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UNIVERSIDADE DE S ˜ AO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE S ˜ AO CARLOS Rafael Oishi Mariano Plano de Neg´ ocio para uma Cervejaria Artesanal ao Carlos 2017

Rafael Oishi Mariano - USP · Rafael Oishi Mariano PLANO DE NEGOCIO PARA UMA CERVEJARIA ARTESANAL Monogra a apresentada ao Curso de Enge-nharia El etrica com Enfase em Eletr^onica,^

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UNIVERSIDADE DE SAO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SAO CARLOS

Rafael Oishi Mariano

Plano de Negocio para uma Cervejaria Artesanal

Sao Carlos

2017

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Rafael Oishi Mariano

PLANO DE NEGOCIO PARA UMA

CERVEJARIA ARTESANAL

Monografia apresentada ao Curso de Enge-nharia Eletrica com Enfase em Eletronica,da Escola de Engenharia de Sao Carlos daUniversidade de Sao Paulo, como parte dosrequisitos para obtencao do tıtulo de Enge-nheiro Eletricista.

Orientador: Prof. Associado Edmundo Es-crivao Filho

Sao Carlos

2017

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINSDE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Mariano, Rafael Oishi M333p Plano de Negócio para uma Cervejaria Artesanal /

Rafael Oishi Mariano; orientador Edmundo EscrivãoFilho. São Carlos, 2017.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica) -- Escola de Engenharia de SãoCarlos da Universidade de São Paulo, 2017.

1. empreendedorismo. 2. empreendedor. 3. plano de negócio. 4. cerveja artesanal. I. Título.

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Taxas de concentracao CR 5 e CR 10 no mercado global de cerveja . . 38

Tabela 2 – Custos de producao estimados para as receitas da Cervejaria Empırica

em um contrato com outra cervejaria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Tabela 3 – Faixas de Enquadramento do Simples Nacional para Industrias. . . . . 54

Tabela 4 – Estimativa de Custo final de uma cerveja da Empırica em um bar.

Toma-se como base um custo de producao de R$5,00 por garrafa de

350ml. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Tabela 5 – Estimativa de Custo final para os tres rotulos iniciais da Empırica em

tres tipos de estabelecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Tabela 6 – Estimativa de Capital Inicial para a abertura da Cervejaria Empırica. . 62

Tabela 7 – Projecao de Vendas, Pedidos e Estoque em litros para o primeiro ano

da Cervejaria Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Tabela 8 – Projecao de Vendas, Pedidos e Estoque em litros para o segundo ano

da Cervejaria Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

Tabela 9 – Fluxo de Caixa no primeiro semestre de funcionamento da Cervejaria

Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

Tabela 10 – Fluxo de Caixa no segundo semestre de funcionamento da Cervejaria

Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Tabela 11 – Fluxo de Caixa no terceiro semestre de funcionamento da Cervejaria

Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Tabela 12 – Fluxo de Caixa no quarto semestre de funcionamento da Cervejaria

Empırica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

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Lista de Ilustracooes

Figura 1 – Numero de Cervejarias ativas nos EUA no perıodo de 1873 a 2015. . . 14

Figura 2 – Confluencia de fatores que geram as oportunidades. . . . . . . . . . . . 20

Figura 3 – Modelo de Planejamento de Negocios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Figura 4 – Market Share de Consumo de Cerveja por Regioes em 2014. . . . . . . 35

Figura 5 – Volume per capita de cerveja consumidos comparado com a renda dos

paıses. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Figura 6 – Market Shares da industria cervejeira em 2003 e 2013 . . . . . . . . . . 37

Figura 7 – Consumo per capita de nacoes com maior tradicao cervejeira e do Brasil

em 2015 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Figura 8 – Evolucao do numero de cervejarias artesanais no Brasil . . . . . . . . . 40

Figura 9 – Distribuicao das cervejarias artesanais por estado no Brasil . . . . . . . 41

Figura 10 – Perfil do Consumidor de Cervejas Especiais . . . . . . . . . . . . . . . 42

Figura 11 – Latas da cervejaria americana Stillwater Brewing Co. . . . . . . . . . . 51

Figura 12 – Latas da Cervejaria Dogma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 13 – Garrafas da cervejaria escocesa BrewDog. . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Figura 14 – Garrafas da cervejaria inglesa Cloudwater Brewing Co. . . . . . . . . . 52

Figura 15 – Prototipo de rotulo para uma futura cerveja da Empırica. . . . . . . . 53

Figura 16 – Jornada do Consumidor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Figura 17 – Funil de Conversao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Figura 18 – Formato de anuncio do tipo Carrossel de Produtos no Facebook. . . . . 60

Figura 19 – Demonstrativo de Resultados do primeiro ano de atividade. . . . . . . 65

Figura 20 – Demonstrativo de Resultados do segundo ano de atividade. . . . . . . . 65

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Sumario

Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Lista de Ilustracooes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Sumario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1 INTRODUCAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1 Delimitacao do Tema da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.2 Formulacao do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

1.3 Objetivo da Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2 REVISAO BIBLIOGRAFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1 Empreendedorismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.1.1 O Empreendedorismo e o Empreendedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.1.2 Empreendedorismo visto como um processo . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.2 Plano de Negocio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.2.1 Componentes de um plano de negocio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3 O PLANO DE NEGOCIOS DA CERVEJARIA EMPIRICA . . . . . 31

3.1 Resumo Executivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.2 Descricao da Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.3 Equipe Gerencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.4 Analise de Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.4.1 Um Panorama Global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.4.2 O mercado Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.4.3 O Consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.5 Os Produtos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.5.1 Processo de Producao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.5.2 Materias-primas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.5.3 Produtos da Empırica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.6 Plano de Marketing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.6.1 Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.6.2 Preco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.6.3 Promocao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.7 Plano Financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

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3.7.1 Capital Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

3.7.2 Projecao de Vendas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.7.3 Fluxo de Caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

3.7.4 Outros Demonstrativos Financeiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

4 CONSIDERACOES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

REFERENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

APENDICES 73

APENDICE A – PREVISAO DE VENDAS, PEDIDOS E ESTO-

QUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

APENDICE B – FLUXO DE CAIXA - ANO 1 . . . . . . . . . . . . 77

APENDICE C – FLUXO DE CAIXA - ANO 2 . . . . . . . . . . . . 79

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Resumo

MARIANO, R. O. Plano de Negocio Para uma Cervejaria Artesanal. Trabalho de

Conclusao de Curso - Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP, 2017

Este projeto propos-se a elaborar um plano de negocios de uma cervejaria artesanal. Vi-

sando se inserir nesse mercado em plena expansao no Brasil, esse plano pretendeu analisar

o mercado e todos os desafios encontrados na abertura de um negocio nesse ramo. Para

isso, elaborou-se de um referencial teorico que abrange dois principais topicos. Primei-

ramente, estudou-se o empreendedorismo e suas definicoes, buscando entender quem e o

indivıduo empreendedor e qual e o processo associado a essa atividade. Em seguida foi

estudado o Plano de Negocio, onde e analisada sua importancia como ferramenta para

qualquer empreendimento e desenvolvendo um modelo que melhor se adeque a realidade

das cervejarias. Embasado nesse referencial teorico, idealizou-se um plano de negocio

para a empresa batizada de Cervejaria Empırica. Esse plano buscou aplicar de maneira

eficiente e eficaz os recursos disponıveis de forma alcancar sucesso no mercado. Para isso

foi realizado um estudo de mercado a nıvel global e nacional com o objetivo de entender

as tendencias e o historico do setor. Tambem foi realizado um estudo sobre o consumidor

deste ramo, buscando entender seu perfil e suas necessidades. Tendo os perfis do mercado

e consumidor em maos, pretendeu-se desenvolver os produtos e a estrategia de publici-

dade de forma a impactar de forma assertiva os indivıduos mais propensos a consumirem

a marca Empırica. Para tal, a cervejaria apostara em uma identidade de marca moderna

que se adeque ao gosto dos consumidores e utilizara o marketing digital como ferramenta

principal para veiculacao de sua publicidade. Garantindo um produto de alta qualidade,

um pre-requisito desse mercado, a Empırica tera seu diferencial justamente no marketing,

area praticamente inexplorada pelas pequenas cervejarias. Em seguida, foi elaborado o

plano financeiro, onde a partir de estimativas e dados de mercado foram projetadas todas

as receitas e custos associados a operacao da cervejaria em seus dois primeiros anos de

atividade. Finalmente, apresentou-se as consideracoes finais do trabalho onde sao reca-

pitulados as principais conclusoes sobre o negocio, suas falhas e como esse trabalho se

adequou a realidade do autor.

Palavras-chave: Empreendedorismo, empreendedor, plano de negocio, cerveja artesanal

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Abstract

MARIANO, R. O. Plano de Negocio Para uma Cervejaria Artesanal. Trabalho de

Conclusao de Curso - Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP, 2017

This project’s purpose was to compose a business plan for a craft brewery. Aiming to

enter this booming market in Brazil , this plan intended to analyze the market and all

challenges associated with opening a business in it. To do so, a theoretical framework

covering two main topics was developed. First, entrepreneurship and its definitions was

studied, trying to understand who is the entrepreneur and whats the process associated

with this activity. Then, the Business Plan was studied, where its importance as a tool

for any business was analyzed and a fitting template for a craft brewery was established.

Based on this theoretical framework, a business plan for Empırica Brewery was idealized.

This plan sought to invest in a efficient and effective manner the resources available in

order to achieve success in this market. For this, a market research in global and national

scale was conducted in order to understand the tendencies and the historic of this sector.

A consumer study was also performed, aiming to identify its profile and needs. With

this information in mind, the brewery will try to develop the products and the marketing

strategies in order to impact in an assertive way the individuals most likely to consume the

Empırica Brand. For that purpose, the brewery will bet on a modern brand identity that

fits the consumer’s taste and will use digital marketing as its main tool in advertising.

Ensuring a product of impeccable quality, a must in this market, Empırica will have

its differentiation precisely in marketing, a field almost unexplored by small breweries.

Next, the financial plan was elaborated, where estimates and market data were used to

calculate the revenue and associated costs for the the brewery’s first two years of activities.

Finally, the final considerations were presented, reviewing the main conclusions about this

business, the plan’s flaws and how this project fitted the author’s reality.

Keywords: Entrepreneurship, entrepreneur, business plan, craft beer

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1 Introducao

Na decada de 1990, foi descoberto dentro das ranhuras de um fragmento de

ceramica encontrado na regiao oeste do Ira o mais velho resıduo de cerveja, que data

de 2900 a 3400 a.C. O conhecimento sobre a producao de cerveja acompanhou a so-

ciedade muito antes de registros escritos, e acredita-se que foi descoberto por acaso e

simultaneamente em diferentes regioes. Civilizacoes como a do antigo Egito e a Sumeria

tinham fortes raızes na producao do lıquido nutritivo e estasiante que compunha a dieta

de sua populacao.

Atualmente, a cerveja e a terceira bebida mais popular depois de agua e cha, e a

bebida alcoolica mais consumida no mundo (NELSON, 2004). O Brasil e o terceiro maior

consumidor em volume de cerveja, representando 6,8% do mercado mundial, segundo

um estudo realizado pela Kirin Holdings em 2013. E ,tambem, a origem da Companhia

de Bebidas das Americas (Ambev), que apos fusao com a belga Interbrew em 2004 e

Anheuser-Busch em 2008 se tornou a maior cervejaria do mundo sob o novo nome de AB

Inbev.

Dentro desse cenario, vem destacando-se nos ultimos anos as cervejarias chamadas

de artesanais. Segundo a Associacao Brasileira de Bebidas, Abrabe (2015), as microcerve-

jarias artesanais representam menos de 1% do volume de cerveja consumidos no paıs. No

entanto, estima-se que esta parcela atinja 2% em dez anos. Estima-se, atraves de dados

do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos (Sipe/Mapa), que em 2013 haviam

aproximadamente 200 cervejarias artesanais no paıs. Os registros de novas cervejarias

nesse ano alcancaram seu pico, com 46 novos produtores, um crescimento de 50% em

relacao a 2012.

Embora modestos, quando comparado a nacoes ja tradicionais como Belgica e Ale-

manha, esse numeros ja atraem a atencao das grandes corporacoes, especialmente a AB

Inbev. Duas tradicionais cervejarias artesanais foram adquiridas em 2015: a mineira Wals

e a paulista Colorado, alem de aquisicoes internacionais como a americana Goose Island

em 2011 e a italiana Birra del Borgo em 2016. Essa expansao do mercado, acompanhada

da mudanca de comportamento dos consumidores, pode ser notada ha alguns anos, prin-

cipalmente com a expansao das prateleiras de cervejas especiais e o aumento de lojas

especializadas nesse produto.

Para compreender o cenario nacional atual, pode-se comparar o mercado brasileiro

ao estadunidense, que viveu esse grande perıodo de expansao da cultura cervejeira arte-

sanal a partir de 1980. Em 2013, o mercado norte-americano ocupava o segundo lugar

mundial em consumo da bebida, o que corresponde a 13% da producao do mundo, quase

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o dobro do Brasil (BREWERS ASSOCIATION, 2015). Todavia, o numero de cervejarias

artesanais, neste mesmo ano, foi 2863, com crescimento de 19,4% para 2014 (KIRIN BEER

UNIVERSITY, 2014), ate 14 vezes maior do que o cenario brasileiro. Podemos concluir,

portanto, que o mercado nacional de cervejas artesanais ainda tem muito potencial de

crescimento e se inserir nele representa, possivelmente, uma bom investimento.

A relevancia e o crescimento deste mercado acompanha a evolucao da participacao

das micro e pequenas empresas (MPEs) na economia do paıs. Sozinhas essas empresas

foram responsaveis por 27% de toda riqueza gerada no paıs (Produto Interno Bruto) em

2011. A sua expressividade na economia vem aumentando desde que o inıcio dos registros,

em 1985, quando esse valor era de apenas 21% (SEBRAE, 2014). A regiao Sudeste

comporta a maior concentracao de MPEs do paıs, com 50,9% das empresas, seguida pela

regiao Sul, que contem 23,3% (SEBRAE, 2015b). Essa distribuicao e parecida no caso

das microcervejarias, afinal 91% delas estao localizadas na regiao Sul e Sudeste.

As microcervejarias, por se enquadrarem como MPEs em sua maioria, enfrentam

as mesmas dificuldades de abertura e administracao do negocio que outras empresas de

mesmo porte em outros setores. O que agrava o problema, entretanto, e o numero pequeno

de estudos sobre o mercado e as dificuldades de empreender na area. A escassez de

informacao documentada sobre o setor requere um pouco mais de estudo, e a busca de

apoio em agencias como o SEBRAE (Servico Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas

Empresas) e essencial. Essa agencia e a maior responsavel pelo suporte ao empreendedor,

sobretudo de MPEs, e, inclusive, ja publicou um pequeno livreto de orientacao sobre a

abertura de uma cervejaria.

O empreendedor deve utilizar as ferramentas e metodos adequados para desenvol-

ver seu projeto e minimizar as chances de insucesso. A falta de planejamento previo e uma

ma gestao do empreendimento sao duas das principais causas de mortalidade de empresas

no Brasil (SEBRAE-SP, 2014). Dados de 2008 revelam que somente 63% das empresas

completam 2 anos de funcionamento, enquanto apenas 42% chegam ao seu quinto ano

ainda abertas (SEBRAE-SP, 2010). Uma ferramenta muito poderosa durante o planeja-

mento de um negocio e a elaboracao de um plano de negocio. Um estudo recente conduzido

na Suecia concluiu que a redacao de planos de negocio reduz significativamente as chan-

ces de falencia de um empreendimento e incentiva o desenvolvimento de novos negocios

e produtos (DELMAR; SHANE, 2003). Logo, este documento e substancial para “tracar

um retrato fiel do mercado, do produto e das atitudes do empreendedor”(SEBRAE, 2013)

e contribui assim para a identificacao da viabilidade da ideia e na gestao da empresa.

Este projeto visa, portanto, identificar os principais equıvocos e os fatores de su-

cesso no mercado de cervejas artesanais para a elaboracao de um plano de negocio de uma

cervejaria artesanal de pequena escala. Para tal, e necessario um estudo aprofundado do

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mercado de cervejas artesanais, das caracterısticas do segmento de MPEs, da area de

empreendedorismo e os fatores de sucesso na criacao de empresas.

