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Recanto das Letras Séries de Web Produção Capítulo 25 Recuperando a Paixão Escrita por José Pereira Versão Internacional de “Recuperando a Paixão” (2015) Personagens deste capítulo ALTAMIRO AMÉLIA ANGÉLICA ANDRESSA ANTÔNIO BIANCA CARINA CARLOS DANIEL DIEGO EDUARDO ELAINE FERNANDO GERALDO GISELE GUILHERME HELEN IRENE JACKELINE JEFERSON JÚLIO MÁRCIA MAURÍCIO MICHELE NAYARA NEUSA NILZA PATRÍCIA RODOLFO SANDRA SEBASTIÃO VÍTOR Participação Especial: DELEGADO, PEDREIROS

Recanto das Letras Capítulo 25 Recuperando a Paixão · voca Eduardo dizendo que vai reconquistar Carina. Cli- ... não tenho namorada, logo eu gosto de/ Rodolfo se detém, fecha

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Recanto das Letras

Séries de Web Produção Capítulo 25

Recuperando a Paixão

Escrita por

José Pereira

Versão Internacional de

“Recuperando a Paixão” (2015)

Personagens deste capítulo

ALTAMIRO

AMÉLIA

ANGÉLICA

ANDRESSA

ANTÔNIO

BIANCA

CARINA

CARLOS

DANIEL

DIEGO

EDUARDO

ELAINE

FERNANDO

GERALDO

GISELE

GUILHERME

HELEN

IRENE

JACKELINE

JEFERSON

JÚLIO

MÁRCIA

MAURÍCIO

MICHELE

NAYARA

NEUSA

NILZA

PATRÍCIA

RODOLFO

SANDRA

SEBASTIÃO

VÍTOR

Participação Especial:

DELEGADO, PEDREIROS

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 1

CENA 1. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Continuação da cena do capítulo anterior. Daniel pro-

voca Eduardo dizendo que vai reconquistar Carina. Cli-

ma tenso, Eduardo furioso, Daniel se limita a dar sor-

risinho irônico e a falar gracinhas.

Daniel — Não se zangue, Eduardo, estou fazen-

do um favor em te avisar.

Eduardo — (ameaçando) E Dª Helen fez um favor

em me contratar, para vigiar Carina e

protegê-la. Não permitirei que você

toque nela, ouviu?

Eduardo sai da sala. Após a porta ser fechada com for-

ça, Daniel dá risadas.

Daniel — Ai, ai, quanto estresse...

Corta para:

CENA 2. CASA DE ALTAMIRO. QTO. DE RODOLFO. INT. MANHÃ.

Angélica entra no quarto de Rodolfo com roupas limpas.

O filho se arruma para o serviço. A mãe deixa as rou-

pas na cama vazia de Diego. Ao ver o gesto, Rodolfo se

chateia.

Angélica — Algum problema, filho?

Rodolfo — Eu telefonei a Diego ontem. Pensei

que finalmente teríamos uma conversa

civilizada, mas ele não colaborou.

Angélica — Filho, um dia ele vai entender.

Rodolfo — Ele insiste nessa ideia de que se eu

não tenho namorada, logo eu gosto de/

Rodolfo se detém, fecha mais a cara e vai para o guar-

da-roupa pegar o cinto da calça.

Angélica — Filho, se você sabe do que... “gos-

ta”, então não deve deixar se irritar

quando te acusam do contrário.

Rodolfo — Quando são pessoas estranhas, eu nem

ligo. Mas alguém da família, o próprio

irmão? Ele não me conhece?

Angélica — Eu te conheço melhor. E não importa

o que aconteça, você jamais deixará de

ser um bom filho.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 2

Angélica abraça Rodolfo, ele se tranquiliza.

Corta para:

CENA 3. COBRASIL. SALA DO CONSÓRCIO. INTERIOR. MANHÃ.

Eduardo chega bufando na sala do consórcio. Michele e

Diego se espantam com o supervisor.

Michele — Aconteceu alguma coisa, Edu?

Diego — Primo, não fique nervoso, olha sua

perna.

Michele — O que tem a perna dele?

Diego — Meu primo tem a perna travada quando

fica sob estresse.

Eduardo se acalma.

Eduardo — Não tem nada a ver isso, Diego. Va-

mos, gente, já ligaram o sistema? Quem

são os caloteiros da vez?

Corta para:

CENA 4. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. MANHÃ.

Júlio e Vítor se encontram, os dois conversam senta-

dos. Tom conspiratório.

Júlio — E então, Vítor, o que conseguiu?

Vítor — Andressa me relatou que sua demissão

foi em desacordo com as decisões toma-

das pela esposa do Daniel Ferreira. De

acordo com ela, a Sra. Ferreira esti-

pulou uma meta acima da capacidade de

metade das funcionárias, que não têm

experiência.

Júlio — A gerente Nilza me falou história

semelhante. Helen Ferreira passou a

trabalhar como monitora, mas quando eu

a vi agindo, parecia a dona.

Vítor — Então o senhor acha que, por causa

desse desacordo, ela seria capaz de

ter dado com a língua nos dentes na

Internet?

Júlio — Pensei a princípio, mas depois me

lembrei de que Nilza garantiu que An-

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dressa tem muita consideração com a

empresa. Ela fez uma visita a eles e

ainda mantem contato com ex-colegas.

Vítor — Pois é, por isso de minha parte acho

que esse e-mail é furada. Pesa contra

ele o fato de ser anônimo.

Júlio — Vamos então deixar essa história de

lado, enquanto não aparece nada de no-

vo.

Vítor — Pois bem, então eu vou para minha

mesa.

Corta para:

CENA 5. COBRASIL. CALL CENTER/ CORREDOR. INT. MANHÃ.

Todas as moças estão dispostas a trabalhar em paz. No

entanto, após a ordem de Helen, Irene estava disposta

a obedecê-la.

Irene — Hoje eu quero dez acordos de todas.

Amélia — (chocada) Ora, seriam 90 acordos ao

todo!

Irene — A Intercob faz/

Nayara — (corta) Aff, lá vem a neta de Hitler

repetindo a ladainha!

Irene dá um tabefe na cara de Nayara.

Irene — Não me interrompa, sua metze!

Márcia — Fala português, caramba!

Amélia começa a sentir-se mal com a comoção.

Amélia — Ai, gente, falem baixo...

Amélia desmaia. Todas se desesperam. Pânico.

Jackeline — Chega! Vou contar tudo para Dª He-

len!

Jackeline sai. As demais moças se ajuntam em volta de

Amélia para acordá-la. Clima de desespero. Corta para

o CORREDOR, Eduardo está saindo quando encontra Jacke-

line correndo.

Eduardo — O que foi, Jackie?

Jackeline — Amélia desmaiou, precisamos de uma

ambulância!

