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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICAS E GESTÃO INSTITUCIONAL
REENGENHARIA DE PROCESSOS: os casos da Tintas Renner S.A. e
do Grupo Gerdau
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO; POLÍTICAS E GESTÃO INSTITUCIONAL
REENGENHARIA DE PROCESSOS: os casos da Tintas Renner S.A. e do Grupo Gerdau
ANDRE ANDRADE LONGARAY
Florianópolis, agosto de 1997
REENGENHARIA DE PROCESSOS: os casos da Tintas Renner S.A. e do Grupo Gerdau
ANDRE ANDRADE LONGARAY
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Administração (Área de Concentração Políticas e Gestão Institucional), e aprovada pelo Curso de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina.
C J L ^ / irc nÇrof. Dr. NelsoivColossi Doordenador do CPGA
Submetida junto à Comissão Examinadora integrada pelos professores:
UÁ ÍUAíAProfa. Use Maria Beuren, Dra.
Presidente
PÍ-of. Nelson Cmossi, Dr.
“Não é sábio querer mudar o vento, mas
simplesmente compreendê-lo, aceitá-lo e
ver o que de melhor é possível fazer em
cada situação”.
Roberto Shinyahiki
AGRADECIMENTOS
Gostaria de registrar nestas páginas a gratidão e o apreço a todas as pessoas
que, ao longo desta jornada, contribuíram, de alguma forma, para que esse momento pudesse
ser alcançado:
• A Deus por estar sempre comigo, e ter me concedido o privilégio de uma vida cheia de
alegrias.
• À minha família, pelo eterno apoio e carinho dados a mim.
• À Angela, por compreender minhas aspirações, e sempre levar motivação ao meu trabalho.
• Ao Grupo Gerdau, representado pelo seu Gerente de Informática, Sr. André Johannpeter,
pela oportunidade de realizar este estudo naquela empresa.
• Ao Sr. Tarcísio Beuren, por ter criado os canais de comunicação que viabilizassem a
realização do estudo no Grupo Gerdau.
• À Tintas Renner S.A., representada pelo Sr. Luciano Sfoggia, pela oportunidade de realizar
este estudo na companhia.
• Ao Sr. Eduardo Diebal, Gerente de Suprimentos e da Qualidade, por permitir o estudo do
processo de abastecimento da Unidade de Negócios Geral Sul da Tintas Renner S.A.
• Ao Sr. Paulo Ricardo Bajeston, Planejador de materiais da Tintas Renner S.A., pelas
importantes contribuições dadas a este trabalho.
• À professora Use Maria Beuren, pela valiosa orientação, dedicação e atenção dispensadas,
além da amizade, demonstrada através dos conselhos, apoio e motivação que sempre recebi.
• Ao professor Nelson Colossi, coordenador do CPGA, sempre disposto a ajudar-nos.
• Ao professor Francisco José Kliemann Neto, do Curso de Pós-Graduação em Engenharia
da Produção da UFRGS, por aceitar o convite para fazer parte da Comissão Examinadora
desta dissertação.
• Aos professores do CPGA, pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso.
• Aos colegas do curso, pelo companheirismo e troca constante de informações.
• Ao amigo Aristón Azevedo Mendes, por sua solidariedade e importantes sugestões.
• À CAPES, pelo apoio financeiro.
SUMARIO
AGRADECIMENTOS _______________________________________________ IV
SUMÁRIO______________________________________________________________ VI
LISTA DE QUADROS____________________________________________________ IX
ABSTRACT_____________________________________________________________ X
RESUMO______________________________________________________________ XII
1 INTRODUÇÃO_________________________________________________________01
1.1 Tema e problema de pesquisa_________________________________________ 01
1.2 Objetivos da pesquisa________________________________________________ 04
1.3 Justificativa teórica e prática__________________________________________05
1.4 Estrutura do trabalho________________________________________________ 06
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA____________________________________________ 08
2.1 A reengenharia no contexto da teoria organizacional______________________08
2.2 A abordagem da reengenharia_________________________________________23
2.2.1 Evolução do conceito de reengenharia_____________________________ 23
2.2.2 As bases da reengenharia________________________________________31
2.2.2.1 Recursos humanos_______________________________________ 31
2.2.2.2 Processos_______________________________________________ 36
2.2.2.3 Tecnologia da informação_________________________________ 48
3 METODOLOGIA_______________________________________________________ 59
3.1 Especifícação do problema____________________________________________ 59
3.1.1 Perguntas de pesquisa___________________________________________60
3.1.2 Defínição constitutiva de termos e variáveis________________________ 60
3.1.3 Defínição operacional de termos e variáveis________________________ 63
3.2 Delineamento da pesquisa____________________________________________ 65
3.3 População e amostra_________________________________________________ 68
3.4 Dados_____________________________________________________________ 69
VII
3.4.1 Tipos de dados________________________________________________ 69
3.4.2 Instrumentos de pesquisa________________________________________70
3.4.3 Coleta de dados _____________________________________________71
3.4.4 Tratamento dos dados__________________________________________ 72
3.5 Limitações da pesquisa _________________________________________ 72
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS CASOS___________________________________ 74
4.1 Descrição e análise do caso da Tintas Renner S.A.________________________ 74
4.1.1 Apresentação da empresa________________________________________74
4.1.2 O programa de reengenharia na Tintas Renner S.A._________________ 76
4.1.2.1 Objetivo e metas da reengenharia na Tintas Renner S.A._______78
4.1.2.2 Etapas da implantação da reengenharia na Tintas Renner S.A. 79
4.1.2.3 O processo piloîo de abastecimento da Ü.N. Geral Sul_________ 82
4.1.3 Recursos humanos_____________________________________________ 83
4.1.4 Processos_____________________________________________________ 85
4.1.5 Tecnologia da informação_______________________________________ 91
4.2 Descrição e análise do caso do Grupo Gerdau____________________________ 94
4.2.1 Apresentação da empresa________________________________________94
4.2.2 O programa de reengenharia no Grupo Gerdau_____________________96
4.2.2.1 Objetivo e metas da reengenharia no Grupo Gerdau__________ 98
4.2.2.2 Etapas da implantação da reengenharia no Grupo Gerdau_____ 99
4.2.2.3 A reengenharia na área comercial do Grupo Gerdau_________ 101
4.2.3 Recursos humanos____________________________________________ 102
4.2.4 Processos____________________________________________________ 104
4.2.5 Tecnologia da informação______________________________________ 109
4.3 Análise combinada dos casos apresentados_____________________________ 113
4.3.1 Programa de reengenharia______________________________________113
4.3.2 Recursos humanos_____________________________________________117
4.3.3 Processos____________________________________________________ 119
4.3.4 Tecnologia da informação___________________________________ 121
vm
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES__________________________________ 124
5.1 Conclusões_______________________________________________________ 124
5.2 Recomendações___________________________________________________ 129
BIBLIOGRAFIA________________________________________________________ 131
ANEXOS_______________________________________________________________ 140
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Evolução dos Modelos de Mudança Organizacional________________ 22
QUADRO 2 - Etapas de implantação da reengenharia na Tintas Renner S.A.______ 81
QUADRO 3 - Etapas de implantação da reengenharia no Grupo Gerdau_________ 101
QUADRO 4 - Procedimentos adotados na implantação da reengenharia__________116
QUADRO 5 - Modificações nos recursos humanos provocadas pela reengenharia__119
QUADRO 6 - Características dos processos reengenheirados___________________ 121
QUADRO 7 - Características da tecnologia da informação nos casos estudados____123
ABSTRACT
The reengineering is a technique of management that postulate a new kind of
performance for organizational job, through the creation of interfiinctional teams, the redesign
process task of the enterprise and the alignment information technology to process vision.
In this context, the initial proposal of this work objectived a search of subsidy
that proportionate an identification of the changes provoked by the improvement of the
reengineering program in human resources, process and information technology the
organizations.
The design that caracterizes this research is explorer type, having manycases
study as its method. The perspective is transversal, don’t have experimental character and uses
a qualitative methodological approach. The analysis level is organizational and the unit
researched corresponds to determined segment of the productive process.
The population was formed by integrants of the supply process and fi'om
production and sales areas of the Unidade de Negócios Geral Sul an Tintas Renner S.A.,
localized in Gravatai - RS, and by people fi’om comercial, financial and the sistems areas of the
head office the Grupo Gerdau, in Porto Alegre - RS. The kind of sampling was intentional.
The data were collected through the semi-structured interviews and documental
survey. Three diferents routes of interview was utilized, having varied his application, in
conformity with the level of the individual participation on the reengineering program.
The treatment of the data was conducted descriptively and interpretatively. For
the valuation of the data collected through semi-structured interviews, was used the analysis of
the content and about secondary data, the documental analysis.
Through the analysis together of the cases was observed that the proceeding
used in both of enterprise for to implement the reengineering program presents likeness in the
number of stages the project, actions executed in this, beyond the similarity of the bibliography
that served of the references to two companies.
About reengineering bases, was inquired an existence of some equity in the
alterations happened in humans resources, process and information technology in both
companies. It was verified the functions enpowerment given for the people’s autonomy level,
for a great participation of theirs in the decisions and for the responsabilities increases of them.
The interiunctional teams creation provided a different departament people meeting in the
same process team. This meeting made that the process activities was aditioned. In Tintas
Renner S. A. this meeting happened through the process of supply team and in Grupo Gerdau
through the Comercial area process business cell. The information technology promoted the
company information systems agreement the new process.
By theses evidences, the conclusion is that the changes made reengineering
implementation in human resources, process and information technology favoured in this cases
of the Tintas Reimer S.A. and Grupo Gerdau interflinction teams stablishment compound of
great autonomy peoples and flexibility in the realization of his job, that is process oriented.
XI
RESUMO
A reengenharia é uma técnica de gestão empresarial que postula uma nova
forma de realização do trabalho organizacional, através do estabelecimento de equipes
multidimensionais, do reagrupamento das tarefas dos processos da empresa e do alinhamento
da tecnologia da informação à visão processual.
Dentro deste contexto, a proposta inicial do presente trabalho objetivou a busca
de subsídios, que proporcionassem a identificação das alterações provocadas pela
implementação de um programa de reengenharia nos recursos humanos, processos e tecnologia
da informação das organizações.
O design que caracteriza a presente pesquisa é do tipo exploratório, tendo
como método o estudo de multicasos. A perspectiva é transversal, com caráter não
experimental e uma abordagem metodológica qualitativa. O nível de análise é organizacional e
a unidade pesquisada corresponde a um determinado segmento do processo produtivo.
A população foi composta por integrantes do processo de abastecimento e das
áreas de produção e vendas da Unidade de Negócios Geral Sul da Tintas Renner S.A.,
localizada na cidade de Gravataí - RS, e por pessoas das áreas comercial, financeira e de
sistemas do head office do Grupo Gerdau, em Porto Alegre. O tipo de amostragem foi
intencional.
Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e
levantamento documental. Utilizou-se três diferentes roteiros de entrevista, variando sua
aplicação, de acordo com o nível de participação do indivíduo no programa de reengenharia.
xni
o tratamento dos dados fez-se de forma descritiva e interpretativa. Para a
avaliação dos dados coletados mediante entrevistas semi-estruturadas foi utilizada a análise de
conteúdo, e dos dados secundários a análise documental.
Observou-se, através da análise combinada dos casos, que os procedimentos
utilizados pelas duas empresas para a implementação do programa de reengenharia
apresentaram semelhanças quanto ao número de etapas do projeto, ações executadas ao longo
das etapas, além da similaridade da literatura que serviu de referencial para essas empresas.
Quanto às bases da reengenharia, averiguou-se a existência de certa eqüidade
nas alterações ocorridas nos recursos humanos, processos e tecnologia da informação de
ambas as empresas. Foi verificado o enriquecimento dos cargos, proporcionado pela maior
autonomia dada às pessoas, maior participação dessas nas decisões e aumento das
responsabilidades que a elas compete. A criação das equipes interftincionais propiciou a
reunião de pessoas de diferentes departamentos em uma mesma equipe de processo. Essa
interação fez com que as atividades dos processos fossem agregadas. Na Tintas Renner S.A.
esse agrupamento se deu através da equipe do processo de abastecimento, e no Grupo Gerdau
por meio da célula de negócio do processo da área comercial. Coube à tecnologia da
informação, promover o ajuste dos sistemas de informação das empresas aos novos processos.
Mediante essas constatações, concluiu-se que, as alterações provocadas pela
implementação da reengenharia nos recursos humanos, processos e tecnologia da informação,
favoreceram, de certa forma, tanto na Tintas Renner S.A. quanto no Grupo Gerdau, o
estabelecimento de equipes interfiincionais, compostas de pessoas com uma maior autonomia e
flexibilidade na realização de seu trabalho, que por sua vez, é orientado para os processos.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema e problema de pesquisa
Atualmente, as empresas se defrontam com expectativas e busca da excelência
que transcende a capacidade da prática empresarial atual. Sobreviver significa criar novos
modelos. Essa mudança de paradigma não é menos drástica do que aquela ocorrida durante o
Renascimento, nos séculos XV e XVIV Esse movimento estabeleceu pré-condições para a
industrialização e subseqüentemente a necessidade de um corpo de conhecimentos racional,
formalizado e sistemático sobre como administrar. Também criou novas condições sociais,
econômicas e políticas, as quais amadureceram para avanços na ciência e tecnologia^.
Com o advento da Revolução Industrial, no final do século XVIII, a sociedade
passou por uma grande transição. A substituição da produção artesanal pela manufatura fez
com que novas e complexas máquinas fossem introduzidas desencadeando uma crescente
evolução tecnológica. Contudo, o desenvolvimento coordenado de todos esses elementos
ocorreu somente no início do século XX, com as obras de Frederick Winslow Taylor, Henri
Fayol e seus seguidores^.
A partir da difusão das idéias da Escola de Administração Científica, a
sistematização de novas tecnologias encontrou a sua fase de maior desenvolvimento, que se
prolonga até nossos dias.
'CROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L., FEATHER, John J. A arte da reengenbaria; o renascimento da corporação. Rio de Janeiro: Jorge 2 ahar, 1995, p. 17.^WREN, Daniel A. The evolution of management thought. New York: John Wiley & Sons, 1979, p.40. Idem, ibidem, p. 119-157.
Sob essa perspectiva, a sociedade do século XX vem sofrendo proíimdas
transformações devido aos avanços tecnológicos que a ela se apresentam'*. Tais mudanças
fazem com que alterações organizacionais se tomem necessárias para flexibilizar e adaptar as
empresas confrontadas por um ambiente instável. De acordo com Shiozawa^, “essas
modificações ambientais exigem o redesenho das organizações e a abordagem da reengenharia
aparece como orientadora da reestruturação”.
Nesse contexto, a reengenharia, conforme tem sido descrita pela literatura
especializada, pode ser definida como uma nova forma de execução do trabalho
organizacional, orientada pelo redesenho dos fluxos de atividades da empresa, e que possui
como principal objetivo o aumento significativo dos resultados operacionais, proporcionado
pela melhor performance dos processos organizacionais.
Essa técnica de gestão empresarial encontra-se apoiada em três pressupostos
básicos, denominados habilitadores ou bases da reengenharia. Esses, a partir da implementação
da nova abordagem, têm seus critérios de desempenho redirecionados. São eles, os recursos
humanos, os processos e a tecnologia da informação.
No que tange aos recursos humanos, esses tendem a mudar sua forma de
trabalho com a adoção do programa de reengenharia. Hammer® observa que, a orientação para
os processos substitui o “trabalho tradicional”, fazendo surgir em seu lugar, um “trabalho
amplo”, que precisa ser executado por indivíduos com maior autonomia, participação e
responsabilidade no âmbito desses processos.
''MASUDA, Y. The information society. Bethesda, World Future Society, 1980 e TOFLER, Alvin. The Third Wave. NY: Morrow, 1980 apud GUSMÃO, Antonio Carlos. Reengenharia: Fator decisivo para o desenvolvimento da indústria brasileira na década de 90. Anais do XIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP. João Pessoa: Ed. Universitária, v.2, 1994, p.543-548.^SHIOZAWA, Ruy S. Qualidade no atendimento e tecnologia da informação. São Paulo: Atlas, 1993, p.54. ^HAMMER, Michael. Além da reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p.29-30, 41.
Os processos de uma organização podem ser entendidos como os fluxos de
atividades da empresa, que se encontram distribuídos pelos diversos departamentos dessa. Em
uma organização com estrutura eminentemente departamental, esses processos têm suas
tarefas dissipadas, tendo em vista que as mesmas são agrupadas por função. Essa estrutura,
porém, oblitera a seqüência ideal com que as atividades deveriam ser executadas.
Já no que se relaciona aos processos reengenheirados, os mesmos são descritos
por Hammer’ como um grupo de atividades interrelacionadas que, ordenadas dentro de uma
seqüência, e agrupadas onde há maior lógica de execução, propiciam resultados como, a
otimização de recursos, menor trâmite de documentos e matérias-primas, maior rapidez no
atendimento dos pedidos, e, conseqüentemente, a redução dos custos operacionais.
Quanto á tecnologia da informação, Davenport* entende que, ela atua como um
elemento facilitador dentro do redesenho dos processos de uma empresa. Hammer e Champy^
corroboram essa idéia, ao argumentarem que, a reengenharia propõe a modificação das
características da T.I. a fim de que a mesma proporcione a integração das atividades dos
processos.
A suposta modificação desses pressupostos é reforçada por Chiavenato'”.
Segundo ele, “qualquer que seja a amplitude da intervenção e mudança, quase sempre a
reengenharia provoca um novo direcionamento das características organizacionais”.
^HAMMER, Michael. Além da reengenharia. Op. cit., p.4-5, 17-23.^DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos: como inovar na empresa através da tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Campus, 1994, p.43.^HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Rio de Janeiro: Campus, 1994, p.67-68.’°CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia: um guia para reinventar e humanizar a sua empresa com a ajuda das pessoas. São Paulo: Makron Books, 1995, p.29.
Visando averiguar estas modificações em urna realidade concreta, o presente
trabalho será baseado no seguinte problema:
‘‘De que forma a implantação de um programa de reengenharia alterou a
forma de trabalhar, a configuração dos processos e a utilização da
tecnologia da informação na Tintas Renner S.A. e no Grupo Gerdau?”
