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Resiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional Marcio Moreira Salles Médico do Trabalho MS Ergonomia Rg. MTB. No. 13629 RESUMO O trabalho, fator de sobrevivência e auto-realização, deveria ser planejado-gerido e realizado dentro de certos e conhecidos estados de equilíbrios dinâmicos característicos do bom funcionamento do organismo do trabalhador, da saúde ocupacional “normal”, condicionadora de o que fazer em função de habilidades e competências desse organismo e de o como fazer, por que a tecnologia e as condições de trabalho são ergonomicamente consistentes. 1 Com frequência, esses equilíbrios e a capacidade do organismo para responder às exigências e mudanças no ambiente de trabalho não são necessariamente conhecidos ou, se conhecidos, não são adequadamente considerados: parte do problema. Nessa desconsideração ou omissão há múltiplas e inter-relacionadas causas que levam a um estado abstrato e circunstancial, o do estresse ocupacional, caracterizado por tristeza profunda; ansiedade e agitação; distúrbios como os que ocorrem no sono, no peso / apetite; falta de concentração e incapacidade para se desligar do trabalho e por enfermidade somáticas como são as úlceras gástricas (...); afeta-se, dessa forma, o tubo digestivo, uma caixa de ressonância de emoções através de vias nervosas, hormonais e enzimáticas que, pela desorganização de funções digestivas e mudanças patológicas, compromete-se a saúde ocupacional. Comprometimento que pode estar ligado ao acelerado desenvolvimento tecnológico, à gestão do trabalho e a intensa concorrência, não apenas em âmbitos hospitalares, mas também na vida cotidiana, que transcende, - esse estado de tensão do organismo obrigado a enfrentar riscos, capacidades de ajustes às exigências e mudanças. Os objetivos se orientaram para a obtenção de dados de fontes primárias (aplicação do teste de Lipp ou Inventário de Sintomas de Estresse) e secundária (pesquisa documental) para estudar aspectos da resiliência na saúde ocupacional de médicos intensivistas e evidenciar a gravidade do problema e a necessidade de soluções. Parte dessas soluções se baseia em indicadores da saúde ocupacional, em indicadores consistentes de síntese de informações para o planejamento e gestão. Na metodologia se destacam aspectos conceituais como os de estresse, coping e saúde ocupacional; os procedimentos e técnicas - métodos de obtenção de dados, síntese, análise e inferência com abordagem descritiva baseada em estatística não-paramétricia. Os principais resultados destacam os fatores estressantes do ambiente, das condições de organização - gestão e da infra-estrutura Na parte conclusiva e de recomendações, destaca-se a necessidade de observações - registros, monitoramentos - avaliações e pesquisas - estudos direcionados para gerar - disponibilizar informações técnico - científicas de suporte de programas de reorganização do setor, com planos de orientação e fundamentação em fases como as de seleção e capacitação do trabalhador considerando, por um lado, habilidades e competências oferecidas e, pelo outros, exigências e condições demandadas: o equilíbrio, com seguras margens, é um aspecto essencial; a necessidade de observância de sinais e indicadores de resiliência e as vantagens de se assegurar e manter um ambiente propício de saúde ocupacional que incorpore diretrizes e procedimentos ergonômicos. Aponta-se, como recomendação final, a pesquisa em procedimentos metodológicos que possam efetivamente captar e registrar os sintomas de distúrbios e capacidades como as de resiliência. Palavras - chaves: médico intensivista, resiliência, estresse, coping, burnout, saúde ocupacional, LER - DORT.

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O trabalho, fator de sobrevivência e auto-realização, deveria ser planejado-gerido e realizado dentro de certos e conhecidos estados de equilíbrios dinâmicos característicos do bom funcionamento do organismo do trabalhador, da saúde ocupacional “normal”, condicionadora de o que fazer em função de habilidades e competências desse organismo e de o como fazer, por que a tecnologia e as condições de trabalho são ergonomicamente consistentes. 1 Com frequência, esses equilíbrios e a capacidade do organismo para responder às exigências e mudanças no ambiente de trabalho não são necessariamente conhecidos ou, se conhecidos, não são adequadamente considerados: parte do problema. Nessa desconsideração ou omissão há múltiplas e inter-relacionadas causas que levam a um estado abstrato e circunstancial, o do estresse ocupacional, caracterizado por tristeza profunda; ansiedade e agitação; distúrbios como os que ocorrem no sono, no peso / apetite; falta de concentração e incapacidade para se desligar do trabalho e por enfermidade somáticas como são as úlceras gástricas (...); afeta-se, dessa forma, o tubo digestivo, uma caixa de ressonância de emoções através de vias nervosas, hormonais e enzimáticas que, pela desorganização de funções digestivas e mudanças patológicas, compromete-se a saúde ocupacional. Comprometimento que pode estar ligado ao acelerado desenvolvimento tecnológico, à gestão do trabalho e a intensa concorrência, não apenas em âmbitos hospitalares, mas também na vida cotidiana, que transcende, - esse estado de tensão do organismo obrigado a enfrentar riscos, capacidades de ajustes às exigências e mudanças. Os objetivos se orientaram para a obtenção de dados de fontes primárias (aplicação do teste de Lipp ou Inventário de Sintomas de Estresse) e secundária (pesquisa documental) para estudar aspectos da resiliência na saúde ocupacional de médicos intensivistas e evidenciar a gravidade do problema e a necessidade de soluções. Parte dessas soluções se baseia em indicadores da saúde ocupacional, em indicadores consistentes de síntese de informações para o planejamento e gestão. Na metodologia se destacam aspectos conceituais como os de estresse, coping e saúde ocupacional; os procedimentos e técnicas - métodos de obtenção de dados, síntese, análise e inferência com abordagem descritiva baseada em estatística não-paramétricia. Os principais resultados destacam os fatores estressantes do ambiente, das condições de organização - gestão e da infra-estrutura

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Resiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

Marcio Moreira Salles Médico do Trabalho – MS Ergonomia

Rg. MTB. No. 13629

RESUMO

O trabalho, fator de sobrevivência e auto-realização, deveria ser planejado-gerido e realizado

dentro de certos e conhecidos estados de equilíbrios dinâmicos característicos do bom

funcionamento do organismo do trabalhador, da saúde ocupacional “normal”, condicionadora de

o que fazer em função de habilidades e competências desse organismo e de o como fazer, por

que a tecnologia e as condições de trabalho são ergonomicamente consistentes. 1 Com

frequência, esses equilíbrios e a capacidade do organismo para responder às exigências e

mudanças no ambiente de trabalho não são necessariamente conhecidos ou, se conhecidos, não

são adequadamente considerados: parte do problema. Nessa desconsideração ou omissão há

múltiplas e inter-relacionadas causas que levam a um estado abstrato e circunstancial, o do

estresse ocupacional, caracterizado por tristeza profunda; ansiedade e agitação; distúrbios como

os que ocorrem no sono, no peso / apetite; falta de concentração e incapacidade para se desligar

do trabalho e por enfermidade somáticas como são as úlceras gástricas (...); afeta-se, dessa

forma, o tubo digestivo, uma caixa de ressonância de emoções através de vias nervosas,

hormonais e enzimáticas que, pela desorganização de funções digestivas e mudanças

patológicas, compromete-se a saúde ocupacional. Comprometimento que pode estar ligado ao

acelerado desenvolvimento tecnológico, à gestão do trabalho e a intensa concorrência, não

apenas em âmbitos hospitalares, mas também na vida cotidiana, que transcende, - esse estado de

tensão do organismo obrigado a enfrentar riscos, capacidades de ajustes às exigências e

mudanças. Os objetivos se orientaram para a obtenção de dados de fontes primárias (aplicação

do teste de Lipp ou Inventário de Sintomas de Estresse) e secundária (pesquisa documental)

para estudar aspectos da resiliência na saúde ocupacional de médicos intensivistas e evidenciar a

gravidade do problema e a necessidade de soluções. Parte dessas soluções se baseia em

indicadores da saúde ocupacional, em indicadores consistentes de síntese de informações para o

planejamento e gestão. Na metodologia se destacam aspectos conceituais como os de estresse,

coping e saúde ocupacional; os procedimentos e técnicas - métodos de obtenção de dados,

síntese, análise e inferência com abordagem descritiva baseada em estatística não-paramétricia.

Os principais resultados destacam os fatores estressantes do ambiente, das condições de

organização - gestão e da infra-estrutura

Na parte conclusiva e de recomendações, destaca-se a necessidade de observações - registros,

monitoramentos - avaliações e pesquisas - estudos direcionados para gerar - disponibilizar

informações técnico - científicas de suporte de programas de reorganização do setor, com planos

de orientação e fundamentação em fases como as de seleção e capacitação do trabalhador

considerando, por um lado, habilidades e competências oferecidas e, pelo outros, exigências e

condições demandadas: o equilíbrio, com seguras margens, é um aspecto essencial; a

necessidade de observância de sinais e indicadores de resiliência e as vantagens de se assegurar

e manter um ambiente propício de saúde ocupacional que incorpore diretrizes e procedimentos

ergonômicos. Aponta-se, como recomendação final, a pesquisa em procedimentos

metodológicos que possam efetivamente captar e registrar os sintomas de distúrbios e

capacidades como as de resiliência.

