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JOSÉ LUÍS BLASZAK JOÃO FAUSTINO NETO Advogado Advogado ______________________________________________________________ ___________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMABRGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DE MATO GROSSO RE Nº 1533/2009 – CLASSE RE – NUMERAÇÃO ÚNICA 812479.2008.6.11.0039 RECORRENTE: AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA, devidamente qualificados nos autos do RE Nº 1533/2009, face ao julgamento do RECURSO ELEITORAL interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, neste Sodalício, vem, mui respeitosamente, interpor RECURSO ESPECIAL , requerendo a Vossa Excelência, seja recebido e processado o presente, com as razões anexas, remetendo o mesmo à apreciação do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral. Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 3006 1

Recurso Especial No TSE Em Defesa de Augustinho de Freitas

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMABRGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DE MATO GROSSO

RE Nº 1533/2009 – CLASSE RE – NUMERAÇÃO ÚNICA 812479.2008.6.11.0039RECORRENTE: AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA, devidamente qualificados nos

autos do RE Nº 1533/2009, face ao julgamento do RECURSO ELEITORAL interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, neste Sodalício, vem, mui respeitosamente, interpor

RECURSO ESPECIAL, requerendo a Vossa Excelência, seja

recebido e processado o presente, com as razões anexas, remetendo

o mesmo à apreciação do Egrégio Tribunal Superior Eleitoral.

O prazo para interposição de Recurso Especial

é, segundo o que dispõe o art. 276, parágrafo 1º, do Código

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 30061

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Eleitoral, de 03 (dois) dias. O acórdão originário do Recurso

Eleitoral foi publicado em 07/02/2011.

N.Termos

P.Deferimento.

Cuiabá/MT, 10 de fevereiro de 2011.

JOÃO FAUSTINO NETO OAB/MT 10.364-A OAB/SP 171.107

JOSÉ LUÍS BLASZAK OAB/MT 10.778-B

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

RE Nº 1533/2009 – CLASSE RE – NUMERAÇÃO ÚNICA 812479.2008.6.11.0039RECORRENTE: AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA, devidamente qualificados nos

autos do RE Nº 1533/2009, face ao julgamento do RECURSO ELEITORAL interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, neste Sodalício, vem, mui respeitosamente, interpor

RECURSO ESPECIAL, fundamentado no art.121, § 4º, I e II, da

Constituição Federal e 276, I, a e b, do Código Eleitoral, sob os

seguintes argumentos de fato e de direito:

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO ESPECIAL

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O prazo para interposição de Recurso Especial

é, segundo o que dispõe o art. 276, parágrafo 1º, do Código

Eleitoral, de 03 (dois) dias. O acórdão originário do Recurso

Eleitoral foi publicado em 07/02/2011.

O presente Recurso Especial foi distribuído em

10/09/2010. Logo, o mesmo é tempestivo.

DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

O presente Recurso Especial é cabível ao

presente caso, tendo em vista que o mesmo visa demonstrar que os

recorrentes preenchem tiveram os seus diplomas de prefeito e vice-

prefeito cassados em evidente equívoco no julgamento do Pleno do

TRE/MT, o qual deu provimento ao Recurso Eleitoral interposto pelo

Ministério Público Eleitoral.

Assim, por considerar afronta à Constituição

da República, que protege a inocência desde a sua presunção, o

recorrente entende que é admissível o presente Recurso Especial,

tendo em vista que o Acórdão Nº 20167, do TRE/MT, feriu de morte

o artigo 30-A, pois na ficara cabalmente demonstrado o potencial

lesivo do ato devendo ser aplicada a proporcionalidade ao caso, o

que não foi.

O Acórdão Nº 20167, do TRE/MT, feriu de

morte, também, o artigo 96, § 1º da Lei n.º 9.504/97, que diz

respeito à necessidade de prova indicar fatos, indícios e

circunstâncias. Conforme já assentado em jurisprudência da Corte

Superior Eleitoral “Incumbe ao representante apresentar provas, indícios e circunstâncias que demonstrem a plausibilidade dos fatos narrados, não se podendo exigir do representado a produção de prova negativa. (...) (Ac. TSE de

29.6.2006 no AgRgREspe no 25.920, rel. Min. Caputo Bastos) -

destacou-se.

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Além dos artigos acima mencionados da Lei

das Eleições, a Lei Nº 9.504/97, o Acórdão Nº 20167 feriu o artigo

5º, LV e LVII, da Constituição da República que protege de forma

velada o Princípio da Ampla Defesa e da Presunção de Inocência.

No tocante às interpretações conflitivas da

norma eleitora, bem como da Carta da República, ficará

evidenciado no mérito o ataque ao Acórdão resultante do

julgamento de 15/12/2010, do presente caso, e a jurisprudência do

Tribunal Superior Eleitoral. Razão pela qual enseja o presente

Recurso Especial por si só.

Desse modo, conclui-se pelo preenchimento

dos requisitos de admissibilidade do Recurso Especial por conta de

que o acórdão recorrido afronta dispositivos constitucionais, tais

como art. 5º, “LV”(direito à ampla defesa), “LVII” (presunção de

inocência ), da Carta da República, bem como artigos da Lei

9.504/97 e a Jurisprudência do TSE que representa a interpretação

da norma em conflito com o TRE/MT.

Os recorrentes tiveram seus diploma cassados

pelo Pleno do TRE/MT, por maioria, entendendo que houve violação

ao artigo 30-A, da Lei 9.504/97 conforme acórdão assim explicitado:

ACÓRDÃO N. 20167

PROCESSO N. 1533/2009 – CLASSE RE - NUMERAÇÃO ÚNICA: 812479.2008.6.11.0039RECURSO ELEITORAL E RECURSO ADESIVO (COMARCA DE

PEDRA PRETA/MT – 32ª ZONA ELEITORAL - AIJE - ALEGADOS

GASTOS ILÍCITOS DE RECURSOS)

RECORRENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

RECORRENTE: AUGUSTINHO FREITAS MARTINS

ADVOGADO: JOÃO FAUSTINO NETO

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ADVOGADO: JOSÉ LUÍS BLASZAK

RECORRENTE: MARCIONILO CORTE SOUZA

ADVOGADO: JOÃO FAUSTINO NETO

RECORRIDO: AUGUSTINHO FREITAS MARTINS

ADVOGADO: JOÃO FAUSTINO NETO

ADVOGADO: JOSÉ LUÍS BLASZAK

RECORRIDO: MARCIONILO CORTE SOUZA

ADVOGADO: JOÃO FAUSTINO NETO

RECORRIDO: MINISTÉRIO PUBLICO ELEITORAL

RELATOR: EXMO. SR. DR. JORGE LUIZ TADEU RODRIGUES

RECURSOS ELEITORAIS - REPRESENTAÇÃO

POR CAPTAÇÃO E GASTOS ILÍCITOS DE

RECURSOS - ARTIGO 30-A DA LEI 9504/97 -

ELEIÇÕES 2008 – PRELIMINARES DE

INCONSTITUCIONALIDADE DO § 2º, DO ART.

30-A, DA LEI N.º 9.504/97 E NULIDADE DA

PROVA GRAVADA – PAGAMENTO PARA

FIXAÇÃO DE PROPAGANDA NA FACHADA DE

RESIDÊNCIAS - ARRECADAÇÃO DE

RECURSOS E REALIZAÇÃO DE DESPESAS À

MARGEM DAS CONTAS OFICIAIS - NÃO

PROVIMENTO DO RECURSO ADESIVO DOS

RECORRIDOS - PROVIMENTO DO RECURSO

DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL -

CASSAÇÃO DE DIPLOMA.

1. O Tribunal Superior Eleitoral possui

remansosa jurisprudência no sentido de que as

sanções de cassação de registro ou de

diploma, previstas por diversos dispositivos da

Lei n.º 9.504, não constituem novas hipóteses

de inelegibilidade. Esse entendimento foi

consolidado pelo Supremo Tribunal Federal,

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no julgamento da ADIN n.º 3593/2006.

Alegada inconstitucionalidade rejeitada.

2. O Tribunal Superior Eleitoral assentou

entendimento de que a prova configurada por

gravação de conversa ambiental, sem o

conhecimento de um dos interlocutores, não

guarda caráter de ilicitude, especialmente se

confortada por outros elementos coligidos nos

autos.

3. Testemunhas que, perante o Juízo, tentaram

livrar os Recorridos de qualquer vinculação

com a prática ilícita, contrariando o

depoimento perante o Promotor Eleitoral, sem,

contudo, conseguir explicar as razões pelas

quais receberam quantias, em dinheiro, de

pessoas ligadas ao primeiro Recorrido.

4. Pagamento para fixação de propaganda na

fachada de residência, sem a correspondente

declaração na prestação de contas de

campanha, configura a existência de “caixa

dois”. Gastos ilícitos oriundos de arrecadação

que não tramitou nas contas de campanha.

Responsabilidade dos candidatos.

5. Abuso do poder econômico configurado em

efetuar gastos ilícitos decorrentes de recursos

de origem não identificada, é conduta de

inegável gravidade que não necessita de

aferição da potencialidade causadora de

desequilíbrio, para gerar a cassação do

registro, ou do diploma.

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6. Aplicação imediata do veredicto no tocante

à sanção de cassação do diploma, com o

imediato afastamento dos candidatos eleitos e

a realização de novas eleições. Provimento

parcial.