1.2 Objetivos da pesquisa
o objetivo geral deste estudo consiste na análise das possíveis alterações
causadas pela adoção de um programa de reengenharia nos recursos humanos, processos e
tecnologia da informação das organizações pesquisadas.
Em um plano mais detalhado, pretende-se alcançar os seguintes objetivos
específicos:
a) identificar quais procedimentos foram adotados pelas empresas na
implantação da reengenharia;/
b) verificar se ocorreram mudanças no modo das pessoas realizarem suas
tarefas, a partir do estabelecimento do programa de reengenharia;
c) averiguar se a implementação da reengenharia propiciou maior autonomia,
participação nas decisões, bem como, um incremento das responsabilidades
para as pessoas componentes das equipes de processos;
d) constatar se houve alterações na estrutura organizacional e no critério de
agrupamento das tarefas, das empresas reengenheiradas;
e) identificar a maneira pela qual a tecnologia da informação caracteriza-se
como agente capacitador da reengenharia.
1.3 Justificativa teórica e prática
A presente pesquisa possui relevância teórica ao procurar contribuir para o
entendimento das principais mudanças auferidas pelas organizações com a implementação de
um programa de reengenharia.
As investigações a respeito de novos modelos de gestão organizacional nas
empresas são, de certa forma, amplamente empregadas e divulgadas. Contudo, a verificação
das alterações provocadas pelo programa de reengenharia, especificamente, nos recursos
humanos, processos e tecnologia da informação das empresas, ainda é pouco explorada. O
conhecimento das transformações organizacionais acarretadas pela reengenharia reveste-se de
grande importância, de forma que, as implicações dessa abordagem no trabalho, na estrutura e
na T.I. das empresas, merecem ser melhor estudadas.
Sob essa perspectiva, o presente trabalho pretende contribuir para o
aperfeiçoamento da área de administração ao enfatizar a técnica de gestão empresarial da
reengenharia, através de um estudo exploratório. A partir desse, procura evidenciar as
modificações organizacionais decorrentes da aplicação do programa.
Em termos práticos, espera-se que esta pesquisa possa oferecer subsídios para a
atuação dos dirigentes das organizações estudadas, bem como de outras empresas, no
momento da definição e implantação de um programa de reengenharia. Nesse sentido, toma-se
salutar fornecer maiores informações a respeito das alterações provocadas na organização por
este tipo de abordagem, uma vez que se acredita que, do seu entendimento depende o êxito no
estabelecimento da reengenharia.
1.4 Estrutura do trabalho
Levando em conta o problema de pesquisa do trabalho e os objetivos citados, o
estudo foi dividido em capítulos.
No primeiro capítulo, apresentou-se um entendimento geral da relevância da
proposta do presente estudo, ao pretender verificar as modificações nos recursos humanos,
processos e tecnologia da informação, causadas pela reengenharia. Além disso, definiu-se o
problema de pesquisa a ser investigado, os objetivos a serem alcançados e a justificativa teórica
e prática deste trabalho.
O segundo capitulo contém a revisão bibliográfica que serve de fundamento
para o estudo, procurando enfatizar experiências de diversos autores que tenham realizado
pesquisas sobre o tema. É apresentada a evolução histórica da Teoria Administrativa, desde
seus precursores até os teóricos da reengenharia. Também é feita a contextualização dessa
abordagem, descrevendo sua origem e seus criadores. Além disso, são detalhadas as três bases
da reengenharia: recursos humanos, processos e tecnologia da informação.
A seguir, no capítulo três, são descritos os procedimentos metodológicos
adotados na pesquisa. É feita a caracterização e delimitação do estudo, são apresentadas as
definições constitutiva e operacional de termos e variáveis, a população e a amostra utilizada,
os instrumentos de coleta de dados e as técnicas de tratamento, além das limitações da
pesquisa.
O capítulo quatro faz a descrição e análise dos casos estudados, através da
utilização dos dados coletados e do cotejamento desses com o referencial teórico apresentado
no capítulo dois. Inicialmente os dois casos são apresentados e analisados de forma individual.
Em um segundo momento, é feita a análise combinada dos mesmos, buscando-se as
similaridades existentes entre ambos.
Por fim, o quinto capítulo expõe as considerações finais condizentes à
implementação do programa de reengenharia e suas implicações nos recursos humanos,
processos e tecnologia da informação das organizações estudadas, e recomendações para
fiituras pesquisas na área.
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 A reengenharia no contexto da teoría organizacional
Apesar da historia do pensamento administrativo demonstrar que desde os
primordios da civilização" as pessoas vêm sendo administradas em grupos e organizações, as
tentativas de desenvolver teorias da administração são relativamente recentes, datando da
Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX’ . Nessa época, “o desenvolvimento e uso de
novas tecnologias concentrou grandes quantidades de matéria-prima e de trabalhadores dentro
das fábricas; os bens eram produzidos em quantidade e precisavam ser amplamente
distribuídos. A necessidade de coordenar todos esses elementos fez surgir uma abordagem
sistemática da administração”' .
Um dos autores pioneiros na administração foi o inglês Robert Owen '* (1771-
1858), considerado um paradoxo na turbulenta era da Revolução Industrial. Antecedendo
Elton Mayo e outros que se preocuparam com a questão dos recursos humanos da empresa,
Owen apontava para uma nova filosofia, onde colocava a força de trabalho como fiindamental
para o sucesso da empresa. Ele criticava os empresários por não compreenderem a questão do
elemento humano. Em sua concepção, os donos de fábricas gastavam muito tempo e dinheiro
com a implementação de novas máquinas, especialização do trabalho, e corte de custos,
porém, não investiam nos recursos humanos’^
“ GEORGE Jr., S. Claude. História do pensamento administrativo. São Paulo; Cultrix, 1974, p.72. ' STONER, A. F. James, FREEMAN, E. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1995, p.23. ' Idem, ibidem, p.23.’'’esta descrição da vida e trabalho de Owen é baseada em sua autobiografia: OWEN, Robert.The life of Robert Owen. London; Augustus M. Kelley, 1967 (volumes I e lA).’^WREN, Daniel A. Op. cit., p.71.
Outra grande contribuição à administração foi dada por Charles Babbage^®
(1792-1871). Ele emergiu como uma figura significante do pensamento administrativo bem
antes de Frederick W. Taylor. Largamente orientado pela técnica, como seus contemporáneos,
a aplicação de sua abordagem tecnológica, para auxiliar os esforços humanos, garantiu a
Babbage um lugar de destaque na historia da evolução da Ciência da administração*’. Ele
teorizou e aplicou a abordagem científica para administrar, antes mesmo da era da
administração científica na América. Criou a primeira calculadora mecánica, em 1822. Noventa
anos depois, os principios básicos de seu invento eram empregados nas máquinas de
contabilidade. Mas sem dúvida, seu maior invento foi a analytical engine, um versátil
computador que seguia instruções automaticamente, através da utilização de um cartão
perfiirado. O equipamento possuía capacidade de armazenar memória e de transferi-la^*.
Além de sua significante contribuição científica. Charles Babbage fez
importantes avanços na compreensão dos problemas que emergiam no sistema de fábricas* .
Seu interesse pela manufatura e administração surgiu como resultado de problemas de
supervisão na construção de seu analytical engine e em suas visitas pelas fábricas da
Inglaterra. Ele descreveu com grande nível de detalhes as ferramentas e máquinas; discutiu os
princípios econômicos da manufatura; analisou as operações, os tipos de habilidades
envolvidas, a extensão de cada processo; e sugeriu direções para melhorar as práticas
correntes. Uma das contribuições deste trabalho foi o projeto de divisão dos lucros, onde
Babbage enfocava dois aspectos: 1) uma porção do salário do indivíduo dependia do lucro
obtido pela empresa e 2) deveria haver uma forma de bônus por sugestões.
’®WREN, Daniel A. Op. dt., p.75. ' Idem, ibidem, p.77.'*Babbage construiu seu “analytical engine” em 1833. Para maiores esclarecimentos 1er Jeremy Bernstein. The analytical engine. New York: Random House, 1963, p.36.'®WREN, Daniel A. Op. cit., p.81.
Analisando-se sua abordagem científica para o estudo da manufatura, seu
reconhecimento da necessidade de novos incentivos para conseguir o engajamento e
cooperação do trabalhador e sua busca por uma nova harmonia entre gerentes e trabalhadores,
pode-se colocá-lo como “um homem de visão na administração” ®. Suas contribuições, porém,
somente foram reconhecidas mais tardé, quando Babbage foi apontado por estudiosos da área,
como sendo um dos precursores da administração^’.
As últimas décadas do século XIX resultaram em uma acumulação sem
precedentes de recursos na indústria Americana. Com recursos acumulados e desenvolvimento
de tecnologia, o maior impedimento existente à produtividade industrial eram as formas
grosseiras de desenvolvimento, organização, controle e o modo de administrar essa massa de
recursos existentes. O trabalho era altamente especializado, com métodos padronizados e
procedimentos restritos, e havia pouca ênfase na coordenação, integração e sistematização do
trabalho^.
Antes da Revolução Industrial, economias e sociedades eram essenciahnente
estáticas e a política de valores era envolvida por decisões unilaterais ditadas por alguma
autoridade central. A emergência de uma moderna administração estava baseada na
necessidade de uma maneira racional de tomada de decisões, distante das organizações
voltadas a atender a vontade de poucos^. Pode-se dizer, então, que o estudo sistemático da
administração está intimamente vinculado ao rápido processo de industrialização e ao triunfo
10
' VREN, Daniel A. Op. cit., p. 80.'HOAGLUND, H. John. Charles Babbage: His life and woiks in the Historical Evolution of Management
Concepts. Columbus, Ohio: unplibshed Ph.D. dissertation, The Ohio State University, 1954, p.333-339, apud WREN, Daniel A. Op. cit., p.81.^Idem, ibidem, p. 119.“ idem, ibidem, p.40.
do sistema de mercado, não só como uma matriz da atividade econômica, mas também, como
um arcabouço ético ao qual se amoldam comportamentos individuais e coletivos
Sob essa perspectiva é que, a partir de meados deste século, muitos estudiosos
das ciências administrativas e do comportamento começaram a mobilizar-se no sentido de criar
métodos e técnicas facilitadoras dos processos de mudança^^ Surgiram, então, os modelos de
mudança organizacional como uma tentativa de auxiliar as empresas a viabilizarem suas
estratégias modemizadoras. Esses modelos de mudança evoluíram com a Teoria
Administrativa e guardam estreita relação com a velocidade da mudança ambiental e com a
dimensão sistêmica com que foram encarados^®.
Inicialmente, tais modelos de mudança foram concebidos dentro de uma visão
de sistema fechado, mais coerentes com os pressupostos das Escolas Clássica e de Relações
Humanas. Até a década de 40, concentraram-se, principalmente, nas estruturas e na
racionalização do trabalho. Seus principais representantes foram Taylor e Fayol na Escola
Clássica, Weber na Escola Burocrática e Mayo e Barnard na Escola de Relações Humanas.
Frederick Winslow Taylor^ (1856-1915), considerado o pai da Administração
Científica, buscou a partir de 1890, determinar cientificamente os melhores métodos para a
realização de qualquer tarefa e para selecionar, treinar e motivar os trabalhadores. Ele baseou
seu sistema de administração no estudo de tempos nas linhas de produção. Taylor centrou sua
filosofia em quatro princípios básicos; 1) o desenvolvimento de uma verdadeira técnica
11
''POLANYI, K. The great transformation. Boston: Beacon Press, 1975.A questão da mudança é uma preocupação antiga, que data dos primordios da civilização. Ela tomou célebre
na Grécia antiga, o confronto entre Parmenides, defensor da estabilidade como alvo de busca da felicidade hwnana e Heráclito, preconizador da mudança, como a única fonte de crescimento e desenvolvimento. Segundo Schon (SCHON, Donald. Technology and change: The new Heráclitus. New Yoric: Delacorte Press, 1967) a maioria dos indivíduos e organizações da sociedade ocidental capitalista tende a adotar a posição de Parmenides, com conseqüências patológicas para os mesmos.^^RETAS PEREIRA, Maria José. Mudança nas instituições. São Paulo: Editora Nobel, 1988.^ TAYLOR, W. Frederick. Princípios de administração científica. São Paulo: Ed. Atlas, 1970.
administrativa; 2) a seleção científica dos trabalhadores; 3) a educação e o desenvolvimento
científico do trabalhador; e 4) a cooperação íntima e amigável entre a administração e os
trabalhadores. Ele afirmava que o sucesso desses princípios exigiam uma “completa revolução
mental” por parte da administração dos trabalhadores e acreditava que a administração e os
trabalhadores tinham interesse comum no aumento da produtividade^*. Taylor também propôs
um sistema de compensação, chamado “sistema de tarifas diferenciadas”, onde os
trabalhadores mais eficientes recebiam salários mais altos.
Henri FayoP (1841-1925) fez uma tentativa pioneira de identificar os princípios
e as habilidades que serviriam de base à administração eficaz. Ele presumia que, com previsão
científica e métodos adequados de administração, os resuhados satisfatórios eram inevitáveis.
Em sua fé nos métodos científicos, Fayol era parecido com seu contemporâneo, Taylor.
Entretanto, enquanto este se preocupava basicamente com fiinções organizacionais, Fayol se
interessava pela organização total.
O sociólogo alemão Max Weber^” (1864-1920) desenvolveu a teoria da
administração burocrática, que enfatiza a necessidade de uma hierarquia estritamente definida e
governada por regulamentos e linha de autoridade claramente estabelecidos. Em seu trabalho
sobre a burocracia, Weber descreveu as organizações burocráticas em uma perspectiva
dimensional, isto é, enumerou uma série de atributos organizacionais que, presentes,
constituem a forma burocrática da organização. Essas dimensões - divisão do trabalho,
hierarquia de autoridade, normas extensivas, separação entre administradores e propriedade.
12
^STONER, A. F. James, FREEMAN, E. R. Op. cit., p.25.®FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. São Paulo: Ed. Atlas, 1950.°WEBER, Max. The theory of social and economic organizations. Coord, de Talcott Parsons, trad, de A.M.
Henderson e Parsons. New York: Free Press, 1947.
salário e promoção baseados na competência técnica - têm servido como base para
delineamentos subseqüentes da estrutura burocrática^'.
Os trabalhos de Elton Mayo e Chester Barnard ergueram o padrão do que veio
a denominar-se, mais precisamente, “movimento de relações humanas” na indústria. Uma vez
mais, como no caso das técnicas de Administração Científica, uma ou mais décadas
decorreram entre a adoção das técnicas de relações humanas, por um número razoável de
organizações, e sua cristalização em ideologias e publicação em livros^ .
Elton Mayo^ (1880-1949) junto com alguns colegas da Universidade de
Harvard realizaram uma série de estudos na Western Eletric Company, entre 1924 e 1933.
Esta experiência foi chamada de “Estudos de Hawthorne”, visto que a maior parte foi
desenvolvida na fábrica Hawthorne, da Western Elétric, próximo á cidade de Chicago. Mayo
identificou o chamado “efeito Hawthorne” que pode ser resumido como a possibilidade de
trabalhadores que recebem atenção especial apresentarem um desempenho melhor,
simplesmente, por terem recebido essa atenção.
Para Mayo, então, o conceito de “homem social” - motivado por necessidades
sociais, desejando relacionamentos recompensadores no local de trabalho e respondendo mais
às pressões do grupo que ao controle administrativo - era necessário para complementar o
velho conceito de “homem racional” motivado por necessidades econômicas pessoais "*. De
certa maneira, ele redescobriu o conceito de Robert Owen^^ criado um século antes, de que
uma verdadeira preocupação com os trabalhadores produzia dividendos.
13
'WEBER, Max. Op. cit., p.330-334.^^RROW, Charles. Análise oi^anizacional: um enfoque sociológico. São Paulo: Atlas, 1976, p.35. ^^lAYO, Elton. The human problems of an industrial civilization. New York; Mcmillan, 1953. ''idem, ibidem.
^ OWEN, Robert. The life of Robert Owen. Op. cit.
Chester Barnard^® (1886-1961) usou sua experiência de trabalho e seus
abrangentes estudos de sociologia e filosofia para formular teorias sobre a vida nas
organizações. Para ele, a organização é um sistema de força ou atividades conscientemente
coordenadas, de dois ou mais indivíduos. As pessoas não atuam isoladamente, mas através de
interações com outras pessoas, para poderem alcançar da melhor maneira os seus objetivos. A
fimção do executivo, isto é, de cada administrador dentro da organização, é a de criar e manter
um sistema de esforços cooperativos. Como a cooperação é essencial para a sobrevivência da
organização, essa função básica consiste na tomada de decisões capazes de incentivar a
coordenação da atividade organizada.
Após a Segunda Grande Guerra surgiram os modelos comportamentais,
inspirados nos valores da Escola de Relações Humanas. Eles eram centrados nos processos
interpessoais, nas funções e no comportamento gerencial. Os seus principais autores foram
Argyris, Maslow e McGregor, inspirados nas ciências do comportamento, especialmente na
psicologia.
Chris Argyris^’ preocupava-se com o fato de, numa organização burocrática, os
administradores terem a responsabilidade quase total pelo planejamento, controle e avaliação
do trabalho de seus subordinados. Ele dizia que esse domínio do local de trabalho por parte
dos administradores poderia deixar os subordinados passivos e dependentes, e reduzir seu
senso de responsabilidade e autocontrole. Para Argyris, tais condições eram incompatíveis com
as necessidades humanas de autoconfiança, autoexpressão e realização.
Abraham Maslow^*, psicólogo e consultor norte-americano, apresentou uma
teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas
14
^¾ARNARD, Chester. As funções do executivo. São Paulo: Atlas, 1971.ARGYRIS, Chris. Personality and organization. New York: Harper Brothers, 1957. *MASLOW, Abraham. Motivation and personality. New York: McGraw Hill, 1960.
em níveis, numa hierarquia de importância e influência. Partindo das necessidades físicas, que
são as mais básicas, cada necessidade deve ser, ao menos parcialmente, satisfeita antes do
indivíduo desejar satisfazer uma necessidade no nível subseqüente.
