639
••«í ': ít "• zu

Ra-Txa-kui Capistrano de Abreu

Embed Size (px)

Citation preview

': t "

zu

/

*

/

f-fcca luL-n_L-k_iL-LA LNGUA DOS CAXINAUSDO RIO IBUAUA P* K1 L T J K N r r K D O M XJ 4 XJ

(PREFEITURA DE TARAAC)

POR

/

J. Capistrano de Abreu

S2

RIO DE JANEIROTYPOGRAPHIA LEUZINGER

T06-1?

I9I4

Bem alheio a lnguas brasilicas andava em fins do anno passado, quando chegou do territrio do Acre meu patrcio capito Luiz Sombra, com um indio anteriormente promettido. Da outra vez tivera de deixal-o no Cear, temendo que no resistisse inanio e ao enjo, aggravados ainda mais pelo pnico da abriga do vapor com o mar . D'ali levou-o depois ao Purs. Trazia-o agora bem disposto, lendo mal, escrevinhando gostosamente, compreheridendo qualquer conversa; entendel-o era mais difflcil, devido ao emperro da pronuncia. Oraria por 20 annos, haveria trez estava jra de sua terra, no rio Ibua, tributrio do Mura, affluente do Tarauac, bacia do Juru. Assignava-se, e jazia-o varias vezes por dia, Vicente Penna Sombra: Penna, nome do Presidente da Republica, que de passagem por Manaus o conduzira pia baptismal; Sombra, de seu protetor querido. Alguns annos estivera antes, meio separado dos seus, trabalhando em seringues. Seu nome indgena Sombra no conseguiu arrancar-lhe: jora de instncias respondeu-me: talvez M-r, isto , partido, quebradio. Na realidade, chama-se B-r, toco, ou antes este um de seus nomes. Pertence ao ramo caxinau, da jamtlia pana, cuja existncia s me deram a ^conhecer dois estudos do eminente ethnologo Dr. Paulo Ehrenreich *). Comeamos logo o trabalha, duplamente espinhoso, de preparar glossrio. Espinhoso, porque a cada passo brotam erros e equi-

1) ber die Einteung and Verbreitung der Vlkerstmme Brasiliens, PETERMANNS MlTTEILUNG, 37, Gotha 1891 ; Die Ethnographie Sd-Amerikas im Beginn des XX. Jahrhunderts, Archiv jr Anthropologie, 3, Braunschweig 1904; ambas as monographias foram traduzidas pelo autor deste livro, publicadas no Jornal do Commercio, depois reproduzidas, a primeira integralmente na Revista da Sociedade de Geogtaphia do Rio de Janeiro, a segunda, parcialmente, na Revista do Instituto Histrico d S. Paulo, no Almanack Garnier, no Brasil Antigo, Atlantide e Antigidades americanas, S. Paulo 1910, do patrcio e amigo Dr. Domingos Jaguaribe. Antes da verso das monographias de Ehrenreich as questes ethnographicas eram geralmente desconhecidas no Brasil.

Vocos: assim ra-ni arrolou-se successivamente como danar, arremedar, imitar, arremessar, vomitar, lanar n,tudo isto porque Boro, incapaz de emittir l (lamber pronunciava aramb, lodo pronunciava doro) disse danar , em vez de lanar, synonimo de arremessar e vomitar. Mais espinhoso achar uma transcripo adequada dos sons. Ha quasi trs sculos, o celebre jesuta Antnio Vieira, pregava no Maranhjp; partida de missionrios da Companhia destinados ao rio das Amazonas, as seguintes palavras, artisticamente exageradas, e tendenciosas, pois queria applicar um passo bblico, mas de jundo muito verdadeiro: Por vezes (pregava) me aconteceu estar com o ouvido applicado boca do brbaro, e ainda do interprete, sem poder distinguir as syllabas nem p%rceber as vogaes ou consoantes de que se jormavam, equivocando-se a mesma letra com duas ou trs semelhantes, ou compondo-se (o que mais certo) com mistura de todas ellas: umas to delgadas e subtis, outras to duras e escabrosas, outras to interiores e escuras, e mais ajogadas na garganta que pronunciadas na lngua; outras to curtas e subidas, outras to estendidas e multiplicadas que no percebem os ouvidos mais que a conjuso: sendo certo em todo rigor, que as taes lnguas no se ouvem, pois se no ouve dellas mais que o sonido e no palavras articuladas e humanas, como diz o Projeta: Quorum non possis audire sermones 2 ). A phonetca do r-txa hu-ni ku-, jalar de gente verdadeira, de gente fina, como se poderia traduzir, oferece dificuldades singulares, dignas de um Jespersen, um Rousselot ou um Gonalvh Vianna. No me gabo de tel-ns resolvido; no me animei siquer a enjrental-as: a pronuncia figurada aqui apenas uma mdia, digamos uma pronuncia de seringueiro, que os ndios comprehendam sem grande esjoro. A vocbulos avulsos prejeriria phrases, mas no manijestei tal desejo, no lhe dei uma s a traduzir; do prprio indio partiu a ida. .Quando, porm, tratamos de vertel-as, Vicente apenas dava o sentido approximado; a traduco, mesmo vagamente litteral, parecia-lhe uma enormidade, e desanimava, e ficava triste, e dizia que no sabia mais nada, etc. A pkrase sahia-lhe do crebro como as barras de um linotypo. Correram alguns dia^ antes de ir paulatinamente distinguindo as partes no todo. Mais tarde a dificuldade reappareceu sob outra jrma.

2) Vieira, Sermes, 3., 410, Lisboa 1683.

Esperava de phrases solteiras passar descripo de plantas e animaes, meu verdadeiro escopo. Elle no tinha geito ou gosto para taes exerccios e iniciou umas historias, que eu s desejava para mais tarde, quando estivesse mais adiantado, porque sei como dificil traduzil-as e entendel-as. Durou cerca de um mez esta primeira campanha, que me deixou uma impresso de cansao e desacorooamento. Depois jomos ao rio S. Francisco, e na viagem para a Bahia pude ver como o enjo o anniquilava. O estudo ficou suspenso durante mezes. f Pude recomear em Julho, longe da Capital, disposto a ultimal-a ou abrir mo da empreza por uma vez. Agora possua um diccionario dos Sipibos, pertencentes tambm jamilia dos Panos, organisado por algum missionrio castelhano do Ucayale e publicado com traduco allem e importantssimas notas histricas pelo Dr. Carlos von den Steinen, o benemrito explorador do Xingu, o Verdadeiro jormador da ethnographia brasilica. Tomei-o como base, e no podia achar melhor 3 ). O diccionario tinha desde logo a vantagem de nascer da convivncia continuada com ndios, e ser, no simples congerie, mas seleco adaptada a seu ambiente; podia ser expandido, mas representava j um mnimo maduramente apurado. Outra vantagem appareceu depois: o parentesco entre a lingua dos Sipibos e a dos Caxinats, mais estreito ainda do que se poderia esperar do mero jacto de esgalharem do mesmo tronco, despertou com violncia a memria latente do indio. Comeava traduzindo a palavra castelhana e escrevendo a resposta de Vicente. Lia-lhe depois o correspondente sipbo: si era idntico, ficavam liquidadas a orthographia e a pronuncia; si significava coisa diversa, era desde logo inscripto; si no era conhecido, omittia-se. O ultimo caso succedia raramente. Em tudo Br deu mostras de grande capacidade lingstica e trabalhou com prazer; instinctivamente percebeu as relaes phoneticas dos dois idiomas. Ao mesmo tempo que, a intervallos, apanhava novos textos, tratava de verter os que tinha colhido. E ento revestiu nova jrma a dificuldade primitiva. Em geral a phrase simples: sujeito, objecto, Verbo; domina a parataxe (a ditaxe^ reconheci mais tarde) e a pontuao no exigira mais signaes do que ? , Mas como dividir a trama em certos casos? como saber si a orao est completa, ou no passa de apposto? Na conversa as entonaes e pausas indicam-no suficientemente, mas em dictados? Consultar o mestre no apro-

3) Diccionario Sipibo, Castellano-Deatsch-Sipibo, Berlin, 1904.

Veita nas questes mais simples: ou quda-se calado, muito absorto, pensando qui em cousas bem diversas, tempo sem tempo, ou a primeira suggesto, por mais absurda, acde logo alliviado e satisjeito: mesmo. E' mesmo! Keller Leuzinger no Paranapanema, Carlos von den Steinen no Paranatinga, caracterisaram dois tuxuas por esta alcunha. Br merecia-o por igual, principalmente no comeo. Nas divises de phrases adiante seguidas no me poupei para acertar; jalt-me a confiana de havel-o sempre logrado 4 ). Em Setembro, Lus Sombra, que de novo jra ao Ceara, trouxe outro ndio, Tux-i-ni, (Amarello), primo de Br. Conta uns treze annos de idade, os ltimos quatro passados em Manaus ou Maranguape. Falia sem o minimo sotaque um cearense perjeito. Saberia ainda alguma coisa do r-txa hu-ni ku-? Jurou que no e bem parecia: mabx, mingau, traduzia sem hesitar por caj; era de ver sua indiferena ao ouvir qualquer palavra da lngua materna. Veio para junto de Br e em no poucos dias a poder de pacincia o palimpsesto revelava-se: ento communicou um pouco de azougue ao parente. Vo adiante sob a sigla T os textos por elle jornecidos, como sob a de B vo os do Vicente. Dois delles, Tux-t-m dictou-os primeiro em nossa lingua, antes de jazel-o na sua; as duas redaces independentes mostram um caso de dualidade psychica, que no deve ser commum. Seus servios ainda seriam mais eficazes a conseguir-se fixar-lhe o espirito volvel. Na reviso do vocabulrio pegava alegremente, pois ao contrario do fforente desassombrado, communicativo e d gargalhadas cordiaes; com pouco amitdavam-se os no sei ; si a sesso continuava, jerrava no somno. Seu grande empenho era andar pelo mato, rasgando-se, enlameando-se, apanhando jructas, caando, a p ou a cavallo, sempre de botinas. Com poucos dias j estava conhecendo todos os paus e todos os bichos, cantos, uivos e zumbidos das cercanias. Dos companheiros de excurses dizia um: Tux-i-ni tem olhos de guia; outro: tem jaro de cachorro. Paus e bichos exerceram influencia muito benfica. Serra acima, duzentos e sessenta kilometros do Rio, s margens do Parahyba, em meio mais semelhante ao de sua injancia, Br e Tuxinin4) A desconfiana era fundada : um exame perfunctorio das primeiras paginas mostra que devem ligar-se 116/117, 198/199, 2 1 2 / 2 1 3 , 384/385 623/624, 627/628, 629/630, 642/643, 707/709, (ditaxe), 761/762 843' 1456/1457, 1074/1075, 1475/1476, 2222/2223. A o contrario: 880 a s trs ultimas palavras devem passar para 881 ; 4331 acaba na segunda linha em po-6bi-ra-ni : o resto passa ao numero seguinte. Com a continuao estes factos vo rareando, comquanto no faltem de todo. Bem certo o provrbio : estar na aldeia e no ver as casas.

Sentiram-se menos desenraizados e a planta silvestre, minada a meio, refioriu. Devo isto a outro patrcio, Dr. Virglio Brigido, cuja jazenda, onde so escriptas estas linhas preambulares, me acolheu e, aos meus companheiros de trabalho durante o maior tempo de sua conjeco. O Juru joi devassado e devastado por filhos do Cear. Neste esboo imperjeito, em que ao menos ficar alguma coisa do pensamento indgena prestes a fenecer, concorrem pois, com elementos diversos, trs retirantes. E como o livro ser mandado para Tarauac, ali podem surgir novos collaboradores. Em concluso: ao entrar para o prelo estas paginas representam o labor ininterrupto de pouco mais de seis mezes. Ininterrupto por minha parte. J em Abril de 1500 escrevia o bom Pero Vaz de Caminha: Logo duma mo pera outra se esquiuavam como pardaes de cevadoiro, e homem nom lhe ousa de jallar rijo por se mais no esquiuarem e todo se passa como elles querem plos bem amansar . Paraso, Dezembro de 1909.

Quatro annos depois. Quando as linhas acima, ligeiramente modificadas, sahiram no Jornal do Commercio de Janeiro de 1910, antevia um volume de no mximo cento e cincoenta paginas, impresso a tempo de figurar em Maio no Congresso dos Americanistas de Buenos Ayres. O tempo correu, o material affluiu, o livro engrossou, e remanchou, at consumir-se no incndio da Imprensa Nacional em Setembro seguinte, salvando-se apenas cinco a seis colleces incompletas. Contra a sentena justa e justiceira do fogo desistiria de embargos si a gentil iniciativa amistosa do Dr. Custodio Coelho no interviesse, levando-me a recomear. O conforto moral, infludo no momento psychologico, foi de bom agouro, porque da impresso incumbiu-se a typographia dos Senhores Leuzinger & C , a velha casa amiga, que j editara a traduco da geographia de Wappus, dirigida por mim e A . do Valle Cabral, de saudosa memria. A gratido devida longanimidade, intelligencia, sagacidade do corpo typographico do estabelecimento durante dois annos s pode medir-se pelo desafogo que vai sentir quando esconjurar de vez este incubo. Que nunca mais lhe desabe em cima semelhante praga ! Ao concluir no posso omittir o nome do meu collega M. Said Ali Ida, lente de allemo do Collegio Pedro 2., a cuja intuio luminosa e opulento cabedal recorri sempre com proveito,

8nem os artistas da Imprensa Nacional que tanto e tanto mourejaram em pura perda. Como esquecer o ministro da Fazenda de ento, agora senador por Goyaz, Leopoldo de Bulhes, que autorisou a edio purgada pelo fogo, o cabea vermelha, bux'ka tax-i de meus ndios ? A meu patrcio, Dr. Henrique Samico, agradeo a copia manuscripta com que me mimoseou do Vocabulrio Cunibo de fray Boaventura Marquez, existente no British Museum, obtida por intermdio do Dr. Regis de Oliveira, antigo ministro do Brasil em Londres, hoje sub-secretario dos negcios exteriores. No Jornal do Commercio de 25 de Dezembro de 1911, de 7, 14 e 21 de Janeiro immediato foi publicada a apurao dos dados ethnographicos fornecidos pelos dois Caxinaus, que no vai em appenso para no carregar ainda mais o volume. No impossvel que seja impressa a parte: daria umas cincoenta paginas, calculo, deste formato. Rio, Dezembro de 1913.

