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8/16/2019 Reabilitação em Gondarém
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Reabilitação em
Gond rém
Prescrição de sistemas construtivos para a
reabilitação de uma casa tradicional minhota
Francisco Champlon | 7357 | Tecnologias da Reabilitação e Conservação
M!R" #C | Maio $% | Pro'( )orge *astos | Pro'( Francisco +liveira
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GEOGRAFIA E CLIMA
Gondarém é uma das 15 freguesias de Vila Nova de Cerveira, um concelho
situado na margem esquerda do rio Minho, confinante com os concelhos de Valença,
Paredes de Coura, Ponte de Lima e Caminha, e ainda com a comunidade autnoma
es!anhola da Gali"a#
$ !aisagem de Vila Nova de Cerveira é marcada a Norte !elo rio Minho e a %ul
!elo Coura, destacando&se na !arte central a !resença de um maciço montanhoso,
formado !elas serras da G'vea e %algosa, estendendo&se !ara a serra de Covas, que
define, através das suas a(ru!tas encostas, uma se!araç)o clara entre a orla ri(eirinha do
rio Minho e o interior do concelho#
Vila Nova de Cerveira a!resenta caracter*sticas climatéricas t*!icas das regi+es
litorais e su(&litorais da faia $tl-ntica, de clima tem!erado h.mido# $ influ/ncia da
litoralidade é evidente nas tem!eraturas moderadas e nas oscilaç+es térmicas suaves#
0 clima é fortemente marcado !elo vale do rio Minho e !elo sistema
montanhoso norte&sul, que se!ara a faia ri(eirinha do interior do concelho,
contri(uindo !ara as menores am!litudes térmicas que se o(servam nessa faia e
!ro!orcionando tem!eraturas mais amenas que na montanha, verificando&se uma média
anual cerca de 1,52C# 3m 4aneiro, a tem!eratura varia entre ,52C na "ona interior e
162C na faia ri(eirinha, ao !asso que em 4ulho é de a!roimadamente 62C em todo o
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territrio concelhio# 7 medida que a altitude aumenta, a tem!eratura tende a ser mais
(aia 8a !artir da cota dos 556m9 e verifica&se um acréscimo su(stancial da
!luviosidade#
ACESSIBILIDADE
3m termos de acessi(ilidade, Vila Nova de Cerveira é servida !or um con:unto
de vias 8integradas na rede de ;P e ;C9 que garante ra!ide" e facilidade de acesso, quer
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PROPOSTA FUNDAMENTADA DE INTERVENÇÃO
3ssencialmente, o que se conserva ainda da edificaç)o s)o as suas !aredes
eteriores, ainda erguidas e (astante com!letas# udo o resto ter' de ser reconstruido,
!elo que a recu!eraç)o do edif*cio im!licar' um con:unto variado de o!eraç+es e uma
duraç)o de tra(alhos ainda um !ouco etensa# $ssim, e tendo em conta as condiç+es
clim'ticas do local, em que em média ocorrem =66 dias de chuva !or ano, !oder' ser
vanta:osa a utili"aç)o de uma co(ertura !rovisria que !ermita desenvolver os tra(alhos
de o(ra a um ritmo mais continuo e sem constrangimentos# Contudo, tomando em
consideraç)o a dimens)o relativamente diminuta da casa, o investimento em tal
estrutura !oder' re!resentar uma !orç)o muito elevada nos custos totais da o(ra, !elo
que seria necess'rio aferir se de facto havia com!ensaç)o !or esse gasto adicional#
endo em conta a escala diminuta da intervenç)o e as técnicas nela envolvidas,
!ensamos que ser' !oss*vel reali"ar a o(ra sem investir numa co(ertura !rovisria#
Porém, ser' im!rescind*vel que as intervenç+es se:am !rogramadas de modo a que estas
estruturas de !rotecç)o se:am de facto dis!ens'veisD !or eem!lo, as intervenç+es no
interior do edif*cio que n)o !uderem ser reali"adas so( condiç+es atmosféricas adversas
devem ser feitas de!ois de se ter :' reali"ado a co(ertura definitiva ou a!enas no Ver)o,
em(ora esta o!ç)o se:a um !ouco arriscada devido < elevada !ro(a(ilidade de