Palavras - chaves: médico intensivista, resiliência, estresse, coping, burnout, saúde

ocupacional, LER - DORT.

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1) INTRODUÇÃO

Preocupações como são as decorrentes de desafios, - em toda parte e todo o

tempo, da vida moderna, em especial no trabalho competitivo e exigências como as de

preparação adequada, - em intensidade, especificidade e oportunidade, para enfrentar

tais desafios podem ser fatores estressantes do trabalhador, aparentemente com

paradoxos e mudanças inevitáveis, segundo McCormick (2008). São fatores de riscos,

aliados a eventos extraordinários como doenças - mortes, catástrofes (evidenciadas e

anunciadas, locais e globais), assim com assédio, desemprego, esforços para manter

vínculos empregatícios e agitação social de ocorrências por vezes aleatórias, contribuem

para aumentar níveis de estresse no trabalhador dominado por situações e fatores

estressantes. 2

Essa mesma agitação social e a permanente cobrança por parte de organizações, -

as do trabalho, permanentes cobranças impõem exigências e relações caracterizadas

pela excessiva carga de trabalho com feições especiais em médicos intensivistas, tais

como: privações do sono, distúrbios cognitivos (ASKEN e RAHAM, 1983); baixos

salários, desvalorização profissional; e por hábitos como os de procrastinação

(SALLES, 2010) diante de ações depressivas, cumulativas e fontes de múltiplos

estressores no contexto da saúde ocupacional. Algumas dessas fontes estão relacionadas

com a natureza e ambiente de trabalho.

São efeitos, - os de fatores estressantes no trabalhador, que minam as defesas

naturais do organismo, aceleram a pressão arterial, provocam doenças e alteram

comportamentos caracterizados por estados como os de tristeza profunda; apatia e

desinteresse; falta de concentração; sentimentos como os de raiva, indignação,

incompetência, culpa e agressão; e pensamentos mórbidos recorrentes sobre a morte ou

o suicídio, além de agitação, fadiga e distúrbios no sono, peso corporal e apetite.

Para "tratar" as "imposições" da organização no trabalho e os efeitos negativos na

saúde e bem-estar dos quais o trabalhador não escapam, há formas para o trabalhador se

preparar, lidar e evitar a fácil frustração provocada pelo grande número de fatores

estressantes que reduzem defesas do organismo. Maus comportamentos - hábitos como

as de adiar a busca de tratamentos diante o aparecimento de anormalidades, - lesões ou

distúrbios, associados ou decorrentes do trabalho, afetam essa capacidade ou minam

forças psicológicas e biológicas do organismo para recuperar estados resilientes, manter

a enfrentar e superar, com sucesso, ameaças e mudanças. Afetando-se essas forças

naturais comprometem-se atributos como os da criatividade e habilidades, “capacidade

para suportar” pressões, “suportar” lesões e dor, auto-respeito, e se tornar

emocionalmente mais resistente. Conhecer as formas de recuperação e manutenção,

preservar a fonte de habilidades e competências e utilizar criteriosamente essa

capacidade é essencial na saúde ocupacional.

Destaca-se neste documento, o conceito de resiliência associado à saúde

ocupacional, com indicações, baseadas em estudos de casos e observações pontuais de

centros médico intensivistas de Brasília, DF, complementadas com pesquisas

documentais sobre esse assunto, que apontam procedimentos e comportamentos para o

trabalhador se tornar emocionalmente mais resistente e melhorar - mudar reações e

atitudes para enfrentar “inevitáveis” fatores estressantes no ambiente de trabalho,

contribuindo, dessa forma, para manter a saúde laboral em seus melhores estados:

aqueles de bem-estar e conforto, de plena capacidade produtiva associada à criatividade

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conformada às condições físicas, biológicas, socioculturais, psicossociais - emocionais

etc. do trabalhador e que devem ser respeitadas (conhecidas e institucionalizadas) e

atendidas (em toda a organização, desde seleção e treinamento de pessoal até alocação e

monitoramente – avaliação) pela organização de trabalho.

2) DESENVOLVIMENTO

São considerados, de forma resumida, seis aspectos fundamentais no

desenvolvimento que caracteriza um trabalho técnico-científico, conforme normas como

as da ABNT. Esses aspectos são: a) o problema e sua importância, definido pelas suas

causas reais - principais e por relações como as estabelecidas pela ergonomia e seus

efeitos, compreendendo diversas múltiplas disciplinas (por exemplo, (antropometria,

biomecânica, engenharia, fisiologia e psicologia): importância do problema; psicologia,

entre outras); b) os objetivos, ao considerá-los vis-à-vis com os fatores causais,

definidos no problema, e com devidas previsões e alocações de meios para atingi-los; c)

as prováveis “novas” habilidades, características, hábitos, percepções–visões, ajustes-

mudanças que podem melhorar a saúde ocupacional afetada por diversas fontes causais

de estresse, de comprometimento da resiliência propostas como hipóteses a serem

testadas: orientações teóricas com suporte na realidade, e sempre objetos de testes para

se alcançar os objetivos; d) a revisão de literatura destacando os conceitos utilizados no

estudo, aspectos metodológicos e soluções apresentadas por outros autores -

pesquisadores sobre o assunto; e) a metodologia, incluindo procedimentos, técnicas e

métodos de obtenção, síntese e tratamento dos dados com inferências discutidas e

apresentas na próxima etapa; f) os resultados, constituindo-se a parte central, com

informações obtidas de inferências e complementações de pesquisa documental; entre

outros aspectos sumariamente apresentados.

As organizações modernas, incluindo as do trabalho, caracterizam-se por

frequentes e rápidas transformações tecnológicas, econômicas, socioculturais e político-

institucionais que exigem mudanças no ambiente, nas instituições e no trabalhador. Tais

exigências, em muitos casos, terminam impondo sacrifícios, desconfortos e perdas da

capacidade do organismo do trabalhador se ajustar às novas realidades: o estresse como

uma reação emocional, sem controle, e física, além da tolerância, a uma mudança,

exigência ou resposta de fatores estressantes que possam levar ao desequilíbrio e perda

da capacidade resiliente.

Deve-se esclarecer que todas as pessoas têm estresse e que essa reação não é

necessariamente ou sempre prejudicial e causadora de problemas a saúde. O

conhecimento de indicadores de resiliência permite diferenciar e aproveitar o estresse

carregado de energia durante curtos períodos e que não comprometem a saúde do

indivíduo, o eustresse de outras formas nocivas à saúde. O foco e interesse, neste

estudo, são para os estresses negativos, - o distresses, associados ou relacionados com: a

depressão e tristeza profundas; a apatia (queda ou falta do interesse, prazer, satisfação

etc.) e absentismo; a angústia e ansiedade; a irritabilidade e agressividade exacerbadas;

o baixo rendimento e aumento de erros no trabalho; o cansaço e confusão mental; a

tensão e sentimento de isolamento; a impaciência, impotência, insegurança e frustração;

entre outras manifestações do distresse que impacta à saúde ocupacional. Tais foco e

interesse destacam o problema do estresse na resiliência; e de baixas ou perdas de forças

psicológicas e biológicas requeridas para enfrentar e superar mudanças e obstáculos na

atividade laboral, a do médico intensivista, com inúmeros fatores estressantes.

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2.1) O problema

No contexto de turbulência e competitividade que domina o cenário de trabalho de

profissionais, entre outros os da saúde, busca-se (deveria se buscar: ao não fazê-lo,

define-se parte de um problema que é epidemia no mundo atual) a flexibilidade como

forma de ajustamento do organismo às mudanças, condições e aos novos contornos, -

contingências, exigências e imposições como as de horários a cumprir, prazos a atender,

metas a alcançar, formas de relacionamento a manter etc. Exigências e condições que

passam a se constituir fatores estressantes na vida do médico. Formas que determinam

novas “racionalidades” (apenas na perspectiva da empresa, de hospitais) nas instituições

e interdependências entre processos e fenômenos (não consideradas pela organização do

trabalho e, portanto, parte do problema) que provocam impactos e rupturas (efeitos da

omissão na saúde ocupacional) com reflexos negativos na saúde física e mental do

profissional da saúde.

O problema, neste estudo, é definido como a perda ou o enfraquecimento da

capacidade de um sistema, - a do trabalhador, considerado de forma integral corpo e

mente, de suportar perturbações como as que ocorrem em seu ambiente de trabalho:

mudanças ou ajustamentos, cobranças ou exigências (...). São insuficiências para manter

essa capacidade, retornar ao estado de equilíbrio, de comportamento “normal” e

suportar o fluxo de fatores estressantes portadores de raiva e frustração, de ansiedade e

depressão, de irritabilidade e perturbações do sono como insônia ou hipersônia, de dores

localizados no corpo por causa de esforços como são os movimentos monótonos e

repetitivos impostos por determinados trabalhos e condições do local, baixa

concentração, respiração ofegante, tensão e cansaço, etc. Em alguns, esses fatores

permanecem presos às emoções negativas após os eventos causais físicos serem

excluídos. Isto, porque há diretas e estreitas ligações entre o estado mental, a saúde 3 e o

desempenho no trabalho.