I. CAPISTRANO DE ABREU.

NDICEI. II. III. B. 1/121 Primeiras phrases T . 122/327 Varia Vida da aldeia . . . . 33/39 40/52 53/65B. 328/361, aldeias de Ibua; T . 362/419, mudana de aldeia; B. 430/448, Peruanos e Brasileiros; B. 449/497, uma guerra.

IV.

Alimentao.

. . .

.

66/99

B. 498/521, tempo de fome; B. 522/552, roado; T . 553/593. pescaria; T . 594/770, caada de cabeas; T . 771/864, pescaria em lagoa grande ; B. 865/924, dana da paxiba barriguda.

V-

FestasT.

.

.

. . .

100/114

925/976, jejuns e perfuraes; B. 977/1016, idem; B. 1017/1033, tir; B. 1034/1057, m; B. 1058/1091, fogo novo; B. 1092/1122, pinturas do corpo.

VI.

Vida

sexual

.

. . .

115/136

B. 1123/1183, inciso e casamento; B. 1184/1284, casamento, gestao, parto; B. 1285/1309, dieta da gestao; T . 1310/1361, casamento; B. 1362/1410, tecidos.

VII.

Vida, morte, jeiticeiros .

.

.

137/163

B. 1411/1444, sonhos; B. 1445/1481, morte natural, enterro de varo ,morte por veneno; B. 1482/1494, enterro de mulher; T . 1495/1518, luto de varo; T . 1119/1551, luto de mulher; B. 1552/1582,, execuo de um envenenador; T. 1583 /1617, enterramento da mi; T. 1618/1656, almas e feiticeiros; B. 1657/1695, idem; B. 1696/1733, historia de um feiticeiro.

VIII.

Anedoctas

.

.

.

.

164/176

T . 1736/1795, uma briga; T. 1796/1832, permuta de um cachorro; T . 1833/1856, execuo de uma ladra; B. 1857/1861, uma bebedeira; T . 1881/1902, urubu e macaco pre?o.

IX.

Caxmaus transjormados em bichos . B. 1903/1908, tatu; T. 1909/1959, idem; T. B. 2041/2088, porcos; T. 2039/2153, idem;T . 2154/2204, jaboty; T . 2205/2255, peruinho do campo; T. 2256/2314, cambaxirra. 1960/1996, tamandu; B. 1997/2040, anta;

177/206

X.

Bichos encantados em Caxinaus.

.

.

.

209^239

T . 2315/2368. coatipur encarnado; B. 2369/2559, idem; B. 2560/2581, sapo; T . 2582/2602, idem; B. 2603/2648, jia; T . 2649/2708, veado.

10

Indi ce XI.Bichos entre si . . . . . 240/258B. 2709/2712, jurity e sabi; T . 2713/2774, coaty, jurity preguia; T . 2775/2816, maribondo T. e os urubus; B. 2817/2832, onas; 2833/2893, anta, ona, jabuty; T . 2894/2951, rato, morcego e cogumelo

XII.

Caxinaus e bichosB. 2952/2984, tamandu resuscitado; B. 2985/2998. jurity e uruc ; B. 2999/3050, o chagado, os urubus e o rato ; T . 3051/3121, idem; T . 3122/3149, maria de barro; B. 3150/3215, a ona que comeu os netos; B. 3216/3236, a ona agradecida; B. 3 2 3 7 / 3 2 6 8 ; dt ika; T . 3269/3364, o

259/309

sovina; B. 3365/3488, idem; T. 3439/3559,

XIII. Caxinaus entre siB.

o caxinau que virou puraqu.

.

. . .T. B.

310/402

3540/3619, o panemo de mulher bonita; 3620/3691, o caxinau de coxas pegadas;

3692/3756, acuru; T. 3757/3793, o irmo

enganando o irmo; T . 3794/3901, o irmo morto pelo irmo; T . 3902/3966, o menino que matou a ona; T . 3967/3997, a mulher piolhenta ; B. 3998/4008, os irmos engolidos por cobras; 4009/4032, o caxinau perseguido pela cobra; T . 4033/4091, comedor de cobras; T . 4092/4130, i mulher que comeu urubu; T . 4131/4323, o valente; B . 4324/4554, idem.

XIV

Feiticeiros e espritosT. 4555/4605, o feiticeiro e sucury ; B. 4606/4627, o feiticeiro e os porcos; T. 4628/4666, a alma e o filho perdidos; T . 4667/4676, a alma cantando como jia; T . 4677/4762, o caxinau que bebeu hunl;

403/435

B. 4763/4800, os diabos;

B. 4801/4850,

o veneno levado ao ceu pela andorinha; B. 4851/4905, o presidente; B. 4906/4927, o relmpago.

XV

Astronomic .T.

.

.

. . .

436/480

XVI. O jim do mundo e o novo mundo . XVII. A disperso. XVIII. XIX.Postjacio

4928/4995, a primeira noite; B. 4596/5043, o ika; B. 5044/5060, a aranha; B. 5061/5142, o roubo do sol; B. 5143/5181, a lua; T . 5182/5349, a lua; B. 5350/5403, a lua.

481/506 506/423

B. 5404/5499, o cataclysmo; T. 5500/5630, idem; B. 5631/5721, idem.B. 5722/5804, disperso; B. 5805/5860, a vida na aldeia de Conta se assentou; B. 5861/5925, advinhaes.

Vocabulrio brasileiro-caxinau Vocabulrio caxinau-brasileiro

524/546 547/621 621/630

PRELIMINARESI. Sons. 2. Partculas. 3. Indefinidos e numeraes. 4. Pronomes interrogativos e pessoaes. 5. Nomes, adjectivos e substantivos. 6. Verbos. 7. Affixos. 8. Oraes.

1. Faltam ao r-txa hu-ni \u-, o idioma dos Caxinaus, os sons representados por j , g, j , 1, s, z. b, A, m, n, p pronunciam-se como em nossa lngua. foi com muito pouca felicidade escolhido para representar o th inglez em thim\; seguido de consoante, desta se distingue por ligeira pausa, indicada por apostrophe: ; quando seguido de vogai umas vezes distingue-se claramente, outras no. d inicial transforma-se geralmente em r brando no meio do vocbulo; de r forte no meio do vocbulo s ha um exemplo : a-ri: em outras linguas panas r sempre brando e no existe d. h aspirado, r forte, v permutam-se: antes de a predomina r, e s va-ri, que tambm se diz ha-ri e ra-ri, pde comear por v ; h predomina antes de * e , e nem uma palavra comea por oi ou O; 0 predomina antes de o ou u, e emitte-se sempre com mais fora do que estamos acostumados a ouvil-o. h aspirado, r rolado e V tendem a desapparecer em palavras compostas : assim diz-se b hx-, b rx-, b vx-, cabello branco, quando os elementos apenas esto justapostos; mas diz-se bx cabello branco, na composio ; diz-se ti h-r, labareda de fogo, mas ti--r, tx-r maracanguau (Ara severa), ave cujo bico ficou queimado quando roubou o fogo ; muitos infixos vocalicos resultam destas syncopes. r forte transformado em r brando encontra-se rarissimas vezes. t soa em geral como o nosso, mas quasi imperceptvel quando precede c, isto , o th inglez; quando tx substitudo por ti pronuncia-se o i com muita rapidez e t soa com mais fora ; no se encontra porem o t e tt fortes indicados pelos missionrios castelhanos do Ucayale, provavelmente devidos vizinhana do quechua. To pouco se encontra no caxinau som correspondente a cc, cq dos missionrios, si esta grphia representa o guttural kechua.

12

Sons

x soa sempre como ch francez, sh inglez, sch allemo ; pde ser precedido de / ; quando a x segue-se alguma consoante, delia se separa por ligeira pausa, marcada por apostrophe : x' ; precedendo vogaes pode succeder o mesmo, mas no se notou convenientemente. tx = ch inglez ou castelhano. As vogaes e ditongos a, , i, u, u pronunciam-se como em nossa lngua. os impuro. i pde transformar-se em aberto ; i em ; cai, mais raramente, em ou : xu, osso, ma-x chifre, osso da cabea. e e no comeam vocbulo; encontra-se, porm, -b mulher = i-b. i tem dois sons : um, igual ao nosso, permuta com ; outro. palatal, com . aproxima-se do homographo allemo mais ou menos impuro, eu francez, u inglez em but; os missionrios castelhanos representam por ue o som que lhe corresponde. & soa aproximadamente como un, aucun em francez. , usam-se indifferentemente com u e . Semi-vogaes so J* e W. 3* inicial, alheio a nossa lingua (de Santo Iacobo fizeram So Tiago, de Oyapok, tomando a primeira syllaba por artigo, fizeram Japoc) foi evitado o mais possivel; do mesmo modo foi evitado u>, que quasi exclusivamente figura no meio das palavras, onde quasi sempre transformao de b : ambos os sons pedem ouvido inglez acostumado a suas subtilezas. V precedido de i, W precedido de ou u, so ambos absorvidos com a maior facilidade: ra-i-ya, com muitos, pronuncia-se correntemente ra-ci-a ; de ra-t Wa fizeram ra-i-a. A syllaba pde constar de simples vogai; de consoante e vogai; de vogai e consoante; de consoante, vogai ou ditongo e consoante quando esta for , t, x, ix. A separao das syllabas terminadas por estas fricativas presta-se a duvidas. Encontrando -, - enfiar, no se hesita em dividir -, -, que tem o mesmo sentido ; mas como dividir t, qu, tem a mesma origem e significao? Aqui o apostrophe representa uma eliso : determinar os casos em que isto se d exigiria a analyse rigorosa de todas as desinencias e de todos os sufixos, que no poude ser feita a tempo. Talvez conviesse juntar a estes finaes de syllabas m e n, mas , , , , reproduzem bem os respectivos sons ; m e n s apparecem entre duas vogaes, tendo geralmente por effeito desnasalisar a primeira ; a nasal s reapparece diante de consoante, onde m ou n so contraindicados.

Interjeies e conjunces

13

Em nossa lingua fim, final, findar, commum, communicar, commungar reproduzem o phenomeno da desnasalisao antes de vogai, da renasalisao antes de consoante. A diviso das syllabas apresenta uma singularidade: d-r pronunciando espaadamente B. e T . dizem d-d, isto , r volta a ser d, como* si o vocbulo recomeasse; d- dizem d-W, b-xa, bx'-xa. Ao contrario succedeu escrever mo-b xua-a-x-n em vez ma-bx' Wa-x-n; por causa disto no meio das palavras ha excesso de , w, i, y. assim pi-a frecha foi a principio escripto pi-ya. # O accento tnico recai sempre na ultima vogai, excepto si ha ditongo, que vae accentuado na primeira letra. Nas lnguas panas do Madeira e do Ucayale o accento tnico prefere a penltima syllaba ; mesmo no Juru ao lado de \a-xi-nau- ouve-se \a-xi-nau-a. Os vocbulos terminam em vogai, pura ou nasalada, em t, x tx, como as syllabas ; no haveria grande inconveniente em chamar affricadas as vogaes que acompanham estas fricativas : isto se far daqui por diante.T . empregou /, 172, 182, 231, insistiu na occasio, mas no repetiu; talvez quizesse mostrar que sabia emittil-o. B. no conseguiu ainda : em uma nota encontro nosso lodo pronunciado dro. B. no concorda tambm com a pronuncia de va-ri ao lado de ha-ri ~ ra-ri. Encontram-se aqui escriptas com b palavras em que os missionrios empregam v ; j na pennsula os dois povos trocam b e v. A separao das syllabas nasaladas pode ser mantida, mas a explicao no corresponde maioria dos factos, como se ver adiante.

2. As partes do discurso mostram-se muito instveis ; a cada passo do-se transgresses de uma para outra categoria : palavras como o ing. grave que pode ser substantivo, adjectivo e verbo so a generalidade. As interjeies notadas so : i indicando esforo. -ai ui! susto de mulher. cr-rr, a-ri-ta-i a i ! -r ah ! reprovao, de varo. a-ya-ma-i enfado. ra-ba oh! du-a-k& a h ! duvida. ra-r ora ! du-l(i oh ! ra-wa-ko^tci ui! susto de mulher. h& sim ! para ambos os sexos, ta-a ah ! admirao, de varo. i-i-lri-ka oh ! txu ah! admirao, de mulher. mi- cuidado I J*a sim ! de varo. As conjunces so apenas a-r, porm, si; ra-bi, si, porm ; ra-\i-a, si, porm; ra-m, porm, apparece apenas uma vez c:n comeo de phrase interrogativa, 834; r-bi e ra-kj-a podem dispensar-se quando o verbo respectivo toma o prefixo r.

14

Posposies e advrbio?