Eduardo — Eu vou telefonar pro esposo dela!

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Jackeline — E eu vou denunciar a Klein Hitler

pra Dª Helen!

Eduardo — Como assim, o que Irene fez?

Jackeline faz cara de desprezo.

Jackeline — Ainda bem que você noivou com Cari-

na, Eduardo, você estaria perdido com

essa louca da Irene. Acredita que ela

deu um tabefe em Nayara só por inter-

rompê-la?

A porta da sala de Helen se abre e ela sai.

Helen — Que gritos são esses?

Eduardo responde ao mesmo tempo em que disca no celu-

lar para Carlos.

Eduardo — Amélia desmaiou por culpa de Irene.

Helen — Não, não foi culpa de Irene.

Jackeline — (indignada) Foi sim, senhora, a neta

de Hitler deu uma tapa...

A própria Jackeline é esbofeteada por Helen.

Helen — Você só sabe falar, falar, falar!

Volte para sua mesa ou chame um médi-

co, faça algo que preste!

Jackeline saiu chorando. Eduardo quis protestar, mas

Carlos atendeu.

Eduardo — (cel) Carlos, venha correndo para a

Cobrasil, Amélia desmaiou aqui... Sim,

venha já!

Corta para:

CENA 6. INTERCOB. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Carlos se desespera após receber a ligação. Ele desli-

ga o celular após se despedir de Eduardo e começa a

juntar suas coisas apressadamente.

Carlos — Minha esposa desmaiou, o que será

que aconteceu?

Elaine — Sou capaz de apostar que Irene tem

algo a ver.

Guilherme — Me lembrei da Neusa que se demitiu

por causa dela.

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Carlos — Bom, gente, depois vocês me contam,

tenho que ir!

Carlos sai correndo. Os demais cobradores observam o

supervisor.

Elaine — Está vendo, Guilherme, a história se

repetindo?

Guilherme — Sim. Devemos ajudar o pessoal da Co-

brasil ou deixá-los se ferrarem com a

neta de Hitler?

Elaine — Não, eles não têm culpa. Vamos aju-

dá-los. Andressa vai nos dar mais in-

formações do incidente.

Corta para:

CENA 7. COBRASIL. CALL CENTER/ RECEPÇÃO/ COZINHA. IN-

TERIOR. MANHÃ.

No CALL CENTER, até Daniel estava presente após ter

sido informado. Todos ao redor de Amélia, grande preo-

cupação.

Daniel — Já está se sentindo melhor, Amélia?

Amélia — Um pouco, foi uma tonteira.

Nilza — (a Irene) E como foi que você ficou

tonta?

Amélia tosse e decide desviar o rifle.

Amélia — Coisas da gravidez, mesmo.

Jackeline — Mentira! Irene começou a briga! Ela

deu um bofetão na cara da Nayara só

porque ela não quis ouvir outra lenga-

lenga de “se aqui fosse a Inter-

cob...”.

Nilza — (cruza os braços) Briga, outra vez

no Call Center? Daniel, isso está im-

possível!

Irene — (dá de ombros) É sempre assim, dito

uma ordem e sou mal interpretada!

Helen — Meninas, vocês precisam compreender

que a boa vida que vocês tinham com

Andressa acabou. Podem dizer o que

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quiser de Irene, mas vejam como vocês

melhoraram e muito na cobrança.

Daniel — Helen tem razão, meninas.

Ao ver Daniel concordando com a esposa, Carina se ir-

rita.

Carina — Não tem nada! Se estamos melhorando

é por nosso esforço!

Ao ouvir a voz de Carina, Amélia junta forças para

questionar:

Amélia — Carina, decida-se: está a favor ou

contra Irene?

Carina — Aff, eu não acordo às seis da manhã

para me meter em guerrinhas!

Eduardo, sentindo que a situação estava se desviando

da principal preocupação, fica do lado de Carina, se-

gurando-a pelos ombros.

Eduardo — Por favor, deixem minha noiva fora

disso!

Daniel não se contém de ciúme e empurra Eduardo para

longe de Carina.

Eduardo — Volte para a sala do consórcio, ra-

paz, e não se meta!

Carina — Sr. Ferreira!

Carina foi a única a verbalizar, mas os demais presen-

tes também se espantaram.

Eduardo — Pode deixar, Carina.

Eduardo sai humilhado. Corta rápido para a RECEPÇÃO.

Quando Eduardo está entre o corredor e a recepção, ele

encontra Sandra abrindo a porta para Carlos.

Eduardo — Ele é o marido de Amélia, Sandra.

Sandra — Ah, sim. Sua esposa já acordou e es-

tá sendo atendida.

Carlos — Bom, deixe-me passar, pois eu sei

onde é. Já trabalhei aqui.

Corta para o CALL CENTER. A passos largos, Carlos en-

tra na sala

Carlos — Cheguei! O que aconteceu aqui?

Amélia, ainda sentada no chão, olha para ele.

Amélia — Nada, amor, só tive uma tonteira.

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Carlos — Imagino como! Quem é a que chamam de

“a neta de Hitler”?

Todas as cobradoras apontam para Irene, que fica furi-

osa. Corta descontínuo para a COZINHA. Eduardo entra

sendo a ira em pessoa.

Eduardo — Esse filho da mãe não vai me deixar

sossegado!

Ele chuta ao ar com a perna ruim e não se aguenta de

dor

Eduardo — Ai, minha perna!

Eduardo cai ao chão, ele tenta se segurar no armário,

mas só consegue derrubar as coisas.

Corta para:

CENA 8. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Sebastião em pé, com vassoura em uma das mãos, indi-

cando que estava varrendo. Na outra mão, celular con-

versando com Altamiro, voz dele em off.

Sebastião — (cel) O que manda, Miro?

Altamiro — (off) Tião, Angélica disse que Ro-

dolfo tentou dialogar em paz com Die-

go, mas sem sucesso. Chegou até a fa-

lar umas gracinhas sobre o emprego.

Que história é essa de se envolver se-

xualmente com as colegas de serviço

assim como o chefe dele faz?

Sebastião — (cel/chocado) Quê? Não estou sabendo

de nada disso, Miro! Acho que Diego só

falou isso para implicar com Rodolfo,

embora eu pense que isso também não

esteja correto.

Altamiro — (off) Claro que não.

Sebastião — (cel) Vou conversar com ele, se sua

permanência aqui for para se distanci-

ar do irmão, prefiro que ele volte.

Altamiro — (off) Não quero que você o expulse,

mas sabe como é Angélica.

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Sebastião — (cel/sorri) Sei, conheço minha cu-

nhada. E então, fora isso como vão as

coisas?

Sebastião se senta no sofá, escutando o irmão.

Corta para:

CENA 9. COBRASIL. CALL CENTER/ COZINHA. INT. MANHÃ.

