Receita Pública. IESDE. PDF

Embed Size (px)

Citation preview

  • 121

    Receita pblica

    Fernando Lima Gama Junior*

    ConceitoA legislao contbil brasileira define, de modo genrico, receita pblica

    como os ingressos que adentram o cofre estatal. No entanto, do ponto de vista da cincia da contabilidade, nem todo ingresso receita.

    Vamos supor que uma tia distante ligue para voc e lhe pea que compre um presente de Natal para o sobrinho que mora na sua casa. Para fazer a compra, a tia manda o dinheiro na sua conta bancria. claro que o dinhei-ro que entrou na sua conta em razo do depsito da sua tia aumentou o saldo disponvel, assim como ocorre quando a empresa deposita o seu sal-rio mensal. Mas fica evidente que enquanto no primeiro caso a entrada de recursos gerou uma obrigao futura (comprar o presente para o sobrinho), no segundo caso a entrada financeira elemento novo e sem obrigao ou contraprestao futura.

    Nesse sentido, antes de conceituar receita pblica necessrio destacar a diferena entre receita pblica stricto sensu e lato sensu. James Giacomoni (2005), citando Hugh Dalton, reconhece que

    os recursos pblicos podem ser definidos lato sensu ou stricto sensu. No primeiro caso em sentido amplo esto todos os recebimentos ou entradas de dinheiro; no segundo caso em sentido estrito os recursos recebidos sem reservas ou reduo no ativo e que no sero devolvidos. Considerada a disposio da Lei 4.320/64, a expresso receita empregada em sentido genrico amplo de entrada ou ingresso, com poucas excees.

    Nesse mesmo sentido temos as definies de Machado e Reis (2003)2, que tambm deixam bem claro a distino entre receita pblica:

    a) em sentido lato, como um conjunto de entradas financeiras no patrimnio, oriundas de fontes diversificadas, conquanto possam existir reivindicaes de terceiros sobre alguns desses fatores.

    b) em sentido restrito, como um conjunto de recursos financeiros obtidos de fontes prprias e permanentes, que integram o patrimnio na qualidade de elemento novo,

    * Auditor Federal de Con-trole Externo do Tribunal de Contas da Unio em Mato Grosso. Professor de preparatrios para concur-sos nas disciplinas de Con-trole Externo, Oramento Pblico, Contabilidade Pblica e Legislao Tribu-tria do ICMS. Engenheiro Qumico pela Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2001. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 122

    Receita pblica

    que produzem-lhe acrscimos financeiros, sem contudo gerar obrigaes, reservas ou reivindicaes de terceiros. Essas receitas resultam de leis, contratos, convnios, de tributos de lanamentos e direto e outros.

    No exemplo anterior fica claro, portanto, que o salrio uma receita de fato ou stricto sensu, ao passo que o depsito da tia distante, embora seja um ingresso, no receita do ponto de vista contbil.

    Dos conceitos anteriores fica evidente que as receitas pblicas stricto sensu so as receitas oramentrias, que so aquelas que entram em car-ter definitivo para os cofres pblicos para aplicao em programas e aes governamentais. Em contrapartida as receitas lato sensu englobam alm das oramentrias as receitas extraoramentrias, que so aqueles recursos per-tencentes a terceiros, arrecadados pelo ente pblico exclusivamente para fazer face s exigncias contratuais e legais para posterior devoluo.

    Em razo disso, alguns autores, como Francisco Glauber Lima Mota (2006), entendem que a expresso receita pblica extraoramentria usada incor-retamente, sendo mais adequado falar em ingressos extraoramentrios.

    Dessa forma, receitas pblicas, em sentido restrito, so os recursos insti- tudos e arrecadados pela Administrao Pblica com a finalidade de aten-der as necessidades da sociedade, recursos esses com fontes e fatos gerado-res prprios que so incorporados definitivamente ao patrimnio do Estado, sem, contudo, gerar obrigaes ou quaisquer reservas ou reivindicaes de terceiros.

    A expresso sem quaisquer reservas, condies ou correspondncia no passivo deve ser vista com parcimnia, pois as operaes de crdito, que de acordo com o artigo 3. da Lei 4.320/64 so consideradas receitas, no momento do seu ingresso aos cofres pblicos geram correspondncia no passivo.

    Ateno: o oramento de receita tinha, at a Constituio de 1967, a ca-racterstica de autorizao, significando que todo e qualquer tributo s po-deria ser lanado se estivesse previsto na lei oramentria. Com o advento da Emenda Constitucional 01/69, e preservada na Constituio de 1988, passou a bastar que a lei que houvesse institudo ou aumentado o tributo fosse apro-vada antes do incio do exerccio (princpio da anterioridade tributria).

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    123

    Classificaes da receitaA receita pblica lato sensu, de acordo com a doutrina, classifica-se

    quanto (ao):

    natureza;

    afetao patrimonial;

    regularidade;

    coercitividade;

    poder de tributar.

    A classificao legal, por outro lado, desmembra a classificao da receita:

    por categoria econmica;

    por fontes de receita;

    institucional;

    por fontes de recursos.

