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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. JORGE AUGUSTO CORREIA, TAVIRA FILOSOFIA Professora: Carla Sardinha _____________________________________________________________________________ BIBLIOTECA ESJAC, TAVIRA Módulo IV – O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica Unidade 1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva O racionalismo de Descartes Lê, atentamente o seguinte texto: “Resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu espírito não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente era alguma coisa. E notando que esta verdade, eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo, para primeiro princípio da filosofia que procurava. “ Descartes (1637), Discurso do Método, Lisboa, Sá da Costa, 1980, p.28 1. Esclarece o papel da dúvida cartesiana na obtenção do conhecimento. “A dúvida cartesiana é muito importante na obtenção do conhecimento, visto que Descartes começou por, tal como os céticos, duvidar de tudo. A dúvida metódica funciona assim como um teste cético: devemos duvidar de todas a nossas crenças, e estas só serão aceites como justificadas se passarem no teste. Passar no teste é tentar duvidar destas e não o conseguirmos. Às crenças que passam no teste, ou seja, as que tentamos por todos os meios duvidar e não conseguimos, chamamos crenças indubitáveis. O cogito cartesiano (“penso, logo, existo”) é um exemplo de crença indubitável. Além disso, Descartes ao duvidar de tudo, inclusive da sua própria existência, acaba por descobrir que o próprio ato de duvidar já é uma certeza de que ele existe mesmo, “penso, logo, existo”. Isto é o cogito cartesiano.” Bruna Silva, 11.º C1

Racionalismo de Descartes

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Filosofia, 11.º anoTrabalho realizado por : Bruna SilvaProfessora: Carla Sardinha

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ESCOLA SECUNDÁRIA DR. JORGE AUGUSTO CORREIA, TAVIRA

FILOSOFIA Professora: Carla Sardinha

_____________________________________________________________________________

BIBLIOTECA ESJAC, TAVIRA

Módulo IV – O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica

Unidade 1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva

O racionalismo de Descartes

Lê, atentamente o seguinte texto:

“Resolvi supor que tudo o que até então encontrara acolhimento no meu

espírito não era mais verdadeiro que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo em

seguida, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o

pensava, necessariamente era alguma coisa. E notando que esta verdade, eu penso,

logo existo, era tão firme e tão certa que todas as extravagantes suposições dos

céticos seriam impotentes para a abalar, julguei que a podia aceitar, sem escrúpulo,

para primeiro princípio da filosofia que procurava. “

Descartes (1637), Discurso do Método, Lisboa, Sá da Costa, 1980, p.28

1. Esclarece o papel da dúvida cartesiana na obtenção do conhecimento.

“A dúvida cartesiana é muito importante na obtenção do conhecimento, visto

que Descartes começou por, tal como os céticos, duvidar de tudo. A dúvida

metódica funciona assim como um teste cético: devemos duvidar de todas a

nossas crenças, e estas só serão aceites como justificadas se passarem no teste.

Passar no teste é tentar duvidar destas e não o conseguirmos. Às crenças que

passam no teste, ou seja, as que tentamos por todos os meios duvidar e não

conseguimos, chamamos crenças indubitáveis. O cogito cartesiano (“penso, logo,

existo”) é um exemplo de crença indubitável. Além disso, Descartes ao duvidar de

tudo, inclusive da sua própria existência, acaba por descobrir que o próprio ato de

duvidar já é uma certeza de que ele existe mesmo, “penso, logo, existo”. Isto é o

cogito cartesiano.”

Bruna Silva, 11.º C1

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2. Será que a dúvida cartesiana é diferente da dúvida dos céticos? Justifica a tua

resposta.

“Sim, na minha perspetiva, a dúvida cartesiana é diferente da dúvida dos

céticos, visto que apesar de ambas serem hiperbólicas, a dúvida cartesiana vai como

que anular a dúvida dos céticos. Isto porque apesar de Descartes concordar com o

argumento cético da ilusão (argumento que defende que os sentidos nos iludem

frequentemente e são enganadores), ao descobrir o cogito (“penso, logo, existo”) vai

provar que o argumento cético da regressão infinita da justificação estava errado, visto

que o cogito é fundacionalista, ou seja, justifica-se a ele próprio. Logo, apesar de

ambas concordarem com o argumento da ilusão, mais tarde, a dúvida cartesiana vai

afastar-se completamente da dúvida dos céticos. Além disso, a dúvida cartesiana

permite-nos verificar que o nosso conhecimento justifica-se racionalmente, enquanto

os céticos não aceitam quaisquer justificação (nem da razão, nem da experiência).”

Bruna Silva, 11.º C