e empresas,havendo mesmo quem defenda que juridicamente devíamos tratar a UniãoEuropeia apenas com base no Direito Internacional Público.

O próprio acórdão «VAM GEND EN LOOS» (proferido pelo Tribunal deJustiça das Comunidades Europeias), justifica a tese de a União Europeia nãopoder ser tratada como uma organização internacional. Acresce que a idéiade uma Cidadania Europeia também torna impossível que se diga que a U.E éuma organização.Também a existência de um Banco Central Europeu, aexistência de uma moeda única mais afasta a União Europeia de umaorganização. Para já não se falar nas Familias Políticas Europeias.

A tomada de posição do Professor Marcello Caetano é que se trata deuma confederação quando nos referimos ao fenómeno que hoje éconhecido por União Europeia. As Confederações caracterizam-se por seruma das formas de Associação de Estados que não dão origem a um novoEstado; E também têm a eliminação de Barreiras Aduaneiras entre si. Oestatuto da Confederação resulta de um Tratado, a regra é da Unanimidade,a Confederação que precedeu os E.U.A mostra-nos que a evolução daConfederação é para Federação. Acresce que na União Europeia o princípio éo da cooperação e não o da desintegração dos Estados. Também há quemdefenda a Teoria Funcionalista para a União Europeia, e o mesmo a dizer queela seria uma realidade eminentemente administrativa, há também quemdefenda que a União Europeia é uma Organização Supra-Nacional ou Supra-Estaduial. No entanto, é certo que as Normas de Direito Comunitárioprevalecem sobre as Normas Estaduais e podem ser directamente aplicadas,o que quer dizer que não estamos perante uma relação herarquiaadministrativa (a delegação de poderes que tivemos a dar).

De notar que a União Europeia é uma Associação no sentido deexercer essencialmente Poderes que os Estados lhe atribuem.

A União Européia, há quem diga que se trata de uma Federaçãoporque também se inclui uma Constituição Europeia. Acresce que a UniãoEuropéia depende das competências que lhe são atribuidas pelos Estados-Membros e não as pode alargar por sua iniciativa e contra a vontade dos

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Estados, por exemplo: os E.U.A têm Pena Capital em alguns dos seusEstados, também é de notar que ninguém se lembraria de impôr a umestado-Membro que devesse praticar actos que não está no seucomportamento com fundamento Axiológico.

Também o Estado Federal absorve a soberania dos EstadosFederados, sendo que a Politica Externa dos E.U.A (para exemplo), éconduzida pelo seu Presidente. Por exemplo, caso venha ser declarado umaguerra a outro Estado exterior, todos os Estados internos dos E.U.A têm odever de acompanhar a vontade do Presidente do Estado-Federal. Diga-seainda que o primado do Direito Federal implica que a violação das NormasFederais dão origem à nulidade, enquanto que na União Europeia, dãoorigem à ineficácia.

Também se levanta doutrina que afirma que a União Europeia é umaorganização supranacional ou supra estadual. O carácter Supra-nacionalimplica que nem é um estado e nem uma organização internacional.Seria,pois, mais correcto falar em supra-estadualidade. Também não seconhece uma organização supranacional que tenha, como a UE, um BancoCentral Europeu, uma moeda única ou o chamado grupo de famílias politicas,onde se inserem os partidos políticos dos vários Estados-membros. De onde,apesar de não existir o poder constituinte soberano, dentro da UE, isso nãoaproxima todo o sistema jurídico da UE a uma mera organizaçãointernacional.

José Adelino Maltez, professor da Faculdade de Direito daUniversidade de Lisboa, na obra “Curso de Relações Internacionais”, p. 237,destaca que as teorias que procuram justificar a soberania absoluta doEstado "implicam, se levadas até às suas últimas consequências positivistas, àinevitável negação do direito internacional", posto que este se reduziria asimples "fórmula jurídica de coordenação, sem qualquer possibilidade detranscendência.

21. NOÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO DIREITO.Resposta:

DIREITO é o conjunto de deveres e obrigações que se impõem à conduta detodas as pessoas no convívio familiar, nas relações de trabalho e nos vínculosreligiosos. A solução dos conflitos, com base no direito e mediação do estado, tornapossível a vida em sociedade. Também é entendido como o o conjunto de normasobrigatórias que disciplinam as relações humanas e também a ciência que estudaessas normas.

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A CIÊNCIA JURÍDICA tem por objeto discernir, dentre as normas que regem aconduta humana, as que são especificamente jurídicas. Caracterizam-se estas pelocaráter coercitivo, pela existência de sanção no caso de não observância e pelaautoridade a elas conferida pelo estado, que as consagra.

As NORMAS JURÍDICAS prescrevem ao homem um comportamento externo,voltado para a coletividade, que consiste em fazer ou não fazer. Nesse primeiroaspecto, o direito se distingue das normas que imprimem uma conduta interna,como as fixadas pela moral e pela religião. Quando a moral e a religião condenamou prescrevem uma conduta externa, decorre esta de uma inspiração interna, queprimariamente orienta a conduta. A etiqueta, o costume, o uso e a convençãotambém obrigam, sob pena de censura social, a uma conduta externa. Nãoparticipam, porém, do direito. Tais normas podem ser violadas livremente, emboraa coletividade ou o grupo reaja com manifestações de reprimenda ou desagrado. Aviolação da norma jurídica acarreta conseqüências mais profundas e maisorganizadas. A norma jurídica, se violada, suscita a coação, capaz de constranger aocumprimento, com o apelo, em última instância, à força.

Há na constituição e nos códigos diversas prescrições que, emboradeterminem uma conduta, não suscitam, no desvio, uma reação. Nem todas asregras contidas numa lei, sobretudo as que não consagram a responsabilidade decertas ações, são normas jurídicas. Somente quando a obrigação pode sercoercitivamente imposta se está em presença de uma norma jurídica autêntica.

Toda norma jurídica se desdobra em preceito e sanção. Tipicamente, odireito penal consagra esse padrão: há, em cada artigo de lei, a conduta a seguir e apena que assegura seu cumprimento. O direito civil, no entanto, limita-se a fixar ospreceitos. A enumeração das sanções cabe ao direito de processo civil. O direito sóse compreende como sistema ou totalidade, que parte da constituição e se espraianos regulamentos das autoridades públicas.

As regras vigentes constituem a ORDEM JURÍDICA, composta de normas quese reúnem, se coligam e se interpenetram num todo harmônico. O ponto comumentre as prescrições legais é o fato de se vincularem a sanções. As normas têm umlimite no espaço e no tempo, que determina sua vigência para uma comunidade, emregra fixada territorialmente. O que lhes infunde autoridade é a intervenção doestado, que as torna obrigatórias.