A flexibilidade, uma das características da resiliência, é uma das competências

requeridas requerida pela dinâmica e competição no trabalho que, se adequadamente

atendida, - a flexibilidade, seria capaz de explicar e internalizar, na “racionalidade” e

interdependência, a subjetividade e identidade (habilidades, competências, capacidades

etc. do trabalhador) diante de inúmeras situações de tensão, pressão e ruptura presentes

no ambiente de trabalho.

Um contexto caracterizado pela pouca ou insuficiente capacidade de abstração -

superação de fatores e condições estressantes advindas de continuas pressões de

empresas empenhadas em alcançar índices e metas de competitividade com reduções de

quadros de trabalhadores e aumento de competitividade. Uma situação que, além de

estabelecer novos desafios como na melhor preparação de profissionais, gera

imposições que limitam a capacidade do indivíduo se recuperar e amoldar às

deformações (“racionalidades”, interdependências etc.) situacionais.

Com esse comprometimento ou agressão - reação pelo desequilíbrio entre

exigência do trabalho (do ambiente, da infra-estrutura, da gestão - administração, de

planos como os de metas etc.) e capacidade de atendê-la (BERNIK, 2009;

complementado), perdem-se condições naturais, - valiosas e por vezes não reconhecidas

(parte do problema, inclusive para o profissional informado como é o médico: estresse

fisiológico, predisposição genética etc.), de recuperação e de suporte e manutenção, - de

resiliência, de continuação por enfraquecimento ou falência orgânica- - síndrome de

burnot, e abrem-se caminhos como os de perdas de habilidade, da capacidade criativa,

de competências e instauração de estados como os de depressão, com sintomas

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recorrentes e persistentes durante determinados períodos (RIBEIRO, 2009;

complementado).

Que se enfraquece, degrada ou perde como consequência do estresse provocado

no ambiente do local, pela tecnologia sem ergonomia, com a gestão sem ter em conta

habilidades e competências do trabalhados e pela natureza do trabalho repetitivo e

intenso? Atributos naturais de um processo, - o da resiliência, capaz de representar e

ativar componentes de auxilio ao médico para enfrentar situações, no aprimoramento de

forças psicossociais, na capacidade de resolução de problemas, na conquista de

autonomia e no sentido ou propósito para a vida e o futuro (CARMELLO, 2008).

Perdem-se ou se enfraquecem atributos de um processo valioso por causa do estresse

crônico; uma fonte insubstituível de habilidades e competências do médico intensivistas

para avaliar situações como as de percepções, "leituras" e interpretações de múltiplos e

seguidos casos de doenças; sua mobilização tanto física como cognitiva, comprometida

ao empreender esforços emocionais e comportamentais para decidir - agir em

prognoses, comunicar etc.; e competências reduzidas de exigências externas como

ameaças e desafios reais e ameaças e desafios nem sempre reais, para manter o controle

e dominar a situação, antes que seja dominado por ela.

2.2) As Hipóteses

Definem-se, como hipóteses, quatro conjunto de proposições teórico-empíricas

testáveis definidas com dados da realidade em unidades de tratamento intensivo

hospitalar. Essas proposições, testáveis em parte neste estudo, são:

a) Os fatores considerados do Teste de Lipp, agrupados em três conjuntos e

definidores de fases como as de alerta, resistência e exaustão são igualmente

importantes. Trata-se de uma clássica hipótese de nulidade, pressuposta como

aceita no teste e que será objeto de aplicação no estudo. Na primeira parte da

apresentação de resultados se indicam possíveis opções, baseadas em teorias da

ciência médica e resultados de outros pesquisadores: hipóteses alternativas.

a) O conhecimento, aplicação - monitoramento e avaliação - correção oportuna de

padrões ergonômicos, estabelecidos pela ciência médica e incorporados, em parte,

em instruções e legislações normativas, em planejamento e gestão do trabalho é

procedimento inclusivo da resiliência como fator essencial na saúde ocupacional.

Está implícito, nesta proposição, que diretores - chefias de hospitais, organização

do trabalho e seleção - capacitação de médicos intensivistas sejam criteriosamente

orientados em bases técnico-científicas operacionais, portanto, sem inferências ou

predomínio de interesses de políticas partidárias.

b) O monitoramento sistemático e a avaliação periódica de fatores estressante como

respostas a estímulos, - sintomas do estresse em seus diversos estágios e fontes de

causalidade, podem ser traduzidos em indicadores e índices capazes de

associarem causas e efeitos. Exemplos desses estímulos "reduzidos" a indicadores

para fundamentar ou auxiliar o monitoramento, avaliação - controle e gestão de

pessoal são: o medo e a raiva, caracterizados por liberações de epinefrina ou

norepinefrina, glico e minerocorticoides. Tais liberações, com indicações de

medidas em intervalos, produzem modificações como taquicardias, aumento do

fluxo sanguíneo para os músculos e medriase, entre outros que estão associados

com a preparação do organismo para agir (eustresse) ou se mostrar ansioso,

frustrado, incapaz (distresse: hipercolesterolemias). 4 Outro exemplo de indicador

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que pode ser estabelecido (teórico e prático - empírico: dados) é o do limite de

mecanismos da adaptação para evitar ou minimizar a ocorrência de doenças de

adaptação como são a hipertensão, infarto e úlceras; ao se estabelecer esse limite,

evita-se que o próprio organismo seja lesado pelos seus mecanismos de defesa, de

excessivas adaptações; com esse indicador, estabelece-se um "bom alvitre", - o

definido pelo indicador para determinadas circunstâncias e níveis, de tensão

emocional e física, destacando-se o aspecto de sintomas do estresse de alerta.

c) As UTI são locais, em “condições favoráveis” (parte da hipótese), para prováveis

observações oportunas, registros consistentes desse fenômeno, análises e

inferências sustentáveis de múltiplos aspectos de interesse na pesquisa e ciência

da saúde ocupacional (outra parte da hipótese). Essas condições e prováveis

atividades são básicas para entender fatores estressantes determinantes do

problema, com benefícios ou retornos positivos para as UTI. Um problema

provocado por atividades desenvolvidas no trabalho que exige um excesso de uso

dos sistemas musculoesquelético e mental-intelectual a que é submetido o

profissional da saúde; que demanda repetições de atividades, de posturas

incorretas e de excesso de força capazes de obstruírem a circulação sanguínea

(impossibilitam a irrigação de estruturas importantes como artérias e nervos de

pessoal de apoio e enfermeiros); e que desencadeiam processos inflamatórios em

músculos (bursite e tendinite). Tais locais, além de permitirem observações e

registros com qualidade e utilidade, são “laboratórios” ou “campos experimentais”

integráveis a centros de ensino – capacitação (parte da hipótese). Os resultados

esperados são dados para definir indicadores de delimitação e caracterização de

perturbações e lesões provocadas por variáveis, tais como: ambiente de trabalho

inadequado (porque é desconfortante e provoca tensão, rigidez, dor etc.);

exigência de aumento de produtividade e sobrecarga física–intelectual; repetição

de atividades que provocam dormências; má divisão de tarefas e, em particular, da

gestão; mobiliário não adaptada às condições do trabalho e às possibilidades

resilientes (por exemplo, redução de habilidades ou destreza manual, de

coordenação etc.) do trabalhador; pressão (física, moral etc.) no ambiente de

trabalho. Nesta hipótese são compreendidos diversos fatores de risco que podem

ser agrupados em biomecânicos, gestão – administrativos e psicossociais

considerados na apresentação e discussão de resultados. O aspecto destacado,

nesta hipótese, é a formulação de indicadores que possam sintetizar e comunicar

fatores e condições adversas ou punitivas à saúde ocupacional, com

manifestações, tais como: c.1) motor, com valores eletromiográficos associados a

determinadas perturbações, sensações de tensão e dor em rosto, ombros, braços e

nuca); c.2) vegetativo com índice de liberação de catecolaminas e de excitação do

sistema nervoso autônomo: efeitos, também "traduzidos" por índices, como os de

taquicardias, sudorese, respiração ofegante, aumento de glicemia, estimulação

tireoidiana etc.; c.3) subjetivo - cognitivo (por exemplo, ansiedade - angústia,

insegurança, medo - pânico, perdas de concentração, fragilização do ego, etc.). A

semelhança da primeira proposição, nesta está implícito, além, das considerações

mencionadas, a preparação e devida orientação para desenvolver estudos e

pesquisas, nesses locais e condições das UTI, no avanço do conhecimento nesta

área.