!reci!itaç)o caracter*stica do clima do local#
Drenagem
$ !rimeira tarefa a reali"ar seria
o(rigatoriamente a eecuç)o do sistema dedrenagem do terreno, !ara !ermitir manter o
local da o(ra lim!o e seco, evitando
!ro(lemas durante a eecuç)o das fases
su(sequentes# Considerando a !endente do
terreno, assumimos que a "ona mais
susce!t*vel de acumulaç)o de 'guas se
locali"ar' ao longo da fachada norte doedif*cio, !osicionada de modo que im!ede o
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escorrimento natural da 'gua, !elo que ser' a* que se locali"ar' o .nico troço de
drenagem enterrado no solo# 3ste ser' eecutado com um esquema convencionalD
escavaç)o de uma vala com cerca de 1 m de !rofundidade, colocaç)o de dreno geot/til
de !oli!ro!ileno, eecuç)o de enrocamento e sucessivas camadas de inertes de
granulometria !rogressivamente menor, terminando em (rita# 3sta estrutura drenante
ficar' envolta !or uma malha geot/til que evite a infiltraç)o de !art*culas do solo na
estrutura drenante# 3m redor do resto do edif*cio n)o ser' necess'rio a!licar este
sistema, uma ve" que a 'gua dever' escorrer seguindo o sentido da !endente do terreno,
n)o voltando a cru"ar o edif*cio#
Paredes exter!res
$s !aredes eteriores a!resentam&se em ra"o'vel estado de conservaç)oD as
fotografias do local mostram que as !aredes se mant/m erguidas até < altura dos antigos
(eirais em !raticamente toda a sua etens)o, dando conta da sua solide" estrutural#
$ssim, as intervenç+es ao n*vel estrutural !oder)o resumir&se ao !reenchimento das
falhas que eistam nas !aredes com (locos de granito 8novos ou reutili"ados da o(ra9, e
< sua consolidaç)o !or meio da in:ecç)o de uma calda de cimento nas :untas, !ara
melhor agregar as !edras#
$ es!essura das !aredes originais, de (locos de granito 8com grande inércia
térmica9, variando entre os 55 e os E1 cm no !iso su!erior, :' garante um n*vel de
isolamento térmico su(stancial, o que re!resenta uma vantagem quanto < climati"aç)o
do interior da ha(itaç)o no Ver)o# Nesta estaç)o, a tem!eratura naquela regi)o é mais
(aia que a média !ortuguesa, todavia confort'vel, variando entre os 1F2C e os =2C,a!roimadamente# 3stas !aredes t/m :' uma (aia conduti(ilidade térmica, !elo que o
calor se transmite !ara o interior muito lentamente#
4' no ;nverno, a tem!eratura atmosférica e a radiaç)o solar ser)o (astante
redu"idas, !elo que as !aredes n)o !ermitir)o grandes ganhos térmicos solares,
tornando necess'rio recorrer a aquecimento !ara tornar confort'vel o interior da
ha(itaç)o# $ssim, :ustifica&se a a!licaç)o de uma soluç)o de isolamento térmico nestas
!aredes#0s desenhos de !ro:ecto de arquitectura e!ressam claramente a vontade de
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!reservar o as!ecto r.stico das !aredes eteriores em granito, !elo que qualquer
intervenç)o deveria levar em conta esta !reocu!aç)o e n)o interferir com a tetura
eterior das !aredes# 3sta condiç)o deia lugar a!enas !ara soluç+es de isolamento !elo
interiorD criaç)o de uma segunda !arede inde!endente em gesso cartonado com
isolamento térmico r*gido 8P%, 3P%, etc9, re(oco térmico com inertes de (aia
transmiss)o térmica, etc##
0!t'mos ent)o !ela a!licaç)o de um re(oco térmico !elo interior 8do ti!o
;sodur9, com aca(amentos que !oder)o variar consoante as "onas da casa e as
!refer/ncias do dono de o(raD areado, estucado, a"ule:o, etc# 3sta camada de re(oco ter'
uma es!essura entre E e ? cm#
C!"ert#ra
$ co(ertura do edif*cio ser' com!osta !or dois telhados de duas 'guas,
!osicionados lado a lado# $ estrutura ser' de madeira, de !inho ou a(eto, as madeiras de
uso mais t*!ico na regi)o, com os frechais assentes so(re ressaltos no to!o das !aredes