As preposies, ou antes posposies, por que vem sempre depois do nome ou pronomes, so : na-m sob. o, b-t com. no em. b' exclusivamente com. rund n-n para, em geru 10. b-ma-lri por cima. p-ti-ni no meio. b-m-r por cima. t em. i-tx, ra-tx atraz. ti em. kat-i para. kf com, em casa. ti-b, ti-p atraz. kf-ri para o lado. ti--ma embaixo, no fundo. ma, u-ma sem ; opposto a jw - w, iv com. wf exclusivamente com. ma-ma-ln sobre. m-r dentro. t*a com. Podem formar-se outras accrescentando a estas a, no, x, e t c , como se verifica no vocabulrio.Navarro conta como posposio quesa (kpx-a) beira, que de facto tambm significa na beira; mas outras palavras podem igualmente indicar logar independente de posposio. Alguns vocbulos tomam a antes de n em; pode ser mera paragoge, ou residuo de locativo. A's vezes c. posposio vem depois de muitas palavras, afastada daquella que devia reger; parecem exemplos claros de incorporao. w, vof pde transformar-se em n, no, nc e at deixar como nico vestigo a nasalisao da vogai; mi=mi-u}, ti = ti-u}&. Para indicar a matria de que algo feito no se usa posposio. Para tornar o sentido mais claro foram inseridas nos trechos traduzidos preposies a que nada corresponde no original : fcil conhecel-as porque precedem o nome. Pedem posposio alguns verbos que em nossa lngua o dispensam como pux-a T 1532, fc-no B 2711, ra-fcta 5802. No se diz encher o cesto de terra mas encher terra com o cesto B 2385, cf. 2397.

Os advrbios so: ba-i de vagar. ba-i-ta'ka depressa, immediatamente. bi, m-bi mesmo, espontaneamente. bkj, da-b'ln poucas vezes. b'ti s, sem motivo. b-k-i-ba do outro lado. bx'ma pouco. b-ma-na do outro lado. bd-na de pressa. da, ra, xa-ra bem. da-ma ento, logo. da-ma-ma outrora.

da-pi perto. di, ri, t-ri tambm. di, ri de pressa. d-pi na ponta, at. i-kj hoje. -n tambm. i-n depressa, embora. -txa-pa-ln muitas vezes. i-x- hontem. ku-i muito. ma, ya-ma no. ma-wa muito. n-t longe. n-n aqui.

Determinativos e indefinidos

15

-a acol. ra-ni aonde. -^-rr daquelle lado. ra-n ali. -n-nu-ma em qualquer logar. ra-ws-ti de instante em ins-n-xu-bi-ma com fora. tante. -n-xu-bi-ra de vagar. ra-t- ento. pa- ao lado. ra-t-x at aqui. p-fc-i-ba do outro lado, atraz. ta'ka um pouco. ra-bi logo, mais tarde. ta-ri s, por si. ra'ka assim. t-a acol. ra-ln-ma-ma-ri no mesmo instante, t-lri-ri para acol. ra-ma-ki-ri como? de que lado? fctar longe. para o lado. xi-n, xi-n-x logo. A estes advrbios podem accrescentar-se sufixos como a, \i-ri, no, XQ, que modificam ligeiramente o sentido; vo no vocabulrio. hu-, ta'ka, txai pospem-se a adjectivos; os outros precedem verbos e adjectivos ; bx-ma e ma vm depois do verbo. 3. Na formao de posposies e advrbios j entram os quatro principaes determinativos que precedem os nomes : na este. -a aquelle. ra este, elle. t-a aquelle.

Alguns destes, si no todos, podem tambm pospor-se aos nomes, como veremos.na pde acompanhar os pronomes pessoaes ; na nu estes ns, 1432, 1459, na c este eu, 2161 : como se diz -a-n, poderiam considerar-se as duas formas como idnticas, si no fosse preferivel explicar a ultima por nasalisao.

Os outros determinativos e indefinidos, que vem sempre depois do nome (algumas xcepes parecem devidas a equvocos dos dictadores) so : a-kj muito. b-ta um, outro. da-b' um bocado. da-bu-kp um bocado. da-i muitos, todos. dti-k, ra-ru-k primeiro. i-txa, i-txa-pa muito. na-t s este, s estes. o-n-nu-ma qualquer. ra-i-ka-i-ma qualquer, muito. ra-t-ri alguns, uma poro. ' * ra-Wa alguma coisa. ra-wa-ta'ka-ma nada. ra-t s este.

Numeraes so bt (xi, que pde ser um superlativo de b te, s ; da-b, dois ; m-fc-f, na-m-k.-t esta mo, cinco ; nTo-k-da"b-t, dez.

16

Pronomes interrogativos e pessoaes

Separadamente B e depois T traduziram na-t por quatro; porm no o confirmaram mais tarde : talvez na-t signifique isto quando mostram os dedos da mo occultando o pollegar. De nmeros maiores ha, entre outros, os seguintes exemplos : 712 : na-m-k&-t, na-m-k-ti, na-m-\&-t, na-m-ltf-ti, na-m-kc-ti, na-m-k&-t, na-da-b trinta e dois. 4022 : na-m-k-t, na-m-l^E-i dez. 4781 : naiii-w b-ta, na hi-w b-ta, na hi-W b-ta, hi-W da-bo, na-ra-b, hi-w na-ra-b, na-ra-b onze. Os numeraes vem sempre depois dos nomes. Para primeiro tm du-l, ra-ru-k ou juntam ao verbo i- que tambm significa vir; para posterior usam k.ax-, ra-\atx-, ti-p. b-ta serve muitas vezes de artigo indefinido; algumas na corresponde a um artigo definido. b-ti-txai, na-m-k&-t podem fazer nominativo com t; da-b exige t: da-b-t; 3640 da-bc vocativo. 4. Pronomes interrogativos so : t-na de quem? ha-ra-t qual? ha-ra-t qual?

ra-wa que? t-a quem, a quem? tg- quem?

t-a acompanhado de posposio perde a; t-b com quem; f-5, ha-ra-t, so nominativos. A declinao apparece ainda mais claramente nos pronomes pessoaes. Pronomes de primeira pessoa : & eu, meu. mim, migo com posposio. -a me, mim. -, -a-n, -a-r eu. -na meu, quando predicativo. n (s em imperatjvo), n nos. nu-ku nos, nosr.o, ns com posp. nu-\ ns, nossos. nu-hu-r ns. nu-hp-na nosso, predicativo.

Pronomes de segunda pessoa : rnf tu, teu. mi ti, tigo, com posposio. mt-a te. mi-, mi-a-n, mi-a-r tu. mi-na teu, predicativo. m vs. ma-t vos, vosso. ma-t vos, vosco, vs com posp. ma-t-n, ma-t-r vs. ma-t-na vosso, predicativo.

Pronomes pessoaes

17

T erceira. pessoa :Sing. ra elle, ella, com ou PI. ra-b, rabu, ra-t elles, sem posposio. aquelles nom. ra-t elle, ella, o, a, co- ra-b, ra-t elles, ellas, os, mo objecto ou com posas, como objecto ou com posio. posposio. ra-t elle, ella, hom. ; seu, como no singular. sua, pos. ra-t-na seu, sua, predicomo no singular, cativo, 3548. Juntamente com ra-t e ra-t-na empregam-se como possessivos ra-w e ra-w-na : ra-wz pde pronunciar-se ru ou ra-wi. A ida de gnero alheia a qualquer pronome. Os determinativos que procedem os nomes tem tambm declinao como ra; na, na-t, na-t, na-t-na, na-bu, na-b, na-b-na; -, -a, o-a-t, o-a-t, -a-t-na, -a-bu. tu-a differe um pouco: nom. tu-a-t, acc. tu-a, pi. tu-a-b, tu-a-b; pred. tu-a-t-na. na-b precedido de possessivo pde significar gentes, & na-b, minhas gentes ou apenas uma pessoa : meu parente, meu patrcio. De outras lnguas brasilicas o ra-txa-hu-ni-ku- singularisa-se em no ter possessivo reflexo para a terceira pessoa. Em todas as pessoas o possessivo igual ao nominativo : bi, m-bi so communs a todas, do mesmo modo que ti-ri; ta-ri, que a principio pareceu exclusivo da terceira pessoa, na realidade serve para qualquer. O possessivo, igual ao nominativo, conserva-se independente, sem nunca agglutinar-se ao objecto possuido e muitas vezes at separado deste por uma ou mais palavras p. ex. 3539. Algumas lnguas panas formam os pronomes pessoaes do plural com o accrescimo de b. Na primeira pessoa plural no se distingue exclusivo e inclusivo; s no imperativo existe algo semelhante. \ e kp da primeira pessoa do plural podem ser o suffixo que entra na formao das partes do corpo etc. Os suffixos t e to da terceira pessoa e da segunda do plural parece provirem do demonstrativo t-a. A ser exacto isto, t-a poderia preceder e succeder a nomes. E no seria o nico : a terminao , to commum nos nomes, pode bem ser o nominativo de -a e muitas palavras escriptas com w grande, deveriam talvez sel-o antes com -. O mesmo succederia a na quando no procede de desnasalisao da vogai, e a ra, comquanto seja rarssimo transformar-se r rolado em r brando.3

18

Adjectivos e substantivos

r no fim dos nomes muitas vezes substitue ra-w& ou ra-t como possessivos; r, ra podem-se juntar a qualquer parte da orao como partcula de realce, ou para outros effeitos. Um suffixo obscuro, que ora apparece como d, ora como r, provavelmente no tem relao com ra, r. ra-t serve tambm de pronome relativo, significando* ora quem, ora que sujeito; si mesmo se applica a ra-t para objecto, no liquido. A s vezes ra-t e ra-t vm depois de nomes como simples expoentes casuaes. 425 : dau-ya ra-t ra-t b-ti-ma-ni-ki; 882 hi-u>o da-i ra-t i-i-a. Como o mostram outros factos fceis de achar no vocabulrio, t- e f-a, pronomes interrogativos, podem corresponder phoneticamente a t-a. i-a (-a) 4, 5, 6 parece que deveria ser antes -; B., porem, manteve-os; talvez se trate de verbos unipessoaes; tambm ns dizemos : lembro-me e lembra-me. A declinao dos pronomes pessoaes obrigatria; na dos interrogativos ha exemplos de t-a em vez de t-. 5. Os adjectivos so invariveis quanto a gnero; podem tomar como signal de plural b, si a maior emphase o exigir; com o accrescimo de pix ta ficam diminuitivos, com o de pa, p ou W augmentativos; com o de u txai, x-ni eqivalem a superlativos; com ma so negativos. Comparativos de igualdade obtem-se com o accrescimo de kpka; no ha comparativos de inferioridade ou superioridade. Em regra o adjectivo vem depois do substantivo e tambm do advrbio, excepto quando este ku-, txai, taka, ta'\a-ma. A declinao dos nomes contem dois casos : um serve para o nominativo, genitivo, vocativo; o outro serve de objectivo ou usa-se com posposies. O primeiro caracterisa-se habitualmente pelo final nasalado; pde-se, porm, formal-o com o accrescimo de n, r, t, etc. ; o segundo em regra dispensa a nasalisao. No ha declinao obrigatria e invarivel: com a excepo de t as desinencias casuaes podem indifferentemente servir para o nominativo e para o accusativo; relevantes so a emphase, o rythmo, a posio no discurso : resumindo pde dizer-se que os casos so antes um incidente syntactico do que um accidente lxico: considerando sufixos lxicos os que modificam o sentido primitivo, podem chamar-se syntacticos os que exercem outras funes. Em palavras terminadas por duas vogaes a nasalisao do

Casos, gneros e nmeros

19

nominativo, genitivo e vocativo pde dar-se na primeira : d-i, jurity, pde dizer-se d-i ou d&i, txi, cunhado, txi; nesta hypothese a nasalisao da vogai final fica muito subtil, quasi imperceptvel e nunca indicada. Os missionrios castelhanos falam de um genitivo e um dativo em na. No correr deste livro Doder-se-iam encontrar varias amostras deste genitivo, p. ex. 1807: \a-ma-n ra-bi-a ba-k-na^i o cachorro mesmo de meu filho ; na realidade na exerce a mesma funo predicativa que nos pronomes pessoaes e interrogativos; pde, porm, ter existido como genitivo em outro tempo, do que seria testemunha a vocalisao do primeiro termo em certas composies. Nos livros dos missionrios taes nasalisaes so quasi obrigatrias. Quanto ao dativo s representado pela partcula x de certos verbos e to pouco como nos pronomes pessoaes o dativo no se distingue do accusativo. Nos nomes compostos o genitivo occupa o primeiro logar: ha exemplos de contrario : r-txa hu-ni-lu-, a lngua dos caxinaus, logo o mostra a capa deste livro. Parece que aqui o segundo nome passa categoria de adjectiv. Entre dois nomes pde-se intercalar o possessivo da terceira pessoa e tambm isto se nota em outras lnguas panas : Sip.-Steinen 5 3 8 3 : vao (vaho) dei cuerpo : yu-ra sa-na ra-tu-cu-i = iu-ra xa-na ra-t h-i; Armentia : rata, xu-ya-ha-uen -a-hu-i = xu-ya ha-wz-i (o caxinau diria i-x). A ida de gnero alheia ao nome; pde-se, porm, precisar o sexo: assim i-b pai ou mi; i-b-i-b mi; i-b-hu-ni pai; ta-ka-ra, gallo ou gallinha; ta-\a-ra-b-n gallo, ta-\a-ra-i-x galHnha : diz-se tambm ba-r-b-n para o mamoeiro que s d flores, ba-ra i-x para o que d frutos. No cunibo a sexualisao dos vegetaes muito mais ampla e freqente. O numero de somenos importncia, o que a exiguidade de numeraes bem implica; pde-se obter plural com o accrescimo de b e tambm com o de da-i. b pde-se tambm usar como singular : ai-b mulher, mawa-b defunto; o nico plural irregular i-ba-i-b mulheres, tambm pronunciado -b-b. O singular em b explica-se em certos vocbulos pelo verbo b, que entre outras significaes tem a de gostar : du-m-b fumante, o que gosta de tabaco; kp-b ja, ave que grasna muito e talvez por este motivo excluda da dieta da gestao 1236 : cf. 666, aonde estende-se o tabu aos marupiaras, sob a pena de ficarem panemos.