    Classificaes doutrinrias da receitaAs receitas, quanto natureza, dividem-se em oramentria e extraora-

    mentria. Os recursos arrecadados pelo Estado, e que se incorporam definiti-vamente ao patrimnio do Estado, so chamados de receitas oramentrias, estejam estas receitas previstas ou no no oramento.

    So exemplos de receitas oramentrias: receitas tributrias, de contri-buies, patrimonial, agropecurias, industrial, de servios, transferncias correntes, operaes de crdito e alienao de bens, amortizao da dvida, transferncias de capital.

    No caia nessa: a receita para ser oramentria no precisa estar prevista na LOA.

    Os recursos arrecadados pelo Estado, mas que geram um passivo, ou seja, tero que ser restitudos posteriormente, so denominados receitas extraor-

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 124

    Receita pblica

    amentrias. Assim, so receitas a que corresponde uma entrada de recurso, em carter transitrio, e que geram para o Estado a obrigao de posterior devoluo. Ex.: depsitos diversos, restos a pagar, servio da dvida a pagar, ARO etc.

    Ateno: as receitas extraoramentrias, por serem apenas entrada de recursos com carter devolutivo, no so consideradas receitas stricto sensu, tendo em vista que so registradas como receitas somente para controle e posterior devoluo.

    Bizu: em concurso a Esaf j considerou como correta a afirmativa de que todo ingresso de recursos aos cofres pblicos considerado receita lato sensu AFC/CGU.

    Depsitos diversos so as receitas que entram no Estado por determina-o legal ou contratual, mas que pela sua natureza devero, em regra, ser devolvidas. So exemplos de depsitos diversos: depsitos em cauo, de-psitos judiciais.

    Exemplificando: recebimento de cauo em dinheiro para garantia de contrato, o fornecedor deposita um montante na conta bancria do Gover-no, no entanto, esse recurso no pertence ao Estado, assim, no momento de contabilizar esta receita, ser registrado um dbito no banco e em contra-partida um crdito em conta do passivo, evidenciando o carter devolutivo do recurso.

    IPC: as operaes de crdito por antecipao de receita so receitas extra-oramentrias, conforme artigo 3. da Lei 4.320/64.

    O concurseiro antenado pode perguntar: mas por que uma operao de crdito por antecipao da receita extraoramentria e uma operao de crdito normal oramentria, sendo que as duas geram uma obrigao para o Estado? Fcil, o prprio nome da operao de crdito por ARO (Antecipao da Receita Oramentria) j mata essa questo. A ARO no uma receita nova que se incorpora ao Estado, simplesmente uma antecipao da receita or-

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    125

    amentria prevista no oramento e que, no entanto, ainda no se realizou. O procedimento normal o Governo esperar a receita se realizar para a sim gas-t-la, mas s vezes por problemas de indisponibilidade de caixa o Estado no pode esperar essa realizao acontecer. Assim o Governo faz um emprstimo e se compromete a pag-lo com a receita oramentria que se realizar, por isso preciso contabilizar a ARO como extraoramentria sob pena do Estado duplicar sua receita.

    Interessante lembrar que uma receita extraoramentria poder se con-verter em receita oramentria, a partir do momento que se constatar que no caracteriza mais uma obrigao a pagar.

    Caractersticas dos ingressos oramentrios

    registrados como receita oramentria corrente ou de capital;

    financiam as despesas oramentrias;

    geram desembolsos oramentrios;

    seguem as classificaes econmicas, institucionais e por fonte de re- cursos;

    tem carter permanente;

    pertencem ao Estado.

    Caractersticas dos ingressos extraoramentrios

    registrados como passivo financeiro;

    no financiam as despesas oramentrias;

    geram desembolsos extraoramentrios;

    no passam pelos estgios da receita;

    seguem classificao contbil;

    tem carter temporrio;

    pertencem a terceiros.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 126

    Receita pblica

    Receita oramentria Receita extraoramentria

    Contabilizao Registrada como receita corrente ou de capital.

    Registrada como passivo financeiro.

    LOA Pode ou no estar prevista na LOA.

    No est prevista na LOA.

    Caractersticas Custeia despesas oramen-trias.

    Custeia despesas extraoramentrias.

    Recursos Do Estado De terceiros

    Tome nota: as receitas, quanto afetao patrimonial, dividem-se em efe-tivas e no efetivas.

    As receitas oramentrias podem causar aumento no patrimnio, ou seja, podem causar variao na situao lquida, nesse caso so chamadas de re-ceita efetiva. Essas receitas integram o patrimnio sem quaisquer condies, restries ou correspondncias no passivo, inserindo-se no conceito de fato contbil modificativo aumentativo. Exemplos: receita tributria, receita de servios etc.

    H, no entanto, casos em que os ingressos de recursos oramentrios no provocam afetao no patrimnio lquido por serem oriundos de fatos per-mutativos, essas receitas so denominadas receitas no efetivas ou receitas por mutaes patrimoniais. Exemplo: receitas de operaes de crdito, recei-ta de amortizao de emprstimos concedidos etc.

    Importante: em regra toda receita corrente receita efetiva e toda receita de capital receita no efetiva. H, entretanto, excees.

    As receitas de capital via de regra so receitas no efetivas, pois toda vez que se registra uma receita de capital faz-se o registro de uma mutao pa-trimonial, a exceo so receitas de transferncias de capital, que no geram uma mutao patrimonial, decorrente da incorporao de um direito ou de um bem ou da baixa de obrigaes.