Acordam os Excelentíssimos Senhores Juízes do Tribunal

Regional Eleitoral de Mato Grosso, em sessão do dia 15/12/2010,

à unanimidade, rejeitar a preliminar suscitada no recurso

adesivo interposto por Augustinho Freitas Martins e Marcionílio

Corte Souza e negar-lhe provimento e, por maioria, dar

provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público

Eleitoral para determinar a cassação dos recorridos, nos termos

do voto do Relator. Vencido o 3º vogal, Exmo. Sr. Dr. Samir

Hammoud.

DAS RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL

PRELIMINAR DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 30 – A, 2º, DA LEI 9.504/97:

Diz o artigo citado:

Art. 30-A.  Qualquer partido político ou coligação

poderá representar à Justiça Eleitoral relatando

fatos e indicando provas e pedir a abertura de

investigação judicial para apurar condutas em

desacordo com as normas desta Lei, relativas à

arrecadação e gastos de recursos. (Incluído pela

Lei nº 11.300, de 2006)

§ 1o  Na apuração de que trata este artigo, aplicar-

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se-á o procedimento previsto no art. 22 da Lei

Complementar n o 64, de 18 de maio de 1990 , no

que couber. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

§ 2o  Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

O artigo referenciado criou um caso de

inelegibilidade cominada simples através de lei ordinária, em

contradição ao disposto no art. 14, §9º, da Carta Magna, o qual por

sua vez, reza que:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo

sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com

valor igual para todos, e, nos termos da lei,

mediante:

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos

de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a

fim de proteger a probidade administrativa, a

moralidade para exercício de mandato considerada

vida pregressa do candidato, e a normalidade e

legitimidade das eleições contra a influência do

poder econômico ou o abuso do exercício de

função, cargo ou emprego na administração direta

ou indireta.

A inelegibilidade pode ser considerada

qualquer impedimento que o nacional, alistável perante a Justiça

Eleitoral, possua, que o impeça de concorrer a mandato eletivo, seja

de caráter transitório, para aquela eleição, seja de caráter futurista,

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para eleições subseqüentes.

Opera-se, a partir deste ponto, a constatação

da inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.504/97, dentre

eles o art. 30-A, e de qualquer outra lei ordinária, que tenha como

efeito a cassação do registro ou do diploma de candidato, posto que

em desacordo com o contido no art. 14, §9º, da Constituição

Federal, tendo como base fundamental a teoria das inelegibilidades

construída por Adriano Soares da Costa (COSTA, Adriano Soares

da. Comentários à Lei nº 11.300/2006.).

Na página 222, o autor diz que as espécies de

inelegibilidade cominada, por sua vez, combinam-se entre si,

saturando a operatividade dêontica de sua construção legislativa.

De fato, há a possibilidade de ser cominada a inelegibilidade para a

eleição em que o fato ilícito se deu ("essa" eleição), sem percussão

futura, como ocorre nas hipóteses de cassação do registro de

candidatura na captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei n°

9.504/97) ou nos casos de condutas vedadas aos agentes públicos

(art. 73 da Lei n° 9.504/97).

Abordando especificamente a penalidade

prevista no art. 30-A, Adriano Soares da Costa reafirma seu

entendimento de que este é inconstitucional posto ser inegável,

portanto, que a sanção de cassação de diploma dos eleitos, ou o

impedimento a que seja emitido em seu favor, é espécie de

inelegibilidade cominada simples, razão pela qual o art. 30-A

padece da mesma inconstitucionalidade do art. 41-A e do art. 73 da

Lei n° 9.504/97.

Joel José Cândido (CANDIDO, Joel José, Direito

Eleitoral Brasileiro, 12ª ed. Porto Alegre, Edipro, 2006, p.499)

corrobora as mesmas opiniões, quando, ao analisar o art. 41-A e a

sua inclusão no ordenamento jurídico afirma que em relação à

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eventual cassação de registro ou do diploma, a Lei n° 9.840/1999

em nada melhorou o que já constava da lei anterior. Ao contrário,

trouxe inconstitucionalidade que naquela não havia, à medida que a

cassação do diploma erege-se em inelegibilidade, sanção política

absolutamente incompatível com a lei ordinária.

Especificamente ao tratar do art. 30-A

manifesta o doutrinador que o dispositivo foi instituído com o intuito

de conferir vantagem maior ao ordenamento jurídico, mas, "ao

contrário, trouxe problemas, pois, como se sabe, a sanção de

inelegibilidade, mesmo que só para uma eleição, não pode jamais

estar prevista em lei ordinária (CF, art. 14, §9º). Pois este

inconveniente veio ocorrer aqui." (CANDIDO, 2006, p.470).

Thales Tácito Cerqueira (CERQUEIRA, Thales

Tácito Pontes Luz de Pádua; CERQUEIRA, Camila Medeiros de A. P.

Luz de Pádua. Tratado de direito eleitoral. São Paulo: Premier,

2008. 1254p. t.3., p.782) assim se manifesta: As inelegibilidades

devem ser previstas no próprio texto constitucional ou em lei

complementar, pois versam sobre restrições aos direitos políticos.

Diante do reconhecimento da

inconstitucionalidade, mister se faz acolher a presente, para

reformar a Sentença e absolver os investigados da acusação

imposta.

NO MÉRITO

Inicialmente, nobre Relator, há de se frisar

que toda a pendenga, na visão da defesa, se dá por conta de uma

armação feita pelo candidato a vereador derrotado EDNALDO TAVARES, vulgo “Lagoa”, em 24/11/2008. Aproximadamente 50

(cinqüenta) dias depois da Eleição Municipal de 2008, o candidato

derrotado Ednaldo Tavares resolveu montar uma farsa para atingir

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o candidato vitorioso a prefeito municipal AUGUSTINHO FREITAS MARTINS, o qual foi reeleito, juntamente com seu vice,

com 76% dos votos válidos, bem como teve as suas contas de

campanha aprovadas.

1 – INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O Ministério Público Eleitoral no Município de

Pedra Preta inovou na seara eleitoral, ao invocar a inversão do ônus da prova. A magistrada eleitoral, porém, com a sabedoria que

lhe é peculiar rechaçou na sentença tal intento do parquet.

A sentença da Magistrada da instância de piso

está bem clara e foi prolatada em conformidade com os ditames da

lei e segundo o conteúdo probatório constante dos autos.

Verifica-se a sobriedade amplamente

constante com a qual foi prolatada, mediante a simples leitura da

peça que, no que concerne ao mérito da questão, não merece

nenhuma reforma.

Em suma, a sentença foi prolatada com

observância à livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos

indícios e presunções e prova produzida, atentando para

circunstâncias ou fatos e com a finalidade de preservar o interesse

público de lisura eleitoral.

A sentença julgou bem a questão do mérito,

sustentando que caberia ao Ministério Público relatar fatos e fazer prova das suas alegações (artigo 96, § 1º da Lei n.º 9.504/97) por se tratar de fato constitutivo de ilícito cível-eleitoral, o que não foi feito. Porém, em sede de Tribunal Regional Eleitoral, não foi dada a devida importância ao

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equívoco hermenêutico do Ministério Público e se conduziu o julgamento sob a égide da inversão do ônus da prova.

A defesa concorda piamente com o repertório

jurisprudencial citado na sentença de primeiro grau.

"(...) Representação. Captação ilícita de sufrágio. Art.

41-A da Lei no 9.504/97. Recurso especial.

Procedência. Ônus da prova. Representante. Prova

negativa. Decisão agravada. Fundamentos suficientes.

Não-afastamento. Não-provimento. A caracterização

da captação ilícita de sufrágio requer prova cabal de

que a entrega da benesse foi acompanhada de

expresso pedido de voto. Incumbe ao representante apresentar provas, indícios e circunstâncias que demonstrem a plausibilidade dos fatos narrados, não se podendo exigir do representado a produção de prova negativa. O magistrado não está

obrigado a analisar todas as alegações das partes

quando encontra fundamentos suficientes para decidir

a lide. (...)" (Ac. TSE de 29.6.2006 no AgRgREspe no

25.920, rel. Min. Caputo Bastos) - destacou-se.

AGRAVO REGIMENTAL. REPRESENTAÇÃO.

CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI

Nº 9.504/97. RECURSO ESPECIAL. PROCEDÊNCIA.

ÔNUS DA PROVA. REPRESENTANTE. PROVA

NEGATIVA. DECISÃO AGRAVADA. FUNDAMENTOS

SUFICIENTES. NÃO-AFASTAMENTO. NÃO-

PROVIMENTO.

- A caracterização da captação ilícita de sufrágio

requer prova cabal de que a entrega da benesse foi

acompanhada de expresso pedido de voto. - Incumbe ao representante apresentar provas, indícios e

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circunstâncias que demonstrem a plausibilidade dos fatos narrados, não se podendo exigir do representado a produção de prova negativa. - O

magistrado não está obrigado a analisar todas as

alegações das partes quando encontra fundamentos

suficientes para decidir a lide. Nega-se provimento a

agravo regimental que não afasta os fundamentos da

decisão impugnada. (RESPE-25920 Relator(A) Carlos

Eduardo Caputo Bastos - Diário De Justiça, data

07/08/2006, página 138) - destacou-se.

