REA E OT PORTUGAL - 20 ANOS [APA 2008]

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    Relatrios do Estado do Ambiente e doOrdenamento do Territrio em Portugal

    20 anos

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    Relatrios do Estado do Ambientee do Ordenamento do Territrio em Portugal

    20 anos

    Agncia Portuguesa do AmbienteAmadora

    2008

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    FICHA TCNICA.

    Ttulo: Relatrios do Estado do Ambiente e do Ordenamento do Territrioem Portugal20 anos

    Autoria: Agncia Portuguesa do Ambiente:Margarida MarcelinoRegina Vilo

    Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa:Toms B. Ramos (Coordenao cientca)Ins GervsioPatrcia Liberal

    Edio: Agncia Portuguesa do Ambiente

    Data de edio: Janeiro 2008

    Impresso: Eurodois

    Design grfco e paginao: Lus Matos - APA

    ISBN: 978-972-8577-38-4

    Depsito legal: 269649/08

    Tiragem: 1000 exemplares

    Este trabalho decorreu com o apoio de dois projectos:

    Protocolo de Cooperao Tcnico-cientca n. 199/2006, celebrado entre o Instituto do Ambiente e oDepartamento de Cincias e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Cincias e Tecnologia da UniversidadeNova de Lisboa.

    Protocolo de Cooperao Tcnico-cientca n. 22/2005, celebrado entre o Instituto do Ambiente e aUniversidade do Algarve (cf. Relatrio Final do Projecto*).

    *

    Ramos, T.B., Alves, I., Gervsio, I. Liberal, P. (2007). Reviso do Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentvele Apoio na Elaborao, Reviso de Contedos e Divulgao do Relatrio do Estado do Ambiente. Relatrio Final do Projectodesenvolvido no mbito do Protocolo de Cooperao Tcnico-cientca n. 22/2005, estabelecido entre o Instituto doAmbiente e a Universidade do Algarve. Lisboa.

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    LEI DE BASES DO AMBIENTE

    (Lei n. 11/87, de 7 de Abril, Art. 49., 1 e 2)

    1 - O Governo ca obrigado a apresentar Assembleia daRepblica, juntamente com as Grandes Opes do Plano de cadaano, um relatrio sobre o estado do ambiente e ordenamento doterritrio em Portugal referente ao ano anterior.

    2 - O Governo ca obrigado a apresentar Assembleia da Repblicade trs em trs anos um livro branco sobre o estado do ambienteem Portugal.

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    ndice

    Prembulo 5

    1. Introduo 11

    2. Relatrios ambientais escala internacional 15

    2.1 Comunicao ambiental atravs de relatrios 15

    2.2 Principais prticas metodolgicas 17

    3. Relatrios do Estado do Ambiente e do Ordenamento do Territrio em Portugal 23

    3.1. Enquadramento 23

    3.2. Anlise da evoluo dos contedos e das formas de divulgao 25

    4. Impacte dos REA na avaliao e comunicao do estado do ambiente em Portugal 31

    5. Tendncias futuras para os Relatrios do Estado do Ambiente em Portugal 41

    6. Consideraes nais 49

    Referncias bibliogrcas 51

    Anexos 55

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    PREMBULO

    Os Relatrios sobre o Estado do Ambiente foram institudos pela Lei de Bases do Ambiente,Lei n. 11/87 de 7 de Abril, instrumento fundador, em Portugal, da poltica de ambiente, globale estruturada. A Lei estabelece a obrigatoriedade de o Governo apresentar Assembleia da

    Repblica, em cada ano, com as Grandes Opes do Plano, um relatrio sobre o estado doambiente referente ao ano anterior.

    Em 2007 completam-se 20 anos de Relatrios do Estado do Ambiente, com uma histriaparticularmente rica de acontecimentos marcantes dos paradigmas das polticas de ambiente, anvel internacional e a nvel da Unio Europeia (antes Comunidade Econmica Europeia).

    Naturalmente que esses acontecimentos determinaram a poltica de ambiente de Portugale esto reectidos nos Relatrios do Estado do Ambiente destes 20 anos, que agora serevisitam.

    De entre os acontecimentos mais marcantes, destacam-se:

    A Conferncia das Naes Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, que teve lugar noRio de Janeiro em Junho de 1992, em que foram adoptados os princpios orientadoresda poltica de ambiente, expressos na Declarao de Princpios do Rio, a agenda parao ambiente e o desenvolvimento, a Agenda 21, e os dois principais instrumentosjurdicos multilaterais para o ambiente e o desenvolvimento: a Conveno Quadro dasNaes Unidas para Combate s Alteraes Climticas e a Conveno sobre DiversidadeBiolgica. Um resultado primordial desta Conferncia foi a consolidao do conceito dedesenvolvimento sustentvel, que visa articular o desenvolvimento com a proteco deambiente, fundado na solidariedade intrageracional e intergeracional.

    A entrada em vigor do Tratado de Maastricht, com a reviso do Tratado CE, que institui apoltica comunitria de ambiente e estabelece as linhas mestras desta poltica, denindo

    como misso da Comunidade Europeia, promover um desenvolvimento harmonioso eequilibrado das actividades humanas, um crescimento sustentvel e no inaccionista,que respeite o ambiente.

    A adopo do Protocolo de Quioto, da Conveno Quadro das Naes Unidas paraCombate s Alteraes Climticas, em 1997, que estabelece limites legalmentevinculativos para as emisses de gases com efeito de estufa, no quadro do qual aUnio Europeia se obriga, solidariamente, a reduzir em 8% as emisses desses gases,no perodo de cumprimento (2008 a 2012), relativamente s emisses vericadas em1990.

    A entrada em vigor do Tratado de Amsterdo, tambm em 1997, com o reforo dapoltica de ambiente, que assume um papel primordial na misso da ComunidadeEuropeia, visando um nvel elevado de proteco e melhoria da qualidade do ambientee instituindo a integrao das questes ambientais nas restantes polticas comunitrias.

    A Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel, que teve lugar em Joanesburgo,em Agosto e Setembro de 2002, em que foi adoptado o Plano de Implementao deJoanesburgo, que consolida e operacionaliza as orientaes gerais da Agenda 21 e quevisa aprofundar os Objectivos do Milnio adoptados pela Assembleia Geral das NaesUnidas em 2000.

    Analisando os Relatrios do Estado do Ambiente conclumos que as preocupaes ambientaisse centraram, numa primeira fase, na preservao, proteco e melhoria da qualidade doambiente, sempre associadas proteco da sade humana e ao uso prudente e racional dosrecursos naturais necessrio ao desenvolvimento econmico equilibrado e harmonioso.

    Progressivamente, sobretudo a partir de 1992, as questes ambientais so abordadas de forma

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    integrada com as polticas sectoriais, com o reforo da co-responsabilizao dos principaisprotagonistas do desenvolvimento econmico. Em particular, as polticas de conservaoda natureza assumem maior importncia aps a adopo da directiva comunitria relativa proteco dos habitats naturais, aplicando, na Comunidade Europeia, a Conveno sobreDiversidade Biolgica.

    O combate s alteraes climticas surge com importncia crescente, dominando em larga

    medida, especialmente a partir de 2000, a agenda das polticas ambientais.

    de realar o enorme impulso das polticas de gesto de resduos, tambm a partir de 2000,primeiro com o encerramento de lixeiras e substituio por aterros sanitrios e instalaesde incinerao e, progressivamente, com a aposta na reduo, reutilizao e reciclagem deprodutos e sub-produtos e com a adopo de medidas inovadoras no quadro da valorizao dosuxos especiais de resduos.

    As questes ligadas gesto dos recursos hdricos assumiram, tambm, importncia crescente,com os investimentos no sector do abastecimento de gua e do tratamento de guas residuaise com a progressiva aplicao das directivas comunitrias de proteco das guas. Constiturammarcos relevantes, neste contexto, a adopo da Directiva-Quadro da gua, em 2000, e a

    assinatura em 1998, da Conveno de Albufeira relativa proteco e aproveitamentosustentvel das guas das bacias hidrogrcas luso-espanholas.

    Revisitando os ltimos 20 anos no podemos deixar de vericar o enorme progresso daspolticas ambientais, com a consolidao de novos instrumentos, como a avaliao de impacteambiental, o licenciamento ambiental, os sistemas de gesto ambiental, os sistemas deacreditao e o comrcio europeu de licenas de emisso.

    Mas mais do que reconhecer a evoluo histrica das polticas do ambiente, retratada nosRelatrios do Estado do Ambiente, importante identicar os novos desaos e as tendnciasdessas polticas para denir as bases para a aco nas prximas dcadas.

    At 2012 teremos de reforar a implementao das medidas preconizadas no Programa Nacionaldas Alteraes Climticas para assegurar o cumprimento dos compromissos de Quioto, e prepararo futuro ps-Quioto, num ambiente de crescente restrio da oferta de combustveis derivadosdo petrleo. H que apostar na progressiva descarbonizao da economia, desenvolvendonovos paradigmas energticos: trata-se do maior desao tecnolgico depois da RevoluoIndustrial, potenciado pela urgncia em encontrar as respostas adequadas para combater asalteraes climticas. o exemplo, por excelncia, da forma como o ambiente se torna o motordo desenvolvimento scio-econmico. No entanto, necessrio ter em devida consideraoque algumas das respostas tecnolgicas, que se pretendem inovadoras, no estaro isentas deimpactes sobre outros factores ambientais, como a natureza e a biodiversidade, o estado dasmassas de gua, a qualidade do ar e o territrio, que importa no menosprezar.

    A implementao da Directiva-Quadro da gua, transposta para direito interno pela Lei dagua de 2005, constitui, tambm, um enorme desao para as prximas dcadas. As linhasmestras da organizao institucional para a gesto da gua esto traadas, a preparao daprimeira gerao de planos de gesto de bacia hidrogrca foi iniciada, a coordenao comEspanha da poltica da gua est a ser consolidada. No entanto, para alcanar os exigentesobjectivos ambientais estabelecidos requerida a participao empenhada de todos actores.Ser essencial, para alcanar os objectivos ambientais, um forte investimento no conhecimentoquer dos ecossistemas das massas de gua de superfcie e das relaes da sua estruturae funcionamento com as presses das actividades humanas, quer na hidrodinmica e nahidroqumica das massas de gua subterrneas e da sua interdependncia com as massas de

    gua de superfcie .As polticas de resduos tero de encontrar respostas adequadas ao previsvel esgotamento dosaterros: a reduo da produo de resduos associada desmaterializao da economia ter de

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    ser uma aposta, complementada pelo desenvolvimento de novas solues para aproveitamentoe valorizao dos resduos a custos competitivos.