    As receitas correntes, em regra, so receitas efetivas, porm tambm existe uma exceo, a dvida ativa, que apesar de ser registrada como receita

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    127

    corrente dentro da subcategoria outras receitas correntes, causa uma mu-tao patrimonial referente baixa do direito.

    Tome nota: as receitas, quanto regularidade, se classificam em ordinrias e extraordinrias.

    Receitas ordinrias : ingressos permanentes e estveis do Estado, arrecadados regularmente em cada perodo financeiro, ou seja, pos-suem carter de continuidade, sendo fonte perene de recursos para o Estado.

    Receitas extraordinrias : ingressos com carter de no continuidade, a sua arrecadao acontece de maneira excepcional, provenientes de calamidade pblica, doaes etc.

    Tome nota: as receitas, quanto coercitividade, classificam-se em origin-rias e derivadas.

    Receita originria : consiste na receita proveniente da explorao do patrimnio pblico, ou seja, produzida pelos ativos do Estado. O Es-tado atua como particular por meio da explorao de atividades priva-das, exemplos: servios comerciais, industriais, aluguis etc. A receita originria tambm classificada na categoria receita corrente.

    Receitas derivadas : consiste na receita proveniente do exerccio do poder de tributar, do Estado, os rendimentos ou o patrimnio da cole-tividade, essa receita obtida pelo Estado em funo da sua soberania, por meio de tributos, indenizaes e restituies. A receita derivada classificada na categoria receita corrente.

    Tome nota: as receitas, quanto ao poder de tributar, classificam-se em fede-ral, estadual e municipal.

    Classifica as receitas segundo o poder de tributar que compete a cada ente da federao, considerando e distribuindo as receitas obtidas como

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 128

    Receita pblica

    pertencentes aos respectivos entes, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal.

    Classificaes legais da receitaA Lei 4.320/64, em seu artigo 11, classificou a receita oramentria em

    duas categorias: receitas correntes e receitas de capital.

    Tome nota: as receitas, quanto categoria econmica, classificam-se em: receitas correntes e receitas de capital.

    Receitas correntes : so os recursos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou de direito privado, quando destinados a atender despesas classificveis em despesas correntes. As receitas correntes se dividem em: tributrias, de contribuies, patrimonial, agropecurias, industrial, de servios, de transferncias correntes e outras receitas correntes.

    Receitas de capital : so recursos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou de direito privado destinados a atender despesas classificveis em despesas de capital e ainda o supervit do oramento corrente. Exemplo: alienao de bens, operaes de crdito e amorti-zao da dvida.

    Ateno: o 2., artigo 11, da Lei 4.320/64 traz um conceito de receita de capital bastante explorado em provas, o que justifica a sua reproduo:

    Art. 11. [...]

    2. So Receitas de Capital as provenientes da realizao de recursos financeiros oriundos de constituio de dvidas; da converso, em espcie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito pblico ou privado, destinados a atender despesas classificveis em Despesas de Capital e, ainda, o supervit do Oramento Corrente.

    Tome nota: as receitas correntes, por fonte, classificam-se em: receita tri-butria, de contribuio, patrimonial, agropecuria, industrial, de servios, transferncias correntes e outras receitas correntes.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    129

    Importante: apesar de ser um pouco chato ficar decorando essas classifi-caes isso um assunto bastante cobrado em concursos, ento tente memo-riz-las fazendo esquemas e lembre-se de revis-las antes da prova.

    A Lei 4.320/64, no seu artigo 11, 4. estabelece que a classificao da receita deve obedecer ao seguinte esquema:

    1 Receita tributria;

    2 Receita de contribuies;

    3 Receitas patrimoniais;

    4 Receita agropecuria;

    5 Receita industrial;

    6 Receita de servios;

    7 Transferncias correntes;

    9 Outras receitas correntes.

    1 Receitas correntes

    Importante: o supervit do oramento corrente, resultante do balancea-mento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado no balano ora-mentrio, no constituir item de receita oramentria.

    A Lei 4.320/64 no definiu os conceitos das origens de receitas correntes ou de capital, como, por exemplo, das receitas tributrias, de contribuies, de alienaes etc. Esses conceitos, bem como a classificao da natureza da receita, so atualmente estabelecidos no manual de receita nacional1.

    No entanto importante destacar que a Lei 4.320/64 definiu o conceito de tributos como:

    Art. 9. [...] receita derivada instituda pelas entidades de direito pblico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuies nos termos da constituio e das leis vigentes em matria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especficas exercidas por essas entidades.

    1 Portaria Conjunta 03/2008-STN/SOF.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 130

    Receita pblica

    Ateno: dos conceitos a seguir d especial ateno s receitas tribut-rias, de contribuies e transferncias correntes, pois so as mais cobradas em concurso.

    Receita tributria : so os ingressos provenientes da arrecadao das receitas de impostos, taxas e contribuies de melhoria. uma receita privativa das entidades competentes para tributar: Unio, estados, Dis-trito Federal e os municpios.

    Receita de contribuies : so os ingressos provenientes de contribui-es sociais de interveno no domnio econmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas, como instrumento de inter-veno nas respectivas reas.