Seguindo a linha de raciocínio, a sentença está

correta ao sustentar que as provas confeccionadas durante o "iter"

processual apresentam-se contraditórias e nebulosas, ensejando a

improcedência da ação. O que não foi percebido pelo Pleno do

Tribunal Regional Eleitoral.

Ora, Excelência, a Magistrada de piso andou

bem em refutar tal tese, abrindo capítulo específico na sua

sentença, invocando o artigo 96, parágrafo 1º, da Lei 9.504/97,

bem como jurisprudência do TSE. Isso tudo, às fls. 542/544, do

processo.

Contudo, no julgamento do dia 15/12/2010, na

Corte Regional, o tema não foi objeto de pauta de julgamento, o que

ensejou a oposição dos competentes Embargos de Declaração.

2 –Art. 30 – A / PROVA INEFICAZ

Por conseguinte, da análise dos depoimentos

prestados em Juízo, tem-se que:

a) Impossibilidade de ser afirmar que o acompanhante

de ALEMÃO nas visitas às citadas testemunhas se trata

do irmão do candidato AUGUSTINHO;

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b) Foram oferecidos valores e aceitos pelas

testemunhas DÉBORA BERNARDINO DA SILVA (R$

150,00 - cento e cinqüenta reais), HELENO

BERNARDINO DA SILVA (R$ 300,00 - trezentos reais)

e ALDENIRA LESSA DE SOUZA (R$ 250,00 - duzentos

e cinqüenta reais) pela pessoa de ALEMÃO, sem

precisar a causa, ora dizendo tratar-se de pagamento

pela afixação de placas e ora dizendo ser por caridade;

c) Não se pode afirmar que a pessoa de Alemão era

cabo eleitoral ou estava a serviço do candidato

Augustinho.

Vale a pena lembrar os julgados pertinentes:

RECURSO ELEITORAL. CONDENAÇÃO POR

CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO E ABUSO DE

PODER ECONÔMICO. PRELIMINAR DE TRÂNSITO

EM JULGADO PARCIAL AFASTADA. DOAÇÃO DE

BANDEIRAS E HASTES DE BAMBU. CONDUTA QUE

NÃO SE SUBSUME AO ARTIGO 41-A DA LEI

9.504/97. GASTO ILÍCITO DE RECURSOS.

PROPAGANDA NÃO TOLERADA DO ARTIGO 243,

INCISO VIII, DO CÓDIGO ELEITORAL. PREJUÍZO AO

MEIO AMBIENTE E À ESTÉTICA URBANA. FATOS

QUE NÃO CONFIGURAM VIOLAÇÃO À NORMA DO

ARTIGO 30-A DA LEI 9.504/97. ABUSO DE PODER

ECONÔMICO. ARTIGO 22 DA LC 64/90. AUSÊNCIA

DE PROVA ROBUSTA. NECESSIDADE DE

DEMONSTRAÇÃO DA POTENCIALIDADE.

PROVIMENTO.

A preliminar de trânsito em julgado parcial da

sentença de primeira instância deve ser afastada, haja

vista se trata de questão já apreciada no julgamento

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do Agravo Retido de f. 386/394 e no Recurso

Inominado 395/401. 2. Não se pode considerar que a

doação de bandeiras e mastros de bambu a eleitores

configure bem ou vantagem pessoal (art. 41-A da Lei

9.504/97), seja pelo insignificante valor econômico

destes objetos, seja porque tais bandeirolas não

proporcionam vantagem aos eleitores, já que sua

utilidade se limita aos atos de propaganda eleitoral. 3.

A finalidade central da norma do artigo 30-A da Lei nº

9.504/97 é coibir a prática de atos ilegais relativos ao

financiamento de campanhas, ou seja, o

descumprimento de regras de arrecadação e gastos

eleitorais. 4. Não há como se aplicar as sanções

previstas no artigo 30-A da Lei nº 9.504/97 com

fundamento em condutas prejudiciais ao meio

ambiente e à estética urbana (propaganda não

tolerada do artigo 243, inciso VIII, do Código

Eleitoral), por falta de adequação do fato à figura

legal, já que se trata de matéria não abrangida pelas

normas de arrecadação e gastos de recursos de

campanha. 5. Para o reconhecimento do abuso de poder econômico é indispensável que estejam presentes nos autos provas robustas a demonstrar a autoria e a materialidade do ilícito, devendo-se, ainda, aferir a potencialidade do ato para comprometer a lisura do pleito, requisito substancial para a configuração da aludida infração eleitoral. (TRE-GO - Acórdão 5589

Relator(a) - Ney Teles de Paula - DJ - Diário de justiça,

Volume 75, Tomo 01, Data 17/06/2009, Página 01). -

grifou-se.

REPRESENTAÇÃO ELEITORAL. CAPTAÇÃO E GASTO

ILÍCITO DE RECURSOS. PRELIMINARES DE

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300616

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_________________________________________________________________________

ILEGITIMIDADE ATIVA, IMPRESTABILIDADE DAS

PROVAS E NULIDADE DE DEPOIMENTOS DE

PROMOTORES DE JUSTIÇA, REJEITADAS.

ALEGAÇÃO DE GASTOS NÃO DECLARADOS COM

COMITÊS DE CAMPANHA, CABOS ELEITORAIS,

TRANSPORTE AÉREO E CARROS DE SOM. NÃO

COMPROVAÇÃO.

1 - A legitimidade do Ministério Público Eleitoral para

propor representação eleitoral decorre do artigo 22

da Lei Complementar nº 64, de 18.05.90, do artigo 2º

da Resolução TSE nº 22.142, de 02.03.2006, bem

como do artigo 127, da Constituição Federal, que

incumbe ao Ministério Público a defesa da ordem

jurídica, do regime democrático e dos interesses

sociais e individuais indisponíveis. 2 - O ato

administrativo que resultou no dossiê que acompanha

a exordial tem justamente o caráter probatório que

permite a instauração de investigação judicial a que

se refere o artigo 30-A, da Lei Federal n° 9.504/1997

e não configura, portanto, prova imprestável. 3 - O

fato da testemunha pertencer aos quadros do

Ministério Público Eleitoral e ter empreendido

diligências para a apuração de fatos envolvendo

arrecadação e gastos ilícitos de recursos, não a torna

parte no processo e nem demonstra seu interesse no

litígio. 4 - Para a finalidade do artigo 30-A da Lei Federal nº 9.504/97, não se pode imputar gastos realizados por pessoa diversa do candidato sem que, ao menos, haja seu consentimento. Não havendo prova suficiente à demonstração do recebimento de recursos financeiros de fonte vedada, sua captação irregular ou existência de gastos ilícitos na campanha eleitoral, impõe-se a improcedência do pedido que se funda nessas

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300617

Page 18: Recurso Especial No TSE Em Defesa de Augustinho de Freitas

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_________________________________________________________________________

causas. Precedentes. 5 - Não demonstração, de

forma inequívoca, de captação ou utilização ilícita de

recursos de campanha. Ausência de prova da infração

eleitoral prevista no artigo 30-A da Lei Federal n°

9.504/97, relativamente a comitês de campanha,

cabos eleitorais, transporte aéreo e carros de som.

Sem prova robusta e inconcussa dos fatos ilícitos

imputados aos agentes, descabe o proferimento de

decisão judicial de conteúdo condenatório. 6 - Uso da prestação de contas como prova pré-constituída sem a apuração de outras provas da ilicitude pelo representante. Atribuição de ilicitude a fato indiciário, com desatendimento dos requisitos mínimos previstos em lei, o que impossibilita a conclusão de qualquer ilicitude no destino ou na origem dos recursos a partir dos fatos narrados na inicial que não se apresentam como suficientes para embasar um decreto condenatório. 7 - Representação julgada

improcedente. (TER-GO - Acórdão 1420 - Relator(a)

Elizabeth Maria da Silva - DJ - Diário de justiça,

Volume 56, Tomo 01, Data 18/05/2009, Página 01). -

destacou-se.

Segundo a Magistrada a quo, os ilícitos

eleitorais que geram sanções como a prevista no artigo 30-A deveriam estar robustamente comprovados para conduzir ao

decreto de cassação de mandato popular, e, meras presunções não são cabíveis para tal fim.

Neste sentido, citou:

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. ART. 22 DA

LC Nº 64/90. REQUISITOS. NOTICIÁRIO DA

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_________________________________________________________________________

IMPRENSA. PROVA TESTEMUNHAL. ENCARGO DA

PARTE (INCISO V DA MESMA NORMA). OMISSÃO.

IMPROCEDÊNCIA.

A Representação Judicial Eleitoral, cogitada no art. 22

da LC nº 64/90, configura-se como ação cognitiva com

potencialidade desconstitutiva e declaratória (art. 30-

A, § 2º, da Lei nº 9.504/97), mas o seu procedimento

segue as normas da referida norma legal, mitigados

os poderes instrutórios do juiz (art. 130 do CPC), no

que concerne à iniciativa de produção de prova

testemunhal (art. 22, V, da LC nº 64/90). 2. Sem prova robusta e inconcussa dos fatos ilícitos imputados aos agentes, descabe o proferimento de decisão judicial de conteúdo condenatório. 3.