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2.3) Os Objetivos

Levantar dados e informações de diversas fontes, sintetizá-los em termos de

indicadores e índices, analisá-los e obter inferências quanto a percepção e importância

de fatores estressantes e da capacidade de resiliência de trabalhadores da saúde para

evidenciar a gravidade e consequências de problema provocados pelo estresse e para

indicar, com base nos resultados da pesquisa, medidas e procedimentos de redução e

controle de estados crônicos de estresse; para fundamentar a necessidade de buscar e

criar ambientes suficientemente flexíveis, sem perdas de objetividade e direcionamento,

capazes de lidar com a turbulência e competitividade que domina cenários do trabalho

de profissionais como os da saúde.

Evidenciar o problema e efeitos do enfraquecimento da capacidade do sistema

orgânico do trabalhador, em sua forma integral corpo e mente, como parte de um

processo educativo e de conscientização do conhecimento e valor da resiliência a ser

protegida, em suas fontes, e potencializada quando mudanças ou ajustamentos,

cobranças ou exigências estejam plenamente conformadas com essa capacidade de

suportar e retornar ao estado de equilíbrio e normalidade: estados que possibilitarão

lidar com os inevitáveis fatores estressantes portadores de raiva e frustração, ansiedade

e depressão, irritabilidade e perturbações, entre outros sintomas que foram indicados na

definição do problema.

São indicações e procuras que poderão auxiliar a reestruturação do setor e

adequação - ajuste de políticas orientadas para a melhoria da saúde ocupacional do

médico intensivista, no aspecto da resiliência resgatada, - este é o início desse propósito,

no contexto da saúde ocupacional.

Na apresentação e discussão de resultados são sugeridas ações e ajustes,

complementações e mudanças de procedimentos que se orientam para o atendimento de

melhorias em processos de pesquisas.

2.4) A Metodologia

Aspectos éticos. Parte dos dados utilizados na pesquisa procede de fontes

primárias: sexo, idade (anos), estado civil, tempo de formado (anos), tempo de trabalho

em UTI (anos) e fontes de estresses, com especificações; por esses aspectos, preserva-se

a fonte desses atributos. São dados obtidos de Marcio Moreira Salles, - Médico do

Trabalho – MS Ergonomia. Rg. MTB. No. 13629 (autorização para publicação análise

dos dados e resultados).

Outras partes provem de fontes secundárias, de pesquisas documentais

diretamente relacionadas com o tema em foco.

Das fontes primárias de dados, destacam-se observações de registros em

prontuários - diagnoses médicas e, em especial, entrevistas - questionário com17

médicos intensivistas (2009), orientadas pelo teste de Lpp - ISS (Inventário de Sintomas

de Stress) composto por três fases: a) a fase de alarme quando definidas ou encontradas

pelo menos pelo menos 46,7% do conjunto de 15 possíveis sintomas propostos para

definir essa fase; b) a fase de resistência ou luta, em se propõem, também, 15 opções de

possíveis sintomas a observar – registrar na diagnose, verificando-se no último mês

anterior à consulta pelo menos 26,7% deles para definir essa fase; c) a fase de exaustão,

com 22 possíveis opções de sintomas observáveis - registráveis nos últimos três meses

para definir o esgotamento, considerando-se que tal definição seria dada pelo menos por

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40,1% dos sintomas propostos. É importante, além de fiel representação do atributo pela

observação e registro no dado, identificar a natureza das variáveis que acenam, -

orientações gerais e não regras fixas, para a análise e inferência estatística. É preciso ter

um esquema de orientação para a escolha de testes na inferência estatística, entre

variáveis categóricas (ou qualitativas) e onde as observações e registros podem ser

classificados em uma das categorias mutuamente exclusivas. Essa referência é

importante para o estudo mensurar o nível de associação entre dois conjuntos de escores

referentes a um grupo de indivíduos, compreendendo testes de independência e

homogeneidade, entre outros. Foram utilizados os testes Qui-Quadrado (2; teste não-

paramétrico) / tabelas de contingência 5 e Student (t), para avaliar hipóteses com

variáveis qualitativas e quantitativas, respectivamente. Para verificar a normalidade da

distribuição pode ser utilizado o teste de Kolmororov-Smirnov. Na análise de dados foi

utilizado o programa Statistical Analyses System - SAS. As inferências estatísticas

podem estar baseadas em testes paramétricos com especificação da distribuição de

probabilidade na variável objeto de teste ou sem considerar essa distribuição, para o

caso de testes não-paramétricos. Aspectos teóricos e aplicativos são apresentados em

discussão de resultados. Os resultados são apresentados com o auxílio de ilustrações

como tabelas, quadros e gráficos.

2.5) Revisão de Literatura

Apresentam-se, nesta parte, conceitos, procedimentos metodológicos e resultados

alcançados por outros pesquisadores que possam servir de referências à com o tema

central resiliência, fator essencial omitido na saúde ocupacional.

Rutter (1999), um dos pioneiros no estudo da resiliência, refere-se a esse

fenômeno "como uma relativa 'resistência' [observada em algumas circunstâncias, mas

em outras não, dependendo do ciclo vital da pessoa; portanto, não se trata de um

construto universal] que se manifesta em algumas pessoas diante de situações

consideradas potencialmente de risco psicossocial para seu funcionamento e

desenvolvimento". Essa "resistência" pode ter um efeito positivo como um valor a

construir ou um efeito negativo como uma característica a lamentar. Destaca a interação

entre fatores genéticos e ambientais que podem agir tanto na proteção para certos

momentos como configurar riscos em outros. Esse destaque, um fator de complexidade,

impõe determinar, para compreender por que a resiliência se mostra em apenas certas

situações, as interações, considerando-as a partir do contexto em que acontecem e do

momento histórico vivido pela pessoa.

Ressalta Rutter (op. cit.) que "essa ‘capacidade’ para superar as adversidades

inclui desde a habilidade da pessoa para lidar com as mudanças que acontecem em seu

meio, sua confiança na própria eficácia, até o repertório de estratégias e habilidades de

que dispõe para enfrentar os problemas".

Na resiliência, onde se misturam e inter-relacionam condições e fatores físicos

como, por exemplo, doenças súbitas e fatores de estresse no local de trabalho e

psicológicos como, por exemplo, dificuldades de relacionamento com os outros e

competição, é um processo que afeta todos os organismos e onde o sistema usa

mecanismos de proteção como elementos estruturantes de uma grande rede de proteção

ao estresse.

Um processo que é coordenado pelo cérebro mediante avaliações cognitivas de

sinais corporais (neuroendocrinológicos) de modo a gerar uma série de respostas

Page 9: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

9

específicas, dada pelo do sistema nervo simpática. São respostas que, na sequência de

um desafio estressante e com a liberação de noradrenalina, definem o surgimento de

reações como as de adiar / fugir, - procrastinação (SALES, 2010) ou de lutar.

As reações poderão se manifestar conforme sintetizado na definição do problema

e que podem se acusar como impeditivas para a pessoa manter a harmonia interna e com

o meio externo por quebra da homeostase.

Um conceito baseado em estudos de Selye (1965), de evolução, dinâmica da

síndrome de adaptação e de potencial na gênese de doenças que estabelece um novo

modo de considerar o organismo, Dentre tais considerações se exemplifica o fato de as

respostas orgânicas não serem isoladas, mas relacionadas entre si e entre os diversos

sistemas.

Nesse contexto de inter-relações de variáveis, situa-se o trabalho, uma exigência

de esforços físicos, cognitivos e psicossociais, que o trabalhador deve procurar manter

em estado de equilíbrio, de forma harmônica e sistêmica (sem quebrar o equilíbrio, a

homeostase) para aproveitar habilidades, potencializar competências e fortalecer

capacidades como as de resistir as pressões, aos fatores estressantes; restaurar e por

vezes fortalecer estados "normais" dessa reação orgânica, - o estresse (para alguns,

doença somáticas de adaptação ao meio) diante de esforços extremos ou importantes

capazes de ativarem um processo hormonal e nervoso. Essa ativação pode se manifestar

em fases, tais como: a fase de alarme, como reações de alerta, com fatores estressantes

suportáveis ou, ainda, com características positivas que movem às pessoas para a ação e

as mantém alertas em relação ao seu meio; nessa fase se pode encontrar o eustresse:

estado de prontidão orgânica e mental com predisposição a entrada de homeostase, após

a permanência de alerta; a fase de resistência ou luta, diante a ameaça ao equilíbrio e

prolongado estado de prontidão do organismo, mesmo na ausência de fatores de riscos;

nesta fase, encontra-se aumentada a disposição e novas excitações geras e os sinais de

alarme têm aumentada sua intensidade e efeitos o que eroda a fonte de suporte e

recuperação, facilitando a seguinte fase; a fase de exaustão ou de distresse, quando

foram ultrapassados os limites do organismo, a capacidade resiliente pelos estímulos

estressantes contínuos, intensos e de longa duração; pela ausência de relaxamento e

instalação de distúrbios como desequilíbrios da formação reticular impactando a

formação límbica, além de alterações humorais e perdas de defesas orgânicas.

