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Química Orgânica I Por Prof. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida ([email protected]) Digitação e Edição Darcisa Miguel ([email protected]) e Gerson Santos ([email protected]) Diagramação, Edição de Arte, Capa e Produção Gráfica Gerson Santos Revisão de Texto Prof. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida

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Química Orgânica I

PorProf. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida

([email protected])

Digitação e EdiçãoDarcisa Miguel

([email protected])e

Gerson Santos([email protected])

Diagramação, Edição de Arte, Capa e Produção GráficaGerson Santos

Revisão de TextoProf. Dr. Carlos Roberto de Oliveira Almeida

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ÍNDICE

Capítulo 1 ATUALIDADES IMPORTANTES....................................................................3

Pré-Sal............................................................................................................................. 03Efeito Estufa....................................................................................................................06Água é Vida..................................................................................................................... 08Sal Light.......................................................................................................................... 10Sucralose.........................................................................................................................11Ozonosfera...................................................................................................................... 17El Niño e La Niña.............................................................................................................32

Capítulo 2 REVISÃO DE CONCEITOS IMPORTANTES DE QUÍMICA..........................38

Capítulo 3 ALCANOS.....................................................................................................79

Processos de obtenção..................................................................................................84Propriedades químicas...................................................................................................89

Capítulo 4 ALCENOS.....................................................................................................95

Obtenção......................................................................................................................... 95Propriedades químicas.................................................................................................102Alcinos........................................................................................................................... 113

Capítulo 5 ISOMERIA...................................................................................................128

Isomeria espacial..........................................................................................................128Isomeria de cadeia........................................................................................................128Isomeria de posição......................................................................................................129Isomeria funcional.........................................................................................................130Metameria ou isomeria de compensação.....................................................................131Isomeria geométrica......................................................................................................131Substâncias opticamente ativas...................................................................................137

Capítulo 6 CICLANOS E CICLENOS...........................................................................150

Processo de obtenção e propriedades químicas........................................................153

Capítulo 7 COMPOSTOS AROMÁTICOS....................................................................156

Regra de Huckel............................................................................................................156Provas de estrutura do benzeno..................................................................................156Ozonólise.......................................................................................................................156Reações do benzeno.....................................................................................................160Obtenção de compostos aromáticos...........................................................................171Derivados do benzeno..................................................................................................175Preparação do fenol......................................................................................................180Oxidação do isopropil benzeno (Cumeno)..................................................................181

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Efeitos indutivos sobre o anel......................................................................................182O efeito indutivo e a distância......................................................................................182Halogênios..................................................................................................................... 183Reação do benzeno com dois substituintes................................................................187Reação de substituição nucleófila no benzeno...........................................................190Reação com ácido hipo bromoso.................................................................................195

Capítulo 8 HALETOS ORGÂNICOS (DERIVADOS HALOGENADOS)........................209

Propriedades físicas.....................................................................................................209Estruturas e reatividades..............................................................................................210Velocidade da reação....................................................................................................210Rearranjos..................................................................................................................... 212Processos de obtenção................................................................................................213Propriedades químicas.................................................................................................222

Capítulo 9 ESTUDO DOS ÁLCOOIS............................................................................232

Obtenção....................................................................................................................... 232Propriedades químicas.................................................................................................242

Capítulo 10 ALDEÍDOS E CETONAS.............................................................................251

Processos de obtenção................................................................................................251Propriedades químicas.................................................................................................252Mecanismo.................................................................................................................... 257

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2004.

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3 - BRUICE, Paula Yurkanis. Química Orgânica. Editora Pearson Prentice Hall. São Paulo, 2006.

4 - CAMPOS, Marcello M. Fundamentos de Química Orgânica. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.997.

5 - COSTA, Paulo; PILLI, Ronaldo; PINHEIRO, Sérgio; VASCONCELOS, Mário. Substâncias Carboniladas e Derivados. Bookman Companhia Editora. Porto Alegre, 2.003.

6 - DURST, H. D. Química Orgânica Experimental. Barcelona. Editorial Reverté S/A, 1.985.

7 - GONÇALVES, Daniel; WAL, Eduardo, ALMEIDA, Roberto P. Química Orgânica Experimental. Rio de Janeiro. Editora McGraw Hill, 1.988.

8 - HENDRICKSON, James B., CRAM, Donald J. Organic Chemistry. Tóquio. Editora McGraw Hill KogerKushe, 1.980.

9 - McMURRY, John. Química Orgânica. Editora Pioneira Thomson Learning. São Paulo, 2005.

10 - MORRISON, Robert T. e BOYD, Robert N. Química Orgânica. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian, 1.995.

11 - Pré-sal: nova era na exploração de petróleo e gás. A Semana C&T - Jornal da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Edição n. 5, p. 11, Out. 2008.

12 - QUINOÁ, Emílio e RIGUERA, Ricardo. Questões e Exercícios de Química Orgânica. São Paulo. Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1996.

13 - REUSCH, Willian H. Química Orgânica. São Paulo. Editora McGraw Hill, 1.979.

14 - SAUNDERS J., WILLIAM H. Reações Iônicas Alifáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher, 1.979.

15 - SOARES, Bluma G. e outros. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Purificação, Identificação de Compostos Orgânicos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1.988.

16 - SOLOMONS, Graham & FRYHLE, Graig. Química Orgânica. LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda. Rio de Janeiro, 2001.

17 - STEWART, Ross. A Investigação das Reações Orgânicas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968.

18 - STOCK, Leon M. Reações de Substituição Aromáticas. São Paulo. Editora Edgard Blücher Ltda, 1.968.

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Em memória de

Carlos Alberto Barbosa de Almeida

☼ 15 de fevereiro de 1967 ┼ 04 de dezembro de 2008

Beto, você continuará sendo o filho amado, o marido amado, o irmão amado, o pai amado, o cunhado amado, o parente amado, o amigo amado e o médico muito amado por todos os pacientes que tratou.

Você continuará presente em nossas vidas em todos os traços, olhares, mãos, cor dos cabelos, cor dos olhos, modos carinhosos de tratar as pessoas que você deixou na Thaís, na Júlia, no Thiago e na Raquel.

* - * - * -* -* -* -* -* -* -*

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Capítulo 1 Atualidades Importantes

Pré-sal: nova era na exploração de petróleo e gás

O Brasil acaba de inaugurar uma nova fase na exploração de petróleo e gás natural, o que deve alavancar a produção nacional desses recursos energéticos. Em setembro, o navio-plataforma JK (foto acima) da Petrobras iniciou a produção do primeiro poço na chamada camada pré-sal, localizado no campo de Jubarte, na bacia de Campos, que abriga volumes expressivos de óleo leve - de melhor qualidade e alto valor comercial -, além de grande quantidade de gás natural. Localizado no campo de Jubarte, na bacia de Campos, no litoral sul do Espírito Santo, o poço em operação tem potencial para produzir 18 mil barris por dia

Acredita-se que os reservatórios do pré-sal irão acrescentar de 30 bilhões a 100 bilhões de barris à reserva natural de petróleo do Brasil, que até então é de cerca de 15 bilhões de barris. O óleo extraído hoje tem o defeito de ser pesado, o que obriga o país a exportar uma parte e importar óleo leve, mais caro, o que se traduz em uma auto-suficiência em volume, mas não em qualidade. A possibilidade de aumento vertiginoso nas reservas brasileiras causa uma grande expectativa quanto ao volume de recursos gerados, especialmente com os altos

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preços do barril de petróleo - que hoje chega a US$ 90. Em relação ao gás natural, a atual reserva brasileira deve, no mínimo, dobrar.