    Ateno: os examinadores tentam enganar o candidato afirmando que a receita de contribuio de melhoria uma receita de contribuio. Cuidado!

    Receita patrimonial : o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicaes de disponibilidades em opes de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de ativos permanentes.

    Receita agropecuria : o ingresso proveniente da atividade ou da explorao agropecuria de origem vegetal ou animal.

    Receita industrial : o ingresso proveniente da atividade industrial de extrao mineral, de transformao, de construo e outras, pro-venientes das atividades industriais definidas como tal pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).

    Receita de servios : o ingresso proveniente da prestao de servio de transporte, sade, comunicao, porturio, armazenagem, de ins-peo e fiscalizao, judicirio, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes a atividades da entidade e outros servios.

    Transferncias correntes : o ingresso proveniente de outros rgos ou entidades referentes a recursos pertencentes ao ente ou entidade

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    131

    recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivados mediante condies preestabelecidas ou mesmo em qualquer exigncia, desde que o objetivo seja aplicao em despesas correntes.

    Importante: para o ente, ou rgo transferidor, a transferncia do recurso classificada como despesa e para o recebedor como receita.

    Outras receitas correntes : so os ingressos provenientes de outras origens no classificveis nas subcategorias econmicas anteriores.

    Tome nota: as receitas de capital, por fonte, classificam-se em: operaes de crdito, alienao de bens, amortizao da dvida, transferncias de capital e outras receitas de capital.

    1 Operaes de crdito;

    2 Alienao de bens;

    3 Amortizao de emprstimos;

    4 Transferncias de capital;

    5 Outras Receitas de capital.

    2 Receitas capital

    Operaes de crdito : o ingresso proveniente da colocao de ttu-los pblicos ou da contratao de emprstimos e financiamentos obti-dos junto a entidades estatais, instituies financeiras, fundos etc.

    Regra de ouro: muito cobrada em concurso! O montante previsto para as receitas de operaes de crdito no poder ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei oramentria.

    Apesar do 2. do artigo 12 da Lei 101/2000 (LRF) estar suspenso por fora da ADI 2238, do STF, a regra de ouro continua em vigor porque ela est pre-vista tambm no artigo 167 da Constituio Federal. Inclusive o motivo da ADI do 2. do artigo 12 da LRF justamente porque a LRF extrapolou a CF,

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 132

    Receita pblica

    ou seja, a prpria constituio prev exceo regra de ouro e a LRF foi mais restrita e no observou nenhuma exceo.

    A finalidade da regra de ouro evitar o endividamento do Estado, porm a regra comporta exceo.

    Ateno: a CF prev exceo regra de ouro: as receitas de operaes de crdito poderiam ser superiores s despesas de capital, desde que autoriza-das, durante o exerccio financeiro, mediante crditos suplementares ou es-peciais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.

    Alienao de Bens : o ingresso de recursos provenientes da aliena-o de componentes do ativo permanente, ou seja, a converso em espcie de bens e direitos.

    Ateno: o artigo 44 da LRF traz regra de suma importncia para concursos:

    Art. 44. vedada a aplicao da receita de capital derivada da alienao de bens e direitos que integram o patrimnio pblico para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdncia social, geral e prprio dos servidores pblicos.

    Amortizao de emprstimos : o ingresso proveniente da amortiza-o, ou seja, recebimento de valores referentes a parcelas de emprsti-mos ou financiamentos concedidos em ttulos ou contratos.

    Transferncias de capital : o ingresso proveniente de outros entes ou entidades referentes a recursos, pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condies preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigncia, desde que o objetivo seja a aplicao em despesas de capital.

    Outras receitas de capital : so os ingressos provenientes de outras origens no classificveis nas subcategorias econmicas anteriores.

    Ateno: o supervit do oramento corrente receita de capital extra-oramentria.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    133

    O 3., do artigo 11, da Lei 4.320/64 estabelece que o supervit do ora-mento corrente, resultante do balanceamento dos totais das receitas e des-pesas correntes, apurado no balano oramentrio, no constituir item da receita oramentria.

    Mas por que o supervit do oramento corrente receita de capital e ainda por cima receita extraoramentria? Simples, o supervit considera-do receita de capital porque normalmente utilizado para cobrir dficit de capital. Como essa receita j foi considerada como oramentria no exerccio em que houve o resultado positivo ela contabilizada como extraoramen-tria para que no haja duplicidade de receita.

    Classificao institucionalA classificao institucional da receita objetiva identificar as entidades ou

    unidades oramentrias que, respondendo pela arrecadao, so detentoras das receitas. O fundamento legal da classificao est na disposio consti-tucional, que estabelece que o oramento fiscal e o da seguridade social se referem aos poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da adminis-trao direta e indireta.

    Na Unio a classificao institucional da receita se divide em:

    receitas do Tesouro so as receitas arrecadadas e administradas pelo Tesouro;

    receitas diretamente arrecadadas por rgos, unidades e fundos da administrao direta, so os recursos prprios dos rgos que podem ser arrecadados por eles mesmos ou pelo Tesouro;

    receitas de rgos, unidades e fundos da administrao indireta, so as receitas das autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e os fundos que integram os oramento, mesmo dependentes de transfe-rncia de recursos do Tesouro.