Douglas McGregor^^ identificou dois conjuntos de suposições que os
administradores fazem sobre os seus subordinados: a visão tradicional, conhecida como
‘Teoria X”, diz que as pessoas têm uma aversão inerente ao trabalho, apesar de o verem como
necessidade irão evitá-lo sempre que possível; e a ‘Teoria Y”, que parte da suposição de que
as pessoas são inerentemente motivadas a trabalhar e realizar um bom serviço. Para aproveitar
a disposição inata dos empregados para trabalhar, os administradores devem proporcionar um
clima que lhes dê um espaço de desenvolvimento pessoal.
A década de 60 marcou um momento de síntese das correntes anteriores. A
visão da organização como sistema fechado foi susbstituída pela visão da organização como
um sistema aberto, sócio-técnico'*”, em permanente troca com o ambiente onde está inserida.
Os trabalhos de Simon e de Katz e Kahn foram marcos dessa fase.
Herbert Simon‘S', um cientista político, atacou indiscriminadamente os princípios
da Escola de Administração Científica'* . Em seu livro “Comportamento Administrativo”^ ,
Simon destacou a necessidade de se compreender quais as razões que levam as pessoas a
colaborarem. Segundo ele, os indivíduos estão dispostos a contribuir sempre que suas
atividades dentro da organização auxiliarem direta ou indiretamente para o alcance de seus
próprios objetivos pessoais.
15
^ McGREGOR, Douglas. O lado humano da empresa. São Paulo: Martins Fontes, 1980. °PERROW, Charles. Op. cit., 1976.SIMON, Herbert. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro: FGV, 1965.
"^RROW, Charles. Op. cit., p. 38-39.'’ IMON, Herbert. Op. cit.
Daniel Katz e Robert Kahn'* repetiram, como características organizacionais, os
parâmetros utilizados na teoria dos sistemas, que era uma tentativa de interdisciplinaridade,
proposta pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanñy'**. A partir daí, verificaram que as
organizações são sistemas abertos, de natureza dinâmica, que estão inter-relacionadas com as
outras organizações e com a sociedade do meio ao qual estão inseridas. Estas conclusões
proporcionaram um arcabouço, com o qual pode-se planejar ações e prever tanto as
conseqüências imediatas quanto as de longo alcance, ao mesmo tempo em que permite
compreender as conseqüências não-previstas à medida que elas vão aparecendo.
Ainda nos anos 60, os seguidores das abordagens racional e comportamental
passaram a desenvolver modelos de mudança organizacional, mas tomando como base a
concepção de sistema aberto e dentro das novas perspectivas oferecidas pela Teoria
Administrativa. Autores como Thompson'* , Scott e Blau'*’ criaram os modelos de mudança
baseados na concepção das organizações como sistemas sócio-técnicos estruturados. “De
acordo com esta perspectiva, as relações sociais que se desenvolvem num local de trabalho
estão vinculadas ao caráter tecnológico do mesmo - tal como a espécie de interação que o
trabalho permite, o grau de cooperação exigido e a possibilidade ou impossibilidade de
avaliação do esforço individual numa tarefa conjunta” *.
Concomitantemente, Peter Drucker'* criava a Administração Por Objetivos e
Igor Ansoff*® postulava o Planejamento Estratégico. A primeira abordagem enfatiza os
objetivos como sendo a base para o trabalho e as tarefas. Eles determinam a estrutura da
16
‘‘ KATZ, Daniel, KAHN, Robert. Psicologia social das organizações. Sâo Paulo: Atlas, 1987. ''¾ERTALANFFY, Ludwig von, “An outline of general systems theory”, British Journal of niilosophical Science, v .l, 1950, p. 134-165." THOMPSON, Victor A. Bureaucracy and the modem worid. New York: General Learning Press, 1976. '‘ LAU, Peter M. SCOTT, W. Richard. Organizações formais. São Paulo; Atlas, 1970.' PERROW, Charles. Op. cit., p.42.'' DRUCKER, Peter. Administração; tarefas e responsabilidades. Sâk) Paulo; Pioneira, 1975.“ANSOFF, Igor H. Corporate strategy. New York; McGraw-Hill, 1965.
organização, as atividades chave que devem ser cumpridas e, sobretudo, a alocação de pessoas
e tarefas^*. A segunda diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos
de ação a serem seguidos para a sua consecução, levando em conta as condições externas e
internas da empresa e sua evolução esperada*^.
Nos anos 70, especialistas nas ciências do comportamento criaram o modelo de
Desenvolvimento Organizacional. Seus representantes mais conhecidos são Bennis” ,
Beckhard '* e Blake^^ Formalmente, o Desenvolvimento Organizacional pode ser definido
“como um esforço de longo prazo, apoiado pela administração de topo, para melhorar os
processos de solução de problemas e de renovação de uma organização através da
administração eficaz da cultura organizacional”^ . “Ele tende a dar mais ênfase ao
comportamento do que à maioria dos demais campos da administração industrial, tendo
princípios subjacentes comuns relativos às pessoas como indivíduos, como membros de
grupos, e como membros de organizações” ’.
Na primeira metade da década de 1980, a ocorrência da globalização da
economia modificou o cenário organizacional vigente até então^*. Isso deve-se ao fato de que
“na economia global as distinções entre as economias nacionais são eliminadas pela crescente
integração e interdependência dos mercados para bens, serviços, finanças e mão-de-obra”* .
Segundo Clarke e Monkhouse^ “a globalização é o processo pelo qual as
17
'DRUCKER, Peter. Op. cit., p.lOl.O liveira , Rebouças p . Planejamento estratégico. São Paulo: Atlas, 1992, p.38.^¾ENNIS, Warren. D.O.: sua natureza, origens e perspectivas. São Paulo: Edgard Blucher, 1972. "BECKHARD, Richard. D.O.: estratégias e modelos. São Paulo: Edgard Blucher, 1972.
^ BLAKE, R., MOUTON, J. A estruturação de uma empresa dinâmica, através do D.O. tipo grid. São Paulo: Edgard Blucher, 1972.*®STONER, A. F. James, FREEMAN, E. R. (¾). cit., p.307.^ MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Reengenharia: reestruturando sua empresa. São Paulo: Makron Books, 1994, p.276-277.®*CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit.^®CLARKE, Thomas, MONKHOUSE, Elaine. Repensando a empresa. São Paulo: Pioneira, 1995, p.268. ®°Idem, ibidem, p.268-269.
empresas espalham cada vez mais suas atividades econômicas através de fronteiras nacionais.
Ela é um meio para um fim: as empresas a buscam para atingir seus objetivos corporativos,
criando uma vantagem competitiva”. Com isso, as empresas tomam-se internacionais para
entrar em novos mercados, para cortar custos e para obter novos processos®\
O atendimento, por parte das empresas, dos pressupostos que o processo de
globalização requer, entretanto, traz implicações para as suas estruturas organizacionais^.
Com freqüência , as empresas constatam que as estruturas existentes, as quais são apropriadas
para a produção doméstica, não servem para as operações no exterior. Isso porque, essas
estruturas estão projetadas para produzirem repetitivamente uns poucos tipos básicos de
decisões. Com isso, tem-se um número crescente de inadequações entre a estrutura
organizacional existente num momento determinado e as necessidades na mesma ocasião^ .
Além disso, deve ser levada em conta a decomposição do trabalho em tarefas
pequenas e repetitivas, também passíveis de serem mecanizadas ou automatizadas, que é uma
característica das organizações da Era Industrial^. Com o crescimento do número de tarefas,
os processos globais de produção de um bem ou prestação de um serviço inevitavelmente se
tomam cada vez mais complexos e a sua gestão mais difícil. O aumento do número de pessoas
no escalão intermediário do organograma organizacional é uma das conseqüências geradas
pela fragmentação do trabalho em etapas simples e repetitivas®^
Dentro deste contexto, da segunda metade da década de 80 em diante, os
programas de qualidade total, inspirados nas idéias de Juran®® e Deming®’, para reativar a
18
®*CLARKE, Thomas, MONKHOUSE, Elaine. Op. cit.® dem, ibidem.“ TOFFLER, Alvin. A empresa flexível. Rio de Janeiro: Record, 1985, p. 145-147.^Idem, ibidem.® Idem, ibidem.®®JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto; novos passos para o planejamento da qualidade em produtos e serviços. São Paulo; Pioneira, 1992.®’DEMING, w . e . Qualidade, a revolução na administração. São Paulo; Marques Saraiva, 1982.
economia japonesa no pós-guerra, trouxeram novas propostas de mudança para organizações
no mundo inteiro, focalizando, fundamentalmente, a importância do cliente e a melhoria dos
processos®*. Para enfrentar a forte competição no mercado, as empresas precisaram adaptar-se
rapidamente às demandas de produtividade e qualidade. Sob esse enfoque, produtividade passa
a significar rapidez e diminuição do prazo de resposta da produção ao mercado, enquanto a
qualidade está aliada à melhoria continua e à plena satisfação do cliente interno e externo da
organização^®.
Embora os programas de qualidade total, tais como o Controle da Qualidade
Total (TQC), Gestão da Qualidade Total (TQM) e melhoria contínua (Kaizen) tenham
alcançado e continuem obtendo resultados muito promissores como técnicas de gestão
empresarial, os mesmos são aplicados sob uma perspectiva restrita da organização.
“Geralmente esses programas são desenvolvidos a partir da situação atual, limitados pelas
políticas existentes na ocasião e estreitos no foco, suscitando um envolvimento interfüncional
limitado”’”. Apesar de buscar o aperfeiçoamento dos processos, a qualidade total respeita as
barreiras verticais entre fiinções e, por isso, é voltada para tarefas’’.
O início do último decênio do século XX foi marcado pela disseminação de uma
nova técnica de gestão empresarial denominada “reengenharia”, formulada pelo PhD. Michael
Hammer’ , professor da disciplina de Tecnologia da Informação no Massachussetts Institute of
Technology (MIT). Essa abordagem começou a ser difundida no meio organizacional quando
19
®*CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit.®®MACHADO, Denise Del Prá. Qualidade total e cultura organizacional; um estudo de caso na Hering Textil S.A. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal de Santa Catarina, 1996.'“CROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L., FEATHER, John J. Op. cit., p.21.
ABREU, Fábio de Souza. Reengenharia: em busca de uma teoria. Revista de administração de empresas, Sâo Paulo, V.34, n.5, p.49-61, Set./Out. 1994.' HAMMER, Michael. Reengineering work: don’t automate, obliterate. Harvard business review, Boston, V.68, n.4, p. 104-112, Jul./Ago. 1990.
Hammer teve seu artigo, entitulado Reengineering work: don 't automate, obliterate, publicado
na revista Harvard Business Review, do mês de Julho de 1990.
Segundo Michael Hammer, a justificativa para a reengenharia é que a tecnologia
da informação disponível na atualidade requer uma estrutura, ou organização, própria para
poder atingir resultados que utilizem seu pleno potencial, e que, certamente, não é uma
estrutura organizacional criada antes do advento dessa nova tecnologia. De uma forma mais
abrangente, a reengenharia pode ser entendida como a busca de uma nova forma de realizar
um processo a partir de uma nova realidade tecnológica, a fim de obter o desempenho máximo
pela utilização dessa nova tecnologia’ .
Em 1993, Michael Hammer juntamente com James Champy, um renomado
consultor de empresas norte-americano, divulgaram a aplicação da reengenharia em seu livro
Reengineering the corporation: a manifesto for Business Revolution^*, obra em que os autores
relatam o sucesso da utilização da nova abordagem em empresas como a IBM, Ford, Taco Bell
e Bell Atlantic. No período de um ano e meio após sua publicação, mais de 1,7 milhões de
exemplares tinham sido vendidos em todo o mundo, inclumdo 750.000 mil exemplares
vendidos nos Estados Unidos e 250.000 mil no Japão. O livro foi traduzido, desde então, para
dezenove idiomas, incluindo o finlandês, o hebraico e o tailandês’^
A reengenharia, transformou-se, então, em uma proeminente técnica de
melhoria do desempenho das empresas na década de 90, tendo uma ascensão
impressionantemente rápida. “Uma pesquisa sobre a reengenharia realizada em 1993, nos
Estudos Unidos da América do Norte, pela Gateway Management Consulting demonstrou que
20
^ ABREU, Fabio de Souza. Op. cit., p.50.'’ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengineering the corporation; a manifesto for Business
Revolution. New York: Harper Business, 1993.’H am m er, Michael, STANTON, Steven A. A revolução da reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
88% dos executivos seniores das empresas participantes da referida pesquisa consideraram a
reengenharia sua iniciativa de escolha para alcançar as metas estratégicas da empresa, em
oposição à terceirização, ao downsizing, à reestruturação e à automação”’ .
Mocsányi’ ressalta que “a reengenharia é um conjunto de conceitos que devem
ser adicionados aos esforços pela sobrevivência e crescimento das empresas nesta era de
competência”. No lugar dos mercados de massa em expansão nos anos 50, 60 e 70, as
empresas atuais têm clientes, comerciais e individuais, que sabem o que querem, o quanto
desejam pagar por isto e como obtê-lo nos termos que exigem.
Para Morris e Brandon’*, “o recente impulso dos esforços de reengenharia
deve-se quase que inteiramente ao reconhecimento de uma maior necessidade de competir para
que uma empresa tenha sucesso ou até mesmo sobreviva. A economia de mercado é a força
que mais freqüentemente motiva a reengenharia”. Segundo esses autores, as metodologias de
administração devem manter-se em dia com as novas demandas feitas pelo mercado. A maioria
das empresas não somente reconhece este fato, mas está tomando providências para mudar
maneiras herdadas do passado e melhorar a performance em todas as suas áreas™.
A reengenharia pretende, portanto, anunciar uma mudança de paradigma*®, no
qual os princípios mecanicistas cedem lugar á voha da generalização, onde um determinado
processo da organização é formado por unidades interflincionais que detêm o início e a
finalização do produto^V
21
^®MANGANELLI, Raymond L., KLEIN, Mark M. Manual de reengenharia; um guia passo a passo para a transfonnação de sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1995, p.XI.^^MOCSÁNYI, Dino C. Qualidade total ou reengenharia? nem uma nem outra: as duas. Revista exame, São Paulo, V.27, n.9, p.67, maio/94.®MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit., p.8.®TOFFLER, Alvin. Op. cit.
®°KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1994.’ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengineering the corporation. C . cit.
O Quadro 1 apresenta a evolução das principais mudanças sofridas nos modelos
organizacionais, desde o início do século até os dias de hoje.
22
Quadro 1 - Evolução dos Modelos de Mudança Organizacional
Crcmologia Abordagem TeoriaAdministrativa
Modelo de Mudança
Ênfase PrincipaisAutores
DisciplinaOrientadora
1911 ^ 1935 RacimalClássicaEstruturalBurocrática
Racionalizaçãodo
trabalho
-Tanpos e movimentos
-Estruturaorganizacional
-Hierarquia-Impessoalidade-Especialização
Taylor
Fayol
Wdjer
Ejigaiharia
Administração
Sociologia
1935 ->1960 Social
Relaçõeshumanas
Conçortamental
Dinâmica de gnipo
Treinamentogerencial
Motivação
Adm participativa
-Relacionamentointerpessoal
-Sistema de esforços cxx)p»ativos
-Satisfação das necessidades individuais
Mayo
Barnard
ArgyrisMaslow
McGregor
Ciênciacomportamental e psicologia
1960 ^1970 Sódo4écnica SistemasTransição
Mudança de paradigma
-Macrovisão de organização
-Dinamismo das organizações
-Sócio-técnico
Simon
Katz e Kahn
Blau, Scctt Thonçson
EconomiaSociologiaPsicologia
1970 ^ 1990
Racional
Social
Neo-Wd)eriana
Contingencial
APO
Plangamentoestratégico
Desenvolvimentoorganizacional
-Organização-Funcionalidade-Plangamento-Planejamentopaiticçativo
-Processospsicossociais
Drucko-Ansoflf
BennisBeckhard
Blake
PsicologiaAdministraçãoSociologia
1990 RacionalMercadológica
&Cultural
Qualidade total
Reengenharía
-Melhoria dos processos
•Mercado/cliente -Automa^o
-Reinvenção dos processos
-Mercado/cliente -Tecnologia da Informação
DemingJuran
Ishkawa
HammerDavenportJ(^anss(nOiarrqiy
Manganelli
AdministraçãoInformáticaEngenharia
Fonte: adaptado de BRETAS PEREIRA, Maria José, apud BJUR, Wesley e CARAVANTES, Geraldo. Reengenharía ou readministração? do útil e do futil nos processos de mudança. Porto Alegre: AGE, 1994, p. 136-137.Elaboração: LONGARAY, André A., 1996.
2.2 A abordagem da reengenharia
A propagação da reengenharia como metodologia de gestão no meio
empresarial fez com que o assunto ganhasse um maior escopo também entre estudiosos da
administração. Como conseqüência disso, várias obras sobre reengenharia foram publicadas
por autores atuantes nos mais diversos segmentos da área da teoria organizacional,
proporcionando assim, diferentes enfoques da abordagem. A presente seção pretende
apresentar a evolução do conceito de reengenharia, as suas bases e o redirecionamento das
caracteristicas organizacionais por ela propiciado, tendo como fundamentação as diversas
ênfases da referida técnica de gestão organizacional existentes na literatura especializada.
23
2.2.1 Evolução do conceito de reengenharia
o termo reengenharia é anterior às expressões reengenharia empresarial e
reengenharia dos processos de negócios, elaboradas por autores da Ciência da administração
no princípio dos anos 90. “Na década de 1980, ele foi empregado por profissionais de
informática principahnente para descrever a substituição de sistemas de computação já
ultrapassados por hardware e software mais modernos”* . Difundidos entre analistas de
sistemas, os nomes reengenharia e reengenharia de software eram muito usados, o último
provavelmente como uma adaptação da expressão engenharia de software* .
Na literatura da área de administração, a primeira constatação da utilização do
conceito de reengenharia tem sua origem em julho de 1990, quando a Harvard Business
^OULSON-THOMAS, Colin. Reengenharia dos processos empresariais; mito e realidade. Rio de Janeiro: Record, 1996, p.86.* SPURR, K. et al. Software assistance for business re-engineering. Chichester: Wiley, 1993.
Review publicou o artigo de Michael Hammer*'*, Reengineering work: don’t automate,
obliterate, no qual o autor definiu a reengenharia como sendo “o redesenho radicai dos
processos de um negócio para atingir ganhos dramáticos de performance’ A palavra
performance, neste caso, refere-se ao desempenho atingido quanto à produtividade e qualidade
pelos processos organizacionais*®.