O estado, no direito moderno, é a única instituição que pode constranger ouobrigar as pessoas. Ele, e somente ele, pode equipar a norma jurídica com a coação.Seus poderes, porém, são limitados, disciplinados e espiritualizados pelo direito. Oestado não se circunscreve a um conteúdo de ordem espiritual. Sua existência real

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se afirma nos homens, que materializam sua vontade e tomam, em seu nome, asdecisões obrigatórias para os indivíduos.

O esboço da ordem jurídica prende-se à consideração do direito positivo,desligado da idéia de justiça ou de direito natural. No âmbito dessa diretrizpositivista, levada ao extremo, podem-se identificar muitos abusos e muitas tiranias.Tudo o que é direito obriga, sem consideração à justiça: tudo o que é direito, por serdireito, é justo. Há a ponderar, todavia, que a doutrina se amolda à idéia de justiça,sempre presente no direito positivo, como ideal e como parâmetro. Essa idéia nãoleva ao direito natural, para cujos partidários só ele justificaria a validade do direito.

Na norma jurídica, em verdade, não se esgota todo o rico conteúdo dodireito. Em seu conceito se agrega o direito como valor e como fato. A sociologiajurídica e a história do direito estudam o fato; a política do direito tem por objeto ovalor e a teoria geral do direito se ocupa da norma. A norma jurídica só secompreende em referência ao valor, que aponta para a justiça, e ao fato, que seprende às condições sociais e históricas. Embora receba do estado seu caráterobrigatório, não tem validade só por esse fundamento. Mesmo editada, ela pode,por falta de consenso, não ser aplicada, carente de eficácia. Se divorciada dosvalores de justiça, confunde-se com a força pura, sem apoio no conceito de validadeuniversal.

22. DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVOResposta:

No emprego da palavra direito se encerram duas significações, umadelas referente ao Direito Objetivo e outra ao Direito Subjetivo. O primeiro,DIREITO OBJETIVO, é o conjunto de normas obrigatórias, por exemplo, as dodireito civil.

No outro caso, quando se alude à capacidade de uma pessoa paradeterminar obrigatoriamente a conduta de outra, com a expressão "terdireito a ...", trata-se de DIREITO SUBJETIVO.

O direito romano distingue os dois lados do direito. No conceito jusest norma agendi (o direito é norma de agir) está implícita a face objetiva dodireito. A noção subjetiva se traduz na fórmula jus est facultas agendi (odireito é a faculdade de agir). A ordem jurídica compõe-se do direitoobjetivo, ao reunir prescrições, normas, leis e imperativos jurídicos. O direitoobjetivo, ao voltar-se sobre situações concretas, gera direitos subjetivos edeveres jurídicos que se opõem ou se articulam reciprocamente.

O direito objetivo encerra o preceito e a sanção. Para tornar efetivoum seu direito subjetivo, no entanto, a pessoa pode invocar os órgãospúblicos. A sanção entra assim em atividade para assegurar um direito

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subjetivo. Essa construção teórica não assegurava, em seu desdobramentológico, o direito subjetivo contra o poder público. O direito subjetivo, até oséculo XIX, só se podia efetivar entre particulares. O direito público sereduzia a um tecido de normas objetivas, nas quais o poder de exigir umaprestação, entregue ao indivíduo, não seria mais do que um reflexo da regrageral e abstrata.

Duas etapas levaram à consagração do direito subjetivo contra oestado. O reconhecimento da submissão do poder público ao direito foi oprimeiro impulso, apoiado à doutrina da pessoa jurídica do estado. O estadoseria uma pessoa jurídica, com as mesmas características da pessoa dedireito privado, desdobrada em fisco e poder, sujeito o primeiro ao controlejurídico. Um progressivo desenvolvimento da doutrina envolveu os doismembros artificiais do estado em uma unidade, que não controla nemproduz normas jurídicas, mas se subordina a essas normas. O direito passoua obrigar não só aos particulares, mas ao próprio estado, limitado em suasmanifestações políticas pela atividade jurídica. O estado converteu-se assimno estado de direito.

A segunda etapa, decisiva para a fixação do direito subjetivo contra oestado, deu-se por meio da universalização da democracia, no século XIX. Oindivíduo, graças aos direitos políticos de participar na formação dasdecisões e dos órgãos públicos, não se reduzia mais a simples destinatáriodas ordens emanadas do poder público, mas tornou-se participante daatividade do estado e de sua organização. Essa mudança de rumo separou a"pessoa" do "estado", em expressões autônomas e invioláveis e essaseparação marcou a fase do respeito aos direitos individuais, da liberdade eda faculdade de exigir do poder público uma conduta conforme ao direito.

OS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O DIREITO SUBJETIVO sededuzem a partir de seu próprio conceito. É necessário que existam, emprincípio, a presença de um sujeito, de um objeto e da relação que os liga.Sujeito é o ser a quem a ordem jurídica assegura poder de ação. O sujeito dodireito é a pessoa natural ou jurídica. Todo homem é sujeito de direitos,inclusive o incapaz, cujo direito é exercido por um representante quando elemesmo não pode atuar.

O objeto do direito é um bem de qualquer natureza, coisa corpórea,ou incorpórea, redutível a dinheiro ou não, sobre o qual recai o poder dosujeito. O objeto pode expressar-se e adquirir conteúdo na obrigaçãoimposta a alguém de observar certa conduta ou de se abster de intervir naatividade do sujeito. A relação de direito é o vínculo que submete o objeto aosujeito.

Os direitos subjetivos, como regra geral, situam-se em duascategorias: os direitos absolutos e os direitos relativos. Na categoria de

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direitos absolutos se incluem os direitos reais, ou seja, os direitos sobre ascoisas. Os direitos relativos se fundam numa relação pessoal entre o sujeito eo indivíduo obrigado. A classificação em apenas duas categorias não setornou consenso na doutrina e, como não se chegou a uma unidade decritérios, prevalece a dispersão empírica, que consagrou as diversas classesdos direitos subjetivos: públicos e privados; absolutos e relativos;patrimoniais e não patrimoniais; e principais e acessórios.

23. DIFERENÇA ENTRE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO, INTERNACIONAL E INTERNOResposta:

A distinção entre direito público e privado já era conhecida do direitoromano.

O DIREITO PÚBLICO referia-se às relações políticas e aos fins doestado. O PRIVADO regulava as relações entre os particulares. Apesar daaparente clareza da distinção, ela não serviu para delimitar com plenasegurança os campos de um e outro ramo. Havia relações e direitos que nãose situavam numa ou noutra rubrica. À indefinição antiga acrescentou-seoutro elemento de perplexidade, introduzido pelas contribuições dos povoschamados bárbaros. Modernamente prevalece o esforço lógico para fixarum critério de distinção. As teorias se concentraram, para assegurar adistinção, em critérios vários: a qualidade do interesse protegido, apatrimonialidade ou não do interesse e os meios empregados para atingir oobjetivo jurídico.