Se a parte representante deixa de diligenciar o

comparecimento de testemunhas à audiência de

instrução, como lhe é imposto por Lei (art. 22, V, da

LC nº 64/90), não é lícito ao órgão judicial suprir-lhe a

omissão, dado ser limitada a iniciativa oficial

probatória, a teor do referido dispositivo legal. 4.

Representação Eleitoral improcedente. (RP-1176 -

REPRESENTAÇÃO - Relator(a) Francisco Cesar Asfor

Rocha - DJ - Diário de justiça, Data 26/06/2007,

Página 144). - destacou-se.

RECURSO ELEITORAL - CASSAÇÃO DO DIPLOMA E

MULTA - AFASTAMENTO DO CARGO - SUPOSTA

CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO COM

CONFIGURAÇÃO DE ABUSO DE PODER

ECONÔMICO - CONDENAÇÃO BASEADA EM

DECLARAÇÕES DE TESTEMUNHAIS -

PRELIMINARES - REJEIÇÃO - CONTRADIÇÃO NOS

DEPOIMENTOS - PROVAS NÃO SUFICIENTEMENTE

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_________________________________________________________________________

SEGURAS - PROVIMENTO - REFORMA DO DECISUM

- RECONDUÇÃO DOS RECORRENTES.

As preliminares devem ser afastadas, uma a uma,

porquanto respeitado o prazo de três dias para a

interposição do recurso e porque observadas a

ausência de litispendência e de cerceamento de

defesa. Recurso a que se dá provimento no mérito, uma vez que a condenação se baseou fundamentalmente em provas testemunhais que não se apresentam seguras, inconcussas e induvidosas para conduzir ao decreto de cassação. Precedentes da Corte Superior e deste

Regional. (RE-1429 - TRE-MT - Relator(a) Rui Ramos

Ribeiro - Diário Eletrônico da Justiça Eleitoral, Tomo

443, Data 26/06/2009, Página 2). - destacou-se.

RECURSO ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO

JUDICIAL ELEITORAL. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE

SUFRÁGIO. ARTIGO 41-A DA LEI 9.504/97.

FRAGILIDADE DA PROVA TESTEMUNHAL.

PROVIMENTO.- Dadas as circunstâncias em que ocorre a captação ilícita de sufrágio, é admitida sua comprovação exclusivamente por meio testemunhal. Todavia, para que haja a procedência da ação, os depoimentos devem ser coesos, claros e precisos o suficiente para demonstrar a prática do ilícito.- Prova testemunhal contraditória, que contenha inconsistência insuperável, desautoriza a conclusão no sentido de cassar o diploma do candidato. (RE-1237 - TRE-MT - Relator(a) Maria

Abadia Pereira De Souza Aguiar - Diário Eletrônico da

Justiça Eleitoral, Tomo 364, Data 25/2/2009, Página

2). - destacou-se.

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_________________________________________________________________________

Enfim, a sentença encontra-se absolutamente

de acordo com o nosso ordenamento jurídico em vigor,

especialmente, com o entendimento da Corte Superior Eleitoral.

Ela é justa, correta e fundamentada. Assim sendo, não merecia

ser reformada pelo Acórdão do TRE/MT, o qual se ataca no presente

Especial.

Por sua vez, o recurso apresentado pelo

Ministério Público não trouxe nada mais do que meras conjecturas. E ressalve-se, mera conjectura não é elemento

suficiente para gerar a reforma de uma sentença prolatada com

sensatez e juridicidade.

Ainda mais quando se trata de um caso como

o vertente, onde a acusação é extremamente grave, pois se discute

a cassação de um diploma outorgado com base na atuação direta da

soberania popular, com respaldo de 76% dos votos válidos.

Portanto, merece absoluta atenção e tato de todos os envolvidos,

inclusive do Ministério Público Eleitoral.

3 – CAIXA “2”Em apertada síntese, sustentou o parquet que

encontra-se efetivamente comprovado nos autos que os

investigados praticaram “Caixa 2” deixando de contabilizar as

despesas e gastos com aluguel para aposição de propaganda

eleitoral. O Pleno do TRE/MT acatou esta tese.

Contudo, nobre Relator, isto jamais ocorreu!

De imediato, sumariamente, argumenta-se:

A . Os candidatos, de sua parte, disputaram Eleições Limpas! O

fato verdadeiro é que toda a propaganda eleitoral na forma de

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placas afixadas em propriedades particulares foi aposta

gratuitamente, sem pagamento. Não houve estipulação de preço e

nem pagamento pela concessão do espaço e autorização para

fixação deste tipo de propaganda.

B . Os candidatos não ofereceram e não pagaram nada por isso.

Inclusive, sustentam que realmente não o fizeram.

C . Somando os valores mencionados pelas testemunhas chega-se

à conclusão de que a questão se refere à utilização ou não de

recursos não contabilizados em campanha, do valor total de R$ 1.050,00 (um mil e cinquenta reais).

D . Paralelo a isso, tem-se que: 1) o teto fixado para a campanha

foi R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); 2) os gastos totais foram

de R$ 65.379,86; 3) os candidatos, ora investigados, poderiam doar

recursos para a campanha, até o valor máximo do limite de gastos

estabelecido para a campanha; 4) A receita bruta (IR) do primeiro

investigado em 2007 foi de R$ 3.081.564,04 (três milhões oitenta e

um mil quinhentos e sessenta e quatro reais e quatro centavos) (fls.

248); 5) o patrimônio do primeiro investigado em 2007 montava R$

1.581.084,73 (um milhão quinhentos e oitenta e um mil oitenta e

quatro reais e setenta e três centavos) (fls. 247).

Neste contexto, conclui-se que não havia nem motivo para a

prática de “Caixa Dois”, pois os investigados poderiam ter arcado

com o pagamento desta despesa, já que havia disponibilidade de

teto e de recursos. Se houvessem tais despesas, se elas existissem,

com certeza os candidatos teriam contabilizado-a na prestação de

contas.

A utilização deste tipo de expediente (Caixa Dois) se dá quando já

se alcançou o teto-limite de gastos ou quando não há mais como

reunir recursos lícitos. E nenhuma das hipóteses se encontra

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presente nos autos, já que havia teto suficiente e disponibilidade de

recursos do próprio candidato.

D . Os candidatos investigados acreditam que a demonstração de

apoio e a adesão a candidatura deve ser feita da forma que ocorreu:

por vontade livre, gratuita, sem ônus e em concordância com o

desejo do íntimo de cada um, com toda a liberdade do ato eleitoral,

ou seja, de uma maneira democrática. Por isso não admitiram apor

placas em troca de dinheiro. E se tivessem efetuado tal pagamento,

este certamente estaria inserido na contabilidade da campanha.

No contexto probatório dos autos, verificamos

que não existe nenhuma possibilidade e também nenhuma prova da

existência e utilização do denominado “Caixa Dois” de campanha.

Primeiramente, todos os candidatos que

disputaram as eleições municipais de 2008 no município de Pedra

Preta utilizaram-se de colocação de placas do mesmo tipo das que

foram utilizadas pelos investigados. Na prestação de contas dos

demais candidatos, verifica-se que em nenhuma delas existe

declaração de pagamento com aluguel de espaço particular para

colocação de placa de propaganda eleitoral. Prática esta, que em

2008 não era expressamente vedada, e, que foi incluída no artigo

37, da Lei 9.504/97 pela Lei 12.034/09. Isto, por si só, demonstra

que não havia naquela comunidade nenhum caso de aluguel de

espaço para aposição de placas. O que existe é a adesão voluntária

por simpatia ou ideologia política do eleitor, a qual se manifesta

publicamente através da aceitação da colocação deste material em

suas casas e veículos, de forma gratuita.

A instrução processual, em nenhum momento,

demonstra a ocorrência deste fato.

Ao Ministério Público incumbia provar de

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maneira inequívoca a existência do fato, identificar o acontecimento de maneira pormenorizada e demonstrar a potencialidade lesiva do mesmo no resultado do pleito, bem como, a ciência dos candidatos, já que os fatos a eles imputados são indiretos. Mas nada disso ocorreu. Tudo o que existe não passa de meras conjecturas em que Ednaldo Tavares, vulgo “Lagoa”, conduziu.

O Ministério Público Eleitoral poderia ter

arrolado para testemunhar nos autos e prestar esclarecimentos as

pessoas de vulgo “Alemão” e “Luizão da Ponte”. Mas não fez

isso! Ou seja, “Alemão” e “Luizão da Ponte” não foram ouvidos no processo!

Certamente, se o tivesse feito, o deslinde do

julgamento no Egrégio Tribunal Regional Eleitoral seria outro, pois

se verificaria que os Recorrentes não merecem a imputação que

lhes é feita. Já que não tomou essas providências, não podem os

Recorrentes serem punidos por conta de uma dúvida gerada pelo

Ministério Público Eleitoral, diante de falta que ele mesmo cometeu ao não ouvir tais pessoas.

Não havendo provas da adesão dos candidatos

às imputações que pesam contra eles e lembrando que eles nem

mesmo precisariam aderir a esta conduta, certamente o presente

expediente merece acolhido, a fim de que o Acórdão do TRE/MT

seja reformado, mantendo a sentença de primeira instância.

4 - A PROVA TESTEMUNHAL

A prova testemunhal com supedâneo máximo

para reformar a sentença foi um decisão equivocada do Pleno do

TRE/MT. Das testemunhas ouvidas, nenhuma declarou ter recebido

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300624

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qualquer quantia dos investigados ou qualquer contato direto com

os mesmos, para aposição de placa ou apoio para a candidatura.