Simuhaneamente à publicação do trabalho de Hammer, a Sloan Management
Review apresentou em sua edição de julho de 1990 o artigo The new industrial engineering:
information technology and business process redesign^^, de Thomas H. Davenport, professor
da Harvard Business School, em co-autoria com James E. Short, professor da London
Business School, tendo como ênfase a proposição da idéia do redesenho dos processos de
negócios. Para Davenport e Short, o redesenho dos processos de negócios é a adoção de
alguma coisa inovadora tanto na execução quanto nos resultados de um processo, levando a
uma mudança importante e radical do modo de realizar as operações da empresa. Nele, a
empresa organiza seu trabalho em tomo de processos, e não mais de departamentos
funcionais*’.
No ano de 1992, Michael Hammer e James Champy** apresentaram, em seu
livro Reengineering the corporation: a manifesto for Business Revolution^^, o que eles
denominaram de definição formal de reengenharia ou reengenharia empresarial^. Segundo os
mesmos, “reengenharia é o repensar ñandamental e a reestruturação radical dos processos
24
‘'ham m er, Michael. Reengineering woiic; don’t automate, obliterate Op. cit., p. 104.* Idem, ibidem.*®DAVENPORT, Thomas H., SHORT, James E. The new industrial engineering: information technology and business process redesign. Sloan management review, p. 11-27, Jul./Ago. 1990.® Idem, ibidem.**HAMMER, Michael, CHAMPY, James.Reengenharia; revolucionando a empresa. Op. cit.*®HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengineering the corporation: Op. cit.®°HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa. Op. cit., Introdução.
empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos
de desempenho, tais como custos, qualidade, atendimento e veIocidade”®\
Essa definição é melhor explicada por Hammer e Champy” quando estes
destacam que as organizações precisam conhecer quais são suas prioridades, o porquê do
radicalismo e drasticidade quando da aplicação da reengenharia e a importância que têm os
processos nessa abordagem.
Assim, ao praticarem a reengenharia, os dirigentes de empresas precisam
formular as questões mais básicas a respeito de suas empresas e do seu fiincionamento.
Questionamentos do tipo “por que fazemos o que fazemos?” ou “por que o fazemos dessa
forma?” tomam-se fundamentais para que ocorra a avaliação das regras e suposições tácitas
subjacentes à forma como esses administradores conduzem as suas atividades^ .
No que diz respeito ao radicalismo dos programas de reengenharia, esses são
assim considerados porque não levam em conta as estruturas e os procedimentos existentes na
organização e inventam formas completamente novas de realizar o trabalho^*. Essa postura
capacita a empresa a aceitar, assimilar e reagir às mudanças do mercado e pressões externas de
maneira quase simultânea à ocorrência destas^^
Além disso, a reengenharia não está limitada a melhorias marginais ou de
pequenas quantidades, mas a saltos quânticos de desempenho. Ela deve ser aplicada somente
quando houver a necessidade de redesenhar o modo como são realizadas as atividades da
empresa. A reengenharia trata da reinvenção das empresas - não de sua melhoria, de seu
25
'ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa. Op. cit., p.22. ® Idem, ibidem, p.22-24.” ldem, ibidem, p.22.®''ldem, ibidem, p.23.® JOHANSSON, Henry J. et. al. Processos de negócios. São Paulo: Pioneira, 1995.
aperfeiçoamento ou de sua modificação^. Como o próprio nome sugere, a reengenliaria
representa uma reconstrução, e não simplesmente uma reforma total ou parcial da empresa.
Portanto, diz respeito a uma nova arquitetura organizacional^’.
Por último, e talvez o ponto mais importante dessa conceituação de
reengenharia, está o enfoque nos processos. Ao invés de centrar a organização em
departamentos e níveis hierárquicos, ela considera como núcleo da empresa os processos que a
mesma possui e, a partir daí, cria as ramificações necessárias ao bom desenvolvimento desses
processos^*. “A reengenharia propõe o reagrupamento do trabalho decomposto das unidades
fiincionais. Uma vez reestruturado o trabalho, a forma lógica de organizar seus executantes são
as equipes de processo, a saber, grupos de pessoas realizando juntas um processo inteiro”^.
Em 1993, Thomas H. Davenport tem publicado a obra entitulada Process
Innovation: re-engineering work through information technology'’ , na qual o autor oferece
uma nova definição para a reengenharia. Assim como Hammer fez ao propor o conceito de
reengenharia empresarial, Davenport utiliza em Process Innovation'^' o nome reengenharia de
processos, em substituição a redesenho dos processos de negócios. Para ele, o redesenho de
processos de negócios, ou simplesmente reengenharia de processos, começa a partir do
compromisso com uma visão estratégica por parte da alta administração e é realizada através
do trabalho de equipes interíimcionais justapostas à estrutura organizacional existente, fazendo
uso de ferramentas como a tecnologia da informação e células de trabalho para tomar possível
26
®®HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa. Op. cit., p.23. ®^CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit.®*HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia; revolucionando a empresa. (¾). cit., p.24.^dem, ibidem. p.51.'°°DAVENPORT, Thomas H. Process innovation; reengineering work through information technology. Boston; Harvard Business School Press, 1993.'"‘DAVENPORT, Thomas H. Op. cit.
o entrelaçamento entre atividades afins, tendo como objetivo melhorar drasticamente o
desempenho empresarial^® .
Apesar de possuírem denominações diferentes, as duas ênfases precursoras da
reengenharia parecem não se contradizerem, pelo contrário, dão a impressão de sobreposição
de idéias e conceitos. Tanto a reengenharia empresarial quanto a reengenharia de processos
têm como objetivo promover uma nova organização do trabalho na empresa, através da
identificação e integração dos processos existentes na mesma, utilizando para isso, ferramentas
como a tecnologia da informação*® .
Embora os conceitos de reengenharia formulados por Hammer e Champy*®'' e
por Davenport*” sejam os mais conhecidos e referenciados na literatura sobre o assunto,
existem outros autores que procuraram defini-la. “Basicamente, cada um desses apresentou sua
definição para o termo, refletindo sua formação, prioridades e experiência. O resultado dessa
heterogeneidade pode ser constatado na forma pela qual uma empresa conduz seu projeto de
reengenharia”
Para Lowenthal*”’, “a reengenharia é o repensar fimdamental e o redesenhar dos
processos e da estrutura organizacional, focando os valores centrais da organização a fim de
atingir melhorias drásticas como: redução de custos, aumento da qualidade dos produtos e
serviços, aumento da participação no mercado e lucros”.
27
'° DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos: como inovar na empresa através da tecnologia da informação. Op. cit., p.Ol, 02, 31-35.'° JOHANSEN, Robert, SWIGART, Rdj. Depois da reengenharia. Sâo Paulo: Objetiva Negócios, 1996. '“ HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa. Op. cit. '°^AVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit.'°®GONÇALVES, José Ernesto de Lima (coord.). Reengenharia das empresas: passando a limpo. São Paulo: Atlas, 1995, p.40.’“ LOWENTHAL, Jefiey N. Core competencies & organizational reengineering; alining the organization for the future. ASQC 48th Annual quality congress proceedings. New York: 1994, p. 148.
Morris e Brandon*”* descrevem a reengenharia como sendo o reprojeto dos
processos de trabalho do negócio e a implementação de novos projetos. De acordo com
Fried^” , esses novos projetos são implantados através da combinação de técnicas de
engenharia industrial, métodos de pesquisa operacional, teoria da administração e métodos de
análise de sistemas de informação, usando o poder da tecnologia da informação para
transformar os processos de negócios das organizações, tomando-as mais competitivas em
seus mercados.
Marrn"” afirma que a ênfase da reengenharia “é a melhoria radical dos
processos a nível operacional, a maneira pela qual o trabalho é realmente realizado. É uma
ferramenta para ajudar as organizações a pensar diferente e é um método de alinhar-se para o
futuro”.
Segundo Talwar‘“ , a reengenharia do negócio é uma abordagem com o
objetivo de atingir melhorias radicais no atendimento ao cliente e na eficácia organizacional. A
idéia central é repensar e tomar mais eficiente (simplificando) os processos organizacionais e a
arquitetura de apoio através da qual a organização cria e transmite valores.
Já Garcez** estabelece que a reengenharia pode ser vista como um agente de
integração de novas tecnologias com os respectivos recursos humanos, orientados para a
produção de bens, serviços e software de interesse dos negócios e clientes dos processos.
28
'°*MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit., p. 11.''®FRJED, Louis. Management information technology in turbulent times, apud GONÇALVES, José Ernesto de Lima. Op. cit., p.44."®MANN, David W. Reengineering the manager’s role. ASQC 48th Annual quality congress proceedings.New York: 1994, p. 155."'TALWAR, Rohit. Business Reengineering - a strategy driven aproach. Long range planning. Great Britain: Pergamon Press, v.26, n.6, p.23, 1993.“^GARCEZ, Cicero. Engenharia, reengenharia ou tecnofobia? DECIDIR. Rio de Janeiro: Now-Rio, Ano 1, n.3, p.35, out/94.
Andrews e Stalick"^ consideram que a reengenharia consiste em mudar
radicalmente o trabalho das pessoas dentro da organização, mudando a política organizacional
e o controle, os sistemas e a tecnologia, o relacionamento organizacional e a prática de
negócios, e o sistema de recompensas. Ela oferece a oportunidade de reexaminar os
fundamentos básicos da organização ou seus processos - chave, e após redesenhá-los
enfatizando a implementação de eficientes processos interfuncionais.
Gonçalves” '* destaca que “a reengenharia é novidade na radicaUdade da sua
proposta, na busca do essencial, na orientação para a definição do negócio e na abordagem
top-down. Ela é única na integração desses pontos inovadores na busca do melhor desempenho
da empresa”. É uma abordagem com o objetivo de melhorar o desempenho de uma
organização de forma radical, sendo uma mudança estratégica estendida“ ^
Reengenharia, para Manganelli e Klein”®, “é o redesenho rápido e radical de
processos de negócios estratégicos que agregam valor, e dos sistemas, políticas e estrutura
organizacional que os sustentam, a fim de otimizar fluxos de trabalho e produtividade em uma
organização”. Sob essa ênfase, a reengenharia não pretende mudar todos os processos dentro
de uma organização, mas apenas os que podem ser considerados estratégicos e que, ao mesmo
tempo, agregam valor (processos importantes para o cliente)” ’.
29
’’^ANDREWS, D., STALICK, S. Business reengineering; the survival guide. New Jersey: Prentice-Hall, 1994,p.xin."''GONÇALVES, José Ernesto Lima. Reengenharia: urn guia de referencia para o executivo. Revista de administração de empresas, v. 34. n.4, jul/ago 1994, p. 24."¾C)GAN, Christopher, E., ENGLISH, Michael J. Benchmarking for best practices. New York: McGraw-Hill, 1994, apud CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit., p.41.”®MANGANELLI, Raymond L., KLEIN, Mark M. Manual de reengenharia. Op. cit., p.8.” Idem, ibidem.
Conforme Koch Júnior"*, reengenharia de processos é urna denominação
genérica dada a metodologias que, através de modificações drásticas, buscam obter ganhos
radicais de qualidade e produtividade em organizações. A tônica do programa de reengenharia
está situada na utilização dessas metodologias de forma integrada e criativa, a fim de
redesenhar novos processos muhidimensionais.
Outros autores, como Colin Coulson - Thomas"^, que se refere à abordagem
como “reengenharia dos processos empresariais”, Henry Johansson‘S”, que a trata como sendo
“reengenharia dos processos de negocios” e Kelvin Cross‘ ‘, que a chama de “renascimento
empresarial”, têm em comum a utilização da mesma definição. Embora suas abordagems
possuam nomes diferentes, todos eles servem-se da concepção de Michael Hammer para
descreverem o significado da reengenharia.
A idéia básica da reengenharia, então, é a de que modificações radicais podem
gerar ganhos de qualidade e produtividade também radicais, com diminuição de custos. Ela
pressupõe que, em um nível mais baixo e circunscrito, a mudança pode ser iniciada a partir de
um processo ou um grupo de processos relacionados entre si ^ . Essa análise das mais básicas
operações executadas pela empresa, faz com que a reengenharia permita uma revisão de toda a
empresa, questionando o que ela faz e por que faz, pelo fato de que quase sempre os processos
percorrem e permeiam as várias áreas e departamentos da empresa, horizontalmente
30
'*®KOCK JÚNIOR, Nereu F. Reengenharia de processos PROI: uma metodologia prática. Rio de Janeiro: Vozes, 1995, p. 12."®COULSON-THOMAS, Colin. Op. cit., p.76.' "JOHANSSON, Henry J. et al. Op. cit., p.XVI.’ •CROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L., FEATHER, John J. Op. cit., p. 18.' ^CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit., p.33.'^lANGANELLI, Raymond L., KLEIN, Mark M. Op. cit.
2.2.2 As bases da reengenharia
A reengenharia está apoiada em três componentes, também denominados
habilitadores ou facilitadores, sobre os quais repousam as bases dessa abordagem. São eles, os
recursos humanos, os processos e a tecnologia da informação^ '*. Cada um desses integrantes
básicos, que desempenham relevante papel no redesenho dos processos de uma organização,
será descrito nesta seção.
31
2.2.2.1 Recursos humanos
De acordo com Davenport*^^, para que a reengenharia de processos tenha êxito,
o aspecto humano da mudança não pode ficar entregue à autogestão. Morris e Brandon ^®
asseveram que, com a implementação dessa técnica de gestão empresarial, as pessoas passam a
trabalhar de maneira diferente da qual estavam anteriormente habituadas, recebendo novos
conhecimentos e habilidades. Botelho*^’ acresce que, a reengenharia provoca mudanças nas
pessoas e no seu comportamento, ao mesmo tempo em que depende dessas modificações para
poder acontecer.
Sob essa perspectiva, toma-se relevante a compreensão dos pressupostos que
sustentam a transformação do trabalho postulada pelos seguidores da reengenharia. Da mesma
forma, faz-se de suma importância o entendhnento das alterações que, segundo a referida
abordagem, devem ocorrer no modo das pessoas executarem as atividades que lhes são
pertinentes em um determinado processo.
’ ''CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit., p.28.'“ davenpo rt , Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit., p. 112.* ®MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit.’^^OTELHO, Eduardo. Reengenharia cultural: o dirigente inteligente. São Paulo: Atlas, 1995.
A transformação do trabalho há muito vem sendo considerada fator
imprescindível para a concretização das mudanças organizacionais em busca de um melhor
desempenho*^*. “Alguns economistas políticos do passado, como Adam Smith^ e Karl
Marx' **, reconheceram que a inovação dá forma à produção, que a mentalidade das pessoas é
moldada pela forma de execução de seu trabalho”**. Às vésperas do século XXI, essa idéia
continua importante: com as modificações no local de trabalho, o próprio emprego muda e,
como resultado, as pessoas que trabalham nesses empregos também mudarão*^ .
Durante a Revolução Industrial, artesãos e trabalhadores saíram das oficinas e
fazendas para se juntar ao novo contingente de operários de fábricas. Ao fazê-lo, substituíram
o risco e a incerteza de suas vidas por um certo grau de certeza que o trabalho remunerado
oferecia. Mas, ao mesmo tempo, trocaram a autonomia de suas vidas por uma vida de
dependência em relação aos seus empregadores. Atualmente, a natureza do trabalho está
mudando novamente e essa troca está voltando a acontecer’ .
Tofler* "* justifica a ocorrência dessa transição como parte integrante da
evolução da sociedade industrial para a pós-industrial. Ele classifica a natureza do trabalho em
três tipos: 1) o tradicional artesanato pré-industrial, baseado em habilidades aprendidas na
própria fiinção; 2) o trabalho industrial, de natureza rotineira ou repetitiva, quer na fábrica,
quer no escritório, organizado em moldes fabris; e 3) o artesanato superindustrial, envolvendo
habilidades baseadas em tecnologia avançada, em treinamento intensivo anterior ao trabalho e
em manipulação criativa de símbolos.
32
' RIBEIRO, Carlos Reinaldo M. A empresa holística. São Paulo; editare, 1992. ’^ SMITH, Adam. The wealth of nations. Harmonsdsworth: Penguin, 1986. ' °MARX, Karl. Capital, vol. I. Harmonsdsworth: Penguin, 1976.' ‘CLARKE, Thomas, MONKHOUSE, Elaine. Op. cit., p.51.' ^HAMMER, Michael. Além da reengenhana. Op. cit., p.29.’^^dem, ibidem, p.29.’ "TOFLER, Alvin. Op. cit., p. 158-159.
Tofler ainda afirma que, “as indústrias que irão caracterizar o amanhã, serão
aquelas que se alicerçarem primariamente no terceiro tipo de atividade, o trabalho
superindustriar^^^. Para ele, “a sociedade continuará a precisar dos produtos de fabricação
industrial rotineira, porém, à medida' em que a sociedade pós-industrial se desenvolver, as
companhias baseadas no terceiro nível de trabalho formarão a vanguarda da indústria e, com o
tempo, atrairão as pessoas melhor qualificadas, os indivíduos mais capazes”
Confirmando essa tendência, Hammer^^’ aponta para a reengenharia como
sendo uma proposição para a nova organização do trabalho. Segundo ele, “concentrando-se
nos clientes e enfatizando a orientação para os processos, a reengenharia está eliminando o
trabalho industrial tradicional e, com ele, o próprio conceito de trabalhador industrial. Surge,
em seu lugar, o trabalho amplo, orientado para os processos, que precisa ser preenchido por
um novo trabalhador profissionaF^^^. Esse, é descrito como o indivíduo responsável tanto pela
realização de atividades quanto pelas decisões necessárias para que o término de um processo
seja bem-sucedido*^ .
Hammer*'*® observa que, trabalhadores tradicionais executam tarefas definidas
com precisão e operam sob cerrada supervisão, enquanto os novos profissionais dos times de
reengenharia têm sua atuação enfocada nos cHentes e nos resultados e não devem ser
sobrecarregados com muitas regras, mas sim estarem voltados para o alcance da eficácia do
processo no qual estão inseridos. De posse do conhecimento e com uma compreensão nítida
33
’ TOFLER, Alvin. Op. cit., p. 159.' ®Idem, ibidem, p. 159.' ’ham m er, Michael. Além da reengenharia. Op. cit., p.29. ' ®Idem, ibidem, p.29.' ®Idem, ibidem, p.29.''^dem, ibidem, p.40.
da meta, espera-se que esse profissional seja capaz de tomar decisões condizentes ao processo
como um todo*'**.