    Tambm a problemtica da descontaminao dos solos ser uma rea de grande relevncia naspolticas de ambiente nas prximas dcadas, que reforar os trabalhos j desenvolvidos e emcurso de requalicao ambiental das reas mineiras abandonadas. A resoluo destes passivosambientais no poder deixar de assentar na anlise de custo eccia das medidas a aplicar e

    desenvolver.

    As polticas de conservao da natureza tero de encontrar suporte nas polticas de valorizaodo territrio, e ser integradas nas polticas de desenvolvimento scio-econmico com expressoterritorial.

    Estamos certos que a reexo sobre o percurso destes ltimos 20 anos nos habilitar a prepararum futuro melhor, inspirando novas metas ambiciosas e encontrando caminhos seguros paraas alcanar.

    Antnio Gonalves Henriques

    Director-Geral da Agncia Portuguesa do Ambiente

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    1. INTRODUO

    A elaborao de relatrios do estado do ambiente e a sua publicao peridica constituemuma prtica que se tem vindo a generalizar na maioria dos pases, traduzindo uma forma deconcretizar o Princpio 10 da Declarao do Rio relativo ao direito informao adequada,

    transparente e actual, que arma que a divulgao de informao deve ser encorajada, porforma a facilitar o acesso efectivo do pblico, atravs dos diversos meios tecnolgicos e decomunicao disponveis.

    Tambm a Conveno sobre Acesso Informao, Participao do Pblico no Processo deTomada de Deciso e Acesso Justia em Matria de Ambiente Conveno de Aarhus(Dinamarca, 1998), da Comisso Econmica para a Europa das Naes Unidas , assinada eraticada por Portugal, veio defender e rearmar este Princpio, comprometendo as Partes apublicar e divulgar, regularmente, relatrios sobre o estado do ambiente, incluindo informaosobre a qualidade do ambiente e as presses exercidas sobre este.

    Esta Conveno encerra elementos inovadores pois estabelece relaes entre os direitos

    ambientais e os direitos humanos, assumindo que o desenvolvimento sustentvel s poderser atingido com o envolvimento de todos os cidados. Sublinha que as interaces devemser estabelecidas entre o pblico e as autoridades, aos mais diversos nveis, num contextodemocrtico. A Conveno de Aarhus, acordo internacional em matria de ambiente, temtambm em conta os princpios da responsabilizao, transparncia e credibilidade aplicadosaos indivduos e s instituies. Neste mbito, a disponibilizao de informao sobre diversasmatrias, por parte das autoridades pblicas, constitui um elemento fundamental para promovera sensibilizao e a participao dos cidados. Garantir o acesso informao entendido,neste contexto, como uma condio fundamental para a resoluo de problemas e conitos,entre os quais os do ambiente. Assim, torna-se particularmente importante a divulgao dosrelatrios ambientais como forma de concretizar os referidos princpios.

    A realizao de um Relatrio do Estado do Ambiente (REA) teve origem na adopo do NationalEnvironment Policy Act(NEPA), nos Estados Unidos da Amrica (EUA), em 1969 [1]. Emboraanteriormente j existisse recolha de informao relativa ao estado do ambiente por parte dealguns pases como os EUA e o Canad, foi, no entanto, com o estabelecimento do Councilon Environment Quality(CEQ), no Art. 201. da NEPA, que foi assumido pela primeira vez ocompromisso de publicar regularmente um Relatrio do Estado do Ambiente, designado porEnvironmental Quality Report. O relatrio do CEQ alertou para a necessidade e importnciados relatrios sobre o estado do ambiente na formulao e monitorizao das polticas deambiente.

    A Conferncia de Estocolmo de 1972 e a adopo, pela Europa Comunitria, de uma poltica

    formal de ambiente em 1973, apontaram para a necessidade de preparao destes relatrios naEuropa. Os REA que se foram realizando desde essa altura, tambm em Portugal (cf. Captulo3), assumiram diferentes formatos, conforme os objectivos, estruturas institucionais, culturanacional e disponibilidade de dados de cada pas.

    A Alemanha foi um dos primeiros pases europeus a publicar um Relatrio do Estado doAmbiente, em 1972. Seguiram-se-lhe a Finlndia e a Holanda, em 1973, e a Noruega, em1976. O Reino Unido publicou o primeiro Digest of environmental protection and water statisticsem 1978, enquanto a Frana produziu a primeira edio de Ltat de lenvironnmentno mesmoano. No nal da dcada de 80 muitos pases europeus desenvolviam documentos consideradosRelatrios do Estado do Ambiente, embora o contedo e periodicidade fossem, e continuem

    ainda a ser, variados [1].Surgiram, entretanto, vrios Relatrios sobre o Estado do Ambiente em termos internacionais.A Comisso das Comunidades Europeias produziu o seu primeiro relatrio - The State of

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    Environment- em 1977, e a Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico(OCDE) comeou a publicar uma srie de Relatrios do Estado do Ambiente em 1979, com umaperiodicidade de 5-6 anos, e em 1984 iniciou o Compndio de Dados Ambientais, publicado comperiodicidade bienal [1].

    Em Portugal, e de acordo com o estabelecido pela Lei n. 11/87, de 7 de Abril Lei de Basesdo Ambiente dever ser apresentado Assembleia da Repblica, juntamente com as Grandes

    Opes do Plano de cada ano, um relatrio sobre o estado do ambiente e ordenamento doterritrio em Portugal referente ao ano anterior. Este relatrio actualmente publicado edivulgado pelo Ministrio do Ambiente, do Ordenamento do Territrio e DesenvolvimentoRegional (MAOTDR), atravs da Agncia Portuguesa do Ambiente (APA). Neste contexto, aAPA assegura a recolha, tratamento e anlise da informao ambiental, permitindo promover ecoordenar a elaborao anual do REA.

    Com cerca de 20 anos de existncia, o REA nacional tem vindo a marcar assinalavelmente a reado ambiente e aqueles que nela intervm. O primeiro REA publicado em Portugal foi elaboradoem 1987 pela ento Secretaria de Estado do Ambiente e dos Recursos Naturais e, desde essadata, estes relatrios tm vindo a ser publicados anualmente, procurando acompanhar as

    principais tendncias e prticas internacionais neste mbito.O REA constitui um instrumento fundamental no apoio denio, execuo e avaliao dapoltica ambiental, permitindo acompanhar o desenvolvimento de polticas e estratgias deintegrao ambiental nas actividades sectoriais. Deste modo, o REA assume um papel centralna avaliao e comunicao do desempenho ambiental do pas.

    Do ponto de vista metodolgico, o REA registou vrias alteraes ao longo do seu tempo deexistncia. A estrutura, extenso e formato do relatrio, a utilizao de indicadores, o mbitotemtico, a cobertura geogrca e temporal, e as plataformas de divulgao, tm sido algunsdos aspectos que tm traduzido essa evoluo. Por exemplo, os REA de 2000, 2001 e 2002procuraram seguir um modelo semelhante, assente num formato mais sinttico e estruturado

    em indicadores-chave. Da mesma forma os REA 2004, 2005 e 2006 apresentaram um formatoigualmente sinttico, mas assente em chas temticas para cada um dos indicadores-chave. Poroutro lado, o REA 2003, semelhana do que j havia sido feito em 1999, foi concebido numformato mais extenso do que os publicados nos trs anos anteriores, tanto na diversidade detemas analisados, como no aprofundamento dos mesmos.

    A elaborao anual de um documento como este no deixa de oferecer alguns constrangimentos,j que o perodo de tempo entre relatrios relativamente curto para se observarem alteraessignicativas nas principais tendncias do estado do ambiente. Contudo, possvel identicare caracterizar alguns sinais de evoluo e qualicar os resultados mais visveis resultantes demedidas entretanto adoptadas, avaliando assim a distncia s metas estabelecidas.

    A presente publicao procede a uma anlise da evoluo dos Relatrios do Estado do Ambientee do Ordenamento do Territrio em Portugal ao longo dos ltimos 20 anos, publicados entre1987 e 2007, procurando contribuir para a discusso das novas tendncias no relato do estadodo ambiente. Propem-se ainda algumas directrizes de apoio elaborao dos futuros REA emPortugal.

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    2. RELATRIOS AMBIENTAIS ESCALA INTERNACIONAL

    2.1 Comunicao Ambiental atravs de Relatrios

    Desde 1970 que tm vindo a ser desenvolvidos sistemas e tcnicas para a elaborao deRelatrios Ambientais (RA). Estes relatrios evoluram de relatos casusticos at utilizaode indicadores para o acompanhamento, ao longo do tempo, do desempenho de determinadosdomnios; de grandes e complexas enciclopdias para relatrios focados em objectivosespeccos e diferentes pblicos-alvo. Estes RA procuram fornecer, atempadamente, informaocredvel e acessvel sobre o estado dos ecossistemas e as tendncias de evoluo, bem comoas respostas da sociedade [2-3].

    De acordo com os mesmos autores, nos ltimos 20 anos a elaborao de RA cresceu deforma assinalvel. Inicialmente eram as organizaes governamentais e no governamentaisa protagonizar o desenvolvimento desta rea, vindo depois a indstria a assumir um papelpreponderante. Tradicionalmente os RA eram dominados pelos designados Relatrios do Estadodo Ambiente (REA), ao nvel global, continental, nacional, regional ou local. No entanto, o

    estado da arte nesta rea revela uma tendncia generalizada para que os relatrios evoluam derelatrios ambientais para relatrios de sustentabilidade, procurando integrar os aspectosambientais, sociais, econmicos e institucionais.

    A consulta pblica e a colaborao com os agentes interessados na concepo e produode RA, tm vindo a contribuir para a melhoria destes documentos. As novas tecnologias,nomeadamente os sistemas de informao geogrca e a Internet, esto a permitir umasituao de viragem: passar-se- de relatrios top-down, em que os especialistas relatam ainformao que entendem que as pessoas devem ter acesso, para portais de informao quepermitem que quem os consulta seleccione a informao que lhe interessa.

    A forma como estes relatrios foram sendo apresentados tem variado, desde as tradicionais

    edies de relatrios em papel, at compact discs (CD) ou pginas da Internet[4]. medidaque os REA foram alargando a sua audincia e sendo concebidos para um pblico mais vasto, asformas de publicao e divulgao tambm se foram diversicando, surgindo, nomeadamente,sob a forma de relatrio de base, de relatrio resumido, em verso digital ou num pacoteeducacional [5].