    Classificao por fontes de recursosA classificao da receita por fontes de recursos no est prevista na Lei

    4.320/64. Hoje essa classificao da receita encontrada na 1. edio do Manual da Receita Pblica2. As fontes so divididas em cinco grupos: 2 Portaria Conjunta

    03/2008-STN/SOF.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 134

    Receita pblica

    Recursos do Tesouro exerccio corrente;

    Recursos de outras fontes exerccio corrente;

    Recursos do Tesouro exerccios anteriores;

    Recursos de outras fontes exerccios anteriores;

    Recursos condicionados.

    Os grupos das fontes de recursos 1 e 2 representam os recursos arrecada-dos no exerccio, e os grupos 3 e 6 evidenciam as arrecadaes de exerccios anteriores. O grupo 9 so os recursos que esto na dependncia de aprova-o legal.

    A classificao por fontes de recursos formada por trs dgitos, sendo o primeiro dgito identificador do grupo e os dois ltimos dgitos aqueles que identificam a fonte propriamente dita, conforme segue:

    1 00

    Especificao das fontes de recursos

    Grupos de fontes de recursos

    Codificao da natureza de receitaO 1. do artigo 8. da Lei 4.320/64 define que os itens da discriminao

    da receita, mencionados no seu artigo 11, sero identificados por nmeros de cdigo decimal. Convencionou-se denominar esse cdigo de natureza de receita. Por meio desse cdigo possvel identificar a origem do recurso segundo seu fato gerador. O cdigo de natureza de receita est em constan-te aprimoramento, de forma a melhor identificar as entradas financeiras aos cofres pblicos.

    Conforme a 1. edio do Manual de Receita Nacional, aprovado pela por-taria conjunta 03/2008 da Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria de Or-amento Federal (14 de outubro de 2008), a classificao econmica tem a estrutura que segue:

    O cdigo identificador da natureza de receita desmembrado nos seguintes nveis:

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    135

    1. Nvel Categoria econmica

    2. Nvel Origem

    3. Nvel Espcie

    4. Nvel Rubrica

    5. Nvel Alnea

    6. Nvel Subalnea

    1. Nvel Categoria econmica: utilizado para mensurar o impacto das decises do Governo na economia nacional (formao de capital, custeio, investimentos etc.). codificada e subdividida da seguinte forma:

    1. Receitas correntes;

    2. Receitas de capital;

    7. Receitas correntes intraoramentrias;

    8. Receitas de capital intraoramentrias.

    2. Nvel Origem: identifica a procedncia dos recursos pblicos, em re-lao ao fato gerador dos ingressos das receitas (derivada, originria, trans-ferncias e outras). a subdiviso das categorias econmicas, que tem por objetivo identificar a origem das receitas no momento em que as mesmas ingressam no patrimnio pblico. No caso das receitas correntes, tal clas-sificao serve para identificar se as receitas so compulsrias (tributos e contribuies), provenientes das atividades em que o Estado atua direta-mente na produo (agropecurias, industriais ou de prestao de servios), da explorao do seu prprio patrimnio (patrimoniais), se provenientes de transferncias destinadas ao atendimento de despesas correntes ou, ainda, de outros ingressos. No caso das receitas de capital, distinguem-se as prove-nientes de operaes de crdito, da alienao de bens, da amortizao dos emprstimos, das transferncias destinadas ao atendimento de despesas de capital ou, ainda, de outros ingressos de capital.

    3. Nvel Espcie: o nvel de classificao vinculado origem, compos-to por ttulos que permitem qualificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, dentro da origem Receita tributria (receita proveniente de tributos), podemos identificar as suas espcies, tais como impostos, taxas e contribuies de melhoria (conforme definido na

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 136

    Receita pblica

    Constituio Federal de 1988 e no Cdigo Tributrio Nacional), sendo cada uma dessas receitas uma espcie de tributo diferente das demais. a espcie de receita.

    4. Nvel Rubrica: o detalhamento das espcies de receita. A rubrica busca identificar dentro de cada espcie de receita uma qualificao mais especfica. Agrega determinadas receitas com caractersticas prprias e se-melhantes entre si.

    5. Nvel Alnea: funciona como uma qualificao da rubrica. Apresenta o nome da receita propriamente dita e que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros.

    6. Nvel Subalnea: constitui o nvel mais analtico da receita.

    Detalhamento de cdigo da natureza da Receita oramentria

    1 = categoria econmica

    2 = origem

    3 = espcie

    4 = rubrica

    5 = alnea

    6 = subalnea

    1 . 1 . 1 . 2 . 04 . 10

    No exemplo acima, 1.1.1.2.04.10, ficar assim:

    Categoria econmica 1.0.0.0.00.00 Receitas correntes

    Origem 1.1.0.0.00.00 Receitas tributrias

    Espcie 1.1.1.0.00.00 Impostos

    Rubrica 1.1.1.2.00.00 Impostos sobre o patrimnio e a renda

    Alnea 1.1.1.2.04.00 Imposto s/ renda e proventos de qualquer natureza

    Subalnea 1.1.1.2.04.10 Pessoas fsicas

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    137

    Ateno: a codificao da natureza da receita era: categoria econmica, fonte, subfonte, rubrica, alnea, subalnea, assim as alteraes foram somente nos itens fonte e subfonte, que foram substitudos por origem e espcie, respectivamente.