Uma discussão política importante surgiu após a descoberta de petróleo no pré-sal. O presidente Lula declarou a intenção de investir parte dos recursos gerados em educação. Ele destacou que, com a descoberta das reservas de petróleo e gás encontradas na Bacia de Santos (SP), o Brasil tem a oportunidade histórica de figurar entre as maiores nações do mundo. "Entretanto, isso só ocorrerá se investirmos parte desses recursos em educação e no combate à pobreza", defendeu.

Para o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, o Brasil deve ter uma produção mais voltada, primeiro, para o seu desenvolvimento e, segundo, para a exportação. "Uma importante preocupação do governo, a qual endosso é direcionar essa renda para a solução de problemas nacionais e não para atender investidores e a Petrobras exclusivamente", afirma.

Pinguelli concorda que os recursos sejam distribuídos aos municípios através de royalties - segundo o modelo tradicional -, mas ressalta que sua aplicação deve ser orientada, de forma a beneficiar ações e programas que atendam às reais necessidades da população. "O próprio governo federal deve buscar direcionar os recursos para o desenvolvimento social do Brasil: educação, saúde, infra-estrutura, programas de habitação, além de soluções para problemas como favelização e saneamento", conclui.

Onde fica o pré-sal?Os reservatórios da

camada pré-sal ficam: entre 5 e 7 mil metros de profundidade, abaixo de uma sequência de rochas sedimentares -formadas por diversos tipos de sal -, com até 2 mil metros de espessura (como mostra o gráfico ao lado). Essas rochas

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estendem-se por uma área de 800 km de extensão e 200 km de largura que vai do Espírito Santo a Santa Catarina, em uma profundidade de água que varia de 1 a3 mil metros.

As rochas do pré-sal foram depositadas há mais de 100 milhões de anos no espaço formado pela separação dos continentes americano e africano: Surgiu inicialmente um grande lago nessa área, onde foram depositadas as rochas geradoras de petróleo e muita matéria orgânica. Todos os rios corriam para esse lago e seu aumento permitiu a entrada da água do mar, iniciando a deposição da espessa camada de sal sobre a matéria orgânica, que, posteriormente, se transformou em petróleo e gás natural.

Descobertas promissorasDesde 2005, a Petrobras perfurou 15 poços que atingiram o pré-

sal. Oito deles já foram testados. A análise dos dados aponta que o Brasil está diante da descoberta da maior área petrolífera do país, equivalente às mais importantes do planeta. O volume de óleo recuperável no pré-sal do campo de Tupi (na bacia de Santos), por exemplo, foi estimado entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.

Segundo o gerente geral de engenharia básica da Petrobras, Marcos Assayag, somente após um teste piloto nos reservatórios descobertos no pré-sal, que terá início em dezembro de 2010, será possível confirmar ou não as atuais especulações de que as reservas podem chegar a 100 bilhões de barris de petróleo e gás.

Pioneira no mundo no desenvolvimento de tecnologias para a produção de petróleo em águas profundas, a Petrobras contará com esses sistemas para produzir economicamente o petróleo e o gás natural do pré-sal. No entanto, a empresa ainda terá que superar alguns desafios tecnológicos no caminho de tornar o Brasil um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. (Com dados da Gerência de Imprensa da Petrobras e da Assessoria da Coppe/UFRJ)

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Efeito EstufaO Efeito Estufa é a forma que a Terra tem para manter sua

temperatura constante. A atmosfera é altamente transparente à luz solar, porém cerca de 35% da radiação que recebemos vai ser refletida de novo para o espaço, ficando os outros 65% retidos na Terra.

Isto deve-se principalmente ao efeito sobre os raios infravermelhos de gases como o Dióxido de Carbono, Metano, Óxidos de nitrogênio e Ozônio presentes na atmosfera (totalizando menos de 1% desta), que vão reter esta radiação na Terra, permitindo-nos assistir ao efeito térmico dos mesmos.

Nos últimos anos, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado cerca de 0,4% anualmente; este aumento se deve à utilização de petróleo, gás e carvão e à destruição das florestas tropicais. A concentração de outros gases que contribuem para o Efeito Estufa, tais como o metano e os clorofluorcarbonetos (CFCs) também aumentaram rapidamente.

O efeito conjunto de tais substâncias pode vir a causar um aumento da temperatura global (Aquecimento Global) estimado entre 2 e 6 ºC nos próximos 100 anos.

Um aquecimento desta ordem de grandeza não só irá alterar os climas em nível mundial como também irá aumentar o nível médio das águas do mar em, pelo menos, 30 cm, o que poderá interferir na vida de milhões de pessoas que habitam as áreas costeiras mais baixas.

Se a terra não fosse coberta por um manto de ar, a atmosfera, seria demasiado fria para a vida. As condições seriam hostis à vida, a qual de tão frágil que é, bastaria uma pequena diferença nas condições iniciais da sua formação, para que nós não pudéssemos estar aqui discutindo-a.

O Efeito Estufa consiste, basicamente, na ação do dióxido de carbono e outros gases sobre os raios infravermelhos refletidos pela

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superfície da terra, reenviando-os para ela, mantendo assim uma temperatura estável no planeta.

Ao irradiarem para a Terra, parte dos raios luminosos oriundos do Sol são absorvidos e transformados em calor, outros são refletidos para o espaço, mas só parte destes chega a deixar a Terra, em consequência da ação refletora que os chamados "Gases

de Efeito Estufa" (dióxido de carbono, metano, clorofluorcarbonetos – CFCs - e óxidos de nitrogênio) têm sobre tal radiação reenviando-a para a superfície terrestre na forma de raios infravermelhos.

Desde a época pré-histórica que o dióxido de carbono tem tido um papel determinante na regulação da temperatura global do planeta. Com o aumento da utilização de combustíveis fósseis (Carvão, Petróleo e Gás Natural) a concentração de dióxido de carbono na atmosfera duplicou nos últimos cem anos.

Neste ritmo e com o abatimento massivo de florestas que se tem praticado (é nas plantas que o dióxido de carbono, através da fotossíntese, forma oxigênio e carbono, que é utilizado pela própria planta) o dióxido de carbono começará a proliferar levando, muito certamente, a um aumento da temperatura global, o que, mesmo tratando-se de poucos graus, levaria ao degelo das calotas polares e a grandes alterações a nível topográfico e ecológico do planeta.

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Água é Vida...Yuan Lee, prêmio Nobel em Química em 1986, escreveu: “A

água é esquisita. É um líquido, quando deveria ser um gás; expande, quando deveria contrair; e dissolve quase tudo que toca, se tiver tempo suficiente. No entanto, sem a esquisitice da água, a Terra deveria ser mais uma bola de gelo sem vida no espaço”.

A vida se apóia no comportamento anormal da água, que é uma molécula simples e estranha e que pode ser considerada o líquido da vida. É a substância mais abundante da biosfera - onde a encontramos em seus três estados: sólido, líquido e gasoso. É o componente majoritário dos seres vivos, podendo representar de 65 a 95% de massa da maior parte das formas vivas.

Possui extraordinárias propriedades físico-químicas que são responsáveis por sua importância biológica (ARRAKIS, 2004).

O novo século traz crise de falta de água e os homens precisam discutir o futuro da água que é o futuro da vida. A abundância desse líquido causa uma falsa sensação de recurso inesgotável. Pelas contas dos especialistas, 95,1% da água do planeta é salgada, sendo imprópria para consumo humano.

O Jornal FOLHA DE SÃO PAULO (1999) e NOGUEIRA (1999) ressaltam que 97,5% da água disponível na terra é salgada e está em oceanos e mares; 2,493% é doce mas se encontra em geleiras ou regiões subterrâneas de difícil acesso e somente 0,007% é a água doce encontrada em rios, lagos e na atmosfera, de fácil acesso para o consumo humano.

