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norukai
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Partes de uma edição da revista Quilombo que destacam o grupo do Teatro Experimental do Negro
CIMENTO
VIDA, PROBLEMAS E ASPIRAES DO NEGROIOS no Teatro?
ABDIAS NASCIMENTO
rosa e altivamente - ao en-queles que acreditam, - commalcia -, que pretendemospas. A discriminao de crma questo de fato (Senador'orm a luta de QUILOMBOentra os que negam os nossos~cial para fazer lembrar ourro os seus direitos vida e
'uio e acentos africanos, ato, fico, msica, como ex-) brasileiro mais pigmentado,ndo relegada ao abandono,res do "branqueamento", es-docratas" de que o pluralis-e 1i g i o s o e poltico d vi-s nacionais, sendo o prprioGilberto Freire). Podemos di-enio do negro como homemt desde 13 de maio de 18g8ma com todo o problema quepoltico de uma raa ou ru-: econmica sbre outro grupoos. Apesar do tempo que an-lmrica quando o Papa Pio Ll,levantou impedimentos teo-
qus de africanos; depois tiaEstados Unidos motivada pelaJS; aps as lutas libertadorasoblema segue no mesmo p.falar de servido e submiss'Jtr ao negro o domnio eco-la terra, como na Ajrica domente seus direitos no pasconstruir, como nos Estadosite despojam-lhe dos meiosue o capacitariam a tuiquiririrtuieira condio ante umao Brasil.sboada torna-se mais ntidaxiti pleitear e conseguir, no1 condena co de tdas as iiis-ltimas eleies dos Estados
didato dos suocratas Strom1 beligerantemente racista enais de um milho de votos,Truman baseou-se na cam-: para todo o povo norte-a me-ClS. A lndia, nesta mesma As-em Paris, levou ao conheci-~so problema da discrimina-mde reacionrios descenden-"boers", com unicamente umIve milhes de nativos, ven-o partido do general Smuts,
depreconceitoH crRESPONDE A NOSSA ENQUETE NELSON RODRIGUES, ODISCUTIDO AUTOR DE "ANJO NEGRO": - "INGENUIDADEOU MA F NEGAR O PRECONCEITO RACIAL NOS PALCOS
BRASILEIROS"
Nelson Rodrigll,es marca uma fase na evoluo do teatro bra-sileiro. Suas peas "Vestido de Noiva" e "A Mulher sem peca-do" ranearam-ltie a reputao de nosso maior autor dramti-co, e outras, ..Album de Famlia" - interditada pela Censura -e "Anjo Negro", recentemente apresentada no Fnix, provoca-ram debates acsos em torno do valor de sua obra teatral, unsconsiderando Nelson Rodrigues verdadeiro genio, outros negan-do-lhe qualquer valor. Enquanto tudo isso acontece, Nelson Ro-drigues prepara-se para enfrentar nova tempestade com a pr-xima representao de "Senhora dos Afogados", a nossa "Elec-tra" que a policia interditou tarnbem, Ningum, portanto, maisautorizado para abrir a discusso de QUILOMBO em tomo daexistncia ou no do preconceito de cor e de raa em nossoteatro.A QUE ATRmUE O AFASTA-MENTO DO NEGRO OU MES-TIO DOS NOSSOS PALCOS? nossa pergunta Nelson Ro-
drigues respondeu com preciso:-Acho, isto , tenho a certe-
za de que pura e simples ques-to de desprezo. Desprezo em to-dos os sentidos, mas fisico, so-bretudo. Raras companhias gos-tam de ter negro em cena; equando uma pea exige o ele-mento de cr, adta-se a seguin-te soluo: brocha-se um bran-co. "" Branco pintado" - eis onegro do teatro nacional. Claro,no devemos contar uma ou ou-tra exceo. Mas isto no cons-titue uma regra. preciso umaingenuida
PAgina 6 QUILOMBO
ENCONTRO COM