Continuação da cena 07. Carlos se aproxima de Irene.

Carlos — Então é por sua causa que uma tal

Neusa saiu da Intercob?

Irene — Quem foi que contou essa mentira?

Elaine?

Carlos — Parece que sua fama não é boa lá.

Daniel — (estranhando) O que está querendo

dizer, Carlos, ela passou bons dois

anos lá.

Amélia — Ai, não comecem, vou desmaiar de no-

vo.

Carlos — Daniel, vou levar minha esposa para

casa.

Daniel — Fique à vontade, cara, eu compreen-

do.

Nilza — Enquanto isso eu resolvo as coisas

aqui.

Carlos leva Amélia com cuidado para fora da sala. Ca-

rina fala a seguir.

Carina — Eu vou beber água.

Irene — Não mova um passo, sua peste, não vê

que a gerente vai falar?

Nilza se choca com a pastora alemã.

Nilza — Eu autorizo sua saída, Carina.

Irene — Agora sim, você pode sair.

Carina sai segurando o riso, de tão ridícula se porta-

va Irene.

Márcia — (lamentando) Meu Deus, isso não está

acontecendo...

Corta para a COZINHA. Carina abre a porta da cozinha e

encontra Eduardo ainda tentando se levantar.

Carina — Ai, meu Deus! Edu, o que aconteceu?

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Eduardo — Tropecei e cai, meu bem, por favor,

não se preocupe.

Carina — Machucou, meu amor? Vou chamar o Di-

ego.

Carina sai correndo. Eduardo tenta se levantar, mas

parece que a perna esquerda não se mexe. Segundos de-

pois, Carina volta com Diego.

Diego — Primo, que tombo! Escorregou?

Eduardo — Sim, parece que o piso estava molha-

do.

Carina — (orientando) Aqui, senta aqui nessa

cadeira.

Com muito custo Eduardo senta. Diego o ajuda.

Carina — Pronto, bateu em qual perna?

Eduardo — Nessa aqui.

Carina — (alarmada) Nessa? A que você está

arrastando? Vou chamar meu irmão ime-

diatamente!

Eduardo — Não, querida, por favor, não foi na-

da.

Carina — Edu, estou desconfiada dessa seque-

la, tenho certeza de que você teve

mais do que um simples colapso.

Eduardo — Carina, por favor, não me assuste!

Estou bem.

Daniel entra na cozinha.

Daniel — (irracional) Ah, o que vejo aqui?

Mais funcionários sem trabalhar.

Carina — Daniel, tenha calma, Edu teve uma

queda.

Daniel — E com certeza ele vai arrumar tudo

isso, né?

Carina — Eu arrumo.

Daniel — Estou ordenando que esse pateta ar-

rume! E você, Carina, volte para sua

sala, pois Nilza está falando com as

cobradoras. E você, (aponta para Die-

go) volte para o consórcio!

Diego — S-s-sim, senhor!

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Diego e Carina saem. Eduardo, cheio de dor, tem que se

agachar e recolher as coisas que derrubou. Daniel cur-

te com o sofrimento do rival.

Daniel — Vamos, para de show, foi só um tom-

bozinho.

Eduardo fuzila Daniel com o olhar.

Corta para:

CENA 10. CARRO DE CARLOS. INTERIOR. MANHÃ.

No carro de Carlos, que guiava de volta para casa, ele

resolve perguntar por mais detalhes.

Carlos — Você pode me explicar melhor o que

aconteceu?

Amélia — Irene nos ordenou 90 acordos, dez

por uma. Eu disse que seria penoso uma

meta dessas. Irene ia começar a reci-

tar como sempre “na Intercob tudo é

possível, blá, blá, blá”, quando Naya-

ra a interrompeu, dizendo que não que-

ria ouvir de novo a mesma história.

Então, Irene a chamou de prostituta em

alemão e lhe deu um tapa.

Carlos — (horrorizado) Sério, isso, amor?

Amélia — Sim, aí as meninas começaram a dis-

cutir e eu fiquei zonza com tanta gri-

taria.

Carlos — Você tem que sair imediatamente des-

sa empresa maluca, Amélia.

Amélia — Sabe muito bem que não farei isso.

Que injusto, é Irene quem tem de ser

demitida.

Carlos torce a boca com desgosto.

Carlos — (pensando) Ela não sai de jeito ne-

nhum só por causa do Daniel.

Corta para:

CENA 11. COBRASIL. SALA DE NILZA/ SALA DE DANIEL. IN-

TERIOR. MANHÃ.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 11

Nilza está sentada em sua mesa enquanto Irene estava

sentada do outro lado. Nilza digitava o que poderia

ser a demissão de Irene. Irene espicha o pescoço ten-

tando ver o monitor.

Nilza — Não aguento mais, Irene, tenho que

te demitir.

Irene — Vai me demitir por fazer o meu tra-

balho? Por acaso é algo tão impossí-

vel, pedir que as funcionárias fechem

dez acordos por dia?

Nilza — Sei que na Intercob se fecham mais

de 100 por dia, mas nós ainda estamos

caminhando para tanto, Irene. Precisa

ter mais paciência. Acontece que eu já

falei isso para você, mas você insiste

em não me escutar.

Helen entra na sala.

Helen — O que está acontecendo, por que Ire-

ne não está supervisionando?

Nilza — Isso é o que pergunto: por que Irene

não está supervisionando? Por que ela

está agindo como uma ditadora na sala

da Cobrança?

Irene — (se faz de sonsa) Então manter a or-

dem e a disciplina é ser ditadora?

Nilza — Dar tabefes em suas colegas, sim!

Helen — Você acredita demais naquela Jacke-

line, todos nós sabemos que ela é fo-

foqueira empedernida.

Nilza — Helen, isso está fora de discussão.

Estava agora mesmo dizendo a Irene que

ela terá de deixar essa empresa.

Batem à porta.

Nilza — Entre!

É Eduardo. Helen arregala os olhos, vê aí uma oportu-

nidade para salvar Irene.

Eduardo — Com licença, Dª Nilza? Posso entrar?

Nilza — Eduardo, o que faz aqui?

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Helen — Ele tem todo o direito de entrar,

Nilza! (pega Eduardo pelo braço e o

trás para perto) Ele também é um moni-

tor, supervisor da cobrança do consór-

cio.

Eduardo — (tímido) Bem, não é para tanto, Dª

Helen! Só queria expor minha opinião

sobre o destino de Irene.

Irene olha suplicando para Eduardo. Ele sorri.

Eduardo — Irene sempre me pareceu uma boa moça

e ajuizada, não consigo compreender

essa história de tabefes e xingamentos

em alemão. E mesmo que isso seja ver-

dade, creio que isso se passa porque

Irene ainda não está de toda inteirada

no ambiente da Cobrasil. Parece que na

Intercob o terreno é mais hostil.