20

As formas do verbo

Os vocbulos terminados em b fazem o plural com a-i ^ alma faz o plural i-xi-da-i para se no confundir com i-xi-bo diabo, que tambm toma da-i. No existe similar do tupi cuera, puera, do bacaery bri, pri para indicar nome passado ou plural. 6. A mesma forma serve para indicar todas as pessoas e ambos os nmeros de qualquer tempo do verbo, excepto no imperativo ; em todos os tempos pde-se tornar emphatica a pluralidade por meio de b ou b, ora infixo, ora sufixo. A distinco de tempos e modos extremamente labl: assim l-se nos missionrios castelhanos que o infinito termina em Iri, e isto verdade quando acompanhado de verbos como -i, ver, rii-ka ouvir, b-ti, avistar, etc. ; mas termina em \i acompanhando verbos como \-\), acabar; em i acompanhado de verbos como ka ir; pde at ser a simples cepa, sem desinencia alguma. Alm disso Iri junto cepa pde significar o passado, si a cepa terminar em a ou o, presente si a vogai final for i; repetido, ln-ki, e annexo immediatamente cepa: po-a-ln-ln = posso quebrar; inserindo-se i depois da cepa, indica aco que ainda perdura: pu-a-i-ki-ki estou, ests, est, estamos, estaes, esto quebrando. ki junto cepa terminada em a, indica presente; mas nos verbos em i ou indica passado, ou deve-se traduzir pelo presente precedido de quando, com quanto In-n seja mais usual e valha para todas as conjugaes. a indica passado em todas as conjugaes; nas de a portanto igual cepa; quando, porm, a vogai nasalada, a toma a forma de (n) a. ni indica geralmente passado e passado remoto, mas pde indicar presente si o final da cepa for nasalado, ou ser tempo do verbo ni andar, ficar em p. i, a-i indicam presente, mas si juntar-se ma, tem-se um passado. ka indica passado, principalmente nos verbos em i, mas pde ser tempo do verbo kfl ir, pde junto a outro verbo dar futuro ou condicional, pode ser infixado antes de ma, indicando negativo. n, na, excepto o caso indicado antes, ra, r, em geral no mdicarn tempo, mas n junto a Jri ou kp corresponde a quando ; quando pode tambm significar r junto a presente ou passado'. t pde indicar passado e futuro e ser tempo do verbo t, ir. x pde servir de gerundio; indicar o passado, e o imis commum, e tambm o presente e o futuro ; indicar o imperativo comtanto que venha com um ou mais imperativos; como infixo sua significao muito diversa.IO-XT

As formas do^verbo

21

ya pde indicar passado, presente ou futuro. A diversidade das funes de t, x, ya pde explicar-se admittindo que, sem variar de frma, servem umas vezes de indicativo, outras de.iGonjunctivo, em outros termos : possuem o valor de posio ao lado do valor intrnseco. Feitas estas resalvas, podem se formular as regras seguintes a respeito dos verbos em a: O infinito termina em i, In ou 1$: cumpre notar que In verdadeiramente significa ; quando se pergunta a um caxinau dbmo comer em sua lingua e elle responde pi-k.U na verdade quiz dizer : pi . kat-i, n-n correspondem a gerundios, para usar da terminologia dos missionrios ; n-n pde reduzir-se a n. t corresponde a supino e em geral d o nome dos instrumentos ; si do exterior passa para o interior da palavra sua significao j no mais a mesma. mi ni-ka, w formam participios activos; participio passivo igual cepa ou ao pretrito. O imperativo caracterisa-se por w ou wb. Na segunda pessoa do singular w ou wf segue-se cepa; na pessoa do plural insere-se ka ou entre os dois. Na terceira pessoa do singular antes de w vem n, signal de presente, que no plural toma b. Na primeira pessoa do plural antes de W vem n, que toma ka para reforar a ida de pluridade : n emprega-se para a primeira do plural em vez de n quando a cepa junta-se b ir, ou b vir. Si ha muitos imperat;vos seguidos, pde ligar-se w s ao ultimo, como com os advrbios de mente em nossa lingua, ou empregar x. w, w& podem transformar-se em , z, pela absorpo de w. ta-w& vai! pde contrahir-se em iu. O presente do indicativo forma-se com i, kfi mi'ki e n: i o presente actual, o que se est fazendo; n o que se vai fazer : os missionrios castelhanos consideram-no at ndice de futuro; mi'ki, outro presente habitual, o participio activo mais ki = ; k"t menos preciso. O pretrito a prpria cepa, ou o presente em i acompanhado de ma, isto j, que reapparece em y-a-ma; ou toma ni para o passado remoto e x para o passado flagrante : x e ya so mais vagos; k~t e fc so variantes de kU z variante de i: encontra-se tambm ka-W&. Forma-se o futuro juntando r-ki ao supino ou ba-ri tempo, sol, vero, ao presente em n.

Paradigmas de verbo A conjugao em i no precisa de regras especiaes e o seguinte paradigma aponta as differenas que a separam da conjugao em a; tanto a como i significam fazer; i predomina em verbos reflexos e intransitivo.INFINITO

Presente pu-a. Gerundio : pu-a-kat-i. pu-a-n-n. Supino : pu-a-t. Participios nominaes pu-a-mi. pu-a-ni-ka. pu-a-w. Participio passado pu-a.

Presente : pu-i. Gerundio : pu-i-kat-i. pu-i-n-n. Supino : pu-i-t. Participios nominaes pu-i-mi. pu-i-ni-ka. pu-i-w. Participio passado pu-i.IMPERATIVO

2.

a

s.

pu-a-w. pu-a-n-w. pu-a-n-b-. pu-a-n-w. pu~a-n-k-w&.

2.' pi. pu-a-k-w.3." s. 3.' pi. 1 . a pi. 1." pi.

2. a s. 2 m pl. 3 ' s. 3 ' pl. 1 ; pl. 1 pi.INDICATIVO

pu-i -w. pu-i -k-w&. pu-i -n w. pu-i n- b-. pu-i-n- w. pu-i n- k-w

Presente : pu-ai. pu-a-mi'ki. pu-a-n. pua-k"i. pu-a-ya.

Presente pu -i-ai pu -i-mi'ki. pu -i-n. pu **-#(?) pi V i-a- ya.

:

Partculas modaes do verbo Passado: pu-a. pu-a-i-ma. pu-a-ki, pu-a-k. pu-a-ni. pu-a-t. pu-a-x. pu-to-x. pu-a-ya-ma. Futuro : pu-a-t-r-ki. pu-a-n-ba-ri. pu-a-n-ba-ri-n. Passado: pu-i-a. pu-i-i-ma. pu-i-ki. pu-i-a-kt. pu-i-k&. pu-i-ni. pu-i-t. pu-i-x. pug-i-x. pu-i-ya-ma. Futuro: pu-i-t-r-ki. pu-i-n-ba-ri. pu-i-n-ba-ri-n.

23

Estes paradigmas so aproximativos: sobre o emprego de ^ e kf B. e T . no concordam. E ' natural inquirir si no existem verbos irregulares : existem certamente, mas s o tracto com maior numero de ndios, a assistncia prolongada no meio delles poderiam fornecer dados sufficientes. Como observa Otto Jespersen, as irregularidades decorrem da abundncia de flexes e portanto devem ser raras na lingua. H a verbos defectivos : T . admitte b-a-b, porem no b-a para vir. A ' cepa do verbo se aggregam diversas partculas que modificam a significao primitiva : bi j leva o ndice temporal e no se modifica, os outros podem tomar ou no suffixos, excepto ti e x que no os dispensam. bi indica aco prolongada. bi partida ou locomoo. bi-bi constantemente ou totalmente. bi-r vinda. b-b de um lado para outro. i vir ou primeiramente. ka, ki> k> ku podem tornar o verbo reflexivo. ki ir. ki-ki quotidianamente ou totalmente. ki-r vir. k antes de bi, bi-r, ki-kf movimento ininterrupto. k~k de um lado para outro. ma-n reciprocidade. na-n reciprocidade.

24

Verbos causativo e negativo

ra (da), xa-ra, bem. ri (di) depressa, tambm. t ir. , ., te, ti capacidade, possibilidade, obrigao; quando seguido de suffixo. w augmenttivo. xa, x adiamento. xi aco praticada na vspera, ou que durou toda a noite. x aco praticada para outro; verdadeira voz dativa : esta nunca dispensa ndice temporal, sempre infixo como te, ti. A estas particulas, que se podem chamar modaes, pertence ainda ma, que forma verbos negativos e tambm causatiyos. A funco do causativo pde explicar-se do seguinte modo. Diz-se pi- comer o que no era seu, hu-nz esconder o que no seu; kp-y acabar o que no seu, etc. : pde-se admittir que ma causativo o desdobramento da vogai nasal em m, ao qual se accrescenta a, fazer. Caso anlogo se nota nos verbos terminados em vogai nasalada quando se tornam reflexivos : ta-r, rodar algo, ta-ra-m, rodar por si.Esta explicao, exarada j na p. 549, aonde se faz remisso para esta, no me parece mais satisfactoria. Como tantas palavras do r-txa-hu-ni-kf-i que renem accepes antagnicas, por exemplo ni andar e ficar parado, ma significa no, nada, e tambm alguma cousa, como demonstra ma-b trastes, riqueza movei. Seria mais simples postular para os causativos um verbo ma connexo a ba e voa : cf. b-ti-kix'wa.

O paradigma seguinte mostra as differenas entre as conjugaes negativa e causativa : a negativa fica esquerda. INFINITO pu-a-ma. pu-a-ma-i-t. pu-a-ma-i-n-n. pu-a-ma-i-kat-i. pu-a-ma-ma-i-kat-i. pu-a-ma-ya-ma-i-kat-i. pu-a-ya-ma-w. pu-a-ya-ma-ka-ws. pu-a-ya-ma-n-w. pu-a-ya-ma-nu-b-&. pu-a-ya-ma-n-wz. pu-a-ya-ma-n-ka-wz. pu-a-mat. pu-a-ma-t. pu-a-ma-n-n. pu-a-ma-i-kat-i.

IMPERATIVO

pu-a-ma-w. pu-a-ma-ka-ws. pu-a-ma-n-w. pu-a-ma-n-b-w. pu-a-ma-n-w. pu-a-ma-n-ka-wz,

Verbos causativo e negativo INDICATIVO Presente pu-a-ma. pu-a-ma-i-mi'-ki. pu-a-ma-i-n. pug-a-i ma. Passado pu-a-ma-i-ka-kipu-a-ma-i-ni. pu-a-ma-i-x. pu-a-ma-x. pu-a-ma-ya-ma. Futuro pu-a-ni-ma. pu-a-t-r-ma-kj. pu-a-ma-i-t-r-ki. pu-a-ma-i-n-ba-ri. pug-a-ya-ma-n-ba-ri. pu-a-i-ma. pu-a-ma-ni. pu-a-ma-x. pu-a-ma-x. pu-a-moi-ma. pu-a-ma-ya-ma. pu-a-ma-n-ba-ri. pu-a-ma-t-r-ki. pu-a-ma-i-kai. pu-a-ma-ki pu-a-mai. pu-a-ma-i-mi -r. pu-a-ma-ki. pu-a-ma-n.

25

Os presentes paradigmas, com os quaes devem ser postos de accordo as traduces que vo adiante, divergem em mais de um ponto dos que se lem nos livros dos missionrios. Alm das differenas inevitveis em duas linguas por mais aparentadas que sejam, o castelhano e o portuguez por exemplo, cumpre notar que o missionrio obedece a intuitos particulares : seu empenho principal traduzir a doutrina christ, confessar e pregar. Como transportar para a lingua dos cathecumenos idas estranhas de modo a ser por elles entendido? A convivncia diutuma mostra-lhe certas formas raras que se aproximam do seus desejos : a estas vota particular atteno, no cra, mas cria, cultiva-as, generalisa-as e impe. Aqui, porem, nem uma phrase foi traduzida; o trabalho foi de mero amanuense. Um exemplo tocante do zelo dos missionrios narra Matias Ruiz Blanco em sua Conversion de Pirit a propsito do verbo crer, que no existe, ou pelo menos no foi descoberto em caxinau : B traduziu no acredito por m-ka-kflt-i-i-ka-Tna, que significa no quero ouvir. 7. Os vocbulos monosyllabicos so em pequeno numero; s vezes o monosyllabo j resulta da fuso de outros vocbulos, como bx, citado acima; a media das syllabas de duas; quando passam de trs, trata-se de formaes terciarias. Analysando-as, nota-sei

26

Prefixos

que cada qual tem significao prpria e representa um vocbulo inteiro; assim o polysyllabismo apparente transforma-se em monosyllabismo real. O estudo dos afnxos confirma cabalmente uma descoberta capital de Carlos von den Steinen : tratando das partes do corpo reparou que estas palavras em sua maioria j so compostos, formados de uma primeira cepa (Stamm), geralmente monosyllabica, e segundo elemento movei. A cepa independente contem o sentido completo da respectiva parte do corpo em cada nome ou verbo em que entra . Die. Sip. 37 * Como provas cita bue, ma, mue, chi, te. Os suffixos mais freqentes so os seguintes : ba, b, brao. ba, calor, movimento. b, b, bx, cabea. b, b, bx, olho, rosto, dianteira. da, d, da , dax, corpo inteiro, do, d&, d, dx, nariz, ponta, hu, ru, vu, p, movimento, secreo. i, o que est dentro ou vem de dentro. ka, espinhao, retroao. k, kz, kx, boca, beio. ma, m, ma, max, cabea, terra, superposio. mo, mz, m, mx, mo. na, n, interior. n, n, gua. n, frente do corpo. pa, p, pa, pax, banda, metade do corpo. pa, pax, gua. pi, pix, cintura, costela, sovaco. p, costas. p, p, px, barriga, carne. ta, t, ta, ta, golpe. ta, ta, tax, p. ti, trazeiro, nus. //, fogo. , t, tx, pescoo. to, x, barriga, rotunidade, cavidade. xa, casca (pbis?) x, x&, xx, boca, dente.