O direito público abrange o direito constitucional, o administrativo,o penal, o processual, o internacional, o tributário e financeiro.

No direito privado estão compreendidos o direito civil e o comercial.Há, todavia, ramos do direito que oscilam entre os dois campos, a ponto dese pretender classificá-lo numa zona intermédia, como o direito do trabalho.Uma disciplina seria pública ou privada de acordo com a prevalência de suasnormas, dado que em todos há preceitos aplicáveis a um ou a outro campo.No direito civil, considerados seus resíduos de direito comum, há normas dedireito administrativo ainda vigentes. No direito comercial, os preceitosacerca dos consórcios, da concorrência e da empresa interferem, não raro,com prescrições constitucionais e administrativas, a ponto de se quererdestacar, em sua incidência, um direito comercial administrativo.

A divisão do direito, com a classificação na grande chave do setorpúblico ou privado, suscitam, mais que um problema jurídico, um problemahistórico. Varia a incorporação de um ramo num campo ou outro, de acordocom as funções que o estado assume, em determinadas épocas ou em certos

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momentos. Daí seu aspecto, visível desde o direito romano, de certoartificialismo, irredutível a escalas lógicas.

Além disso, a própria autonomia dos compartimentos jurídicos estáem constante mutação. Disciplinas novas se especializam do corpo geral,formando ramo próprio, de acordo com as exigências sociais. A flutuaçãodas novas disciplinas corresponde à incerteza da classificação no campopúblico ou privado, sem que a delimitação dos setores suscite conseqüênciasjuridicamente relevantes.

DIREITO INTERNACIONAL

Embora não se repitam na ordem internacional as mesmas condiçõesde coerção_existentes na ordem interna dos diferentes estados, as relaçõesentre eles, ou entre eles e nacionais de outros estados, ou ainda entrenacionais de estados diferentes, se processam segundo princípios e normasmais ou menos aceitos universalmente e, em geral, obedecidos.

Denomina-se direito internacional o conjunto desses princípios enormas. Será público, quando se referir aos direitos e deveres dos própriosestados em suas relações; e privado, quando tratar da aplicação, aparticulares sujeitos a um determinado estado, de leis civis, comerciais oupenais emanadas de outro estado.

Deve-se conceituar o Direito Internacional Público como a disciplinajurídica que estuda o complexo normativo das relações dedireito públicoexterno. As relações interestatais não constituem, contudo, o único objetodo direito internacional público: além dos estados, cuja personalidadejurídica internacional resulta do reconhecimento pelos demais estados,outras entidades são modernamente admitidas como pessoasinternacionais, ou seja, como capazes de ter direitos e assumir obrigações naordem internacional. Tais pessoas, ou são coletividades criadasartificialmente pelos próprios estados -- o que lhes empresta umreconhecimento implícito -- como as Nações Unidas, a Organização dosEstados Americanos (OEA) e entidades congêneres, ou são de criaçãoparticular, como a Cruz Vermelha Internacional, a Ordem de Malta e outrasassociações reconhecidas, de âmbito internacional.

Alguns tratadistas reconhecem no próprio indivíduo personalidadejurídica internacional, vale dizer, capacidade para ser sujeito de direitos eobrigações internacionais, em determinadas situações. Entre estas citaHildebrando Accioly a do proprietário do navio ou da carga, perante otribunal de presas; as relações entre o pirata e o estado que o persiga; ascondições de imunidade do agente diplomático; e a situação dos apátridas.Há ainda casos especiais de personalidade internacional de fato, como o das

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comunidades beligerantes, reconhecidas como tais, cuja atuação incide noâmbito do direito internacional público.

A despeito de sua designação, o DIREITO INTERNACIONAL PRIVADOnão tem nenhuma correlação especial ou dependência em relação ao direitointernacional público. A maioria dos autores reconhece mesmo aimpropriedade da denominação, só admitida porque consagrada pelo uso,desde que foi proposta pelo jurista americano Joseph Story em seu TheConflict of Laws (1834; O conflito das leis).

Na verdade, não existe um sistema supranacional para regular asrelações de Direito Privado entre indivíduos sujeitos a diferentesordenamentos nacionais. O que existe, como em geral se admite, é umconjunto de princípios para a determinação da lei aplicável a relaçõesjurídicas que possam incidir na regulação de dois ou mais sistemas legaisconflitantes, de estados soberanos diversos ou de estados autônomosfederados. Tais conflitos de leis ocorrem com freqüência crescente, dada aintensificação das relações entre pessoas de todo o mundo, quer naatividade comercial, quer na vida familiar, em conseqüência da solução deproblemas de validade de atos jurídicos praticados sob o império delegislação diferente da do lugar onde devem produzir efeito. Problemassemelhantes podem surgir em relação às conseqüências penais de atosilícitos praticados sob jurisdição estatal diferente.

Normalmente, a legislação de um país disciplina as relações jurídicasinternas relativas a pessoas, bens, obrigações e sucessões. No domínio doestado, as leis locais são aplicadas pelo juiz e respeitadas por todos que nelese encontram, com as exceções aceitas pelo direito internacional público.São as chamadas leis territoriais. A territorialidade das leis é o princípiopreponderante, como expressão da soberania nacional. Se os estadosvivessem em absoluto isolamento, todas as leis teriam caráter territorial. Aexistência de uma comunidade internacional formada pelos estados leva,porém, a relações extranacionais.

A partir principalmente do século XIII, a territorialidade começou aperder seu caráter absoluto. O comércio entre as cidades livres da Itália seintensificou e surgiu o problema da aplicação da lei a um comerciante deuma cidade, que contratava com outro, de outra cidade. Nova classificaçãode leis teve de ser adotada: territoriais (ou locais) e extraterritoriais. Asúltimas constituem o objeto principal do direito internacional privado, o deaplicar leis estrangeiras e reconhecer atos praticados no exterior.

O sistema jurídico de um estado compreende, assim, normas internaspropriamente ditas, e normas internas que exigem aplicação de lei

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estrangeira. Se, por exemplo, um brasileiro casa-se no Brasil peranteautoridade nacional, o casamento (capacidade, impedimentos, celebraçãoetc.) fica submetido à legislação brasileira e somente a ela. Quando contraicasamento com estrangeira domiciliada no exterior, surge o problema da leia ser aplicada: a brasileira ou a alienígena. A questão é de direitointernacional privado.