1.1 Delimitacao do Tema da Pesquisa

As taxas de mortalidade de empresas no Brasil ainda e muito alta. Segundo o

SEBRAE-SP (2010), no estado de Sao Paulo, apos apenas um ano de funcionamento 27%

das empresas fecham as portas. Quando esse tempo sobe para 5 anos, somente 42% das

empresas sobrevivem. Esses numeros sao grande em uma nacao onde 78% dos adultos

consideram o empreendedorismo uma boa opcao de carreira e 39,9% ja possui um negocio

ou fez alguma acao, nos ultimos 12 meses, com o proposito de ter o proprio negocio no

futuro (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2016).

Os principais motivos associados a essa alta taxa de falencia das empresas sao falta

de planejamento previo, inexperiencia na gestao de uma empresa e a falta de comporta-

mento empreendedor. Dentre as empresas que ja encerraram suas atividades, somente

18% foram planejadas por mais de 6 meses (SEBRAE-SP, 2014). No entanto, aos olhos

de 49% dos empresarios cujo a empresa nao obteve sucesso, o fator chave para a so-

brevivencia e o planejamento previo. Ou seja, a falta de orientacao, inexperiencia ou

ansiedade pelo lancamento do novo empreendimento, entre outros fatores que podem ter

atrapalhado o empreendedor a realizar o planejamento completo de seus negocios, foram

os principais motivos do insucesso da empresa.

E nesse cenario que o Plano de Negocios e uma ferramenta poderosa. Este do-

cumento exige que o empresario avalie os principais aspectos de seu negocio antes de

executa-lo, demandando uma analise de seu produto, do mercado, de suas proprias habili-

dades e pode evitar que muitos erros atinjam a empresa quando ela for lancada. Segundo

o SEBRAE-SP (2014), 55% das empresas brasileiras ainda nao elaboram um plano de

negocios.

Sendo assim, a execucao de uma ideia de negocio obtera muitos benefıcios da

elaboracao de um plano de negocios, ainda mais em momentos de incertezas politico-

economicas do paıs e em um setor ainda novo e altamente influenciado pelas taxas infla-

cionarias.

1.2 Formulacao do Problema

O mercado de cervejas artesanais ainda oferece bastante espaco para crescimento.

No entanto, o despreparo de empreendedores certamente levara ao fechamento de varias

empresas. Os EUA vivenciaram durante a decada de 1990 uma “bolha”no mercado de

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cervejas artesanais: entre 1995 e 1997, o crescimento do mercado caiu de 58% para 2% ao

ano. Atualmente, de volta a crescimentos acima de 10%, os cervejeiros mais experientes

americanos temem uma nova “bolha”(TEETER, 2015; FERGUSON, 2013; NASON, 2011;

DAVIS, 2013).

O cenario nacional ainda nao atingiu tal ponto de virada, mas deve-se aprender com

os erros cometidos nos EUA. Considerou-se responsavel pela queda de crescimento dos

anos 1990 a grande entrada de “aventureiros”no ramo, pessoas sem experiencia e conheci-

mentos adequados, atraıdas pelo crescente mercado das cervejas que vinha apresentando

crescimentos acima de 50% ao ano. Isso causou um descontentamento dos consumidores

ao notar a baixa qualidade e confiabilidade de varias cervejas oferecidas, que voltaram a se

afastar das artesanais. Alem do mais, muitas dessas cervejarias oportunas certamente nao

realizaram um bom estudo sobre a abertura de seus negocios, resultando na estagnacao

do mercado e ,posteriormente, no fechamento das cervejarias menos robustas, como pode

ser observado na Figura 1 no ano de 2005.

Figura 1 – Numero de Cervejarias ativas nos EUA no perıodo de 1873 a 2015.Fonte: Teeter (2015)

Faz-se necessario, portanto, um estudo sobre as caracterısticas essenciais e os di-

ferenciais de pequenas empresas e, mais especificamente, de microcervejarias artesanais

para que o sucesso no mercado seja alcancado. Enfrentando um perıodo de plena ex-

pansao, ainda nao ha notıcias de fechamento de empresas no setor. Contudo, nao faz-se

desnecessario um planejamento aprofundado de todos os aspectos da abertura da empresa,

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visto que o setor ainda enfrenta grandes dificuldades operacionais, como altas cargas tri-

butarias, concorrencia desleal e barreiras burocraticas.

1.3 Objetivo da Pesquisa

Procura-se elaborar um plano de negocio de uma microcervejaria artesanal. Deseja-

se analisar o mercado, criar um produto de qualidade e diferenciado, definir a melhor

localizacao para a instalacao da planta e distribuicao da producao, definir o preco ideal

do produto e a melhor estrategia de marketing.

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2 Revisao Bibliografica

2.1 Empreendedorismo

Embora este tema tenha atraıdo muita atencao dos pesquisadores recentemente, a

funcao de empreendedor pode ser considerada existente desde que se iniciou o comercio

entre os indivıduos da sociedade (VERGA E.; SOARES DA SILVA, 2014). Historica-

mente, como apontam Baron e Shane (2007), a figura do empreendedor sempre suscitou

muito interesse do povo, inspirado pelas grandes fortunas acumuladas por personalidades

como D. Rockefeller, Thomas Edison, Andrew Carnegie entre tantos outros.

No entanto, o que levou a essa intensificacao da pesquisa e do ensino acerca do

empreendedorismo nas ultimas decadas? O que mudou? Dornelas (2001) se arrisca ate a

dizer que vivemos, hoje, a era do empreendedorismo.

“O avanco tecnologico tem sido de tal ordem, que requer um numeromuito maior de empreendedores. A economia e os meios de producao eservicos tambem se sofisticaram, de forma que hoje existe a necessidadede se formalizar conhecimentos, que eram apenas obtidos empiricamenteno passado”(DORNELAS, 2001).

A grande competitividade do mercado globalizado tambem torna crucial que novos

empresarios inovem os modelos de negocio. Eles tem renovado os conceitos economicos,

criado novas relacoes de trabalho, empregos e gerado riquezas para a sociedade. Pode-se

dizer, portanto, que o destaque do empreendedorismo e fruto das novas necessidades da

economia e das mudancas tecnologicas do cenario moderno.

Atualmente, o empreendedorismo ocupa um papel central nas polıticas publicas da

maioria dos paıses. Essa atencao ao tema foi incentivada principalmente a partir da decada

de 1990, quando se intensificaram as pesquisas academicas sobre o assunto (VERGA E.;

SOARES DA SILVA, 2014) e varias acoes voltadas ao fomento do empreendedorismo fo-

ram implementadas ao redor do mundo (DORNELAS, 2001). Na mesma decada, surgem

as primeiras agencias de apoio e incentivo aos empreendedores no Brasil, como o SEBRAE

(Servico Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira

para Exportacao de Software). Segundo o Relatorio Global do GEM (Global Entrepre-

neurship Monitor) de 2015/2016 (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2016),

39,9% dos adultos brasileiros ja possui um negocio ou fez alguma acao, nos ultimos 12

meses, com o proposito de ter o proprio negocio no futuro.

Contudo, quem sao os empreendedores? O que e o Empreendedorismo? Maculan

(2005) defende que, “somente a teoria permite a antecipacao e, portanto, a tomada de

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decisao com a expectativa de chegar a determinados resultados”e, tendo em vista a im-

portancia deste assunto no mundo contemporaneo, deve-se caracterizar o indivıduo e o

processo empreendedor.

2.1.1 O Empreendedorismo e o Empreendedor

Utilizar o termo Empreendedorismo nao se revela uma tarefa simples, afinal nao

existe na literatura academica e no debate popular um consenso sobre seu significado

(COLBARI, 2007). O termo pode assumir diferentes definicoes dependendo do seu con-

texto e uso (COSTA; BARROS; CARVALHO, 2011; BRUYAT; JULIEN, 2001), e iniciar

uma pesquisa sobre o tema resulta, normalmente, em uma interpretacao do fenomeno

empreendedor de acordo com as conviccoes e formacao do pesquisador.

Costa, Barros e Carvalho (2011) identificam tres abordagens sobre o empreendedo-

rismo mais recorrentes na literatura. A primeira deriva da teoria behaviorista ou compor-

tamentalista, e se preocupa em definir o perfil do empreendedor e compreender seu com-

portamento. A segunda abordagem tem raızes na teoria administrativa, concentrando-se

nas habilidades e competencias empreendedoras e sua relacao com o espaco organizacional.

A terceira surgiu da visao de economistas, que analisam a importancia do empreendedor

para o desenvolvimento economico atraves da inovacao.

Mas qual a melhor definicao para empreendedorismo? E impossıvel nao citar

Joseph Schumpeter, o economista austrıaco que cunhou o conceito mais difundido de

empreendedor, que ocupa fundamental papel na sua obra. Em seus escritos dos anos

1910 e 1920, ele destaca a importancia economica do empreendedor e sua definicao talvez

seja a que melhor descreva o espırito deste agente. Para ele, o empreendedor impulsiona

o desenvolvimento economico e social atraves da reforma da ordem economica existente

pela criacao de “novas combinacoes”. Esse conceito tambem assumiu papel privilegiado

em sua obra e o autor detalha o termo no seguinte trecho:

“Esse conceito cobre os seguintes cinco casos: (1) A introducao de umnovo bem [...] ou uma nova qualidade de um bem. (2) A introducao deum novo metodo de producao [...] [ou tambem] uma nova maneira demanusear um commodity comercialmente. (3) A abertura de um novomercado [...] (4) A obtencao de uma nova fonte de suprimento, materia-prima ou produto semimanufaturado [...]. (5) A implementacao de umanova gestao dentro de qualquer industria [...].”(SCHUMPETER, 1934,p. 66, traducao nossa).

Para ele, o empreendedor e o responsavel por desestabilizar o equilıbrio economico

atraves das inovacoes que introduz (destruicao criativa), dando inıcio a um novo ciclo

economico. O empreendedor e um exımio identificador de oportunidades, pois e um in-

divıduo curioso e inquieto. Sua busca pela mudanca e novidade e sua postura diante do

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incerto e que definem a “essencia do espırito empreendedor”(DRUCKER, 1991). Em-

preender, em sua natureza, envolve riscos, pois lida com o desconhecido e isso distan-

cia muitas pessoas dessa atividade. Mas, como aponta Drucker (1991), frequentemente

empreender apresenta riscos reduzidos, desde que sejam seguidas as metodologias e “re-

gras”elementares ja bem conhecidas da atividade.

2.1.2 Empreendedorismo visto como um processo

Todavia, uma definicao sobre o empreendedorismo que contempla somente as acoes

e o perfil do indivıduo empreendedor e inexata (VENKATARAMAN, 1997). O problema

com essa abordagem e que ela nao considera o surgimento das oportunidades lucrativas.

Para abranger todos os aspectos necessarios, Shane e Venkataraman (2000) propuseram

uma definicao que tem recebido crescente aceitacao. Em sua opiniao, o empreendedorismo,

como area de estudo, busca entender como surgem as oportunidades de negocio (novos

produtos ou servicos, novos mercados, novos processos de producao ou materias-primas),

o processo de descoberta, avaliacao e exploracao de tais oportunidades e o perfil dos

indivıduos que o exercem.

Fundamentado nessa definicao, Baron e Shane (2007) propoem uma estrutura con-

ceitual para a compreensao do empreendedorismo como processo. Essa visao sobre o em-

preendedorismo o compreende como uma serie de eventos que se desenvolvem ao longo do

tempo, organizados em fases distintas mas intimamente relacionadas. Claramente, essa

perspectiva do empreendedorismo foca na criacao de empresa e pode nao se encaixar bem

em outras formas de empreendedorismo, como o interno (desenvolvimento de ideias novas

dentro de uma empresa). Como o proprio projeto e uma criacao de empresa, este modelo

foi eleito o mais adequado. As principais fases sao as seguintes:

• Reconhecimento de uma oportunidade. A primeira fase do processo e o reconhe-

cimento por uma ou mais pessoas de uma oportunidade, uma potencial “nova

combinacao”(novo produto ou servico, novo mercado, novo processo de producao,

nova materia-prima, nova forma de organizar as tecnologias existentes, etc) que sur-

giu de uma modificacao do conhecimento, tecnologia ou das condicoes economicas,

polıticas, sociais e demograficas, como mostrado na Figura 2. Esses fatores em cons-

tante mudanca eventualmente se combinam e geram as oportunidades que, muitas

vezes tem o potencial de gerar valor economico.

• Decidir ir em frente e reunir os recursos iniciais. Apos a identificacao da oportuni-

dade, faz-se necessario tomar a decisao de investir na ideia. Essa e a fase que separa

os indivıduos empreendedores dos demais, pois e necessaria motivacao suficiente

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Figura 2 – Confluencia de fatores que geram as oportunidades.Fonte: Baron e Shane (2007, p.13)

para levar o projeto adiante, atividade que requere a reuniao de uma ampla gama

de recursos: “informacoes basicas (sobre mercados,questoes ambientais e jurıdicas),

recursos humanos (socios, primeiros funcionarios) e recursos financeiros. Obter es-

ses recursos e crucial para o sucesso do projeto, pois a menos que seja concluıda

com sucesso, as oportunidades e ideias nao se concretizarao. E nesse estagio que os

empreendedores normalmente elaboram um plano de negocios, especialmente para

buscar o aporte financeiro.

• Lancamento do novo empreendimento. Assim que os recursos necessarios forem

reunidos, o novo empreendimento podera ser lancado. Nessa fase estao envolvidas

uma serie de acoes e decisoes: desenvolver o produto ou servico, o formato jurıdico,

o modelo de gestao, etc. Deve-se atentar a essa parte pois sua complexidade pode

surpreender empreendedores inexperientes e sobrecarrega-los com problemas que

podem ser evitados.

• Construir o sucesso. Seguindo o inicio das atividades da nova empresa, as funcoes do

empreendedor comecam a se misturar com a do administrador: e hora de transfor-

mar a empreendimento em uma empresa lucrativa e em crescimento. As habilidades

gerenciais entram em jogo, e mais do que nunca os recursos humanos sao importan-

tes no processo empreendedor. E crucial captar funcionarios capacitados e mante-los

motivados. Conceber uma forte estrategia de negocios e outro ponto fundamental

nessa fase.

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• Colher as recompensas. A fase final. Neste ponto, os fundadores definem a estrategia

de saıda que os recompense pelo tempo, esforco e talento despendidos na criacao e

administracao da empresa.

Baron e Shane (2007) observam que essas fases na realidade podem nao ser tao

bem definidas, podendo se sobrepor, afinal o processo como um todo e complexo demais

para que possa precisamente discernido em partes. Enxergar o empreendedorismo dessa

maneira, contudo, oferece vantagens. Primeiro, faz uma representacao mais fiel dos cons-

tantes desafios e o cenario dinamico com que se lida na criacao de um negocio, evitando

a visao do ato de empreender como algo estatico. Segundo, a separacao do processo em

fases atenta o empreendedor para as principais atividades que devem executar na medida

em que o projeto se desenvolve.

2.2 Plano de Negocio

Como foi mostrado, o passo seguinte a identificacao de uma oportunidade deve ser

a decisao de investir seu tempo e esforco para tentar tornar o projeto realidade. Uma

ferramenta muito poderosa nessa hora, que auxilia muito o empreendedor e pode fazer a

diferenca no sucesso da empreitada, e o plano de negocio.

Este documento deve descrever por escrito:

“os objetivos de um negocio e quais passos devem ser dados para queesses objetivos sejam alcancados, diminuindo os riscos e as incertezas.Um plano de negocio permite identificar e restringir seus erros no papel,ao inves de comete-los no mercado”(SEBRAE, 2013).

A construcao do documento envolve uma busca detalhada sobre o mercado, os

produtos ou servicos que ira oferecer, seus clientes, fornecedores, concorrentes e, princi-

palmente, sobre os pontos fortes e fracos de seu negocio. E ao final, deve-se saber se o

negocio e viavel e, portanto, se vale a pena abrir este negocio.