    A utilizao da Internetconstitui uma importante fonte de mudana no relato e comunicaoda informao ambiental. Com esta nova tecnologia este tipo de relatrios ambientaispassou a estar disponvel em formato digital, quer atravs da converso directa das versestradicionais impressas em papel, quer atravs de sistemas interactivos que facultam apenasa informao solicitada pelos utilizadores. Vrios estudos tm analisado esta ligao entre a

    Internete a produo de RA, advogando vantagens para as organizaes e para os agentesinteressados [3].

    Em Portugal, desde a primeira edio do REA, em 1987, que esta publicao editadaanualmente em formato de livro impresso. Mais recentemente, com a disseminao das novastecnologias de informao, foi melhorado o acesso a este documento, sendo que desde 2000que os REA passaram a estar disponveis para downloadno stio da APA ex-Instituto doAmbiente (IA) e ex-Direco-Geral do Ambiente (DGA) na Internet. Sublinhe-se, ainda, oesforo de actualizao e inovao tecnolgica associado melhoria da divulgao do estado doambiente em Portugal, particularmente marcado pela implementao, em 1995, do Relatriode Estado do Ambiente em Sistema Multimdia Dinmico, desenvolvido para a ento Direco-Geral do Ambiente por Painho et al. [6] . Este projecto desenvolveu uma aplicao informtica

    Estado do Ambiente 1994 que procurou criar condies nicas de consulta e acessibilidade informao sobre o estado do ambiente em Portugal. O resultado principal traduziu-se por umposto de informao quiosque multimdia interactivo que veiculava a informao do REA de1994.

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    Muitos pases produzem periodicamente REA, anlogos aos que tm vindo a ser produzidosem Portugal. Adicionalmente, alguns governos e organizaes multinacionais tm elaboradorelatrios temticos sobre aspectos ambientais especcos (e.g. Relatrio do Estado dasAlteraes Climticas). Tal como sublinhado por Ramos [3], os RA tm tido como base espacialde anlise fronteiras de natureza poltico-administrativas. Contudo, mais recentemente, algunsrelatrios comeam a ser efectuados com base em unidades geogrcas, isto , unidades

    naturais, tais como bacias hidrogrcas, tipos de ecossistema ou unidades de paisagem, do queconstituem exemplos os relatrios sobre o estado do ambiente dos Grandes Lagos, publicadospelas agncias de ambiente norte-americana e canadiana [7], ou sobre a Baa de Chesapeake[8] e sobre o Golfo do Mxico [9].

    Merecem especial destaque as iniciativas conduzidas pela OCDE, pelo papel que tmdesempenhado escala internacional na avaliao do desempenho ambiental dos Estados-membros da Organizao. No contexto desses trabalhos a OCDE publica ciclicamente relatriosonde efectua a anlise do estado do ambiente nos seus pases membros (EnvironmentalPerformance Reviews), tendo publicado dois relatrios relativos a Portugal, em 1993 e 2001.

    No contexto europeu, e reconhecendo o carcter transfronteirio de grande parte das questes

    ambientais, a Agncia Europeia do Ambiente (AEA) tem vindo a assumir um papel central nestedomnio. Entre as publicaes de referncia de mbito supranacional desta organizao, conta-se a srie de relatrios Environmental Signals, estruturados atravs de indicadores ambientais-chave que descrevem os progressos realizados em determinadas polticas a nvel europeu. Hainda que destacar a publicao de REA mais extensos, com edio quinquenal; abrangendoa generalidade dos Estados-membros da UE, o ltimo a ser publicado foi o denominado TheEuropean Environment State and Outlook 2005. Ainda elaborados pela AEA, assumemparticular importncia os relatrios pan-europeus que acompanham as reunies ministeriaisdos pases da Comisso Econmica para a Europa das Naes Unidas (CEE/ONU) envolvidosno processo Um Ambiente para a Europa, iniciado no incio dos anos 90 do sculo XX; estesrelatrios cobrem uma rea geogrca que inclui a Europa Oriental, o Cucaso e a sia Central,

    a Europa do Sudeste e ainda a Europa Ocidental e Central, tendo a quarta e mais recenteavaliao do progresso ambiental pan-europeu - Europes Environment- sido apresentada emBelgrado em Outubro de 2007.

    escala global, merece referncia o relatrio bienal Global Environmental Outlook(GEO), daresponsabilidade do Programa das Naes Unidas para o Ambiente (PNUA) e onde apresentadauma sntese temtica do estado do ambiente escala global. Importa tambm destacar apublicao conjunta do World Resources Institute (WRI), PNUA, Programa das Naes Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD) e Banco Mundial World Resources Report, que forneceestatsticas ambientais detalhadas, por pas, incluindo uma grande diversidade de temas evariveis, tais como o uso do solo, a captao de gua, o acesso a gua potvel, as emissesde CO2. Merecem ainda referncia os seguintes relatrios de carcter global: o MillenniumEcosystem Assessment, iniciativa do Secretrio Geral das Naes Unidas com coordenao doPNUA, tendo como intuito avaliar as consequncias das alteraes dos ecossistemas no bem-estarhumano e as aces necessrias para se conseguir a sua conservao e uso sustentvel, assimcomo apoiar, do ponto de vista dos desenvolvimentos da cincia, as convenes internacionaisrelacionadas com ecossistemas (Conveno da Diversidade Biolgica, Conveno do Combate Deserticao e Conveno das reas Hmidas); e os relatrios do Intergovernmental Panelon Climate Change (IPCC painel estabelecido pelo PNUA e a Organizao MeteorolgicaMundial para apoiar cienticamente a Conveno Quadro das Naes Unidas sobre AlteraesClimticas), que compilam informao relevante sobre o risco da ocorrncia de alteraesclimticas induzidas pelo homem, os seus potenciais impactes e as opes entre as diversasmedidas de adaptao e mitigao.

    De acordo com Keating [2] o Reino Unido lder na elaborao de relatrios de desenvolvimentosustentvel escala nacional, enquanto o governo de Manitoba, no Canad, lder escala de

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    provncias/estados.

    A forma e contedo dos relatrios varia assinalavelmente entre pases, dependendo dascondies ambientais, tradies, valores e sistemas polticos e institucionais de cada Estado.Assim, em face da inexistncia de modelos padronizados possvel identicar diferentestipos de REA para objectivos comuns. Diferenas no contedo da informao apresentada,nos conceitos, na forma de relatar, na cobertura espacial e na frequncia dos relatrios,

    conduzem a diculdades acrescidas para os utilizadores que pretendem usar informao dediferentes relatrios ou que pretendem efectuar comparaes entre relatrios diferentes [4]. Noseguimento deste tipo de constatao, a AEA com a colaborao de um grupo de especialistas,EEA Expert Group on Guidelines and Reporting, elaborou um conjunto de directrizes na formade listagem de vericao [5]. Este trabalho procura contribuir para maior harmonizao dainformao ambiental atravs do desenvolvimento e encorajamento de abordagens comuns,incluindo prticas e terminologia. Ainda neste mbito, a mesma instituio produziu outrorelatrio [10] com o objectivo prtico de claricar o tipo de questes que devero serrespondidas por um relatrio do estado do ambiente. A lista de questes a que os REA devemresponder reectem as prioridades polticas, assumindo que os REA so, em primeira instncia,dirigidos aos decisores polticos. Assim, a lista no inclui questes relacionadas com a descrio

    de condies ambientais que so relativamente estveis, tais como a geograa, a geologia oua hidrograa. So assim consideradas quatro grandes perguntas a que um REA deve responder(Quadro 1).

    Quadro 1 Questes a que um REA deve responder [10]

    O que est a acontecer? Refere-se s tendncias das condies ambientais e avalia e interpreta as

    implicaes e impactes destas tendncias na sade humana, na economia e

    nos ecossistemas.

    Porque que est a acontecer? Fornece indicaes acerca das causas, quer naturais, quer antropognicas,

    directas ou indirectas, das alteraes observadas.

    Estamos a presenciar alteraes? Foca as actuais e futuras alteraes das presses, tendo presente que as

    presses so o primeiro nvel onde se reflectem os resultados das polticas.

    Adicionalmente, examina os primeiros sinais de alteraes nas actividades

    econmicas e sociais que podem influenciar as condies ambientais

    Quo eficazes so as respostas? Relaciona as respostas da sociedade e as suas implicaes no ambiente.

    Estas respostas no so fceis de avaliar, uma vez que, entre outros aspectos,

    poder passar bastante tempo antes que o ecossistema reaja a medidas novas

    ou adicionais.

    Em sntese, poder-se- armar que, tal como sublinha Rapport e Singh [11], os REA devem

    ser equilibrados, detalhados, objectivos, relevantes e orientados para as polticas, devendoconstituir um incentivo aco.

    2.2 Principais Prticas Metodolgicas

    Com vista a tornar a comunicao ambiental ecaz e credvel necessrio ter presenteque a elaborao dos relatrios deve respeitar vrias condies, designadamente [12-14] aidenticao prvia do pblico-alvo do relatrio (na fase de concepo dever distinguir-seentre atingir uma audincia tcnica ou uma audincia no tcnica) e a realizao de um pr-teste sobre a eccia na comunicao da informao contida no relatrio.

    Existem diferentes metodologias possveis para a elaborao de um REA, variando em funodo pblico-alvo, da informao disponvel e dos compromissos legais e polticos assumidos anvel nacional e internacional. Antes de se optar por um determinado modelo ou estrutura para

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    um REA, h que identicar o pblico a quem se destina e o objectivo pretendido. Segundo EEA[10], possvel delimitar quatro grandes grupos de potenciais utilizadores:

    decisores polticos; rgos de comunicao social; pblico em geral; outras partes interessadas.

    Cada um destes grupos tem necessidades especcas em termos do contedo do REA e da suaapresentao (Quadro 2).

    Quadro 2 - Tipologia dos REA (excluindo os relatrios temticos, relatrios regionais erelatrios de indicadores) e relao com o pblico-alvo [10]

    Tipo de Relatrio Caractersticas Pblicos-alvo

    Relatrio estritamente

    estatstico

    Tabelas com dados sobre temas e/ou sectores

    maioritariamente ambientais, e alguns comentrios

    escritos.

    Todos.

    REA tradicional Descrio do estado do ambiente e das tendncias

    do passado. Identificao das principais causas das

    presses, e de polticas que possam remediar a

    degradao ambiental. Relatrios essencialmente

    descritivos.

    Meio acadmico e cientistas,

    profissionais da rea do ambiente e

    outras partes interessadas.