Ruth de Souza a mais recen-te e importante aquso donosso clnema. A jovem e impres-sionante atriz do Tatro Experi-mental do Negro acaba de filmarem duas produes da "Atlanti-da": "Falta algum no manco-mio" e "Terra Violenta", extrai-da do romance de Jorge Amado"Terras do sem fim". Na pri-meira dessas pelculas, ora emexibio nos cinemas da linha doSo Luiz, Ruth de Souza desem-penha o pequeno papel de "Ju-lia", a governanta da casa deloucos. Papel inexpressivo. Ruthquase nada tem a fazer, o quelhe tira a possibilidade de reve-lar seu enorme talento. No en-tanto sua passagem na tla deurna sobriedade natural e dignaque nos autorsa depositar gran-de confiana em seus futuros de-sempenhos. : uma estria pro-mssora sob todos os pontos devista. Ruth consegue egualar seutrabalho ao que na de melhoc nofilme em matria de interpreta-o: Modesto de Souza, VraNunes, Luza Barreto Leite, Ser-gio de Oliveira.- Prefiro meu desempenho em
..T e r r a Violenta", revelou-nosRuth. Neste filme tenho um pa-pel de intensidade dramaticamais ao feitio do meu tempera-mento e do meu genero em tea-tro.Alis, "Terra Violenta" uma
produo na qual a "Atlantida"parece haver depositado multasesperanas e pretenses artistl-cas, e Isso se verifica no s pelaescolha do texto, como tambmpela do diretor - o americanoBernoudy - dos interpretes. en-tre os quaes, Graa Melo, Agu-naldo Camargo, Maria FlernandaDavid Conde, Sady Cabral, LuzaBarreto Leite, Grande Otelo. He-loisa Helena e outros. Assim justo que Ruth prefira seu tra-balho nesta pelcula.Sem duvida a "Atlantida" agiu
com acerto contratando RuthnA,r~ n .
QUILOMBO Pgina,
~O EXPERIMENTAL DO NEGROdessa importante realizao artstica e cultural - Suas prximas produes1", "Don Perlimplin e Belisa", "Caligulo", "0 Cominho da Cruz" e "Mulato"---
me. Harris" em "Todos os filhos deazas", de Neill
por que tambm colaborou na dre-Joio o do espetculo.Ire-do ALFABETIZAAO E CULTURAes-deal- o T. E. N. manteve, em salascedidas pela Unio Nacional de
Estudantes, vrias aulas de alfa-betizao, sob a chefia do pro-
no fessor Ironides Rodrigues. Cercade de seiscentos alunos frequenta-ra- varn esse curso, interrompido, in-de felizmente, por falta de localao para funcionar desde o dia em-res que a U. N. E. necessitou suasom salas. Tambm f o i ministrado) um curso de iniciao cultural,Iqo com a colaborao dos professo-rao res Jos Carlos Lsba e Maria:05. Yeda Leite, da Faculdade de Fi-no losofia da Universidade do Bra-de sl, William Rex Crawford, entose adido cultural d a Embaixada
JO- Americana, poeta Jos FranciscoCoelho, romancista RaymundoSouza Dantas e outros.
os-ta-
.co,e
or-la-Idelfi-oreie-~o-as,, etesa:za,e-ifo-,LOSdaa-ro
desses certames j foram esco-lhidas Marra Aparecida Marques,professora publica e locutora derado, em 1947, e Mercedes Ba-tista, do COl1l0 de baile do Mu-nicipal, no corrente ano. "A Bo-neca de Pixe de 48" foi a snrta.Mama Tereza. Para encerrar essesconcursos, o T. N. E. promovebailes nos sales do Clube Bota-fogo e High LHe, e o apoio doSru. Carlito Rocha, llder espor-tivo, e da Empreza Paschoal Se-greto, com o snr. Domingos Se-greto frente, deve ser registra-do com alegria, pois ambos nosdo o testemunho de gue a gene-rosidade, a colaborao desinte-ressada, ainda possvel entreos homens.