A preparacao deste documento exige um trabalho arduo. Sao necessarias mui-

tas horas de pesquisa e pensamento e, depois, ainda mais horas para converter essas

informacoes para o formato escrito. Um plano de negocios e:

“um guia detalhado para a conversao de suas ideias e de sua visao emum negocio real e em funcionamento. [...] De forma mais especıfica, umplano de negocio bem preparado explicara o que o novo empreendimentoesta tentando realizar e como alcancara as metas propostas”. (BARON;SHANE, 2007)

Esse e o tipo de informacoes que procuram os investidores de um novo empreen-

dimento. “Quanto mais claros forem os vınculos entre as metas almejadas e os meios

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para alcanca-las, mais impressionante (e persuasivo) sera o plano de negocio”(BARON;

SHANE, 2007). Mas, esse nao e seu unico papel. Ele tambem fornece ao proprio empre-

endedor uma melhor compreensao de seu negocio, como proceder e o que buscar durante

o percurso.

Deve-se observar que o plano de negocio e um documento que pode mudar, e o

faz frequentemente, conforme o desenvolvimento do negocio. Nao se pode prever perfei-

tamente a progressao do projeto, por isso deve ser evitada a “paralisia de analise”em que

sao gastos tempo e recursos excessivos na elaboracao de um documento longo e desne-

cessario. Em vez disso, uma abordagem mais pratica para empreendimentos menores e a

elaboracao de um plano menor e menos detalhado. Esse modelo e mais simples, baseado

em informacoes ja obtidas, sem suposicoes e fornece orientacoes suficientes para comecar

o negocio. Conforme obtem-se informacoes reais do funcionamento, as usa para refinar

e alterar o plano original. Esse processo torna-se contınuo, tornando o plano de negocio

um “documento vivo”, em constante mudanca e adaptacao, como mostrado na Figura 3.

Figura 3 – Modelo de Planejamento de Negocios.Fonte: Baron e Shane (2007, p.187)

Pesquisas indicam que empreendedores que elaboram planos de negocio primorosos

tem mais chance de sucesso do que os que nao o fazem (BARON; SHANE, 2007). Uma

pesquisa sueca concluiu que sua preparacao reduz significativamente a chance de falencia

de um empreendimento, alem de aumentar o numero de novos negocios e desenvolvimento

de novos produtos (DELMAR; SHANE, 2003). Segundo o SEBRAE-SP (2014), 55% das

empresas brasileiras nao elaboram um plano de negocios, evidenciando uma das principais

causas de mortalidade de empresas no paıs: a falta de planejamento previo.

2.2.1 Componentes de um plano de negocio

Existem diversos modelos de plano de negocio na literatura, mas cada empreendi-

mento e seu empreendedor possuem suas particularidades, tornando impossıvel definir um

modelo universal que possa ser aplicado a qualquer negocio. Entretanto, Baron e Shane

(2007) apontam algumas perguntas-chave que todos precisam fazer antes de investir em

um novo empreendimento:

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• O que e a ideia basica para o novo produto ou servico?

• Por que e para quem esse novo produto/servico e util ou atraente?

• Como sera executada a ideia do novo empreendimento, como sera produzido o

produto, como sera sua comercializacao para lidar com os concorrentes existentes e

potenciais?

• Quem sao os empreendedores, eles tem os conhecimentos, experiencia e competencias

exigidas para o desenvolvimento e funcionamento desse empreendimento?

• Quanto capital e preciso dispor, caso seja necessario o levantamento de fundos, qual

o tipo de financiamento necessario, como sera utilizado, e como (e quando) havera

o retorno sobre o investimento?

Essas perguntas sao basicas mas importantes para decidir investir em qualquer

empresa. Um bom plano de negocio aborda todas essas questoes e muitas outras. Tambem

e essencial que ele siga tres princıpios basicos: ser organizado, sucinto e persuasivo. Dentre

as centenas de planos de negocio que capitalistas de risco, por exemplo, analisam todos

os anos, um documento que nao respeite esses tres simples requisitos certamente sera

descartado. Isso significa que o documento deve apresentar uma capa atraente e completa

e uma apresentacao seria e bem organizada; nao deve ser longo, afinal as pessoas que o

devem ler sao ocupadas; deve conquistar a atencao do leitor logo de inıcio, funcao atribuıda

basicamente ao resumo executivo do plano de negocio. Um plano de negocio que segue

esse molde tem grandes chances de conquistar seu leitor e convence-lo do potencial de seu

negocio.

Como dito anteriormente, ha inumeros modelos de plano de negocio na literatura,

como o de Dornelas (2001), de Baron e Shane (2007) e do SEBRAE (2013). Para este

trabalho foi adotado o arquetipo baseado em Dornelas (2001) e Baron e Shane (2007),

tomando os pontos fortes de cada um deles para compor um modelo adequado a este

projeto.

2.2.1.1 O Resumo Executivo

Essa e a primeira secao de qualquer plano de negocios e, muitas vezes, a mais

importante. O objetivo dessa parte do documento e chamar a atencao da outra pessoa,

interessando-a o suficiente para que queira conhecer mais sobre o negocio. E essencial que

seja breve e va “direto ao ponto”(no maximo duas ou tres paginas) e deve fornecer uma

visao geral do empreendimento de forma concisa, clara e persuasiva.

Deve-se ter em mente que esta secao, principalmente, deve ser dirigida ao seu

publico-alvo, ou seja, deve ser escrito com enfase nos assuntos que mais interessam seu

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leitor. Se, por exemplo, o objetivo de um plano de negocio e a obtencao de capital de um

banco ou de investidores, a enfase deve ser nas questoes financeiras do empreendimento,

no retorno de investimento.

Embora apareca no inıcio do plano de negocios, o Resumo Executivo deve ser a

ultima parte a ser escrita, pois e uma sıntese bem elaborada do que o segue no restante do

documento. Deve fornecer respostas breves e claras para as perguntas basicas relacionadas

anteriormente: O que? Por que? Como? Quem? Quanto? Quando?

2.2.1.2 Descricao da Empresa

Essa secao apresenta uma breve descricao da sua empresa, seu historico e condicao

atual. Procura mostrar o porque da sua criacao, quem sao os proprietarios, seu proposito,

a natureza de seus produtos ou servicos, como ela se desenvolveu, qual seu modelo de

negocio e seus diferenciais. E interessante expor seu enquadramento na legislacao quanto

ao porte da empresa, sociedades, impostos, etc. Tambem deve abranger as metas da

empresa: o que espera atingir nos proximos tres a cinco anos?

Equipe Gerencial

O aspecto mais importante da descricao do negocio e mostrar que a empresa possui

pessoas qualificadas e competentes nos nıveis de comando. A equipe de gestao e o principal

foco dos investidores ao ler um plano de negocio, e so depois avaliam a oportunidade de

mercado, a ideia em si. Portanto, muitas vezes a equipe gerencial e a parte mais crucial

de um empreendimento, sendo determinante para receber investimentos e para o sucesso

da empresa. Alguns tipos de empreendimento, como web sites, requerem um foco ainda

maior nas pessoas responsaveis pelo rumo da empresa, e exigem uma secao separada para

apresenta-los.

As pequenas empresas, normalmente, comecam com o dono desempenhando a mai-

oria das funcoes, desde gerenciais a operacionais, durante o tempo que for necessario, sem

feriados, finais de semana ou ferias. Entretanto, conforme a empresa cresce a estrutura

da empresa precisa ser ampliada, com a contratacao de mais funcionarios e remaneja-

mentos/promocoes dos ja existentes. Assim, deve existir um plano organizacional de-

terminando a polıtica de contratacao e descricao de cargos, um organograma funcional

apresentando a estrutura das principais areas de negocio dentro da empresa e as pessoas

que ocupam cargos-chave, suas responsabilidades e atribuicoes. Tambem e interessante

mostrar como essa estrutura evoluira nos proximos anos e as mudancas que pretendem

ser feitas.

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2.2.1.3 Analise de Mercado

E considerada por muitos a parte mais importante de um plano de negocios e, com

certeza, e a mais trabalhosa de ser elaborada, pois exige muita pesquisa. Esta secao apre-

senta um exame cuidadoso dos mercados em potencial para seu produto ou servico com

evidencias que indicam que haverao clientes com desejo de compra-lo quando estiver dis-

ponıvel. Os resultados obtidos nessa secao sao essenciais para tracar toda a estrategia de

negocio com que uma empresa abordara seu mercado consumidor, sempre buscando se di-

ferenciar da concorrencia, agregar mais valor aos seus produtos, com intuito de conquistar

clientes continuamente. Somente com um conhecimento profundo sobre o mercado onde

se atua uma empresa consegue tracar uma estrategia de marketing vencedora, abordada

em sua propria secao.

A analise da concorrencia e vital em qualquer negocio. Deve-se notar que a con-

correncia de um negocio nao se limita aos competidores diretos, aqueles com produtos ou

servicos similares a sua empresa. Ha tambem os competidores indiretos, os que oferecem

produtos/servicos que podem desviar consumidores de seu segmento de mercado, e iden-

tifica-los e tracar para estrategia adequada pode exigir bastante pesquisa e pensamento.

Deve-se tambem estar atento as tendencias do setor, as tendencias de consumo, aos novos

ingressantes (novos competidores), a produtos substitutos e fornecedores.

Portanto, deve-se compreender o nicho de mercado que seu empreendimento ocupa.

Uma boa maneira de representar a analise de mercado e atraves de graficos e tabelas que

permitem uma comparacao visual e auxilia na identificacao das tendencias de mercado.

2.2.1.4 Produtos e Servicos

Essa secao se dedica a expor os produtos e servicos que sua empresa tem a ofe-

recer. Deve explicar suas qualidades, por que sao exclusivos e valiosos, suas vantagens

em comparacao a concorrencia, como serao fornecidos/produzidos, etc. Tambem inclui os

fornecedores e as razoes de sua escolha. Ou seja, uma exibicao das caracterısticas unicas

de seu negocio e o que ele tem de especial para oferecer a seus clientes.

No caso de ser um fabricante, deve haver uma descricao detalhada do processo de

fabricacao do produto desde o recebimento da materia-prima ate o produto acabado. De-

vem ser apresentadas as materias-primas, detalhando as caracterısticas do material e da

distribuicao (lotes, escassez em determinados perıodos), custos, fornecedores e alternativas

de material e de fornecedores caso haja alguma escassez ou impedimento. Os equipamen-

tos/maquinarios utilizados em todo processo tambem devem ser descritos, incluindo os

custos de manutencao, numero de operarios para sua operacao e qual o rendimento (e

desperdıcio) do equipamento.

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No caso de uma empresa que nao seja fabricante de um produto, e sim um varejista

ou atacadista, deve-se descrever a linha de produtos vendidos e seus fornecedores (e seus

precos, qualidade, proximidade, prazo de entrega, etc). O controle de estoque tambem

deve ser explicado, evidenciando como e definido o momento de um novo pedido de

compra, o estoque otimo,o mınimo e o maximo em que a loja deve operar e o sistema de

reposicao de estoque.

2.2.1.5 Estrategia de Marketing

Na economia moderna o marketing e o metodo essencial que a empresa deve utilizar

para atingir seus objetivos. Utilizando os conceitos de composto de marketing (marketing

mix ), a empresa pode tracar estrategias refinadas para atingir de maneira eficiente seu

publico-alvo e conseguir uma vantagem sobre os concorrentes. A analise de mercado feita

anteriormente e fundamental em todos os pontos desta estrategia, pois o conhecimento

sobre seu cliente e seus concorrentes e o que vai ditar todas a filosofia de vendas de

seu produto. O conceito de marketing mix e geralmente associado aos 4Ps (quatro pes)

propostos por (MCCARTHY, 1960): produto, preco, praca (canais de distribuicao) e

promocao (propaganda). Todas as decisoes tomadas quanto ao posicionamento do produto

no mercado, definido pela estrategia de marketing, afeta diretamente a projecao de vendas

da empresa. Aqui apresenta-se uma breve descricao de cada uma das esferas de uma

estrategia de marketing :

Produto

A definicao do posicionamento do produto no mercado deve atender as expec-

tativas e necessidades do cliente-alvo escolhido, no segmento de mercado definido. A

diferenciacao do produto e primordial na tentativa de estabelecer uma imagem atraente

junto a seus consumidores. Isso pode ser feito atraves da criacao de variacoes em suas

linhas de produtos, opcionais e acessorios, tentando atingir publicos especıficos com cada

alternativa.

Preco

E atraves da polıtica de precos que uma empresa pode criar demanda pelo produto,

segmentar o mercado, definir seu lucro, mudar a penetracao do produto, entre outras

variaveis e, por isso, talvez seja a maneira mais tangıvel de se agir no mercado. O preco

e definido pela disposicao a pagar dos consumidores, e nao pelo valor que a empresa

julga correto. Conhecer seu publico-alvo e crucial no estabelecimento da estrategia de

precos, pois o preco interfere diretamente na imagem do produto no mercado e quem ira

consumi-lo .

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Praca

A praca – place ou lugar nos originais Ps de McCarthy – designa os canais dis-

tribuicao ou pontos de venda diversos que um negocio pode adotar para levar seu pro-

duto/servico ate o consumidor. Os dois extremos na distribuicao sao a venda direta,

onde o consumidor compra diretamente de um vendedor da empresa (cara-a-cara), e a

venda indireta, que utiliza intermediadores como atacadistas ou varejistas para vender os

produtos. Entre os dois ha metodos intermediarios, como telemarketing, mala direta e a

internet, essencial nos dias de hoje como ponto de venda. Novamente, o local de venda

promove diretamente a segmentacao do mercado consumidor. Por exemplo, a venda do

produto/servico em um local frequentado majoritariamente por pessoas com uma faixa

de renda alta afetara muito pouco pessoas com renda baixa.

Promocao

A propaganda tem como objetivo “fazer com que uma mensagem atinja uma

audiencia selecionada, com o proposito de informar, persuadir, lembrar ou reforcar o

conceito do produto junto aos consumidores”(DORNELAS, 2001). Uma propaganda in-

formativa busca criar conscientizacao e conhecimento da marca atraves de novos produtos.

A propaganda persuasiva tem a intencao de criar simpatia, preferencia e desejo pela com-

pra de um produto. Ja a propaganda de lembranca pretende estimular um comportamento

repetitivo da compra de um produto ou servico. E por fim, a propaganda de reforco tem

como objetivo convencer atuais compradores de que fizeram a escolha certa.

A escolha do veıculo de comunicacao depende do publico que se deseja atingir. E

mesmo dentro de cada veıculo pode-se segmentar ainda mais o publico-alvo selecionando

horarios especıficos, dias da semana, epocas do ano e ate mesmo o conteudo da publici-

dade. Sao inumeros os veıculos de comunicacao que se pode utilizar. Entre eles, pode-se

citar alguns notaveis como a televisao, outdoors, internet (marketing digital), panfletos,

patrocınios a eventos, entre tantos outros. Geralmente propagandas custam caro, por

isso a escolha do veıculo, quantidade e periodicidade devem ser criteriosos para se obter

o melhor retorno do capital investido.

As promocoes ajudam a estimular a venda dos produtos e sao muito utilizadas em

lancamentos de novos produtos. Os incentivos sao vantagens adicionais ao cliente, como

reducao de preco, brindes, produtos extras, etc. Podem ser utilizados tambem para se

desfazer de estoques estagnados, desfazer-se de modelos antigos no mercado, estimular a

repeticao de compra, barrar o crescimento dos competidores ou aumentar o volume de

vendas no curto prazo.

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2.2.1.6 Plano Financeiro

Todas as secoes de um plano de negocio sao importantes, mas o que lida com as

questoes financeiras merece atencao especial. Para muitos empreendedores essa e a parte

mais difıcil do documento, pois deve traduzir em numeros tudo que fora escrito ate entao.

A tarefa de contabilizar todos os investimentos, despesas, custos de operacao, projecoes

de venda, analises de rentabilidade e todas outras operacoes que envolvem dinheiro e

trabalhosa, mas com alguma pratica e total compreensao dos objetivos do negocio pode

ser feita de maneira simples. Muitas vezes e aconselhavel que o empreendedor recorra a

uma assessoria contabil e financeira para auxilia-lo nesta etapa.