Irene finge que quase vai chorar.

Irene — Embora eu ache que você se daria su-

per bem lá, Edu, realmente, lá não é

fácil.

Nilza — Mas as moças daqui não estão acostu-

madas a esse ritmo agressivo, Irene,

tenho que encontrar uma supervisora

mais compreensiva.

Helen — (alfinetando) E mais frouxa, como a

Dessa, que pede demissão quando o che-

fe anuncia novas metas a cumprir?

Eduardo — Por favor, Dª Nilza, dê uma chance a

Irene. Eu me responsabilizo.

Irene arregala os olhos para Eduardo. Nilza se comove.

Nilza — Não, Eduardo, se acontecer novamen-

te, ela terá que responder sozinha.

Mas, me impressionou sua lealdade.

Eduardo — Só estou tentando ajudar a empresa a

resolver as coisas de maneira pacífi-

ca.

Irene — Obrigada, Edu!

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Irene se levanta e abraça Eduardo, nisso Daniel abre a

porta e encontra a cena. Close em Daniel que apenas

sorri de leve para Nilza e sai discretamente, fechando

a porta. Ele corre para sua sala (corte rápido para a

SALA DE DANIEL), senta-se e abre e-mail novo para man-

dar à Carina, sorriso sacana enquanto digita.

Corta para:

CENA 12. MONEYCARD. CORREDORES. INTERIOR. MANHÃ.

Andressa e Neusa estão paradas, encostadas na parede.

Pessoas caminham ao redor, mas elas estão concentradas

no celular de Neusa.

Neusa — Andressa, Elaine acaba de mandar zap

dizendo que o supervisor, cuja esposa

trabalha na Cobrasil, saiu correndo

para vê-la, pois desmaiou.

Andressa — Nossa que horror! Só falta me dize-

rem que...

Neusa — (olhando o celular) Sim! Irene

aprontando novamente! Briga na Cobra-

sil.

Breve insert de Vítor que para de caminhar quando es-

cuta a menção da Cobrasil. Volta para Andressa que fi-

ca de costas para Vítor, sem vê-lo, e Neusa segue

olhando fixo para o aparelho.

Neusa — Ela disse que o supervisor também

era da Cobrasil.

Andressa — Ora, mas é Carlos! Então a esposa é

Amélia! Céus, como a Cobrasil está ba-

gunçada, que vergonha.

Neusa — Precisamos expor esse problema, An-

dressa, ou a Moneycard será ridicula-

rizada.

Andressa — Vamos pensar num plano sem aquele

lance do “Telemarketing da Depressão”,

você viu como a coisa se resultou de-

sastrosa.

Neusa — Nem descobriram quem foi.

Vítor gira nos calcanhares e se afasta.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 14

Corta para:

CENA 13. COBRASIL. CALL CENTER/ SALA DE DANIEL. INTE-

RIOR. MANHÃ.

Carina está fechando outra negociação quando recebe o

e-mail. Close no monitor.

Daniel — “Seu ‘noivo’ estava abraçando Irene

na sala da Nilza. Parece que ele con-

venceu a gerente a não demitir a su-

pervisora. E ela não perdeu tempo em

‘agradecê-lo’, hein?”.

Carina se irrita com o e-mail e resolve ir falar com

ele. Corta para a SALA DE DANIEL. Quando ela entra,

Daniel fica surpreso com sua presença.

Daniel — Carina, não te esperava tão rápido.

Carina — Você quer parar com essas insinua-

ções nojentas?

Daniel — Ai, Carina, eu só estava fazendo um

favor em te avisar. Seu Edu convenceu

Nilza a não demitir Irene, ela agora

vai continuar atazanando vocês. Não se

esqueça de fechar dez acordos hoje!

Carina — Você é um cínico sem-vergonha!

Daniel se levanta, um sorriso mais do que cafajeste.

Daniel — E você é uma mulher maravilhosa,

gostosa!

Carina — Como ousa? Sou comprometida, agora.

Daniel — Pode ter um compromisso com ele, uma

aliança no dedo; (tom) mas no seu co-

ração, na sua mente, sou eu quem ocu-

pa. (se aproxima) Vamos, Carina, con-

fesse!

Carina — Eu... Eu... Te odeio!

Daniel — Como é?

Num impulso, Daniel segura o braço de Carina. Abre-se

a porta e Eduardo surge.

Eduardo — Ai, e agora, o que você está fazendo

com Carina?

Daniel e Carina se assustam.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 15

Corta para:

CENA 14. PRÉDIO EM OBRAS. INTERIOR. MANHÃ.

Durante o assentamento do piso de um dos andares, Je-

ferson puxou conversa com Geraldo.

Jeferson — Geraldo, você sabe onde tem casa ou

kitchenette?

Geraldo — Sei não, filho, mas posso procurar.

Ué, quer sair de casa?

Jeferson — Preciso. Minha convivência familiar

não está boa.

Geraldo — Pelo que eu pude observar no jantar,

vai tudo bem.

Jeferson dá risadas.

Jeferson — Na hora da alegria, todo mundo está

bem, mas quando a festa acaba, volta a

realidade. Meu pai nunca gostou de

mim, só teve olhos para Eduardo. E

agora, mesmo com quase 27 anos, ainda

não suporto a ideia de meu pai nunca

me falar “bom trabalho, filho”, ou

“Deus te acompanhe”, só Eduardo que

ouve esses cumprimentos.

Geraldo — Não acha que está exagerando, Jefer-

son?

Jeferson — Bem, ele é um bom pai, sim; mas é

inegável que Edu é a maior alegria. Eu

sempre lhe dei desgostos, e agora es-

tou tentando remediar, mas mesmo assim

ele não reconhece.

Geraldo — Poxa, que dureza, amigo. Bem, o que

eu puder fazer para ajudar...

Outro colega do trabalho começou a usar um cortador de

azulejo, interrompendo a conversa dos dois.

Corta para:

CENA 15. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ COZINHA. INTERIOR.

MANHÃ.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 16

Eduardo entra na sala, furioso ao ver que Daniel não

desistia mesmo com a presença dele. Clima tenso.

Eduardo — Escutei sua voz, Nina, deu pra ouvir

do corredor. É o cúmulo mesmo, hoje

você decidiu não me deixar em paz!

Daniel — (cínico) Está ficando maluco, Eduar-

do.

Eduardo — Maluco é você! Solte minha noiva, já

disse para ficar longe dela!

Daniel — Feche a porta e fale baixo, Eduardo!

Eduardo — Não, vou deixar aberta e falar bem

alto para Helen escutar.

Carina se livra do patrão e corre até seu noivo.

Carina — Não, Edu, não fale nada a Helen, na-

da aconteceu!

Eduardo se acalma, a abraça e beija sua testa.

Eduardo — Eu estou aqui, meu bem, para cuidar

de você.

