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1 QUÍMICA NA ESCOLA Cassia Josiane Rodrigues Soares* Referências Bibliográficas: Lopes, Alice Casimiro. Discursos curriculares na disciplina escolar Química. Ciênc. educ. (Bauru), Ago 2005, vol.11; Parâmetros curriculares nacionais Ensino Médio. Brasília, DF: Ministério de Educação, 1999; Lopes, Alice Casimiro,Tosta,Andréa Helena. O lugar da Química na escola: movimentos constitutivos da disciplina no cotidiano escolar. Este trabalho, primeiramente faz uma reconstrução da constituição sócio-histórica da disciplina de Química, tenta conceber a idéia de “lugar” para o ensino de Química dentro de um estabelecimento de ensino, e o que é considerado como sendo “química” para os pesquisados,e de que forma ela está presente no nosso dia-a-dia,a autora se refere à disciplina na perspectiva apontada por Lopes: As disciplinas, de uma forma geral, compreendem saberes com bases epistemológicas mais ou menos explícitas, porém não são essas bases epistemológicas que definem a concepção de disciplina escolar. Trabalho com quatro princípios teórico-metodológicos que se interconectam e se sustentam mutuamente, configurando o entendimento de que disciplinas escolares são diferentes de disciplinas científicas e acadêmicas. De acordo com esses quatro princípios, a disciplina escolar é: 1) uma construção sócio-histórica; 2) uma tecnologia de organização curricular; 3) um produto da recontextualização de discursos; 4) um híbrido de discursos curriculares. (LOPES, 2003: 3) Nessa perspectiva, Lopes entende a disciplina escolar da Química como um conjunto de premissas, atividades, materiais, documentos, ações pedagógicas etc., que levam, para o espaço escolar, discursos recontextualizados e hibridizados que são reconhecidos por professores, alunos e outros atores escolares

QUÍMICA NA ESCOLA, resenha

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QUÍMICA NA ESCOLA

Cassia Josiane Rodrigues Soares*

Referências Bibliográficas:Lopes, Alice Casimiro. Discursos curriculares na disciplina escolar Química. Ciênc. educ. (Bauru), Ago 2005, vol.11;

Parâmetros curriculares nacionais Ensino Médio. Brasília, DF: Ministério de Educação, 1999;Lopes, Alice Casimiro,Tosta,Andréa Helena. O lugar da Química na escola: movimentos constitutivos da disciplina no cotidiano escolar.

Este trabalho, primeiramente faz uma reconstrução da constituição sócio-histórica da disciplina de Química, tenta conceber a idéia de “lugar” para o ensino de Química dentro de um estabelecimento de ensino, e o que é considerado como sendo “química” para os pesquisados,e de que forma ela está presente no nosso dia-a-dia,a autora se refere à disciplina na perspectiva apontada por Lopes:

As disciplinas, de uma forma geral, compreendem saberes com bases epistemológicas mais ou menos explícitas, porém não são essas bases epistemológicas que definem a concepção de disciplina escolar. Trabalho com quatro princípios teórico-metodológicos que se interconectam e se sustentam mutuamente, configurando o entendimento de que disciplinas escolares são diferentes de disciplinas científicas e acadêmicas. De acordo com esses quatro princípios, a disciplina escolar é: 1) uma construção sócio-histórica; 2) uma tecnologia de organização curricular; 3) um produto da recontextualização de discursos; 4) um híbrido de discursos curriculares. (LOPES, 2003: 3)

Nessa perspectiva, Lopes entende a disciplina escolar da Química como um conjunto de premissas, atividades, materiais, documentos, ações pedagógicas etc., que levam, para o espaço escolar, discursos recontextualizados e hibridizados que são reconhecidos por professores, alunos e outros atores escolares como um campo de conhecimentos relacionados com a ciência química.

Neste trabalho vejo que a visão do que é ensino de química, e de como deve ser passado para os alunos, é ainda hoje, conflitante, havendo diversas formas de pensar, e de conceituar a química , como disciplina, sendo hibridizada, como cita o texto acima ,de Alice Casimiro Lopes.

A manutenção das disciplinas escolares relaciona-se assim com o atendimento às finalidades sociais da escolarização: os processos de seleção de alunos, a produção de diploma para o sistema produtivo e a produção de padrões e tipificações sociais estáveis e legitimadas,capazes de serem trocados no mercado de identidade social (MEYER & ROWAN apudGOODSON, 1996a). É nos espaços disciplinares que professores e alunos podem atender a esses padrões e tipificações sociais, via construção da carreira dos alunos, produção de retóricas legitimadas e legitimadoras das atividades realizadas, garantia do status dos professores.Todas essas finalidades são distintas das finalidades sociais do mundo acadêmico e do mundo Científico , marcado por outros interesses, pelo atendimento a outras demandas sociais e constituído por outra trajetória histórica (MACEDO & LOPES, 2002).

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Lendo o texto pude observar uma preocupação com o que é, e como deve ser ministrado e ensino de química nas escolas, uma preocupação na qualidade do ensino, quando fala no campo da qualificação dos professores e na sua formação continuada, que não tem a devida atenção por parte dos governantes, que não dão o enfoque necessário, para algo que é imprescindível para um bom desenvolvimento de uma disciplina na sala de aula, seja ela qual for, porque um professor que não se atualiza constantemente, e não entra em contato com tudo de novo que está acontecendo, acaba por ficar obsoleto, passando idéias para seus alunos, que não os satisfazem mais, porque as ferramentas que estes entram em contato todos os dias, estão constantemente se atualizando, e isso deve ser passado também na sala de aula.

Também pude observar nas pesquisas feitas pela autora, partindo de um resgate histórico que procurou nos dar pistas sobre a constituição sócio-histórica da disciplina Química no currículo da escola básica brasileira, e tentando responder a questão: “Qual é o lugar da química na escola?”

Pode concluir que, ao entendermos o lugar como aquilo que constitui o sujeito e lhe dá existência social, o “lugar” (ou os lugares) da Química na escola são ocupados por objetos e pessoas que ora firmam um contrato de diálogo com o cotidiano, ora com as coisas da ciência. Esse dilema que já é antigo, parece não ter sido rompido com a penetração de outros discursos na escola, como aqueles

oriundos dos PCNEM, por exemplo, em suas pesquisas a autora observou, o que se vê , no dia-a-dia associado a química é: desde chás caseiros ensinados por nossas avós, máscara facial caseira, infusão de ervas,a química da cozinha, até a química do laboratório da escola. O que corrobora este texto extraído dos PCNEN de Química:

A sociedade e seus cidadãos interagem com o conhecimento químico por diferentes meios. A tradição cultural difunde saberes, fundamentados em um ponto de vista químico, científico, ou baseados em crenças populares. Por vezes, podemos encontrar pontos de contato entre esses dois tipos de saberes, como, por exemplo, no caso de certas plantas cujas ações terapêuticas popularmente difundidas são justificadas por fundamentos químicos.

( BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais Ensino Médio. Brasília, DF: Ministério de Educação, 1999)

*Acadêmica de Licenciatura em Ciências Exatas,Universidade Federal do Pampa