Segundo Dornelas (2001), os principais demonstrativos a serem apresentados sao:

Balanco Patrimonial, Demonstrativo de Resultados e Demonstrativo de Fluxo de Caixa,

com uma projecao mınima de tres anos. Baron e Shane (2007) recomenda que tais in-

formacoes devem ser projetadas de modo semi-anual nos tres primeiros anos de atividade

da empresa. O autor ainda afirma que:

“[...] esses balancos permitem que os investidores determinem se osındices de endividamento, o capital de giro, a rotacao do estoque e outrosındices financeiros estao dentro dos limites aceitaveis e justificam osfundos iniciais e futuros da empresa”.

Outro componente importante na secao financeira, e a analise do ponto de equilıbrio,

uma tabela que mostra o nıvel de vendas necessario para cobrir todos os custos. Essa

analise pode ser muito importante para expor a realidade para os empreendedores, que

tendem a ser otimistas quanto a rapidez com que seus negocios se tornarao rentaveis, e

para os investidores, sempre muito atentos a estes dados.

Fundamentalmente, esta secao deve fornecer aos investidores um panorama claro

de como serao utilizados os recursos que ja tem, os que serao gerados pela operacao da

empresa e os fornecidos por investidores para alcancar as metas financeiras da empresa

(BARON; SHANE, 2007). Hoje, com o Brasil passando por ciclos de recessao da econo-

mia, o sucesso de um empreendimento depende muito da capacidade de administracao

financeira em um negocio (DORNELAS, 2001). Em meio a esse cenario de incertezas, o

acompanhamento sistematico das financas de uma atividade e o que permite a tomada

de decisoes adequadas (DORNELAS et al., 1999 apud DORNELAS, 2001).

2.2.1.7 Riscos Crıticos

Empreendedores sao habitualmente entusiasmados sobre seus negocios, e seu oti-

mismo pode atrapalha-los na hora de pensar em longo prazo e no que pode dar errado

no percurso. Por essa razao, um plano de negocios eficaz deve conter uma secao dedicada

as coisas que podem dar errado – riscos crıticos que podem impedir o empreendimento

de alcancar seus principais objetivos (BARON; SHANE, 2007). Pensar nesses riscos com

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antecedencia e tracar estrategias para contorna-los pode evitar muitos imprevistos que,

caso contrario, poderiam causar danos graves. Estes sao alguns dos riscos que um empre-

endimento pode enfrentar segundo Baron e Shane (2007):

• Tendencias imprevistas no setor que tornam o produto/servico do novo empreendi-

mento menos desejavel ou menos comercializavel.

• Projecoes de vendas nao alcancadas por uma variedade de razoes, reduzindo o caixa

disponıvel.

• Custos que excedem o estimado, seja de projeto, producao ou distribuicao.

• Problemas administrativos originados da falta de experiencia da equipe.

• Atrasos no fornecimento de materia-prima.

• Desdobramento de situacao polıtica, economica, social ou tecnologica imprevista,

• Dificuldades na obtencao de financiamento adicional necessario.

Esses sao apenas alguns dos problemas que podem ser enfrentados no dia-a-dia

de um novo empreendimento. Identifica-los e o primeiro passo para poder-se delinear

solucoes efetivas, adicionando mais um grau de versatilidade ao seu negocio.

2.2.1.8 Programacao das Etapas e Marcos

Para finalizar o corpo do plano de negocio e interessante a apresentacao de um cro-

nograma, uma identificacao de quando as principais atividades serao realizadas e quando

os milestones, marcos-chave, serao atingidos. Essa etapa tem grande utilidade do ponto

de vista do empreendedor, pois serve como outra verificacao de realidade, evitando a cha-

mada falacia do planejamento, a tendencia de superestimar a capacidade de trabalho que

pode ser feito em determinado perıodo de tempo. Do ponto de vista do investidor, esse

planejamento das datas-alvo “indica que os empreendedores estao realmente prestando

atencao as operacoes de sua empresa e desenvolveram planos claros para seu progresso

futuro”(BARON; SHANE, 2007).

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3 O Plano de Negocios da Cervejaria

Empırica

3.1 Resumo Executivo

A Cervejaria Empırica sera uma cervejaria artesanal com sede na cidade de Sao

Carlos. Idealizada a partir da paixao as cervejas artesanais do empreendedor, a Empırica

buscara atraves de um produto de alta qualidade, forte conhecimento de mercado e efici-

entes estrategias de marketing, gerar um produto altamente cobicado pelo consumidor.

A Empırica seguira o modelo de cervejaria cigana, ou seja, nao tera fabrica propria.

“Alugando”o espaco ocioso de cervejarias parceiras, uma cervejaria cigana pode se inserir

no mercado sem precisar do capital excessivo que a infra-estrutura de uma fabrica necessita

para sua implantacao. Dessa forma, com uma fracao do investimento, uma cervejaria

cigana pode adentrar o mercado e testar seu produto e marca antes de se comprometer a

um investimento mais massivo.

Essa reducao do capital inicial, no entanto, vem acompanhada de um custo de

producao maior, reduzindo a margem de lucro da empresa. Por este motivo, e essencial que

estrategias de marketing eficazes sejam exploradas a fim de aumentar o Brand Awereness,

ou Consciencia de Marca, e beneficiar-se das vantagens competitivas que este traz.

Para atingir este objetivo, elegeu-se o Marketing Digital como estrategia principal

na publicidade da Empırica. O primeiro motivo para isso e o fato de que as mıdias digitais

nao apresentam restricao de valores de investimento. Dessa forma, uma pequena empresa

como a Empırica pode comecar com investimentos pequenos e ir escalando esses valores

conforme observa-se resultados. O segundo motivo e o fato de o empreendedor ja possuir

experiencia nessa area, possibilitando-o tracar estrategias eficientes e eficazes para trazer

os melhores resultados com o investimento da Empırica nas mıdias digitais.

No entanto, um bom marketing nao se resume somente a estrategia de publicidade.

E importante que a Empırica conheca bem seu publico-alvo para que possa atingi-lo de

forma efetiva. As cervejarias artesanais tem um publico majoritariamente masculino,

de idade media na faixa de 25 e 31 anos, fortemente engajados em mıdias digitais e

com alta taxa de escolaridade. Pretendendo impactar de maneira mais assertiva essas

pessoas, a Empırica deve adotar uma identidade de marca bem definida, desenvolvendo

designs modernos e diferenciados que chamem a atencao dos consumidores nas prateleiras,

pretendendo alcancar resultados como os da Cervejaria Dogma e seus belos rotulos.

Buscando atender satisfatoriamente a demanda do mercado, a Empırica comecara

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suas operacoes com dois rotulos perenes e um rotulo sazonal. A American IPA, cerveja

de perfil amargo e aromas intensos de lupulos, pretende atender a grande demanda dos

consumidores mais maduros por este tipo de cerveja, enquanto a American Wheat fara

o papel de cerveja “introdutoria”ao consumidor iniciante no mundo das artesanais. Ape-

sar de apresentar cargas de lupulo e amargor mais intenso do que as cervejas de trigo

tradicionais alemas, a American Wheat sera uma cerveja leve e facil de beber. O ultimo

rotulo sera uma Oatmeal Stout, uma cerveja escura de estilo ingles que leva aveia em

sua composicao, tornando-a mais suave ao paladar e com grande estabilidade de espuma.

Essa cerveja sera produzida durante o inverno, quando ha maior demanda por este estilo,

mas pode tornar-se um rotulo perene caso haja demanda.

Participando de perto em cada uma dessas etapas estara o proprietario, Rafael

Oishi, Engenheiro Eletricista Graduado pela Universidade de Sao Paulo. Como na maioria

das pequenas empresas, durante o inıcio das operacoes da Empırica o proprietario exercera

multiplas funcoes, entre atividades operacionais, administrativas e estrategicas. Para

que todas essas funcoes sejam exercidas com competencia, o empreendedor conta com

backgrounds que o proveram das habilidades e conhecimentos necessarios.

Sua experiencia com cervejas artesanais comecou em 2014, quando montou seu

equipamento caseiro e fez sua primeira receita. Desde entao, aprimorou muito seus co-

nhecimentos e conseguiu atingir um otimo nıvel de qualidade em sua producao caseira.

Como prioridade tem-se a realizacao dos cursos de Sommelier de Cervejas e Mestre em

Estilos, previamente a abertura da empresa, para garantir ainda mais qualidade para aos

produtos.

Sua experiencia em marketing digital, como apresentado anteriormente, o permi-

tira colocar a Empırica em posicao vantajosa em relacao aos concorrentes. Hoje, nao

ha nenhuma campanha expressiva de microcervejarias nas mıdias digitais, revelando um

espaco ainda nao explorado para impulsionar o crescimento de um negocio nesse ramo.

Para garantir o bom funcionamento da empresa, o empreendedor traz consigo a

bagagem adquirida nos anos de trabalho na empresa familiar. Essa experiencia o permitiu

desenvolver conhecimentos administrativos que o auxiliarao a gerenciar todas as atividades

da empresa. Alem disso, sua experiencia na agencia de marketing tambem o ajudou

a desenvolver esse aspecto, principalmente o contato e relacionamento com clientes e

fornecedores.

O capital inicial necessario para a abertura da empresa e de R$ 112.000, segundo

a estimativa deste plano. Essa quantia inclui cursos profissionalizantes, todas os custos

da abertura de uma empresa, desenvolvimento de um website, designer grafico e o capital

de giro necessario para operar a empresa.

A projecao de vendas da empresa estima que as vendas se iniciem com um volume

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de 400 L mensais. Impulsionado pelo marketing, projeta-se um crescimento de quase 12%

ao mes, em media, para o primeiro ano de funcionamento da empırica. Dados os custos

da empresa, o break even e estimado em um volume de vendas de R$ 18.543 mensais, o

que corresponde a 480 L da American IPA, valor alcancado no segundo mes da empresa.

O Payback, no entanto, e alcancado somente no 26o mes de operacao.

A Cervejaria Empırica sera, portanto, uma cervejaria artesanal com forte iden-

tidade, que buscara atraves de qualidade impecavel e design moderno conquistar seu

publico-alvo. Ao explorar o marketing digital, area praticamente inexplorada pelo ramo,

a Empırica se colocara a frente de seus competidores e almeja alcancar uma posicao de

referencia no mercado.

3.2 Descricao da Empresa

Esse plano de negocios se refere a cervejaria que tera como Razao Social Cervejaria

Empırica Comercio e Industria de Bebidas Ltda. O nome foi escolhido pois em sua

essencia, o metodo de producao de cervejas artesanais ainda e extremamente empırico,

explorando e obtendo conhecimento atraves da experiencia sensorial e da pratica (SOBER,

2008), como ja acreditava a corrente filosofica. O formato legal da empresa sera a de

Sociedade Unipessoal por Quotas e sera registrada na cidade de Sao Carlos, Sao Paulo.

A grande motivacao para o empreendimento nesse ramo e o amadurecimento e cres-

cimento do mercado em ambito nacional, que aliados ao grande interesse de seu fundador

pelo assunto, tornaram a escolha clara. A Empırica atuara no ramo das cervejas especiais,

seguindo em sua primeira fase o modelo Cigano, que exploraremos mais a fundo nesse

planejamento. A cervejaria pretende entregar a esse publico cada vez mais exigente um

produto de qualidade e uma identidade de marca e design que atraiam seu publico-alvo.

3.3 Equipe Gerencial

O unico socio e fundador, o redator deste plano de negocio, tem experiencia de tres

anos em producao de cerveja caseira, que o levaram a atingir um bom nıvel de qualidade

na producao. Seu conhecimento foi adquirido principalmente atraves da internet, onde

pode-se achar muito material e muito auxılio no inıcio da jornada de aprendizado. A

maior parte do material e encontrada em ingles, visto que a cultura da cerveja caseira nos

Estados Unidos e a mais forte no mundo, atualmente. Essa e uma barreira que impede

o acesso de muitos brasileiros a todo esse conteudo riquıssimo, o que coloca a Empırica a

frente de muitos concorrentes, sobretudo sobre estilos menos tradicionais.

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No entanto, ainda e necessario profissionalizar-se a nıvel de processo de producao e,

especialmente, a nıvel sensorial antes de se inserir no mercado da cerveja. Portanto, como

prioridade tem-se a realizacao de um Curso de Sommelier em instituicoes renomadas como

o Instituto de Cerveja da Cerveja em Sao Paulo ou o Instituto Doemens da Alemanha,

que tambem ministra cursos no Brasil.

Em seu currıculo o fundador tem tambem a graduacao em Engenharia Eletrica pela

Universidade de Sao Paulo. Embora o ramo das cervejas nao esteja diretamente relacio-

nado a sua graduacao, o empreendedorismo tem se tornado uma escolha cada vez mais

comum entre os engenheiros. Embora ainda haja deficiencia das escolas no suprimento

de disciplinas relacionadas ao empreendedorismo, principalmente se comparado a escolas

americanas, a visao analıtica, a afinidade com numeros e a capacidade de inovacao de um

engenheiro sao caracterısticas que os auxiliam a tornar-se empreendedores de sucesso.

Alem disso, os conhecimentos adquiridos durante essa graduacao o possibilitarao

planejar a infra-estrutura eletrica da futura fabrica, automatizar processos, aumentar a

eficiencia energetica da planta e prestar a manutencao em todo o maquinario. Isso tudo

permitira reduzir os custos do produto final.

Outra experiencia fundamental para esse empreendimento e seu estagio em uma

respeitada agencia de Marketing Digital de Performance. Isso sera essencial para o modelo

de negocio adotado, onde o Marketing Digital sera empregado como ferramenta principal

de divulgacao e seus conhecimentos o permitirao tracar uma estrategia eficaz para atingir

seu publico-alvo.

No inıcio, como na maioria dos pequenos negocios, o dono exercera multiplas

funcoes. Entre elas estarao:

• Atividades Operacionais: elaboracao de novas receitas, teste e avaliacao das receitas,

gerenciamento das plataformas de marketing digital, etc.

• Atividades Administrativas: contato com fornecedores, contato com as fabricas as-

sociadas, regulamentacao de rotulos, acompanhamento contabil, etc.

• Atividades Estrategicas: definicao da estrategia de marketing, elaboracao do plano

de distribuicao, posicionamento de marca, inscricao em competicoes e festivais, par-

cerias estrategicas, colaboracoes entre cervejarias, atualizacao do plano de negocio,

etc.

No entanto, essa sobreposicao de funcoes sobre o dono se tornara inviavel com o

crescimento da empresa e se sera necessaria a contratacao de funcionarios capacitados

para exercer as funcoes antes realizadas pelo dono.

Como prioridade terıamos a contratacao de um funcionario para ser responsavel

pelas funcoes administrativas. Como muitas dessas tarefas exigem uma carga horaria

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extensa, um funcionario habil e capaz de realizar essas funcoes com qualidade dia apos

dia sera essencial para que o dono possa focar mais nas questoes estrategicas e no produto

que a Empırica oferece.

3.4 Analise de Mercado

3.4.1 Um Panorama Global

O setor mundial de cerveja movimentou 485,2 bilhoes de dolares em 2014 (BABI,

2015), com um crescimento estimado de 6% ao ano ate 2020 segundo Bisht (2015) e 5,6%

ao ano ate 2022 por Babi (2015). Pelo 29o ano consecutivo o consumo global de cerveja

aumentou, alcancando o imenso valor de 189,06 milhoes de kilolitros, um crescimento

de 0,4% em relacao ao ano anterior (KIRIN BEER UNIVERSITY, 2015a). A Figura 4

mostra o consumo da bebida dividido pelas regioes do mundo.

Figura 4 – Market Share de Consumo de Cerveja por Regioes em 2014.Fonte: Kirin Beer University (2015a)

Esse cenario era bastante diferente em 2004. Nesse ano, a Europa ainda era o

maior mercado consumidor de cerveja, e a America do Norte ocupava a terceira colocacao.