Daniel — Bem, Eduardo, Carina e eu estávamos

falando de trabalho; já que você fez o

favor de interromper, sugiro que se

retirem os dois.

Eduardo — Com muito prazer.

Ele sai e leva Carina. Corta para a COZINHA, onde os

dois vão. Carina percebe o andar de Eduardo.

Carina — Ai, querido, está mancando de novo!

Eduardo — Deixa quieto, querida, estou bem.

Carina — Eu não quero que algo pior te acon-

teça.

Eduardo — (sorri) Não quer se casar com um pa-

ralítico?

Carina dá um rápido beijo.

Carina — Eu cuidaria de você se fosse um pa-

raplégico, se tivesse que te dar ba-

nho, se tivesse que te dar comida na

boca... Mas eu não quero que isso seja

minha culpa, entende?

Eduardo — Não será sua culpa, Carina. Eu te

amo.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 17

Carina — (começa a chorar) Eu também te amo.

Eduardo põe a cabeça de Carina em seu peito, ela chora

com mais força.

Corta para:

CENA 16. INTERCOB. SALA DE FERNANDO. INTERIOR. MANHÃ.

Fernando está trabalhando. Carlos abre a porta e en-

tra, estressado. Conversa segue nesse tom.

Fernando — E então, amigo, como foi?

Carlos — Tive que levar minha mulher para ca-

sa, pois de fato desmaiara na Cobra-

sil. Mas, sabe o que é maior? Houve

uma briga por Irene, a neta de Hitler.

Fernando se levanta furioso, sangue nos olhos.

Fernando — Carlos, como se atreve a repetir es-

se apelido sem-graça? Irene Klein foi

minha funcionária exemplar que pediu

demissão devido a essa implicância!

Carlos — Pois minha esposa disse que essa

Irene é a supervisora, mas só sabe

berrar como louca, xingar em alemão e

esbofetear suas inferiores.

Fernando — Irene me conta que ela está sendo

bem firme porque as cobradoras com a

anterior supervisora só sabiam fofocar

e mexer na Internet. Como Irene está

colocando a todas na linha, elas in-

ventam essas histórias de “opressão”.

Carlos — Não, Fernando, eu vi; estavam todos

ao redor de Amélia, ela estava sentada

no chão. Ninguém falou que foi apenas

um desmaio da gravidez.

Fernando — (acalmando-se) OK, foi um momento de

estresse e desentendimento, mas ainda

não aceito que se coloque todas as

coisas ruins na conta de Irene. Não

entendo como o povo é rápido em julgá-

la.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 18

Carlos — (desconfiando) OK. Eu vou ficar mais

um pouco e depois irei para casa, não

vou deixar minha mulher grávida sozi-

nha.

Fernando — (petulante) Ih, se vai ficar saindo

assim durante o expediente, melhor

trazer tua mulher para cá. Senão, ela

vai continuar sob constante estresse

naquela joça.

Carlos dá um sorriso amarelo e sai.

Corta para:

CENA 17. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Daniel fecha a porta de sua sala e se senta, chateado

com a interrupção de Eduardo. Mal teve tempo de se re-

compor, a porta se abre e Patrícia entra com mais uma

bomba.

Patrícia — Sr. Ferreira, é necessário que o se-

nhor saiba de algo sobre Gisele. Ela

precisa do senhor mais do que nunca!

Daniel — Patrícia, que tipo de conversa é es-

sa?

Patrícia — É sério, senhor. Por sua causa que

ela está se submetendo a estupros diá-

rios!

Daniel empurra a cadeira para trás.

Daniel — Quê? Quem está fazendo isso com ela?

Patrícia — O Antônio, o cara que te espancou

outra noite, ele agora não sai da casa

de Gisele e a obriga a ir para a cama

com ele. Disse que se ela não o acei-

tar ele vai matar o senhor, e por isso

Gisele aceita, porque te ama e não

quer que Antônio faça algo contigo!

Daniel — Ora... Mas isso é monstruoso? O que

eu posso fazer?

Patrícia — Case-se com Gisele, chefe, case-se

com ela e a salve desse monstro maldi-

to!

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 19

Close em Daniel, surpreso com a proposta.

Corta para:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 18. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Continuação da cena anterior. Patrícia diz a Daniel

que ele precisa proteger Gisele casando com ela.

Daniel — (espantado) Mas... Mas eu não posso

fazer isso, Patrícia! O máximo que

posso fazer é denunciá-lo.

Patrícia — Ah, tá, e depois de uns anos na ca-

deia, ele sai e te mata. Não vai adi-

antar, senhor!

Daniel — Patrícia, eu não posso casar com Gi-

sele sem amor.

Patrícia — Desculpe, chefe, mas pelo que Gisele

contou...

Daniel — (sério) Gisele está contando coisas

demais. Por favor, volte para sua me-

sa. Irene já falou que não quer vocês

vindo à minha sala sem que eu chame,

depois vocês reclamam que ela é neta

de Hitler!

Patrícia sai envergonhada da sala.

Corta para:

CENA 19. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. MANHÃ.

Vítor relata a Júlio a conversa que ouviu.

Júlio — Nova forma de expor o problema da

Cobrasil sem as redes sociais?

Vítor — Posso estar enganado, mas senti que

elas falavam...

Júlio — (completa) Como se não fosse a pri-

meira vez.

Vítor — Então foi mesmo a Andressa? Se ela

reconhece que a primeira vez foi um

erro... “Vamos elaborar um plano”...

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 20

Júlio — Não sei em qual situação me chateio

mais, o fato de Andressa fazer isso ou

o fato de ter ocorrido mais um escân-

dalo na Cobrasil.

Vítor — O que faremos agora, Júlio?

Júlio — Vamos ter de continuar a tratar des-

se assunto, pelo visto.

Vítor acena com a cabeça, se levanta e sai.

Corta para:

CENA 20. COBRASIL. SALA DO CONSÓRCIO/ CALL CENTER. IN-

TERIOR. ONZE E MEIA.

Eduardo se levanta para almoçar. Diego e Michele per-

manecem no trabalho.

Eduardo — Diego, você fica na sala por enquan-

to, caso um cliente ligue? Eu vou

acompanhar Carina no almoço.

Diego — Sim, primo, eu fico com Michele.

Michele — Hi, hi, é melhor começar a chamá-lo

de “chefe”, Diego; ele é seu supervi-

sor e monitor.

Eduardo — (rindo) Ai, ai, esse povo da Cobra-

sil...

Carina abre a porta, entrando.

Carina — Vamos, querido?

Eduardo — Vamos. Tchau, gente.

Corta para o CALL CENTER. Com a saída da primeira tur-

ma, Patrícia senta-se junto de Gisele, conversa em tom

baixo.