Atualmente 29 países não possuem água doce para toda a população. Em 2025, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), serão 48 países e em 2050 teremos mais de 60 países sem água em quantidade suficiente para toda a população. Enquanto em Nova York - (USA), o consumo atinge cerca de 2000 litros/habitante/dia, na África, a média do continente é de 15 litros/habitante/dia (BIO, 1999).

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Segundo a OPS (Organização Pan-Americana de Saúde) cada indivíduo necessita a cada dia de 189 litros de água, para atender suas necessidades de consumo, higiene e para preparo de alimentos.

Cada pessoa necessita de 87000 litros durante toda a vida, ou aproximadamente 1325 litros todos os anos, só para beber, segundo o artigo publicado na Revista Perspectivas de Salud da OPS (ÁGUAONLINE, 2000).

Aliadas à falta de água estão a má distribuição e contaminação dos recursos naturais.

Atualmente cerca de 1,4 bilhões de pessoas não têm acesso à água limpa, sendo que a cada oito segundos morre uma criança por uma doença relacionada com água contaminada, como disenteria e cólera, e 80% das enfermidades no mundo são contraídas por causa da água poluída (RAINHO, 1999).

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Sal Light

POR VERA LÍGIA RANGEL

Tempero mais leve e com menos sódio é ideal para hipertensos.

O sal, além de melhorar o sabor dos pratos, ajuda em algumas funções importantes do corpo, como a transmissão de impulsos nervosos, contração muscular e boa absorção dos nutrientes. Os gregos e romanos o consideravam um bem precioso - muitas vezes chamado de ouro branco e utilizado como moeda no comércio de outras mercadorias.

Serviu também como condimento para conservação de alimentos durante vários séculos. Hoje, porém, o ibope desse famoso tempero anda em baixa. O motivo? Se consumido em excesso, pode trazer problemas como hipertensão e catarata.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um adulto deve consumir por dia no máximo 6 gramas de sal de cozinha, o que equivale a uma colher de chá ou 2,4 gramas de sódio. Mas pesquisas revelaram que o brasileiro vai bem além disso: consumindo cerca de 13 gramas diariamente.

Uma boa alternativa para diminuir essa ingestão é investir no sal light. Trata-se de uma versão do tempero que contém cerca de 50% de cloreto de potássio e 50% de cloreto de sódio. O cloreto de sódio precisa ser dissolvido em água para agir no organismo humano. Ou seja, quanto maior é a ingestão de sal comum, cuja fórmula é composta basicamente por cloreto de sódio, mais líquidos serão necessários para dissolvê-lo. Isso provoca uma sobrecarga no sistema circulatório e, conseqüentemente, aumento da pressão arterial. Já o cloreto de potássio fica menos tempo no organismo, diminuindo a retenção de água.

Conclusão: a nova composição é bem mais balanceada do que a tradicional e, portanto, ideal para os hipertensos

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Sucralose

O que é a Sucralose?A Sucralose é um adoçante sem calorias, de alta qualidade, feito a partir do açúcar e que mantém o sabor do açúcar. É cerca de 600 vezes mais doce que o açúcar.

Qual é a diferença entre SPLENDA® e Sucralose?SPLENDA® é a marca do ingrediente adoçante, a Sucralose. Portanto, Sucralose é o nome genérico ou comum.

Como foi descoberta a Sucralose? Quem a descobriu?A Sucralose foi descoberta em 1976 como resultado de um projeto de investigação científica sobre adoçantes conduzido em conjunto pela companhia Tate & Lyle e o Queen Elizabeth College de Londres, Reino Unido. Os cientistas, que investigavam a relação entre a estrutura e sabor da molécula de açúcar, descobriram que, ao modificar a estrutura do açúcar de uma certa forma, podiam intensificar a doçura do açúcar e, ao mesmo tempo, torná-lo não calórico.

Como é feita a Sucralose?A Sucralose é feita por meio de um processo patenteado de múltiplas etapas que começa com o açúcar e substitui seletivamente três grupos “OH” da molécula do açúcar por três átomos de cloro. O resultado é um adoçante com gosto de açúcar, porém sem as calorias do açúcar.

A Sucralose é um adoçante natural?A Sucralose não é um produto natural, pois não se encontra na natureza. Apesar da Sucralose ser feita a partir do açúcar, a molécula de açúcar é quimicamente modificada para fazer a Sucralose, a qual é classificada como adoçante artificial.

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Quantas calorias tem a Sucralose?A Sucralose não é metabolizada pelo organismo como fonte de energia e portanto tem zero calorias.

Qual é o grau exato de doçura da Sucralose?Em média, a Sucralose é cerca de 600 vezes mais doce que o açúcar e por isso bastam quantidades muito pequenas para adoçar os alimentos e bebidas. Por exemplo, uma lata normal (350mL) de refrigerante “de dieta” necessita de apenas 70 miligramas (0,07g) de Sucralose, comparado à versão do refrigerante com todas as calorias, a qual contém normalmente cerca de 40g de açúcar ou xarope de milho de alto conteúdo de frutose.

Em que tipos de alimentos e bebidas usam os fabricantes a Sucralose?A Sucralose é extremamente versátil. Já está sendo usada na maioria dos alimentos e bebidas, inclusive sobremesas à base de laticínios, produtos de panificação, pastilhas elásticas, sorvetes e snacks de baixo teor de hidratos de carbono. Também pode ser usada em alimentos onde alguns outros adoçantes não podem ser usados. Como permanece doce mesmo em condições de alta intensidade de calor e durante o armazenamento prolongado e como tem um ótimo sabor, a Sucralose é usada numa ampla gama de alimentos e bebidas de baixo teor calórico.

Quais são os benefícios da Sucralose?A Sucralose é feita a partir do açúcar e mantém um excelente sabor a açúcar. Também é extremamente versátil e pode ser usada para substituir adoçantes calóricos, como o açúcar e o xarope de milho de alto conteúdo de frutose, na maioria dos alimentos e bebidas. A Sucralose mantém a sua doçura por períodos prolongados, inclusive durante o cozer e assar dos alimentos.

A Sucralose é segura?

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A Sucralose é segura. Esta é a opinião de todas as entidades reguladoras que analisaram as investigações científicas sobre este ingrediente.

Foram realizados testes com seres humanos? Foi relatada alguma reação negativa?Desde a sua introdução há mais de uma década, milhões de pessoas já se deleitaram de forma segura com os alimentos e bebidas adoçados com Sucralose. Foi conclusivamente testada e a sua segurança já foi confirmada pelas autoridades reguladoras que representam mais de 80 países. Um amplo banco de dados das investigações científicas demonstra que a Sucralose não tem nenhum efeito nocivo e pode ser usada com segurança por todos os consumidores, inclusive populações mais sensíveis tais como diabéticos, crianças e mulheres grávidas. Como produto, a Sucralose não exige rótulos de advertência nem declarações contendo informações relativas à saúde.

Como a Sucralose é metabolizada pelo organismo? Quanto tempo leva a decompor-se no organismo?A Sucralose entra e sai do corpo como Sucralose. Não se decompõe no organismo e não fornece nenhuma caloria.

Quais serão os efeitos a longo prazo do consumo da Sucralose?A Sucralose é segura. Não há nenhum efeito nocivo como resultado do consumo da Sucralose a longo prazo. Foram feitos testes específicos, tanto em animais como no homem, para nos dar garantias quanto a isto. É por isto que mais de 80 países do mundo inteiro, inclusive o Reino Unido e os EUA, aprovaram a Sucralose para o consumo humano.

Como é que a Sucralose interage com outros alimentos e ingredientes alimentares e medicamentos?