A Testemunha Anderson da Cruz Nunes (fls. 389/399) relata que teria recebido R$ 100,00 de Luizão da Ponte

antes da eleição e que guardou o dinheiro até depois da eleição e

que somente em 16 de outubro teria formulado uma declaração

para Ednaldo Tavares (fls. 28), tendo comparecido à Promotoria de

Justiça apenas em 04 de dezembro de 2008, juntamente com a

Advogada Silvia Beatriz Lourenço, OAB/MT 10.819, a qual teve seus

honorários arcados por Ednaldo Tavares, segundo a própria

testemunha o que corrobora com a tese da defesa de tudo se tratou

de uma verdadeira armação orquestrada, justamente, por Ednaldo

Travares, vulgo “Lagoa”, cujo o mesmo efetuou as gravações e fez

confundir as testemunhas no sentido de que “Luizão das Pontes”

que efetuava pagamentos seria o irmão do candidato, aqui

Recorrente, Augustinho.

Ressalte-se que esta testemunha, Anderson da

Cruz Nunes, não soube esclarecer fatos que seriam imprescindíveis

para ela narrar, como por exemplo: 1) o teor da declaração que

assinou às fls. 28 dos autos; 2) o nome da advogada que o

acompanhou perante o Ministério Público; 3) Por que demorou

tanto diante da data da suposta proposta (25/09/2008), para

promover efetivamente a denúncia (16/10/2009). Além disso, as

declarações prestadas por ela na Promotoria e em Juízo são

conflitantes. Portanto, a única conclusão que podemos chegar é a

de que esta testemunha agiu com parcialidade, instigada por

Ednaldo Tavares.

A testemunha Aldenira Lessa de Souza (fls. 399/406) relata que é eleitora de Augustinho, que já era a segunda

eleição que votava nele. Que queria mesmo colocar uma placa em

sua casa. Ela em nenhum momento relata que algum dos candidatos

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ora investigados teriam lhe efetuado o pagamento de qualquer

quantia a qualquer título, muito menos para aposição de placas.

A testemunha Heloisa de Godoi Coelho (fls. 406/411) relata que uma das metas da campanha era uma

campanha limpa. Que nem questionava a possibilidade de colocar

placa se alguma pessoa lhe pedisse dinheiro. Ela relatou um caso

onde a placa foi colocada em um local e depois a pessoa

proprietária do imóvel inventou que teria recebido dinheiro e que

em razão disso ela mesma foi lá e retirou a placa, inclusive por

determinação do candidato Augustinho. Que ela conversou com o

candidato Augustinho e ele afirmou categoricamente “nós não colocamos placa por dinheiro”.

A testemunha também soube esclarecer que

durante a campanha havia reuniões onde todos os candidatos a

vereador eram orientados pelo jurídico da campanha a fazer uma

campanha com seriedade, criteriosa, dentro do rigor da lei, bem

como, para que os candidatos não aderissem a nenhuma atitude que

pudessem denegrir a própria imagem ou a imagem dos candidatos à

majoritária.

A testemunha Heber Vinicius de Oliveira (fls. 411/414) narrou que foi o administrador financeiro da

campanha. Ele esclareceu que todo o gasto com a campanha foi

declarado na prestação de contas que foi aprovada. Que atendeu a

todos os esclarecimentos determinados pelo Poder Judiciário e

Ministério Público, sem nenhum atraso. Que a prestação de contas

foi aprovada sem ressalvas, e que ele observou todos os aspectos

jurídicos necessários para tanto, relativo ao que se exigia, inclusive

quanto aos prazos e transparência. A testemunha confirmou que

todos os cabos eleitorais que trabalharam na campanha foram

devidamente contratados, conforme a lei, inclusive com os tributos

recolhidos conforme demonstra a folha de pagamento. Ela ressaltou

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que não houve a atuação de nenhum cabo eleitoral sem que

houvesse contratação.

A testemunha José Carlos Massuia (fls. 414/419) relatou que é uma pessoa que reside a muito tempo na

comunidade. Que apoiou voluntariamente a candidatura de

Augustinho e Marcionilo. Que ele procura apoiar o que entende que

é melhor para o Município. Que jamais ficou sabendo de qualquer

questão relativa a pagamento para aposição de placas e que até

ficou surpreso com tal circunstância.

A testemunha Debora Bernardino da Silva Resende (fls. 491/493) relatou que não recebeu nenhum tipo de

benefício para colocação de placa em sua residência. Que a placa

foi colocada por que ela autorizou. Que ela já ia votar para o

Augustinho por simpatizar com a candidatura dele. Que ela não

conhece Luiz e que Alemão esteve na sua casa sozinho. Que quando

recebeu R$ 150,00 de Alemão, já até havia em sua casa a

propaganda do Augustinho. Que ela não tem conhecimento de

Alemão trabalhar na candidatura de Augustinho.

A testemunha Heleno Bernardino da Silva (fls. 494/496) relatou que já era eleitor de Augustinho, que votou

nele e que colocou a placa dele na sua residência de livre e

espontânea vontade, a pedido de Fabinho, candidato a vereador,

pois apoiava o Fabinho, por ser amigo de seu filho. Que não recebeu

nada a troco de colocar a placa ou votar. Que Alemão, apesar de ter

lhe dado R$ 300,00, nada lhe pediu, nem apoio e nem voto. A

testemunha disse nem mesmo conhecer Luiz, irmão de Augustinho.

E que o dinheiro que recebeu de Alemão foi uma ajuda, pois Alemão

sabia de seus problemas de saúde e desemprego.

A testemunha Saulo Alves da Silva (fls. 506/509) em todo o seu depoimento, apenas tocou no nome do

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candidato Augustinho e Marcionilo para dizer que sabe quem são os

mesmos. Nada mais. Fora isso, ela mencionou fato relativo ao

candidato a vereador Valdir José, o qual os ora investigados

desconhecem plenamente a possibilidade de adesão à conduta

mencionada.

Cumpre relembrar que tal testemunha é absolutamente parcial, pois ela estava instruída por Ednaldo Tavares e Mauro Veterinário, os quais são notórios adversários

políticos dos investigados. Tanto é que a testemunha esclareceu que

quem a acompanhou até a audiência foi o Mauro Veterinário e o

Ednaldo Tavares. Ou seja, eles a levaram em veículo próprio de

Mauro Veterinário até a audiência.

No que concerne a prova colhida durante toda

a instrução processual, consubstanciada meramente na oitiva de

testemunhas tem que se considerar o seguinte:

4.1 - A prova meramente testemunhal é imprestável, especialmente, tratando-se de processo de cassação de diplomação

Como foi dito, aqui lida-se, aqui, com matéria

de extrema importância, pois um pedido de cassação importa em

retirar o diploma conferido a candidato que ocupa o cargo através

do exercício da soberania popular.

A utilização de mera prova testemunhal (ainda

mais uma que se mostra extremamente frágil, como no caso

presente) não pode dar guarida a um pedido de cassação, sob a

alegação de “Caixa Dois”.

A prova testemunhal somente pode ser

considerada quando associada a outros elementos de prova, os

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300628

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quais, no caso vertente, não existem.

É que a testemunha, na condição de Ser

Humano, pode ser corrompida, induzida ou até mesmo ameaçada a

proceder com falso testemunho.

Certamente, pensando também neste tipo de

possibilidade, o Tribunal Superior Eleitoral vem reiteradamente

decidindo que a prova exclusivamente testemunhal NÃO É HÁBIL para fundamentar um pedido de cassação de diploma.

Vejamos:

RECEL-182005 – RE – RECURSO ELEITORAL – EMENTA: Cassação de diploma de Prefeito e Vice-Prefeita reeleitos.

Declaração de nulidade das eleições majoritárias, com fulcro nos

arts. 222 e 224 do Código Eleitoral. Inexistência de prova

documental. Conjunto probatório exclusivamente testemunhal,

marcado por flagrantes contradições. Aproveitamento, na decisão,

somente de depoimentos desfavoráveis ao ora Recorrente.

REJE – RECURSO DE DECISÃO DOS JUÍZES ELEITORAIS – 05-1474 – ACÓRDÃO 15378 – CAMPO VERDE – MT – EMENTA: RECURSO ELEITORAL - REPRESENTAÇÃO PELA

PRÁTICA DE CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO - ART. 41-A DA

LEI FEDERAL N.º 9.504/1997 – PROVA EXCLUSIVAMENTE

TESTEMUNHAL - DIVERGÊNCIA ENTRE OS DEPOIMENTOS -

NÃO CARACTERIZAÇÃO. A procedência da representação fundada

no art. 41-A da Lei Federal n.º 9.504/1997 exige a apresentação de

prova contundente, assim não se podendo considerar depoimentos

testemunhais controversos, máxime diante da divergência

verificada entre o depoimento da testemunha arrolada pela

Coligação Representante e a própria inicial. Instituto cuja

configuração impõe severas sanções ao candidato, razão pela qual

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300629

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se torna inviável o seu reconhecimento sem a produção de prova

capaz de afastar quaisquer dúvidas quanto a sua ocorrência.

Conhecimento e improvimento do Recurso.

AIME-582005 - Recurso. Ação de impugnação de mandato eletivo.