Pouco mais de uma decada depois, com um crescimento de 18,4% nesse perıodo, a Asia

passou a Europa e e a maior consumidora, enquanto a America Central e do Sul passaram

a America do Norte, ocupando agora a terceira posicao (KIRIN BEER UNIVERSITY,

2015a). Desde 2004 a producao mundial de cerveja teve um incremento de 24,2% (37,26

milhoes de kilolitros). Esse aumento foi impulsionado principalmente pela China, que

sozinha foi responsavel por 46% dessa quantia, um crescimento de 61,9% de sua producao

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interna, e pelo Brasil, que teve uma expansao de 62,1% de sua producao (KIRIN BEER

UNIVERSITY, 2015b)

No entanto, mercados ja estabelecidos, com uma forte cultura cervejeira, tem en-

frentado dificuldades. Os Estados Unidos, segundo maior mercado do mundo, observa

uma estagnacao da producao desde 2007. Alemanha, Franca e Reino Unido sofreram

uma queda de aproximadamente 10% no mesmo perıodo. As razoes para essas mudancas

incluem variacoes demograficas, a emersao de categorias alternativas de bebidas como

vinho, cidra e bebidas saudaveis e medidas mais rigorosas na regulacao e taxacao (RU-

TISHAUSER; RICKERT; SaNGER, 2015). A Figura 5 mostra bem o enfraquecimento

do setor nos mercados mais desenvolvidos.

Mas a batalha nao se resume a volume de vendas. A competicao se intensificou

muito no segmento de cervejas premium. Esse segmento, ocupado por marcas premium de

grandes cervejarias e por pequenas cervejarias artesanais vem crescendo muito acima da

media do mercado geral. Entre 2008 e 2012 o mercado das cervejas premium observou um

aumento de 3,6% ao ano, enquanto o mercado geral somente 1,6% (CANADEAN LTD,

2013), e o crescimento esperado entre 2015 e 2020 e de 6,4% ao ano (BISHT, 2015).

Figura 5 – Volume per capita de cerveja consumidos comparado com a rendados paıses.Fonte: Mckinsey Global Growth Compass

Esse crescimento, estimulado por recentes mudancas nos padroes de consumo da

populacao, tem incentivado a inovacao dos produtos. E a frente dessas inovacoes estao as

micr-ocervejarias artesanais, emergindo por todo o mundo e atendendo os gostos locais,

experimentando novos ingredientes, provendo variedade de sabores e valorizando quali-

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dade acima de precos baixos. Nos Estados Unidos, uma referencia na cultura cervejeira

artesanal desde a decada de 1990, o crescimento tımido de 0,5% na producao total de

cerveja foi acompanhado por uma expansao de 18% pelas pequenas cervejarias, aboca-

nhando 11% do mercado de 100 bilhoes de dolares do paıs (RUTISHAUSER; RICKERT;

SaNGER, 2015). Bisht (2015) antecipa que o crescimento das micro-cervejarias sera 9,3%

ao ano entre 2015 e 2020 mundialmente, e Babi (2015) estima uma fatia de 20,5% do

mercado cervejeiro em 2022.

O outro lado da moeda, o das macrocervejarias, ainda e responsavel pela maior

parte da producao mundial de cerveja. Nos ultimos anos o mercado tem se concentrado

nas maos de poucas empresas, principalmente apos fusoes de grandes concorrentes, como

mostra a Figura 6. Apesar do crescimento das pequenas cervejarias, que atendem o

consumidor em uma escala mais local, as grandes corporacoes detentoras das maiores

marcas do mercado tem se consolidado, o que aumenta a concentracao do mercado e

diminui a competicao. A Tabela 1 mostra claramente a tendencia do mercado nos ultimos

anos, apresentando dados sobre a concentracao do mercado com os ındices CR5 e CR10.

Similarmente, o ındice de Herfindahl-Hirschman em 2003 (HHI = 276) quase triplicou em

10 anos e atingiu HHI = 725, que ainda indica uma industria nao concentrada, mas a

situacao pode mudar.

Figura 6 – Market Shares da industria cervejeira em 2003 e 2013.Fonte: Euromonitor (2013 apud BOESLER, 2013)

Seus esforcos para globalizar o consumo de suas marcas ja assustam os pequenos

produtores: alem do recente interesse dessas corporacoes em comprar micro-cervejarias

em destaque no cenario artesanal, em outubro de 2015 a SABMiller aceitou a proposta de

compra do grupo ABInbev por 99 bilhoes de euros. Essa compra colocara a nova empresa

em uma posicao confortavel em relacao a seus principais competidores: sua producao sera

tres vezes maior que a Heineken (2a colocada) e mais de quatro vezes maior que a Carlsberg

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Tabela 1 – Taxas de concentracao CR 5 e CR 10 no mercado global de cerveja (em vo-lume).

Ano CR 5 CR 10

2000 25,4% 37,3%2003 31,8% 43,2%2004 36,2% 48,0%2009 46,3% 59,3%2013 50,8% 64,9%

Fonte: Euromonitor International (2010)

(3a colocada). Segundo Andrew Holland (2015 apud BLENKINSOP; HOLTON, 2015), o

maior interesse nessa compra esta na expansao dos mercados da AB Inbev para a Africa,

onde a SABMiller tem forte atuacao, e na ampliacao da participacao na Asia.

3.4.2 O mercado Nacional

Desde 2009 o Brasil detem o terceiro lugar no consumo mundial de cerveja em vo-

lume (KIRIN BEER UNIVERSITY, 2016a). Hoje, essa industria tem uma producao anual

de aproximadamente 14 bilhoes de litros, perdendo apenas para China e Estados Unidos

(KIRIN BEER UNIVERSITY, 2016b). Segundo a Associacao Brasileira da Industria de

Cerveja (CERVBRASIL), associacao formada pelas quatro maiores fabricantes da bebida

no paıs, o setor tem representatividade de 14% na industria de transformacao nacional.

Sua relevancia na economia e grande, representando 1,6% do PIB do paıs, com um fatu-

ramento de 70 bilhoes de reais anualmente.

O consumo per capita do paıs ainda e baixo, principalmente se comparado com

alguns paıses com maior tradicao cervejeira, como pode ser visto na Figura 7. O paıs

ainda tem um consumo 52% menor que o primeiro colocado e detem a 26a colocacao

no ranking geral. Observando esses dados, podemos concluir que o setor ainda tem um

grande potencial de crescimento no Brasil.

Apesar de toda a forca dessa industria, o ano de 2015 observou um declınio no

consumo e na producao do paıs: aproximadamente 2% em relacao a 2014. Essa queda

acompanhou a retracao do PIB nacional e contribuiu para a tendencia mundial do se-

tor, que passou por sua primeira queda de producao ano-a-ano em tres decadas (KIRIN

BEER UNIVERSITY, 2016b). No entanto, na contramao dessa tendencia, as cervejarias

artesanais tem tracado um crescimento vigoroso: o numero de micro-cervejarias artesa-

nais cresceu no ritmo de 1 nova marca por semana, em media, uma evolucao de 17% em

relacao a 2014 (Instituto da Cerveja Brasil, 2016a). A Figura 8 mostra os numeros dessa

expansao na ultima decada.

Com uma media de crescimento anual de mais de 23% durante os ultimos 10 anos,

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Figura 7 – Consumo per capita de nacoes com maior tradicao cervejeira e doBrasil em 2015.Fonte: Kirin Beer University (2016)

esse mercado vem amadurecendo. No entanto, as cervejarias artesanais ainda representam

uma parcela ınfima de nosso mercado. Sua producao total corresponde a apenas 0,7% do

volume produzido, sendo que 96% da producao do paıs e desempenhada pelos 4 maiores

players (CERVBRASIL, 2017). Se comparada aos Estados Unidos, onde o mercado das

cervejas artesanais e bem estabelecido e a cultura cervejeira e fortıssima, a cena local ainda

engatinha. La, tivemos 5.234 produtores da bebida, entre brewpubs e micro-cervejarias

em 2016, e um market share de 12,3% (BREWERS ASSOCIATION, 2016). Ou seja,

ainda temos um grande potencial de ampliacao do mercado interno.

Outro dado interessante apresentado por Instituto da Cerveja Brasil (2016a) e a

distribuicao das cervejarias artesanais pelo Brasil. Reflexo da concentracao economica

presente no paıs, as regioes Sul e Sudeste aglomeram 91% das cervejarias, como mostra a

Figura 9.

3.4.3 O Consumidor

Visto o florescimento desse mercado ainda bastante promissor, e importante que

conhecamos tambem o consumidor desse produto. Segundo a pesquisa realizada por SE-

BRAE (2015a), o publico das cervejas especiais e majoritariamente masculino, jovem, com

alto grau de instrucao e altamente engajado nas mıdias digitais. Esses dados, apresen-

tados na Figura 10 reforcam os dados obtidos por Madeira (2015) que obteve conclusoes

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Figura 8 – Evolucao do numero de cervejarias artesanais no Brasil.Fonte: Instituto da Cerveja Brasil (2016b)

similares quanto ao genero, idade e escolaridade. Essas informacoes sao importantıssimas

para a definicao da estrategia de marketing.

Um dado interessante obtido por Madeira (2015) e que 52% dos entrevistados

diz ter conhecido as cervejas especiais atraves de um amigo. Isso mostra a forca da

propaganda boca a boca nesse mercado.

O consumidor desse tipo de cerveja tem costume de consumir a bebida em seus

lares (93,1%) ou em bares especializados (63,7%), principalmente. No ambito do consumo

residencial a compra das cervejas e feita principalmente em supermercados (89,9%) ou

em emporios especializados (54,3%) (MADEIRA, 2015). Em 2015, 69% dos consumidores

afirmaram pagar entre R$11 e R$20 pela bebida, sendo que 47% investe de R$100 a R$150

em cervejas especiais por mes (SEBRAE, 2015a).

Uma pergunta importante para o produtor da cerveja artesanal e: o que o consumi-

dor busca em uma cerveja desse tipo? Segundo Madeira (2015), os principais motivadores

para seu consumo sao a qualidade (35%), o sabor (26%) e a variedade (18%). Nas prate-

leiras, os principais fatores que determinam a escolha de um rotulo sao o estilo da cerveja

(75,9%), seguido pelo preco (34,2%) e indicacoes (33,6%), contrastando com as cervejas

tradicionais onde os consumidores sao bastante guiados por marcas.

Como apontado, os estilos de cerveja sao um fator determinante na escolha do con-

sumidor e, embora os numeros sejam escassos, podemos tracar um perfil de preferencias de

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Figura 9 – Distribuicao das cervejarias artesanais por estado no Brasil.Fonte: Instituto da Cerveja Brasil (2016b)

consumidores em diferentes etapas da cultura cervejeira a partir da experiencia propria e

dos entrevistados para esse trabalho. A seguir sao apresentados alguns estilos de estimada

preferencia, por ordem de popularidade, para consumidores iniciantes, intermediarios e

experientes no mundo das cervejas artesanais.

• Consumidor Iniciante: Pilsen, Weissbier, Pale Ale, Red Ale;

• Consumidor Intermediario: India Pale Ale (IPA), Bock, Dunkel, Porter, Stout,

Trapista, Saison;

• Consumidor Experiente: Sour, Lambics.

Os estilos vistos como porta de entrada para iniciantes na cultura cervejeira sao,

geralmente, estilos de sabor mais suave e que lembram a tradicional “pilsen”das gran-

des corporacoes. As aspas foram utilizadas pois, na verdade, as cervejas rotuladas “pil-

sen”aqui no Brasil seguem um estilo chamado Standard American Lager, caracterizado

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Figura 10 – Perfil do Consumidor de Cervejas Especiais.

Fonte: SEBRAE (2015a)

pela extensa utilizacao de adjuntos cervejeiros (ate 55%, no Brasil) e aromas e sabores

extremamente fracos. Uma Pilsen (Pilsner) que segue as caracterısticas originais da regiao

da Bohemia serve como boa cerveja introdutoria para iniciantes, pois apesar de apresentar

aromas e sabores mais intensos, ainda se adapta bem ao paladar comum do brasileiro.

Entre os consumidores ja familiarizados com a cultura cervejeira ha destaque para

o estilo “do momento”: as IPAs (India Pale Ales). Quase obrigatorias no lineup de

uma cervejaria, esse estilo e muito requisitado e tem uma grande legiao de apreciadores.

Sua popularidade e tao significativa que, desde 2012, ha um festival dedicado somente

a essas cervejas aqui no Brasil, o IPA Day Brasil. Sensorialmente, essas cervejas tem

como principal caracterıstica o forte aroma provindo do lupulo e alto amargor, tambem

em funcao das grandes quantidades de lupulo utilizadas nas receitas.

Os consumidores mais versados no assunto costumam buscar novas experiencias,

demandando, portanto, estilos menos difundidos e sabores inusitados. Dentro dessa cate-

goria ha destaque para as cervejas acidas (Sour), caracterizadas pelo sabor azedo provindo

da fermentacao que emprega micro-organismos diferentes das cervejas “comuns”. En-

quanto a fermentacao tradicional e feita pela Saccharomyces cerevisiae, Sour Ales podem

empregar Lactobacillus, Brettanomyces, Pediococcus, entre outros micro-organismos para

conferir a cerveja sabores distintos. Hoje em rapida ascensao nos Estados Unidos, esse

estilo tem muito potencial para o mercado brasileiro, especialmente as versoes que em-

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pregam apenas Lactobacillus, devido ao fato de ser muito refrescante e leve, combinando

bastante com o clima tropical do paıs.

3.5 Os Produtos

A Cervejaria Empırica atuara como uma cervejaria cigana, ou seja, sua producao

e envase sera feito em outra cervejaria parceira. No entanto, o processo de producao

deve ser entendido a fundo, afinal a entrega de um bom produto depende da elaboracao

e aperfeicoamento de uma boa receita.

3.5.1 Processo de Producao

Ha seculos a cerveja faz parte da cultura de varios povos ao redor do mundo.

Atualmente, temos algumas regioes onde a bebida tem maior influencia em sua cultura

e cada uma tem suas proprias peculiaridades, tanto no processo de producao quanto nos

ingredientes. A essas regioes foram denominadas “Escolas Cervejeiras”, termo criado para

designar o conjunto de costumes sobre a cerveja em cada uma dessas regioes. Sao elas:

Escola Alema, Inglesa, Belga e a mais recente, a Escola Estadunidense. Apesar de suas

diferencas essas escolas compartilham de alguns pontos em comum na grande maioria de

suas cervejas, em especial os ingredientes basicos: agua, malte e lupulo. Embora existam

centenas de variacoes para cada um desses tres ingredientes, em combinacao eles compoem

a maior parte de todas as cervejas.

Nos seculos passados, o processo de fabricacao poderia variar muito de regiao para

regiao. No entanto, ele ja foi muito aperfeicoado e, hoje, temos um padrao adotado pela

maioria dos cervejeiros profissionais. Esse processo pode ser resumido em 5 etapas , como

aponta Palmer (2017):

1. O malte e posto de molho em agua quente para liberar seus acucares.

2. A solucao com os acucares do malte e fervida junto aos lupulos para adquirir seu

aroma e sabor.

3. A solucao e resfriada e a levedura e adicionada para iniciar a fermentacao.

4. A levedura fermenta os acucares, liberando gas carbonico e alcool etılico.

5. Quando a fermentacao esta completa e feito o envase da cerveja.

Essa sıntese do processo pode parecer simples, mas uma quantidade incrıvel de

detalhes permeia todas essas etapas e sao eles que fazem de sua cerveja um produto

diferenciado. Na Empırica, sendo uma cerveja cigana, todo esse processo sera executada

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pela fabrica parceira que sera minuciosamente escolhida e monitorada para garantir a

qualidade da bebida final.

3.5.2 Materias-primas

A Lei da Pureza Alema foi uma lei criada no seculo XVI na Baviera para a re-

gulamentacao da cerveja em todos seus aspectos. Originalmente, essa lei atestava que

os unicos ingredientes permitidos na fabricacao de cerveja eram agua, cevada e lupulo.

Embora ainda seja seguida por inumeras cervejarias, principalmente alemas, atualmente

temos um espectro muito maior de ingredientes a serem utilizados em uma cerveja.