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Como a Sucralose pode ser usada em vários alimentos diferentes, o potencial de interações foi totalmente investigado. Estes estudos demonstraram que a Sucralose é um ingrediente inerte e não reativo que não interage com outros ingredientes alimentares ou medicamentos.

A Sucralose foi testada completamente?Sim. A Sucralose foi testada até satisfazer as exigências de todas as autoridades reguladoras que já analisaram os dados dos estudos de segurança. As autoridades reguladoras do mundo inteiro concordaram e permitiram que a Sucralose seja usada como adoçante, sem a necessidade de qualquer rótulo de advertência nem declaração contendo informação de saúde.

Como foi determinada a segurança da Sucralose? As autoridades reguladoras do mundo inteiro têm exigências específicas quanto aos estudos científicos necessários para demonstrar a segurança de novos ingredientes alimentares, inclusive adoçantes. A Sucralose submeteu-se a todos os estudos científicos necessários e os dados foram examinados por peritos científicos que representam as autoridades reguladoras do mundo inteiro. Todas as autoridades reguladoras que analisaram os dados de segurança da Sucralose concluiram que ela é segura para o consumo pelos seres humanos.

O que acontece à Sucralose no organismo?Apesar da Sucralose ser feita do açúcar, o organismo não a reconhece como açúcar ou hidrato de carbono. Ela não é metabolizada pelo organismo como fonte de energia, ou seja, é isenta de calorias. A maior parte da Sucralose ingerida não é absorvida e simplesmente passa pelo sistema digestivo. A pequena quantidade de Sucralose que é absorvida é rapidamente eliminada na urina como Sucralose.

Os diabéticos podem consumir Sucralose?

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Sim. Numerosos estudos demonstraram que a Sucralose é adequada para quem tenha diabetes. A Sucralose não é reconhecida pelo organismo como açúcar ou hidrato de carbono. Não é metabolizada pelo organismo como fonte de energia e não afeta os níveis de glicose no sangue. A Sucralose não tem efeitos no metabolismo dos hidratos de carbono nem na secreção de insulina, sendo portanto adequada ao consumo por diabéticos. Para obter mais informações, visite o website da Associação Americana de Diabetes: www.diabetes.org e o website do adoçante sem calorias SPLENDA®: www.splenda.com

A Sucralose contém cloro?Sim. A molécula de Sucralose contém três átomos de cloro e é isto que explica como intensificamos a doçura do açúcar e removemos as calorias. Não há razão para ter dúvidas quanto à segurança da Sucralose devido à presença do cloro. No caso da Sucralose, a adição de átomos de cloro converte a sacarose (açúcar) em Sucralose, que é uma substância inerte e não reativa. O cloro na Sucralose não se separa no organismo e tão pouco a Sucralose se acumula no corpo. Na verdade, é a presença destes átomos de cloro que impede a Sucralose de se decompor no corpo como fonte de energia, fazendo portanto da Sucralose um componente não calórico.

O cloro na Sucralose é seguro?Definitivamente. É por isto que todas as autoridades reguladoras que já examinaram os dados científicos sobre a Sucralose aprovaram seu uso como ingrediente alimentar. O cloro é usado para modificar a estrutura da molécula do açúcar e produzir Sucralose, sendo realmente a explicação de porquê a doçura do açúcar é intensificada ao mesmo tempo que o sabor de açúcar é retido, tornando este componente não calórico. Simplesmente não há razão para se preocupar com a segurança da Sucralose devido à presença do cloro.  No caso da Sucralose, a adição dos átomos de cloro converte o açúcar em Sucralose, que é uma substância inerte e não reativa. O

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cloro na Sucralose não se separa no organismo e a Sucralose não se acumula no corpo.

O cloro da Sucralose é liberado no organismo?Não, a Sucralose não se decompõe no organismo. Não é afetada pelos processos digestivos do organismo. O cloro da Sucralose não se separa e a Sucralose não se acumula no corpo. Somente uma pequena parcela da Sucralose que é consumida é realmente absorvida, mas é rapidamente eliminada como Sucralose nas dejeções do corpo humano. A maioria da Sucralose ingerida apenas passa inalterada pelo sistema digestivo.

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OzonosferaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A ozonosfera - camada de ozônio é a região da terra, localizada na estratosfera, onde se concentra altas quantidades de ozônio. Localizada entre 15 e 35 quilômetros de altitude e com cerca de 10 km de espessura, contém aproximadamente 90% do ozônio atmosférico.

Os gases na camada de ozônio são tão rarefeitos que, se comprimidos à pressão atmosférica no nível do mar, a sua espessura não seria maior que alguns milímetros. Este gás é produzido nas baixas latitudes, migrando diretamente para as altas latitudes.

As radiações eletromagnéticas emitidas pelo Sol trazem energia para a Terra, entre as quais a radiação ultravioleta, a radiação infravermelha, a luz visível e um misto de radiações e partículas, muitas destas nocivas.

Grande parte da energia solar é absorvida e reemitida pela atmosfera. Se chegasse em sua totalidade à superfície do planeta, esta energia o esterilizaria. A camada de ozônio é uma das principais barreiras que protegem os seres vivos dos raios ultravioleta. O ozônio deixa passar apenas uma pequena parte dos raios U.V., esta benéfica. Quando o oxigênio molecular da alta-atmosfera sofre interações devido à energia ultravioleta do Sol, acaba dividindo-se em oxigênio atômico; o átomo de oxigênio e a molécula do mesmo elemento unem-se devido à reionização, e acabam formando a molécula de ozônio cuja fórmula é O3.

A região, quando saturada de ozônio, funciona como um filtro onde as moléculas absorvem a radiação ultravioleta do Sol e, devido a reações fotoquímicas, atenuam o seu efeito

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Medidas

O padrão de medição do ozônio é feito de acordo com sua concentração por unidade de volume que por sua vez recebe a denominação de Unidade de Dobson (UD).

A 7 de Outubro de 2005, uma medição realizada pelo INPE na Antártida constatou que a concentração de ozônio estava em torno de 160 UD, quando o normal seria esperar uma medição de 340 UD.

Abaixo da medida de 220 UD já se pode considerar uma baixa densidade de ozônio, ou a formação do buraco que já causa danos ao meio-ambiente.

Formação

A camada de ozônio forma-se e destrói-se por fenômenos naturais, mantendo um equilíbrio dinâmico, não tendo sempre a mesma espessura. A espessura da camada pode assim alterar-se naturalmente ao longo das estações do ano e até de ano para ano. Mas nem sempre a destruição da camada ocorre por motivos naturais. Sobre a formação, o ozônio estratosférico forma-se geralmente quando algum tipo de radiação ou descarga elétrica separa os dois átomos da molécula de oxigênio (O2), que então podem se recombinar individualmente com outras moléculas de oxigênio para formar ozônio (O3). Curiosamente, a radiação ultravioleta também contribui para a formação de ozônio.

Ozônio

O ar que nos rodeia contém aproximadamente 20% de oxigênio. A molécula de oxigênio é representada como O2, ou seja, dois átomos de oxigênio quimicamente ligados. De forma simplista, é o oxigênio molecular que respiramos. A molécula de ozônio é uma combinação molecular mais rara dos átomos de oxigênio, representada por O3.

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Para esta molécula ser criada é necessária uma certa quantidade de energia, como aquela de um relâmpago, por exemplo, que transforma a molécula de O2 em dois átomos de oxigênio livres.

Os átomos de oxigênio livres na atmosfera são quimicamente ativos, pelo que tendem a combinar-se com moléculas próximas para estabilizarem-se. Imaginemos que tenhamos adjacentes aos átomos livres de oxigênio moléculas de oxigênio e outras quaisquer. Chamemos as segundas de M (de molécula).

Logo teremos: O + O2 + M → O3 + M

Um átomo livre de oxigênio com uma molécula de oxigênio e uma molécula M são transformados em ozônio e uma molécula M.