Estes prefixos servem para formar nomes e verbos, uma vezes ligando-se directamente a desinencias ou sufixos, outras admittindo um ou mais infixos. Notam-se nelles algumas feies interessantes, e antes de tudo a mobilidade da vogai : facto commum na lingua : pode passar atravez de z e & at ; termos parelhos como b e b, b-t e b-t, ka-r e ka-r suscitam idas de metaphonia (Umlaut); assim em geral os prefixos apresentam vogaes puras, nasaladas ou affricadas. Excepto i, que provavelmente deveria escrever-se com a semivogal y : y-, o que no foi feito por escrpulos indicados antes, nem um prefixo comea por vogai. Comparando a letra A do vocabulrio dado adiante com a do Diccionario Sipibo p. 9 0 / 9 1 , ns 3000/3126 salta aos olhos a pobreza daquelle. A razo que

Prefixos lxicos e .syntacticos

27

palavras sipibas comeadas por A apparecem no caxinau comeando por consoantes. Do mesmo modo vocbulos caxinaus comeados por B apparecem em sipibo comeando por hu, isto pela semivogal W. Dahi pode-se concluir que, si nem um prefixo comea por vogai, que esta resulta de um apherese, no mais syllaba intacta, sim mero resduo; assim i, i-b podem bem relacionar-se com ba gerar, ba-ba neto, ba-k filho, ba-n nora, -Wa mi. A passagem b para W, a syncopao de h, r, V nos infixos, mostram diversos estgios da evoluo. * Si os prefixos tanto entram na formao de nomes como de verbos, claro que seu papel no pode ser sempre o mesmo : quando se diz p-x osso das costas, pa, omoplata, trata-se de composio e p est em relao de genitivo; quando se trata de p-x-a lavar as costas, p est em relao accusativa. Em outros termos talvez se possa dizer : em caxinau o prefixo faz papel de genitivo em composio, de nominativo quando se trata de apposio, isto quando o segundo termo adjectivo ou nome adjectivado; quando seguido de verbo, o prefixo serve geralmente de objecto, e trata-se de incorporao : daqui decorre o facto de nas oraes o objecto preceder geralmente o verbo. A questo de incorporao das mais rduas e sobre ellas discutem e dissentem as melhores autoridades. No caxinau a incorporao parece elementar e omnipresente. Quando se encontram formas como 881 x-a-na-m-kz-ti-t, 5546 da-ka-ra-b-k, comeadas por verbo cujo sufixo temporal s vem depois do vocbulo intercalado, o facto parece indubitavel e a explicao obvia. Outros casos de incorporao seriam o do nome separado por varias palavras da preposio que o rege, ou do possessivo ligado ao possuidor apesar das palavras que se interpem entre ambos. Como exemplo do primeiro podem citar-se 642 : mawa i-nu-ina-ka-ra-i txa-kai ya-n e, sabido que se pde dispensar n quando a localisao no permitte duvidas : 2583 -pax bi-t kx-a. Como ex. do segundo serve 5443 : ra-t ra-t i-m-wa-ni-r ra-wz k-nar xa-ka-ki-a-kiOs suffixos precisam distinguir-se das desinencias : estas so palavras separadas, elementos semnticos independentes, aquelles meros epiphytos : sua significao physica originaria desbotou tanto que seu emprego meramente formal na expresso de F- N. Finck. Si no fosse assim teramos de apontar : b, plantar, queimar; b, W cobrir ; bx, wx arranhar ; ri, escorrer, r cortar, kf buraco, etc. todas ellas palavras independentes, e com igual direito passaria categoria de suffixos pelo menos um tero do vocabulrio. Considerando suffixos s elementos formaes dependentes tere-

28

Affricao, nasalisao, remonosyllabisamento

mos : a verbal, b. sign. de plural, exclusivamente, da (ra) bem; ; verbal; ma, yu-ma, r, t = less ing., los ali.; nominal; pa, p augmentativo, ya = jul ingl. ou melhor ed, vol ali. Entre estes figuram as partculas modaes de verbos, j enumerados. A partcula apparece em formas menos condensadas nos livros dos missionrios castelhanos. Diz Navarro : bires unida a los nombres expresa que Ia accin asunto de que se trata se concreta absolutamente aquello nada mas, como de cacho detrs, cacho-bres detrs no mas; de jachpi uno, jachpi*bires uno no mas. Diz mais a respeito de res : expresa que Ia accin dei verbo se concreta solamente ai asunto de que se trata, y nada mas; como de pdtzai, callar, padtz-res callar no mas; de sei beber, se-res beber no mas. apparece como i quando infixo dos verbos negativos. Cotejando a lingua de Tarauac com a de seus irmos do Ucayali e acompanhando a evoluo do mesmo suffixo: bres, res, i, , aodem as palavras de Finck a propsito do monosyllabismo chinez. Este monosyllabismo millenar, afnrma, no vem das origens (Urzeit) mas resulta da perda de sufixos, determinada pela deslocao de accento, a atonao. Nem durar eternamente. A atonao . de uma dentre duas palavras estreitamente ligadas entre si, crear no decurso do tempo, com uma verosimilhana que roa pela certeza, numero maior de suffixos aos quaes a atonao progressiva reserva a mesma sorte que aos suffixos de millenios atraz. Parece que no r-txa hu-ni-ku- observa-se facto semelhante. Encontrando n-r mu, enguia, e dizendo B. que no sabia donde vinha tal palavra, perguntei-lhe si no seria de d-n cobra. Elle, que j ento no era mais MESMO, concordou. Dahi a concluir que a palavra primitiva d, e d-n forma derivada, resultante da desnalisao da primeira, havia apenas um passo, logo transposto alegremente. Em tempo o erro foi reconhecido: palavras em que a desnasalisao se d existem, mas no caso de d e d-n a forma mais antiga d-n, e d j uma reduco. O mesmo se observa com os sons affricativos, quando no comeam syllabas. Assim no caxinau a atonao opera pelas nasaes e pelas affricadas. Nasalisao e affricao, phenomenos cujo nexo salta aos olhos, so as duas foras que conservam o caracter prprio da lingua pelo remonosyllabisamento. Que a nasalisao e desnasalio existem como antes foi indicado provam-no centenas de factos, como por ex. poder dizer-se tx-tx, tx-tx-m e txu-txu-n. Pde-se tambm dizer i-ci-m e i-ci-nl perguntei a B. No, respondeu: i-ci-m doena; t-ci-n doente.

Suffixos syntacticos

29

Nas lnguas estudadas pelos missionrios, o accento ce na penltima. Continuaro no mesmo rumo? dar-se- o remonosyllabisamento pela atonao, ou quebraro o molde e assumiro nova estructura? Os seringueiros tero cuidado de sepultar a resposta no limbo dos ignorabimus . No caxinau alm destes suffixos, ha outros que se pode chamar syntacticos, porque no modificam a significao do vocbulo e s apparecem nas oraes : bu quando onomatopaico, m interr*"gativo, pa consultivo, Jr*i-o-fc', na, r, e t c , cuja funco s vezes difficil rastrear. 8. O nome ou pronome, seguido de outro nome ou adjectivo, pde formar orao completa : 4 -W iu-xa-b, i-p m't-b o pai velho, a mi velha. Pde-se accrescentar b, ki, ou ma-bi, ma-ki, quando a phrase negativa : 4120 na-r ra-i-ma-bi isto jac no; 4121 ra x-tma-ki, ra--m-w-bi aquillo urubu no, jac grande . Os missionrios castelhanos consideram i-qui verdadeiro verbo substantivo : n caxinau i, i-ki poder alguma vez estar por ser, mas na realidade significa fazer, ou melhor corresponde ao do e to do inglez. Como do um pro-verbo : porque gritas ? perguntam, e a resposta : 3068 -a ka-p-t-w-n & bi-tax' i k-V-a, & i-ka-i me jacar grande minha canela com mordeu, eu fao. Como do toma emphatica a affirrhao: 4856 nai t-k-i, t-i-ka-ya-i-mi-ki-a-ki o ceu quebra-se, troveja; 4858 na-kax- b-a t-k-a-ma-i-mi'kia-ki, os cupins taparam, quebra-se no. Nesta funo a, a-ka que tambm significam fazer, podem substituir i, i-kii, i-ki exerce ainda a funco de antecipar o verdadeiro verbo. Nestas oraes com ou sem bi e ku sujeito occupa o primeiro logar, mas B. approvou a phrase: p-ki -pa-r bom o pai. O suffixo r teve fora para alterar a ordem commum, e o facto no raro, encontra-se a cada passo. Podem chamar-se ndices casuaes estes e outros suffixos, dizer que o nominativo como o genitivo e o vocativo formam-se pela nasalisao da vogai final, pelo accrescimo de n, ni, noz, de -, de pa ou p, r, t; mas no tm conta as vezes em que o nominativo no traz ndice, e, excepto t, o mesmo indice serve para qualquer caso : 77 i-n-r hu-ni-r ka-r wa-mi'ki i-b ba-wa-n-n legumes varo lenha faz mulher cosinhar para; 75 i-n-r, hu-ni bai wa-x, i-n ba-na-mi'kj legumes, o varo roado fez, legumes planta ; 74 i-n bi-ki-n i-b bi-mi'ki, hu-ni bi-i'ma-ki i-n-r legumes quando tiram, mulher tira, varo tira no legumes. Na primeira v-se r indicando sujeito e objecto; na

30

Oraes paratacticas

segunda e terceira i-n apparece com ndice e sem elle; sem ndice casual quando occupa seu logar prprio, antes do verbo. A funo destes chamados suffixos syntacticos libertar a ordem das palavras, mas no ^a nica : servem tambm para a emphase, para o rythmo. r s vezes substitue a ra-wz e ra-t, como possessivo, outras, ligado ao verbo, eubstitue as conjunces ra-bi e ra-kj-a como se faz em inglez com ij. As vezes r d ida de que no accusativo. A mulher que foi buscar gua deixando o filho entregue ona, e no o encontrou ao voltar, pergunta 3179 : ia-y, ra-ni-a mi ba-b, & mi-ki bax-i-bina-r parece traduzir-se : sogra aonde teu neto eu tu com deixei, sahi que ? na, precedido de , as vezes uma explicativa : 1532 ra-wz kix-i ki pux-a-i ma-ki ra-wz Jba-ti k~n T traduziu : suas coxas com pinta no, suas saias com por causa, a mulher quando.toma lucto pintada em todo o corpo excepto nas coxas para no sujar a saia : cf. 2946, 3552. Junto a verbo n e r podem corresponder a ((quando no presente ou no passado, conforme o tempo do verbo: isto prova que no exercem funo temporal. ki-a-ki B. traduziu a principio por ((dizem e de dizem est inada a edio expurgada, mas simples exornativa ou emphatica e- pde como n e r juntar-se ao passado ou ao presente. As particulas so a maior obscuridade do caxinau ; os textos no bastam para esclarecer-lhe as subtilezas, s a convivncia prolongada na aldeia poderia revelai-as. Que significa d 4854, 4874 e passim? s vezes diz-se r. Com estas resalvas pde-se dizer que a ordem natural sujeito, objecto, verbo: a collocao do verbo j decorre de suas relaes com os prefixos, exposta antes. O sujeito s vezes fica occulto e meio commodo de apassvamento ; outros vestigios de passivo provvel apparecem, por v. g. ai-b i-b- tx-t-a 5394, 5403. Oraes solteiras existem poucas, mais communs so as oraes seguidas, isto , paratacticas, as vezes com o mesmo sujeito e verbo, s variando o objecto, outras com sujeitos e verbos diversos, to frouxamente enfileiradas que pde-se a vontade alongal-as com vrgulas ou retalhal-as com pontos. Casos mais complicados de parataxe conjunctiva encontram-se, quando ra-t faz de sujeito e significa que, quem, quando as formas verbaes de x, ya, t exercem funces conjunctivas, quando ha condicional. T . prefere para o condicional k-a que elle prprio no glossrio traduziu quasi k-a-na; 4983 : ra-bi haka Wa-ma-r n ba-ri k-ya ux-a-k-a-ni-ki-a-ki si assim fizeram no (tapar o buraco do

Oraes ditactcas

31

sol) nos ao sol alto dormiramos; B. prefere ka: i-b iu-xa-b mawa-r a-na ha-n-ri ti-pax'vu-ka-ni-ki-a-k mulheres velhas si morressem outra vez, ali mesmo moas volferiam. Examinando 75 : /-n-jfc hni bai wax, i-n ba-na mi'k.i depara-se que ha duas oraes ; uma comea na primeira e acaba na quinta e sexta palavras, outra comea na segunda e acaba na quarta. Esta construco, que se assemelha a uma tmese em grande escala, encontrada a cada instante (menos alis do que - vai marcada nos textos, por uma espcie de automatismo psychologico) poderia chamar-se ditaxe, si no houver termo consagrado para o mesmo phenomeno em outra lingua. As vezes chega-se pela ditaxe as phrases "complicadas como a seguinte : para destacar melhor vai o sujeito da primeira orao em typo differente. 734 hu-ni b-t, i hu-ni bo-i-a, tau-a, hu-ni i- b-ti-a, i- a-ta tu-ma, ma-ni rx- tu-k-, tau-kc, hu-ni hu-ni b-ta da-ba-nz, hu-ni d-t-i, bi-i-ka, Intx-i-a-ya. Esta phrase basta para provar que os caxinaus so capazes de atteno prolongada. Sendo o r-txa hu-ni-ku-i uma lingua larvadamente monosyllabica, pde-se comparal-a com o chinez, em que o monosyllabismo campeia absoluto. O precioso livrinho de Finck Die Haupttypen des Sprachbaus fornecer os caractersticos do chinez, que vo esquerda. 1) A quasi totalidade do vo1) Monosyllabos so raros; cabulario consta de monosylla- os vocbulos separam-se em mobos. nosyllabos significativos ; s vezes um monosyllabo j a reduco de outros. 2) A collocao dos vocbulos 2) A collocao dos vocabu invarivel; no ha caracteres los varivel ; o mesmo vocainherentes que os fixem nesta ou bulo pde pertencer s mais dinaquella parte do discurso; a versas partes do discurso, mas funco dos affixos secundaria, at certo ponto os suffixos lexiQuando uma orao intelligi- cos j representam caracteres vel sem palavras auxiliares, estas intrnsecos, os suffixos syntacticos no apparecem. permittem as inverses. Os suffixos syntacticos podem ser dispensados, quando a clareza j suficiente, e ao contrario ser reforados quando a emphase ou o rythmo os impem.