Havendo controvérsia sobre a lei a ser aplicada, dois problemaspodem ocorrer na solução de um pleito: o primeiro é o de se saber qual o juizcompetente para decidir a causa; o segundo é o da lei a ser aplicada. Porisso, alguns autores falam em conflito de jurisdição e em conflitos de leis, unse outros a serem solucionados pela autoridade judiciária nacional. Como omesmo problema poderá aparecer diante do judiciário de mais de umestado, soluções diferentes ou opostas poderão ser lavradas. A expressão"conflitos de leis" tem, assim, dois aspectos: no primeiro, significa as normasnacionais impropriamente ditas que orientam o juiz na aplicação, quando foro caso, do direito estrangeiro; no segundo, o conflito decorre da divergênciadas leis sobre competência ou jurisdição. Os conflitos de leis que surgemquando dois ou mais estados dispõem de maneira diversa sobre a lei a seraplicada são insolúveis. Terá eficácia, em cada um dos estados, a sentençaproferida.

24. DIREITO COMUNITÁRIO E TESES QUE FUNDAMENTAMResposta:

No sentido estrito do termo, o DIREITO COMUNITÁRIO é constituídopelos Tratados constitutivos (direito primário), bem como pelas regrasconstantes dos actos legislativos adoptados pelas instituições comunitáriasem aplicação desses Tratados, isto é regulamentos, directivas, etc. (direitoderivado).

No sentido lato do termo, o DIREITO COMUNITÁRIO engloba oconjunto das regras aplicáveis na ordem jurídica comunitária. Assim, abrangeigualmente os direitos fundamentais, os princípios gerais do direito, ajurisprudência do Tribunal de Justiça, o direito decorrente das relaçõesexternas das Comunidades ou ainda o direito complementar decorrente dosactos convencionais concluídos entre os Estados-Membros para a aplicaçãodos Tratados.

Hierarquia dos actos comunitários (hierarquia das normas)

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Uma declaração em anexo ao Tratado da União Europeia prevê queserá possível rever a classificação dos actos comunitários de modo aestabelecer uma hierarquia adequada das diferentes categorias de normas.

O principal objectivo dessa hierarquia consiste em permitir que olegislador se concentre nos aspectos políticos dos problemas e não emquestões de pormenor. A hierarquia dos actos comunitários irá condicionar oprocedimento de decisão comunitário na medida em que assegurará que osactos de natureza constitucional sejam sujeitos a procedimentos maisvinculativos (unanimidade, maioria qualificada reforçada, parecer favorável,etc.) do que os actos legislativos, estando estes sujeitos a procedimentosmenos flexíveis (procedimento de co-decisão, nomeadamente) do que osactos de aplicação (delegação institucionalizada de poderes à Comissão, porexemplo).

Esta questão foi objecto de discussões, no contexto dos primeirosdebates de 1990, sobre a possibilidade de introduzir o procedimento de co-decisão no Tratado. A ideia subjacente a esta proposta consistia em impedira aplicação de um procedimento demasiado complexo a certos actos deimportância secundária, a fim de evitar situações de asfixia legislativa. Em1991, no âmbito das negociações do Tratado de Maastricht, a Comissãopropusera a introdução de uma hierarquia dos actos legislativos e de umanova tipologia das normas comunitárias (tratado, lei, actos secundários oude aplicação), mas essa proposta colidia com as diferentes tradições jurídicasnacionais.

Instrumentos jurídicos comunitários

Os instrumentos jurídicos comunitários constituem os instrumentosde que as instituições comunitárias dispõem para o cumprimento da suamissão no âmbito do Tratado que institui a Comunidade Europeia e norespeito pelo princípio da subsidiariedade. Esses instrumentos são osseguintes:

§ O regulamento: é obrigatório em todos os seus elementos e directamenteaplicável em todos os Estados-Membros.

§ A directiva: vincula os Estados-Membros destinatários quanto ao resultado aalcançar, necessita de uma transposição para o quadro jurídico nacional edeixa uma margem de manobra quanto à escolha da forma e dos meios darespectiva execução.

§ A decisão: é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatáriosque designar expressamente.

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§ A recomendação e o parecer: não têm efeito vinculativo, possuindo naturezameramente declarativa.

Para além destes actos, enumerados no artigo 249.º do TCE, a práticadeterminou o desenvolvimento de toda uma série de actos atípicos: acordosinterinstitucionais, resoluções, conclusões, comunicações, livros verdes elivros brancos.

Além disso, no âmbito dos segundo e terceiro pilares, são utilizadosinstrumentos jurídicos específicos como as estratégias, as acções e asposições comuns no domínio da PESC e as decisões, decisões-quadro,posições comuns e convenções no domínio da JAI.

25. CONJUNTO DE DEFINIÇÕES DE COMUNIDADEResposta:

1.Qualidade ou estado do que é comum; comunhão:

Há entre eles comunidade de interesses.

2.Concordância, conformidade, identidade:

comunidade de sentimentos.

3.Posse, obrigação ou direito em comum.

4.O corpo social; a sociedade:

As leis atingem toda a comunidade.

5.Qualquer grupo social cujos membros habitam uma região determinada, têm ummesmo governo e estão irmanados por uma mesma herança cultural e histórica.

6.Qualquer conjunto populacional considerado como um todo, em virtude deaspectos geográficos, econômicos e/ou culturais comuns:

a comunidade européia.

7.Grupo de pessoas considerado, dentro de uma formação social complexa, em suascaracterísticas específicas e individualizantes:

a comunidade dos comerciantes.

8.Grupo de pessoas que comungam uma mesma crença ou ideal:

a comunidade católica.

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9.Grupo de pessoas que vivem submetidas a uma mesma regra religiosa.

10.P. ext. Local por elas habitado.

11.Ecol. Conjunto de populações animais e vegetais em uma mesma área, formandoum todo integrado e uniforme; biocenose.

12.Sociol. Agrupamento que se caracteriza por forte coesão baseada no consensoespontâneo dos indivíduos.

Na história dos agrupamentos humanos, a formação da comunidadeprecedeu a da sociedade e, a princípio, teve por base as relações da vidafamiliar e a economia doméstica, com o predomínio da "vontade natural ouessencial" como principal estímulo da articulação entre seus integrantes.

Chama-se COMUNIDADE qualquer agrupamento constituído depessoas que vivem no mesmo lugar e se relacionam dentro de uma mesmacultura. Desde a antigüidade clássica, a oposição entre "primitivo" e"civilizado" inspirou longa série de obras hoje encaradas como pré-etnográficas. Como conseqüência, a especulação desenvolvida em torno davida de povos considerados exóticos, por terem costumes diferentes dosadotados pela civilização greco-romana, conduziu - em função daquelepressuposto - a pesquisas que tinham como objetivo caracterizar diferençasentre os modos de vida tribal e rural e os hábitos dos moradores das cidades."Rural" e "urbano" passaram, assim, a funcionar como tipos polaresidentificados com "primitivo" e "civilizado", extremos do mesmo continuumcomunidade-sociedade.