    Estgios da receitaA receita oramentria passa por quatro estgios ou fases, que so: previ-

    so, lanamento, arrecadao e recolhimento.

    Ateno: os estgios da receita so: previso, lanamento, arrecadao e recolhimento. Muitos doutrinadores no consideram o lanamento como es-tgio da receita, entretanto as bancas do Cespe, FCC e Esaf, para fins de con-curso, reconhecem-no.

    Isso j foi cobrado em concursos!

    No concurso do STF/2008, realizado pelo Cespe, as questes 106 e 107 iniciavam com a seguinte afirmao: So estgios da receita oramentria a previso, o lanamento, a arrecadao e o recolhimento.

    PrevisoA previso da receita, tambm conhecida como receita orada, a esti-

    mativa de quanto se espera arrecadar durante o exerccio financeiro. Com base na estimativa da receita, o Governo planeja e define os gastos que com-poro a LOA.

    A previso comea com as definies das estimativas da receita, no momen-to de elaborao da LOA, e encerra-se com o lanamento fiscal. No SIAF a previ-so da receita contabilizada pela Nota de Lanamento por Evento (NL).

    A Lei 101/2000 trouxe, em seu artigo 12, algumas regras que devero ser adotadas quando da elaborao da previso da receita:

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 138

    Receita pblica

    observar normas tcnicas e legais;

    considerar os efeitos das alteraes na legislao, da variao do ndi- ce de preos, do crescimento econmico ou de qualquer outro fator relevante;

    acompanhar demonstrativos de evoluo, nos ltimos trs anos, da projeo para os dois seguintes quele a que se referirem, bem como da metodologia e das premissas utilizadas.

    LanamentoEm conformidade com o artigo 52 da Lei 4.320/64, as receitas previstas,

    referentes a impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento de-terminado em lei, regulamentos ou contratos, sofrero lanamentos.

    Ainda o artigo 53, da citada lei, define lanamento como

    Art. 53. Ato da repartio competente, que verifica a procedncia do crdito fiscal e a pessoa que lhe devedora e inscreve o dbito desta.

    Porm alguns autores, entre eles James Giacomoni (2005), entendem que esses artigos se tornaram ultrapassados, pela maior amplitude dada pelo artigo 142 e seguintes, da lei 5.172/66, que regula com maior amplitude a fase de lanamento, conforme segue:

    Art. 142. Compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito tributrio pelo lanamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao correspondente, determinar a matria tributvel, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicao da penalidade cabvel.

    Contudo, para efeitos de concurso, bom conhecer as definies cons-tantes dos artigos 52 e 53 da Lei 4.320/64.

    Assim, o estgio do lanamento consiste no procedimento administrati-vo onde se verifica a procedncia do crdito fiscal, quem e quando se deve pagar e inscreve em dbito o contribuinte.

    Portanto, pode-se concluir que somente as receitas tributrias apresen-taro o lanamento como estgio da receita, conquanto isso torne compre-ensvel o posicionamento de alguns doutrinadores, sobre o lanamento no ser um estgio da receita, deve-se levar em conta, para efeito de concurso, o posicionamento das bancas examinadoras que entendem que dentre as

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    139

    receitas oramentrias a mais expressiva a receita de tributos impostos, taxas e contribuies admitindo-se, portanto, falar em lanamento como estgio da receita.

    Ateno: na 1. edio do Manual de Receita Nacional o lanamento con-siderado estgio da receita, porm o prprio manual faz a seguinte ressalva: Algumas receitas no percorrem o estgio do lanamento, conforme se de-preende pelo artigo 52 da Lei 4.320/64: so objeto de lanamento os impos-tos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.3

    3 Portaria Conjunta 02/2007-STN/SOF, atua-lizada pela Portaria Con-junta 01/2008-STN/SOF, p. 32.

    Ento: na prova deve-se ter cuidado com a forma como a questo aborda o tema, se a questo afirmar que todas as receitas passam pelo estgio do lanamento, entendemos que a questo estar incorreta, porm se a ques-to falar de forma genrica entendemos que a questo est correta.

    Importante: o estgio de lanamento aqui tratado no pode ser confundi-do com o lanamento contbil.

    Arrecadao

    Ateno: a arrecadao e o recolhimento so estgios de execuo da receita.

    A arrecadao o momento em que os contribuintes comparecem pe-rante os agentes arrecadadores e realizam o pagamento dos seus tributos ou outros dbitos com o Estado.

    Considerando que o artigo 35 da Lei 4.320/64 define que pertencem ao exerccio financeiro as receitas nele legalmente arrecadadas, conclui-se que no momento da arrecadao que se inicia a realizao da receita. Dessa forma, em atendimento ao regime de caixa adotado pela contabilidade p-blica para o registro da receita, somente no momento da arrecadao, se-gundo estgio da receita, que dever ocorrer a sua contabilizao.