3.5.2.1 Maltes e adjuntos

Os maltes sao a fonte da maior parte de acucares fermentaveis das cervejas. Sao

obtidos atraves do processo chamado de maltagem, onde os cereais sao induzidos a germi-

nar para que produzam as enzimas responsaveis em quebrar as longas cadeias de amido

presentes em seu interior. Depois de germinarem, esses graos passam por uma secagem

e, dependendo das temperaturas e tecnicas empregadas, podem adquirir diferentes carac-

terısticas e originando diferentes maltes. Existem dezenas de tipos de maltes, mas entre

os mais comuns temos o malte pilsen, pale, munich, caramelo, biscuit, chocolate, etc. Os

maltes chamados de base constituem a maior parcela dos maltes em todas as receitas e

sao os maltes mais claros e suaves como o pilsen, pale e munich. Os maltes especiais

sao responsaveis por “temperar”a cerveja com sabores mais pronunciados como caramelo,

biscoito e chocolate, permitindo assim as dezenas de estilos de cerveja que conhecemos.

O malte de cevada, que na maioria das receitas compoe a totalidade dos graos

utilizados, pode ser substituıdo em parte por malte de trigo, centeio, aveia ou ate mesmo

milho, o cereal que se tornou um sinonimo de baixa qualidade por ser associado as cervejas

das grandes corporacoes. O uso de adjuntos cervejeiros, termo que designa cereais nao-

maltados que podem ser utilizados na fabricacao de cerveja, embora utilizado na maioria

das vezes pelas grandes cervejarias como maneira de reducao de custo, e uma tecnica que

pode trazer caracterısticas interessantes para as cervejas quando utilizada corretamente.

Tambem ha a possibilidade de adicao de produtos como frutas, diversas nozes,

cafe, ervas, entre centenas de outras possibilidades, todas com o objetivo de conceder

um carater especial a cerveja. A adicao de frutas pode ser muito interessante em cervejas

acidas, onde seus sabores se complementam, enquanto cafe e uma adicao comum a Stouts.

A Cervejaria Colorado aproveita muito bem essa versatilidade das cervejas e uti-

liza produtos de identidade brasileira em todas suas receitas, conferindo nao so sabores

inusitados mas tambem personalidade a seus rotulos. Por exemplo, a Colorado Indica,

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uma India Pale Ale, utiliza rapadura em sua receita enquanto a Colorado Bertho, uma

Double Brown Ale, utiliza castanhas-do-para.

Embora o cultivo da cevada no Brasil tenha aumentado nos ultimos anos (EM-

BRAPA, 2012), a industria da cerveja ainda depende da importacao desta materia-prima.

Estima-se que o consumo anual da industria cervejeira seja de 1,3 milhao de toneladas de

cevada, sendo que mais de 85% dessa quantia e suprido por importacoes. De paıses como

Argentina e Uruguai temos acesso ao malte base com um bom preco, enquanto os maltes

chamados especiais devem ser importados de nacoes como Alemanha ou Belgica, o que

eleva muito seu custo.

3.5.2.2 Lupulos

Os lupulos, como um dos ingredientes basicos da cerveja, exercem um papel impor-

tantıssimo. Inicialmente utilizado por suas propriedades bacteriostaticas, hoje ele e parte

indispensavel do aroma e sabor de todas cervejas, embora nao seja mais fundamental por

sua funcao preservativa. O amargor que ele fornece a cerveja e essencial para conferir

equilıbrio ao paladar, principalmente em cervejas de perfil mais doce.

Existem centenas de variedades de lupulo no mercado, hoje em dia, e cada uma tem

caracterısticas diferentes. Os lupulos podem ser separados em duas categorias: lupulos

de aroma e de amargor. Lupulos de amargor sao ricos em alfa-acidos, substancias res-

ponsaveis pelo amargor e propriedades bacteriostaticas. Lupulos aromaticos tem grandes

quantidades de moleculas que conferem a ele seu perfume, que pode variar entre aromas

cıtricos, florais, de frutas tropicais, de pinheiro entre dezenas de outros descritores.

Durante a elaboracao da receita e importante conhecer as variedades de lupulos

para atingir o amargor correto e o aroma desejado para cada estilo de cerveja. Variedades

de amargor entram no comeco da fervura (Etapa 2), enquanto as de aroma sao reservadas

para o meio e fim da fervura para que os compostos aromaticos volateis nao evaporem

totalmente. Ha tambem a tecnica chamada dry hopping, onde lupulos aromaticos sao

adicionados diretamente aos tanques de fermentacao para conferir a cerveja um aroma

fresco e intenso desses lupulos.

Similarmente a cevada, os lupulos sao obtidos praticamente em sua totalidade

atraves de exportacao. Embora hajam iniciativas nacionais para seu cultivo, sua escala

e quase insignificante e a industria depende da importacao de, basicamente, Alemanha

e Estados Unidos. O lupulo, sendo uma planta muito sensıvel ao clima e ao interesse

dos big players, pode ter escassez de algumas variedades entre diferentes safras. Por este

motivo, ao elaborar uma receita deve-se sempre estar preparado para uma substituicao

caso ocorra esse cenario.

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3.5.2.3 Levedura

Finalmente chega a hora da fermentacao. Apos resfriado, o lıquido e transferido

para os tanques de fermentacao e e adicionado o micro-organismo responsavel por trans-

formar os acucares da solucao em gas carbonico, alcool e centenas de outros compostos.

Geralmente, esse micro-organismo e a levedura Saccharomyces cerevisiae para Ales ou

Saccharomyces pastorianus para Lagers, mas outras leveduras do genero Brettanomyces

ou bacterias dos generos Lactobacillus e Pediococcus podem ser utilizadas.

Somente de S. cerevesiae ha centenas de cepas comercializadas por diferentes labo-

ratorios. Cada cepa tem atributos distintos, podendo atribuir sabores e aromas altamente

diferentes. Muitos estilos tem cepas especialmente selecionadas para sua producao, mas a

escolha final e do mestre cervejeiro, que pode optar por variedades incomuns para o estilo

e ainda assim obter cervejas magnıficas.

O uso de outras leveduras e bacterias ainda e pouco difundido no Brasil. Temos

poucos rotulos que empregam o uso de Brettanomyces e Lactobacillus. Uma possibilidade

ainda nao muito explorada e o uso de leveduras de vinho, por exemplo, que podem

transmitir um carater novo as cervejas.

3.5.2.4 Envase

A fase final do processo e o envase da cerveja, e nessa hora surge a duvida que ainda

aflige a todos os cervejeiros artesanais: envasar em garrafa ou lata? Ambas embalagens

apresentam vantagens e desvantagens e a escolha depende muito de seu modelo de negocio

e ate mesmo da identidade visual.

A questao central da discussao entre as duas embalagens e sobre a conservacao da

bebida. Ha dois grandes inimigos da cerveja apos seu envase, considerando que nenhum

micro-organismo indesejado esteja presente, o oxigenio e a luz. Ambos sao responsaveis

por deteriorar a cerveja, embora o oxigenio tenha um efeito mais agressivo e rapido.

Os vidros utilizados no envase de cerveja buscam prevenir essa acao degradante da

luz ao adotar pigmentos em seu vidro. Dentre as cores adotadas comumente, a marrom

e a que melhor bloqueia o efeito da luz, embora nao seja perfeita. Ja as latas bloqueiam

totalmente qualquer fonte de luz, conservando a bebida por mais tempo. Nesse quesito,

a lata e superior a cerveja.

O oxigenio no envase e um assunto mais controverso. Um processo criterioso de

envase em garrafas consegue atingir nıveis inferiores a 60 ppb (partes por bilhao) de

oxigenio total na embalagem (BLAYDS, 2012). No entanto, as tampas das garrafas,

apesar de muito bem seladas, nao impedem totalmente o ingresso de ar do ambiente

exterior para dentro do recipiente (WISK; SIEBERT, 1987). No caso das latas, o oxigenio

total no momento do invase consegue atingir nıveis abaixo de 100 ppb, mas sem ingresso

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apos seu selamento. Ainda ha falta de estudos conclusivos sobre o assunto e, enquanto

isso, temos adotantes de ambos os lados da moeda.

Tambem ha o que se discutir sobre o impacto ambiental de cada embalagem. As

garrafas de vidro causa um impacto reduzido na extracao e processamento das materias-

primas em comparacao ao alumınio, que apresenta altos custos e impactos na mineracao da

bauxita. No entanto, devido ao seu peso elevado, fragilidade e formato menos favoravel ao

armazenamento, as garrafas de vidro tem um custo maior e, portanto, um maior impacto

ambiental no transporte do produto final, ja envasado.

Para avaliar os danos ao meio ambiente podemos utilizar a “pegada de carbono”,

do termo ingles carbon footprint que designa o impacto ecologico em termos de emissao de

gas carbonico dos processos humanos. Segundo um estudo realizado pela empresa Owens-

Illinois, uma fabricante de garrafas de vidro, a pegada de carbono de latas de alumınio

e garrafas de vidro sao equivalentes aqui na America Latina, com uma emissao de 0,117

kgCO2 por conteiner produzido (OWENS-ILLINOIS, 2010).

Em questao economica tambem temos um impasse. As latas apresentam peso

reduzido e melhor aproveitamento do espaco devido a seu formato cilındrico, tornando

seu transporte mais eficiente em comparacao as garrafas. Por outro lado, o equipamento

de envase de latas oferece menor qualidade dentro da mesma faixa de preco em comparacao

as garrafas, devido a maior complexidade do sistema. Isso acarreta em uma quantidade

maior de oxigenio total na embalagem, reduzindo seu perıodo de validade e dificultando

a logıstica da distribuicao e armazenamento.

3.5.3 Produtos da Empırica

O posicionamento de mercado da Empırica pretendera atingir o Consumidor In-

termediario apresentado anteriormente, ou seja, um publico com familiaridade e conheci-

mentos mais avancados sobre as cervejas artesanais.

Inicialmente, os estilos elegidos para fazerem parte do portfolio de rotulos serao

uma IPA no estilo americano (American India Pale Ale), uma American Wheat e uma

Oatmeal Stout sazonal de inverno. A escolha da IPA e fundamental para esse publico pois,

como exposto na analise de mercado, esse e um estilo com muita demanda. A American

Wheat, uma cerveja de trigo com maior presenca de lupulo, atuara como a cerveja mais

suave e podera ser considerado o rotulo mais acessıvel ao consumidor inexperiente. Ja a

Oatmeal Stout, uma cerveja escura que combina mais com o clima do inverno em nosso

paıs tropical, atenderia a demanda mais alta desse estilo de cervejas durante essa epoca

do ano.

A seguir serao apresentados receitas para as estilos escolhidos. Apesar nao serem

receitas consolidadas, servem como uma boa base para estimar os custos e eventuais

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substituicoes necessarias.

American IPA

Volume: 100L

Graos:

– Malte Pale: 22,5 kg

– Malte Vienna: 4,5 kg

– Malte Crystal: 1,2 kg

– Malte Carapils: 1,2 kg

Lupulos:

– Lupulo Centennial: 550 g

– Lupulo Summit: 100 g

Fermentacao:

– 7 dias de fermentacao primaria a 18,4oC utilizando a levedura US-05.

– 14 dias de fermentacao secundaria a 18,4oC com dry-hopping.

Custo Estimado: R$320,00 (R$3,20/L)

Notas: A utilizacao dos lupulos Centennial e Summit confere a cerveja aromas

cıtricos e florais, caracterısticos destas variedades. A utilizacao da cepa US-05, tambem

conhecida como California Ale, garante um sabor limpo, final seco e clareza ao lıquido. Os

maltes utilizados sao bastante claros com pequena presenca de malte caramelo, conferindo

a cerveja um sabor limpo, corpo medio e tornando-a facil de beber apesar de seus 7,1%

de alcool.

American Wheat

Volume: 100L

Graos:

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– Malte Pale: 11,4 kg

– Malte de Trigo Claro: 10,0 kg

– Malte Munich: 1,0 kg

Lupulos:

– Lupulo Centennial: 140 g

– Lupulo Magnum: 40 g

Fermentacao:

– 9 dias de fermentacao primaria a 20oC utilizando a levedura US-05.

Custo Estimado: R$210,00 (R$2,10/L)

Notas: Essa cerveja aposta na adicao de aromas cıtricos e florais do lupulo Centen-

nial ao distinto sabor provindo do trigo na receita para garantir uma cerveja equilibrada,

refrescante e facil de beber. Diferente das cervejas de trigo alemas e seus caracterısticos

sabores de banana e cravos, a levedura utilizada nesse estilo produz menos esteres e,

portanto, fornece um sabor mais limpo e neutro.

Oatmeal Stout

Volume: 100L

Graos:

– Malte Pale Maris Otter: 16,0 kg

– Aveia em Flocos: 2,3 kg

– Cevada em Flocos: 2,3 kg

– Malte Biscuit: 1,7 kg

– Malte Crystal: 1,2 kg

– Malte Chocolate: 1,0 kg

Lupulos:

– Lupulo Willamette: 300 g

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Fermentacao:

– 21 dias de fermentacao primaria a 17,8oC utilizando a levedura S-04.

Custo Estimado: R$220,00 (R$2,20/L)

Notas: Uma cerveja muito escura, cremosa com sabores de torrefacao e malte

bastante pronunciados. Os aromas torrados unidos aos de malte lembram cafe com creme

ou chocolate amargo. A adicao de aveia a receita traz uma sensacao aveludada ao paladar

da cerveja. Sendo uma cerveja mais “pesada”, servida a uma temperatura mais alta (por

volta de 10oC), essas cervejas combinam muito com climas mais frios e tem maior demanda

durante o inverno.

3.6 Plano de Marketing

3.6.1 Produto

Como apresentado na analise de mercado, o publico-alvo de cervejas artesanais e

um publico jovem, com alta taxa de escolaridade e alta interacao com as mıdias digitais.

Para melhor impactar esse publico, a Cervejaria Empırica buscara uma identidade de

marca jovem e moderna em busca de conquistar e fidelizar os consumidores. E grande a

importancia de se definir uma identidade visual atrativa e assertiva para os consumidores.

Segundo Mumcu e Kimzan (2015) ha uma forte relacao inversa entre a sensibilidade

de preco e o visual do produto, ou seja, designs fascinantes tem o poder de diminuir o nıvel

de sensibilidade ao preco do consumidor. Um interessante resultado foi tirado do estudo

realizado por Han, Wang e Gao (2016), que avaliou o processo de decisao do consumidor

atraves da leitura de ondas cerebrais relacionadas a esses atos. Comparando a aparencia

e performance de um produto, chegaram a conclusao de que um design mais atraente

supera o fator qualidade em momentos de conflito.

Novamente pode-se reviver a discussao sobre as embalagens. As latas, embora

ainda possam transmitir a sensacao de menor qualidade ao consumidor, tem toda sua

superfıcie coberta pelo rotulo, trazendo novas oportunidades de design, e transmitem

uma aparencia mais moderna. Um bom exemplo de design de latas e apresentado na

Figura 11. A Stillwater Brewing Co. tambem e uma cervejaria cigana e aposta em

um design contemporaneo para a identidade visual de sua marca. Produzindo cervejas de

alta qualidade e chamando atencao com seus rotulos minimalistas, a Stillwater ja acumula

reputacao e e muito bem avaliada nos sites especializados em cerveja.

Outro otimo exemplo, dessa vez nacional, e a Cervejaria Dogma. A Dogma e

uma cervejaria cigana brasileira fundada em 2015 a partir da fusao de tres outras cer-

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vejarias artesanais. Desde entao vem chamando atencao por sua excelente qualidade e

pelas exuberantes artes exibidas em suas latas. Em seu primeiro ano atingiu o posto de

cervejaria melhor avaliada pelo website Ratebeer e hoje pode ser considerada a maior

cervejaria cigana do Brasil. Os rotulos exibidos na Figura 12 apresentam belas artes e

sempre garantem comentarios positivos nas prateleiras das lojas.

Figura 11 – Latas da cervejaria americana Stillwater Brewing Co.Fonte: Stillwater Artisanal Brewing Co.