Seguindo a mesma ênfase, Johansson*'* considera que as pessoas alocadas em
uma empresa direcionada para o processo serão capazes de trabalhar em equipes
interfiincionais porque a reengenharia fornece os instrumentos adequados para assim
funcionarem. “Os trabalhadores terão habilidades de maior âmbito, incluindo as analíticas e
interpretativas, uma linguagem comum na empresa, um reconhecimento das necessidades uns
dos outros e um melhor entendimento de como as atividades processuais integram-se”*'*.
Max Pagés*'* entende que o novo aparelho produtivo exige trabalhadores
instruídos capazes de compreender os princípios de sua ação e não somente cumprir tarefas
rotineiras; detentores de iniciativa, não só aceitando mas desejando a mudança, aderindo
voluntariamente a seu trabalho e interessando-se por ele. Segundo esse autor, esses indivíduos
devem reconhecer a necessidade de cooperação, não apenas com os colegas permanentes,
como nas antigas oficinas, mas às novas equipes e forças-tarefas provisórias.
Dreyíuss*'* corrobora essa idéia ao afirmar que em uma empresa
reengenheirada formam-se grupos de trabalho, com características interfijncionais, dotados de
responsabilidades amplas e poder de decisão para organizar-se da melhor maneira para o
trabalho. As atribuições são flexíveis. O conceito de “emprego” com horários fixos, é
substituído pelo conceito de “um trabalho a ser realizado” da maneira que for mais conveniente
para as pessoas e para os objetivos do negócio.
34
‘'"ham m er, Michael. Além da reengenharia. Op. cit., p.40.‘'• JOHANSSON, Heniy J. et al. Op. cit., p. 195.
ibidem, p. 195.' ' AGÉS, Max et. al. O poder das organizações: a dominação das multinacionais sobre os indivíduos. São Paulo: Atlas, 1987.‘'' )REYFUSS, Cassio. As escolas de reengenharia e o papel da tecnologia de informação. Reengenharia das empresas: passando a limpo. São Paulo: Atlas, 1995, p. 120.
No que diz respeito às equipes interflincionais, também chamadas de
multidimensionais, elas são assim denominadas porque os indivíduos que as compõem são
coletivamente responsáveis pelos resultados de um processo, e não por tarefas
individualizadas, executando, desse modo, um tipo diferente de serviço daquele realizado em
uma organização conduzida nos moldes tradicionais'"* . Cada membro da equipe terá, ao
menos, uma familiaridade básica com todas as etapas do processo e deverá realizar várias
delas'"” . Eles compartilham com seus colegas a responsabilidade conjunta pela realização do
processo inteiro, e não apenas de uma parcela'"**.
Nadler, Gerstein e Shaw'"* argumentam que as equipes auto-administradas,
responsáveis por todo o segmento do trabalho, ou um segmento completo de um processo,
vão tomar-se cada vez mais comuns. “Essas equipes têm supervisão própria , treinamento
diversificado, alternância de papéis e dispõem, sob muitos aspectos, de poder para assumir a
responsabilidade pelos seus processos e resultados próprios”' ®.
Em resumo, os integrantes de processos pós-reengenharia necessariamente têm
maior autonomia para a tomada de decisões. Dentro dos limites de suas obrigações, eles
decidem como e quando o trabalho será realizado. “A delegação de poderes é uma
conseqüência inevitável da reengenharia dos processos; esses não podem ser reformulados sem
que se distribua autoridade aos seus executantes”'^'. “Como membros de equipes de processo,
é-lhes tanto permitido como exigido pensar, interagir, julgar e tomar decisões”' .
35
’'“CROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L., FEATHER, John J. Op. cit.' ''MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit.''“ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia; revolucionando a empresa. Op. cit.'“’ ^ADLER, David, GERSTEIN, Marc, SHAW, Robert. Arquitetura organizacional: a chave para a mudança empresarial. Rio de Janeiro; Campus, 1994.'^dem, ibidem. Introdução.' 'ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia; revolucionando a empresa. Op. cit., p.56.' ^dem, ibidem, p.56.
2.2.2.2 Processos
A maior parte dos teóricos da reengenharia sustenta que a sua ênfase está
localizada no redesenho dos processos existentes, em contraponto à visão tradicional de
departamentalização. Ao invés da manutenção de unidades funcionais difusas, decompostas em
uma miríade de tarefas simples e desconexas, a reformulação proposta pela reengenharia
pretende proporcionar a formação de processos abrangentes, compostos apenas por algumas
tarefas complexas e interdependentes.
Nesse sentido, conhecer os pressupostos nos quais se baseiam os processos
organizacionais redesenhados pela reengenharia, adquire significativa relevância no escopo do
presente estudo. Antes, porém, faz-se necessário posicionar a linha de pensamento defendida
pelos estudiosos que pregam o redesenho dos processos, dentro de um contexto cronológico e
situacional na literatura organizacional.
A suposta migração da organização fijncional para uma forma mais
descentralizada e menos estrutural foi anunciada inicialmente por 'Alfi’ed Chandler^” , em
meados da década de I960. Em seus estudos, ele observou que as estruturas organizacionais
de empresas de expressão no cenário mundial, como a General Motors e a Z)w Pont, eram
impulsionadas pelas transformações ocorridas nos mercados em que estavam situadas. “Entre
as principais conclusões do trabalho de Chandler, está a demonstração de como a influência
exercida pelo mercado tem levado organizações a um afastamento necessário de uma forma de
organização monolitico-funcional para uma forma de divisão estrutural mais flexivebnente
integrada”**'*.
36
'’^CHANDLER, Alfied D. Strategy and structure; chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge: MIT, 1962.' '‘peters, Tom, WATERMAN Jr., Robert H. Vencendo a crise: como o bom senso empresarial pode superá- la. São Paulo; Harper & Row do Brasil Ltda, 1983, p. 110.
Em relação aos anos 70, merecem evidência as proposições de Lawrence e
Lorsch*^ . Para ambos, os sistemas culturais, políticos e econômicos afetam intensamente as
organizações, fazendo com que essas tenham que adaptar suas estruturas às novas exigências
do ambiente externo, sempre que preciso. Em seus trabalhos de campo, “eles examinaram as
estruturas organizacionais e os sistemas de administração e contrastaram as empresas com
melhor desempenho em um ramo de negócios em rápida mudança (plásticos especiais), com as
empresas de aho nível em um ramo de negócios estável e de lenta mudança (containers)”^ .
Como resultado de suas experiências, Lawrence e Lorsch^^ detectaram que as
organizações com maior eficácia em um segmento de negócios caracterizado pela estabilidade
mantinham uma forma funcional simples e sistemas de controle singelos. Em oposição, as
empresas do segmento de plásticos especiais - em rápida mudança - possuíam uma forma mais
descentralizada e sistemas de controle mais ricos do que seus competidores que não se saíam
tão bem.
Na década de 1980, Tom Peters^^* postulou que, as empresas deveriam
necessariamente estruturarem-se de forma mais maleável para poderem sobreviver em uma
economia internacional cada vez mais competitiva. Para ele, “o novo padrão de mercado
exigiria um conjunto de novas condições básicas: qualidade e serviços de classe mundial, maior
velocidade de resposta através da flexibilidade grandemente aumentada e inovação e
desenvolvimento, contínuos e em rápida sucessão”^ .
37
’®¾.AWRENCE, Paul, LORSCH, Jay. As empresas e o ambiente; a interação das teorias administrativas. Petrópolis:Vozes, 1973."*®PETERS, Tom, WATERMAN Jr., Robert H. Vencendo a crise. Op.cit., p. 110.' 'LAWRENCE, Paul, LORSCH, Jay. Op. cit.i58p£TERS, Tom. Prosperando no caos. São Paulo: Harbra, 1989.' ^deni, ibidem, p. 3-4.
Tom Peters* ** observou, ainda, que, com as mudanças vivenciadas pelas
organizações naquela década, “a empresa insulada do mundo exterior foi substituída pela
empresa fustigada por um conjunto de forças externas sempre mutáveis e de ritmo acelerado”.
Alvin Tofler’®*, seguindo o mesmo raciocínio, observou que, com a
globalização de mercados cada vez mais evidente, tomara-se proeminente a necessidade de um
novo modo de pensar sobre as atividades empresariais. Para tanto, Tofler sugeriu que, ao invés
de possuir rígidos departamentos convencionais, a organização deveria ser dividida em uma
estrutura altamente flexível.
No que diz respeito à década de 1990, nas palavras de Nadler, Gerstein e
Shaw ® , “essa pode testemunhar o começo do fim da organização tradicional. Um século
dominado por um único tipo de organização - a burocrática - está dando lugar, lentamente, a
uma nova era”. Os mesmos autores afirmam que, “essa evolução envolve um pensamento
renovador sobre a maneira pela qual as pessoas, o trabalho e as informações podem ser
reunidos em novas formas de organização capazes de realizar níveis significativamente mais
altos de desempenho continuado”
De acordo com Hammer'®'*, essas modificações se devem à substituição do
enfoque funcional centralizado no aparato produtivo, por um novo conceito, o de processos,
onde a organização passa a ser orientada ao provimento das necessidades e exigências do
mercado e de seus clientes diretos, internos e externos.
38
leopgTERS, Tom, WATERMAN Jr., Robert H. Vencendo a crise. Op.cit., p. 110. '®‘TOFLER, Alvin. Op. cit., p. 145-147.'“ NADLER, David, GERSTEIN, Marc, SHAW, Robert. Op. cit., p. 241.'“ idem, ibidem, p.96.‘ ^AMMER, Michael. Reengineering work: don’t automate, obliterate. Op. cit.
Para Loebel'^^ “a visão de processo proposta pela reengenharia assume
determinada importância na transformação das organizações rumo a um maior relacionamento
com os clientes, através do atendimento de suas necessidades pela oferta de grande variedade
de opções de produtos, sem que com isso ocorra um aumento correspondente nos custos”.
Cross'^® chama de processo todas as funções e seqüências de atividades,
políticas e procedimentos, e sistemas de apoio necessários para se atender uma necessidade do
mercado através de uma estratégia específica. Isso inclui todas as funções envolvidas no
desenvolvimento, na produção e na provisão de produtos ou serviços específicos a
determinados clientes.
Já Davenport^®’ conceitua processo como “uma ordenação específica das
atividades de trabalho no tempo e espaço, com um começo e um fim, inputs e outputs
claramente identificados: uma estrutura e uma ação. Um conjunto de atividades estruturadas e
medidas a resultar num produto especificado para um determinado cliente ou mercado”.
Seguindo a mesma ênfase. Hall*** concebe os processos como sendo as
dinâmicas das organizações. Eles resukam de uma estrutura e conduzem a ela. Nessa
perspectiva, Juran'*^ considera o processo uma série sistemática de ações dirigidas à realização
de uma meta.
Chiavenato*™ procura definir processo como sendo “qualquer fenômeno que
apresente mudança sucessiva no tempo ou qualquer operação ou tratamento contínuo. O
39
'® LOEBEL, Eduardo. O impacto da visão mercadológica na reengenharia dos processos de negócios, apud GONÇALVES, José Emesto Lima. Reengenharía das empresas: passando a limpo. Op. cit., p. 127.'®®CROSS, Kelvin F. Op. cit., p. 19.'®^AVENPORT, Thomas H. Reengenharía de processos. Op. cit., p.7.'®*HALL, Richard. Organizações: estrutura e processos. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1984, p.89.
JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: novos passos para o planejamento da quaüdade e produtos e serviços. São Paulo: Pioneira, 1992, p.222.’ “CHIAVENATO, Idalberto. Teoria gerai da administração, v.l. São Paulo: Makron Books, 1993, p.363.
conceito de processo implica que os acontecimentos e as relações sejam dinâmicos, em
evolução, sempre em mutação, ininterruptos”. Esse autor sustenta que o processo não é algo
estático: é móvel, não tem um começo, nem fim, nem uma seqüência fixa de eventos. Os
elementos do processo agem uns sobre os outros. Cada um afeta todos os demais*’V
Johansson*’ entende que, “um processo é um conjunto de atividades ligadas
que tomam um insumo (input) e o transformam para criar um resultado {output).
Teoricamente, a alteração que nele ocorre deve adicionar valor e criar um resultado que seja
mais eficaz ao recebedor acima ou abaixo da cadeia”. Sob esse escopo, processo é a conversão
de um conjunto de inputs, que podem incluir ações, métodos e operações, em outputs que
satisfaçam as necessidades e expectativas do cliente na forma de produtos, informação,
serviços ou, de modo geral, resultados.
Harrington*’ define um processo como sendo “uma série de atividades que
recebe um insumo, agrega-lhe valor e produz um produto ou uma saída (aplicação de
habilidades adicionando valor a um insumo)”. Morris e Brandon* '’ compartilham esse
conceito, ao descreverem o processo como uma atividade executada por meio de uma série de
passos relacionados entre si, os quais produzem um ou mais resultados específicos.
Para Hammer*’ , “um processo é um grupo de tarefas relacionadas que, juntas,
geram um resultado que tem valor para o cliente. As tarefas são as partes do trabalho que as
pessoas executam, mas, em si, não criam valor, nem os indivíduos que as realizam. Só os
processos como um todo, todas as tarefas reunidas, podem criar valor”.
40
’ 'CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração, v.l. Op. cit., p.364.' JOHANSSON, Henry J. et al. Op. cit., p.55.' ^HARRINGTON, H. J. O processo de aperfeiçoamento; como as empresas americanas, lideres de mercado, aperfeiçoam o controle de qualidade. São Paulo: McGraw-HiU, 1988, p. 161.' "MORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit., p.46.’^ iAMMER, Michael. Além da reengenharía. Op. cit., p.89.
O processo, na visão de Furlan‘’®, é um conjunto de tarefas logicamente
relacionadas, desempenhadas com o objetivo de atingir um resultado já planejado. O mesmo
justifica-se em sua existencia como sendo o responsável pelo cumprimento de parte da
estratégia de negócios, seja no sentido de contribuir para a organização realizar a sua missão,
seja no sentido de realizar e atingir objetivos estratégicos previamente estabelecidos.
No entendimento de Manganelli e Klein‘S’, um processo é uma série inter
relacionada de atividades que transformam entradas em resultados. Carr^’* destaca que, “os
processos são agrupamentos de atividades afins, que constituem a base inerente da posição
competitiva de um empresa”. Paladini*’’, no entanto, compreende um processo como sendo
qualquer conjunto de condições, circunstâncias, causas ou elementos que, atuando em
conjunto geram determinado resultado.
Joia**” conceitua processo como “um conjunto de atividades interligadas entre
si, dependentes do tempo, pessoas e espaço, que recebendo inputs (dados) deve gerar
outcomes (resultados) de valor agregado, seja para o cliente interno ou externo”.
De acordo com Dreyíüss^*\ um processo é a seqüência de passos onde se
executam atividades específicas, interligadas numa seqüência temporal. Em cada um desses
passos, pessoas recebem informações (através de dados, documentos etc.), executam
atividades, tomam decisões ou iniciam ações e encaminham informações ao próximo passo do
processo, encerrando sua participação naquela instância do mesmo.
41
‘’®FURLAN, José Davi. Reengenharía da informação. São Paulo: Makron Books, 1994, p.37. '"’MANGANELU Raymond L„ KLEIN, Mark M. Op. cit., p.8.' ®CARR, David K. et al. Redesenhando o processo de negócios; ponto de ruptura. Rio de Janeiro; Qualitymark, 1994, p.31.’^^^ALADINI, Edson Pacheco. Controle de qualidade; uma abordagem abrangente. São Paulo, Atlas, 1990, p. 128.*°JOIA, Luiz Antonio. Reengenharía e tecnologia da informação. Sâo Paulo; Pioneira, 1994, p.21.
'**DREYFUSS, Cassio. A análise da informação e a tecnologia no redesenho dos grupos de trabalho, apud GONÇALVES, José Ernesto de Lima. Reengenharía das empresas: passando a limpo. Op. cit., p.96.
Dentro do conceito de processo, Harrington^^ faz a distinção entre processo
produtivo e processo de negócio. O primeiro é qualquer processo que entra em contato físico
com o produto ou serviço que será fornecido a um cliente externo. O segundo diz respeito a
todos os processos que geram serviços e os que dão apoio às atividades relacionadas com a
manufatura, sendo um conjunto de tarefas interligadas logicamente, que fazem uso dos
recursos da empresa, para gerar resultados definidos, em apoio aos objetivos da organização.
Juran^* classifica os processos de acordo com a direção das metas para as quais
eles estão voltados. Os processos dirigidos à produção de bens em fábricas são, normalmente,
chamados de processos de fabricação. Os processos orientados à realização de serviços que
levem em conta primordialmente o atendimento das necessidades e a satisfação dos clientes
são usualmente denominados de processos de negócio.
Johansson**' observa que, “um processo de negócio, diferentemente dos
processos de produção, é um conjunto de atividades interligadas que atravessam as fi-onteiras
departamentais - e, quando levadas adiante em conjunto, se voltam para as necessidades e
expectativas de mercado - e dirigem a capacidade da empresa”. A reengenharia destes
processos de negócio acontece quando os conhecimentos operacionais, técnicos e
administrativos forem utilizados de maneira unificada para alcançar uma vantagem competitiva
sustentável**’.
No que se relaciona à estrutura do processo, Dreyfiiss**® alega que, “as
empresas tradicionais tendem a fi’agmentar o trabalho em atividades especializadas, dentro de
unidades organizacionais delimitadas e estáticas. Essa forma de organização obedece
42
'*^HARRINGTON, James. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo; Makron Books, 1993, p.20. ’® JURAN, J. M. Op. cit., p.223.'* JOHANSSON, Heniy J. et al. Op. cit., p. 15.
ibidem, p. 15.'*®DREYFUSS, Cassio. A análise da informação e a tecnologia no redesenho dos grupos de trabalho, apud GONÇALVES, José Ernesto Lima. Reengenharia das empresas: passando a limpo. Op. cit.
basicamente à necessidade de dirigir e inspecionar o trabalho”. Nessas empresas, cada
departamento pressupõe a existência de um chefe, cuja missão é orientar e controlar seus
subordinados, sendo que, esses têm sua atenção voltada para algumas tarefas não inter
relacionadas, perdendo a sensibilidade ao produto do trabalho e às metas organizacionais.