O inglês Henry Maine, a partir de fatos observados entre os hindus,hebreus, gregos e romanos, concluiu que a sociedade primitiva se baseavana organização da família patriarcal. O homem mantinha plena ascendênciasobre sua família e a sociedade se compunha de um agregado de famílias decerto tipo, ao contrário das sociedades modernas, que se compõem deindivíduos.

Ainda do ponto de vista de Maine, a lei primitiva encarava os gruposfamiliares como entidades corporativas, definidas pelo parentesco. Dessemodo, os forasteiros eram incorporados graças à manipulação deparentesco fictício e o crime tinha conotação de ato coletivo, assim como odireito à posse e ao uso da terra tinha características comunitárias.

O princípio da consangüinidade foi substituído pelo da contigüidade,que se tornou o suporte da organização social. As sociedades baseadas noparentesco, no status e na agregação de famílias em grupos cujascaracterísticas se fundavam na divisão do território foram dando lugar aos

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contatos individuais entre os membros que as compunham e, acima de tudo,ao reconhecimento dos direitos individuais, inclusive a propriedade privada.

O cientista social alemão Ferdinand Tonnies, autor de Gemeinschaftund Gesellschaft (1887; Comunidade e sociedade), foi o primeiro a utilizar demaneira explícita a oposição polar caracterizada pelos tipos ideais "rural" e"urbano". Sua teoria e a tipologia dela resultante repousam na distinção queestabelece entre "vontade natural ou essencial" e "vontade racional". Aprimeira é a que tem origem no temperamento, caráter e hábitos humanos.A segunda, dominada pela razão, confere importância à distinção entre osmeios e fins utilizados.

A vontade natural predominaria nas relações estabelecidas dentro decada comunidade, termo com que o autor designa todo grupo quedesenvolve vida em comum na base de idéias e sentimentos partilhados portodos os integrantes, como no caso dos laços familiares. A sociedade,inversamente, seria marcada pela predominância da vontade racional: cadaindivíduo se vê como foco máximo de preocupação e, dessa forma,desencadeia, se necessário, atitude hostil para com os demais. As relaçõessociais são contratuais, os valores são monetários e os bens são encaradoscomo propriedade privada.

O período correspondente à sociedade iniciou-se com odesenvolvimento da vida urbana, sustentada pelo comércio e pelas relaçõescontratuais. O manejo racional do capital e do trabalho e o incremento daindustrialização acompanharam o desenvolvimento dos estados e daorganização em termos nacionais.

Em De la division du travail social (1893; A divisão do trabalho social), osociólogo francês Émile Durkheim analisou os diferentes tipos desolidariedade observados entre os componentes dos agrupamentoshumanos. Nas sociedades tradicionais, identificou um tipo de solidariedadeque denominou "mecânica". Seu conjunto de padrões morais constitui uma"consciência coletiva". Nessas sociedades, tal consciência adquire alto graude homogeneidade e, em conseqüência disso, a lei que pune astransgressões reflete o valor passional do código ético comum. É, por isso,tipicamente repressiva.

Nas sociedades modernas, as sanções legais, em vez de punição,envolvem mais pressupostos de restituição ou reparação de danos causados.Constituem, desse modo, uma lei de tipo "restitutivo". A solidariedade socialcorrespondente baseia-se na interdependência de partes específicas dasociedade. Usando uma analogia biológica, Durkheim denominou-a"solidariedade orgânica". A evolução de qualquer sociedade opera-se pelapassagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica.

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26. TEORIA DO CONDOMÍNIOResposta:

A questão do Condomínio: ou a questão da Comitologia e da OrdemPós-Obesiana.

Neste caso, Condomínio quer dizer: conjunto de Estados Nacionaisanteriormente independentes que concordam em eliminar barreiras à trocade bens, serviços, pessoas, capitais e instituir autoridades específicas queregulem essas trocas.

Esta hipótese merece consideração em face do alargamento da UniãoEuropeia e da chamada Europa a la Carte.

Como se estivéssemos a defender um Condomínio e cada país tivesseum menu. União quer dizer unanimidade ou máximo denominador comumde bem-estar, logo, não se pode escolher como se fosse uma ementa,deixando para os outros aquilo que não nos interessa, ou não nos serve. Esteprincípio, a la carte, é derrubado pelo princípio do Condomínio. Pelo próprioDireito Privado também implica que não se possam ter relações queofendam a legitimidade da propriedade do nosso vizinho e obrigam arespeitar as partes comuns do prédio (A União é a tal parte comum, masaqui, num conceito de união europeia é mais ampla).

Por outro lado, o Condomínio implica que o modo de decisãoatribuído ao Condomínio implicaria um forte papel das comissões de peritos(havia necessidade de criar uma série de comissões de peritos a que sechamaria a Comitologia e que Maurice Duverger chamou de Comitocracia e aque nas aulas chamámos de Eurocracia ou Tecnocracia).

Assim, o Condomínio deve ser interpretado, na EU, como uma etapatransitória e a ser debatida, pelas instituições da EU, e não apenas por umsuper administrador de todos os Estados pertencentes à UE.

27. RAMOS AFINS DO DIREITO COMUNITÁRIOResposta:

O primeiro ramo afim do Direito Comunitário continua a ser oDireito Internacional Público, pois os tratados internacionais ainda são aprimeira fonte do Direito Comunitário (somente suplantados pelo ius cogenscomunitário e internacional).

O segundo ramo afim do Direito Comunitário é o DireitoAdministrativo , sendo este um ramo do Direito com o qual o DireitoComunitário tem mantido uma mais intensa relação recíproca.Por um lado, aprogressiva intensidade da aplicação do Direito Comunitário por via

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administrativa (exercido nos órgãos da UE) e por outro lado a cada vez maisampla e complexa aplicação do Direito Comunitário pelos Estados membros,torna o Direito Administrativo num dos principais ramos do DireitoComunitário.

O terceiro ramo afim do Direito Comunitário é o DireitoConstitucional, a progressiva harmonização das Constituições dos Estadosmembros com o Direito Comunitário, particularmente no domínioeconómico e financeiro, e mais recentemente, também em questõespoliticas, tem o objectivo de adaptar as Constituições nacionais ao Tratadoda União Europeia.

O quarto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Comparado(embora não sendo um ramo do direito e sim um método jurídico) tendoeste a finalidade de comparar os direitos, contribuindo para a harmonizaçãodas Ordens Jurídicas nacionais com o Direito Comunitário, constituindo aafirmação do Direito Comunitário como uma Ordem Jurídica comum aosEstados membros e susceptível de interpretação e de aplicação uniformespela Comunidade e pelos Estados membros.