As garrafas, apesar de serem mais tradicionais, tambem se beneficiam muito de

uma aparencia mais contemporanea. Alguns bons exemplos de garrafas sao as da cer-

vejaria BrewDog (Figura 13). A BrewDog foi uma cervejaria pioneira na cena artesanal

britanica a fortaleceu a expansao do mercado no Reino Unido. Com sua ideologia rebelde,

a BrewDog ja foi alvo de algumas polemicas e por sua carisma a cervejaria tem admirado-

res espalhados pelo mundo todo. Seus rotulos caracterısticos mantem a identidade visual

em todo seu portfolio e sao facilmente reconhecıveis nas prateleiras.

Figura 12 – Latas da Cervejaria Dogma.Fonte: Cervejaria Dogma

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A Cervejaria Cloudwater Brewing Co. e uma cervejaria artesanal inglesa classifi-

cada entre as melhores cervejarias do paıs pelos sites especializados e tambem e um otimo

exemplo de design, apresentando lindos rotulos em suas garrafas.

Figura 13 – Garrafas da cervejaria escocesa BrewDog.Fonte: BrewDog Blog

Figura 14 – Garrafas da cervejaria inglesa Cloudwater Brewing Co.Fonte: Cloudwater Brewing Co.

Seguindo esses modelos como inspiracao a Empırica pretende adquirir um visual

contemporaneo e atrair com bastante efetividade seu publico-alvo. Apesar de toda a irre-

soluta disputa entre garrafas e latas, a Empırica como cervejaria cigana sera dependente

da estrutura da cervejaria parceira para definir seu metodo de envase. Como a presenca

de envasadoras de lata ainda e pequena no Brasil, inicialmente a Empırica trabalhara com

o envase em garrafas long neck, modelo igual ao da BrewDog e facilmente encontrado pois

e fabricado por diversos fornecedores.

Seguindo o design contemporaneo, apresenta-se na Figura 15 um prototipo de

rotulo criado para exemplificar a identidade visual almejada para a Empırica. Esse rotulo

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e baseado em uma obra sem tıtulo do artista minimalista Frank Stella, e estampara as

garrafas de uma futura American Pale Ale chamada The Summit, nome provindo da

variedade de lupulo Summit, que apresenta aromas que lembram os da toranja.

Figura 15 – Prototipo de rotulo para uma futura cerveja da Empırica.

Como apresentado na Figura 15, ha planos de futuros rotulos para a cervejaria

empırica. Ha um espectro muito grande de cervejas ainda nao cobertos pelos tres rotulos

iniciais ja apresentados na secao de Produtos. A The Summit sera uma American Pale

Ale, estilo refrescante e “lupulado”, perfeito para um quente dia de verao. Mais leves e

menos amargas que as IPAs, essas cervejas combinam muito bem com um churrasco ou

um bom hamburguer.

Como dito anteriormente, um campo pouco explorado no Brasil sao as cervejas

acidas. Embora cervejas acidas mais complexas necessitem do uso de barris e extensos

perıodos de maturacao, cervejas que empregam a tecnica de kettle sour, ou acidificacao

na panela, em portugues, tem um processo muito mais simples e resultam em otimas

cervejas. A partir desta tecnica e possıvel criar refrescantes cervejas acidas maturadas

com frutas e tambem Sour IPAs, IPAs com tracos acidos que adicionam complexidade a

esse estilo, entre diversas outras possibilidades.

Outro tipo de produto necessario de se trabalhar sao os acessorios como copos e

camisetas. Esse tipo de produto e muito procurado como presente e podem apresentar

uma boa margem de lucro.

3.6.2 Preco

Estabelecendo uma forte identidade de marca com um design atraente ajudara

a diminuir a sensibilidade do consumidor ao preco. A Cervejaria Empırica tera custos

de fabricacao elevados devido aos contratos de producao realizados com as cervejarias

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parceiras. Apesar de muita pesquisa, o sigilo do contrato entre outras cervejarias ciganas

e seus produtores nao permitiu a definicao de um custo bem embasado.

Segundo informacoes obtidas nas entrevistas, o custo de uma cerveja basica, di-

gamos uma pilsen, para um lote de 1000 L e de aproximadamente R$10,00 por litro.

Estimando o custo por litro das materias-primas de uma receita de pilsen em aproximada-

mente R$1,30/L, estima-se os custos de producao das receitas da Empırica, apresentados

na Tabela 2.

Tabela 2 – Custos de producao estimados para as receitas da Cervejaria Empırica em umcontrato com outra cervejaria.

Rotulo Custo/L

American IPA R$15,00/LAmerican Wheat R$12,50/LOatmeal Stout R$13,00/L

Ha grandes esforcos na industria hoje para conseguir alteracoes na tributacao das

micro-cervejarias. No atual momento, o ano de 2017, as cargas tributarias sobre as cervejas

artesanais podem chegar a ate 60% do preco de venda praticado pelos fabricantes. Depois

de muito tempo e esforco, conseguiu-se a aprovacao da inclusao das micro-cervejarias

no sistema do Simples Nacional, que facilitara o recolhimento dos inumeros impostos

incidentes sobre a bebida e reduzira a carga tributaria em media 32% comparado ao

patamar atual. A tabela de enquadramento do Simples Nacional pela qual a Empırica

devera se basear e apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 – Faixas de Enquadramento do Simples Nacional para Industrias.

Faixa Receita bruta em 12 meses (em R$) Alıquota Valor a deduzir (em R$)

1a Faixa Ate 180.000,00 4,5% -2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,8% 5.940,003a Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,0% 13.860,004a Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,2% 22.500,005a Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,7% 85.000,006a Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,00% 720.000,00

Tomando como base a apresentacao de Murilo Foltran, socio da DUM Cervejaria,

feita em 2014 e incluindo o modelo do Simples Nacional, podemos estimar o custo final

de uma garrafa de 350ml da Cervejaria Empırica para distribuicao apenas no estado de

Sao Paulo. Apresentado na Tabela 4, e estimado o custo final de uma garrafa de 350ml

de uma cerveja com custo de producao hipotetico de R$5,00. Calcula-se que a Cervejaria

Empırica estara enquadrada na 3afaixa de tributacao do Simples Nacional que apresenta

uma alıquota de 10%.

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Apesar de otimista essa estimativa nos ajuda a prever o nıvel de vendas da empırica.

As margens de bares e restaurantes e muito maior do que a de um supermercado ou

emporio. A partir de informacoes de gerentes desse tipo de estabelecimentos, pode-se

esperar um markup de 1,15 e 1,35, respectivamente. Na Tabela 5 sao apresentados os

precos finais estimados para os tres rotulos iniciais da Empırica. A Cervejaria Empırica

trabalhara com uma margem de 35% aplicada sobre o preco de venda aos estabelecimentos

(R$12,87).

Tabela 4 – Estimativa de Custo final de uma cerveja da Empırica em um bar. Toma-secomo base um custo de producao de R$5,00 por garrafa de 350ml.

Impostos / Custos Alıquota Valor Resultante

Custo de Producao 19,4% R$5,00Simples Nacional 1,9% R$0,50Substituicao Tributaria 5,4% R$1,39Margem Distribuidora 10,3% R$2.65Margem da Cervejaria 13,0% R$3,34Margem Bares 50,0% R$12,87Preco Final - R$25,74

Tabela 5 – Estimativa de Custo final para os tres rotulos iniciais da Empırica em trestipos de estabelecimentos.

Rotulo Supermercados Lojas Especializadas Bares e Restaurantes

American IPA R$15,55 R$18,26 R$27,05American Wheat R$12,96 R$15,21 R$22,54Oatmeal Stout R$13,48 R$15,82 R$23,44

Considerando a disposicao a pagar apresentada na Analise de Mercado, o posicio-

namento da empırica esta satisfatorio ja que seus precos estao quase todos entre R$11,00

e R$20,00, sendo que em supermercados, o principal canal de compra dos consumidores,

o preco esta bastante competitivo.

3.6.3 Promocao

A Empırica ira se posicionar no mercado buscando atingir um publico com co-

nhecimentos mais avancados sobre cervejas artesanais. Atraves do modelo de cervejaria

cigana podera iniciar as atividades sem uma planta de fabricacao e concentrar suas ener-

gias em exercer um eficiente plano de marketing. O foco se dara no Marketing Digital

pelas seguintes razoes:

1. O Marketind Digital permite escolher sua audiencia

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As ferramentas de Marketing Digital permitem que audiencias especıficas sejam

impactadas, tornando sua publicidade mais assertiva e melhor direcionada. Pode-se

escolher desde dados demograficos como sexo, idade, genero e renda ate interesses

e estilos de vida de seu publico-alvo. Tambem pode-se definir locais especıficos

para a veiculacao de suas campanhas e, principalmente, pode-se impactar pessoas

buscando por seu produto, empresa ou termos relacionados de sua escolha.

2. E muito mais simples mensurar os resultados

Diferente de outras mıdias onde e difıcil mensurar o impacto e o engajamento de

suas campanhas, o Marketing Digital te permite acompanhar dezenas de metricas

durante todas as etapas da campanha. O acesso a todos esses dados em tempo real

permite que haja a otimizacao de sua estrategia e suas campanhas em resposta aos

resultados que tem acompanhado.

3. O Marketing Digital tem otimo custo-benefıcio

Enquanto algumas mıdias tem custos de entrada enormes como a televisao ou out-

doors, nas mıdias digitais pode-se garantir visibilidade com apenas alguns reais por

dia. Os modelos de pagamento sao variados, mas os mais comuns sao “pague por

clique”e “pague por impressao”, ou seja, so se paga apos a veiculacao do anuncio,

nunca em antecedencia.

4. A publicidade online tem grande impacto na jornada do consumidor

Com a crescente influencia da internet em nosso dia-a-dia e evidente que a presenca

online das marcas influencia tanto as vendas online quanto em lojas fısicas. Hoje,

50% dos consumidores afirmam terem tido o primeiro contato com um produto ou

marca atraves da internet. Similarmente, 45% dos consumidores iniciam sua jornada

com uma pesquisa pela internet antes de concluırem sua compra em uma loja fısica

(GOOGLE, 2017). 85% pessoas tambem recorrem a internet quando precisam de

ajuda para escolher um produto, buscando principalmente por comparacoes (47%),

inspiracao (44%) ou conselhos (35%).

Primeiramente, e necessario um site bem estruturado para a marca. Fatores cru-

ciais para um bom site hoje sao: navegacao intuitiva e simples; design atraente porem

sem exageros; tempo de carregamento curto; muito foco em melhorar a experiencia em

dispositivos moveis. Seguindo essas boas praticas, podemos garantir o primeiro passo

para uma divulgacao bem-sucedida.

O processo que leva cada indivıduo a realizar uma compra ou a acao desejada de sua

publicidade e muito complexo, mas analisando esse trajeto podemos dividi-lo em quatro

etapas: Consciencia, Interesse, Consideracao e Conversao. Esse caminho e denominado

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Jornada do Consumidor. Apresentada na Figura 16, essa jornada nos ajuda a entender

melhor o comportamento dos consumidores.

Figura 16 – Jornada do Consumidor.Fonte: Digital (2017)

Durante a jornada tracada pelos consumidores de seu negocio, acaba-se por criar

um fenomeno conhecido como Funil de Conversao. Esse conceito separa todas as pessoas

ja impactadas por sua publicidade em nıveis de interesse a medida que percorrem o

trajeto de conversao. Obviamente existem mais pessoas com consciencia da existencia

da marca/produto do que pessoas efetivamente interessadas a realizar uma conversao.

No entanto, apesar de mais escassas, essas pessoas mais proximas ao fundo do funil tem

chance maior de realizar a conversao. Esse fenomeno e ilustrado na Figura 17.

Figura 17 – Funil de Conversao.Fonte: Digital (2017)

Compreender o funil de conversao para cada negocio e fundamental para tracar

uma estrategia que possa impactar os potenciais consumidores em todas as etapas do

funil. Diferentes mıdias tem diferentes ferramentas e praticas para conseguir realizar isso,

e entende-las e necessario para ter sucesso.

As principais mıdias digitais para o setor da Cervejaria Empırica sao certamente

a rede de publicidade do Google (Google AdWords) e a rede de publicidade do Facebook

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(Facebook Ads). Englobando essas duas mıdias tera-se uma cobertura satisfatoria de

todos os potenciais consumidores da Empırica.

3.6.3.1 Estrategia para Google AdWords

A rede de anuncios do Google disponibiliza diversas categorias no qual podemos

criar campanhas. Ha campanhas da rede de Pesquisa, da rede de Display, de Shopping e

campanhas de Vıdeo. Como campanhas de Shopping necessitam de um site de e-commerce

bem estruturado e campanhas de Vıdeo necessitam de um investimento mais elevado, a

Empırica iniciara seu marketing com campanhas na rede de Pesquisa e Display, com foco

no primeiro.

Algumas segmentacoes basicas serao adicionadas a todas as campanhas da Empırica

pois ja temos conhecimento de algumas tendencias do publico-alvo. Serao elas: enfoque

nas faixas de idade 18-24 e 25-34 anos; enfoque no genero masculino; divulgacao na regiao

sul e sudeste com enfoque nas cidades onde ha distribuicao. Essas segmentacoes visam ga-

rantir uma maior assertividade das campanhas sobre o publico-alvo discutido na Analise

de Mercado.

Rede de Pesquisa

A presenca de sua marca nas redes de busca do Google e essencial para garantir

que o consumidor o consiga achar quando busca pelo nome da sua marca ou por termos

relacionados a seu negocio. As campanhas da Empırica serao segmentadas da seguinte

forma:

• Campanhas Institucionais

Essas campanhas sao voltadas a impactar os consumidores que buscam pela marca

Empırica ou seus rotulos na rede de pesquisa do Google. Portanto, palavras-chave

relacionadas a esses assuntos serao incluıdas na segmentacao alem das segmentacoes

basicas.

• Campanhas por Rotulos

Essas campanhas terao como palavras-chave o nome dos rotulos da Empırica e

tambem seus estilos e caracterısticas. Por exemplo, a Oatmeal Stout com um nome

hipotetico ”Oily Road”teria em sua campanha as palavras-chave “Oily Road”, “Oat-

meal Stout”, “cerveja stout”, “cerveja escura”, “cerveja para inverno”, etc.

• Campanhas Genericas

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Essas campanhas trabalham partes mais altas do funil e terao como objetivo a

divulgacao da marca Empırica para pessoas que buscam termos genericos como

“cerveja artesanal”, “micro-cervejaria em sao carlos”ou “cervejaria cigana”.

Rede de Display

Anuncios de Display sao os anuncios graficos que vemos espalhados por varios sites

da internet. Esses anuncios trabalham a parte superior do funil, ou seja, por natureza

eles sao anuncios de branding, que trabalham o reconhecimento de sua marca. Por este

motivo, esses anuncios trazem um retorno menor do que anuncios de pesquisa, ou seja,

um ROAS (Return on Ad Spend) menor. Sendo um anuncio grafico, e importante o

desenvolvimento de artes atrativas e engajantes para causar interesse nos indivıduos.

Pelas limitacoes naturais de uma pequena empresa, devemos aplicar segmentacoes ainda

mais especıficas para limitar os gastos dessa mıdia que costuma ter altos custos.

• Segmentacao por Interesses

Nesta mıdia temos a opcao de segmentacao por interesses. Pode-se, por exemplo,

segmentar as campanhas para entusiastas de culinaria e entusiastas de vida noturna,

duas segmentacoes alinhadas com o publico-alvo.

• Segmentacao por Canais

Esta segmentacao sera, provavelmente, a mais importante e trara resultados inte-

ressantes para a Empırica. Aqui pode-se escolher sites especıficos para a exibicao de

seus anuncios e, assim, impactar pessoas mais alinhadas com seu objetivo. Escolher

sites sobre a cultura cervejeira como os sites da Revista Beer Art, Maria Cevada

e secoes especializadas sobre a bebida em sites como a Exame permite atingir um

publico que ja possui um interesse alinhado ao da cervejaria. Dessa forma, essa

segmentacao sera otima para trazer novos usuarios com bom engajamento e com

maior probabilidade de procurar pelos produtos da Empırica nas lojas.

• Segmentacao por Remarketing

Remarketing e basicamente o ato de impactar pessoas que tomaram certas acoes

pre-estabelecidas e monitoradas pelo publicitario. Por exemplo, pode-se impactar

pessoas que visitaram seu site nos ultimos 30 dias ou que visualizaram paginas

especıficas de seu site, podendo exibir anuncios diferentes e melhor alinhados para

cada uma dessas acoes. Essa e o tipo de segmentacao que traz os melhores resultados

em termos de ROAS, mas possui volume reduzido.