Na literatura se apontam tanto causas emocionais quanto causas orgânicas e

organizacionais, com manifestações e reações que podem variar de pessoa para pessoa,

em geral, difíceis de serem caracterizadas (identificadas, medidas e inter-relacionadas),

porém com inúmeros testes bioquímicos que podem auxiliar a revelação de estresse, tais

como dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico,

cortisol, 17OHCTS, HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4,

fenflunamina, melatonina, prolactina, etc. (diversos autores citados por PAIVA, 1990).

As causas que podem provocar o estresse têm diversas origens. Neste estudo,

destacam-se as relacionadas com o trabalho em dimensões físicas, administrativas –

gerenciais e psicossociais, tais como: equipamentos, mobílias e condições físicas do

local de trabalho; sobrecarga, esgotamento, tensão, assédios, censurar etc.; psicossociais

e choques emocionais como falecimentos de pessoas muito próximas; problemas

socioculturais como isolamento; e doenças psíquicas como depressão, ansiedade e crise

de angustias. Dessas manifestações se destaca, conforme indicações de Nahas (2001), a

fatiga. Um fenômeno que pode ser entendido como um conjunto de alterações que

ocorrem no organismo, resultantes de atividades físicas ou mentais e que levam a uma

Page 10: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

10

sensação generalizada de cansaço e provocam perdas ou diminuição de eficiência e

capacidade de trabalho. Alguns dos sintomas mais comuns são: diminuição da

motivação; da percepção e da atenção; prejuízo na capacidade de raciocínio; menor

desempenho em atividades físicas e mentais e, como resultado, erros e perdas na função

laboral.

Para Powers e Howley (2000), a fatiga é uma incapacidade de manutenção de

produção de potência ou força durante contrações musculares repetidas. Nessas

contrações acontecem processos químicos que, entre outros, fornecem a energia para o

trabalho mecânico; após essa contração e durante o relaxamento do músculo

reconstituem-se as reservas de energia. Trata-se de um processo que deve ser mantido,

conforme critérios colocados em indicadores (hipótese de estudo) e que pode ser

violado com a fatiga muscular: um estado onde à capacidade dos músculos em

responder a estímulos e produzir trabalho é reduzida como possível resposta normal ao

estresse decorrente de atividades físicas intensas, executadas por um longo período de

tempo; um processo que pode culminar com a fadiga crônica. Este é um processo mais

generalizado, progressivo e cumulativo, decorrente de períodos longos de atividade,

repouso insuficiente, nutrição inadequada, excessiva preocupação ou outros problemas

de saúde, com sintomas como: dificuldade de dormir, irritabilidade, brusca perda de

peso e um estado geral de exaustão. Esta referência é importante para se equacionar os

fatores em naturais relações ilustradas neste estudo.

Além da fatiga muscular acima sintetizada, a literatura especializada apresenta

outras formas, tais como: a) a fatiga visual gerada pela exigência do aparelho visual; b)

a fatiga corporal geral, por causa de exigências físicas de todo o organismos; c) a fatiga

mental como consequência do trabalho mental excessivo; d) a fatiga nervosa,

provocada pela exigência exclusiva de funções psicomotoras em ambientes e condições

de trabalho monótono. Esse conjunto de fatores, condições ou situações estressantes

relacionados com o ambiente de trabalho e a saúde ocupacional determinam a fatiga

crônica como o somatório (se as variáveis forem independentes), colocando em

evidência diferentes tipos de causas, de fontes e de naturezas subjetivas e objetivas.

Como integrar efeitos de variáveis de naturezas diferentes e efeitos integráveis em um

resultado como o do estresse e resiliência?

É possível, em tese, ter uma unidade de aproximações ou equivalências de

insatisfação, desconforto e perda provocadas por: a) a sonolência, lassidão e pouca ou

perda de disposição para o trabalho, quando se estabelece uma referência consistente e

se observa - mede em escalas coerentes; de dificuldade de pensar, atender e ser criativo,

quando se possam definir estados e estabelecer comparações; de tristeza profunda,

apatia, isolamento e sentimentos como os de incompetência - incapacidade para atender

exigência, quando se possam definir causalidades e atribuir responsabilidades, avaliar

comportamentos, condições desfavoráveis, projetos inadequados de postos de trabalho

no âmbito ergonômico; no âmbito da regularidade - resiliência da saúde ocupacional; no

âmbito do conhecimento do problema e do reconhecimento de ações e esforços

conscientes que se traduzam em desejos possíveis, doses de aceitação de mudanças,

flexibilidades necessárias, alterações ou ajustes para aliviar níveis de irritabilidade,

baixa auto-estima, maus hábitos na alimentação e sedentarismo (...). É parte do

problema com tantos fatores-situações, inter-relações e desdobramentos em dimensões

objetivas, subjetivas, cognitivas e cognitivo-emocionais.

Page 11: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

11

2.6) Resultados e Discussão

A síntese de dados primários obtidos em 2009 de 17 médicos intensivista de

Brasília, DF é apresentada na Tabela 1. Nessa síntese, apresentam-se possíveis

indicadores, - relações de tempo (B/A e C/B) a serem associados com o número de

fontes estressantes apontadas, em termos qualitativos, pelos informantes. Nas fontes de

estresse foram considerados, seguindo orientações de Pereira (2000) e Lipp (2000),

estressores físicos e estressores psicológicos. Alguns desdobramentos dos dados

apresentados na Tabela 1 colocam em evidência contrastes entre grupos como, por

exemplo, sexos e respostas ao Teste (Tabela 2) e indicadores e respostas ao Teste de

Lipp (Tabela 3).

Tabela 1 Síntese de dados de 17 médicos intensivistas de Brasília, -DF, 2009.

SEXO IDADE

(A)

ESTADO

CIVIL

RELIGIÃO

TEMPOS DE:

FORMADO (B)

E UTI (C)

INDICA-

DORES

B/A; C/B

RESPOSTA

TESTE LIP FONTES DE

ESTRESSE SIM NÃO

M 56

Casado

Católico

32

15

0,57

0,47

12

Alerta 0

Luta 2

Exaustão 3

18 Poucas

M 61

Casado

Católico

33

31

0,54

0,94

23

Alerta 5

Luta 4

Exaustão 5

7 Muitas

M 65

Casado

Católico

39

25

0,60

0,64

4

Alerta 4

Luta 8

Exaustão 9

26 Pouquíssimas

M 59

Casado

Católico

30

30

0,51

1,00

9

Alerta 8

Luta 8

Exaustão 8

21 Muitas

F 42

Casada

Espírita

20

15

0,48

0,75

18

Alerta 3

Luta 6

Exaustão 7

12 Muitíssimas

M 35

Casado

Espírita

10

6

0,29

0,60

9

Alerta 1

Luta 2

Exaustão 1

21 Muitas

F 32

Casada

Católica

6

1

0,19

0,17

26

Alerta 4

Luta 8

Exaustão 9

2 Muitíssimas

F 37

Casada

Batista

6

6

0,16

1,00

19

Alerta 8

Luta 8

Exaustão 6

13 Muitas

Page 12: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

12

Continuação

Tabela 1 Síntese de dados de 17 médicos intensivistas de Brasília, DF, 2009.

SEXO IDADE

(A)

ESTADO

CIVIL

RELIGIÃO

TEMPOS DE:

FORMADO (B)

UTI (C)

INDICA-

DORES

B/A; C/B

RESPOSTA

TESTE LIP

FONTES DE

ESTRESSE

SIM NÃO

F 40

Casada

Católica

16

13

0,15

0,81

12

Alerta 0

Luta 2

Exaustão 3

7 Muitíssimas

M 51

Casado

Católico

27

21

0,53

0,78

20

Alerta 4

Luta 8

Exaustão 9

10 Muitíssimas

F 47

Casada

Espírita

16

10

0,34

0,62

25

Alerta 3

Lutas 12

Exaustão 12

5 Muitíssimas

F 34

Solteira

Católica

11

10

0,32

091

18

Alerta 4

Luta 8

Exaustão

7 Muitas

M 55

Casado

Católico

30

24

0,54

0,80

12

Alerta 3

Luta 4

Exaustão 3

18 Poucas

F 37

Solteira

Católica

8

5

0,22

0,62

8

Alerta 2

Luta 3

Exaustão 2

22 Poucas

F 30

Solteira

Católica

6

5

0,20

0,83

7

Alerta 1

Luta 1

Exaustão 1

18 Poucas

F 31

Solteira

Católica

8

5

0,26

0,62

6

Alerta 3

Luta 4

Exaustão 2

24 Muitas

M 58

Solteiro

Católico

33

25

0,57

0,76

8

Alerta 1

Luta 2

Exaustão 2

22 Poucas

A síntese de dados por gêneros, estimativas da distribuição da população com

base em estatísticas da amostra e testes sob as considerações indicadas na metodologia é

apresentada na Tabela 2, observando-se, para todos os casos e conforme a estimativa do

teste de Student, que todas as variáveis são significativamente diferentes de zero, ao

nível de 1,0%. Pelos valores calculados das estatísticas de Skewness e Kurtosis,

Page 13: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

13

conclui-se que para quase todas as variáveis, em especial no grupo masculino, a

distribuição apresentam certa assimetria, com efeitos na representatividade locacional

da média aritmética e desvio-padrão e em aplicações de testes que tem como

pressuposto uma distribuição normal. Outras medidas, uma delas a mediana, forma

calculadas, contudo não são apresentadas nessa Tabela. Observa-se, também, que a

tendência de assimetria na distribuição é mais suave para o caso do grupo de médicas.