Alegado abuso do poder econômico. Prova exclusivamente

testemunhal, com versões contrapostas do mesmo fato. Inexistência

de outros elementos capazes de corroborar as alegações.

Provimento negado.

AIJE – 102005 – RIJE – RECURSO EM INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL - Recursos. Investigação judicial. Alegada

doação de gêneros alimentícios, material de construção e outros

bens em troca de votos. Matéria de prova exclusivamente

testemunhal, mostrando-se frágil e contraditória acerca do

aliciamento de votos, não tem eficácia para embasar juízo de

cassação de mandato popular. Provimento do recurso da primeira

coligação. Desprovida a irresignação remanescente.

Conforme se depreende dos autos, não há

provas robustas, eficientes e incontestáveis. Ao contrário disso,

aprova é frágil e não há nenhuma espécie de prova documental ou

outra que possa ser associada às que foram coligidas para gerar um

decreto de cassação.

A jurisprudência é remansosa e pacífica.

Pelo que foi exposto, está mais do que

evidente que o pedido formulado pelo Ministério Público em sede

recursal e acatado pelo Pleno do TRE/MT, deve ser reformado por

este Tribunal Superior Eleitoral, mantendo-se a sentença prolatada

na instância de piso, na parte meritória, na íntegra, restituindo,

assim, a diplomação aos Recorrentes.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300630

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4.2 - A prova colhida não demonstra anuência nem participação dos investigados

4.2.1 . O fato narrado na denúncia, no sentido

de que Luiz, “irmão” de Augustinho teria dado a quantia de R$

300,00 (trezentos reais) para Heleno Bernardino da Silva não é

verdadeiro.

A própria testemunha Heleno Bernardino da Silva (fls. 494/496) relatou que nem mesmo conhece Luiz, irmão de Augustinho.

A testemunha Debora Bernardino da Silva Resende (fls. 491/493) disse o mesmo.

As demais testemunhas, em nenhum momento

informam qualquer participação de Luiz, irmão do candidato

Augustinho de Freitas, na questão, até por que, em verdade, isso

realmente não ocorreu.

Toda a família do candidato reeleito o apoiou

em sua candidatura. Mas o apoio foi dentro da legalidade. Luiz

Freitas é uma pessoa esclarecida, empresário de sucesso. Ele é

conhecido na comunidade de Pedra Preta por ser uma pessoa muito

sensata em suas opiniões e muito correta e honesta em tudo o que

faz. Ele jamais tomaria uma atitude deste gênero, pois nada justifica

que ele assim procedesse.

Além do mais, esclareça-se que Luiz de

Freitas passa grande parte de seu tempo em Cuiabá – MT e em

Rondonópolis – MT, ambos locais onde administra seus negócios.

Sua presença é fundamental na administração de seus negócios.

4.2.2 . No que concerne às pessoas de

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300631

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“Alemão” e “Luizão da Ponte”, estes não participaram da campanha

eleitoral dos investigados. Não foram cabos eleitorais nem dos

investigados e nem dos candidatos a vereador da coligação, e,

jamais, estiveram subordinados aos investigados ou a quem quer

que seja da campanha eleitoral.

A testemunha Heloisa de Godoi Coelho (fls. 406/411) relata que Luizão das Pontes não trabalhou na campanha

de Augustinho e que, inclusive, ele apoiava o candidato a vereador “Tiziu” que pertencia a outra coligação. Ela também

narrou nem mesmo conhecer o vulgo “Alemão”. Tal afirmação traz

ao cenário a possibilidade de Luizão das Pontes ter se passado por

Luiz irmão de Augustinho para confundir as pessoas assediadas,

completando a armação.

A testemunha Heber Vinicius de Oliveira (fls. 411/414) narrou que vulgo “Alemão” da Serra da Petrovina,

da Vila Garça Branca, não participou da campanha de Augustinho e

Marcionilo e nada coordenou. Tanto é que a testemunha nem

mesmo conhece a referida pessoa.

Por sua vez, o artigo 22 da Lei 9.504/97, diz o

seguinte:

Art. 22. É obrigatório para o partido e para os

candidatos abrir conta bancária específica para

registrar todo o movimento financeiro da

campanha.

§ 1º Os bancos são obrigados a acatar o pedido de

abertura de conta de qualquer partido ou

candidato escolhido em convenção, destinada à

movimentação financeira da campanha, sendo-lhes

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300632

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vedado condicioná-la a depósito mínimo.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos casos

de candidatura para Prefeito e Vereador em

Municípios onde não haja agência bancária, bem

como aos casos de candidatura para Vereador em

Municípios com menos de vinte mil eleitores.

§ 3o  O uso de recursos financeiros para

pagamentos de gastos eleitorais que não

provenham da conta específica de que trata o

caput deste artigo implicará a desaprovação da

prestação de contas do partido ou candidato;

comprovado abuso de poder econômico, será cancelado o registro da candidatura ou cassado o diploma, se já houver sido outorgado.

Assim, as provas coligidas nem mesmo

demonstram a ciência/anuência do candidato ou administrador

financeiro à conduta praticada por pessoas estranhas a

coordenação de campanha.

A constatação do nobre Relator, em sede de

segunda instância, no TRE/MT, está calcada em mera suposição, o

que deve ser rechaçado nesta instância superior a fim de preservar

o principio da Segurança Jurídica.

Não houve abuso de poder econômico, pois os

candidatos não aderiam a nenhuma conduta deste gênero, nem

mesmo participaram ou tiveram ciência de conduta perpetrada por

terceiros.

Ainda que por mera hipótese, para fins de

explanação, venhamos a admitir que “Alemão” e “Luizão da Ponte”

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300633

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realmente efetuaram os pagamentos, conforme mencionado pelas

testemunhas, é claro que os investigados não podem ser

responsabilizados pela atuação voluntária de terceiras pessoas

estranhas à campanha, as quais não lhes devem subordinação,

obediência nem prestação de contas, sejam elas opositoras políticas

ferrenhas, sejam elas simpatizantes da candidatura.

5 . A PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas dos candidatos é

verdadeira, correta, honesta e precisa. Tudo o que foi gasto na

campanha eleitoral foi absolutamente contabilizado e apresentado

em Juízo, na forma e prazo estabelecido pela legislação. Não houve

gasto com nada além do que foi efetivamente contabilizado.

Os candidatos, a coligação, os partidos e todos

os que trabalharam nesta campanha eleitoral pugnaram por

praticar somente os atos que estivessem amparados na legalidade,

na juridicidade e na ética. O relatório dos gastos eleitorais é preciso

e claro.

A prestação de contas foi submetida ao crivo

da Justiça Eleitoral sob a fiscalização do Ministério Público

Eleitoral.

O Ministério Público Eleitoral chegou a pedir

esclarecimentos sobre as contas prestadas, o que demonstra que

ele as analisou de maneira profunda e detalhada.

Depois de tudo apresentado e esclarecido,

sem margem de dúvidas para nada, o Ministério Público Eleitoral

ofereceu parecer pela aprovação das contas e a Justiça Eleitoral

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300634

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aprovou as contas sem qualquer ressalva.

Associado a toda prova documental de fls.

127/275, a testemunha Heber Vinicius de Oliveira (fls. 411/414) narrou que foi o administrador financeiro da campanha. Ele esclareceu que todo o gasto com a campanha foi

declarado na prestação de contas que foi aprovada. Que atendeu a

todos os esclarecimentos determinados pelo Poder Judiciário e

Ministério Público, sem nenhum atraso. Que a prestação de contas

foi aprovada sem ressalvas, e que ele observou todos os aspectos

jurídicos necessários para tanto, relativo ao que se exigia, inclusive

quanto aos prazos e transparência. A testemunha confirmou que

todos os cabos eleitorais que trabalharam na campanha foram

devidamente contratados, conforme a lei, inclusive com os tributos

recolhidos conforme demonstra a folha de pagamento. Ela ressaltou

que não houve a atuação de nenhum cabo eleitoral sem que

houvesse contratação.

Este fato também serve de elemento para

amparar o pedido de manutenção da V. Sentença em sua

integralidade.

6 - A CONSTANTE FISCALIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO – MINISTÉRIO PÚBLICO – POLÍCIA FEDERAL

O panorama da disputa eleitoral em Pedra

Preta colabora para se concluir quanto ao descabimento das

alegações propostas na peça de ingresso.

A campanha eleitoral para as Eleições

Municipais de 2008 foi vastamente fiscalizada pelo Ministério

Público Eleitoral e pela Justiça Eleitoral, de maneira incisiva, fora

do gabinete, em campo, tanto pela DD. Promotora, como pela DD.

Juíza, por si e através dos fiscais da Justiça Eleitoral.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300635

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A Exma. Juíza, a DD. Promotora subscritora da

peça de ingresso e a Polícia Federal efetuaram diligências nas ruas

da cidade praticamente todos os dias. Todos os dias havia trabalho

constante dos Fiscais Eleitorais nas ruas de Pedra Preta, munidos

de câmeras fotográficas e filmadoras. A Polícia Federal todos os

dias comparecia perante a comunidade com mandados expedidos

pela Justiça Eleitoral autorizando o ingresso em várias residências

com vistas a apurar denúncias e efetuar diligências de busca e

apreensão. O Ministério Público Eleitoral também se encontrava

todos os dias presente.