    Nova gerao

    de REA

    Relatrio que avalia detalhadamente o estado do

    ambiente e as tendncias passadas, e as relaes

    com as actividades scio-econmicas. Avalia a eficcia

    das polticas ambientais do passado e examina as

    perspectivas futuras.

    Decisores polticos,

    pblico em geral e

    outras partes interessadas.

    Outlook Nacional Relatrio sobre as tendncias futuras dos factoresestruturantes e o seu impacte no ambiente. Anlise de

    cenrios.

    Decisores polticos e pblico emgeral.

    Relatrio Poltico Relatrios (Livros Brancos, relatrio para o Parlamento,

    ...) preparados para os decisores polticos acerca do

    desempenho das polticas do passado e anlise de

    opes para o futuro.

    O Governo ou o Parlamento.

    Relatrio no tcnico para

    um pblico muito vasto

    Descrio no tcnica do estado do ambiente;

    relatrios educacionais. Resumo do REA detalhado.

    Pblico em geral.

    De forma a caracterizar as melhores prticas existentes no mbito da elaborao de REA, a APAefectuou uma reviso e anlise dos principais tipos de REA existentes escala internacional erespectivas directrizes metodolgicas. Na anlise dos vrios modelos de REA abordaram-se vriosaspectos, designadamente: nmero de indicadores; dimenses do desenvolvimento sustentvelconsideradas (ambiental, social, econmica e institucional); forma de divulgao; adopo deum modelo conceptual de indicadores; principais fases do processo de desenvolvimento doREA.

    A anlise incidiu sobre uma amostra de 37 relatrios, procurando reectir, por um lado adiversidade existente escala mundial, e por outro as principais iniciativas de referncia. Foramexaminados relatrios de vrios pases estruturados por indicadores-chave, nomeadamente doReino Unido, Sucia, Espanha, Frana, EUA, Canad, Austrlia e Nova Zelndia, e de organismos

    internacionais de referncia tais como Comisso Europeia (CE), Agncia Europeia do Ambiente(AEA), Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), Organizao dasNaes Unidas (ONU), entre outros. Foram ainda includos alguns dos REA portugueses.

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    Tendo Portugal que responder frequentemente a solicitaes para o fornecimento de dadose informao provenientes de organizaes internacionais, tais como a AEA, o Eurostat, aOCDE ou a ONU, assumiu particular importncia a reviso das iniciativas conduzidas porestes organismos. Desta forma procurou-se contribuir para a criao das sinergias que o REAportugus dever ter com as principais directrizes e iniciativas internacionais neste mbito.

    A maioria dos relatrios analisados no apresenta uma estrutura que reicta explicitamente

    as principais dimenses do desenvolvimento sustentvel (ambiental, social, econmica einstitucional). Contudo, dever-se- sublinhar que muitos dos REA, apesar de no apresentaremclaramente uma estrutura deste tipo, optam por faz-lo de forma mais implcita e integrada,traduzindo-se muitas vezes na utilizao de indicadores centrados num referencial desustentabilidade.

    Os indicadores tm vindo a ser utilizados crescentemente nos relatrios ambientais, comoforma de facilitar a divulgao e interpretao da informao veiculada por estes documentos.Ao permitirem tratar e transmitir de forma sinttica a informao de carcter tcnico e cientco,utilizando apenas as variveis que melhor denem e caracterizam os objectivos em causa, osindicadores so mais facilmente apreendidos e utilizados pelos decisores, gestores, polticos,

    grupos de interesse ou pblico em geral.Os conjuntos extensos de indicadores utilizados nos REA tm vindo a ser frequentementedesagregados em subconjuntos mais reduzidos de indicadores, designados por indicadores-chave. Este procedimento tem permitido atingir mais ecazmente os objectivos de comunicaojunto do pblico em geral e dos decisores. No conjunto dos REA analisados, verica-se que amaioria, dos que utilizam esta ferramenta, apresenta conjuntos de indicadores-base situadosentre 50 e 100 indicadores.

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    3. RELATRIOS DO ESTADO DO AMBIENTE E DOORDENAMENTO DO TERRITRIO EM PORTUGAL

    3.1. Enquadramento

    No perodo de 1987 a 1993 os Relatrios sobre o Estado do Ambiente em Portugal abordavamconjuntamente as temticas do ambiente e do ordenamento do territrio, da responsabilidadedo Ministrio do Planeamento e da Administrao do Territrio (MPAT) at 1989 e, de 1990 a1993, da responsabilidade conjunta do MPAT e Ministrio do Ambiente e dos Recursos Naturais(MARN).

    At 1992 o Gabinete de Estudos e Planeamento da Administrao do Territrio (GEPAT) doMPAT, dando cumprimento ao estipulado na respectiva lei orgnica, elaborava o Relatrio doEstado do Ambiente e do Ordenamento do Territrio (REAOT), relatrio que procurava integraro diagnstico sobre o estado do ambiente com as evolues vericadas em termos de dinmicaterritorial. Ao GEPAT tinha sido atribudo, em 1986 (Decreto-lei n. 130/86, de 7 de Junho), oestatuto de rgo delegado do Instituto Nacional de Estatstica (INE).

    Simultaneamente com estes relatrios, de 1989 a 1993 foram publicados Anurios da Qualidadedo Ambiente pela Direco-Geral da Qualidade do Ambiente (DGQA), instituio pertencente aoMPAT data do relatrio de 1989 e posteriormente integrada no MARN em 1991. Os REA e osAnurios foram assumidos como documentos complementares.

    Em 1991 vericou-se a autonomia da rea do ambiente na estrutura governativa, atravsda aprovao da lei orgnica de um Ministrio especco para tutelar este domnio, o MARN(Decreto-lei n. 294/91, de 13 de Agosto), criado pelo XI Governo Constitucional em 1990(Decreto-lei n. 94/90, de 20 de Maro).

    A reorganizao do MARN, ocorrida em 1993 com a publicao da nova lei orgnica (Decreto-

    lei n. 187/93, de 24 de Maio), coincidiu com a fase de preparao do Anurio da Qualidadedo Ambiente referente a 1991/92, o ltimo a ser publicado em Portugal. A maior parte dainformao contida neste Anurio tornou-se, assim, parte integrante do REA 1992.

    A partir de 1994 o Relatrio do Estado do Ambiente, anteriormente da competncia do GEPAT,do MPAT, que anualmente produzia o REAOT, passou a ser responsabilidade da ento Direco-Geral do Ambiente (DGA) na sequncia da referida reestruturao do MARN, e dos organismosque lhe sucederam: Instituto do Ambiente (IA) e actual APA.

    Neste contexto, a competncia para a realizao do Relatrio do Estado do Ordenamentodo Territrio (REOT) foi transferida para a Direco-Geral do Ordenamento do Territrio doMPAT. Posteriormente, em 1998, foi aprovada a Lei que estabelece as bases da poltica de

    ordenamento do territrio e de urbanismo (Lei n. 48/98, de 11 de Agosto), que passou aprever a elaborao de Relatrios do Estado do Ordenamento do Territrio de dois em dois anos.De 1994 at 2007 foram elaborados quatro REOT (publicados em 1994, 1995, 1997 e 1999).J em 2007 foi criado o Observatrio do Ordenamento do Territrio e do Urbanismo junto daDireco-Geral do Ordenamento do Territrio e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU) que, paraalm de acompanhar e avaliar a aplicao do Programa Nacional da Poltica de Ordenamento doTerritrio (PNPOT), cou incumbido da preparao bienal do REOT.

    No mbito da publicao de relatrios sobre o estado do ambiente em Portugal, importa salientara publicao, em 1987 ano da aprovao da Lei de Bases do Ambiente , simultaneamentecom o primeiro REA, de um compndio estatstico Compndio Experimental de Estatsticasdo Ambiente 1987 e de um documento complementar Ambiente/87 o primeiro de uma

    srie anual que, partindo de uma sntese do estado do ambiente, apresenta os objectivos dapoltica de ambiente a curto prazo, as orientaes de poltica a mdio prazo e as principaismedidas a tomar no ano reportado, com o respectivo programa de investimentos. Os dois

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    primeiros documentos foram da responsabilidade do GEPAT, e o ltimo da Secretaria de Estadodo Ambiente e dos Recursos Naturais, contando tambm com uma contribuio substantiva doGEPAT. A preparao do referido Compndio baseou-se na experincia acumulada nesta matria,quer pelo INE, quer pelos vrios organismos da rea do ambiente existentes na altura. Estedocumento resultou da compilao, ao longo de diversos anos, de um conjunto de informaodisponvel em publicaes de diversas entidades ou mediante a recolha directa de dados. J

    neste documento o universo de temas considerados integrou no s matrias especicamentedo domnio ambiental mas tambm do domnio dos sistemas socio-econmicos.

    Apesar de a Lei de Bases do Ambiente determinar tambm a publicao trienal de um LivroBranco sobre o Estado do Ambiente, apenas em Abril de 1991, a par com o REA desse ano,foi editado pelo MARN o Livro Branco do Estado do Ambiente em Portugal. Esta publicaoanalisou informao relativa ao trinio 1987-1989.

    Tambm em 1991 foi elaborado o relatrio de Portugal para a Conferncia das NaesUnidas sobre Ambiente e Desenvolvimento (CNUAD), realizada no Rio de Janeiro em Junhode 1992, onde se fez uma caracterizao sumria do estado do ambiente, paralelamentecom a contribuio do pas para as futuras estratgias de ambiente a nvel global, regional e

    nacional.Em 1993 o INE publicou pela primeira vez o documento Estatsticas do Ambiente, edio comperiodicidade anual, sobre medidas de gesto e proteco ambiental referentes aos rgosda Administrao Central, Regional e Local, empresas da indstria extractiva, transformadorae electricidade, gs e gua; associaes e outras entidades de bombeiros; e organizaesno governamentais de ambiente. Esta publicao integra informao de natureza fsica enanceira desagregada por domnios de ambiente. Os dados publicados pelo INE tm vindo acontribuir, assim, para consubstanciar a avaliao do estado do ambiente em alguns domniosparticulares.