    A contabilidade pblica apresenta diversas particularidades, entre as quais podemos citar o regime contbil misto, dessa forma adota-se o regime

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 140

    Receita pblica

    de caixa para a receita e o regime de competncia para a despesa. Por hora basta sabermos que diferentemente da contabilidade privada, a contabilida-de pblica adota o regime de caixa para a receita, e que a inscrio da dvida ativa constitui exceo ao regime de caixa da receita, voltaremos a este as-sunto em momento oportuno.

    Ateno! Cai em concurso: o regime contbil adotado pela contabilida-de pblica o misto, sendo de caixa para a receita e de competncia para a despesa.

    Os crditos da Fazenda Pblica, de natureza tributria ou no tributria, sero escriturados como receita do exerccio em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas oramentrias.

    RecolhimentoO recolhimento compreende a entrega do produto da arrecadao pelas

    referidas reparties e estabelecimentos bancrios ao Banco do Brasil para crdito da conta nica do Tesouro, referente receita da Unio no Tesouro Nacional.

    Importante: o recolhimento de todas as receita far-se- em estrita obser-vncia ao princpio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentao para criao de caixas especiais.

    Dvida ativa (Lei 4.320/64, artigo 39 e Portaria 564/2004 da STN)

    A dvida ativa constitui-se em um conjunto de direitos ou crditos de na-tureza tributria ou no tributria, em favor da Fazenda Pblica, com prazos estabelecidos na legislao pertinente, vencidos e no pagos pelos devedo-res, ou seja, so os crditos da Fazenda exigveis pelo transcurso do prazo para pagamento.

    Ateno: dvida ativa so os crditos da Fazenda Pblica vencidos e no arrecadados.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    141

    Dvida ativa tributria: o crdito da Fazenda Pblica proveniente da obrigao legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas.

    Dvida ativa no tributria: so os demais crditos da Fazenda Pblica tais como os provenientes de emprstimos compulsrios; contribuies es-tabelecidas em lei; multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tribu-trias; foros; laudmios; aluguis ou taxas de ocupao; custas processuais; preos de servios prestados por estabelecimentos pblicos; indenizaes; reposies; alcances dos responsveis definitivamente julgados, bem como os crditos decorrentes de obrigaes em moeda estrangeira, de sub-roga-o de hipoteca, aval, outras garantias de contratos em geral e outras obri-gaes legais.

    Importante: a dvida ativa goza da presuno de certeza e liquidez, e equi-vale a prova pr-constituda contra o devedor.

    Esses crditos somente sero inscritos, na forma da legislao prpria, como dvida ativa depois de apurada a sua liquidez e certeza. Essa certe-za no absoluta, mas sim relativa, ou seja, admite prova em contrrio por parte do sujeito passivo, contribuinte de fato ou de direito.

    O 5., do artigo 39, da Lei 4.320/64 determina que a dvida ativa ser apurada e inscrita na procuradoria da Fazenda Nacional e, por fora da CF, na Unio, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) responsvel pela apurao da liquidez e certeza dos crditos da Unio, tributrios ou no; j a LC 73/93 atribuiu aos rgos jurdicos das autarquias e fundaes pblicas a mesma competncia em relao sua dvida ativa.

    Ateno: a inscrio da dvida ativa um fato de natureza extraorament-ria e provoca um aumento no patrimnio lquido representado por uma conta de variao patrimonial aumentativa, como uma supervenincia ativa (acrs-cimo patrimonial).

    Na Demonstrao das Variaes Patrimoniais (DVP), a inscrio da dvida ativa classificada do lado das variaes ativas, no grupo de receitas ex-traoramentrias, subgrupo das interferncias ativas, na conta acrscimo patrimonial.

    Depois de inscrita a dvida ativa na respectiva repartio pblica esse di-reito poder ser recebido ou cancelado. Caso a dvida ativa seja recebida,

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 142

    Receita pblica

    ela ser escriturada como receita oramentria corrente em rubrica prpria, mais precisamente como outras receitas correntes, desdobradas em tribu-trias e no tributrias. Em decorrncia do recebimento da receita da dvida ativa ser necessrio registrar a baixa do direito, cujo ttulo dvida ativa, a baixa desse direito ser um fato oramentrio, uma mutao patrimonial.

    Caso ocorra o cancelamento, anistia, ou quaisquer outros valores que re-presentem diminuio dos valores originalmente inscritos em dvida ativa, mas que no decorram do efetivo recebimento, o direito ser baixado como desincorporao extraoramentria, provocando uma reduo no patrim-nio lquido representado por uma conta de variao patrimonial diminutiva, ou seja, uma insubsistncia do ativo ou supervenincia passiva.