Apresenta-se na Tabela 3 altos e significativos níveis de significância (o valor

embaixo) entre variáveis consideradas no Teste de Lipp destacadas, com algumas

diferenças quando se comparam as associações correlacionais entre gêneros.

A correlação (coeficiente produto – momento de Pearson) mostra a força (maior,

quanto mais próximo de 1,00) e a direção (sinal positivo para diretamente proporcional

e negativo para a direção inversa) do relacionamento linear entre duas variáveis, sem

implicar causalidade. No caso das variáveis “fase de alarme do estresse em médicos

(ALARMEM) e “tempo de trabalho do médico na UTI (TUTIM), com a estimativa

desse coeficiente de 0,71, tem-se uma correlação forte para 96,0% das vezes (nível de

significância). Em geral, para estimativas de valores de 0,00 a 0,19; 0,20 a 0,39; e 0,40 a

0,69, as correlações são ditas muito fracas, fracas e moderadas, respectivamente, Para o

caso de estimativas acima de 0,90, as correlações são consideradas muito fortes.

Análises mais detalhadas, portanto com dados específicos e suficientes para captar a

natureza dos atributos e inter-relações dos fatores de risco, poderão colocar em

evidências a influência de fatores como os de idade e experiências na UTI para

responderem por essas diferenças. Poderão, também, evidenciar relações como as de

causalidade.

As respostas de fatores estressantes e por fases, em termos agregados, é

apresentada na Tabela 4, com clara indicação, conforme o critério de classificação e

definição de fases do Teste de Lipp, que todos os médicos intensivistas apresentaram

sintomas de resistência no último mês antecedente da aplicação do Teste. Em média, os

estressores para as fases de alerta e de esgotamento não atingiram os números mínimos

correspondentes dessa definição.

Tabela 2 Estimativas de caracterização e síntese de dados do Teste Lipp. Brasília, 2009

VARIAVEL MÉDIA

DES. PAD.

MÍNIMO

MÁXIMO

SKEWNESS

KURTOSIS

ESTAISTICAS

STUDENT/SINAL

M A S C U L I N O

Idade

(anos)

55,0

9,1

35,0

65,0

-1,7

3,74

17,12**

4,0**

Tempo de formatura

(anos)

29,2

8,5

10,0

39,0

-1,9

4,8

9,71**

4,0**

Tempo de UTI

(anos)

22,1

8,2

6,0

31,0

-1,1

1,1

7,6**

4,0**

Número de sintoma que

definem estresse de alerta

3,2

2,6

0,0

8,0

0,6

0,2

3,2**

3,5**

Número de sintoma que

definem estresse de resistência

4,4

2,5

2,0

8,0

0,7

-1,1

4,9**

4,0**

Número de sintoma que

definem estresse de exaustão

5,0

3,2

1,0

9,0

0,3

-1,9

4,3**

4,0**

Page 14: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

14

Continuação

Tabela 2 Estimativas de caracterização e síntese de dados do Teste Lipp. Brasília, 2009

VARIAVEL MÉDIA

DES. PAD.

MÍNIMO

MÁXIMO

SKEWNESS

KURTOSIS

ESTAISTICAS

STUDENT/SINAL

F E M I N I N O

Idade

(anos)

36,7

5,6

30,0

37,0

0,6

-0,3

19,5 **

4,5 **

Tempo de formatura

(anos)

10,8

5,3

6,0

20,0

0,8

-1,0

6,1**

4,5**

Tempo de UTI

(anos)

7,8

4,5

1,0

15,0

0,3

-0,7

5,2**

4,5**

Número de sintoma que

definem estresse de alerta

3,1

2,3

0

8

1,1

2,5

4,1**

4,0**

Número de sintoma que

definem estresse de resistência

5,4

3,5

1,0

12,0

0,7

0,1

4,7

4,5

Número de sintoma que

definem estresse de exaustão

5,7

3,9

1,0

12,0

0,3

-1,3

4,4

4,5

A síntese de dados primários da pesquisa se completa com a especificação que se

apresenta na Tabela 5 destacando-se a prevalência de estressores nas faixas etária

maiores para ambos os gêneros.

Tabela 3. Matriz de coeficientes de correlação de variáveis levantadas pelo Teste de Lipp

M A S C U L I N O ( M )

IDADEM TFORMM TUTIM ALARMEM LUTAM EXAUTOM

IDADEM 1,00

0,98

<0,01

0,84

0,01

0,42

0,30

0,53

0,18

0,51

0,20

TFORMM 0,98

< 0,001 1,00

0,76

0,03

0,27

0,52

0,44

0,28

0,47

0,24

TUTIM 0,84

0,08

0,76

0,03 1,00

0,71

0,04

0,57

0,14

0,51

0,04

ALARMEM 0,42

0,30

0,27

0,52

0,71

0,04 1,00

0,84

0,01

0,73

0,04

LUTAM 0,53

0,18

0,44

0,28

0,57

0,14

0,84

0,01 1,00

0,88

0,04

EXAUTOM 0,51

0,20

0,47

0,24

0,52

0,19

0,73

0,04

0,88

0,04 1,00

Page 15: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

15

Continuação

Tabela 3. Matriz de coeficientes de correlação de variáveis levantadas pelo Teste de Lipp

M A S C U L I N O ( M )

IDADEM TFORMM TUTIM ALARMEM LUTAM EXAUTOM

F E M I N I N O ( H )

IDADEF TFORMF TUTIF ALARMEF LUTAF EXAUTOF

IDADEF 1,00 0,79

0,01

0,68

0,04

-0,03

0,94

0,55

0,12

0,51

0,15

TFORMF 0,79

0,01 1,00

0,92

<0,01

-0,33

0,38

0,20

0,61

0,35

0,35

TUTIF 0,68

0,04

0,92

<0,01 1,00

-,026

0,51

0,007

0.10

0,20

0,61

ALARMEF -0,03

0,94

-,033

0,38

-,26

0,51 1,00

0,59

0.10

0,41

0,26

LUTAF 0,55

0,12

0,19

0,61

0,007

0,98

0,58

0,10 1,00

0,88

0.002

EXAUTOF 052

0,15

0,35

0,35

0,20

0,61

0,42

0,26

0.87

0.002 1,00

Tabela 4. Dados por gênero e resposta ao Teste de Lipp em médicos

intensivistas de UTI. Brasília, 2009.

GÊNERO

RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS

ALERTA

Média

RESISTÊNCIA EXAUSTÃO

M

(8)

3,25

2,60

4,37

2,50

5,00

3,25

F

(9)

3,11

2,26

5,44

3,47

5,67

3,88

Tabela 5. Dados por gênero e resposta, com especificações por faixa

etária, ao Teste de Lipp em médicos intensivistas de Brasília, 20009.

GÊNERO

FAIXA ETÁRIA NÚMERO

RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS

ALERTA RESISTÊNCIA EXAUSTÃ

O

M (TOTAIS)

Menores de 35

Entre 35 e 50

Maiores de 50

8

0

1

7

26

0

1

25

38

0

2

36

42

0

1

41

F (TOTAIS)

Menores de 35

Entre 35 e 50

Maiores de 50

9

4

5

0

28

12

16

0

51

21

31

0

51

21

30

0

Page 16: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

16

A parte que segue se orienta, com base em pesquisa documental, na procura de

uma definição e entendimento do problema de omissão e/ou sub-consideração da

resiliência como um fator essencial da saúde ocupacional, a partir de sintomas e

respostas do organismo, da mente e do comportamento humano às pressões e às

mudanças que ocorrem no ambiente e condições de trabalho do médico intensivista.