    Em 1995 foi ainda conduzida pelo Ministrio com a tutela do ambiente uma outra iniciativa,

    objecto de discusso e participao pblica, o Plano Nacional da Poltica de Ambiente (PNPA)para Portugal, aprovado pela Resoluo do Conselho de Ministros n. 38/95, de 21 de Abril, quedeterminava tambm que o PNPA seria objecto de um processo anual de avaliao e controlode execuo, nos termos previstos no prprio Plano, e que seria revisto at ao nal de 1997.Este Plano foi acompanhado de um documento intitulado Caracterizao Sumria do Estado doAmbiente em Portugal, uma vez que se considerou que a caracterizao do estado do ambienteera imprescindvel para o desenvolvimento de um instrumento estratgico desta natureza. Estedocumento de diagnstico seguiu uma estrutura semelhante aos REA j publicados em Portugal,embora tenha sido mais abrangente, no sentido de criar um Quadro de referncia, completo eactual para cada um dos sectores do ambiente ou temticas sectoriais com ele relacionadas.

    Apesar de anteriores Lei de Bases do Ambiente de 1987, considera-se relevante mencionarainda a existncia de outras iniciativas de relato do estado do ambiente. No incio da dcadade 70, com o surgimento das preocupaes mundiais pelo estado do ambiente escala global,tambm em Portugal foram elaborados alguns estudos precursores dos relatrios do estado doambiente, tendo como principal objectivo preparar a participao nacional na primeira cimeiramundial sobre os problemas do ambiente, decorrida em Estocolmo em 1972. Os documentospublicados foram a Monograa Nacional sobre Problemas Relativos ao Ambiente, de Janeirode 1971, e o Relatrio Nacional sobre Problemas Relativos ao Ambiente, de Junho do mesmoano. O primeiro foi submetido conferncia sobre Problemas Relativos ao Ambiente, promovidapela Comisso Econmica para a Europa da ONU em Praga, em Maio de 1971, e o segundofoi submetido Conferncia sobre Ambiente Humano, promovida pelas Naes Unidas emEstocolmo, em Junho de 1972. Os dois documentos foram elaborados pela Junta Nacionalde Investigao Cientca e Tecnolgica, da Presidncia do Conselho. Ambos consideravamo Continente, Ilhas e colnias, descrevendo as principais disfunes ambientais por sector-

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    problema e rea-problema, recomendando medidas e aces, bem como concluses eprioridades integradas em planos de nvel nacional e internacional.

    A avaliao e comunicao do estado do ambiente escala regional (NUTS II) tem vindo a seralvo de vrias iniciativas de relevo. Neste, contexto, saliente-se o REA Aores publicado comperiodicidade bienal pela Direco Regional do Ambiente desde 2001, e o REA Algarve publicadopela primeira vez em 2005 pela Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional do

    Algarve. Ainda neste mbito, foi elaborado o Plano Regional da Poltica de Ambiente para aRegio Autnoma da Madeira em 2000, onde se incluiu um diagnstico extenso com umacaracterizao base sobre o estado do ambiente na regio.

    O Decreto-lei n. 380/99, de 22 de Setembro, que estabelece o regime jurdico dos instrumentosde gesto territorial, alterado e republicado pelo Decreto-lei n. 310/2003, de 10 de Dezembro,dene no seu Art. 146.(2) que as Comisses de Coordenao Regional devem elaborar, de doisem dois anos, um Relatrio do Estado do Ordenamento do Territrio (REOT) ao nvel regional.Este diploma foi aplicado Regio Autnoma dos Aores (RAA) pelo Decreto Legislativo Regionaln. 14/2000/A, de 23 de Maio, alterado e republicado pelo Decreto Legislativo Regional n. 24/2003/A, de 12 de Maio, cujo Art. 12 respeita elaborao do referido documento, atribuindo

    essa responsabilidade actual Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. A RAA publicou em2001 o seu primeiro Relatrio do Estado do Ordenamento do Territrio dos Aores (REOT-A),seguido por um novo relatrio publicado em 2003.

    3.2. Anlise da evoluo dos contedos e das formas de divulgao

    De forma a avaliar a evoluo dos Relatrios do Estado do Ambiente e do Ordenamento doTerritrio em Portugal, foram analisados todos os relatrios publicados entre 1987 e 2007, assimcomo os Anurios da Qualidade do Ambiente e outros documentos relacionados, publicados nomesmo perodo. No total o estudo incidiu sobre mais de 40 documentos (24 dos quais estudadosem maior detalhe) publicados nos ltimos vinte anos por diversas instituies pblicas da reado ambiente ou do ordenamento do territrio.

    A anlise dos vrios documentos consubstanciou-se atravs da identicao de um conjuntode variveis que foram utilizadas para caracterizar o contedo e formato dos vrios relatrios(Quadro 3). O resultado da aplicao desta anlise de contedos, para a maioria das variveisinicialmente propostas, permitiu sistematizar a informao constante nos Quadros A e B, emAnexo.

    Quadro 3 Variveis utilizadas para a caracterizao dos Relatrios do Estado do Ambiente edo Ordenamento do Territrio

    Varivel Descrio

    Data Ano em que foi publicado o documento.

    Autoria Instituio promotora do relatrio e responsvel pela publicao do documento.

    Responsabilizao

    e envolvimento do decisor

    Consideraes tecidas pelo decisor com responsabilidades na rea focado pelo relatrio. Este

    campo traduz o grau de comprometimento institucional, reflectido no nvel hierrquico de quem

    assume esse compromisso e no sentido dessas consideraes.

    Explicitao do objectivo Referncia explcita aos objectivos do relatrio.

    Equipa Tcnica Identificao da equipa responsvel pela coordenao e elaborao do documento.

    Tiragem Nmero de exemplares.

    Dimenso A dimenso do relatrio medida atravs do nmero de pginas do documento.

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    Quadro 3 Variveis utilizadas para a caracterizao dos Relatrios do Estado do Ambiente edo Ordenamento do Territrio (continuao)

    Varivel Descrio

    Formato O formato da publicao est directamente relacionado com a forma de divulgao da mesma

    (e.g. publicao em papel, CD, stio na Internet).

    Estrutura baseada em

    indicadores

    Utilizao formal de indicadores e nmero de indicadores apresentados no documento em

    anlise.

    Ano dos dados Ano mais recente dos dados utilizados no relatrio para caracterizar o estado do ambiente em

    Portugal.

    Modelo conceptual Indicadores estruturados por algum tipo de modelo conceptual (e.g. Presso-Estado-Resposta

    (PSR), Actividades/Foras Motrizes-Presso-Estado-Impacte-Resposta (DPSIR)).

    Formato dos dados Dados maioritariamente apresentados em formato absoluto, normalizado ou agregados em

    ndices.

    Referencial/mbito Utilizao de um mbito estritamente ambiental ou de um mbito mais alargado, integrando

    tambm aspectos sociais e econmicos, numa perspectiva de avaliao da sustentabilidade.

    Desagregao espacial dos

    dados

    Avaliao do maior grau de desagregao espacial dos dados (e.g. NUTS I, II, III ou IV).

    Partes interessadas Pblico-alvo identificado no relatrio.

    Subprodutos Existncia de outros materiais resultantes da elaborao do relatrio (e.g. livro de bolso,

    brochuras temticas).

    Temas tratados Temas ou descritores ambientais, sociais ou econmicos que foram analisados nos relatrios.

    Tendo em considerao as diversas tipologias de REA denidas pela AEA [10], poder-se- armarque nos ltimos 20 anos a maioria dos REA publicados se pode classicar como tradicional. descrito o estado do ambiente e as tendncias do passado, identicando-se as principais causasdas presses exercidas e as respostas polticas que podem remediar a degradao ambientalvericada. Este tipo de relatrio extenso e essencialmente descritivo.

    Na ltima dcada, e tentando acompanhar as principais tendncias internacionais, os REApassaram a analisar a integrao ambiental nos sectores de actividade econmica e asrespectivas polticas (e.g. transportes, energia, agricultura), para alm de uma viso centradanum referencial ambiental, mais tradicional e redutora. Neste tipo de relatrios, classicadospela AEA como Nova gerao de REA, no s se avalia a eccia das polticas ambientais

    do passado, como se examinam as perspectivas futuras, avaliando a distncia s metasestabelecidas. A publicao do REA 1998 marcou este processo de viragem, tendo tambm sidoo primeiro REA formalmente estruturado atravs de indicadores. O REA passou a centrar-se numreferencial ambiental e de sustentabilidade. Este perodo de mudana das prticas institudasno REA portugus foi assinalavelmente inuenciado pelas publicaes do mesmo tipo editadaspela AEA, entretanto criada, e por todas as directrizes metodolgicas que as suportavam. Estanova gerao de relatrios surgia como resposta a mltiplos factores, assumindo particularimportncia o Quinto programa comunitrio de aco em matria de ambiente Em direcoa um desenvolvimento sustentvel , para o perodo 1992-2000. Neste documento estratgicoera reconhecida a necessidade de integrao ambiental em todos os tipos de polticas, comogarante da preservao ambiental. O Sexto programa de aco da Comunidade Europeia em

    matria de ambiente Ambiente 2010: o nosso futuro, a nossa escolha , para o perodo2001-2010, veio reforar a necessidade de melhorar e aprofundar a integrao do ambiente naspolticas econmicas e sociais que exercem presses sobre o ambiente.

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    Ao longo dos ltimos vinte anos os REA tm vindo a evoluir de relatos extensos e casusticos

    at modelos mais sintticos e inteligveis. A utilizao explicita de indicadores em relatrios

    ambientais veio melhorar a eccia destes instrumentos, tendo contribudo positivamente para

    o desempenho geral dos REA, e em particular para a comunicao e envolvimento com as

    partes interessadas, tal como j referido. Os indicadores tm vindo a ser utilizados de forma

    consistente em Portugal desde o REA 1998, integrados em relatrios de formato extenso, onde

    utilizado um conjunto alargado de indicadores-base, e em relatrios de formato sinttico (e.g.o REA 2000), onde utilizado apenas um subconjunto restrito de indicadores-chave.

    Muitos pases e organizaes internacionais concebem os seus relatrios ambientais de acordo

    com indicadores, que esto muitas vezes associados a modelos conceptuais, baseados em

    relaes causais, tais como o modelo Presso-Estado-Resposta (PSR) desenvolvido pela OECD

    [15] a partir de uma adaptao do modelo Stress-Resposta [16]. Sublinhe-se ainda a existncia

    de outras variantes metodologia PSR, designadamente o modelo Actividades/Foras Motrizes-

    Presso-Estado-Impacte-Resposta (DPSIR) [17;18], adoptado pela Agncia Europeia do

    Ambiente (AEA) e o modelo Actividades/Foras Motrizes-Estado-Resposta (DSR) utilizado

    inicialmente pela Organizao das Naes Unidas (ONU) [3]. Este tipo de abordagem permite

    a atribuio das categorias de acordo com o modelo conceptual a ser utilizado, permitindo

    delinear as relaes causais entre grupos de indicadores.