Aquela molécula M não é consumida pela reação, porém é necessária para que possa se realizar. Na verdade M é um catalisador, que no caso da atmosfera da Terra pode ser o nitrogênio molecular (N2).

Portanto, esta é uma das formas mais comuns de produzir-se ozônio. Outras adviriam de fornos industriais, motores automotivos, entre outros que produzem o gás. Na baixa atmosfera o ozônio é ativo e contribui para a poluição atmosférica industrial, sendo considerado um veneno.

Degradação

Os clorofluorcarbonetos (CFCs), para além de outros produtos químicos produzidos pelo homem que são bastante estáveis e contem cloro ou bromo, como o brometo de metila, são os grandes responsáveis pela destruição da camada de ozônio. Os CFC têm inúmeras utilizações, pois são relativamente pouco tóxicos, não inflamáveis e não se decompõem facilmente.

Sendo tão estáveis, duram cerca de cento e cinquenta anos. Estes compostos, resultantes da poluição provocada pelo homem, sobem para a estratosfera completamente inalterados devido à sua

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estabilidade e na faixa dos 10 a 50 km de altitude, onde os raios ultravioletas os atingem, decompõem-se, libertando o seu radical - no caso dos CFC, o elemento cloro. Uma vez liberto, um único átomo de cloro destrói cerca de 100 000 moléculas de ozônio antes de regressar à superfície terrestre, muitos anos depois. Três por cento (3%), talvez cinco por cento (5%), do total da camada de ozônio já foi destruída pelos clorofluorcarbonetos. Outros gases, como o óxido nítrico (NO) libertado pelos aviões na estratosfera, também contribuem para a destruição da camada do ozônio.

De acordo com a Quercus, Portugal é um dos países da União Europeia que mais contribui para a destruição da camada do ozônio. Em 2004, Portugal recuperou cerca de 0,5% dos CFC existentes nos equipamentos em fim de vida, como frigoríficos, geladeiras e aparelhos de ar condicionado. A não remoção e tratamento dos CFC ainda presentes nos equipamentos mais antigos, conduz à libertação para a atmosfera de 500 toneladas anuais, segundo a Quercus.

Em 1986 verificou-se pela primeira vez a destruição progressiva da camada do ozônio, com a sua consequente rarefação, designada por buraco do ozônio. Esta descoberta foi feita sobre a Antártida pelo físico britânico Joe Farman.

Os fluidos de refrigeração

Até os anos 1920 o fluido utilizado para aquecimento e arrefecimento era a amônia ou dióxido de enxofre, gases venenosos e que causam um cheiro desagradável. No caso de vazamento podem ocasionar envenenamento naqueles que se encontram próximos aos equipamentos de refrigeração.

Iniciou-se então a pesquisa para encontrar um gás substituto que fosse líquido em condições ideais, circulasse no sistema de refrigeração e, em caso de vazamento, não causasse danos aos seres vivos.

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A indústria química e os CFC's

As pesquisas da indústria química voltadas à refrigeração concentraram-se num gás que não deveria ser venenoso, inflamável, oxidante, não causasse irritações nem queimaduras, não atraísse insetos. Nas pesquisas foram testados diversos gases e fluídos, sendo escolhida uma substância que se chamaria de clorofluorcarboneto, CFC.

Os CFCs passaram a ser usados nos equipamentos de refrigeração, condicionadores de ar, como propelentes de sprays, solventes industriais, espumas isolantes e componentes eletrônicos.

No final da década de 1960 eram libertadas perto de um milhão de toneladas de CFCs por ano. As formas de liberação do gás são diversas, a mais conhecida é pelos aerossóis que utilizam o CFC como propelente. Uma vez liberado na atmosfera, o propulsor começa a se espalhar pela atmosfera livre e levado por convecção sobe até a alta atmosfera sendo espalhado por todo o planeta. Os CFCs são gases considerados inertes cuja reação depende de condições muito peculiares.

Na alta atmosfera existem correntes de ar em alta velocidade , as jet streams, muito poderosas, cuja direção é horizontal. Estas espalham os gases da região em todas as direções.

A camada de ozônio se encontra em torno de 25/26 quilômetros de altitude aproximadamente. A ação dos raios ultravioletas formam as moléculas de ozônio. O processo se dá quando se dividem algumas moléculas de oxigênio em átomos oxigênio livres, recombinando-as às moléculas de oxigênio, formando o O3.

As moléculas de ozônio flutuando na alta atmosfera acabam encontrando as moléculas de CFC. O clorofluorcarboneto é uma molécula estável em condições normais de temperatura e pressão atmosférica, porém, excitado pela radiação UV, acaba se desestabilizando e libera o átomo de cloro.

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O átomo de cloro é um catalisador poderoso que destrói as moléculas de ozônio, permanecendo intato durante todo o processo. Uma vez na alta atmosfera, o cloro leva muitos anos para descer à baixa atmosfera. Neste período, cada átomo de cloro destruirá milhões de moléculas de ozônio. A reação de destruição do ozônio é bastante simples, uma vez que esta molécula é extremamente reativa na presença de radiação UV e cloro. Observemos:

O2 + Energia UV → 2 O2 Cl (do CFC) + 2O3 → 2 ClO + 2 O2

2 ClO + 2 O → 2 Cl (regenerando o Cl) + 2 O2

Logo, a resultante da reação é:

2 O3 → 3 O2

Isto significa que tivemos três moléculas de oxigênio geradas e os átomos de cloro foram regenerados para destruir mais duas moléculas de ozônio de cada vez, e assim por diante, infinitamente, até o cloro descer à baixa atmosfera.

Em meados da década de 90, pesquisadores alemães desenvolveram estudos em que foi verificada a ação de microrganismos capazes de evitar a degradação do ozônio, decompondo os gases CFC's. O trabalho se intitula: "Reductive Dehalogenation - its logics microbian", e foi publicado em 1997.

O buraco na camada de Ozônio

Apesar dos gases que prejudicam a camada de ozônio serem emitidos em todo o mundo – 90% no hemisfério norte, principalmente resultantes da atividade humana – é na Antártida que a falha na camada de ozônio é maior. A área do buraco de ozônio é definida como o tamanho da região onde o ozônio está abaixo das 200 unidades Dobson (DUs - unidade de medida que descreve a espessura da camada de ozônio numa coluna diretamente acima de onde são feitas as medições): 400 DUs equivalem a 4 mm de espessura. Antes da Primavera na Antártida, a leitura habitual é de 275 DUs.

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O buraco na camada de ozônio é um fenômeno que ocorre somente durante uma determinada época do ano, entre agosto e início de novembro (primavera no hemisfério sul). O que conhecemos por "buraco na camada de ozônio" não se trata propriamente de um buraco na camada do gás ozônio, na verdade trata-se de uma rarefação (afinamento de espessura), que é explicada pelos arranjos moleculares do comportamento dos gases em um meio natural, que não possibilitaria uma falha a ser denominada buraco.

Quando a temperatura se eleva na Antártica, em meados de novembro, a região ainda apresenta um nível abaixo do que seria considerado normal de ozônio.

No decorrer do mês, em função do gradual aumento de temperatura, o ar circundante à região onde se encontra o buraco inicia um movimento em direção ao centro da região de baixo nível do gás.

Desta forma, o deslocamento da massa de ar rica em ozônio (externa ao buraco) propicia o retorno aos níveis normais de ozônio a alta atmosfera fechando assim o buraco.