    Vamos demonstrar o processo da dvida ativa de forma prtica para faci-litar o entendimento:

    1.) Demonstrao do patrimnio antes de qualquer fato relativo dvida ativa:

    ATIVO PASSIVO

    Bens R$100,00 Obrigaes R$50,00

    Direitos R$50,00 Patrimnio R$100,00

    Outros direitos R$50,00

    TOTAL R$150,00 TOTAL R$150,00

    2.) Inscrio da dvida ativa no valor de 35,00, ser incorporado um direi-to no ativo e em contrapartida o patrimnio aumentar:

    ATIVO PASSIVO

    Bens R$100,00 Obrigaes R$50,00

    Direitos R$85,00 Patrimnio R$135,00

    Outros direitos R$50,00

    Dvida ativa R$35,00

    TOTAL R$185,00 TOTAL R$185,00

    3.) Recebimento da dvida ativa no valor de R$10,00, ser registrada uma baixa do direito decorrente do recebimento da dvida e em contrapartida o banco (bens) aumentar:

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    143

    ATIVO PASSIVO

    Bens R$110,00 Obrigaes R$50,00

    Direitos R$75,00 Patrimnio R$135,00

    Outros direitos R$50,00

    Dvida ativa R$25,00

    TOTAL R$185,00 TOTAL R$185,00

    4.) Cancelamento da dvida ativa no valor de R$5,00, ser registrada uma baixa do direito decorrente da desincorporao do direito e em contraparti-da haver uma reduo do patrimnio lquido:

    ATIVO PASSIVO

    Bens R$110,00 Obrigaes R$50,00

    Direitos R$70,00 Patrimnio R$130,00

    Outros direitos R$50,00

    Dvida ativa R$20,00

    TOTAL R$180,00 TOTAL R$180,00

    Atividades1. (Cespe) Em relao s classificaes oramentrias, julgue os itens a

    seguir utilizando verdadeiro (V) ou falso (F).

    )( Se duas receitas, uma oriunda da arrecadao do imposto de importao e outra do imposto sobre a renda das pessoas jurdicas, precisam ser registradas na contabilidade da Unio, a diferena entre os ingressos estabelecida por meio da classificao por natureza da receita denominada rubrica.

    Suponha que a Unio tenha assinado contrato com um organis- )(mo internacional para a realizao de um programa de cons-cientizao da populao em relao disseminao de doen- as sexualmente transmissveis. Parte do programa ser fi-nanciado por recursos externos, enquanto outra parte ficar sob a responsabilidade da Unio, a ttulo de contrapartida. Nessa situao, o registro da parcela custeada pela Unio, a natureza de contrapartida do gasto ser especificada na classificao da despesa correspondentes fonte de recursos.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • 144

    Receita pblica

    2. A Lei 4.320/64, em seu artigo 11, classifica a receita oramentria em duas categorias econmicas: receitas correntes e receitas de capital. Com a Portaria Interministerial STN/SOF 338/2006, essas categorias econmicas foram detalhadas em receitas correntes intraorament-rias e receitas de capital intraoramentrias. A respeito da funo das receitas intraoramentrias, julgue o prximo item.

    )( Como se destinam ao registro de receitas provenientes de rgos pertencentes ao mesmo oramento do ente pblico, as contas de receitas intraoramentrias no tm a mesma funo da receita original, sendo criadas a partir de base prpria pela Secretaria do Tesouro Nacional.

    3. Com relao aos estgios da receita, julgue o item a seguir.

    )( A arrecadao o segundo estgio a ser percorrido pela receita lquida; o momento em que os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores.

    4. (Cespe) Considerando a tabela que apresenta dados extrados do ba-lano oramentrio de uma entidade governamental, e em que valo-res esto em reais, julgue o prximo item utilizando verdadeiro (V) ou falso (F).

    Balano oramentrio (em R$)Receita Despesa

    Ttulos Previso Execuo Diferenas Ttulos Fixao Execuo DiferenasCorrente

    Capital

    890.000

    110.000

    905.000

    105.000

    15.000

    5.000

    OramentrioseSuplementares

    1.000.000 995.000 5.000

    Soma 1.000.000 1.010.000 10.000 Soma 1.000.000 995.000 -5000Dficit 0,00 0,00 0,00 Supervit 0,00 15.000 15.000Total 1.000.000 1.010.000 10.000 Total 1.000.000 1.010.000 10.000

    )( A partir dos dados apresentados, correto afirmar que houve economia oramentria na execuo da despesa.

    Dicas de estudoA contabilizao da dvida ativa uma das questes com alta incidncia

    em concurso, mesmo naqueles no voltados para formados em contabilidade.

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Receita pblica

    145

    sempre bom lembrar que a dvida ativa faz parte do ativo, ou seja, no uma dvida do Estado, mas um direito seu. Possui esse nome porque uma dvida dos contribuintes com o Estado.

    A contabilizao da dvida ativa encerra diversas excees:

    a receita da dvida ativa exceo ao regime oramentrio de caixa para a receita, tendo em vista que a contabilizao feita pelo regime de competncia; mesmo antes de receber os recursos, eles j so con-tabilizados pela formao do direito;

    a receita de dvida ativa, embora esteja classificada como receita cor- rente (outras receitas correntes) gera mutao patrimonial (o que no comum nas receitas correntes) em razo da troca de um bem por outro (no pagamento troca-se a dvida por dinheiro).

    RefernciasDALTON, Hught. In: GIACOMONI, James. Oramento Pblico. 13. ed. So Paulo: Atlas, 2005.

    MACHADO JR., Jos Teixeira; REIS, Heraldo da Costa. A Lei 4.320 Comentada. 31. ed. IBAM, 2002/2003.

    MOTA, Francisco Glauber Lima. Curso Bsico de Contabilidade Pblica. 2. ed. Braslia: [s. n.], 2006.

    Gabarito1. V, F

    2. F

    3. F

    4. V

    Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br

  • Este material parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informaes www.iesde.com.br