Patrícia — Vamos aproveitar que a neta de Hi-

tler foi almoçar. Eu falei com o che-

fe.

Gisele — O que você disse?

Patrícia — Bem, disse que por culpa dele você

estava sendo abusada todo dia.

Gisele — Mas você não raciocina direito, me-

nina? O que ele disse?

Patrícia — O covarde se nega a te ajudar.

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Gisele — E o que ele poderia fazer? Enfrentar

Antônio?

Patrícia — No mínimo, como cavalheiro. No máxi-

mo deveria se casar contigo.

Gisele — Até que não é uma má ideia, mas ele

não poderia fazer isso.

Patrícia — Se ele te amasse, faria ao menos uma

coisa, mas ele quer ficar de braços

cruzados. Porque ele não te ama.

Gisele — Não me ama agora, mas vai me amar

depois.

Patrícia — Gisele, até quando você vai continu-

ar sonhando com esse seu plano impos-

sível? Não basta a louca da esposa,

não basta a amante oficial e a Carina

também na lista?

Gisele — Não me importo com nada disso, con-

tanto que ele seja meu!

Patrícia — Pois uma mulher honrada deveria se

importar sim! Quem garante que Daniel

Ferreira não será igual ou pior que

Antônio?

Patrícia volta para sua mesa, deixando Gisele a medi-

tar.

Corta para:

CENA 21. RESTAURANTE. INTERIOR. MEIO-DIA.

Eduardo e Carina já estão na mesa, almoçando.

Carina — Já está melhor, Edu?

Eduardo — Já, meu bem, obrigado pela preocupa-

ção. Seu chefe realmente me tira do

sério.

Carina — Não vê que é isso que ele quer? Pre-

cisamos enfrentá-lo de maneira inteli-

gente.

Eduardo — Eu só quero ajudar Dª Helen com seus

planos.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 22

Carina — Hum. (bebe refrigerante) Você con-

venceu mesmo a Nilza a não demitir

Irene?

Eduardo — Sim, amor, Irene precisa se adaptar

ao ritmo cool da Cobrasil.

Carina — Edu, eu sinto que Irene age como age

por ordem da Helen. Assim que Irene

entrou na empresa, as duas se tornaram

amigas.

Eduardo — Puxa, mas com que finalidade?

Carina — Sei lá, talvez a sede que Helen tem

de ver a empresa crescer é tanta que

acaba tolerando os acessos de Irene. E

Irene vive dizendo que é assim na In-

tercob.

Eduardo — No dia que eu fui lá não vi isso

não...

Corta rápido para Elaine e Guilherme, que estavam na

mesa de trás. Eles se voltam e abordam os dois.

Guilherme — Com licença, vocês falaram Intercob?

Elaine — E mencionaram Irene? Nós somos de

lá! Oh, olá, Eduardo!

Eduardo — Ah, vocês são amigos de Irene? Ela

está conosco agora.

Carina — Eu sou a Carina e este é meu noivo,

Eduardo. Sentem-se com a gente!

Guilherme e Elaine sentaram-se para almoçar com Carina

e Eduardo.

Corta para:

CENA 22. CENTRO. RUAS. EXTERIOR. MEIO-DIA.

Helen está andando com sacolas quando alguém a pega

pelo ombro.

Maurício — Continue andando tranquilamente! Sem

escândalo!

Helen — M-Maurício, o que foi ag/

Maurício — (corta) Vamos entrar naquele beco.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 23

Em cortes descontínuos, Maurício leva Helen mais para

dentro do Centro, depois eles sobem uma ladeira e ter-

minam com eles parando na praça da Catedral.

Helen — Jesus Amado, por que me levou para

tão longe?

Maurício — Podemos conversar melhor aqui.

Helen — Quando você vai me deixar em paz?

Maurício — Eu nunca vou te deixar em paz, He-

len! Será seu castigo até eu morrer. E

nem pense em me matar, senão você vai

presa, agora que Carina sabe sobre

nós.

Helen — (assustada) O quê, você disse que

nós/

Maurício — Disse apenas o necessário, por en-

quanto. Infelizmente, eu queria nada

dizer, mas você foi muito burra em

guardar aquelas fotos nossas na praia

de nudismo!

Helen — Como ela descobriu essas fotos, elas

estavam bem guardadas... Ai, meu Deus,

só pode ter sido Danilo! Fica o dia

todo em casa, só vai para a faculdade

à noite!

Maurício — Sim, Carina me disse que foi ele,

mas nem pense em fazer nada contra o

rapaz!

Helen — Ele não é seu filho para você se

preocupar.

Maurício — E nem é seu.

Helen — Mas isso não lhe dá direito/

Maurício — Porque as mulheres não conseguem jo-

gar fora as coisas?

Helen — Eu quis guardá-las. Se ninguém em

casa fosse metido a espião...

Maurício — Confesse, Helen, você as guardou

porque sente saudade dessa época, não

é? No fundo gostou de estar comigo.

Helen — (rindo) Não seja ridículo!

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 24

Maurício — Por que não tentamos de novo, Helen?

Olha que eu mudei muito, agora sou mé-

dico, estou frequentando academia, te-

nho mais músculos do que quando tira-

mos a foto...

Helen — (se afastando) Eu não vou me desfa-

zer do Daniel, mesmo que ele esteja

apaixonado por sua irmã!

Maurício — Esse seu marido cafajeste e galinha

vai morrer sozinho, entendeu? Minha

irmã ficará com Edu e você ficará co-

migo!

Maurício solta o braço de Helen e sai.

Helen — Ah, que bonito, como é que volto pa-

ra o Ed. Ribamar?

Corta para:

CENA 23. RESTAURANTE. INTERIOR. MEIO-DIA.

Continuação não imediata da cena 21. Elaine e Guilher-

me contam a Eduardo e Carina a versão deles sobre a

trajetória de Irene na Intercob.

Elaine — E foi assim que Irene foi demitida.

Eduardo — (espantado) Isso tudo que vocês es-

tão falando é verdade?

Carina — (satisfeita) Ora, mas tudo se encai-

xa na Irene que está na Cobrasil, to-

cando o terror. Viu, amor, a Intercob

é uma empresa bem profissional, mas

também não dá cobertura às loucuras

dela.

Elaine — Há meses que quero ficar cara a cara

com essa maldita.

Eduardo — Eu ainda estou boiando...

Guilherme — Não se deixe levar por aquele rosti-

nho alemão, Eduardo.

Carina — Não, agora Edu e eu estamos noivos.

(passa a mão na cabeça dele) Uma pena

que ele não deixou Nilza demiti-la.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 25

Eduardo — O que posso fazer agora, me sinto

culpado...

Elaine — Não, não, Eduardo, deixe que ela se

envolva em outro escândalo, é questão

de tempo.

Carina — Me preocupa em como isso vai afetar

a empresa do Daniel...