A Organização Meteorológica Mundial (WMO), no seu relatório de 2006, prevê que a redução na emissão de CFCs, resultante do Protocolo de Montreal, resultará numa diminuição gradual do buraco de ozônio, com uma recuperação total por volta de 2065. No entanto, essa redução será mascarada por uma variabilidade anual devida à variabilidade da temperatura sobre a Antártida. Quando os sistemas meteorológicos de grande escala, que se formam na troposfera e sobem depois à estratosfera, são mais fracos, a estratosfera fica mais fria do que é habitual, o que causa um aumento do buraco na camada de ozônio. Quando eles são mais fracos (como em 2002), o buraco diminui.

Durante o processo de afinamento da camada de ozônio, as espécies que não realizam a catálise de ácido clorídrico e nitrato de cloro, mas a foto conversão para cloro e óxido clorídrico, assim

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desenvolvendo um mecanismo de transformação do ozônio. Por isso, forma-se áreas com o afinamento da camada de ozônio.

Relação com a temperatura

As constantes temperaturas frias do Inverno no Pólo Sul contribuem para a formação de nuvens polares estratosféricas que incluem moléculas contendo cloro e bromo. Quando a primavera polar chega (setembro), a combinação da luz solar com aquelas nuvens leva à formação de radicais de cloro e bromo que quebram as moléculas de ozônio, com consequente destruição da camada do ozônio. Quanto mais frio é o Inverno antártico mais afetada é a camada do ozônio.

Em 2002, as dimensões sofreram um decréscimo e o “buraco” foi mesmo dividido em duas partes distintas, devido a uma onda de calor sem precedentes na região, foi o menor buraco do ozônio desde 1988.

Com efeito, no ano 2000, as dimensões do “buraco” da camada de ozônio atingiram um valor máximo de 27 a 28 milhões de km² , devido a um inverno particularmente frio. Tudo isto nos leva a crer que, enquanto anteriormente se pensava que este fenômeno era totalmente independente das emissões dos gases de estufa, tais como o dióxido de carbono, os dois fenômenos podem, de fato, estar relacionados. Isto porque o aquecimento climático é acompanhado de um aquecimento da alta atmosfera em altitude, o que pode acelerar a destruição da camada de ozônio. Anteriormente à descoberta da possível correlação entre estes dois fenômenos estimava-se que a recuperação da camada de ozônio não deveria começar a ocorrer antes de 2010-15, e que a recuperação completa dessa mesma camada só poderia começar a ser esperada cerca de 2050-60.

A eventual correlação entre os dois fenômenos poderá resultar na revisão, para mais longe, destas expectativas, a menos que o Protocolo de Kyoto venha a ter resultados positivos em breve, sobre a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa. O buraco do ozônio persiste normalmente até novembro/dezembro, quando as

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temperaturas regionais aumentam. O tempo exato e amplitude do buraco de ozônio na Antártida dependem de variações meteorológicas regionais.O buraco do ozônio não se restringe à Antártida. Um efeito similar, mas mais fraco, tem sido detectado no Ártico e também noutras regiões do planeta, a camada de ozônio tem ficado mais fina, permitindo a intensificação dos raios UV e o aparecimento de novos buracos que poderão surgir sobre qualquer latitude.

Evolução ao longo dos anos

Em 1985, os cientistas identificaram uma zona mais fina da camada de ozônio sobre a Antártida durante os meses de primavera que ficou conhecida como "buraco de ozônio". As provas científicas mostram que os compostos na Antártida de origem humana são responsáveis pela criação do buraco de ozônio Antártico e são provavelmente responsáveis importantes pelas perdas globais de ozônio. As substâncias destruidoras de ozônio (Ozone Depleting Substances, ODS) têm sido usadas em muitos produtos que tiram partido das suas propriedades físicas, (CFCs têm sido usados como gases comprimidos em aerossóis e refrigerantes).

Pensa-se que a camada de ozônio está a degradar-se a uma taxa de 5% a cada 10 anos sobre o norte da Europa, com essa degradação a estender-se a sul ao Mediterrâneo e ao sul dos EUA. Contudo, a degradação de ozônio sobre as regiões polares é a mais dramática manifestação do efeito global geral.

Os níveis de ozônio sobre o Ártico na primavera de 1997 diminuíram 10% desde 1987, apesar da redução da concentração de CFCs e outros compostos industriais que destroem o ozônio quando expostos à luz solar. Acredita-se que isto pode dever-se a um vortex de ar frio em expansão formado na baixa estratosfera sobre o Ártico, conduzindo a um aumento de ozônio destruído. Prevê-se que um buraco sobre o Ártico do tamanho do que se encontra sobre a Antártida possivelmente se torne uma ameaça ao hemisfério norte por várias décadas. Ainda em 1997, o buraco de ozônio antártico cobria 24 000 000

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km2 em outubro, com uma média de 40% de degradação de ozônio e com os níveis de ozônio na Escandinávia, Groelândia e Sibéria alcançando uns sem precedentes 45% de degradação em 1996.

O tamanho do buraco da camada de ozônio em outubro de 1998 era 3 vezes o tamanho dos EUA, maior do que jamais houvera sido. No Outono de 2000, o buraco na camada de ozônio era maior ainda. Os observadores pensaram que o seu nível em 1998 era devido ao El Niño e que não seria excedido. Em dezembro de 2010, o buraco da camada de ozônio foi o mais pequeno desde 2005, reduzindo-se a uma área de 22.000.000 km².

Desde a descoberta do fenômeno de destruição da camada de ozônio nos anos 80, que os satélites têm monitorizado a concentração de ozônio estratosférico no planeta Terra, como é o caso do Envisat, da Agência Espacial Européia, lançado em Março de 2002, e utilizado atualmente para essa missão, elaborando modelos de previsão a partir de dados recebidos.

Consequências da degradação da camada de ozônio

A consequência imediata da exposição prolongada à radiação ultra-violeta é a degeneração celular que originará um câncer da pele nos seres humanos. No final da década de 1990, os casos de câncer da pele registrados devido ao buraco na camada de ozônio tiveram um aumento de 1000% em relação à década de 1950.

Em quantidades muito pequenas, as radiações ultra-violeta são úteis à vida, contribuindo para a produção da vitamina D, indispensável ao normal desenvolvimento dos ossos. No entanto, a exposição prolongada e sem proteção à radiação ultra-violeta causa anomalias nos seres vivos, podendo levar ao aparecimento de câncer da pele, deformações, atrofia e cegueira (cataratas) assim como à diminuição das defesas imunológicas, favorecendo o aparecimento de doenças infecciosas e em casos extremos, pode levar à morte.

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Anualmente e a nível mundial, surgem cerca de 3 milhões de novos casos de câncer da pele e morrem 66 000 pessoas com esse tipo de câncer. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, a redução de apenas 1% na espessura da camada de ozônio é suficiente para a radiação ultra-violeta cegar 100 mil pessoas por catarata e aumentar os casos de câncer da pele em 3%.

A radiação ultra-violeta excessiva pode também diminuir a taxa de crescimento de plantas e aumentar a degradação de plásticos, tal como aumentar a produção de ozônio troposférico e afetar ecossistemas terrestres e aquáticos, alterando o crescimento, cadeias alimentares e ciclos bioquímicos. Em particular, a vida aquática junto à superfície da água, onde as espécies de plantas que formam as bases da cadeia alimentar são mais abundantes, é adversamente afetada por elevados níveis de radiação ultra-violeta. A quantidade de ozônio troposférico também altera a distribuição térmica na atmosfera, resultando em impactos ambientais e climáticos indeterminados.