de !edra, conforme estava :' e!resso nos desenhos de !ro:ecto, os quais indicam
tam(ém a intenç)o de deiar vis*vel a estrutura da co(ertura# Hma soluç)o mais
convencional de eecuç)o da co(ertura eigiria que se assentasse so(re a sua estrutura
uma camada r*gida que servisse de su!orte aos restantes elementos da co(ertura e que
fosse resistente ao !unçoamento, !ara !ermitir aos o!er'rios caminhar so(re ela durante
a eecuç)o das restantes camadas# 3ste método de eecuç)o da co(ertura, dividido em
v'rias tarefas sucessivas, consumiria (astante tem!o e tra(alho, sendo res!ons'vel !or
uma !arcela assinal'vel dos custos de m)o&de&o(ra#
Por isso, !rescrevemos uma alternativamais r'!ida, mais (arata e de qualidade
equivalente, que consiste na utili"aç)o de !ainel&
sandu*che no ImioloJ da co(ertura# 3stes !ainéis
8do ti!o 0nduline 0ndutherm9 agregam v'rias
funç+es num s elementoD graças a uma camada
su!erior de aglomerado hidrfugo, t/m resist/ncia
mec-nica elevada que lhes confere ca!acidade estruturalK incluem isolamento térmicoem P%K e ainda uma camada de aca(amento que !oder' ficar vis*vel no interior da
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ha(itaç)o# Consoante os fa(ricantes, esta camada de aca(amento !oder' ser em
diferentes materiais# $ssim, !ro!omos a utili"aç)o de !ainéis&sandu*che com forro de
madeira de a(eto, fiados so(re as asnas de madeira#
Por cima do !ainel&sandu*che ser' a!licada uma !laca de su(&telha adequada
!ara montagem de telhado em telha canudo 8do ti!o 0nduline %u(&elha % 66=59#
0 !erfil ondulado da !laca de su(&telha !ermite a ventilaç)o dos com!onentes interiores
da co(ertura, o que contri(ui !ara a sua !reservaç)o em (om estado#
$ telha t*!ica da regi)o onde se insere esta o(ra é a telha canudo, assim como a
que foi a!licada no edif*cio ad:acente < o(ra# %o(re a su(&telha ser' ent)o colocado o
revestimento final em telha cer-mica de ti!o canudo, fiada !or meio de m'stique 8ti!o
0ndufle9 e gram!os em %, em aço # 3ste método de fiaç)o, recomendado !elo
fa(ricante do sistema de su(&telha e !ainel&sandu*che, evita a utili"aç)o de argamassas
!ara a fiaç)o das telhas, argamassas cu:a a!licaç)o !ertur(aria a ventilaç)o da
co(ertura#
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%endo uma das !reocu!aç+es essenciais da intervenç)o afastar as 'guas do
edif*cio, é im!ortante instalar uma caleira !or de(aio dos (eirais !ara recolher as 'guas
!luviais que escorram da co(ertura# Neste caso, o (eiral ser' eecutado conforme o que
eistia antigamente e que ainda se o(serva em alguns troços das !aredes da casaD em
la:etas de granito com um ligeiro declive, !ro:ectando&se das fachadas a alguma
dist-ncia# $ssim, !ro!omos que se fie nestes (eirais uma caleira de "inco que condu"a
as 'guas recolhidas !ara um reservatrio, !odendo ser usadas, !or eem!lo, !ara rega
nos terrenos da !ro!riedade#
La$es
$s la:es ser)o tam(ém eecutadas em estrutura de madeira a!oiada so(re as
!aredes !ortantes de alvenaria de !edra# 0 es!*rito da sua eecuç)o !retende ser
coerente com o da eecuç)o da co(erturaD deiar vis*vel a estrutura da la:e e ter !or
cima desta um forro de madeira a actuar como aca(amento do tecto do !iso inferior#
Portanto, a madeira a utili"ar !oder' ser, uma ve" mais, de !inho ou, se houver
dis!osiç)o !ara gastar um !ouco mais, de a(eto#
Neste troço da la:e do !iso su!erior que fa" tam(ém de tecto do !iso inferior,
o!tamos tam(ém !or uma soluç)o de !ainel&sandu*che !ara aumentar o conforto
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ac.stico do quarto, dotando&o assim da !rivacidade necess'ria# Por conseguinte, neste
troço a la:e com!+e&se da sua estrutura, seguida do !ainel&sandu*che com forro em