    Relativamente utilizao de modelos conceptuais para estruturar os indicadores em Portugal,

    verica-se que estes foram predominantemente adoptados sempre que os relatrios foram

    estruturados atravs de indicadores. Num primeiro perodo foi adoptado o modelo PSR e,

    a partir do REA 2003, o modelo DPSIR. Saliente-se que j no REA 1994 feita referncia

    metodolgica ao modelo PSR na introduo do relatrio, ainda que depois essa opo de

    estruturar o relatrio em indicadores PSR no esteja cabalmente reectida ao longo da anlise

    dos vrios descritores.

    Os dados de base utilizados constituem o alicerce de qualquer relatrio ambiental. A qualidade

    dos relatrios est intimamente associada aos dados que so utilizados, pelo que essencial

    garantir rigor e transparncia em todo o processo, desde a recolha, passando pela anlise

    e tratamento at comunicao da informao nal. No contexto dos REA nacionais, a

    morosidade e complexidade associada aos circuitos de obteno/disponibilizao de dados,

    bem como a ainda insuciente ou inadequada cobertura espacial e temporal de algumas

    das redes de monitorizao, tem contribudo para um desempenho aqum do desejvel

    na avaliao e comunicao do estado do ambiente em Portugal. Os REA so publicados

    anualmente, reportando-se ao estado do ambiente do ano a que dizem respeito. No entanto

    tem-se observado algum desfasamento entre o ano visado pelo relatrio e o perodo de tempo

    a que dizem respeito os dados analisados. Neste mbito, vericou-se que os dados integrados

    nos REA nem sempre eram os mais actualizados, variando signicativamente com o tipo de

    descritor ambiental, social ou econmico visado. Ao longo dos vrios relatrios publicados

    nestas duas dcadas, constata-se que a actualidade dos dados analisados tinha uma assinalvel

    discrepncia entre os vrios descritores, em particular nos relatrios mais antigos. Contudo,

    nos REA mais recentes os dados reportam-se maioritariamente ao ano que objecto do

    relatrio. No obstante, existem pontualmente algumas excepes em que os dados tm um

    desfasamento de cerca de um ou dois anos em relao ao ano que objecto de avaliao pelo

    relatrio (e.g. balanos energticos).

    Os REA tm por misso cobrir todo territrio de Portugal, pelo que avaliao do estado do

    ambiente tem sido dirigida em primeiro lugar para a escala nacional (NUTS I), seguida de

    desagregaes frequentes para a escala regional (NUTS II), designadamente para as regies

    Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Aores e Madeira. Verica-se tambm que em alguns

    anos os REA no integraram na anlise de escala nacional as regies autnomas dos Aores daMadeira, nem as incluram na anlise desagregada por NUTS II. Uma das razes que poder ter

    motivado este facto a ausncia de dados para estes territrios ou a insuciente comunicao

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    e articulao institucional entre a administrao central e a administrao regional. Na ltimadcada de relatrios publicados denota-se uma melhoria substancial na supresso destaslacunas.

    Os temas focados pelos relatrios do estado do ambiente e do ordenamento do territriotm variado assinalavelmente ao longo dos ltimos 20 anos. A diversidade temtica contidanestes documentos revela relatrios com mais de 20 temas e outros com apenas 4 grandes

    temas tratados em profundidade. Destaque-se tambm que o tema ordenamento do territrioe respectivos subtemas associados passou a estar presente apenas nos REOT a partir domomento em que houve separao do REAOT em REA e REOT. A estrutura adoptada paraa organizao dos temas tem seguido vrios modelos, designadamente: recursos naturais,compartimentos ambientais, problemas ambientais e diferentes combinaes dos anteriores.Para alm deste tipo de organizao temtica, muitos dos relatrios tm tambm procuradoavaliar a integrao do ambiente nas actividades econmicas sectoriais (e.g. agricultura,pesca; turismo; indstria, energia e transportes); esta tendncia particularmente visvel apartir do REA 1998, no obstante algumas tentativas pontuais realizadas em relatrios de anosanteriores. Estes dados ilustram alguma convergncia com o desao marcado pelo Processode Cardiff (Conselho Europeu de Cardiff, em Junho de 1998), centrado no desenvolvimento

    de estratgias que denam o modo de efectuar a integrao do ambiente nos sectores deactividade e, de uma forma mais alargada, a integrao dos princpios do desenvolvimentosustentvel. Neste contexto, saiu reforada a necessidade de monitorizar e relatar o progressoalcanado na integrao do ambiente nas polticas sectoriais. tambm no nal da dcada de90 que os relatrios passaram a apresentar uma seco de enquadramento socio-econmico,reectindo assim uma aproximao a um referencial de sustentabilidade.

    O formato de suporte e divulgao dos relatrios tem acompanhado as principais tendnciasinternacionais. Inicialmente em edies exclusivas de papel, os relatrios mais recentes tmvindo a evoluir para novas plataformas que complementam a edio tradicional, designadamenteem CD e na Internet, com disponibilizao dos cheiros electrnicos do relatrio principal

    (documento em formato PDF Adobe Portable Document Format) e a ligao com os cheirosdos dados de base (em formato folha de clculo Microsoft Excel). A utilizao da Internetconstituiu uma importante fonte de mudana no relato e comunicao da informao ambiental,permitindo obter maior eccia na divulgao e comunicao da informao veiculada por esteinstrumento, alcanando novos e mais amplos pblicos.

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    4. IMPACTE DOS REA NA AVALIAO E COMUNICAO DOESTADO DO AMBIENTE EM PORTUGAL

    Tendo por objectivo avaliar o impacte dos REA na avaliao e comunicao do estado doambiente em Portugal, foi realizado em 2006 um inqurito por questionrio escala nacional.

    A elaborao do questionrio envolveu a realizao de quatro etapas principais: seleco daamostra a inquirir; concepo, pr-teste e lanamento do inqurito por questionrio (por viapostal ou correio electrnico); contactos telefnicos e por correio electrnico para esclarecimentode dvidas; anlise e tratamento de dados do questionrio.

    Foi seleccionada uma amostra representativa da escala nacional, incluindo os principais actores-chave para a medio e relato do estado do ambiente e da sustentabilidade em Portugal. Oprimeiro critrio de seleco das entidades tidas em conta na amostra foi a incluso de todas asque integram a Rede de Pontos Focais (RPF) da APA, estabelecida para a troca de informaosobre dados ambientais. A seleco dos restantes elementos da amostra resultou da aplicaodos seguintes critrios complementares: (i) distribuio regional equilibrada das entidadesinquiridas, de forma a cobrir geogracamente o pas em termos de NUTS II; (ii) representaoponderada entre os sectores pblico e privado; (iii) presena de diferentes tipos de actividadeseconmicas, dando especial enfoque s que actuam com particular incidncia sobre o ambientee o desenvolvimento sustentvel em Portugal; (iv) incluso dos rgos de soberania comresponsabilidade na avaliao do estado do ambiente.

    Assim, a amostra incluiu organismos da Administrao Central, Regional e Local, GruposParlamentares da Assembleia da Repblica e da Comisso de Poder Local, Ambiente eOrdenamento do Territrio, Empresas associadas do BCSD Portugal Conselho Empresarialpara o Desenvolvimento Sustentvel e outras instituies, designadamente Universidades,Organizaes No Governamentais de Ambiente (ONGA) e rgos de comunicao social.

    O questionrio foi enviado em Janeiro de 2006 a 673 entidades (Quadro 4), tendo sido obtidas205 respostas, o que corresponde a uma taxa de resposta de cerca de 30%. O questionrioincluiu um total de 38 questes (abertas e fechadas), divididas em quatro grandes temasinter-relacionados, sendo trs especicamente dedicados ao REA, aos processos de troca deinformao ambiental e auto-avaliao do estado do ambiente pelos inquiridos (Quadro 5).

    Quadro 4 - Lista de entidade inquiridas

    Tipo de entidade Inquiridos (n.)

    Administrao Local 308

    Assembleia da Repblica 39

    Empresas 63

    ONGA 64

    Universidades 54

    Administrao Central e Regional 94

    Jornalistas 13

    Outros 38

    Total 673

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    Quadro 5. Resumo das questes includas no questionrio sobre o REA

    Temas Questes Especficas

    Relatrios do

    Estado do Ambiente

    Acesso aos REA.

    Importncia dos REA.

    Actividade profissional vs exemplos de utilizao do REA.

    Razes que justificam a existncia do REA.Classificao dos contedos e formatos dos REA e comparao dos diversos tipos de REA.

    Periodicidade de publicao.

    Indicadores ambientais vs indicadores de desenvolvimento sustentvel.

    Temticas a incluir no REA.

    Oportunidades de melhoria.

    Meios/plataformas de comunicao e divulgao.

    Outras questes relativas

    ao processo de troca de

    informao sobre dados

    ambientais

    Rede de pontos focais para troca de informao com o IA.

    Oportunidades de troca de informao.

    Sugestes de melhoria.

    Avaliao do estado doambiente pelo inquirido

    Estado actual do ambiente em Portugal.Principais problemas que afectam a qualidade do ambiente.

    Monitorizao ambiental voluntria.

    Os resultados destacam que cerca de 77% dos respondentes conhecem os REA (Quadro 6).Contudo, este resultado excessivamente optimista reecte, em muitas situaes, umconhecimento novo e supercial, motivado por iniciativas de comunicao neste domniolevadas a cabo num perodo relativamente recente em relao ao decorrer do inqurito.

    Das formas de acesso aos REA, assume particular importncia o acesso via Internetno stio doIA, com 76% dos respondentes que assinalam esta opo (Figura 1).

    Analisando por tipo de entidades, o grupo Empresas aquele que menos conhece os REA.Por outro lado, os grupos Administrao Central e Regional e Universidades so aqueles querevelam um maior conhecimento dos relatrios. Estes resultados podem estar associados a umamaior sensibilizao destes grupos para as temticas do ambiente, bem como a uma maiornecessidade de utilizar o tipo de informao veiculada por estes documentos nos trabalhos emque estas entidades esto envolvidas.

    Quadro 6. Conhecimento dos REA por grupos de entidades respondentes

    Administra

    o

    Local

    Assembleiada

    Repblica

    Empresas

    ONGA

    Universida

    des

    Administra

    o

    CentraleR

    egional

    Outros

    Total

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    FA

    (n.)