32*

Chhez e caxinau3) A differenciao de nomes e verbos por meio de sufflxos vai adeantada. 4) A ordem normal sujeito, objecto, verbo. >*.-*- 5) Os determinativos e qualificativos vem depois dos substantivos, os advrbios antes dos verbos, o genitivo antes do nominativo. 6) No existe ida de gnero. 7) A atonao, representada pelas vogaes nasaes e affricadas, um processo conducente remonosyllabisao.

3) Ha uma ligeira- tendncia para diff erenar os "nomes de verbos, * 4) A ordem normal sirjeito, verbo, objecto. 5) Os determinativos e adjectivos vem antes dos substantivos, os advrbios antes do verbo, nas palavras compostas o genitivo antes do nominativo. 6) No existe ida de gnero. 7) A atonao |Enttonung) produz suffixos, que pelo mesmo processo ho de desapparecer, sacrificados ao monosyllabismo invencvel.

Seria fcil juntar uma terceira columna relativa ao inglez, que melhor patentearia as trs phrases do mesmo phenomeno: monosyllabismo, tendncia monosyllabisao, remonosyllabisamento. Por uma exquisita associao de idas, ao terminar estas paginas escriptas a contragosto, tratando de assumptos em que no passo de mal aproveitado dilettante, soam-me aos ouvidos com a nitidez, pungencia e encanto daquelle momento inesquecvel, as palavras ponunciadas ha um quarto de sculo pelo explorador do Xingu, ao tornar de sua ^segunda expedio, no prprio salo da Imprensa Nacional em que se expurgou e defecou o primeiro ensaio deste livro felizmente findo : Nunca esqueceremos com que admirao estes ndios olharam para os nossos machados, comparando o nosso trabalho braal, o dos Karaibas, com o delles. Disseram muitas vezes : O sol nasce, no mato o Bakairi corta; o sol indica o meio dia, o Bakairi bate, o estmago vasio, seu brao j cansado; o sol abaixa e desapparece, e ainda o Bakairi corta e ainda no acabou; vem o Karaiba com o seu ferro e tk-tk j cahiu o pu .

1/47, primeiras phrases; B : 4 7 / 6 4 , roado, pesca; B : 6 5 / 7 1 , construco de casas; B : 7 2 / 9 3 , trabalhos da mulher e do varo; B : 94/104, jabuty; B : 108/113, veado, beija-flor.

1. ip p, cina-ta-pa-ma. 2. w iuxa-b, ip mt-b. 3. wa mawa-k&, ip mawaxo. 4. i-a k.axa-i, w mawa-k kaxa-n-wz. 5. i-a man-nam-i, man-nam-ya-ma-i. 6. hu, i-a bni-ki, i boni-a, i bni-ya-ki. 7. ba-n-kfl-w nu-k na-b hiW t. 8. ti, z ba-i k.a-i9. ka-t-w, baba, bna vri, t-wz. 10. un-xu-bi-ra vu-w, ptxi-pa-ya-ma-t-w. 11. r mx kJ-r oit-i k-i. 12. mi vu-ai? z vu-a-i. 13. in ka-n-w. 14. mana-w, i k&~U mi wo. 15. n ka-n, bna vo-di-w, i ra-bi ka'i' 16. ka-i> mana-w, z pya-ma-ki. 17. bari ka-i-ki-kJ, v-di-w, a-ni-x mana-n, v-ri-

o pai bom, zangado no . a mi velha, o pai velho, a mi morreu, o pai morreu.

eu choro, a mi morreu, choremos. eu estou saudoso, saudoso estou no. irmo, eu faminto estou, eu fome tenho, com fome eu estive. passear vamos ! de nossas gentes casa em. vov, eu passear vou. vai, neto, depressa vem depressa ! vai. de vagar vem! demorar comprido no vai! eu do escuro para o lado (amanh) vir vou. tu vieste? eu vim. embora vamos ! mana- espera ! eu vou, tu espera ! ns vamos, de pressa vem de pressa ! eu j vou. eu vou, espera ! eu demoro no. sol indo est, vem de pressa ! de l adiante espero, vem de pressa!

34

B Pnmeiras phr phrases longe , embora vamos ! ns com escureceu, corramos de pressa ! entremos depressa! longe no , nos comermos de pressa para. eu faminto muito, faminto muito estou, mi ns poupou comida para. longe , eu vou no. algum com (sem) eu ir posso no, eu vou no, outro dia vamos ! eu, mi, eu vou no. eu preguioso estou, eu preguioso estou no. banhar-te vai! sol quente est, nos quentes faz, ns fazemos-nos quentes. aquelle sol ir-se primeiro para espera ! suados banhamos-nos adoecemos. algum nos remdio fez no, morremos, morremos, acabamos. eu lenha fiz. eu lenha tenho no, buscar vai I rede arma! ns dormimos para. escurecendo est. mi, durmamos ! pai j dormiu. barro tirar vai! panella fazer para, panella ha no, panella fazer para, pote fazer para, ns que com (em) comer podemos no, prato fazer para. de oricury gomo novo tirar vai! esteira fazer para, ns que com nos sentar-nos podemos no. mim jirau faze para! panella emborcar para. para o vero milho faze !

18. txai-ki, in ka-n-wz! n-k ki mx-a, kxi-ri-nwz. 19. hiki-di-n-w, txai-ma-ki,n pi-ri-n-n. 20. i bni-ya-i-d, bni-ya-i-r, w nu-k mk-x-naki-r. 21. txai-ki, i ka-ma-ki. 22. f b z ka-ii-a-ki, z ka~ ma-ki, xin ka-n-ka-w. 23. -a, w, i ka-Tna-ki24. & tikix'a-ya, i tikix'-yama-kf. 25. naxi t-wz. 26. bari k-ki> n-k a-ka, n i-ka-i. 27. ra-b bari ka-i-n manaw. 28. ni'k-ya-bi naxi-a inami-kj-r. 29. t-z nu-ku dau wa-n-mi mawa-mi -ki-r, mawa-i, kpy-i. 30. kpr wa-ki. 31. i kar-ya-ma-ki, bna twz. 32. dici t-w n xa-n-n. 33. mx-i-ki-ln. 34. w, xa-n-wz, ip ma oxa-ki-r. 35. mi bi t-wz ^Gef wa-nn, kti ya-ma-ki-r, k&t wa-x, xum wan-n, n ha-wa ki pi-tima-ki, k&txa wa-n-n. 36. jfo xk bna bi t-wz pixi wa-n-n, n ra-wa ki tu-ti-ma-ki. 37. -a tapo wa-x-wz k^ti b-n-n. 38. bari- xki wa-w.

B Roado 39. n ha-wa pi-ti-ma-kf, xkjt wa-w n raig'ta pi-xa-r n bari-n-n. 40. xln ma kani-a-ki, xki an-ka-w n pi-n-n. 41. mabx wa-n-Wz n a-nn. 4i2. miei Wa-n-w, xki imax pi-n-wz, 43. xki bana-n-w&. 44. kfni tva-w, - bana-nu-n. 45. hi bi t-w&, db wa-x, kini wa-n-n. 46 wa, mabx wa-x, miei waw pi-n-n, itxa-pa-b voci-x, xki in, toma ya-bi, ata ya-bi.

35

ns o que comer podemos no, milho faze! (planta), ns s comermos bem ns vero para. milho j amadureceu, milho faamos ! ns comermos para. mingau faamos! ns bebermos para. pamonha faamos, milho assamos, comamos! milho plantemos ! buraco faze ! eu plantar para. pau tirar vai ! ponta faze ! buraco fazer para. mi, mingau faze! pamonha faze ! comermos para, muitas cousas mistura! milho tambm, mudubim tambm, macaxeira tambm. 47. mabx wa-w, miei akj wa- mingau faze! pamonhas muitas faze ! umas assa ! umas cosiw, ra-t-ri xui-x, ranha ! ns comermos para. t-ri vua-w n pi-n-n. roado homem faz. eu roado fazendo estou, tu roado fazendo ests, roados dois fazendo ests. bai txai-pa, ak daya-kf, bai roado comprido, muitos trabalham, roado longe fazem, txai wa-kf, bai wa-pa roado grande fazem. Wa-kf. mata dentro roado fazem. ni mr bai wa-kf. ni dra-ki, ni txxi ti m- mata derrubam, mata secca o fogo queima, plantam milho, plann-kf, bana-kf xki, batam banana, plantam macaxeina-kf mani, bana-kf ata, ra, plantam batata, plantam bana-kf kari> bana-kf mamo, plantam mudubim, bar, bana-kf tama, banaplantam algodo, plantam timb kf xap, bana-kf pikam muito (barbasco). ak. de mudubim semente plantam. tama rx bana-kfde algodo rede mulher faz. xap dii wa-kf. dii di-pi-yu-ma tw-ya- rede corda sem armam no. ma. nixi di'pi waki, bk nixi de embira corda homem faz, de embaba embira rasga, corda x'ni-ki, dipi wa-kjl. faz.

48. bai wa-kf. 49. f bai wa-y, mi bai wa-y, bai dab wa-ya-i. 50.

51. 52.

53. 54. 55. 56.

36

B Pesca, construces de casas eu nassa (jrr, landu) fao no, nassa fazem de algodo, o pai nassa faz. roado homem faz, roado novo faz, casa nova faz. planta timb muito, peixe faz (pesca). peixe tambm timb com homem tirar pode. peixe cru comer podem no ; peixe quando comem, cosinharam, assaram comei podem. homem peixe come macaxeira com, banana com comer pode. peixe moqueado bom . timb com feijo tambm, mudubim tambm, homem misturou, rio dentro atirou, o peixe morre. casa fazem, nova fizeram, terra com buraco fizeram, paus fortes tiraram, estacas enfiaram, armadores para rede fizeram, pau para cumieira tiraram, caibros tiraram. caibros fazem, acabaram, jarina tiraram. cobrem os lados, acabaram, por cima cobriram a cumieira, casa dentro varreram. suas gentes casa dentro todas vieram, sua casa dentro redes armaram, fogo fizeram, suas mulheres com casa dentro moram. suas casas dentro moram. de longe pessoas vieram, elles com moram. suas casa dentro fogo fizeram, comem.

57. rii wa-i -ma-kf, rii wakf xap, ip rii wami'-ki58. bai wa-kf, o a I bna wa-kf, xub bna wakf59. bana-kf pi-kam ak, baka wa-kf60. baka di-ka-bi pi-kam wz bi-ti-ki. 61. baka pax pi-ti-ma-ki, baka pi-ki-n vua-x, xi-x, pi-ti-kf. 62. ba\a pi-kf ata wz, mani wz pi-ti-kf. 63. baka nano p-kf. 64. pi-kam i ya-bi, tama ya-bi, vci-x, hn mora pka-a, baka mawai. 65. hiw wa-kf, bna wa-x mi kini wa-x, hi kxi-

pa-b bi-x, tib nitix, tw-ti wa-x, makn bi-x, kan bi-x. 66. kan wa-kf, ky-t, hp bi-x. 67. xwa-kf, ky-t, manu-di ma-bp-t, hiw mr mat-x. 68. ra-wz na-b hiw mr ky b-t, ra-wz hiw mr dici tw-x, tikti Wa-x, ra-wz i bt hiw mora hiwmi'-b-kf. 69. ra-t hiw mr hiw-mi-

b-k,70. txai-k-a b-a-b ra-t b hiw-mi-b-kf. 71. ra-t hiw mr ti-kti wax pi-mi'-b-ki.