Respostas ou reações que podem ser agrupadas em:

a) Fatores biomecânicos como movimentos repetitivos com ou sem esforços,

posturas inadequadas, mobília e equipamentos não consistentes com a saúde do

trabalhador, não-ergonômicos. Em efeitos de fatores e condições não-ergonômicas

é possível relacionar aspectos fisiológicos como os de tensão de músculos

estriados com condições do local de trabalho; essa relação pode ser constatada por

eletromiografia sendo subjetivamente influenciada por sensações de tensão no

rosto, ombros e nuca, entre outras partes.

b) Fatores fisiológicos como, por exemplo, aumentos da frequência cardíaca: da

pressão arterial e da respiração; o quanto esse aumento pode ser considerado

discriminante de um grupo, categoria ou fase estressante e de perda resiliente? O

histórico clínico poderá indicar para determinado trabalhador / paciente, essa

categoria e ainda definir uma escala. É possível utilizar, em ausência desse

histórico, estimadores de “normais” com os devidos cuidados e ajustes às

condições e ambientes da realidade em estudo. Isto, porque manifestações

vegetativas, tais como taquicardia, sudorese palmar e plantar, níveis de glicemia,

aumento de funções respiratórias, estimulação tiroidiana, entre outras que teriam

como objetivo preparar o organismo para um ataque ou fuga, relacionam-se com

liberações de catecolaminas e excitação do sistema nervoso autônomo, com

predomínio simpático.

Perturbações de fatores fisiológicos como tensão muscular e sudorese podem

evoluir para estados patológicos em função da intensidade, duração e freqüência

de fatores de risco do estresse ou como respostas de liberação de açúcares,

gorduras (...) na corrente sanguínea. Tal evolução pode ser monitorada por

indicadores bioquímicos (níveis de epinefrina e hormônios ansiogênicos como

antigabamodulina e tribulina).

c) Fatores comportamentais como, por exemplo, irritabilidade (social e no ambiente

de trabalho) e impaciência; tristeza e choro frequentes; apatia e desmotivação;

ansiedade, insegurança, negativismo, tanatismo e pânico que podem afetar a

concentração mental e a memória (anterógrada e retrógrada enfraquecidas);

agitação e não aceitação de críticas, vergonha, sentimento de perseguição e

bruxismo (agitação psicomotora); cansaço físico relacionado com tensão

emocional. Parte desses comportamentos está em processos, fisiológicos,

subjetivos e cognitivos, com referências em indicadores como os de sintomas de

doenças alérgicas de estresses produzidos por ressentimentos. Estados depressivos

endógenos podem estar relacionados com níveis de cortisol, fenfluramina,

clonidina melatonina etc.; a anisedade depressiva, com epinefrinaserotonina;

estados depressivos, com os ácidos indolacético e fenilglicol, hommovalislinico e

somatostatina, aminotriptilina, e excecreção de fenilglicol.

O Gráfico 1 e a Figura 1, como síntese do problema mediante possíveis

procedimentos de observações - registros de fatores causais de um estado de estresse,

com objetividade, e de prováveis indicações de procedimentos de como esse estado se

relaciona com a capacidade do organismo, por mecanismos psicológicos e biológicos

Page 17: Re Silien CIAResiliência: fator que é essencial, porém omitido na avaliação e gestão da saúde ocupacional

17

afetados pelos fatores de riscos, assimilar condições adversas à saúde ocupacional, para

uma melhor compreensão da complexidade desse problema. Uma definição que possa

acenar caminhos de tratamento de busca de solução, São considerados três conjuntos

que, conforme as exemplificações, encontram-se estreitamente inter-relacionados. Inter-

relações que podem ser medidas, monitoras e prognosticas os seus efeitos ordenáveis e

agrupáveis. O primeiro conjunto, os de fatores biomecânicos, é ilustrado na Tabela 6.

Para cada um dos fatores há uma referência aceita como estado de plena

normalidade, de expressão de resiliência e homeostase conforme sejam as condições

físicas, biológicas e outras do indivíduo, isto é, um estado que retrate – simplifique sua

condição biológica, psicológica e sociocultural.

Qualquer afastamento desse estado poderá representar uma lesão, distúrbio,

enfermidade e comprometimento para desempenhar funções conforme seja sua

condição psicológica e biológica. São muitos os fatores, - os de riscos de estresse, que

podem responder por esse afastamento da normalidade e que são objetos de estudo

quando devidamente observados - monitorados, medidos com sistematicidade,

registrados com consistência e analisados com efetividade.

Parte desse processo pode ser definida ao estabelecer escalas e critérios, conforme

a natureza da variável e os propósitos da análise. Os exemplos que seguem ilustram esse

processo, a partir de uma referência consistente tanto teórica como situacional – do

indivíduo; no caso de temperatura "normal" de extremidades como pés e mãos: 𝑋1𝑛 e

faixas de variações, em termos probabilísticos de intervalos de confiança, podem ser

objetos de testes na forma de hipóteses:

F a t o r e s b i o m e c â n i c o s Unidades de equivalências dos efeitos dos

fatores estressantes que permitam

ordenamentos e classificações como os de

alerta, resistência e exaustão em grupos ou

fases excludentes e indicadores de importância

relativa e inter-relacionamentos

F a t o r e s c o m p o r t a m e n t a i s Unidades de equivalências dos efeitos dos

fatores estressantes que permitam

ordenamentos e classificações como os de

alerta, resistência e exaustão em grupos ou

fases excludentes e indicadores de

importância relativa e inter-

relacionamentos

F a t o r e s f i s i o l ó g i c o s Unidades de equivalências dos efeitos dos

fatores estressantes que permitam

ordenamentos e classificações como os de

alerta, resistência e exaustão em grupos ou

fases excludentes e indicadores de

importância relativa e inter-

relacionamentos

Gráfico 1 Grupo de fatores estressantes que podem enfraquecer a resiliência na saúde ocupacional

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18

Para cada informante e, portanto, conforme sua desenvolução, histórico clínico,

características etc., define-se uma unidade de equivalência do efeito de estressores (UE)

em termos de impactos no bem-estar, de insatisfação, de dor, de perturbação etc.

manifesta e registrável, a utilizar para definir e associar fatores de riscos e perturbação

localizada. A Tabela 6 é um exemplo simplista, em que o informante manifesta efeitos

de movimentos repetitivos no pescoço e ombros como sendo aproximadamente iguais.

Tabela 6 Exemplos de fatores de riscos de estresses associados às lesões em unidades de equivalência

FATOR DE RISCO

O S F A T O R E S E A S L E S Õ E S

PESCOSO E

CINTURA OMBRO COTOVELO

PUNHO - MÃO

S. TÚNEL

CARPO TENDINITE

B I O M E C Á N I C O S

Mov. repetitivos 4 UE 4 UE 2 UE 4 UE 4 UE

Mov. repet. força 4 UE 2 UE 4 UE 4 UE 4 UE

Postura inadequada 6 UE 4 UE 2 UE 2 UE 4 UE

Equip. inadequado 2 UE 2 UE 1 UE 4 UE 4 UE

Extremidades frias; referência: temperatura normal, X1n

1ª. fase: < 15% X1n; 2ª. fase: 15% ≤X1

n ≤ 25%; 3ª. fase.: ≥25% X1n (...)

Boca seca; referência: umidade normal: X2n

1ª. fase o: < 10% X2n; 2ª fase: 10% ≤X2

n ≤20%; 3ª. fase: ≥ 20% X2n (...)

Sudorese; referência: umidade normal: X3n

1ª. fase 1o.: < 10% X3n; 2ª. Fase: 10% ≤ X3

n ≤ 20%; 3ª fase: ≥2 0% X3n (...)

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2 Distresse. Tensão capaz de romper o

equilíbrio biopsicosocial por excesso ou falta de

esforço e por incompatibilidades com o tempo,

com o resultados e com a realização no trabalho. Esta fase de manifestações extras e permanentes

(crônica) de energia caracteriza-se por:

absentismo acidentes, agressividade, alopecia, angustia, apatia, aumento de erros, baixo

rendimento, cansaço, confusão mental,

depressão, diminuição de defesas orgânicas, excessiva preocupação, excesso ou queda de

desejo sexual, falta de concentração, falta de

satisfação, fatiga, fracasso, frustração, impaciência, inapetência, indecisão,

insatisfação, inseguridade, insônia,

irritabilidade, irritação gástrica, isolamento, palpitações, perda de energia, perda de estímulo

de vida, relacionamento insatisfatório,

sentimento de culpa, tédio, temores, tensão, etc.

Figura 1 Possível desdobramentos de fatores ou condições físicas e psicológicas estressantes

na saúde ocupacional e indicações de sínteses e análises de dados para definir zonas de saúde

1 Eutresse Tensão com equilíbrio entre

esforços, tempos, realizações e resultados,

como uma atitudes positivas em relação ao

trabalho pelo fato de contribuir para se manter ativo e motivado, caracteriza-se por:

aumento da capacidades de memorização, de

atenção e de criação; atividades físicas restauradoras - mantenedoras que otimizam

rendimento muscular; boa alimentação com

todos seus efeitos positivo; equilíbrio de hemisférios cerebrais: esquerdo: analítico e

racional e direito: emocional e sentimental;

pensa-mentos e atitudes positivas pelo estímulo da liberação de epinefrina e outros

hormônios; planejamento e organização-

gestão do tempo e de atividades; relaxamento e conforto; maior nível energético e controle

de sensações como as de sono, fome e

cansaço; sentidos de humo, tolerância e

satisfação de expectativas etc.