    FR

    (%)

    Conhece REA 73 71 4 80 10 53 10 91 14 93 33 92 16 100 160 78

    No conhece REA 30 29 1 20 9 47 1 9 1 7 3 8 0 0 45 22

    Respostas 103 100 5 100 19 100 11 100 15 100 36 100 16 100 205 100

    No respostas 2 0 0 0 0 0 0 2

    Nota: FA Frequncia Absoluta; FR Frequncia Relativa

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    Figura 1. Formas de acesso aos REA identicadas pelos respondentes

    Do conjunto dos respondentes que conhecem os REA, cerca de 94% considera que constituem

    documentos Muito importantes (41%) ou Importantes (53%) (Figura 2), e cerca de 97%

    arma que o seu interesse est relacionado com a sua actividade prossional.

    Figura 2. Importncia do REA atribuda pelos respondentes

    O interesse pelo REA manifestado maioritariamente por respondentes que armam utilizar

    esta informao na qualidade de Tcnico da Administrao Pblica e enquanto Cidado

    (Figura 3).

    Figura 3. Interesse manifestado pelo REA, por tipo de actividade

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    Dos respondentes que conhecem os REA, cerca de 66% apresentam exemplos concretos

    para a sua utilizao. A principal aplicao apontada para este tipo de relatrios : consulta

    sobre o estado do ambiente e da sustentabilidade no pas; elaborao de relatrios, estudos e

    pareceres; investigao, ensino ou formao; elaborao de trabalhos acadmicos.

    Relativamente s principais razes que justicam a elaborao anual dos REA as respostas so

    diversas; no entanto, as principais razes apontadas referem-se a Avaliar o cumprimento de

    polticas, planos e programas, e respectivos objectivos e metas (81%), Divulgar informaoambiental ao pblico em geral (80%) e Fornecer informao til de apoio deciso no quadro

    das polticas ambientais (75%) (Figura 4).

    Figura 4. Razes apontadas pelos respondentes para justicar a publicao anual do REA

    A avaliao do REA quanto estrutura, adequao da linguagem, leitura dos dados, seleco deindicadores por tema tratado e aspecto grco e edio, a maioria dos respondentes classica

    os REA genericamente como Bom (Figura 5).

    Em relao aos tipos de indicadores a constar do REA, 89% concorda que se devem utilizar

    no s indicadores ambientais, mas tambm indicadores relativos aos outros pilares do

    desenvolvimento sustentvel (econmicos, sociais e institucionais), procurando, deste modo,

    avaliar a integrao do ambiente nas polticas sectoriais. Todos os grupos de inquiridos

    sublinham esta posio. Os oito temas considerados mais importantes para incluir em REA

    futuros foram: qualidade do ar, resduos, gua doce, solos, alteraes climticas, educao

    ambiental, instrumentos de gesto ambiental, natureza e biodiversidade. Estes temas vm, de

    um modo geral, ao encontro da informao que j tem vindo a ser veiculada nos REA.Uma vez que tm sido elaborados REA com formatos diferentes uns baseados em indicadores-

    chave, mais sintticos (e.g. REA 2004, 2002, 2001 e 2000) e outros seguindo um modelo

    mais extenso e descritivo (e.g. REA 2003 e 1999), foi objectivo deste questionrio averiguar

    tambm qual a preferncia dos inquiridos relativamente a estas duas opes de formato. De

    um modo geral, os respondentes preferem o modelo sinttico, quanto estrutura e aspecto

    grco. No que se refere ao contedo dos relatrios, os respondentes dividem-se em dois

    grandes blocos de peso semelhante, com 47% que preferem os REA extensos e 45% que

    preferem os REA sintticos. Os relatrios mais extensos e descritivos contemplam uma maior

    diversidade de temas, que por sua vez so tratados de forma mais pormenorizada e exaustiva.

    Os respondentes que tm preferncia por este tipo relatrio mais longo podero reectir um

    tipo de utilizao preferencial dada a estes instrumentos, traduzida ao nvel de trabalho tcnico,acadmico/investigao, ensino ou formao, em que a informao detalhada e mais exaustiva

    mais valorizada.

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    Figura 5. Classicao dos REA pelos respondentes

    Relativamente periodicidade dos relatrios, a maioria dos respondentes sublinharam quepreferem REA anuais (91%) na verso sinttica e trienal para os REA verso extensa (55%).

    A maioria dos respondentes (85%) sublinha que a divulgao do REA o principal aspectoque poder contribuir para melhorar o acesso ao mesmo (Figura 6). A participao das partesinteressadas tambm assinalada por muitos respondentes como um elemento importantepara melhorar a qualidade ou o acesso ao relatrio. Estes resultados vm reforar a necessidadede redenir a estratgia de comunicao e de modelo participativo para as futuras edies doREA.

    Associado necessidade de melhorar a divulgao, os respondentes sugerem vrios tipos de

    materiais que podem melhorar a comunicao da informao sobre o estado do ambiente,designadamente as brochuras temticas (70%) e as separatas com resumo (54%) (Figura 7).

    Figura 6. Aspectos que podem melhorar a qualidade ou o acesso ao REA

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    Figura 7. Tipo de materiais que podem melhorar a comunicao da informao

    A disponibilizao dos documentos na Internet em formato electrnico (e.g. PDF Adobe

    Portable Document Format) a plataforma de divulgao e comunicao considerada mais

    adequada (cerca de 90% dos respondentes indicam esta opo) (Figura 8).

    Figura 8. Plataformas de divulgao e comunicao do REA e documentos relacionados

    Por ltimo, das entidades respondentes que armam no conhecer os REA (22%), 84% arma

    que a razo que justica esse facto a divulgao insuciente e as diculdades em aceder ao

    documento (28%) (Figura 9).

    Figura 9. Razes apontadas para o desconhecimento dos REA

    Relativamente s respostas de carcter facultativo, concretamente sobre a auto-avaliao do

    estado do ambiente, traduzida atravs da opinio acerca de quais os principais problemas que

    afectam a qualidade do ambiente em Portugal, verica-se que o Desordenamento do Territrio,

    os Incndios e a Poluio dos Rios e Esturios so identicados pelos inquiridos como os

    principais problemas (Figura 10). A identicao e justicao dos factores que conduzem a

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    esta priorizao de problemas ambientais envolve alguma complexidade e incerteza. Contudo,

    poder-se- admitir que um dos factores associado a estas escolhas est relacionado com os

    temas mais mediticos da actualidade, evidenciando possivelmente que os respondentes

    revelam maior proximidade e preocupao sobre os temas mais frequentemente relatados e

    analisados pelos principais rgos de comunicao. O facto de, por exemplo, os Organismos

    Geneticamente Modicados (OGM) serem uma preocupao identicada apenas por 2% dos

    respondentes pode corroborar esta anlise. Outro factor poder estar relacionado com o factodos problemas identicados poderem ter uma expresso signicativa escala local, podendo

    traduzir preocupaes perceptveis e associadas proximidade residncia ou ao local de

    trabalho.

    Figura 10. Principais problemas que afectam a qualidade do ambiente em Portugal

    Recorrendo a uma analogia com um semforo (metodologia equivalente quela que

    frequentemente adoptada tanto pela Agncia Europeia do Ambiente como por muitas outras

    organizaes internacionais), 87% dos respondentes classica o estado actual do ambiente em

    Portugal como amarelo e apenas 1% o considera verde; 12% dos respondentes classica-o

    como vermelho. Para alm deste resultado poder reectir a situao real do pas em vrios

    domnios do ambiente, pode tambm evidenciar uma atitude de alguma desconana e alerta

    quanto ao estado do ambiente nacional. Este resultado, ao constituir um indicador da percepo

    subjectiva sobre o estado do ambiente e da sustentabilidade em Portugal, poder dar sinais

    sobre a viso global dos inquiridos e reforar a necessidade de aprofundar a divulgao deste

    tipo de informao junto de todos os interessados.

    Quando inquiridos sobre o interesse em participar num programa de monitorizao ambiental

    voluntria atravs da realizao de observaes, vigilncia e medies ambientais, 89% dos

    respondentes respondeu positivamente.

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    5. TENDNCIAS FUTURAS PARA OSRELATRIOS DO ESTADO DO AMBIENTE EM PORTUGAL

    Um dos objectivos do trabalho desenvolvido foi contribuir para a formulao de uma metodologiade apoio elaborao das futuras edies dos relatrios do estado do ambiente, ou seja,

    apresentar sugestes para o modelo a seguir para a elaborao dos prximos REA, incluindoextenso, nmero e tipo de indicadores, periodicidade de actualizao/reviso do relatrio,plataformas de divulgao, tipo de linguagem, mbito da informao (incluindo a desagregaoespacial e temporal).

    Tendo presente o trabalho desenvolvido ao longo dos ltimos anos na rea de relatriosambientais, quer em Portugal, quer escala internacional, bem como as reexes e comentrioselaborados pelo Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentvel (CNADS)sobre estes documentos, apresenta-se um modelo possvel para as futuras edies do REA queintegra vrias componentes principais, apresentadas na Figura 11 e discriminadas seguidamente.A proposta apresentada deve ser considerada como um contributo para o contexto portugus,necessariamente equacionada em estreita ligao com as iniciativas europeias nestes domnio,em particular da Agncia Europeia do Ambiente e, de um modo geral, reectindo as melhoresprticas a nvel internacional nestas matrias.

    Figura 11. Principais etapas do processo de desenvolvimento das futuras edies do REA.

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    Objectivos dos REA

    O objectivo principal do REA avaliar e comunicar o estado do ambiente em Portugal. Aaplicao deste instrumento decorre de uma obrigatoriedade estipulada pela Lei de Bases doAmbiente. O REA constitui um instrumento informativo fundamental para o apoio denio,execuo e avaliao da poltica ambiental, permitindo acompanhar o desenvolvimento depolticas e estratgias de integrao ambiental nas actividades econmicas sectoriais.

    Constituem objectivos especcos um conjunto diversicado de aspectos, dos quais sedestacam:

    Fornecer informao ambiental numa base anual; Permitir comparaes entre o desempenho ambiental de diferentes pases; Agregar dados ambientais de diferentes regies e localidades; Identicar tendncias sobre o estado do ambiente e identicar as lacunas de informao

    ambiental; Apoiar a monitorizao ambiental do pas, contribuindo para avaliar o cumprimento de

    objectivos e metas de polticas, planos e programas; Fornecer um instrumento de apoio deciso;

    Responder s solicitaes de informao sobre ambiente, provenientes de organismosinternacionais; Transmitir informao tcnica de forma mais sinttica e inteligvel, preservando o

    signicado original dos dados; Envolver activamente as diferentes partes interessadas na avaliao e comunicao do

    estado do ambiente.