B Trabalhos da mulher e do varo 72. pax bi-ki-n i-b bi-mi' ki, huni bi'-ma-ki. 73. xki tk-ki-n i-b a-mihf. 74. in bi-kf-n i-b bi-mi'ki, huni bi-i'-ma-ki in-r. 75. in-r, huni bai wa-x, in bana-mi'-kf. 76 in kani-a-ya i-b b' te bi-mi-ki. 77. in-r huni-r kar wa* mi-ki, i-b ba-wa-nn. 78. huni bai wa-ya, bai bna wa-ya, i-b-n ^cf wa-mi-kf79. huni bai bna wa-ma-kz i-b k& wa-i -ma-ki. 80. map bi-x, kzt wa-t xumu wa-x, cep wax, k&txa wa-x, tax'ka-ya i-mi-ki81. kani-a-ya, bt-x, bmi -ki. 82. xk}' kani-a-ya xki tk x, tk-x, mabx wami -ki. 83. kti nam ti-kpt wa-x, mabx ba-ya, ti nukawa-x, mabx b-a-x, kztxa ki b-a-x, ra-wz na-b b-t a-mi'-ki84. bai wa-ki-n ha-m'-t a-i -ma-ki, ra-wz na-b b-t a-mi-kf85. bai wa-ki-n mx kf~ri mabx' ha-t a-ma-x, ra-t b-t hi wa-pa dra-kati-r. 86. hi wa-pa, tapo wa-x, dra-mib-kf'

37

gua quando tiram, mulher tira, varo tira no. milho quando quebram, a mulher faz (quebra), legumes quando tiram, mulher tira, varo tira no jegumes. legumes, varo roado fez, legumes planta. legumes amadurecendo esto, mulher somente tira. legumes varo lenha faz mulher cosinhar para. o varo roado fazendo est, roado novo fazendo est, a mulher panella faz. varo roado novo fez no, mulher panella faz no. barro tirou, panella fez, pote fez, prato fundo (para bebida) fez, prato raso fez, seccando esto, assa-os no fogo. amadurecendo (assados) esto, tirou do jogo, emborca. milho amadurecendo est, o milho quebrou, quebrou, a mulher mingau faz. panella por baixo fogo accendeu, mingau cosinhou-se, mulher fogo apagou, mingau tirou, prato com tirou, suas gentes com

bebe.roado quando homem faz, s faz no, sua gente com faz. roado quando homem faz, do escuro para o lado (de manh) mingau quelles beber fez, aquelles com paus grandes derrubar para. pau grande, jirau fizeram, derrubam.

38

B Roados, jabuty jirau fizeram, derrubaram, pau grande quebrando-se est, corroado novo seccando est (quando secca), queimam, algodo quando plantam mulher faz (planta), uruc tambm mulher faz. rede quando mulher faz, roupa fez, saia fez, cobertor fez. mulher maridada, seu marido quando morreu, varo outro a amulhera. varo amulherado, sua mulher morreu, outra vez mulher tira. do jaboty comida fructa come. jaboty corre no, ligeiro no , sabido no . caal-o foram, pegam para si. sabido muito no . sua comida no teve, terra s come. jaboty cascudo . jaboty mordeu, larga no. jaboty tiraram, quebram, comer para. seus ovos poz, sahiu, vai embora. seus ovos por si se arrebentaram, o jaboty pequeno por si come, cria-se. jaboty grande (tartaruga) seus ovos quando pe, praia em buraco fez, pe, por si se rebentarem para, rebentaram, por si rio dentro cahirem os jilhotes para.

87. tapo wa-x, dra-b, hi iwa-pa tk-a-ya, kximi -b-kf88. bai bna txxi-a-ya kfiami-b-kf. 89. xap bana-ki-n i-b a-mi ki90. max ya-bi-r i-b a-mi' ki. 91. dici wa-ki-n tari wa-x, bati wa-t, b-rkp-t wa-x. 92. i-b bn-ya, ra-wz bn mawa-k-n, huni bt i-w-mi-ki. 93. huni i-y, ra-wz i mawak, ana i-b bi-mi-kf94. xwz pi-t-r bimi pimi-ki95. xaw-r kxi-i ma-ki, bx' n-ma-ki, n-i'-ma-ki96. pia-ya ka-x ati-mi'b-ki97. n-i -ma-pa-kf98. ra-wz pi-ti ya-ma-kz mai b't pi-mi-kf99. xaw-r xaka-ya-kf100. xaw ky-nam-a hn-i'ma-kf. 101. xaw bi-x-n pua-mib-ki pi-ka-ti-r. 102. ha-wz bati-r pak-ba-i-ni, ka-mi'-kf. 103. ra-wz bati-r ha-m-bi tx' i-a xaw pix'ta ha-m-bi pi, im-mi'-ki. 104. xaw-w-n, ra-wz bati pak-ki-n, maxi ya-n kini wa-x, pak-mi'-ki, ham-bi tx'i-n-n, tx'i-a ha-m-bi hn mr pk-n-n.

B Jacar, veado, beija-flor 105. kap-t ha-wz bati pak-kf, 106. ha-m-bi tx'i-a, hn mora pk-mi -kf. 107. ra-t-x-kf, ya-ma-ki108. txax ni-kf-r bari k-Va nimi-ki. 109. ra-wz pi-t ni bimi b-li pi-mi-ki110. ra-wz pi-t-ma-kz, bimi ya-ma-kz, mai b ti pimi-ki. 111. bari- kp-ya txax-r mx mr ni-ima-kf. 112. iam txax b't ni-mkf mx .mr. 113. pax a-ka-tci-r txai-ma hn kxa hiw-miki114. pino wa-pa-ma, pix'ta. ]\5. ha-wz bati pak-kf, manudi hi mbi ki na wa-x. 116. ha-wz bati pak-x vbi. 117. oxa mkz-ti a-u*c tx'ami'-kf. 118. pi-ya-wa-x ra b-t pimi-kf119. ha-wz pi-t hua b'-t pimi-kf120. tu-z dt-i ma-ki, p-pakf pin-r. 121. ra-t xap bi-ni-ki, n dti-ma-ki.

39

jacar seus ovos pe. por si quebraram-se, os filhotes rio dentro caem. at aqui, no ha mais. veado passeia, sol alto passeia. sua comida de mata fructa s come. sua comida no teve, fructa no teve, terra s come. de sol alto (diurno) veado escuro dentro passeia no. de noite veado (nocturno) s passeiar escuro dentro, gua beber para longe no do rio a beira habita. o beija-flor grande-no, pequeno . seus ovos poz, em cima, de pau galho com, ninho fez. seus ovos poz, choca-os. dormiu cinco dias, vai, os ovos quebra, empennaram-se os jilhotes, elles com beija-jlor come. sua comida flor s come. algum mata-o no, bom muito beija-flor . aquelle algodo tirou, ns matamos no.

IIT : 122/129, paca, cutia, cutiara; T : 130/145, tatu; T : 146/163, pesca; T : 164/205, macacos; T : 206/218, pupunha; T : 219/293, roado, legumes; T : 294/301, loua; T : 302/310, algodo; T : 311/317, brinquedos de meninos.

122. anu pi-mi'-b-kf123. pia-ya-i kfl-x, ano a-kab, b-mi-b-kf. 124. i-ba-i-b bnima-mi -ki, ata bi t-x, anu b vua-mi -b-kf, mx kfri pi-mi-b-kf. 125. tanax' a t-x, mx mr pi-mi-b-kf. 126. i-b kna-nam-mikf tanax pi-ka-tci, huni knanam-mikf - tanax pikatci: pi-n-b-ka-w&. 127. huni kui pia-ya-i ka-x, mari a-mi'-ki, mani b vua-mi'-ki128. i-b bnima-mi'-kf, mx ki-ri pi-ka-tci kna-nam-mi -In, huni kf pika-tci ra-t kna-mi-ki: pi- n-b-ka-wz. 129. ka-x, pi-mi'-b-ki. 130. huni hui pia-ya-i k-x, ti bu-mig'-ki, iix kfni bti-x, pn bi t-x, paya-mikf. 131. iix mnu-kf, tax'ni-a, huni hui kaxa-mi-kf, b-x, xat-mi-kf, hiw mr b-x, in-mi'-ki.

paca comem. caar foram, paca mataram, trazem. as mulheres se alegram, macaxeira tirar foram, paca com cosinham, de manh comem. cutiara matar foram, escuro dentro comem, mulher chama as outras cutiara comerem para, o varo chama os outros cutiara comerem para : comer venhamos ! caxinau caar toi, cutia mata, banana com cosinha. mulher se alegra, de manh comer para chama as outras, o caxinau comerem para aquelles chama : comer venhamos ! foram, comem. caxinau caar foi, fogo leva, de tatu buraco avistou, palha secca tirar foi, accende, abana. o tatu queima-se, sahiu, o caxinau o espanca, trouxe, corta, casa dentro trouxe, d-o.!

T Tatu, pesca132. -b bnima-mi'-ki, ata b va-mi'ki, mx kfri kna-nam-mi -kf. 133. -b v-i-mi'-kf, huni kf" kna-nam-mi'-kf: pi-nb-ka-wz, iix pi-n-kawz. 134. mx kiri iix a-n-bu-kaw&. 135. mawa iix txaka-i-kf-ki, bri-n-ka-w. 136. kfni mr iix-kf-ki, pnu bi t-wz n paya-n-n. 137. ti -a in-wz. 138. kfni mr iix mawa-x-kf, pki-n-wz n bi-n-n. 139. z pkf-n, iix tka-w. 140. mawa iix iwapa du-kf! mawa xni-w du-kf! 141. in ka-n-w, bari ka-i-kfkf-r, ka-ri-n-w. 142. hiw t hiki-x pi-ri-nwz, z buni-kf-ya-i. 143. i-b, iaix vua-w mx kf-ri pi-n-n. 144. faru wa t-wz iix vuan-n. 145. mx kf-ri kna-nam-i iix pi-ka-tci, huni kfti knanam-i iix buka pika-tci: pi n-b-ka-wz.

41

a mulher se alegra, macaxeira com cosinha, de manh chama as outras. a mulher grita, o caxanau chama os outros : comer ns venhamos ! tatu comer ns venhamos ! amanh tatu matar ns vamos! muito tatu abunda, depressa vamos ! buraco dentro tatu est, palha tirar vai ns abanarmos para. fogo me d ! buraco dentro tatu morto est, cavemos ! ns tirarmos para. eu cavo, tatu arranca ! muito tatu grande oh ! muito gordo oh ! embora vamos ! sol entrar vai, vamos depressa! casa em entramos comamos depressa ! eu esfomeado muito estou. mulher, tatu cosinha! amanh comermos para. lenha fazer vai! tatu cosinhar para. de manh chama as outras tatu comer para, o caxinau chama os outros de tatu cabea comerem para : comer ns venhamos ! os vares peixe fazem (pescam), eu chamar os outros vou pescarem para. minhas gentes, amanh pescar vamos banana cosinha! ns levarmos para, dormi no ! amanh pescar vamos!

146. huni-b baka-wa-mi -b-ki. 147. kna-nam-i k-i bakawa-ka-tci-r. 148. na-b, mx kf-ri baka-wa-n-bu-ka-w. 149. mani vua-w n b-n-n, uxa-ya-ma-k-wz, mx kf-ri baka-wa-n-bu-kaw.

42

T Pesca, macacos acordai! gallo cantando est, amanhecendo est. vamos, depressa ! fogo leva ! nos acendermos para, peixe comer para. o rio abana ! peixe sahir para peixes j sahiram, pegar ns vamos ! para l vai, pega ! eu j peguei trahira. peixe piaba pega ! muito abunda. jacar nos comer pode, eu amedrontei-me, embora vamos ! jacar nos comer pode, peixe embrulhemos ! cip tirar vai! ns amarrarmos para. de peixe a tripa tiremos !, amargosa . j estou embrulhando, eu j embrulhei, ns embora vamos! sol indo est. muito eu esfomeado muito estou, banana cosinha! comermos jdo assa ! macaxeira para, cascudo cosida com comermos para. eu j assei, comamos ! peixe cosinha ! de manh comermos para. chamam os outros peixe comer para : peixe comer ns venhamos ! caxinau caar foi, macaco-prego avistou, mata. recha com macaco-prego atirou, o macaco-prego grita, cai, homem espanca (acaba de matar a cacete), traz. trouxe, corta o focinho, embrulhou, traz.

150. b t&-ka-wz, takara kki-ki-r, pna-i-kf-kf151. ka-ri-n-wz, ti b-w n k-ti-n-n baka pi-katci. 152. hn bk-wz baka tax'nin-n. 153. baka ma tax'ni-a-bu-ki, ati n-bu-ka-wk. 154. vari ka-i-ki-ki, ati-w, i ma ati-a-kf mx'k-r. 155. baka yapa ati-w, mawa txaka-i-k.i-k.i~ra. 156. kap-t nu-kfi pi-ti-kf, i dat-a, in bu-n-kawz. 157. kaP-t nu-kfi pi-ti-kf, baka kawa-n-ka-wz, nixi bi t-wz n n-a-n-n. 158. baka puku bi-n-ka-wz, mka-ki-r. 159. ma kau)a-i, z ma kau}a, n in bu-n-ka-wz, bari ka-i-ki~ki~r. 160. mawa buni-kft-y-t, mani vua-w pi-nu-n, ipu xi-w, ata vua b-t pi-n-n. 161. z ma xui-a-ki, pi-n-wz. 162. baka vua-w mx kf-ri pin-n. 163. kna-nam-i baka pi-ka-tci, baka pi-n-b-ka-wz.

164. huni fni' pia-ya-i ka-x, xin bti-x, a-mi'ki, 165. pia wz xin taka, bi'-imi'-ki, ti-i-mi'-ki, kpxa-mi -ki, b-mi -ki. 166. b-x, xt-mi-ki, wa-x, b-mi'kf. ka~

T Macacos 167. bak pix'ta bnima-mi'-ki, kawa b-x, ra-wz wa in-mi'ki: oua-w n pi-n-n, ra-wz pokp xi-w n pi-n-n. 168. i ma xui-a-ki, pi-n-w, i ma vua-kf. 169. kztxa b-w n pi-n-n, kna-nam-w, n pin-n. 170. xinu pix'ta z a-kfl-ki171. mawa xinu daci i i--kf, mx kf-ri kam b-x, a n-ka-wz. 172. ma pna-i-kf-ki, b't-liw, n ka-ri-n-n. 173. 174.

43

175.

176. \77. 178. 179. 180.