Planejamento, observação -

medição, registro, síntese e

análise de dados

Estresse : A curva funcional humana

Z O N A S D E S A Ú D E : Tensão Conforto F a t i g a Exaustão Falência Alertar Preparar Atende Minimizar Evitar/Rest.

De

se

mp

en

ho

Fa t or e s d e r i sco d e es t r es s e

Estresse positivo 1 Estresse negativo 2

Exaustão com agravamento e

incapacidade resiliente

Estresse limitante, excludente,

aposentadoria (...) morte

Preparação não feita:

procrastinação

Alerta: manifestações

não atendidas

Fatiga não tratada pelas suas

causas, perda de capacidade

Es

tr

es

se

re

sis

te

nte

Estresse físico Estresse psicológico E

stim

ativ

a d

e in

dic

ado

res

par

a t

om

ada

de

dec

isão

𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖

3

𝐼=1

𝑝 ∗ 𝑌𝑗𝑛

14

𝑗=1

= 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖

3

𝐼=1

𝑝 ∗ 𝑋𝑗𝑛

16

𝑗=1

= 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

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20

Parte da reflexão que se espera com a proposta apresentada na Figura 1 orienta-se

para definir, além de possíveis estágios do estresse (foram ilustrados dois: o primeiro

com três fases, conforme o teste de Lipp: alarme, luta e esgotamento e o segundo, nas

zonas de saúde, segunda parte da Figura, com cinco fases: Tensão, com indicadores de

alerta; conforto, com indicadores de preparação para não perder benefícios; F a t i g a,

para atender e evitar estado mais graves conforme indicadores de resiliência e

homeostase; Exaustão, para minimizar e sempre evitar; e Falência, para evitar e/ou

restaurar, conforme indicações de resiliência e síndrome de burnot, entre outras), a

importância relativa de cada um desses fatores estressantes e como eles se combinam ou

inter-relacionam para sinergizar efeitos perversos de estressores em seus níveis 2o. e 3o.

O entendimento dessa sinergia é fundamental para definir uma proposta de tratamento,

seja ele preventivo pela educação e conscientização de planejadores e gestores da saúde

ocupacional, seja para a minimização e/ou restauração de estados resilientes.

A indicação que se faz na Figura da importância relativa de cada fator ou situação

é dada por p, sem entrar em considerações de serem efeitos "apenas" cumulativos, para

o caso considerado na forma de:

∑ 𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖3𝐼=1 ∑ 𝑝 ∗ 𝑋𝑗

𝑛16𝑗=1 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

∑ 𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖3𝐼=1 4∑ 𝑝 ∗ 𝑌𝑗

𝑛14𝑗=1 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

ou com sinergias entre os fatores estressantes que podem solicitar outras formas de

expressões como, por exemplo:

∐ 𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖3𝑖=1 ∐ 𝑝 ∗16

𝑗=1 𝑋𝑗𝑛 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

∐ 𝑁í𝑣𝑒𝑙𝑖31=1 ∏ 𝑝 ∗ 𝑌𝑗

𝑛14𝑗=1 = 𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟

quando se observem e registrem interdependências (correlação; primeiro exemplo ou

causalidade: segundo exemplo) dentre cada conjunto e entre os conjuntos considerados,

como se ilustra a seguir ( = observação e registro do i-éssimo fator - estado

estressante por se encontrar o fenômeno fora do padrão, da normalidade, conforme

sejam a idade, condição física, peso, sexo etc. do observado):

A questão da importância relativa de cada fator - situação estressante (p) é outro

aspectos que deve ser considerado ao definir os indicadores, conforme se ilustra a

seguir:

𝑋𝑗𝑓 𝑛

𝑋5𝑓 𝑛

𝑋1𝑓 𝑛

𝑋4𝑓 𝑛

𝑋16𝑓 𝑛

𝑋15𝑓 𝑛

𝑋14𝑓 𝑛

𝑋𝑗𝑓 𝑛

>> > ....

manifestações cardiovasaculares como:

arritmias, taquicardias e hipertensão

mudanças biológicas como: níveis anormais de

ácido úrico, açúcar no sangue, esteróides e

hormônios, - cortisol, colesterol, catecolamina

problemas intestinas como úlceras pépticas

causas

efei

tos

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3) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Com a aproximação à realidade (nos dados de fontes seguras e no tratamento e

análises com procedimentos adequados), - a do estresse na resiliência com a saúde

ocupacional, pode-se verificar (observar e registrar) que as reações físicas, fisiológicas e

psicológicas estressantes estão relacionadas com fatores econômicos, da competição e

socioculturais, como são reclamações - reivindicações salariais não-atendidas, conflitos

de relacionamento com superiores e subordinados, insatisfação no trabalho, pouca ou

falta de perspectivas de promoção, alta rotatividade no quadro de empregados e

incertezas.

Se omitem, propositadamente outras recomendações que as inferências permitem

obter.

4) REFERÊNCIAS

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5) NOTAS

1 O conceito é redundante ao compreender ergonomia e consistência; o primeiro definido como o

conjunto de informações, procedimentos, técnicas, métodos (...) relativos ao trabalho e necessários à

concepção de instrumentos, máquinas, equipamentos, dispositivos (...) que possam ser utilizados com

o máximo de conforto, segurança e eficácia: coerência; parte das referências de sustentação, para o

caso da informática, por exemplo, encontra-se na Norma ISO 9241 que estabelece recomendações

ergonômicas para garantir a saúde e segurança do trabalhados de maneira confortável e eficiente; o

segundo, para definir algo de intenso fundamento e claros propósitos e argumentação para demonstrar

força na sustentação, algo que se mantém alinhado às competências e habilidades, com valores

pessoais próximos de valores profissionais, pois estes são a extensão daqueles: consistência que pode

trazer serenidade decorrente de “certezas” sobre atitudes, ações e decisões. 1 O Instituto de Neurolinguistica Aplicada (2009) cita pesquisas científicas que comprovam a "ligação

entre o cérebro e o sistema imunológico e explicam como o estado mental influência diretamente à

saúde. Com o tempo a sobrecarga pode causar doenças graves assim como problemas cardíacos,

câncer e depressão, além de gerar dificuldades na relação com outras pessoas [afetando o desempenho

no trabalho] e com o meio-ambiente". Uma pessoa estressada é mais pessimista por causa da tensão

crônica que elimina toda a criatividade e dificulta a capacidade de desenvolver uma atividade com

sucesso. Tais efeitos do estresse, - perda de criatividade e dificuldade de agir, predispõem para se

cometer erros em diagnósticos e prescrições. 1 Na literatura se encontram descrições de testes bioquímicos orientados para a revelação do estresse, tais

como: dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico, cortisol, 17OHCTS,

HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4, fenflunamina, melatonina e

prolactina, entre muitos outros (PAIVA e PAIVA, 1996). Cabe à pesquisa, testá-los às condições de

desempenho do médico intensivista e, caso necessários, adequá-los para se definirem os indicadores

de monitoramento, planejamento e gestão que destaquem os atributos de resiliência e homeostase. 1 Tabela de contingência construída para testar a existência de relações entre duas variáveis; o significado

de contingência, em estatística, é o de inglês, como: quality or state of having a close connections or

relationshion. Em português, o termo contingência significa o que é contingente: possibilidade de que

alguma coisa aconteça ou não, eventual, imprevisível, duvidoso etc.

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3 O Instituto de Neurolinguistica Aplicada (2009) cita pesquisas científicas que comprovam a "ligação

entre o cérebro e o sistema imunológico e explicam como o estado mental influência diretamente à

saúde. Com o tempo a sobrecarga pode causar doenças graves assim como problemas cardíacos,

câncer e depressão, além de gerar dificuldades na relação com outras pessoas [afetando o desempenho

no trabalho] e com o meio-ambiente". Uma pessoa estressada é mais pessimista por causa da tensão

crônica que elimina toda a criatividade e dificulta a capacidade de desenvolver uma atividade com

sucesso. Tais efeitos do estresse, - perda de criatividade e dificuldade de agir, predispõem para se

cometer erros em diagnósticos e prescrições. 4 Na literatura se encontram descrições de testes bioquímicos orientados para a revelação do estresse, tais

como: dosagens da epinefrina, norepinefrina, fenilglicol, serotonina, ácido úrico, cortisol, 17OHCTS,

HC e os testes da beta-endorfina, clonidina, lacticidemia, T3, T4, fenflunamina, melatonina e

prolactina, entre muitos outros (PAIVA e PAIVA, 1996). Cabe à pesquisa, testá-los às condições de

desempenho do médico intensivista e, caso necessários, adequá-los para se definirem os indicadores

de monitoramento, planejamento e gestão que destaquem os atributos de resiliência e homeostase. 5 Tabela de contingência construída para testar a existência de relações entre duas variáveis; o significado

de contingência, em estatística, é o de inglês, como: quality or state of having a close connections or

relationshion. Em português, o termo contingência significa o que é contingente: possibilidade de que

alguma coisa aconteça ou não, eventual, imprevisível, duvidoso etc.