A diminuição do ozônio estratosférico e as alterações climáticas são problemas ambientais distintos, causados principalmente pela atividade humana e inter-relacionando-se de várias formas:

As substâncias que causam a destruição da camada do ozônio, como os CFCs também contribuem para o efeito de estufa;

O aumento de exposição da superfície terrestre a raios ultra-violeta pode alterar a circulação dos gases com efeito de estufa, aumentando o aquecimento global. Em particular, prevê-se que o aumento de ultra-violeta suprima a produção primária nas plantas terrestres e no fitoplâncton marinho, reduzindo a quantidade de dióxido de carbono que absorvem da atmosfera;

Prevê-se que o aquecimento global conduza a um aumento médio das temperaturas na troposfera, podendo arrefecer a estratosfera, consequentemente, aumentando a destruição da camada de

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ozônio, uma vez que temperaturas baixas favorecem reações de destruição do ozônio.

Regiões do globo mais afetadas

Os pólos são as zonas mais afetadas pelo buraco na camada de ozônio. A razão para esse fato está relacionada com as especiais condições meteorológicas nessas zonas do globo, especialmente o Pólo Sul (Antártida). Durante o Inverno, quando os raios solares não atingem esta região do planeta, as temperaturas são baixíssimas, formando-se umas nuvens de constituição diferente das que costumamos observar. Isto vai criar uma conversão mais rápida e fácil dos CFCs em radicais de cloro destrutivos de ozônio. Como as massas de ar circulam em camadas sobrepostas, dos Pólos para o Equador e no sentido inverso, estas têm a capacidade de transportar poluentes para milhares de quilômetros de distância de onde estes foram emitidos. Na Antártida a circulação é interrompida, formando-se círculos de convecção exclusivos daquela área que levam as moléculas com cloro para a estratosfera. Estes poluentes trazidos pelas correntes no Verão permanecem na Antártida até nova época de circulação. Ao chegar a Primavera, com os seus primeiros raios de sol, as reações químicas que destroem o ozono são estimuladas. Forma-se, então, o buraco de ozono de dimensões imensas (cerca de 20 milhões de km²) que, por via da sua dimensão aparenta arrastar os níveis de ozônio noutros continentes do planeta. Em Novembro, o ar que chega de outras regiões permite uma recomposição parcial do escudo de ozônio; o buraco diminui de tamanho, mas não fecha completamente.

Em Portugal

Quanto à situação da camada de ozônio em Portugal, a diminuição da espessura da camada também foi sentida. Há medições da espessura da camada de ozônio desde 1951. Os dados recolhidos permitem concluir que a quantidade total de ozônio, no período 1968-1997, apresenta uma tendência estatisticamente significativa de redução

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da espessura da camada de 3.3 % por década, o que é perfeitamente consistente com a redução que se tem observado noutras estações de Europa (por exemplo, na Itália).

Medidas tomadas mundialmente para evitar a degradação da camada de ozônio

Com efeito, cerca de dois anos após a descoberta do buraco do ozônio sobre a atmosfera da Antártida, os governos de diversos países, entre os quais a maioria dos países da União Européia, assinaram em 1987 um acordo, chamado Protocolo de Montreal, com o objetivo de reconstituir a concentração de ozônio na alta atmosfera. O único método conhecido de proteção da camada do ozônio é limitar a emissão dos produtos que o danificam e substituí-los por outros mais amigos do ambiente, como os clorohidrofluorcarbonetos, que contêm pelo menos um hidrogênio, susceptível de ser atacado na atmosfera. Assim sendo, mais de 60 países comprometeram-se a reduzir em 50% o uso de CFC até o final de 1999, com o Protocolo de Montreal, com o objetivo de reconstituir a concentração de ozônio na alta atmosfera. Este acordo entrou em vigor em 1989 e visa reduzir, progressivamente, as emissões dos gases que provocam a degradação do ozônio. Na Conferência de Londres, em 1990, concordou-se em acelerar os processos de eliminação dos CFC, impondo a paragem total da produção até ao ano de 2000, tendo sido criado um fundo de ajuda aos países em desenvolvimento para esse fim. Os Estados Unidos, Canadá, Suécia e Japão anteciparam essa data para 1995 e a UE decidiu parar com a produção até Janeiro de 1996.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o Protocolo de Montreal tem dado bons resultados, uma vez que foi registrada uma lenta diminuição da concentração de CFC na baixa atmosfera após um máximo registrado no período de 1992/1994. Em Fevereiro de 2003, cientistas neozelandeses anunciaram que o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida poderá estar fechado em 2050, como resultado das restrições internacionais impostas contra a emissão de gases prejudiciais.

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Sem a forte adesão ao Protocolo, os níveis de substâncias prejudiciais para o ozônio seriam cinco vezes maiores do que são hoje. Mesmo assim, a luta pela restauração da camada de ozônio tem de continuar, pois aquelas substâncias têm um tempo de vida longo. Os cientistas prevêem que o aparecimento anual do buraco do ozônio no Pólo Sul dure ainda vários anos. O êxito do Protocolo de Montreal evidencia o sucesso da cooperação entre países e organizações internacionais para um fim comum. Só o cumprimento integral e continuado das disposições do Protocolo por parte dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento poderá garantir a recuperação total da camada de ozônio.

Em 2009, o Parlamento Europeu aprovou novas normas para tentar reconstruir a camada de ozônio. As normas vão além do estabelecido no Protocolo de Montreal, pois além de proibir a comercialização de substâncias nocivas à camada, inclui na proibição as contidas em frigoríficos e material de isolamentos de edifícios.

Medidas que cada um pode tomar

Os primeiros passos, e mais importantes, são a procura de informação: devemos todos estar informados sobre o problema e o que o causa, utilizando como fontes de informação publicações, escolas, bibliotecas públicas, Internet, etc. Como já foi referido, a única maneira de reparar a camada de ozônio é parar a liberação de CFCs e outros gases que destroem o ozônio troposférico (ODS’s). A legislação Européia tem isto como objetivo, através da substituição dos ODS’s logo que alternativas viáveis estejam disponíveis, e onde tais alternativas não estejam disponíveis restringir o uso destas substâncias tanto quanto possível.

Tentar usar produtos rotulados como amigos do ozônio;

Assegurar que os técnicos que reparam os frigoríficos e aparelhos de ar-condicionado recuperam e reciclam os velhos CFCs de modo a que estes não sejam libertados para a atmosfera;

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Verificar regularmente os aparelhos de ar-condicionado das viaturas sobre eventuais fugas;

Pedir para mudar o refrigerante do carro caso o aparelho de ar-condicionado necessite de uma grande reparação;

Retirar o refrigerante dos frigoríficos, aparelhos de ar-condicionado e desumidificadores antes de inutilizá-los legalmente.

Ajudar a criar um programa de recuperação e reciclagem na área residêncial caso tal ainda não exista;

Trocar extintores que usem “halon” por outros que usem compostos alternativos (ex. dióxido de carbono ou espuma);

Sugerir atividades escolares com o objetivo de aumentar a consciência cívica do problema e fomentar a ação local.

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El Niño e La Niña

O QUE É O FENÔMENO EL NIÑO?

EL-NIÑO: Conceitualmente constitui-se do aquecimento anômalo das águas superficiais do setor centro-leste do Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. O “El Niño” é um fenômeno oceânico-atmosférico que afeta o clima regional e global, mudando a circulação geral da atmosfera, também é um dos responsáveis por anos considerados secos ou muito secos. O El Niño também é caracterizado por variações na atmosfera sobre a região de águas aquecidas. O fenômeno El Niño ocorre em intervalos médios de 4 anos e persiste de 6 a 15 meses.