181. 182. 183. 184. 185.

o menino pequenino se alegra, o embrulho trouxe, a sua mi d : cosinha ! nos comermos para, sua tripa assa! ns comermos para (diz). eu j assei, comamos ! eu j cosinhei. prato traze ! nos comermos para, chama os outros! ns comermos para. macaco prego pequeno eu matei. muito macacos-prego muitos eu vi, amanh cachorros leva! matar vamos ! j amanhecendo est, acorda depressa ! ns irmos de pressa para. ka-ri-n-wz, kam krta-w. vamos de pressa ! cachorro chama ! kama-nz xinu bti-a-kf, a cachorro macaco-prego avistou, matemos ! muito macacos-prego n-kd-w, mawa xin muitos so, para esse lado vo, daci-ki, oa-ri ki-kf-ki, atira! taka-w. eu j atirei, cahiu, ahi faze! r ma taka-ki, ti-i-ka-kf, (deixa!) ns macaco prego ra-n a-w, n xinu outro matarmos para. bta a-n-n. eu matei. z a-ka-kf. va-ri ka-i-ki-k, takp-w. para esse lado vai, atira ! j est morrendo. ma matoa-kf-kf-r. taka, bi'i-ka-k.i, hi tx- eu atirei, gritou, do pau galho em morreu. pa nu mawa-kf. derrubar vai! trepa! empurrar pakp t-w, ina-x, xutu tvai! cahindo est, empurra! wz, kaani-ki-ki-r, xuiuaqui cai. w, n-n ti-i-kf-ki. cahindo est (quando cahir), kaa-na-ya, kpxa-x-wz, vaespanca! para esse lado vai, ri ka-i-kf-h, kfxa-w. espanca z ma kfixa, mawa-kf, butu- eu j espanquei, morreu, desce de pressa ! embora irmos para. li-w, in ka-n-n. xinu bta bi t-wz n n- o macaco-prego outro tirar vai! nos por aqui irmos para. n ka-nvL-n. embora vamos de pressa ! in ka-ri-n-wz. xin a-ka-ki, wa-w n pi- macaco-prego matei, cosinha ! nos comermos para, escuro dentro n-n, mx mr pi-ncomamos! x-w.

44

T Macacos

186. kna-nam-w n pi-n-n: chama! ns comermos para: comer ns venhamos ! pi-n-b-ka-w. > . 187. huni kf pia-ya kai, ka-x, caxinau caar vai,, foi, macaco coat avistou, chama. i bti-x, kna-nammi'-ki. 188. bi'-i-mi'ki, ra-wz na-b grita, suas gentes ouviram, vo. nika, ka-mi-kf. 189. i wa-pa, i bak wa- coat grande, do coat o filho grande no . pa-ma-ki190. i iux ra-wz bak p-a coat fmea, seus filhos carregou nas costas, vai, fructa avistou, ka-mi-kf, bimi bti-x come. pi-mi-ki. coat macho veio, come. 191. i bn r-x pi-mi'ki192. i in b-mi'-b-ki, i os coats vo embora, o coat pequeno grita. pix'ta bi'-i-mi'-ki193. ra-wz w baxi-bai-na, sua mai o deixou, sahiu, o coat pequeno chora, a mi ouviu, kaxa-mikf, w nika' x, r-x, p-mikf. * chegou, carrega-o s costas. 194. xubt bimi bti-x pi-mi'-ki, de gameleira a fructa avistou, come, come muito tempo, vai. pi-bi, ka-mi'~ki. 195. i bn mxx. bimi bti- coat macho de cajaseira a fructa x iu ix kpna-mi'avistou, a coat fmea chama, ki, r-x, pi-mi-ki, hachegou, come, seu rabo com wz hina w bimi bi-x, fructa tirou, come. pi-mi-kf. 196. i iux bimi bi-x, ra-wz coat fmea fructa tirou, a seu filho d, seu filho come, come bak in-mi'-ki, ra-wz muito tempo, vo embora. bak pi-mi'-kf, pi-bi, b-mi -b-ki, 197. d bimi bti-x, ra-wz na- guariba fructa avistou, suas genb kna-mi'-ki. tes chama. 198. huni kai pia-ya-i ka-x, d caxinau caar foi, guaribas muidaci bti-x, pia W d tas avistou, frecha com na guataka. riba atirou. 199. bi'-i-mi'ki, bi-x, pia guariba grita, tirou, frecha arika-mi -ki. ranca. 200. hi pi bi-x, pi-mi'-kf, pi- de pau a folha tirou, come, x, mitx-x, paka xui-a comeu, cuspiu, da frecha n a-mi'-ki. buraco em faz (bota). 201. huni kf taka, d bi-i- caxinau atirou, guariba grita, mi-ki, b-ti-x, pia avistou, a frecha arrancou, quetka-xr txaix'-a-mi' bra. ki.

T Pupunha 202. huni kf pia wz takp-mi' ki d ha-mbi hi-a n mawa-mi'-kf, ra-wz hina wz m'p-a, ti-i'ma-ki. 203. huni kf ina-x, pak-mi kf, pak-a ti-i-mi -ki. 204. huni ky bt-x, d bi tx, kata-x, b-mi'-ki. 205. ra-wz hiw t riki-x ra-wz i in-miki, ra-wz ini vua, pi-mi'-b-ki. 206. bani bimi bti-x, dra-x, bimi b-mi'-b-ki. 207. b-x, ra-wz hiw t rikix pax pi-mi'-b-ki. 208. bani muxa tk-x, bak pix'ta k-p-mi-bki, ium w n-xa-mi'-

45

caxinau frecha com atira, guariba s pau em morre, seu rabo com agarrou, cai no.

caxinau subiu, derruba-a, derrubou, guariba cai. caxinau desceu, guariba tirar foi, embrulhou, leva. sua casa em entrou, a sua mulher d, sua mulher cosinhou, comem. de pupunha a fructa avistaram, derrubaram o pau, as fructas levam. levaram, casa sua em entraram, cruas comem. de pupunha o espinho quebraram, de meninos pequeninos furam os beios, linha com amarram o espinho. tu arranca no ! sino doe. pupunha derrubaram, tiram, frecha fazer para. sua casa em entraram, frecha fizeram, arco fazem, caar irem para. frecha fizeram, acabaram caar ir para. de pupunha cacete fazem, suas gentes espancarem para. pupunha madura derrubaram, partiram, arco fazem. fogo dentro queimaram, envergam. envergaram, corda com amarram. frecha fizeram, empennam, de mutum penna com. de mutum penna com frechas empennam, txar s empennam no.

b-ki.209. mi 210. 211. tgka-ya-ma-w! icimi An-r. bani dra-x, bi-mi'-b-ki pia wa-ka-tci-r. ha-wz hiw t rikfrx, pia wa-x, kan wa-mi bkf pia-ya-i ka-ka-tci-r pia Wa-x, db-a-t piaya-i katdr. bani binu a-mi'bki, rato na-b kaxa-ka-tci-r. bani rox dra-x, pxa-x, kan a-mi'-kiti mr kaa-x, ix't-ami-b-kf. ix't-a-x, dipi wz na-mib-kipia wa-x, pi-wa-mi'-bki rac pi wz-n. raci pi wz-n pia pi-wami'b-ki, txara b't pi-Wa-i-ma-ki-

212. 213. 214. 215. 216. 217. 218.

46

T Roados, legumes caxinau roado fez, de bananeira filhote tirar foi, buraco fez, planta. bananeiras plantaram, alimpam o terreno. as bananeiras j altas esto, muito bananas muitas abundando esto: amanh bananas tirar vamos ! banana j amadureceu (diz o marido). yarina tirar vai! banana tirar para. muito bananas muitas abundando esto, sobraar vai! ns serapilheira fazermos para. serapilheiras duas faze I eu sobraar ir para (diz a mulher). eu j serapilheira fiz, serapilheira com banana despejar para. de saguim banana, romba banana, de sangue banana, banana grande, de pelle fina banana, bananas muitas maduras esto. amanh outra vez tirar venhamos ! sol est se pondo, nos depressa vamos 1 sua casa em entrou, a sua mulher diz : minha mulher, eu banana plantei, j muito maduras esto, abundando esto, amanh tirar vamos ! j de manh, acorda depressa ! depressa vamos! virmos depressa para. muitas bananas muitas oh ! eu redonda serapilheira com despejei, tirar vai! muito bananas muitas maduras muitas so. eu como. eu faminto muito estou.

219. huni kf bai wa-x, mani pkc bi t-x, xt wax, bana-mikf. 220. mani bana-x oru-mi -b-

ki.221. mani daci ma k-$a-ta-pab-kf, mawa maniraci txaka-i-ki-ki-' mx ki-ri mani bi n-bu-ka-wz, mani ma rxi. 222. hp bi t-wz mani bi-nn. 223. mawa mani daci txaka-i-kfki, ilni i-wz, n ttnu-n. 224. tt-dab-w, z ikp tnfl-na. 225. ? ma tt a-kf, tt kf mani nan-n-n. 226. xipi mani, dz-tu mani, bimi mani, mani-w, bitgi-timani, mani daci rxi-kj. 227. mx kfri ana bi-iu-n-kaw. 228. bari ka-i-kf-ki n ka-ri-nwa. 229. ha-wz hiw t rikf-x rawz i ii-kf: 230. i, i mani bana-i, ma mawa rxi--kf txaka-i-kfki, mx ki-ri bi n-kaw&. 231. ma mx-kf-ri, b't&-liw, ka-ri-n-wz h-rin-n. 232. mawa mani daci iui-ki-ka233. i toro tt ki na-n-x, bi t-wz. 234. mawa mani daci roxi daci-

ki235. pi-a-i, bni-kpi-y-i.

T Roados, legumes 236. pi-ri-w, n k.a-ri-n-n, bari ka-i-kf-hf-r. 237. ha-wz hiw t riki-x: mx ki-ri pia-ya-i ka-i, n mani wz pi-nu-n. 238. mx mr z pia-ya-i k-i. 239. i iix a-kf k-i, ' ka-i h-ri ka-tci-r, z kam b-a-i. 240. pia-ya-i ka-x, iix a-x, b-mi'-ki, ha-wz i bnima-mi'ki, vua-x, pimi'b-kf". 241. mani b vua-w, n pi-nn, mx ki-ri pi-n-n. 242. pi-ri n b-ka-tO&. 243. z i-nz, mani bi t-w, xipi mani, himi mani, biti-ti mani bi t-wz. 244. bi ka-x, tt-x, na-nmi-kf, vu-mi-ki245. ha-wz hiw t rikf-x mani pi-mikf246. ma k$-a-ki, ma dba-ki. 247. huni kui bai wa-ka-tci pami'b-kf. 248. pa dbu-a-t hi drami-bq-kf. 249. hi dra-kf db-a-t, kfiami'-b-ki. 250. kfia-x, xki bana-mi'-b-

47

come depressa! nos irmos depressa para, sol est se pondo. sua casa em chegou, diz: amaeu caar vou, ns banana com comermos para. escuro dentro, eu caar vou. eu tatu matar vou, eu vou, depressa vir para, eu cachorro levo. caar foi, tatu matou, traz, sua mulher alegra-se, cosinhou, comem. banana com cosinha ! ns comermos para, amanh comermos para. comer de pressa ns venhamos ! minha mulher, banana tirar vai! sonhin banana, sangue banana, romba banana, banana grande, banana de pelle fina tirar vai! tirar foi, serapilheira fez, despeja, vem. sua casa em entrou, banana come. j acabei, eu (T) j terminei (o dictado). caxinaus roado fazer para, brocam o mato fino (com terado). brocaram, acabaram, paus grandes derrubam (com machado). paus derrubam, acabaram, queimam. queimaram, milho plantam. milho amadurecendo est, quabraram, limpam o terreno. limparam, acabaram, macaxeira plantaram, bananeira plantam. roado alimpam, assim fizeram, mudubim plantam.

kf.251. xki kani-a-ya, tk-x, ru-mi -b-kf252. um-x, dbu-a-t, ata bana-x, mani bana-mi b-ki. 253. bai uru-mi-b-ki, rakawa-t tama bana-mi'-

b-ki.

48

T Roados, legumes mudubim plantaram, acabaram, amadurecendo est, arrancaram, cortam a cabea (talo). cabea cortaram, seccarri. no vero praia em mudubim plantam. mudubim plantaram, alimpam o terreno. mudubim amadurecendo est, praia em casa fizeram, mudubim* arrancaram, a cabea cortam-lhe. assim fizeram, mudubim comem. banana madura com mudubim comem. mudubim secco torraram, pamonha fazem, milho verde com tambm, assim fizeram, comem. eu j acabei, pamonha outra faze ! pamonha faze ! mingau faze! ns bebermos para. eu j mingau fiz, bebamos ! aquelles chama ! ns mingau bebermos para. caxinaus roado novo fizeram, de macaxeira talos tirar foram, cortaram-lhes a cabea, cavaram, plantam. plantaram, crescendo est, alimpam o p da planta. alimparam os ps, acabaram, de macaxeira o talo amadurecendo est, os vares sua casa em chegaram, as suas mulheres dizem : minha mulher, macaxeira arrancar vai! ja amadureceu. eu amanh arrar-car vou.

254. tama bana, dbu-a-t, roxia-ya, mxa-x, bx'tmib-ki255. bux't-x tax'ka-wa-mi'b-kf. 256. oar-5 maxi ya-n tama bana-mi'b-kf257. tama bana-x oru-mibkf258. tama roxiu-$a maxi ya-n xubu wa-x, tama mxax, bx't-mi b-ki. 259. rag'ka wax tama pi-mi-

b-ki.260. mani roxi wz tama pi-mi'-

b-ki.261. tama iax'ka ti-x, miei wa-mi -b-kf, xki pati ya-bi-r, ra'kfi wax, pi-mi'-b-ki. 262. z ma ky-a-ki, miei bta a-w. 263. miei wa-x, mabx' wa-w n a-n-n. 264. z ma mabx' wa-ki, a-nwz. 265. ra-t kna-w, n mabx' an-n.