O quinto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Civil, o DireitoComunitário foi buscar através da jurisprudência, vários princípios gerais queconstituem repositório do Direito comum e que vêm do Direito Romano pelamão do Direito Civil.

O sexto ramo afim do Direito Comunitário é o Direito Processual,resultando do facto das garantias judiciais serem muito extensas no DireitoComunitário.

28. GLOBALIZAÇÃOResposta:

Globalização A palavra globalização não tem um único significado, istodepende da compreensão de cada um, variando com o limite de conhecimento eanálise de cada indivíduo.

A globalização começou a evoluir a partir dos Descobrimentos e ao longo daRevolução Industrial até os dias de hoje. As navegações permitiram à humanidadeacelerar os contatos, trocas de informações, de técnicas e cultura, expandindo seusmercados. E nesta época o único objetivo era acumular riquezas para seu reino,devido ao fato de que o poder de um reino era analisado pela quantidade de metalprecioso que este possuía.

Recentemente, como por exemplo, a repercussão instantânea, na Américado Sul, de crises financeiras na Ásia, a fabricação de produtos de prestigiosas

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marcas européias ou americanas na Malásia, Tailândia etc. E a formação de cadeiasde televisão mundiais são aspectos de uma mesma tendência, a globalização, quecaracterizou o mundo no fim do século XX.

Entende-se por GLOBALIZAÇÃO o processo de interligação econômica ecultural, em nível planetário, que ganhou intensidade a partir de 1980, devido,sobretudo ao crescimento vertiginoso dos principais centros nervosos das sociedadesmodernas: os mercados financeiros e as redes de informação.

O fenômeno decorre basicamente da expansão dos sistemas decomunicação por satélites, da revolução da telefonia e da presença da informáticana maior parte dos setores de produção e de serviços, inclusive por meio de redesplanetárias como a Internet. O mundo que se vê hoje e cada vez menor, ascomunicações encurtaram distâncias, integrando economia, política e cultura, noentanto ela não compreende só isso, mas também o desenvolvimento de cada umsocialmente e culturalmente. Por exemplo, a notícia do assassinato do presidentenorte-americano Abraham Lincoln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o Atlântico echegar a Europa. A queda da Bolsa de Valores de Hong Kong (outubro-novembro/97), levou 13 segundos para cair como um raio sobre São Paulo e Tóquio,Nova York e Tel Aviv, Frankfurt e Lisboa.

A globalização é impulsionada por notáveis transformações tecnológicas epor uma onda de simpatia pelas teses ditas neoliberais, o fenômeno da globalizaçãose consolidou com a queda dos regimes comunistas na Europa e a aberturaeconômica na China.

No plano econômico, a globalização se traduz por maior abertura nocomércio externo e por uma rapidez sem precedentes no movimento de capitais,permitindo a investidores colocar dinheiro num país e retirá-lo em segundos. Essainstantaneidade no funcionamento do mercado faz com que uma crise local, como ado México em 1994 e a dos países asiáticos em 1997, derrube as cotações dasprincipais bolsas e tenha reflexos imediatos em vários países. O grande número defusões ocorridas a partir de 1995 e o predomínio de gigantescas empresastransnacionais fazem parte do mesmo processo.

A globalização do sistema financeiro é caracterizada pela criação de umsistema global de intermediação financeira. Os Sistemas Financeiros Internacionaldefiniram-se como a relação de troca ou negócios entre moedas, atividades, fluxosmonetários, bancos e governos, que tem como principal função facilitar o comércioe o investimento internacional transferindo capital para onde for mais lucrativo.

Na década de 1990, eram muitas as vozes que deploravam os efeitos daglobalização, acusada de gerar desemprego em várias regiões, além de ameaçar a

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ordem mundial por reduzir o poder de decisão dos países e organismosinternacionais em face do poder das grandes empresas e corporações financeiras.

29. MUNDIALIZAÇÃOResposta:

Processo histórico, com incidência política, económica, cultural, tecnológica,etc., acelerado na segunda metade do século XX, que representa a consciência deque os fenómenos se apresentam inter-relacionados, independentemente dasfronteiras territoriais, das diferenças étnicas ou linguísticas, etc.

Para este fenómeno terá contribuído uma série de factores, como aemergência e o desenvolvimento de organizações transnacionais (de que sãoexemplos a ONU, a União Europeia, a UEO e a NATO), o incremento das vias decomunicação entre os vários países e regiões, a expansão das telecomunicações edas tecnologias de informação, a vigência de certos princípios políticos (direitoshumanos, assistência humanitária) e o acesso generalizado à (mesma) informação.

Especificamente, na área económica, o fenómeno da mundialização tevecomo consequência a globalização dos mercados. Esta tem ainda algumas causaspróprias do meio económico, como sejam a facilidade e rapidez com que os capitaissão movimentados, a necessidade de as empresas obterem economias de escala e oincremento de processos de integração económica (como a União Europeia, oNAFTA e o MERCOSUL), não sendo também indiferentes os avanços nasnegociações do GATT.

A globalização consiste então no seguinte: apesar das diferenças de valorese de características de cada país ou região (que implicam atitudes culturais tambémdistintas), tem-se verificado que as preferências dos consumidores se têmpadronizado. Isto é verdade, pelo menos, para certas classes de produtos (de luxo eque satisfaçam consumidores com necessidades muito semelhantes - ou seja, osprodutos universais). A principal característica da globalização é, portanto, acrescente homogeneidade das preferências dos consumidores (e, por isso, dos seuspadrões de consumo).

Para as empresas, tudo isto acarreta consequências evidentes, mesmo aonível das suas operações diárias. Por um lado, passam a ter a necessidade deintegrar as suas actividades a nível mundial. É, pois, mais do que de um processo deinternacionalização que se trata: essas actividades passam a ser organizadas àescala mundial, como se o mundo fosse um único país (pode aqui lembrar-se anoção de aldeia global). Por outro, este processo gera a necessidade de se processara adaptações pontuais dos produtos aos mercados regionais específicos que asempresas pretendem atingir.

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30. BLOCOS ECONÓMICOSResposta:

Os blocos comerciais, ou blocos econômicos/económico, são agrupamentosde países que têm como objetivo a integração economica e/ou social. Podem serclassificados em quatro categorias distintas: Áreas ou Zonas de Livre Comércio,Uniões Aduaneiras, Mercados Comuns e Uniões Economicas e Monetárias.