"ARUANDA" E "DON PER-LIMPLIN e RELISA"
No proximo dia 21 de dezem-bro, o T. E. N. dever apresentarno Ginstico duas peas: "Aru-anda", lanando um novo autornacional, o snr. Joaquim Ribeiro,que em 1946, escreveu o primeirooriginal especialmente para essegrupo. Trata-se, em linhas ge-rais do confflito cultural e psico-lgico de uma mulata que, noacreditando na macumba fi-nalmente a r r a s ta d a a desen-freada paixo por um santo des-conhecido de ..Aruanda" - odeus "Gangazuma". O clima dapea todo ele impregnado demistrio, de "pontos" e ritmossoturnos. Passa-se na Baia, numporo l das bandas do rio Ver-melho. Ruth de Souza far apersonagem de forte dramatici-dade de "Tia Zefa ", Abdas se-r o "filho de santo Quel", epara o papel de "Rosa Mulata"esto sendo cogitados trs no-mes: Mercedes Batista, Noemiae Rene. "Pae Joo" servir paraa estrela de Claudiano Filho. Ce-nrios de Eros Gonalves, mus-ca de Gentil Puget.
" Amores de don Perlimplincom Belsa em seu jardim", dopoeta espanhol Federico GarciaLorca, numa traduo de Rosa-rio Fusco ser a outra pea des-ta temporada. Anisio Medeirosencarregou-se de desenhar figu-rinos e cenaros. Marina Gonal-ves desempenhar "Marcolfa",Ruth "Belisa ". Luis Soares es-trelar como o "1.0 Duende",Claudiano Filho "2.0 Duende".Abdias far. "Perlmpln ".
"CALIGULA" "O CAMINHODA CRUZ E "MULATO"
"Caligula", de Albert Camus,ccnsttur o grande aconteci-mento artstico do T. E. N. Con-siderada a obra mais importantedo teatro contemporaneo, "Cal-gula" est sendo ensaiada comcarinho excepcional, e sua mon-tagem estudada detidamente. Ca-mus. em r.art.R. !:t4"\ 'T' li! l\J {r::-.a __
Claudiano Filho estrelar em"Aruaitda"
cE.M~S AO : E. ~
Paris, 18 de Maro de 1948
Abdias Nascimento
Rua Artur Bernardes, 4g apar-tamento 604
Rio de Janeiro - Brasil
Senhor:
_,Encarregada da correspond~n-cia do snr. Albert Camus, quese acha ausente, transmiti-lhe acarta que haveis enviado. Eledeu-me a resposta que passo aovosso conhecimento. O Snr. Ca-mus ficou muito sensibilizadocom o vosso interesse pelo seu"Caliula" e sentir o maiorprazer que vs o representeis noBrasil. Naturalmente ele nofaz questo de direitos autorais.Com a segurana de meus me-
lhores sentimentos.
(a) Suzane Labiche, secretaria
6N.
Meu prezado Snr. Nascimento:
Sua carta de 8 de novembroatrazou-se grandemente no ca-minho e no me chegou emSan Francisco seno ontem.Perdoe-me pois este atraso.No minha culpa.Dou-lhe m i n h a permisso
para montar "O ImperadorJones" sem nenhum pagamen-to a mim, e quero desejar-lhetodo o sucesso que voce esperapara o seu "Teatro Experimen-tal do Negro". Conheo muitobem as condies que voce des-creve do teatro brasileiro. Ti-vemos as mesmas condies nonosso teatro antes que "O Im-perador Jones" fosse represen-tado em New York em 1920 -qualquer parte de responsabi-lidade era sempre desempe-nhada por atores brancos pin-tados de preto. Usto, natural-mente, no se aplicava co-mdia musical ou ao teatro devariedades, o n d e uns poucosn e g r o s conseguiram alcanargrande sucesso). Depois de "OImperador Jones", representadooriginalmente por Charles Gil-pi'n e mais tarde por Paul Ro-beson, fazer um g r a n d e su-cesso, o caminho estava aber-to para o negro representardrama srio em nossos teatros.O que dificulta agora a faltade peas. Mas acho que bemcedo haver dramaturgos ne-gros de real mrito para supriressa falta.Em qualquer situao pde
contar sempre comigo para coo-perar com voces porque dese-jo acima de tudo que o seuteatro tenha bom exito e lon-ga vida. .Agradeo-lhe muito a genti-
leza do seu oferecimento de re-meter-me os comentarios sbrea sua representao, tradueiospara o intez. Ficarei contentede ve-Ios.Os melhores votos para voce
e para todos aqueles relaciona-dos com o seu teat};9.
Israel Pechstein
Israel Pechstein
Israel Pechstein
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