madeira de !inho ou a(eto, so(re o qual assentar' um ri!ado de madeira e !or fim um
!avimento de t'(uas corridas de madeira maciça#
Para os restantes troços de la:e, situados logo acima do solo, n)o se :ustifica a
o!ç)o !elo !ainel&sandu*che, !elo que !ro!omos um sistema de la:e elevada, com a
estrutura assente so(re em(asamentos de alvenaria, a reali"ar com (locos de !edra da
o(ra ou das redonde"as, ou em ti:olo caso se:a necess'rio# 3ste esquema evita o
contacto da estrutura de madeira com o solo, o que seria um factor de degradaç)o
acelerada, e cria entre a estrutura e o solo uma caia de ar que, sendo devidamente
ventilada, !ermitir' que a madeira res!ire e se mantenha em (oas condiç+es# N)o
haver' necessidade de colocaç)o de isolamento térmico, na medida em que este sistema
!ro!orcionar' !or si s um grau suficiente de isolamento, desde que o dimensionamento
da ventilaç)o se:a o adequado#
Paredes nter!res
$ !lanta do !iso su!erior ei(e uma !arede de grande es!essura a se!arar a
co"inhasala do quarto 1, numa !osiç)o coincidente com a !arede de granito a*
eistente# ;nter!retamos este facto como e!ress)o da vontade de !reservar uma
su!erf*cie mais r.stica que evoque levemente o am(iente interior de antigamente#
$ssim, ser' necess'rio !roceder < sua consolidaç)o tal como se fe" nas !aredes
eteriores# e(ocar&se&', com re(oco térmico, um troço que acom!anhe a dimens)o da
(ancada da co"inha, assim como o troço homlogo no interior do quarto 1#
e resto, !retende&se que as su!erf*cies das !aredes no interior da casa 8ece!toco"inha e instalaç+es sanit'rias9 tenham um as!ecto cont*nuo de re(oco, aca(ado em
estuque ou areado# $ssim, o!tamos !ela utili"aç)o de !ainéis de gesso cartonado !ara a
eecuç)o das !aredes de com!artimentaç)o interior# 3sta soluç)o dis!ensa a eecuç)o
de novos em(asamentos que seriam necess'rios caso se o!tasse !or qualquer sistema de
!arede mais !esado 8alvenaria de !edra, ti:olo, (locos de (et)o, etc9# O tam(ém a
soluç)o de eecuç)o mais r'!ida e lim!a, o que !oder' re!resentar uma economia
relativamente
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dist-ncia# $inda assim, esta soluç)o tem tam(ém a vantagem de !ermitir !equenas
alteraç+es em o(ra, :' de!ois de eecutadas as la:es, uma ve" que as !aredes s)o
assentes directamente so(re elas, !elo que n)o é necess'rio !rever muito
adiantadamente as intersecç+es !arede&la:e#
Mansardas
0s desenhos de !ro:ecto !arecem evidenciar a intenç)o de dotar as mansardas de
uma linguagem distinta do telhado, a!roimando&nos da ideia de um revestimento
cont*nuo# $ssim, uma hi!tese !ara a eecuç)o das mansardas !ode !assar !ela criaç)o
de uma estrutura em madeira, ligada com a estrutura das asnas da co(ertura, revestida
com diferentes materiais#
Pelo eterior, as su!erf*cies verticais !odem ser eecutadas em !ainéis 3;C%
que conferem
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Pelo interior, a estrutura ser' revestida a gesso cartonado, conforme as restantes
!aredes interiores#
Cax%&aras
Por um lado, a caiilharia tradicional da arquitectura minhota era vulgarmente
eecutada em madeira de !inho, desde que muito (em seca, ou noutras madeiras de
maior qualidade como castanho ou casquinha 8a(eto9# 4anelas e !ortas de ti!o
tradicional em madeira !rovavelmente !oderiam ser eecutadas a uma dist-ncia
relativamente redu"ida do local da o(ra, o que re!resentaria alguma vantagem e
!otencial !ou!ança# Porém, h' que ter em conta que estas caiilharias s)o mais
susce!t*veis de originar !ro(lemas se a sua eecuç)o n)o for de (oa qualidade
8utili"aç)o de madeiras mal secas, etc9, além de que ter' de se ter em conta os custos da
sua manutenç)o#
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Por outro lado, o edif*cio ad:acente