    Modelo de Gesto

    A gesto do REA pode seguir vrios modelos [19], nomeadamente a criao de um departamentopblico especicamente dedicado a esta matria ou a contratao do servio a uma empresa dosector privado ou a uma instituio de investigao. Na sequncia da prtica existente, o REAser coordenado pela Agncia Portuguesa do Ambiente, com a colaborao da Rede de PontosFocais (RPF) para troca de informao ambiental. A RPF constitui o suporte fundamental para ofornecimento dos dados de base necessrios avaliao do estado do ambiente. Na Figura 12apresentam-se os principais intervenientes no modelo de gesto proposto: os Autores deverotraduzir a colaborao directa da actual RPF; o Grupo Editorial Temtico integrar especialistasdos diferentes temas abordados, efectuando uma reviso independente; o Grupo Editorialde Integrao far a reviso tcnica nal e a avaliao da sua adequao aos objectivosestabelecidos, assegurando o equilbrio entre as diferentes componentes do documento.

    Para alguns tipos de REA (e.g. sectoriais) o modelo de gesto deve integrar parcerias com as

    instituies que tutelam essas reas, a denir caso a caso.

    mbito temtico

    O referencial temtico dos REA deve ser o ambiente, complementado com um diagnsticode enquadramento centrado num referencial socio-econmico-institucional; esta proposta defronteira temtica decorre essencialmente do actual quadro legal e poltico/institucional. Noobstante, deve ser sublinhado que o referencial deste tipo de relatrios ter tendncia paraevoluir para o estado da sustentabilidade, indo para alm do estado do ambiente.

    A concretizar-se este cenrio haver necessidade de rever a articulao dos vrios tipos de

    relatrios existentes sobre a avaliao peridica do estado do pas, nomeadamente ao nvel doambiente, ordenamento do territrio e desenvolvimento sustentvel.

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    Figura 12. Principais intervenientes no modelo de gesto proposto para as futuras edies dos

    REA (adaptado do modelo Holands, apresentado em EEA [19]).

    Extenso, Pblico-alvo e Tipo de Linguagem

    De acordo com a calendarizao que venha a ser denida, a extenso e o pblico-alvo dos REApodem sistematizar-se do seguinte modo (Quadro 7):

    Quadro 7. Extenso e pblico-alvo dos REA

    Extenso Pblico-alvo

    REA Verso ExtensaTodas as partes interessadas na avaliao e comunicao do estado do

    ambiente.

    REA Verso Sinttica

    Todas as partes interessadas na avaliao e comunicao do estado do

    ambiente, com particular relevncia para o pblico em geral, gestores e

    decisores.REA Kids 1 Crianas e/ou jovens em idade escolar.

    REA Temticos, Sectoriais e GeogrficosTodas as partes interessadas na avaliao e comunicao do estado do

    ambiente temtico ou sectorial2.

    A linguagem a utilizar deve ser preferencialmente no tcnica ou, em alternativa, apoiada emelementos grcos ou outros que permitam facilitar a comunicao. A totalidade das versesdever ser editada em portugus e em ingls. O material de grande divulgao (e.g. brochuracom conjuntos restritos de indicadores, seleccionados pela sua especial importncia) deveincluir tambm uma verso em Braille e/ou uma verso udio.

    Estrutura: organizao do documento principal e tipo de indicadores

    A estrutura dos REA deve reectir um modelo sucientemente exvel de forma a dar resposta snecessrias e constantes evolues das exigncias e necessidades de avaliao e comunicao,mas igualmente um modelo slido e estvel de forma a traduzir conana e credibilidade nainformao transmitida e na comparabilidade entre relatrios.

    1 Verso simplicada que dever ser executada num formato dirigido a um pblico jovem e com base em indicadores departicular relevncia para esta faixa etria.

    2 Constituem exemplos os relatrios do estado de problemas ambientais (e.g. alteraes climticas, seca/deserticao), osrelatrios do estado de compartimentos/factores ambientais (e.g. ambientes marinhos e costeiros, rios e albufeiras, orestas,biodiversidade e conversao da natureza), os relatrios do estado de sectores de actividade econmica (e.g. transportes,energia, sade, turismo, defesa, indstria, agricultura, pescas) e os relatrios do estado do ambiente de unidades geogrcas(e.g. unidades naturais estabelecidas de acordo com critrios geogrcos, tais como unidades de paisagem, baciashidrogrca, ilhas, reas protegidas).

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    Propem-se os seguintes elementos base para a estrutura dos REA: Resumo executivo e sntese temtica de todos os indicadores analisados; Elementos introdutrios e metodolgicos; Indicadores socio-econmicos-institucionais de enquadramento que permitam, entre

    outros, avaliar a integrao do ambiente em polticas sectoriais; Indicadores de avaliao do estado do ambiente por domnio/compartimento ambiental

    ou problema ambiental; Captulo de Destaque a incluir nos REA verso sinttica; apresentao e anlise doestado do ambiente referente a um tema, sector ou unidade geogrca a destacar;um captulo autnomo que procura diferenciar e desenvolver um assunto de particularimportncia e actualidade no quadro do estado do ambiente em Portugal;

    Formulrio de avaliao da qualidade/desempenho do REA, a preencher voluntariamentepelo utilizador (e.g. cha destacvel em formato de mini-questionrio);

    Elementos complementares (e.g. lista de denies; referncias)

    A estrutura deve assentar em listagens de vericao temtica. A lista de temas deve serseleccionada e desenvolvida de forma a observar duas condies: (i) comparabilidade com

    outros REA anlogos, em particular no contexto da Unio Europeia; (ii) comunicao com todasas partes interessadas. Os temas tambm devem procurar reectir domnios que apresentemrelevncia poltica, designadamente os que so explicitados em documentos estratgicos.Complementarmente, os indicadores so estruturados de acordo com o modelo conceptualDPSIR, que inclui as seguintes categorias tipo: Actividade/Fora Motriz, Presso (negativa epositiva), Estado, Impacte e Resposta.

    Consideram-se dois grupos de indicadores para avaliar o estado do ambiente, consoante setrate de uma verso extensa ou sinttica do REA:

    Grupo I indicadores-base corresponde a um conjunto completo e mais extenso; Grupo II indicadores-chave corresponde a um subdomnio restrito do Grupo I

    especialmente vocacionado para comunicar com decisores e pblico em geral, bem comopara reportar frequentemente. So seleccionados com base em critrios especcos paraeste tipo de indicadores, nomeadamente os critrios apresentados por Commission ofthe European Communities (2003) [20], OECD (2001) [21], Hertin et al. (2001) [22],EEA (2000b) [9], SOU (1999) [23], Commission of the European Communities (1999)[24] e EEA (s.d.) [25].

    Estes dois grupos de indicadores devem reectir uma situao de equilbrio-dinmico, podendoexistir indicadores que iro alternar entre edies consecutivas. Esta particularidade estessencialmente relacionada com razes de operacionalidade dos processos de obteno dedados, mas tambm com o tipo de informao que veiculada por alguns indicadores s tersignicado para intervalos de tempo mais alargados. No obstante, dever-se- procurar manter

    o mximo de coerncia entre diferentes edies do REA, de forma a possibilitar a anlisecomparativa.

    O nmero de indicadores-base deve situar-se entre os 50 e 100, enquanto que o subdomniode indicadores-chave deve situar-se entre os 10 e 30 indicadores. Sublinhe-se que estes limitesdevem ser vistos como valores indicativos da dimenso desejvel, reectindo um conjuntoalargado de critrios de ponderao e, em particular, a capacidade de garantir eccia na gestodo sistema e na obteno de resultados teis.

    Cobertura geogrca e temporal

    Os REA devem abordar a escala nacional (continente e regies autnomas), passvel dedesagregao por NUTS II, sempre que possvel e desejvel. Excepcionalmente pode ser focadaa escala local.

  • 7/29/2019 REA E OT PORTUGAL - 20 ANOS [APA 2008]

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    Relatrios do Estado do Ambiente e do Ordenamento do Territrio em Portugal | 20 Anos

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    As sries temporais devem ser sucientemente extensas de modo a serem representativas dosfenmenos revelados pelos indicadores em causa; o conjunto de dados deve ser o mais actualpossvel, atingindo desejavelmente o ano formalmente visado pelo REA, e no o ano de ediodo relatrio.

    Plataformas de suporte e de divulgao

    Para melhorar o acesso do pblico informao contida nos REA, deve recorrer-se s seguintesplataformas de suporte e divulgao:

    Verso extensa (edio quadrienal) ou verso sinttica (edio anual) em papel e emformato electrnico (PDF Adobe Portable Document Format interactivo);

    Livro de bolso e/ou brochura (edio anual) com apresentao dos indicadores-chave, associando um CD-ROM de pequeno formato para suporte da informao maisdetalhada; os indicadores apresentados nesta plataforma tero associado um sistemavisual de avaliao de tendncias sobre o estado do ambiente baseado num mtodoanlogo a um semforo (ver descrio na Quadro 8);

    Seminrio anual sobre a avaliao do estado do ambiente em Portugal;

    Portal interactivo na Internetsobre o estado do ambiente, podendo incluir um conjuntode diferentes valncias, tais como:- Anlise sumria dos indicadores, complementada com grcos, fotograas, vdeos e

    informao em tempo real;- Acesso aos dados de base (quantitativos e/ou qualitativos);- Jogos e simuladores sobre desempenho ambiental (e.g. Pegada Ecolgica);- Listagens de auto-avaliao (preenchidas pelo utilizador) sobre o estado do ambiente

    do pas, da regio, da localidade, do local de trabalho ou da sua residncia;- Espao Ambiente Pblico: zona para upload de informao em formato

    electrnico proveniente de estudos sobre monitorizao do estado do ambiente eda sustentabilidade, fornecida por cidados individuais, universidades, empresas,

    organizaes da administrao pblica ou ONG. Seria um espao pblico daresponsabilidade dos autores mas seleccionado e gerido pela instituio responsvelpelo Portal;

    Mailing-listsobre o estado do ambiente em Portugal; Barmetro sobre o estado do ambiente para divulgar periodicamente um conjunto

    restrito de indicadores, junto dos rgos de comunicao social.

    Relaes com outros instrumentos

    O REA deve ser articulado com instrumentos estratgicos e, em particular, com outros relatriosde avaliao do estado do ambiente do territrio nacional (e.g. escalas regional e local) einternacionais. Assim, o REA dever estar coordenado com outros i