Essa classificação remete às diversas etapas do desenvolvimento dos blocoseconômicos que, em sua origem, pode ser associada ao estabelecimento daComunidade Economica do Carvão e do Aço (CECA) pela Alemanha Ocidental,Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo em 1951. Essa organização seria abase do que futuramente constituiu a União Européia.

Adam Smith já havia percebido que a divisão do trabalho é a razão doaperfeiçoamento econômico por permitir uma maior produtividade do trabalho. Umfenômeno semelhante ocorre com os países, caracterizando a moderna DivisãoInternacional do Trabalho (DIT). Por essa ótica, a melhor forma de garantir aprosperidade das nações é o livre comércio de bens e serviços, de modo a cada áreaproduzir aquilo em que obtem a melhor produtividade marginal.

Os blocos econômicos surgiram nesse contexto com o propósito de permitiruma maior integração econômica dos países membros visando um aumento daprosperidade geral.

A fase inicial caracteriza-se, normalmente, pela constituição de uma área delivre comércio, que tem como objetivo a isenção das tarifas de importação deprodutos entre os países membros. Deste modo, um artigo produzido num paíspoderá ser vendido noutro sem quaisquer impedimentos fiscais, respeitando-seapenas as normas sanitárias ou outras legislações restritivas que eventualmenteapareçam.

Numa união aduaneira, os objetivos são mais amplos, abrangendo a criaçãode regras comuns de comércio com países exteriores ao bloco.

O mercado comum implica numa integração econômica mais profunda, coma adoção das mesmas normas de comércio interno e externo, unificando aseconomias e, num estágio mais avançado, as moedas e instituições.

A falha principal deste modo de encarar o surgimento e desenvolvimentodos blocos econômicos é o fato de que ela induz, a partir de um caso específico (aUnião Européia), as etapas de desenvolvimento pelas quais outros blocoseconômicos haveriam de passar. A própria história de alguns blocos econômicos

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aponta, entretanto, num sentido oposto, mostrando que ao invés de uma regra, ocaso da União Europeia consiste numa exceção. Exemplos são abundantes, como ocaso da União Africana bem ilustra, ou ainda o Mercosul.

Na atualidade, estão constituídos como BLOCOS ECONÔMICOS a UniãoEuropéia, o Nafta, a APEC Associação de Cooperação Econômica da Ásia e doPacífico, a CEI Comunidade de Estados Independentes, o Mercosul, o Pacto Andino,a APEC Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico e o ComesaMercado Comum dos Países do Leste e Sul da África.

Nos últimos anos tem havido um grande aumento no número de acordospara remoção mútua das barreiras de comércio e para a constituição de arranjosregionais de comércio.

E essa INTEGRAÇÃO REGIONAL surgiu como uma alternativa para a gestãoda interdependência e de conflitos diante das dificuldades nas negociaçõesmultilaterais. A integração da economia mundial é um dos principais fatoresresponsáveis pela constituição dos diversos blocos econômicos em várias partes doglobo. A sua existência atende ao mais elevado interesse das empresasmultinacionais porquanto, por seu intermédio, haverá uma maior liberalização domercado mundial, principalmente intra-blocos. Em outras palavras, a formação deblocos econômicos abre caminho à constituição de um mercado mundial sembarreiras no futuro sob a ótica das empresas multinacionais.

31. INFLUÊNCIA DA UE NOS ESTADOS MEMBROSResposta:

É notória uma influência maior dos Estados Membros para a UniãoEuropéia. Por exemplo, hoje a figura do Tratado de Lisboa representa umelemento necessário para um bom funcionamento da União Europeia. NesteTratado, a soberania nacional é reforçada, ao mesmo tempo que há umarepartição de competências mais coerente. Exemplo disso é a capacidade deintervenção dos parlamentos nacionais nas propostas legislativas. "Paraalém do 'cartão amarelo' que significa que se um terço dos parlamentosnacionais rejeitar uma proposta legislativa, a Comissão reaprecia essaproposta, foi introduzido um novo mecanismo que controla a aplicação doprincípio da subsidiariedade [se a maioria simples dos parlamentos nacionaisadoptar um parecer declarando que uma proposta legislativa não respeita oprincípio da subsidiariedade, e se o Conselho ou o Parlamento concordaremcom esses parlamentos nacionais, a proposta é rejeitada]."

Entretanto, a U.E também exerce influências em seus membros.Segundo Luis Sá, “as decisões e normas comunitárias são aplicadas pelas

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administrações nacionais com consideráveis diferenças de empenhamento. Asdificuldades de aplicação são de diverso grau e natureza, e podem nem sequerreflectir, como se disse, a relação mais ou menos intensa que os órgãos depoder de cada país e a sua opinião pública têm com a CE”.

Portanto, conforme a citação acima, depreende-se que a influência daU.E em relação aos Estados Membros não é uniforme, dependendo dascircunstâncias nacionais e de suas relações com os órgãos de poder daUnião.

Um dos exemplos mais bem sucedidos de influência da U.E foi aunificação monetária. O euro é a moeda oficial de 16 dos 27 países da UniãoEuropéia e na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002 e, comomoeda escritural, desde 1 de Janeiro de 1999. Mesmo que não tenha sidoadotado pela totalidade, a maioria dos Estados Membros aderiram aosistema monetário unificado.

32. ABUSO DO PODER DOMINANTEResposta:

Antes de tudo é preciso saber o que é POSIÇÃO DOMINANTE. Portanto,significa o poder que uma empresa tem de comportar-se independentemente dosseus concorrentes, dos seus fornecedores e dos seus clientes, na definição da suaestratégia comercial. Significa que ao tomar decisões em termos de políticacomercial, a empresa ocupa uma posição no mercado de tal relevância que não temde se preocupar com a reacção dos outros agentes económicos. Uma quota demercado significativa indicia frequentemente uma posição dominante: o queimporta determinar é se uma empresa detém poder de mercado. Neste sentido,uma posição dominante permite a uma empresa exercer unilateralmente o seupoder de mercado.

Agora que conhecemos a definição do que é Poder Dominante, podemosentão definir o conceito de Abuso do Poder Dominante. É a utilização indevida poruma empresa do seu poder de mercado quando este resulte na exclusão deconcorrentes do mercado através da criação de barreiras artificiais à entrada (porexemplo, recusando o acesso a uma infra-estrutura essencial) ou na subidasignificativa e artificial dos custos para as rivais (por exemplo, através dediscriminação ou condições contratuais difíceis de cumprir), ou se traduzem empráticas que impõem preços excessivos.

33. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDASResposta:

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A Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente NaçõesUnidas (NU), é uma organização internacional cujo objetivo declarado éfacilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurançainternacional, desenvolvimento economico, progresso social, direitoshumanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945 após aSegunda Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações, com o objetivo dedeter guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo.Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões.