Para Coulson-Thomas**’, embora os processos de uma empresa correspondam
às atividades naturais dessa, eles habitualmente estão fragmentados e encobertos pelas
estruturas organizacionais. Por conseguinte, os processos tendem a não serem geridos, pois a
responsabilidade é aparente a nível de departamentos ou unidades de trabalho, mas não a nível
processual.
Davenport^** entende que, a estrutura do processo pode ser distinguida das
versões mais hierárquicas e verticais da estrutura organizacional. “Enquanto a estmtura
hierárquica é, tipicamente, uma visão fragmentária e estanque das responsabilidades e das
relações de subordinação, a estrutura de processo é uma visão dinâmica da forma pela qual a
organização produz valor”** . Conforme o autor, embora não seja possível medir a estrutura
hierárquica de maneira absoluta, os processos são formados por elementos como custo,
prazos, qualidade de produção e satisfação do cliente, que permitem mensurar o desempenho
da configuração estabelecida através do redesenho dos processos^^.
Davenport^^^ destaca ainda que, “como a perspectiva de um processo implica a
visão horizontal do negócio, que envolve toda a organização, começando pelos insumos do
produto e terminando com os produtos finais e os clientes, a adoção de uma estrutura baseada
no processo significa, uma desenfatização da estrutura funcional do negócio”. A reengenharia
43
'*"COULSON-THOMAS, Colin. Op. cit., p. 162-163.'®*DAVENPORT, Thomas. Reengenharia de processos. Op. cit., p.07. '*®Idem, ibidem, p.07.'®°Idem, ibidem, p.07-08.'®’ldem, ibidem, p. 10.
requer que as interfaces entre unidades funcionais ou de produto sejam melhoradas ou
eliminadas, e que, sempre que possível, os fluxos seqüenciais através de funções se façam
paralelamente por meio de movimentos rápidos e amplos da informação
Hammer^^ ressalta que, com esse novo enfoque organizacional, “as unidades
departamentais fiincionais tendem a desaparecer e a ceder lugar às equipes de processos,
devido à redução da propensão internalizada para as funções especializadas dos diversos
órgãos da empresa, e, ao surgimento de uma nova tendência voltada aos processos”.
Edgard Schein' '* pressupõe a existência de diferenças entre processo em
oposição à estrutura. Os aspectos estruturais são os elementos estáticos da organização e se
referem ao arranjo dos seus diferentes componentes (divisão do trabalho, autoridade e
responsabilidade, número de níveis hierárquicos, tipos de departamentalização a serem
utilizados, amplitude de controle etc.) e têm sido tradicionalmente a principal preocupação da
maioria das teorias da administração.
O processo, por outro lado, é descrito por Schein* * como sendo algo dinâmico
e que se refere às normas culturais que determinam o ambiente de uma organização, a
qualidade das comunicações humanas, os cargos e as funções assumidas pelas pessoas dentro
de seus grupos, as maneiras pelas quais os problemas são visualizados e resolvidos e as
decisões tomadas, os valores e métodos da organização, a maneira pela qual são exercidas a
liderança e a autoridade, a competição e a cooperação entre grupos.
Com efeito, uma estrutura organizacional alicerçada em processos é uma
estrutura construída em tomo do modo de fazer o trabalho, e não de habilitações específicas.
44
'®^DAVENPORT, Thomas. Reengenharía de processos. Op. cit., p. 10.’ ^CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharía. Op. cit., p.29-31.’ ''SCHEIN, Edgard. Consultoria de procedimentos. São Paulo. Egard Blücher, 1972, p.10-12. '® Idem, ibidem.
Quanto a isso, Davenport*^ destaca que “vários teóricos do processo organizacional
argumentaram que as empresas precisam reduzir seus níveis de hierarquia e adotar estruturas
baseadas em ações, e não estruturas formais.”.
Davenport*^’ refere, porém, que o redesenho dos processos organizacionais não
implica no descarte de toda a estrutura organizacional já existente. Ele entende que, uma
organização eficaz será aquela que conseguir manter determinado equilíbrio entre a
necessidade de possuir uma estrutura e o desejo de adotar uma abordagem flexível do modo de
fazer o trabalho.
O mesmo autor recomenda que o processo não deve se tomar a única base de
estruturação de uma empresa. Para Davenport, “o conhecimento funcional é importante para
uma orientação do processo, tal como a preocupação com o gerenciamento do produto e o
funcionamento de unidades de negócio estratégicas. A maioria das empresas faz bem em
adotar uma estrutura de matriz multidimensional, tendo a responsabilidade do processo como
uma dimensão - chave”*®*.
A mudança para o foco nos processos não se fundamenta, portanto, somente na
questão estrutural, embora tenha implicações nesse âmbito. Segundo Hammer*^, “ela não é
expressa, unicamente, através do desenvolvimento de um novo organograma da empresa nem
da atribuição de um moderno conjunto de cargos essenciais. O foco nos processos é, antes de
mais nada, uma inversão de primeiro e segundo plano, na qual o primário (tarefas) e o
secundário (processos) trocam de lugar”.
45
'®®SCHEIN, Edgard Consultoria de procedimentos. Op. cit., p. 189. '®^DAVENPORT, Thomas. Reengenharia de processos. Op. cit., p. 188. '®®Idem, ibidem, p. 188.'®®HAMMER, Michael. Além da reengenharia. Op. cit., p.7-8.
Hammer ''*’ sustenta que, “a diferença entre tarefa e processo é a diferença entre
a parte e o todo. Uma tarefa é uma parte do trabalho, uma atividade normalmente realizada por
uma única pessoa. Um processo, por outro lado, é um grupo de tarefas que, juntas, geram um
resultado que tem valor para o cliente”. O referido autor acrescenta que, a perspectiva do
processo não enfoca tarefas individuais isoladas, mas todo o conjunto de tarefas que
contribuem para um resultado desejado^“\
Dreyfuss^® destaca que, na visão organizacional tradicional, as atividades
fragmentadas eram vistas como pertencentes à determinada área - e não a um processo - e a
maneira de executá-las e depois avaliar sua realização dependia das normas estabelecidas para
a área. Nessas condições, não era garantido que fossem executadas de forma que mais
agregassem valor ao produto do respectivo processo de negócio.
Morris e Brandon^® alegam que, a fragmentação provocada pela ênfase na
especialização, preconizada pela maior parte das teorias da administração, fez com que, à
medida em que o trabalho organizacional ganhasse maior dimensão, algumas das suas partes
componentes (tarefas) se tomassem desconexas. Joia ®'* adiciona que, “a compartimentalização
das atividades organizacionais ao longo deste século trouxe como resultado a criação de
tarefas dissociadas, separando a ação da decisão”. Complementarmente, Hammer^®* reputa
que, “quando isso ocorre, o resultado inevitável trabalho com propósitos desencontrados,
mal-entendidos e a otimização da parte em detrimento do todo”.
46
°®HAMMER, Michael. Além da reengenharía. Op. cit., p.4-5.^°'ldem, ibidem, p. 10.“ DREYFUSS, Cassio. A análise da informação e a tecnologia no redesenho dos grupos de trabalho, apud
GONÇALVES, José Ernesto de Lima. Reengenharía das empresas: passando a limpo. Op. cit., p.95. “ VíORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit., p. 17L° JOIA, Luiz Antonio. Reengenharía e tecnologia da infonnação. São Paulo: Pioneira, 1994, p. 19. ° iANfly4ER, Michael. Além da reengenharía. Op. cit., p. 10.
Além de identificar o excessivo fracionamento do trabalho organizacional,
alguns especialistas do redesenho de processos têm apontado para o critério utilizado no
agrupamento das tarefas como sendo um sério problema a ser resolvido, principalmente no que
está relacionado ao ordenamento dessas tarefas.
Koch Júnior^”®, a esse respeito, adverte que, “existe uma tendência,
provavelmente herdada dos modelos fornecidos pelas ‘linhas de montagem seqüenciais’ ® da
Revolução Industrial, de se projetarem processos em série nas organizações”. Ou seja, os
processos são planejados de forma que as tarefas sejam executadas numa ordem sucessiva,
mesmo quando um modelo, em que algumas tarefas pudessem ser realizadas em paralelo, fosse
o mais recomendáveP*.
Coulson-Thomas^” reforça essa idéia ao relatar que, “muitos processos contêm
tarefas que precisam esperar desnecessariamiente umas pelas outras e que a imposição de
prioridades ou seqüências de atividades retarda o trabalho”. Nesse caso, o redesenho dos
processos tem a incumbência de fazer com que as tarefas sejam realizadas em uma ordem mais
lógica possível^^”.
Chiavenato^*’ observa que, “quando uma organização adota a orientação para
os processos, suas atividades deixam de ser tarefas baseadas na especialização e na
fragmentação, simples e rotineira, com ênfase no individualismo, para fundamentarem-se em
trabalhos multidimensionais, em equipe e direcionadas para a responsabilidade grupai e
coletiva”.
47
°®KOCK JÚNIOR, Nereu F. Op. cit., p.64.*”TAYL0R, Frederick W. The principie^ of scientific management. New York: Norton e Company, 1967. °®KCX:K Júnior, Nereu F. Op. cit., p.64.‘ COULSON-THOMAS, Colin. Op. cit., p. 159.
2’°K0CK Júnior, Nereu F. Op. cit., p.65.^"CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. (¾}. cit., p.30.
No entendimento de Cross^'^, “o direcionamento para a abordagem dos
processos irá promover na organização a substituição do conjunto de tarefas complexas com
várias ramificações e pessoal excessivamente especializado necessários para a obtenção de
determinado resultado, por um processo com diversas equipes generalistas funcionalmente
integradas e trabalhando em paralelo”.
Por fim, cabe citar Carr * , que sintetiza de forma concisa seu entendimento a
respeito dos processos reengenheirados. Para ele, as caracteristicas básicas do redesenho dos
processos são: “organizar em tomo de resultados, e não de tarefas, equilibrar autoridade e
responsabilidade e fazer com que essa responsabilidade desça de nível hierárquico”.
48
2.2.2.3 Tecnologia da informação
Atualmente, as organizações precisam responder rápida e eficientemente às
mudanças verificadas para garantirem o seu status quo no mercado "*. Essa resposta muitas
vezes só é possível se a empresa for suficientemente flexível para reestruturar as suas
atividades sem grandes desgastes das áreas envolvidas^^^ “Hoje, o principal desafio das
empresas é o de atender as condições de mudanças e adaptar-se às tensões externas. Nesse
contexto, a utilização de tecnologias informáticas tem sido fiindamental para agilizar e suportar
novos ciclos de negócios nas empresas” *®.
Dentro de uma perspectiva histórica, desde seu ingresso no ambiente
empresarial na década de 1950, os computadores têm mantido estreita relação com a maneira
^'^ROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L„ FEATHER, John J. Op. cit., p. 138. '’^ARR, David K. et al. Op. cit., p.48.’‘‘ham m er, Michael, CHAMPY, James. Reengenharía; revolucionando a empresa. Op. cit., p.80. ’^TJRLAN, José Davi. Op. cit., p. 15.'®Idem, ibidem, p. 15.
pela qual o trabalho organizacional é realizado^'’. Durante muito tempo, porém, o computador
foi usado como uma máquina de processamento científico e comercial. No presente, com os
avanços alcançados na área das comunicações, ele tomou-se uma importante e eficiente
ferramenta de transporte e armazenamento de informações^**.
Gonçalves^* corrobora essa idéia e acrescenta que, os computadores, através
da tecnologia da informação, estão mudando as características do ambiente organizacional.
Isso se deve ao fato de que, a utilização de recursos computacionais aliado às
telecomunicações têm proporcionado a reformulação em larga escala das técnicas de
produção. Sob esse escopo, definir tecnologia da informação adquire significativa relevância
no presente contexto.
De acordo com Joia“ ®, a expressão “tecnologia da informação” foi cunhada por
especialistas da Ciência da Computação, em meados da década de 1970, e passou a traduzir a
ocorrência da fiasão entre a informática e as telecomunicações. Essa denominação, no entanto,
somente obteve notoriedade no campo gerencial a partir do crescimento da utilização das
tecnologias de comunicação por grande parte dos segmentos da sociedade contemporânea^*.
Segundo Silva^^ “a tecnologia da informação pode ser definida como o
conjunto de recursos de hardware (equipamentos), software (programas), meios de
armazenamento e meios de transmissão que combinados permitem guardar, recuperar,
transmitir, transformar, cruzar, calcular e processar informações, de modo a simular uma
determinada situação da realidade”. Sob essa perspectiva, sua aplicação pode variar desde um
49
^^DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit.,43,' JOIA, Luiz Antonio. Reengenbaria e tecnologia da informação. São Paulo: Pioneira, 1994, p.Sl. ' GONÇALVES, José Ernesto de Lima. Reengenharia das empresas; passando a limpo. Op. cit., p.l 10-111.
^°JOIA, Luiz Antonio. Op. cit., p.51.WALTON, Richard. Tecnologia de informação. São Paulo: Atlas, 1993, p.43-47.
“ s i l v a , L u ís Gustavo da. Repensando as organizações de informática. São Paulo: Érica, 1994, p.Ol.
simples cômputo de operações aritméticas até o controle geral de todo um processo de
manufatura^^.
Para King, Grover e HufhageP'*, “a tecnologia da informação é um conjunto de
recursos não-humanos (essencialmente máquinas e programas), responsáveis pelo
armazenamento, processamento e comunicação da informação, e pelo modo como esses
recursos são organizados em um sistema capaz de executar um conjunto de tarefas”. Já
Campos Filho ^* chama de tecnologia da informação o conjunto de hardware e software que
desempenha uma ou mais tarefas de processamento de um sistema de informações, tal como,
coletar, estocar, recuperar, manipular e exibir dados.
Furlan ^® observa que, quando se fala em tecnologia da informação não estão
sendo retratados apenas os computadores; ela abrange toda a forma de gerar, armazenar,
veicular, processar e reproduzir a informação. Ela serve de estímulo à capacidade de análise,
ao colocar a tecnologia inteligente a serviço da organização, gerando um incremento da
informação.
Porter e Millar^^’ afirmam que, “a utilização da tecnologia da informação está
alterando o modus operandi das organizações. Ela tem afetado toda a estrutura do processo de
produção de bens e serviços, além de estar recriando os próprios produtos; a embalagem de
mercadorias, os serviços e as informações que a companhia cria para agregar valor aos seus
clientes”.
50
^^SILVA, Luis Gustavo da. Op. cit., p.Ol.^^CING, W.R, GROVER, V., HUFNAGEL, E. Using information and information technology for sustainable competitive advantage; some empirical evidence. Information and management, v.l7, n.2, sep. 1989, p.89. “ CAMPOS FILHO, Maurício Prates de. Os sistemas de informação e as modernas tendências da tecnologia e
dos negocios. Revista de administração de empresas. São Paulo; FGV, v,34, n.6, p.36.“ FURLAN, José Davi. Qp. cit., p.5.
^^PORTER, M., MILLAR, V. E. How information gives you competitive advantage, Harvard business review, v.63, n.4, Jul/Aug., 1985, p. 150.
Uma vez que a reengenharia significa a remodelagem dos processos de trabalho
da empresa, a tecnologia da informação serve como facilitadora para a ocorrência desse
redesenho organizacional*. Dessa forma, a utilização de todos os recursos tecnológicos
disponíveis figura como um dos passos primordiais para que a reengenharia possa
proporcionar à organização a flexibilização de sua estrutura.
No ponto de vista de Davenport^^^ a tecnologia da informação é ao mesmo
tempo um habilitador e um implementador da mudança de processos. A relação entre ela e as
estruturas baseadas em processos é recíproca; os processos exigem a tecnologia da informação
para realizar a mudança radical, ao mesmo tempo em que se faz necessária a aplicação da
perspectiva de processos para que se possa utilizar as capacidades dessa tecnologia de maneira
interfüncional e impulsionada pelo desempenho organizacional.
Hammer e Champy^” destacam que, “a tecnologia da informação desempenha
um papel crucial na reengenharia das empresas. Ela fornece sustentação à praticamente todas
as fases de criação e implementação dos novos processos, bem como à criação rápida e flexível
de sistemas de apoio a esses processos”. A sua habilidade em transpor as barreiras existentes
entre a estrutura fiancional e as atividades do trabalho organizacional é que a transforma em
uma das bases do redesenho dos processos^V
O objetivo de construir sistemas de informação que superem os limites
fiincionais, tem se configurado, portanto, como uma das principais contribuições da tecnologia
da informação nos esforços de implementação dos programas de reengenharia^^. Em suma.
51
“ SELVA, Luis Gustavo da. Op. cit., p. 119.^^AVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit., p.351.^‘ÏIAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucinando a empresa. Op. cit., p.67. “ ’idem, ibidem, p.73.^^AVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit., p.45.
isso representa a capacidade de desenvolver um tipo de sistema de informação que una os
diferentes departamentos e divisões da empresa^^.
Um sistema de informação, segundo Polloni '*, é qualquer sistema usado para
prover informações, incluindo seu processamento, qualquer que seja sua utilização. Assim, um
sistema de informação consiste de um conjunto de módulos interrelacionados, implementados
via computacional ou não, que possibilitam o acesso às informações de forma independente à
sua localização, a fim de permitir a consulta, recuperação ou alteração das informações
armazenadas, para atendimento de uma necessidade específica dentro da empresa ou de uma
comunidade.
Sistema de informação, segundo Wysk^^ , “é aquele sistema homem-máquina
que atende às necessidades de informação de um indivíduo, grupo ou tarefa, definidas a partir
de medidas que as quantifiquem, de maneira que uma organização é atendida por uma rede de
sistemas de informação”. Cardoso^® sustenta que “um sistema utilizado para prover
informação, qualquer que seja o uso feito dessa informação, é denominado Sistema de
Informação (SI)”.
Já um sistema de informação interfiincional pode ser entendido como uma
combinação lógica e interdependente entre os recursos organizacionais e a tecnologia da
informação, arranjados de maneira a proporcionar a completa integração entre os processos da
empresa e os meios tecnológicos disponíveis, tanto a nível de hardware (mainfi’ames e personal
computers) quanto de software (sistemas de estoque, vendas, materiais etc.)^’.