Dezenas de determinações e intimações foram

expedidas aos candidatos, ora investigados, para que

apresentassem esclarecimentos sobre a campanha eleitoral,

sobretudo, quanto a propaganda eleitoral.

Tudo o que lhes foi determinado foi em tempo

respondido. E quanto a tudo o que foi apurado, chegou-se ao

arquivamento diante da inexistência de qualquer espécie de ilícito

ou sequer mera irregularidade.

Todo este trabalho e empenho da Justiça

Eleitoral e Ministério Público foi suficiente para concluir que todas

as denúncias diárias (a maioria anônimas) feitas contra a

candidatura de Augustinho e Marcionilo foram falsas, descabidas e

sem respaldo.

É que elas frutificaram através da mente

maligna de oposicionistas inconseqüentes que, desprovidos de todas

as possibilidades de vencer o pleito (alguns sequer providos de

capacidade para disputá-lo) apelaram pela falta de ética e má-fé,

confeccionando denúncias descabidas.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300636

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Exemplo disso é esta, baseada em pedido feito

estranhamente dois meses depois das eleições municipais, por

candidato a vereador de oposição, que nem sequer foi eleito e cujas

contas ainda pendem de apreciação.

Com certeza, se houvesse qualquer indício de

prática de “Caixa Dois”, isto teria sido notado no próprio período

eleitoral de disputa, pois, afinal, centenas de placas e milhares de

adesivos foram confeccionados. Dentro deste universo, apenas 04 pessoas alegam terem recebido alguma coisa em troca da

propaganda eleitoral. E das quatro, nenhuma alega ter recebido

benefício indevido diretamente do próprio candidato ou de alguém a

ele ligado.

Com todo o respeito, a defesa não verifica

nenhuma possibilidade dos Recorrentes terem aderido à conduta

exposta na peça inicial e, por conseguinte, não há nenhum elemento

(nada mesmo) que justifique o acolhimento do pleito formulado pelo

Ministério Público nas Razões Recursais.

7 . A INEXISTÊNCIA DA POTENCIALIDADE LESIVA E A NECESSIDADE DA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Não há como não discutir quanto a

inexistência da potencialidade lesiva dos fatos tratados na peça de

ingresso, no tocante ao comprometimento do resultado das eleições.

O Acórdão atacado feriu de morte o Princípio da Proporcionalidade,

uma vez que não ficou cabalmente demonstrado em momento

algum que os atos denunciados poderiam interferir no resultado das

eleições.

O resultado das eleições foi o seguinte,

conforme se depreende do site do TSE:

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300637

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Eleições Municipais de 2008 – 1º Turno

Resultado Geral – Do Município

Município: PEDRA PRETA

Cargo: Prefeito

Situação: Eleito

22 – Prefeito

AUGUSTO FREITAS FREITAS MARTINS

PR

ELEITO: 4.300 votos

11

EDVALDO PORTO

PP

NÃO ELEITO: 974

14

ROMILDO SANDRO PIRES DO NASCIMENTO

PTB

NÃO ELEITO: 384

Configura-se a ausência absoluta de

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300638

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potencialidade lesiva do fato no pleito, sendo prudente aplicar ao

caso os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, em relação

ao valor declarado e a potencialidade lesiva.

Conforme dito, o valor supostamente

despendido em pagamento (R$ 1.050,00) é irrisório em relação ao

declarado pela prestação de contas aprovada sem contestação.

Também ficou claro a inexistência de vínculo

dos supostos valores pagos com o voto dos eleitores.

Na verdade, o que se verifica é que os

declarantes, por si mesmo narraram, ou que já eram adeptos da candidatura de Augustinho e Marcionilo ou que não

trabalharam para nenhum candidato.

Debora Bernardino da Silva (fls. 38) disse:

“Que apoiou o candidato Augustinho na campanha eleitoral e

inclusive pregou um adesivo na janela de sua casa. Que fez isso

porque já apoiava o Augustinho...” A testemunha (fls. 491/493) relatou que independentemente da atitude de Alemão ela já ia votar

para o Augustinho por simpatizar com a candidatura dele.

Aldenira Lessa de Souza (fls. 69) disse:

“Afirma que isso não lhe influenciou a apoiar e votar no

AUGUSTINHO, pois desde a eleição passada que apoiou a

candidatura dele.” A testemunha (fls. 399/406) relata que já era

eleitora de Augustinho, que já era a segunda eleição que votava

nele.

A testemunha Anderson da Cruz Nunes (fls. 389/399) relata que não deixou a placa de propaganda, que a

arrancou. Que não aceitou a proposta feita por Luizão, portanto,

não apoiou a candidatura dos investigados.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300639

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A testemunha Heleno Bernardino da Silva (fls. 494/496) relatou que já era eleitor de Augustinho, que votou

nele e que colocou a placa dele na sua residência de livre e

espontânea vontade.

A testemunha Saulo Alves da Silva (fls. 506/509) disse que não trabalhou para nenhum candidato e que,

quanto a propaganda eleitoral mencionada, arrancou-a.

Não há uma interligação entre os fatos e o

resultado do pleito, não havendo também nenhuma demonstração

de influencia de um sobre o outro. Eis outro motivo pelo qual, a

manutenção da sentença é de rigor.

8 - A POSSIBILIDADE DE GASTOS LIVRES NÃO CONTABILIZADOS – tese subsidiária da defesa, considerando que nas Eleições de 2008, o artigo 37, da Lei 9.504/97 ainda não possuía o parágrafo 8º

Ainda que venhamos a admitir (apenas

hipoteticamente) que as pessoas de Alemão e Luizão efetuaram

qualquer pagamento para as pessoas que assim declararam, eles o

fizeram por sua própria conta, sem qualquer intervenção ou

conhecimento dos investigados, dos partidos, da coligação ou do

comitê financeiro da campanha.

Cada um é guiado por seu livre arbítrio e,

segundo nosso ordenamento jurídico, ninguém pode ser penalizado

por ato de terceira pessoa que tenha agido motivada simplesmente

por sua própria vontade.

A Testemunha Anderson da Cruz Nunes (fls. 389/399) relata que quem teria lhe oferecido dinheiro (R$ 100,00)

seria Luizão da Ponte.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300640

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A testemunha Aldenira Lessa de Souza (fls. 399/406) relata que teria recebido R$ 250,00 da pessoa conhecida

como “Alemão”. Mas que depois devolveu o dinheiro a ele, através

de seu filho.

A testemunha Debora Bernardino da Silva Resende (fls. 491/493) relatou que teria recebido R$ 150,00 de

Alemão. Que não tem conhecimento dele trabalhar na candidatura

de Augustinho.

A testemunha Heleno Bernardino da Silva (fls. 494/496) relatou que Alemão, apesar de ter lhe dado R$

300,00, nada lhe pediu, nem apoio e nem voto. A testemunha disse

nem mesmo conhecer Luiz, irmão de Augustinho. E que o dinheiro

que recebeu de Alemão foi uma ajuda, pois Alemão sabia de seus

problemas de saúde e desemprego.

A testemunha Heloisa de Godoi Coelho (fls. 406/411) relata que Luizão das Pontes não trabalhou na campanha

de Augustinho e que, inclusive, ele apoiava o candidato a vereador

“Tiziu” que pertencia a outra coligação. Ela também narrou nem

mesmo conhecer o vulgo “Alemão”.

A testemunha Heber Vinicius de Oliveira (fls. 411/414) narrou que vulgo “Alemão” da Serra da Petrovina,

da Vila Garça Branca, não participou da campanha de Augustinho e

Marcionilo e nada coordenou. Tanto é que a testemunha nem

mesmo conhece a referida pessoa.

Neste caso, a hipotética atitude de Alemão e

de Luizão enquadraria perfeitamente na regra insculpida no artigo

27 da lei 9.504/97 e no artigo 24 da Resolução 22.715/2008 do TSE,

que assim reza:

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300641

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Art. 24 - Com a finalidade de apoiar candidato de sua preferência, qualquer eleitor poderá realizar gastos totais até o valor de R$1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos), não sujeitos à contabilização, desde que não reembolsados (Lei nº 9.504/97, art. 27).

Eis o que diz o Manual – “Arrecadação,

Aplicação de Recursos e prestação de Contas” formulado pelo TER-

ES (http://www.tre-pb.jus.br/eleicoes/2008/pdfs/man_arr.pdf),

quanto ao caso vertente:

Gastos efetuados por eleitor em apoio à candidaturaRes. 22.715/08, art.24

Qualquer eleitor poderá realizar gastos em apoio a

candidato de sua preferência, até o limite de R$

1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez

centavos), não sujeitos à contabilização, desde que

não reembolsados.

Para ser assim considerado, os bens ou serviços

resultantes do gasto não podem ser entregues ao

candidato, caso contrário, fica o mesmo obrigado

ao registro da doação e à emissão do

correspondente recibo eleitoral.

Os gastos estimáveis em dinheiro de que trata o

artigo 24 da Res. 22.715/08 não são informados na

prestação de contas do candidato, portanto, não

estão sujeitos aos limites de doação.

Vejam bem: para que um determinado gasto,

realizado por eleitor com a finalidade de apoiar

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300642

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candidato de sua preferência, seja enquadrado no

artigo 24 é necessário que estejam presentes os

seguintes requisitos:

1º) Não ultrapasse o valor de R$1.064,10;

2º) Seja feito diretamente pelo eleitor;

3º) Não haja entrega de cheque ou outro título de

crédito, bens ou serviços ao candidato;

4º) Não haja reembolso.