Existem atualmente 192 estados-membros, incluindo quase todos osestados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONUe suas agências especializadas decidem sobre questões desubstantivas eadministrativas em reuniões regulares ao longo do ano. A organização estádividida em instâncias administrativas, principalmente: a Assembléia Geral(assembléia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para decidirdeterminadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Economico eSocial (para auxiliar na promoção da cooperação econômica e socialinternacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento deestudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o TribunalInternacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãoscomplementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas,como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa AlimentarMundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas (UNICEF). A figura maispublicamente visível da ONU é o Secretário Geral, cargo ocupado desde 2007por Ban Ki-moon, da Coréia do Sul. A organização é financiada porcontribuições voluntárias dos seus Estados membros, e tem seis idiomasoficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.

34. RESOLUÇÃO 242 DAS NAÇÕES UNIDASResposta:

Em Novembro de 1967, as Nações Unidas aprovaram a Resolução 242,que ordena a retirada de Israel dos territórios ocupados e a resolução doproblema dos refugiados. Israel não cumpriu a resolução para se retirar dosterritórios ocupados, e só negocia se os estados árabes reconhecerem oestado de Israel. Os líderes árabes em Cartum afirmam que a Resolução 242não é mais do que uma lista de desejos internacionais.

35. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDEResposta:

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada emsaúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à ONU. Sua sede é em Genebra,na Suíça. A directora-geral é, desde novembro de 2006, a chinesa Margaret Chan.

A OMS tem suas origens nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia).Após a Primeira Guerra Mundial.

Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximopossível o nível de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida nesse mesmodocumento como um «estado de completo bem-estar físico, mental e social e nãoconsistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade.»

36. NORMAS PROGRAMÁTICASResposta:

Norma programática é uma característica/espécie de Norma Jurídica.Entendemos por Norma Jurídica, por um preceito de Direito concretamenteconsiderado, transformado em prescrição legal; método objetivo da vontadesocial, manifestada imperativamente a todos pelo Estado, podendo ser:dispositiva, quando apenas anuncia a regra jurídica; interpretativa, quandoexplica o significado do seu conteúdo e a sua aplicação aos fatos; coercitiva,quando são incluídas ordens indispensáveis à observância obrigatória daspartes envolvidas na vinculação jurídica.

Observação: A norma jurídica pode ser taxativa, proibitiva, legal,preceptiva (que contém preceitos), imperfeita, de anulação, primária eprogramática etc.

Portanto, as Normas Programáticas se distinguem pelo conteúdo epela eficácia diferida, são normas obrigatórias e, ‘como normas definidorasde direitos e garantias fundamentais’. A adoção de normas programáticas, épara a concretização legislativa de seu dilatado conteúdo material.

37. EXPLIQUE A PERTINÊNCIA DO ARTIGO 8º NÚMERO 4 DA CONSTITUIÇÃOPORTUGUESA.

Artigo 8.º(Direito internacional)

1. As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem parteintegrante do direito português.2. As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ouaprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquantovincularem internacionalmente o Estado Português.

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3. As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionaisde que Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde que tal seencontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos.4. As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadasdas suas instituições, no exercício das respectivas competências, são aplicáveis naordem interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelosprincípios fundamentais do Estado de direito democrático.

38. ARTIGO 61 DA CRP

Artigo 61.º(Iniciativa privada, cooperativa e autogestionária)

1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos quadros definidos pelaConstituição e pela lei e tendo em conta o interesse geral.2. A todos é reconhecido o direito à livre constituição de cooperativas, desde queobservados os princípios cooperativos.3. As cooperativas desenvolvem livremente as suas actividades no quadro da lei epodem agrupar-se em uniões, federações e confederações e em outras formas deorganização legalmente previstas.4. A lei estabelece as especificidades organizativas das cooperativas comparticipação pública.5. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.

39. ARTIGO 81 CRP

Artigo 81.º(Incumbências prioritárias do Estado)

Incumbe prioritariamente ao Estado no âmbito económico e social:a) Promover o aumento do bem-estar social e económico e da qualidade de vida daspessoas, em especial das mais desfavorecidas, no quadro de uma estratégia dedesenvolvimento sustentável;b) Promover a justiça social, assegurar a igualdade de oportunidades e operar asnecessárias correcções das desigualdades na distribuição da riqueza e dorendimento, nomeadamente através da política fiscal;c) Assegurar a plena utilização das forças produtivas, designadamente zelando pelaeficiência do sector público;d) Promover a coesão económica e social de todo o território nacional, orientando odesenvolvimento no sentido de um crescimento equilibrado de todos os sectores eregiões e eliminando progressivamente as diferenças económicas e sociais entre acidade e o campo e entre o litoral e o interior;e) Promover a correcção das desigualdades derivadas da insularidade das regiõesautónomas e incentivar a sua progressiva integração em espaços económicos maisvastos, no âmbito nacional ou internacional;f) Assegurar o funcionamento eficiente dos mercados, de modo a garantir aequilibrada concorrência entre as empresas, a contrariar as formas de organização

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monopolistas e a reprimir os abusos de posição dominante e outras práticas lesivasdo interesse geral;g) Desenvolver as relações económicas com todos os povos, salvaguardandosempre a independência nacional e os interesses dos portugueses e da economia dopaís;h) Eliminar os latifúndios e reordenar o minifúndio;i) Garantir a defesa dos interesses e os direitos dos consumidores;j) Criar os instrumentos jurídicos e técnicos necessários ao planeamentodemocrático do desenvolvimento económico e social;l) Assegurar uma política científica e tecnológica favorável ao desenvolvimento dopaís;m) Adoptar uma política nacional de energia, com preservação dos recursosnaturais e do equilíbrio ecológico, promovendo, neste domínio, a cooperaçãointernacional;n) Adoptar uma política nacional da água, com aproveitamento, planeamento egestão racional dos recursos hídricos.

40. ARTIGO 84 DA CRP

Artigo 84.º(Domínio público)

1. Pertencem ao domínio público:a) As águas territoriais com os seus leitos e os fundos marinhos contíguos, bemcomo os lagos, lagoas e cursos de água navegáveis ou flutuáveis, com osrespectivos leitos;b) As camadas aéreas superiores ao território acima do limite reconhecido aoproprietário ou superficiário;c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas mineromedicinais, as cavidadesnaturais subterrâneas existentes no subsolo, com excepção das rochas, terrascomuns e outros materiais habitualmente usados na construção;d) As estradas;e) As linhas férreas nacionais;f) Outros bens como tal classificados por lei.2. A lei define quais os bens que integram o domínio público do Estado, o domíniopúblico das regiões autónomas e o domínio público das autarquias locais, bemcomo o seu regime, condições de utilização e limites.