52
“ ¾AVE^IPORT, Thomas H. Reengenharía de processos. Op. cit., p.45.“ ' OLLONI, Enrico G. F. MIS: management information system - a estratégia da Informação. São Paulo: Thema Editorial, 1991.^^WYSK, R. B. Métodos de planejamento de sistemas de informação. Rio de Janeiro; UFRJ, 1980, p.56. ^^ARDOSO, O. R. Análise dos sistemas para o desenvolvimento de SIG. XIV ENANPAD. Belo Horizonte: Anais, 1990, v. 7, p.30.^^^FURLAN, José Davi. Op. cit., e JOIA Luiz Antonio. Op. cit.
A ocorrência dessa integração, porém, está condicionada à capacidade de
informatização dos processos. Contrariando a definição de automação, esse conceito enfoca
fundamentalmente a colocação de recursos tecnológicos à disposição dos executores das
atividades organizacionais, permitindo a esses optarem pela forma que os mesmos venham a
considerar mais lógica e eficaz de realizar seu trabalho^*.
Walton^^ estabelece a diferença entre a automação e informatização. Em sua
concepção, “automatizar significa a aplicação de tecnologia que aumenta as capacidades de
iniciativa, a auto-regulamentação e a autocorreção dos sistemas. Informatizar é a aplicação da
tecnologia que traduz objetos, eventos e processos em dados e expõe esses dados”.
De maneira mais perceptível, Davenport '*® explicita que, a automação se refere
à utilização da tecnologia da informação como recurso eliminador do trabalho humano e
criador de um processo mais estruturado. Por outro lado, o autor afirm^ que a informatização
pode ser descrita como uma fonte usada para captar informações sobre o desempenho de
processos, proporcionando maiores recursos para que as decisões possam ser tomadas com o
maior número de subsídios possíveis.
Hammer e Champy '^* ressaltam que, a reengenharia, à diferença da automação,
traz em sua essência a informatização. Enquanto a automação corresponde à utilização de
recursos tecnológicos para a execução de atividades de trabalho de maneira semelhante, a
informatização diz respeito ao emprego da tecnologia como instrumento de apoio à criação de
novas formas de realizar o trabalho organizacional '* .
53
“ ®FURLAN, José Davi. Op. d t, p.38.^ ®WALTON, Richard Op. at., p.33.^' AVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit., p.59-60.'"ham mer, Michael, CHAMPY, James. Reengenharia: revolucionando a empresa. Op. cit, p.68-69. '' SILVA, Luis Gustavo da. (¾). cit., 1994.
Segundo Walton '* , as implicações organizacionais das tecnologias de
informatização contrastam nitidamente com os pressupostos da automação. A tecnologia da
informação desenhada para automatizar operações usualmente elimina pessoal, devido à
redução da necessidade de operadores para o sistema de produção, ao mesmo tempo em que
retira desses a iniciativa de contribuição ao processo. A informatização, ao contrário da
automatização, é direcionada para a expansão do acesso à informação e adoção de sistemas
menos determinísticos, provendo condições para habilidades cognitivas em alto nível.
Contudo, deve-se reconhecer o papel desempenhado pela automação na
implantação de ferramentas de tecnologia em uma empresa. Ela representa, em muitos casos,
toda a estrutura física de um sistema de informação. A automação, todavia, figura apenas
como um instrumento para o alcance da informatização organizacional '*'*. Walton '** destaca
que essas capacidades contrastantes da tecnologia da informação podem coexistir no mesmo
sistema: “de fato, a capacidade informativa de um sistema fi-eqüentemente evolui a partir da
capacidade de automação”.
Identificada a relevância do desenvolvimento de um sistema de informações
interfimcional e informatizado, ao invés de fimcional e automatizado, na implantação da
reengenharia de processos, e, partindo-se da premissa de que os processos redesenhados serão
integrados através da utilização de recursos computacionais, descrever esses reveste-se de
suma importância.
Inicialmente, cabe destacar que existem basicamente três tipos de ferramentas
tecnológicas que têm sido amplamente empregadas pelas organizações nas últimas duas
décadas; os mainfi-ames, que surgiram na década de 1970; os computadores pessoais {Personal
54
^ ^WALTON, Richard Op. cit., p.34.“•^AVENFORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Op. cit., p.47-49. '' WALTON, Richard Op. cit., p.33.
Computers-PCs), desenvolvidos no início dos anos 80 e; seguindo-se a ordem cronológica dos
fatos, a plataforma Cliente-Servidor, que emergiu no final da década de 1980 como um novo
conceito de base tecnológica organizacional '* .
Os mainframes tem sua maior utilização no processamento de grupos de dados
que se relacionam a um determinado tipo de atividade organizacional. Eles se adequam melhor
a este gênero de tarefa devido a capacidade limitada de processamento dos mesmos, que os
restringe a servirem a um único local de trabalho '*’. Entretanto, a grande limitação dessa
ferramenta é a incapacidade de proporcionar a completa integração dos processos
organizacionais. Ao invés de organizar e racionalizar as atividades, os sistemas implantados em
mainfi-ame tendem a fazer com que as atividades se enquadrem à nova forma de tratamento de
suas informações, o que provavelmente só irá causar maiores problemas para o fluxo do
trabalho '**.
Quanto aos computadores pessoais (PCs), os mesmos foram inicialmente
destinados à utilização individual, tendo softwares básicos destinados ao processamento de
textos, criação de gráficos e tabelas, mas não ao processamento em grande escala. Contudo, o
advento das redes internas e externas de comunicação fez com que essa ferramenta
experimentasse uma revitalização em sua versatilidade e capacidade de processamento '* .
Além do mais, os usuários passaram a contar com uma unidade individual de processamento,
capaz de realizar um número considerável de atividades até então inviáveis para os mesmos^®.
Em relação a tecnologia Cliente-Servidor, Cruz^’ afirma que a mesma pode ser
entendida como “uma plataforma composta de vários equipamentos que possuem capacidade
55
^'^ORRIS, Daniel, BRANDON, Joel. Op. cit., p. 241. ibidem, p.242.
'“CRUZ, Tadeu. Reengenharia na prática. São Paulo: Atlas, 1995, p.59-60. “ Ideni, ibidem, p.57-67.
“ °JOIA, Luiz Antonio. Op. cit." 'CRUZ, Tadeu. Op. cit., p.59.
de processar um grande ‘job’, ou um ‘conjunto de tarefas’, em partes, repartindo-o entre si a
fim de terminá-lo mais rapidamente”. O equipamento principal, também chamado de Servidor,
incumbe-se de procurar outro equipamento participante do conjunto que, estando livre, auxilia
no processamento de parte do trabalho, que será devolvido ao equipamento que solicitou o
compartilhamento, assim que a fração de trabalho estiver pronta.
A arquitetura Cliente-Servidor, entretanto, é muito mais do que simplesmente
transferir aplicações de um tipo de computador para outro. Ela permite que cada parte do
processo tenha o tratamento das informações pertinentes a cada atividade no local onde essas
são necessárias. Sob essa ênfase, os novos sistemas devem ser construídos de forma a dar a
cada atividade, ou a um grupo delas, a possibilidade de ter o controle da parte do sistema
processada localmente, integrando-o aos outros subsistemas de forma transparente para os
' • 252usuanos
Nesse contexto, Cruz^” destaca que a plataforma Cliente-Servidor oferece
possibilidades infinitas, que quando convenientemente exploradas, podem servir para melhorar
de forma expressiva qualquer processo. Dreyfuss "*, dentro dessa linha de pensamento,
argumenta que a ampla conectividade de um Cliente-Servidor viabiliza redes heterogêneas,
locais e amplas, permitindo o trabalho de forma racionalizada e em menor tempo.
Com isso, ao empregar técnicas de reengenharia, o poder de processamento das
plataformas Cliente-Servidor em conjunto com a estrutura de mainframe, aliados aos recursos
simplificados dos PCs permitirão um nivelamento do esforço de trabalho rumo ao atendimento
de novas necessidades de negócios e premissas tecnológicas, buscando concretizar a
56
2^^RUZ, Tadeu. Op. cit., p.59.“ Idem, ibidem, p.60.^ ''DREYFUSS, Cassio. A análise da informação e a tecnologia no redesenho dos grupos de trabalho, apud GONÇALVES, José Ernesto de Lima. Reengenharia das empresas: passando a limpo. Op. cit., p. 126.
integração dos processos organizacionais aplicados sobre uma base tecnológica caracterizada
pela rápida adaptação às mudanças ambientais^” .
Neste sentido, Walton ^® alega que a integração entre tecnologia da informação
e organização pode ser resumida do seguinte modo: a eficácia da implementação depende
crucialmente de, [1] gestão adequada (adotando em particular, um alinhamento entre as
estratégias de negócios, tecnologia e organização): o sistema em uso é consistente com as
estratégias tecnológicas e organizacionais; [2] alto comprometimento organizacional, suporte
dos líderes e aceitação do sistema: os usuários devem perceber o sistema como sendo sua
propriedade, seu instrumento de trabalho; e [3] forte competência, em geral, e domínio dos
usuários, em particular: o sistema utilizado deve ser dominado por seus usuários, os quais
continuam a aprender e que, idealmente, influenciam a evolução contínua do sistema.
Embora não existam certezas sobre a utilização de uma metodologia específica
para a consecução das medidas necessárias à implementação de processos que estejam
comprovadamente integrados pela capacidade tecnológica da empresa, deve-se levar em
consideração que alguns teóricos como Davenport^^’ e Hammer^^* têm advogado que o
alinhamento entre as bases processuais, tecnológicas e humanas é que capacitarão à
organização vislumbrar um novo modo de atingir seus resuhados.
Não obstante, para cada exemplo da tecnologia da informação como um
instrumento de novos projetos de processo, há quase que invariavelmente também uma
mudança de âmbito organizacional ou de recursos humanos. Por exemplo, a criação de uma
força de trabalho mais diversificada, com maior delegação de poderes, eliminando níveis
57
^ FURLAN, José Davi. Op. cit., p.81.^ ®WALTON, Richard. Op. cit., p. 16, 17, 197.’^AVENPORT, Thomas H. Reengenharía de processos. Op. cit.
^ ^HAMMER, Michael, CHAMPY, James. Reengenharía: revolucionando a empresa. Op. cit.
hierárquicos, criando equipes de trabalho autogeridas, combinando funções, atribuindo
responsabilidades mais amplas e aprimorando os conhecimentos, são algumas das mudanças
organizacionais e de recursos humanos que freqüentemente acompanham o uso da tecnologia
da informação^^ .
Portanto, apesar de seu grande potencial, a tecnologia da informação não pode
mudar, por si mesma, os processos, pois ela não se constitui no único recurso para isso.
Segundo Davenport^®®, “existem alguns teóricos que sugerem que os instrumentos primordiais
da mudança nas organizações são a tecnologia (inclusive as tecnologias não baseadas na
informação) e os fatores organizacionais e humanos”.
58
^^AVEMORT, Thomas H. Reengentaaría de processos. Op. cit., p.21. ®°Idem, ibidem, p.21.
3 METODOLOGIA
No capítulo anterior foi apresentada a base de conhecimentos teórico-empíricos,
onde tratou-se da reengenharia. AJém disso, foram abordadas as principais ferramentas para
promover a mudança a que ela se propõe, que são, a formação de equipes de trabalho
interfiincionais, o redesenho dos processos e a tecnologia da informação.
As noções apresentadas embasam o presente trabalho e conduzem o referencial
metodológico a ser empregado para a coleta e análise dos dados, cujo objetivo constitui-se em
identificar os fundamentos das propostas de implantação da reengenharia em empresas, dando
ênfase para os instrumentos e técnicas utilizados para a efetivação da mesma dentro do
contexto de cada uma das organizações pesquisadas.
Nesse capítulo, pretende-se descrever o método utilizado para a consecução
dos objetivos do trabalho. Busca-se justificar o uso do estudo de multicasos para o alcance
desses objetivos, bem como, caracterizar os procedimentos adotados para o levantamento dos
dados.
3.1 Especificação do problema
A presente investigação é orientada pelo seguinte pressuposto: a implantação de
um programa de reengenharia, entendido como uma nova forma de gerir a organização, afeta a
configuração dos processos existentes, redireciona o trabalho dos indivíduos e redimensiona a
utilização da tecnologia da informação.
3.1.1 Perguntas de pesquisa
A investigação empírica do problema formulado nesta pesquisa foi conduzida
pelas seguintes perguntas, relativas à implantação do programa de reengenharia;
a) A reengenharia é estabelecida seguindo-se um conjunto pré-definido de
procedimentos?
b) Sua implementação altera a maneira pela qual o trabalho é feito?
c) A mesma proporciona o enriquecimento dos cargos?
d) A reengenharia modifica a estrutura organizacional?
e) Ela modifica os critérios para o agrupamento de tarefas?
0 Essa abordagem requer a alteração da tecnologia da informação para
promover a informatização dos processos organizacionais?
3.1.2 Definição constitutiva de termos e variáveis
• Reengenharia
“É o repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais
que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos de desempenho, tais como
custos, qualidade, atendimento e velocidade” ®’.
60
261 CROSS, Kelvin F., LYNCH, Richard L., FEATHER, John J. Op. cit., p. 18.
• Procedimentos de reengenharia
Diz respeito às ações empregadas nas empresas para identificar e reestruturar
seus processos e alocar equipes de trabalho voltadas para os mesmos.
• Estrutura organizacional
Refere-se “às distribuições, em diversos sentidos, das pessoas entre posições
sociais que influenciam as relações de papel entre essas pessoas”^ . Essa definição pressupõe
duas implicações. Uma é a diferenciação vertical, através da divisão hierárquica da
organização, onde as posições que as pessoas ocupam possuem normas e regulamentos que
especificam, em graus variáveis, como seus ocupantes devem comportar-se nessas posições. A
segunda refere-se à diferenciação horizontal, mais especificamente, a divisão do trabalho, pela
qual atribuem-se às pessoas tarefas ou trabalhos diferentes dentro das organizações^^.
Diferenciação vertical
A diferenciação vertical indica os níveis hierárquicos da organização. Os
estudos da diferenciação vertical têm usado parâmetros diretos de
estratificação da hierarquia. Pugh, Hickson, Hinings e Tumer ®** dizem que
a diferenciação vertical refere-se à relação entre o número de posições
entre o executivo principal e os empregados que trabalham na produção.
Cargo
“Refere-se ao título conferido a um conjunto de atividades desenvolvidas
por um indivíduo dentro de uma organização, correspondente a
61
^®¾LAU, Peter. On the nature of organizations. New York: John Wiley and Sons Inc, 1974, p. 12. “ ^lALL, Richard H. Op. cit., p.37.
Derek S. et al. apud HALL, Richard. Op. cit., p. 57.
determinada classificação hierárquica e salarial na sua estrutura
organizacional”^ .
Diferenciação horizontal
A diferenciação horizontal refere-se à “divisão, filiais, unidades regionais,
subsidiárias e similares, assim como os departamentos divididos em funções
principais, tais como, marketing, produção e pessoal” ®*. São as subdivisões
existentes em um mesmo nível hierárquico na organização.
• Processo
Davenport^®’ conceitua processo como “uma ordenação específica das
atividades de trabalho no tempo e espaço, com um começo, um fim, e inputs e outputs
claramente identificados: uma estrutura e uma ação. Um conjunto de atividades estruturadas e
medidas a resultar num produto especificado para um determmado cliente ou mercado”.
• Atividade
Compreende um “conjunto de tarefas reunidas de acordo com critérios de
complementaridade e similaridade” ®*.
• Enriquecimento do cargo
Consiste em aumentar deliberada e gradativamente os objetivos, as
responsabilidades e os desafios das tarefas do cargo. "‘É a substituição de cargos
excessivamente estruturados e estagnados, por cargos mais abertos e livres”
62
“ ¾ELLAGNELO, Eloise H. L. O impacto da informática na divisão do trabalho: o caso do Centro de Operações da Telesc. Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal de Santa Catarina, 1990, p.50.^^WASNICKA, Eimice Lacava. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 1990, p. 173. ®’DAVENP0RT, Thomas H. Reengenharía de processos. Op. cit., p.7.
^^DELLAGNELO, Eloise H. L. Op. cit., p.50.^®®CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharía. Op. cit., p. 105.
• Tecnologia da informação
“É o conjunto de hardware e software que desempenha uma ou mais tarefas de
processamento de informações do Sistema de Informações (S.I.), tal como, coletar, transmitir,
estocar, recuperar, manipular e exibir dados. Aí podem estar incluídos microcomputadores,
mainframes, estações de trabalho, banco de dados etc”. ’**
63
3.1.3 Definição operacional de termos e variáveis
• Reengenharia
Verificar os procedimentos que a empresa utilizou para realizar a reengenharia.
• Procedimentos de reengenharia
Identificar as fases do projeto e da implementação do programa de reengenharia
na Tintas Renner e no Grupo Gerdau.
• Estrutura organizacional
Será operacionalizada através de indicadores e dimensões, os quais são:
Diferenciação vertical
Verificar o número de níveis hierárquicos existentes na estrutura
organizacional dos setores envolvidos no processo, antes e após a
reengenharia.
^ °FILHO, Maurício Prates Campos. Os sistemas de informação e as modernas tendências da tecnologia e dos negócios. Revista de administração de empresas. São Paulo: FGV, v. 34, n.6, nov/dez. 1994, p.36.
Cargo
Verificar o nome dado ao posto que um indivíduo ocupa, as atividades que
executa, o seu nível hierárquico, a área onde está localizado, o seu superior
imediato e os seus subordinados, antes e após a reengenharia.
Diferenciação horizontal
Verificar o número de áreas existentes num mesmo nível hierárquico antes e
depois da reengenharia.
• Processo
Verificar o critério utilizado para agrupar as atividades realizadas pela empresa,
antes e após a reengenharia.
• Atividade
Verificar qual trabalho o indivíduo realiza em seu cargo e como este é feito,
antes e depois da reengenharia.
• Enriquecimento do cargo
Verificar se houve incremento da autonomia, aumento da participação nas
decisões e adição de novas responsabilidades ao indivíduo membro de uma equipe de
processos, após a implementação do programa de reengenharia.
• Tecnologia da informação
Verificar as características da tecnologia da informação antes e depois da
reengenharia.