Eduardo olhou feio para Carina e ela baixou os olhos.

Guilherme — Vamos, Elaine, está na hora da gente

voltar.

Eduardo — Também vamos, Nina.

Corta para:

CENA 24. PRÉDIO EM OBRAS. EXTERIOR. MEIO-DIA.

Bianca e Jeferson conversando na entrada da obra, ou-

tros pedreiros entrando após o almoço. Jeferson in-

tranquilo, Bianca sensata.

Bianca — Eu não acho uma boa ideia você morar

sozinho, Finho.

Jeferson — Ora, já estou chegando aos trinta,

tenho que caçar meu caminho.

Bianca — Por que não pode continuar com seu

pai?

Jeferson — (disfarçando) Ora, Bia, e quando nos

casarmos? Teremos já um lugar só nos-

so!

Bianca — Casarmos? Mas eu nem namorada sua

sou.

Jeferson — (pega as mãos dela, sorri) Bem, po-

demos remediar isso... Quer ser minha

namorada?

Bianca — (surpresa) Ai, sério, Finho? Claro

que sim!

Os dois se beijam. Eduardo e Carina chegam.

Eduardo — ÊÊÊÊ, parabéns aos pombinhos!

Jeferson fecha a cara para Eduardo.

Bianca — (feliz) Seu irmão acaba de me propor

casamento, claro que por ora somos na-

morados ainda.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 26

Carina — Então é oficial? Ai, meus parabéns,

amiga!

Eduardo — Te felicito, irmão.

Carina e Bianca se abraçam. Eduardo estende a mão, mas

Jeferson não a aperta. Eduardo fica sem graça.

Corta para:

CENA 25. COBRASIL. SALA DO CONSÓRCIO. INTERIOR. TARDE.

Jackeline trava conhecimento com Diego.

Jackeline — Então você veio de Baixo Guandu? Que

interessante.

Diego — E a senhorita?

Jackeline — Sou de Vitória, mesmo.

Michele — Jackie, não está na hora de você

voltar do almoço?

Jackeline — Ora, Michele, não atrapalhe nossa

conversa.

Diego — É que eu vou sair agora, senhorita.

Com sua licença!

Diego sai, Jackeline se levanta da mesa e fica frente

a frente com ele.

Jackeline — P-pode passar.

Mas ela não sai da frente. Diego a pega pelos braços,

a levanta e a coloca em um canto da sala, e sai sor-

rindo.

Michele — (rindo) Meu Deus, que mico.

Jackeline — (rindo) Que mico, nada, que homem!

Viu a força que ele tem naqueles bra-

ços?

Michele — Tomara que Diego tenha vocação de

bombeiro para apagar seu fogo.

Corta para:

CENA 26. ED. RIBAMAR. ELEVADOR. INTERIOR. TARDE.

Carina nota Eduardo triste.

Carina — O que foi agora, amor?

Eduardo — Viu como meu irmão se fechou quando

apareci?

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 27

Carina — Não reparei, estava tão contente por

Bia.

Eduardo — Ele nunca se deu bem comigo. Você se

lembra, quando éramos mais jovens?

Quando jogávamos bola, se alguém me

escolhia, Finho já ia para o time ad-

versário.

Carina — (sorrindo) E eu com minhas amigas

sempre torcíamos para seu time.

Eduardo — Ai, quando Finho vai entender que

não faço nada para ele se sentir infe-

rior, rejeitado? Nem meu pai. Finho se

apegou muito à minha mãe.

Carina — Dª Aurora deve fazer uma falta...

Eduardo — Ô se faz...

Eles chegam ao andar deles e o elevador se abre.

Corta para:

CENA 27. COBRASIL. SALA DE HELEN/ CALL CENTER. INTERI-

OR. TARDE.

Daniel entra na sala e Helen não está. Ela chega de-

pois.

Daniel — Helen, onde você estava?

Helen — Passeando por aí, perdi a hora.

Daniel — Perdeu mesmo, já senti sua falta no

escritório.

Helen — E então, quais as novidades?

Daniel e Helen passam a conversar, diálogo fora de áu-

dio. Corta para o CALL CENTER, onde Carina, ao ir para

seu lugar, puxa papo com Irene.

Carina — Irene, nós encontramos dois colegas

seus, Elaine e Guilherme.

Irene — (gelando) O que eles disseram?

Carina — Calma, Irene. Edu e eu falávamos de

você e eles nos ouviram.

Irene — Esse é o mal de falarem alto.

Carina — Eles mandaram lembranças e esperam

te encontrar um dia.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 28

Irene — Ah, tá... (tel) Cobrasil, Irene, boa

tarde?

Carina rapidamente manda e-mail para Eduardo.

Carina — “Eduardo, cheque se Irene está aten-

dendo uma ligação!”.

Close no monitor, aparecendo a resposta de Eduardo.

Eduardo — “A linha dela está livre, por quê?”.

Carina não conteve uma risada.

Carina — “Eu estava falando dos ‘amigos’ dela

e ela começou a fingir que estava

atendendo um cliente! Que falsa!”.

Eduardo — “Kkkkkk, toma cuidado, gatinha!”.

Carina manteve o sorriso no rosto, enquanto Irene che-

ga a suar. Close em Amélia percebendo a conversa.

Corta para:

CENA 28. INTERCOB. CALL CENTER. INTERIOR. TARDE.

Carlos segue o serviço irritado. Elaine e Guilherme o

observam e arriscam conversar.

Guilherme — Senhor, como vai sua esposa?

Carlos — Só estou fazendo uns negocinhos e

irei ver. Até então estava melhor.

Elaine — Sentimos muito, Carlos. Parece que

está acontecendo com a gente.

Carlos — (intrigado) O que me surpreende é

que tanta gente aponta negativamente

Irene e Fernando seja o único a defen-

dê-la.

Elaine — O Sr. Gonçalves sabe da briga?

Carlos — Pior que não, eu contei para ele e

ele não tardou em defendê-la.

Elaine — Carlos, não queremos desrespeitar

nosso chefe, mas advirto ao senhor que

em se tratando de Irene ele tem uma

predileção.

Guilherme — Como eu disse, já tivemos problemas

com ela no passado.

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Carlos — Mas, se Fernando passou pessoalmente

por problemas envolvendo ela, então

não pode ser tão cego.

Guilherme — Problema é fazê-lo compreender sem

ser demitido.

Carlos segue intrigado com as informações.

Corta para:

CENA 29. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ BANHEIRO/ SALA DE

HELEN. INTERIOR. TARDE.

Daniel atento ao computador. Gisele entra, ansiosa.

Gisele — Daniel, preciso falar contigo.

Daniel — Vai estender o que Patrícia disse

hoje de manhã?

Gisele — Pelo contrário, senhor. Eu vim pedir

desculpas por ela. Ela exagerou na

história.