Caso contrário, o gasto deverá ser informado na

prestação de contas do candidato.

Joel J. Cândido, in “Direito Eleitoral

Brasileiro”, 11ª Edição, Edipro, p. 426/427, sobre o tema, ressalta o

seguinte:

“Aqui a pessoa não dá dinheiro ao candidato, mas gasta recursos, pessoalmente, de qualquer forma, auxiliando a candidatura. ... O elemento subjetivo da despesa deverá ser a espontaneidade movida pela preferência, mesmo que não ideológica, pelo candidato.”

Ainda que se critique esse ponto da legislação,

o fato é que o permissivo legal existe e tal tipo de atitude ocorre à

revelia do próprio candidato, já que ele não toma conhecimento do

gasto, tendo em vista que não há, nesta modalidade, a entrega do

valor a ele, pois o gasto é feito diretamente pelo eleitor.

O candidato e o administrador financeiro

campanha não teve ciência ou anuiu ao suposto ato e as pessoas

supostamente responsáveis não faziam parte sequer da

coordenação de campanha, destarte, seria possível que fizessem

gastos pessoais, já que não houve reembolso até o valor esculpido

no art. 27, da Lei 9.504/97

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300643

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A testemunha Heber Vinicius de Oliveira (fls. 411/414) narrou que não havia nenhum controle sobre a

doação direta pelo eleitor, relativo aos gastos totais até o valor de

R$1.064,10 (mil e sessenta e quatro reais e dez centavos), não

sujeitos à contabilização, desde que não reembolsados.

Não há como punir os investigados diante da

total ausência de vínculo das pessoas citadas com a coordenação de

campanha. Tratando-se de meros simpatizantes, eles podem fazer

gastos sem que o candidato saiba, já que não foram reembolsados.

Sob a afirmação expressa de que os

investigados desconhecem este tipo de atividade de Luizão e

Alemão, no que concerne a sua própria candidatura nas Eleições

Municipais de 2008, podemos concluir, portanto, que se

“hipoteticamente” Alemão ou Luizão despenderam algum gasto por

sua própria conta, este deve ser entendido como gasto a apoio de

candidatura de sua preferência, não reembolsável. Assim, não há o

que se discutir quanto a prestação de contas apresentada pelos

candidatos.

Paralelo a isso, convém esclarecer que ainda

que Alemão e Luizão apoiassem a candidatura dos investigados, por

ideologia ou não, o fato é que Alemão apoiava expressamente a

candidatura de Fábio Trindade, vereador eleito pela Coligação cujo

candidato a prefeito foi Edvaldo Porto e que Luizão apoiava a

candidatura de Valdir Amaral, vulgo “Tiziu”, candidato a vereador

pelo PMDB, cujo candidato a majoritária foi Dr. Nelson.

Tais fatos demonstram que estas pessoas não

compuseram com qualquer vínculo a coligação dos defendentes,

não agindo sob a condição de prepostos ou empregados da

Coligação que sagrou-se vencedora daquele pleito eleitoral,

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300644

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evidenciando-se assim a atitude pessoal e individual de cada um na

campanha eleitoral.

Portanto, afirmar que os investigados, pelos

fatos narrados, praticaram “caixa dois” é muito arriscado e injusto,

diante deste contexto frágil de provas e em virtude desta situação.

9 – GRAVAÇÃO AMBIENTE E GRAVAÇÃO DIRETA

A gravação rebatida e classificada como prova

ilícita pela defesa não se trata de gravação ambiental como Vossa

Excelência concluiu no voto prolatado, e, que, se fosse desta forma

haveria amparo jurisprudencial desta Corte Regional e do Tribunal

Superior Eleitoral. Do contrário, quando a gravação é direta com as

pessoas envolvidas não se enquadra em gravação ambiental.

Ademais, a única maneira lícita de usar

gravações como prova se dá quando é para defesa própria e não por

utilização de terceiros.

As gravações juntadas no processo explicitam

que Ednaldo Tavares, vulgo “Lagoa”, de maneira premeditada,

procurou, objetivamente, e, separadamente, cada uma das

testemunhas que foram gravadas e iniciou diálogo com cada uma

delas.

A produção da gravação foi feita pelo Ednaldo

e transferida para um CD. O uso por parte do candidato derrotado

Ednaldo Tavares (Logoa) promovendo a ação é uma prova

ILEGÍTIMA e ILÍCITA.

A prova ilegítima, espécie de prova ilegal, é

aquela produzida em confronto a uma norma infraconstitucional.

Estas normas infraconstitucionais são, especificamente, as normas

processuais. O Código de Processo Civil em seu artigo 383 afirma

que:

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300645

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“Qualquer reprodução mecânica, como fotográfica, cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade.”

Sob a interpretação do artigo supra, nenhuma

reprodução mecânica SEM A AUTORIZAÇÃO daquele que terá a

prova contra si tem validade jurídica, pois acarretará uma lesão ao

direito processual. Portanto, esta prova é tida como ilegítima;

sobretudo, deve-se levar em consideração, de forma extraordinária,

que a infração ao disposto no artigo 383, do Código de Processo

Civil, não se trata somente de um direito processual, mas também

de um direito constitucional, qual seja, o direito individual.

Este direito individual, dito constitucional,

pode ser caracterizado por lesão ao direito à intimidade, à imagem,

à honra, à vida pessoal. No presente caso, houve gravação de uma

conversa forjada, preparada, de forma ilegítima, e, que, acima de

tudo, atinge o direito que as pessoas têm de possuir sua intimidade

preservada. A ruptura ao direito individual fere o consagrado no

artigo 5º, da Constituição Federal, o consagrado artigo dos “direitos

e garantias fundamentais”.

Com base na infração ao direito processual, o

qual acarreta a infração ao direito constitucional, a prova deixa de

ser ilegítima e passa a ser ilícita. A Constituição Federal, no seu

artigo 5º, inciso LVI, afirma que “são inadmissíveis, no processo, as

provas obtidas por meios ilícitos.”

Prova ilícita vem ser aquela que afronta um

princípio ou um direito constitucional. Qualquer meio de prova que

seja produzida de forma contrária à Carta Magna não poderá ser

utilizada na instrução processual. Corroborando com o dispositivo

constitucional - artigo 5º inciso LVI - por exemplo, a Lei nº 11.690,

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300646

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de 9 de junho de 2008, atribuiu nova redação ao artigo 157, do

Código de Processo Penal, “in verbis”:

“Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.

§1º - São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.

§2º - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.

§ 3º - Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.”

Portanto, a prova que embasa a

Representação Eleitoral em tela é ilegítima no tocante aos quesitos

processuais, e, também, ilícita por ferir princípios fundamentais

insculpidos na Constituição da República, devendo ser admitida

rechaçada por Vossa Excelência.

A prova condizente é aquela que surge

naturalmente. Contudo, Ednaldo Tavares, o Lagoa, candidato

derrotado, foi até as pessoas individualmente, e, a manipulação e

domínio da conversa é toda do mesmo que preparou toda a

articulação, tentando, por muitas vezes, colocar as palavras na boca

das pessoas.

Rua Chofi, 63 – Bairro Santa Rosa – Cuiabá/MT – fone/fax: 65 3626 300647

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Desse modo, pelo fato de que a prova da

gravação não fora produzida por quem a está usando neste

processo como defesa própria, não resta dúvida, Excelência, que

pelos motivos acima explicitados o Acórdão em tela deve ser

reformado.

CONCLUSÃO

Portanto, nobre Relator, o reparo

hermenêutico no tocante à interpretação da norma eleitoral

vigente, bem como da Constituição da República é de urgência no

presente caso, pois o Acórdão 20167 emanado do Pleno do Tribunal

Regional Eleitoral de Mato Grosso cassou os diplomas dos

recorrentes AUGUSTINHO FREITAS MARTINS E MARCIONILO CORTE SOUZA.

Invoca-se, a soberania dos princípios

elencados na Carta da República a fim de garantir a segurança

jurídica. O julgamento do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral de

Mato Grosso tem que ser reparado a fim de consagrar os princípios

constitucionais da ampla defesa e do contraditório, da presunção de

inocência.

Com essas considerações requer-se o conhecimento do presente

Recurso Especial, pugnando pelo seu provimento a fim de reformar

o 20167 emanado do Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Mato

Grosso no Recurso Eleitoral Nº 1533/2009 – CLASSE RE –

NUMERAÇÃO ÚNICA 812479.2008.6.11.0039, declarando incólume

a sentença prolatada na instância eleitoral de piso.

Nestes termos,

Espera-se JUSTIÇA.

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JOSÉ LUÍS BLASZAK JOÃO FAUSTINO NETOAdvogado Advogado

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Cuiabá, 10 de fevereiro de 2011.

JOÃO FAUSTINO NETO OAB/MT 10.364-A OAB/SP 171.107

JOSÉ LUÍS BLASZAK OAB/MT 10.778-B

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JOSÉ LUÍS BLASZAK JOÃO FAUSTINO NETOAdvogado Advogado

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JOSÉ LUÍS BLASZAK JOÃO FAUSTINO NETOAdvogado Advogado

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