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3.6.3.2 Estrategia para Facebook Ads

A publicidade em Facebook tem um carater mais de divulgacao de marca. Impactar

as pessoas certas enquanto elas navegam por seus feeds no Facebook e o objetivo dessa

mıdia e o aspecto visual tem grande importancia para realizar isso. O Facebook sera

importantıssimo para a divulgacao da marca previamente a inauguracao ao impactar

pessoas relevantes e conscientiza-las do surgimento da nova cervejaria.

Poderemos trabalhar com dois formatos principais para a Empırica: Banner Unico

e Carrossel de Produtos. O Banner Unico consistira de uma imagem estatica com foco na

divulgacao da marca, contendo um forte apelo visual, convidando o usuario a conhecer a

nova cervejaria atraves do site.

O Carrossel de Produtos apresenta um formato dinamico onde pode-se navegar

por diversos cards, revelando novas imagens e descricoes, como apresentado na Figura 18.

Nesse tipo de anuncio poderemos ter como primeiro card uma imagem institucional e nos

cards seguintes imagens de cada rotulo da Empırica, fornecendo informacoes essenciais

sobre cada um e convidando o usuario ao site para obter mais informacoes.

Figura 18 – Formato de anuncio do tipo Carrossel de Produtos no Facebook.Fonte: Facebook Business (2017)

Ha outros formatos interessantes para a Empırica no Facebook, mas que sao li-

mitados pelo pequeno orcamento de uma empresa em fase de abertura. A exploracao

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de anuncios com vıdeo e clara para o futuro, mas necessitara de contratacao de servicos

terceirizados.

Segundo estimativas da plataforma de anuncios do Facebook, com um investimento

diario de R$20,00 terıamos um alcance de aproximadamente 4.000 pessoas diariamente.

Este valor foi obtido em uma campanha com segmentacao para as regioes sul e sudeste e

interesses relacionados a cervejas artesanais.

3.6.3.3 Outras Mıdias

A divulgacao de eventos e lancamentos da cervejaria em blogs especializados ajuda

a trazer atencao a marca tambem. Sites como Allbeers e Maria Cevada sempre fazem a

cobertura de eventos e podem contribuir com a divulgacao da Empırica.

Ha tambem os comparadores de cerveja. Sites como o brejas.com.br, ratebeer.com

e o aplicativo Untappd sao grandes ferramentas para os consumidores sanarem suas in-

decisoes na hora da compra. Portanto, e importante estar presente nesses sites e, claro,

garantir a qualidade do produto para alcancar boas avaliacoes e colocacoes no ranking de

cervejarias.

3.7 Plano Financeiro

O grande impedimento do inıcio de uma cervejaria artesanal costuma ser o alto

valor de capital inicial necessario para a implementacao de uma fabrica. E nesse ponto

que as cervejarias ciganas tem a vantagem. Por nao precisarem do investimento inicial

que ultrapassa facilmente um milhao de reais para toda a infra-estrutura de uma fabrica,

as cervejarias ciganas podem iniciar suas atividades com um capital bem menor.

3.7.1 Capital Inicial

A relacao de custos iniciais para a abertura da empresa e apresentada na Tabela

6. E considerado um custo de R$ 10.000,00 para a realizacao dos cursos de Sommelier de

Cerveja e Mestre em Estilos pelo Instituto da Cerveja em Sao Paulo, incluindo o custo

das viagens. Os custos de abertura da empresa e registro de marca foram obtidos atraves

da internet, assim como o custo estimado de um Web Designer e Designer Grafico para

criarem o design visual da marca e um site alinhado com os objetivos da Empırica.

O estoque das cervejas sera feito em uma camara refrigerada que sera ser mon-

tada no imovel alugado como sede da Empırica. Essa camara fria teve cotacao de R$

15.000,00, considerando uma area de 16m2. Segundo as estimativas de Fluxo de Caixa,

sera necessario um capital de giro de R$ 60.000,00 reais para operar a empresa em seu

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Tabela 6 – Estimativa de Capital Inicial para a abertura da Cervejaria Empırica.

Finalidade CustoCursos Profissionalizantes R$ 10.000,00Taxas de Abertura da Empresa R$ 1.000,00Registro da Marca R$ 1.000,00Web Designer R$ 8.000,00Designer Grafico R$ 2.000,00Camara Fria R$ 15.000,00Capital de Giro R$ 60.000,00Primeiro Lote de Cerveja R$ 15.000,00Total 112.000,00

inıcio. Finalmente, o primeiro lote de cerveja a ser encomendado com uma cervejaria

associada teve um orcamento estimado em R$ 15.000,00 para a receita da American IPA.

3.7.2 Projecao de Vendas

Geralmente, os contratos com as cervejarias que produzem cerveja para terceiros

tem a limitacao de volume mınimo em 1000L, com incrementos do mesmo valor. Portanto,

no inıcio da Empırica serao feitos lotes de 1000L ate que o volume de vendas mensal

ultrapasse esse valor e daı por diante serao incrementados em mais 1000L, de acordo com

a demanda. Na Tabela 7 e na Tabela 8, contidas no Apendice A, podemos observar as

estimativa de vendas, pedidos e estoque da Cervejaria Empırica para os dois 26 primeiros

meses de funcionamento

Como cervejas com altas cargas de lupulo sao preferivelmente consumidas dentro

de 3 meses para que todos os aromas e sabores sejam apreciados em seu apice, os pedidos

de lotes foram feitos de forma a manter seu consumo dentro desse perıodo. A Oatmeal

Stout sazonal de inverno tera seu pedido realizado no mes de marco para que o inıcio das

vendas seja no mes de abril, mes onde as temperaturas costumam comecar a diminuir.

Tendo sua producao terceirizada e, portanto, um custo de producao maior, a

Empırica deve trabalhar com uma margem menor para manter um preco competitivo

no mercado. Essas condicoes tornam necessario um crescimento mais agressivo dos volu-

mes de venda para que consiga-se atingir o break even. Iniciando com modestos 400L ao

mes, prevendo uma dificuldade de insercao nos pontos de venda logo no inıcio, a media

de crescimento estimada foi de 11,9% ao mes em seu primeiro ano, finalizando o ano com

vendas ligeiramente acima de 1500 L ao mes.

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3.7.3 Fluxo de Caixa

Apresentadas no Apendice B e no Apendice C, temos as tabelas de Fluxo de Caixa

da Cervejaria Empırica em seus dois primeiros anos de funcionamento. Embora nao se

possa prever com certeza todas as despesas e imprevistos que possam aparecer durante

as operacoes da empresa, e esperado que o Fluxo de Caixa seja uma boa estimativa para

o funcionamento da Empırica. E importante que assim que os dados reais de operacao

do negocio forem recolhidos, todo o planejamento financeiro seja revisado para ver se as

estimativas se concretizaram e, a partir disso, atualizar os dados das planilhas.

O Fluxo de Caixa se inicia em dezembro, considerando que este seja o mes onde

sera feita a primeira encomenda de lote. A planilha engloba as Receitas, Custos Variaveis

e Custos Fixos. Algumas consideracoes importantes foram feitas para as operacoes finan-

ceiras da Empırica:

• Vendas com pagamento parcelado: a Empırica aceitara parcelamento em ate

3x sem juros para suas vendas. Projetou-se um volume de vendas de 50% para

o debito, 30% com parcelamento de 2x e 20% com parcelamento de 3x. A tarifa

das operadoras de pagamentos foi considerada como 5%, baseando-se em valores

apresentados nos sites dessas empresas.

• Pagamentos parcelados: foi considerada a possibilidade de parcelamento em

2x para todos pedidos de lote, visando evitar um caixa muito negativo durante o

perıodo considerado. Essa possibilidade e realista, mas deve ser discutida e incluıda

nos contratos com as cervejarias associadas para que nao hajam surpresas ao longo

da parceria.

• Impostos Federais: Como a empresa estara incluıda no Simples Nacional, essa

secao apresenta o valor recolhido por esse sistema de impostos. Uma oscilacao de

valores pode ocorrer quando ocorre a mudanca de faixas de tributacao das Tabelas

do Simples, que podem ser vistas na Tabela 3.

• Impostos Estaduais: Esses impostos sao compostos, basicamente, pelo sistema

de Substituicao Tributaria que incide sobre a industria. Para o caso das cervejarias

artesanais do estado de Sao Paulo, esse imposto tem o valor de 25,2% do valor de

producao somado ao imposto do Simples.

• Refrigeracao Estoque: Esse valor considera os custos de energia eletrica gastos

com a refrigeracao do estoque, um custo variavel em funcao da quantidade estocada.

• Pesquisa e Desenvolvimento: Essa secao inclui os custos de producao de receitas

em um equipamento caseiro com o objetivo de desenvolver novas receitas.

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• Despesas Administrativas: Essas despesas incluem agua, energia eletrica, mate-

riais de escritorio e outras despesas diarias que podem ocorrer na sede da empresa.

• Despesas de Vendas: Essas despesas incluem gastos com viagens, telefone, taxas

bancarias e outros gastos relacionados as operacoes de venda.

• Depreciacao: A depreciacao inclui somente a camara fria utilizada para refrigerar

o estoque. Seu calculo considerou um perıodo de 8 anos.

• Outras Despesas: Secao incluıda para englobar todas despesas nao previstas que

podem aparecer nas operacoes da Cervejaria.

• Funcionarios: Foi considerada a contratacao de um funcionario para exercer funcoes

administrativas.

A Empırica conseguiu atingir um Resultado Acumulado positivo em seu 11o mes

de atividade. Se considerarmos a possibilidade de negociacoes com os fornecedores e a

distribuidora, esse resultado pode ate melhorar. Provavelmente ainda ha custos relacio-

nados a todo esse processo que nao foram contabilizados, mas as margens de seguranca

utilizadas pretendem minimizar esses imprevistos quando a empresa estiver em atividade.

Os Demonstrativos de Resultado para os dois primeiros anos de atividade da Empırica

sao apresentados na Figura 19 e na Figura 20.

3.7.4 Outros Demonstrativos Financeiros

Retirando a media de custos variaveis e fixos durante o primeiro ano da Cervejaria

Empırica a partir do Fluxo de Caixa, podemos obter as seguintes metricas:

• Break Even: Como a cervejaria cigana tem custos fixos reduzidos, o Break Even

e atingido relativamente cedo. No caso da empırica, ele e atingido com vendas de

R$ 18.543, valor atingido no comeco do 3o mes de operacao.

• Payback: O Payback da Empırica acontecera no 23o mes de atividade.

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Figura 19 – Demonstrativo de Resultados do primeiro ano de atividade da CervejariaEmpırica.

Figura 20 – Demonstrativo de Resultados do segundo ano de atividade da CervejariaEmpırica.

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4 Consideracoes Finais

Embora empreender envolva riscos por sua propria natureza, esses podem ser mi-

nimizados ao seguir-se metodologias e boas praticas ja conhecidas dessa atividade. Uma

ferramenta importantıssima desse processo e o Plano de Negocio, o tipo de documento

estudado neste trabalho. Essa ferramenta estimula o empreendedor a pensar e estudar

todas as facetas compreendidas no desenvolvimento de um novo negocio e, assim, o auxilia

a obter sucesso nesse empreendimento.

Durante o desenvolvimento do Plano de Negocio da Cervejaria Empırica, teve-se

a oportunidade de desenvolver diversos aspectos ainda nao explorados pelo autor. Pode-

se explorar mais a fundo o mercado em que a empresa pretende se inserir, estudando

desde a panorama global do ramo ate o sistema tributario brasileiro. A secao financeira,

principalmente, provou-se uma area onde os conhecimentos do autor eram mınimos e,

portanto, seriam um ponto fraco da empresa caso fosse aberta sem um estudo aprofundado

do negocio.

O Plano de Negocio impele o empreendedor a separar a paixao pelo negocio da

logica. Embora com frequencia ele mesmo seja motivado por essa emocao, e necessario

que o negocio se prove viavel antes de sua implementacao. A alta taxa de mortalidade

de pequenas empresas no Brasil pode ser associada a falta de planejamento. Segundo o

(SEBRAE-SP, 2014), 55% das empresas brasileiras ainda nao elaboram planos de negocio,

sendo que 49% dos empresarios cuja empresa nao obteve sucesso consideram o planeja-

mento previo um fator chave para a sobrevivencia da empresa. Podemos concluir que

ainda falta no Brasil uma expansao de educacao empreendedora.

No entanto, apesar de um recurso poderoso, o plano de negocios apresenta uma

situacao idealizada e situacoes nao previstas por ele com certeza surgirao durante as

operacoes de uma empresa real. No caso da Empırica, uma investigacao mais aprofundada

sobre os custos reais de contrato entre cervejarias associadas no modelo cigano se faz

necessario. Apesar de ter-se obtido estimativas, o sigilo de contrato impediu a afericao de

numeros reais entre as cervejarias.

Outro ponto a ser investigado e a taxa real cobrada por distribuidoras. Como esses

numeros foram obtidos atraves de relatos de donos de cervejarias ja estabelecidas, seria ne-

cessario uma pesquisa mais aprofundada para aproximar-se de taxas melhor enquadradas

a realidade da Empırica.

Certamente surgirao imprevistos apos a abertura da Empırica. Por isso, e impor-

tantıssimo que o Plano de Negocio seja um documento vivo, um documento em constante

mudanca e adequacao. O empreendedor deve manter o foco para nao se perder nas ativi-

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dades operacionais e administrativas de uma pequena empresa, e nutrir o plano de negocio

com os dados reais de funcionamento da empresa. Atualizar sua estrategia com o decorrer

das operacoes para melhor se adequar ao mercado em constante mudanca e essencial para

se alcancar o sucesso.

Para o autor, esse trabalho foi uma oportunidade de utilizar todo o conhecimento

acumulado ao longo de sua vida para realizar um grande exercıcio de empreendedorismo.

Apesar de ter-se necessitado de conhecimentos nunca antes obtidos de maneira formal,

sua formacao mostrou-se essencial para na aptidao de obter e absorver essas informacoes.

Como um Engenheiro Eletricista, todos esses aprendizados adquiridos durante a ela-

boracao do Plano de Negocio complementaram sua formacao e o tornaram um profissional

mais versatil.

Depois de ter observado o mercado das cervejas artesanais ainda mais de perto e

ter conhecido pessoas que ja vivem nesse meio ha algum tempo, pode-se recolher otimos

relatos e, apesar de todas as dificuldades que o setor enfrenta, muitos encorajamentos para

empreender na area. Isso, somado a todas competencias do empreendedor, se mostraram

um grande motivador para empreender no setor.

Na esfera da Engenharia, o empreendedorismo como carreira ainda nao e uma

opcao incentivada dentro de universidade brasileiras, mas e uma escolha cada vez mais

comum entre engenheiros. Sua capacidade de inovacao e seu pensamento analıtico o

auxiliam nessa jornada, conferindo aos engenheiros grande potencial nessa area. Hoje, a

busca por essa carreira deve partir de cada indivıduo, mas espera-se que no futuro essa

escolha seja apresentada a cada estudante de Engenharia, nao so a Eletrica.

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Apendices

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APENDICE A – Previsao de Vendas,

Pedidos e Estoques

Tabela 7 – Projecao de Vendas, Pedidos e Estoque em litros para o primeiro ano daCervejaria Empırica.

Tabela 8 – Projecao de Vendas, Pedidos e Estoque em litros para o segundo ano da Cer-vejaria Empırica.

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APENDICE B – Fluxo de Caixa - Ano 1

Tabela 9 – Fluxo de Caixa no primeiro semestre de funcionamento da CervejariaEmpırica.

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Tabela 10 – Fluxo de Caixa no segundo semestre de funcionamento da CervejariaEmpırica.

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APENDICE C – Fluxo de Caixa - Ano 2

Tabela 11 – Fluxo de Caixa no terceiro semestre de funcionamento da CervejariaEmpırica.

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Tabela 12 – Fluxo de Caixa no quarto semestre de funcionamento da Cervejaria Empırica.

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