Daniel — Exagerou na história de que você es-

tá sendo estuprada por seu ex?

Gisele — (arregalada) Bem, “estupro” não é

bem a palavra...

Daniel — Bem, vamos dizer: você não quer fa-

zer amor, mas ele quer e acaba conse-

guindo. Para você está tudo bem?

Gisele — Na verdade, não, não está tudo bem.

Eu o odeio.

Daniel — Mas Patrícia disse que ele não quer

mais sair da sua casa, e disse que vai

me matar se você o denunciar, certo?

Gisele — Certo, Daniel, e eu o amo demais pa-

ra permitir que algo assim aconteça.

Por isso vamos deixar as coisas como

estão, depois eu me viro com Antônio.

Daniel — Só se você meter um tiro na cabeça

dele! Gisele, eu já te falei em bom

tom que não quero nada contigo a não

ser sexo; no entanto se você vai se

permitir deitar com outro cara, eu não

posso impedi-la, só não me venha com

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essa desculpinha de que me ama. É só

denunciá-lo à polícia e pronto!

Gisele — Não é assim tão fácil.

Daniel — Não é porque você não quer!

Gisele — E quanto ao que você me disse... Só

me quer para/

Daniel — (impaciente) Você é bonita, gostosa,

mas não me serve para mulher. Quantas

vezes tenho que te dizer que é Carina

a escolhida?

Gisele — (decepcionada) Bem, então creio que

estamos entendidos.

Gisele sai. Corta rápido para o BANHEIRO, onde Gisele

entra e se tranca, desatando a chorar.

Gisele — Que burra eu fui! Ele nunca vai fi-

car comigo... Só me vê como um pedaço

de carne... Assim como Antônio! E não,

ele não me disse nenhuma palavra de

consolo, eu é que tenho que me vi-

rar...

Close em Gisele chorando, tempo. Depois, corta para a

SALA DE HELEN, com ela e Irene conversando. Tom reser-

vado e confidencial.

Helen — Danilo está mostrando a Deus e ao

mundo fotos minhas com Maurício.

Irene — E com que finalidade?

Helen — Ele está a todo custo querendo des-

cobrir nossos segredos, para ventilá-

los em público, para que nos divorcie-

mos!

Irene — E por que Danilo quer seus pais di-

vorciados? Todos os filhos desejam o

contrário!

Helen — Segundo o imbecil, ele não vive numa

família digna. Se o marido trai a es-

posa, ela tem que se divorciar dele.

Ele não conhece a palavra “perdão”.

Irene — E eu também estou numa maré de azar

no que diz respeito ao passado. Dois

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colegas da Intercob abordaram Carina e

Eduardo e contaram todos os meus po-

dres da Intercob.

Helen — Eu não sabia que você tinha podres

da Intercob, amiga! Quando eu pedi re-

ferências só ouvi elogios!

Irene — (envergonhada) Se foi certa pessoa

que te atendeu... Eu vou te contar o

que aconteceu...

Irene se inclina e sussurra no ouvido de Helen.

Corta para:

CENA 30. CASA DE CARLOS. SALA DE ESTAR. INT. TARDE.

Amélia, de penhoar elegante, recebe Andressa e Neusa,

elas ainda de uniforme, pois vieram direto da Central.

Andressa — Neusa recebeu mensagens de seus co-

legas da Central e por isso viemos ver

como você está.

Amélia — Estou ótima, meninas. E muito pra-

zer, Neusa.

Neusa — Eu trabalhei na Intercob e conheci

Irene. Parece que ela está dando tra-

balho a vocês.

Amélia — Em nome do “trabalho” essa mulher

estranha está pensando que estamos no

exército. Sei que precisamos melhorar,

sei que precisamos bater metas e subir

de ranking, mas Irene mais atrapalha

que ajuda!

Andressa — Amélia, insisto em dizer que ela não

era assim quando eu estava lá. Eu e

Neusa estamos pensando em levar a

questão a Júlio Raion.

Neusa — Mas, pessoalmente, e com o apoio de

vocês. Não vamos fazer o mesmo que o

anônimo do Face, que só serviu para

atrapalhar vocês.

Amélia — Ah, sim, precisamos dar um jeito

nessa situação. Não quero perder meu

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 32

filho por desgostos na empresa. Mas,

sirvam-se do café primeiro!

Andressa e Neusa se servem de café que está na mesinha

de centro.

Corta para:

CENA 31. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.

Daniel em sua mesa usa o telefone fixo.

Daniel — (tel) Alô, é da Polícia? Gostaria de

fazer uma denúncia... (pega os dados

de Gisele que tem guardado, com seu

comprovante de residência) Sim, é uma

jovem que está sendo violentada pelo

ex. Eu sou um amigo dela. O abusador

se encontra nesse endereço...

Corta para:

CENA 32. CASA DE GISELE. SALA. INTERIOR. TARDE.

Antônio está na maior folga vendo televisão de sunga.

Antônio — Espero que venha a amiguinha de no-

vo, he, he.

Batem a porta com força.

Antônio — Já vou! (se levanta e abre a porta)

Quem são vocês?

Delegado — Somos a Polícia; recebemos uma de-

núncia nesse endereço contra Antônio

do Carmo Henriques.

Antônio — (alarmado) Sou eu, mas o que aconte-

ceu?

Delegado — Temos um mandado de prisão contra o

senhor.

Antônio se arregala.

Antônio — (pensando) “Maldita Gisele, ela me

paga!”.

O delegado vira Antônio de costas e o algema.

Corta para:

CENA 33. CENTRO. RUAS. EXTERIOR. NOITE.

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Recuperando a Paixão Capítulo 25 Pág.: 33

Eduardo está no carro levando Carina, Diego e Bianca

quando veem Jeferson indo para o ponto.

Eduardo — Finho, entre no carro, vamos com a

gente.

Jeferson — Não se preocupe, mano, vou de busão.

Eduardo — Para com isso, Finho, entra logo no

carro!

Jeferson — (chutando a porta do carona) Já dis-

se que não quero, droga!

Carina — Ai, que susto! Vamos, amor, deixe

seu irmão em paz.

Jeferson — Por que você tem que fazer isso,

Edu, só por que eu não sei dirigir

ainda? O pai ainda está pagando esse

carro, e ele o faz com o maior orgulho

pro filho querido!

Eduardo — (também furioso) Entre logo, Finho,

para de conversa!

Outros carros começam a buzinar.

Bianca — (com medo) Vamos, Edu, por favor.

Eduardo sai. Jeferson continua andando, mas quando

chega numa esquina, dá de cara com Eduardo.

Jeferson — Você de novo? Onde está o carro?

Eduardo — Parei na rua lá na frente. Vamos,

Finho, eu te dou carona.

Close no rosto raivoso de Jeferson.

Corta.

FIM