EFEITOS DO “EL NIÑO” SOBRE O BRASIL

Os efeitos do “El Niño” no Brasil podem causar prejuízos e benefícios. Mas, os danos causados são superiores aos benefícios, por isso, o fenômeno é temido, principalmente, pelos agricultores. Em cada episódio do “El Niño” é observado na região sul um grande aumento no volume de chuvas, principalmente, nos meses de primavera, fim do outono e começo de inverno. Pode-se observar acréscimo de até 150% na precipitação em relação ao seu índice médio. Isto pode acarretar nos meses em que acontece a colheita prejuízos aos agricultores, principalmente, nos setores de produção grãos. As temperaturas também mudam nas regiões Sul e Sudeste, onde é observado inverno mais ameno na região Sul e no Sudeste as temperaturas ficam mais altas em relação ao seu valor normal. Este aumento de temperatura no inverno pode trazer benefícios aos agricultores das regiões Sul e Sudeste, pois diminui significativamente a incidência de geadas. No setor leste da Amazônia e na região Nordeste ocorre uma diminuição nas chuvas. Algumas áreas do Sertão (semi-árido) nordestino, essa diminuição pode alcançar até 80% do total médio do período chuvoso (que na maior

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parte da Região ocorre de fevereiro a maio). Ressalta-se que, a seca não se limita apenas ao Sertão, ela também pode atingir o setor leste do Nordeste (Agreste, Zona da Mata e Litoral), caso aconteça conjuntamente com o Dipolo do Atlântico Sul negativo (Dipolo Negativo ou desfavorável, isto é, quando o Atlântico Sul se encontra com águas mais frias que a média histórica e águas mais quentes no Atlântico Norte). No Nordeste brasileiro, os prejuízos observados em anos de “El Niño” envolvem setores da economia (perdas na agricultura de sequeiro, na pecuária, etc.), oferta de energia elétrica, bem como, comprometimento do abastecimento de água para a sociedade e os animais. chuvoso (que na maior parte da Região ocorre de fevereiro a maio). Ressalta-se que, a seca não se limita apenas ao Sertão, ela também pode atingir o setor leste do Nordeste (Agreste, Zona da Mata e Litoral), caso aconteça conjuntamente com o Dipolo do Atlântico Sul negativo (Dipolo Negativo ou desfavorável, isto é, quando o Atlântico Sul se encontra com águas mais frias que a média histórica e águas mais quentes no Atlântico Norte). No Nordeste brasileiro, os prejuízos observados em anos de “El Niño” envolvem setores da economia (perdas na agricultura de sequeiro, na pecuária, etc.), oferta de energia elétrica, bem como, comprometimento do abastecimento de água para a sociedade e os animais.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OCEÂNICAS E ATMOSFÉRICAS ASSOCIADAS AO FENÔMENO “EL NINO”:

• Sobre o Pacífico leste, onde há normalmente águas frias, aparecem águas mais quentes do que o normal;

• Os ventos alísios diminuem sensivelmente sua intensidade;

• A pressão no setor leste do oceano Pacífico fica abaixo do normal, enquanto que na parte oeste fica com valores acima do normal;

• A presença de águas quentes e convergência de umidade do ar favorecem a formação de nuvens convectivas profundas sobre o setor centro-leste do Pacífico;

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• A célula de Walker (circulação atmosférica sentido oeste-leste) modifica-se totalmente ocasionando ar descendente sobre a Amazônia e Nordeste do Brasil (figura 05);

• Sobre o Atlântico equatorial, incluindo o leste da Amazônia e Semi-Árido Nordestino nota-se predominância de um ramo de ar descendente inibindo a formação de nuvens.

LA NIÑA

O QUE É O FENÔMENO LA NIÑA?

O fenômeno La Niña, que é oposto ao El Niño, corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental formando uma “piscina de águas frias” nesse oceano. À semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade do que este, se trata de um fenômeno natural que produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o comportamento climático. Nele, os ventos alísios mostram-se mais intensos que o habitual (média climatológica) e as águas mais frias, que caracterizam o fenômeno, estendem-se numa faixa de largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do equador desde a costa peruana até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central. Observa-se, ainda, uma intensificação da pressão atmosférica no Pacífico Central e Oriental em relação à pressão no Pacífico Ocidental.Em geral, um episódio La Niña começa a desenvolver-se em um certo ano, atinge sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a dissipar-se em meados do ano seguinte. Ele pode, no entanto, durar até dois anos.Os episódios La Niña algumas vezes, favorecem a chegada de frentes frias até à Região Nordeste do Brasil (NEB), principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas.

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EFEITOS DA “LA NIÑA” SOBRE O BRASIL

No Brasil este fenômeno causa menos danos que o El Niño, porém alguns prejuízos são registrados em cada episódio. Como conseqüência da La Niña, as frentes frias que atingem o centro-sul do Brasil têm sua passagem mais rápida que o normal e com mais força. Como as frentes têm mais força a passagem pela região sul e sudeste ocorre de forma mais rápida que o normal, conseqüentemente ocorre uma redução nos índices pluviométricos e a frente alcança o Nordeste do Brasil mais facilmente. Sendo assim a região nordeste, principalmente o sertão e o litoral baiano e alagoano, são afetados por um aumento de chuvas o que pode ser bom para a região semi-árida, mas causa grandes prejuízos a agricultura. O norte e leste da Amazônia também sofrem um grande aumento no índice pluviométrico.

A precipitação no Nordeste, com La Niña, tende a ser mais abundante no centro-sul do Maranhão e do Piauí nos meses de novembro a janeiro. Os episódios La Niña podem vir a favorecer a ocorrência de chuvas acima da média sobre o semi-árido do Nordeste se também é formado um Dipolo Térmico do Atlântico favorável, ou seja, com temperatura da superfície do mar acima da média no Atlântico Tropical Sul e abaixo da média no Atlântico Tropical Norte. Em geral, a circulação atmosférica tende a apresentar características de anos normais na presença de La Niña, mas a distribuição de chuva, de fevereiro a maio, no semi-árido do Nordeste pode se caracterizar por uma elevada irregularidade espacial e temporal mesmo em anos de La Niña.

Durante os episódios de La Niña, os ventos alísios são mais intensos que a média climatológica. O Índice de Oscilação Sul (o indicador atmosférico que mede a diferença de pressão atmosférica à superfície, entre o Pacífico Ocidental e o Pacífico Oriental) apresenta valores positivos, os quais indicam a intensificação da pressão no

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Pacífico Central e Oriental, em relação à pressão no Pacífico Ocidental.

Na região centro-sul há estiagem com grande queda no índice pluviométrico, principalmente nos meses de setembro a fevereiro e no outono as massas de ar polar chegam com mais força. Como conseqüência o inverno tende a chegar antes e já no outono grandes quedas de temperatura são registradas, principalmente na região sul e em São Paulo.

De acordo com as avaliações das características de tempo e clima, de eventos de La Niña ocorridos no passado, observa-se que o La Niña mostra maior variabilidade, enquanto os eventos de El Niño apresentam um padrão mais consistente. Os principais efeitos de episódios do La Niña observados sobre o Brasil são:

• passagens rápidas de frentes frias sobre a Região Sul, com tendência de diminuição da precipitação nos meses de setembro a fevereiro, principalmente no Rio Grande do Sul, além do centro-nordeste da Argentina e Uruguai;

• temperaturas próximas da média climatológica ou ligeiramente abaixo da média sobre a Região Sudeste, durante o inverno;

• maior chegada das frentes frias até a Região Nordeste, principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas;

• tendência às chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia;

• possibilidade de chuvas acima da média sobre a região semi-árida do Nordeste do Brasil. Essas chuvas só ocorrem, se simultaneamente ao La Niña, as condições atmosféricas e oceânicas sobre o Oceano Atlântico mostrarem-se favoráveis, isto é, com TSM acima da média no Atlântico Tropical Sul e abaixo da média no Atlântico Tropical Norte.

Outro ponto interessante é que os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) em anos de La Niña têm

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desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4, 5ºC acima da média em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média.

FONTE: LABMET – LABORATÓRIO DE METROLOGIA

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