64
3.2 Delineamento da pesquisa
Segundo Kerlinger^^\ pode-se definir delineamento como sendo o plano e a
estrutura da investigação, concebidos de forma a permitir a obtenção de respostas para as
perguntas da pesquisa. Dessa forma, a palavra delineamento focaliza a maneira pela qual um
problema de pesquisa é conceituado e colocado em uma estrutura, de modo a se tomar um
guia para a exploração, coleta e análise de dados.
Dentro deste contexto, Selltiz et al. ’ propõem que o método a ser utilizado
para a condução de uma pesquisa se relaciona com os objetivos da mesma. De acordo com
esses autores, uma pesquisa pode objetivar:
a) adquirir familiaridade com um fenômeno ou compreendê-lo, de modo novo,
para formular os problemas de forma mais precisa ou, ainda, criar novas
hipóteses;
b) apresentar as características de uma situação, de um grupo ou de um
individuo;
c) determinar a fi-eqüência com que algo ocorre ou com que está ligado à
alguma outra coisa (geralmente, mas não sempre, à uma hipótese inicial
específica);
d) verificar uma hipótese de relação causai entre variáveis.
65
^ 'KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceituai. São Paulo: EDUSP, 1979, p.94.^ SELLTIZ, Claire et al. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: E.P.U., 1974.
No que diz respeito aos trabalhos científicos que se relacionam com o primeiro
propósito, Selltiz et al. ’ os chamam de estudos exploratórios. A principal característica
desses é a utilização de um plano de pesquisa flexível, a fim de permitir a consideração de
diversos aspectos de um fenômeno. Nos estudos que objetivam o segundo e o terceiro
propósitos, a exatidão merece mais atenção, ou seja, o planejamento deve reduzir ao mínimo
as predisposições e assegurar ao máximo a confiabilidade das evidências deduzidas. Os autores
denominam esses estudos de descritivos. Os estudos do quarto tipo não só demandam sistemas
que reduzam a predisposição e aumentem a segurança, como também, que permitam
inferências sobre a causalidade. Esses recebem o nome de experimentais.
Sob essa perspectiva, a revisão da literatura realizada para atender os objetivos
da presente dissertação mostra que ela se relaciona basicamente à uma dimensão exploratória.
Segundo Tripodi, Fellin e Meyer^’'*, estudos exploratórios são investigações de pesquisa
empírica que têm como finalidade a formulação de um problema ou questões, desenvolvendo
hipóteses ou aumentando a familiaridade de um investigador com um fenômeno ou ambiente
para uma pesquisa fiitura mais precisa.
Dentro dos preceitos de um estudo exploratório, este trabalho foi dividido em
duas etapas: pesquisa em fontes secundárias e estudo de multicasos. A pesquisa em fontes
secundárias ocorre por meio de uma revisão bibliográfica sobre o tema de estudo, a fim de que
o pesquisador entre em contato e, ao mesmo tempo, atualize-se sobre o desenvolvimento do
conhecimento na área de interesse, evitando, assim, que sejam investigadas questões já
anteriormente respondidas.
66
■' ELLTIZ, Claire, et al. Op. cit.’“'tripodi, t ., fellin , p ., MEYER, H. Análise da pesquisa social. Rio de Janeiro; Francisco Alves, 1981,
p.65.
Antes de abordar os estudos de multicasos, cabe apresentar o conceito de
estudo de caso. Triviños^’ afirma que esse pode ser definido como “urna categoria de pesquisa
cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente”. Esta especificidade refere-se àquilo
que o caso tem de único, incomum, podendo, porventura, ocorrerem semelhanças com outros
casos estudados^’ .
No que diz respeito aos estudos de multicasos, Triviflos^’’ sustenta que os
mesmos diferem do estudo comparativo de casos, pelo fato de propiciarem ao pesquisador a
possibilidade de estudar dois ou mais sujeitos, organizações etc, sem a necessidade de
perseguir objetivos de natureza comparativa. Poderia ser citado como exemplo, o estudo de
duas escolas técnicas que formam auxiliares de contabilidade (aspectos fisicos, história de suas
vidas, evolução, matrícula, tipo de professores, número de profissionais formados, perspectivas
dos estudantes em relação a seu fiituro no mercado ocupacional etc).
Nesse contexto, o uso do estudo de multicasos se justifica, de acordo com
Yin^’*, pelo fato de permitir a formulação de um número maior de perguntas em relação a um
caso individual, trazendo à tona uma série de elementos que possam corroborar os achados.
A perspectiva do presente estudo caracteriza-se como transversal, isto é, os
dados serão coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra selecionada para
descrever uma população nesse determinado momento. Nesse caso, identifica-se a população
relevante, escolhe-se a amostra e realiza-se a pesquisa^’ .
67
^ TRTVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais; a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995, p.l33.^ ®LUDKE, Menga, ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U, 1986, apud TRTVIÑOS, Augusto N. S. Idem, ibidem, p. 133-134.’^TRTVIÑOS, Augusto N. S. Op. cit., p. 136.
Robert K. Case study research: design and methods. Newbuiy Paik: Sage publications, 1990. ^ ®RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985, p.93, 95.
A abordagem metodológica é qualitativa. De acordo com Triviftos *®, a pesquisa
qualitativa parte da descrição que busca captar não só a aparência do fenômeno, como também
sua essência, buscando as causas da sua existência, explicar sua origem, suas relações, suas
mudanças.
O nível de análise da pesquisa é organizacional, contemplando duas
organizações do setor privado: Tintas Renner S. A. e Grupo Gerdau, respectivamente, do setor
químico e siderúrgico. A unidade específica de análise, em ambas as empresas, corresponde a
um determinado segmento do processo produtivo.
68
3.3 População e amostra
A população deste estudo compreende os integrantes do processo de
abastecimento, das áreas de produção e vendas da Tintas Renner S.A, localizada no distrito
industrial de Gravataí - RS, e os membros das áreas comercial, financeira e de sistemas da
matriz do Grupo Gerdau S.A., situada em Porto Alegre - RS.
A amostra tirada da população é do tipo intencional, uma vez que relaciona-se
intencionalmente de acordo com certas características estabelecidas no plano e nas perguntas
de pesquisa formuladas^**.
Na Tintas Renner S.A. entrevistou-se 3 (três) ocupantes do primeiro escalão
(Gerentes) das unidades participantes da reengenharia; as 3 (três) chefias diretas (Supervisores)
das mesmas; e 3 (três) funcionários que possuem cargos de confiança (engenheiro, químico)
nessas unidades.
“°TRIVIÑOS, Augusto N. S. Op. cit., p. 116-117. 'RICHARDSON, Roberto J. Op. cit., p. 107.
No Grupo Gerdau S.A. foram entrevistados 3 (três) ocupantes do primeiro
escalão (Gerentes de área) das unidades envolvidas no programa de reengenharia; as 3 (três)
chefias diretas (Assistentes de Gerência e Analistas de Sistemas) dessas unidades; e 3 (três)
indivíduos que desempenham cargos de confiança (Supervisores) dentro das referidas
unidades.
69
3.4 Dados
Serão evidenciados na presente subseção, os tipos de dados, os instrumentos de
pesquisa, a coleta e o tratamento dos dados utilizados na pesquisa.
3.4.1 Tipos de dados
Os dados coletados na presente pesquisa são de dois tipos; primários e
secundários.
Primários: aqueles coletados, pela primeira vez, pelo pesquisador como parte da
pesquisa, através das informações iniciais e observações diretas e
indiretas, como parte da investigação.
Secundários: dados já disponíveis na empresa, contidos em documentos como
manuais e relatórios técnicos, boletins informativos e publicações
internas, dentre outros.
3.4.2 Instrumentos de pesquisa
Procurando atingir os objetivos da dissertação, foram utilizados como
instrumentos de pesquisa, entrevistas semi-estruturadas para a obtenção dos dados primários e
a investigação de documentos para a captação dos dados secundários.
Segundo Triviños^* , pode-se entender por entrevista semi-estruturada, aquela
que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam
à pesquisa, e que oferecem amplo campo de interrogações, à medida que se recebe as
respostas do informante.
No presente trabalho foram utilizados três diferentes roteiros de entrevista semi-
estruturada. A aplicação dos mesmos variou de acordo com o nível de abrangência do
entrevistado com o programa de reengenharia. Dessa forma, um dos roteiros relacionava-se a
questões de nível estratégico (decisões a serem tomadas pela empresa ao engajar-se na
abordagem da reengenharia) - ANEXO 1 - outro a nível de implementação (ações para
implantar o programa de reengenharia) - ANEXO 2 - e o último a nível operacional (para
indivíduos não envolvidos diretamente na criação e implementação do redesenho dos
processos) - ANEXO 3.
A investigação de documentos diz respeito a todas as informações impressas
colocadas à disposição do pesquisador, por parte das empresas.
70
^^TRTVIÑOS, Augusto N. S. Op. cit., p. 146.
3.4.3 Coleta de dados
Com o objetivo de responder ao problema da pesquisa, considerou-se como
dados os obtidos nas entrevistas semi-estruturadas realizadas e no exame de documentos.
As entrevistas semi-estruturadas foram conduzidas pelo próprio autor do
trabalho e realizadas entre março e maio de 1997. Os entrevistados foram executivos e
funcionários detentores de cargos de confiança. Todos manifestaram-se sobre a reengenharia,
as principais modificações provocadas por ela e a participação deles nesse processo de
mudança.
Nesse contexto, o processo de coleta dos dados primários foi guiado pelo
pesquisador com base em um roteiro básico, composto, predominantemente, de questões
abertas, por meio do qual procurou-se enfatizar os pontos de interesse para a verificação dos
objetivos da pesquisa. Todas as entrevistas foram gravadas, com autorização da direção de
ambas as empresas. Concomitantemente, o entrevistador realizava anotações consideradas
relevantes para o estudo.
Somado a isso, alguns dos entrevistados demonstravam in loco o que estavam
descrevendo, através da condução do entrevistador para o local físico onde tais relatos se
faziam concretos.
Quanto aos dados secundários, esses foram obtidos por meio da consulta de
publicações, impressos internos e outros documentos organizacionais condizentes à
reengenharia.
71
3.4.4 Tratamento dos dados
A natureza do tratamento dos dados coletados desta pesquisa foi
predominantemente qualitativa, tendo-se, para isso, utilizado as técnicas de análise de
conteúdo e documental.
Os dados primários foram analisados através da técnica de análise de conteúdo.
Para Bardin^* , a análise de conteúdo é, particularmente, utilizada para estudar material do tipo
qualitativo (ao qual não se pode aplicar técnicas aritméticas). Ela pode ser definida como “o
conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, através de procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos
ou não) que permitam inferir conhecimentos relativos às condições de produção/recepção
(variáveis inferidas) dessas mensagens” *'*.
Os dados secundários foram analisados por análise documental. Essa, conforme
destaca Richardson^**, trabalha sobre os documentos, sendo essencialmente temática, e tem
como objetivo a determinação fiel dos fenômenos sociais.
72
3.5 Limitações da pesquisa
Embora se tenha procurado alcançar o maior rigor possível nas análises e
procedimentos empregados na presente pesquisa, convém salientar algumas limitações que lhe
foram impostas.
^¾ARDIN, L. apud RICHARDSON, Roberto J. Op. cit., p. 176.ibidem, p. 176.
^*^[CHARDSON, Roberto J. Op. cit., p. 184.
Deve-se levar em conta a limitação que a utilização do método de estudo de
multicasos impõe ao presente trabalho. Mesmo possibilitando uma abordagem total e intensiva
das variáveis escolhidas dentro das organizações em estudo, esse método caracteriza-se por
estar restrito à situação específica das empresas estudadas, não permitindo a generalização das
conclusões para outras organizações.
Contudo, o caráter da pesquisa aqui proposta não é conclusiva, mas
exploratória, buscando identificar o maior número de hipóteses que possam, por ocasião de
outro estudo, serem testadas e confirmadas.
73
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS CASOS___________
4.1 Descrição e análise do caso da Tintas Renner S.A.
4.1.1 Apresentação da empresa
o Grupo Renner Hermann iniciou suas atividades no início deste século, na
cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele possui, atualmente, diversos
empreendimentos, com atividades ligadas principalmente à área industrial química. Dentre eles,
destaca-se a empresa Tintas Renner S.A., fabricante de tintas de uso industrial, decorativa,
automotiva, entre outras soluções em pinturas. Trata-se de uma empresa com 3.000
ftincionários e faturamento anual de seiscentos milhões de dólares, líder nacional no mercado
de tintas.
Porém, no início da década de 1990, a Tintas Renner S.A. passou por uma
reorganização administrativa com o intuito de conquistar maior flexibilidade gerencial. A
produção foi desmembrada em “Unidades de Negócios”, sendo que cada Unidade passou a ser
gerida por diretoria própria. A autonomia comercial e gerencial das Unidades, entretanto,
continuou subordinada às metas gerais da organização, traçadas pelo Conselho diretor da
empresa.
Essa reestruturação fez com que se alterasse o funcionamento da organização,
dividindo sua atuação e estrutura em segmentos de mercado. Com isso, foram criadas seis
Unidades de Negócios fornecedoras de produtos específicos; repintura automotiva, pintura
automotiva original, revestimento de embalagens, decorativa e geral.
Essas Unidades de Negócios estão distribuídas geograficamente entre os
estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. No Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre,
está localizada a sede da empresa (head office). Além disso, no distrito industrial da cidade de
Gravataí encontram-se as Unidades de Negócios Decorativa e Gerai Sul. No estado de São
Paulo, na cidade de Guarulhos, localizam-se as Unidades de Negócios Geral, Repintura
automotiva. Automotiva original e Revestimento.
Quanto a abrangência de mercado, as Unidades de Negócios foram divididas em
regiões. As Unidades Decorativa, Repintura automotiva. Automotiva original e Revestimento,
devem atender todas as regiões do país. Já a Unidade de Negócios Geral Sul centraliza suas
operações para o mercado consumidor da região Sul, compreendida pelos estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Por sua vez, a Unidade Geral atua nas demais regiões
do país.
Quando a organização dividiu seus segmentos de atuação em Unidades de
Negócios, ela também criou uma estrutura interna para as mesmas. Basicamente, o que buscou
foi a mínima sistematização necessária para a implantação e funcionamento de uma fábrica de
tintas. À nova disposição, foi atribuído o nome de desenho VLP, por ser formada tão somente
pelas subunidades de Vendas, Laboratório e Produção, consideradas o cerne das atividades das
Unidades de Negócios da Tintas Renner S.A.
No que diz respeito às áreas administrativas e de sta ff (recursos humanos,
financeiros, materiais, sistemas, transporte e manutenção), estas foram chamadas de áreas de
apoio, no plano de reengenharia da organização. Elas tiveram sua gestão centralizada no head
office da empresa, embora, fisicamente, estejam agrupadas em Unidades de Serviços, alocadas
nas “Plantas da companhia” *®. Cabe salientar que, cada “planta” possui uma única Unidade de
Serviços que deve atender todas as Unidades de Negócios ali localizadas.
É conveniente ressaltar que, para o presente estudo, optou-se por pesquisar a
ocorrência da reengenharia na ‘Tlanta” localizada em Gravataí - RS, na Unidade de Negócios
75
“Planta” é o nome dado ao local físico onde estão instaladas as Unidades de Negócios da empresa. A Tintas Renner S.A. possui duas plantas: a de Gravataí - RS e de Guarulhos - SP.
Geral Sul, mais especificamente, no “processo piloto de abastecimento”. Essa escolha deve-se
ao fato de que, o projeto de reengenharia desenvolvido na área de apoio de administração de
materiais, nessa Unidade, tem servido de referência à implementação dessa ferramenta de
gestão em outras empresas do Grupo Renner Hermann.
4.1.2 O programa de reengenharia na Tintas Renner S.A.
A reestruturação pela qual passou a empresa, fez com que essa obtivesse uma
melhora considerável em seus resultados operacionais. No entanto, o progresso alcançado
ficou aquém do esperado. As análises realizadas por consultores e auditores externos
indicaram que, entre outras, a alta quantia destinada a cobrir as despesas com os serviços
prestados pelas diversas áreas de apoio da empresa, figurava como uma das principais causas
do não atingimento da performance almejada.
Esta incongruência gerada pelos altos custos dos serviços das áreas de apoio, na
perspectiva de alguns executivos, era conseqüência da estanqueidade existente entre os
objetivos dessas com os das Unidades de Negócios.
“Havia dentro de cada planta da companhia um diretor administrativo das áreas de apoio, que coordenava a prestação de serviço destas. Por exemplo, se uma Unidade de Negócios necessitava serviços de sistemas, a área de apoio de CPD atendia
tais necessidades e repassava os custos para aquela. Em outras
palavras, as áreas de apoio realizavam um serviço de terceirização
interna, onde seus custos eram rateados entre as Unidades de
Negócios ” (Planejador de materiais).
Dessa forma, o sistema de rateio dos custos dos serviços prestados pelas áreas
de apoio, entre as Unidades de Negócios, fazia com que, em determinados momentos, algumas
dessas não fossem tão competitivas, devido ao impacto de tais custos em seus resultados.
76
Adicionalmente, nessa mesma época o pais estava passando por profundas
mudanças político-econômicas; a troca da moeda e a adoção de medidas austeras de combate à
inflação. O congelamento de preços impossibilitava às empresas repassarem o aumento de seus
custos de produção ao mercado. Concomitantemente, a abertura de quase todos os segmentos
de mercado acirrou a concorrência. Assim, muitas organizações foram obrigadas a criar
estratégias de diminuição de custos.
^''Basicamente a idéia da reengenharia surgiu em 1994. A
implementação do Plano Real aumentou a concorrência entre as
empresas do segmento das indústrias de tintas. A abertura de
mercado também teve importância” (Gerente de suprimentos e
qualidade).
Dadas as circunstâncias, a implantação de um programa de reengenharia foi
inicialmente insinuada por um dos membros do Conselho da empresa, no caso o presidente da
Du Pont do Brasil, detentora de 23% das ações da Tintas Renner S.A.. Este sugeriu que a
companhia poderia se utilizar das mesmas técnicas que a Du Pont norte americana e sua filial
brasileira usaram para implementar uma nova forma de modelo organizacional, que trouxesse
rápido retomo para a empresa: a reengenharia de processos.
“/1 rapidez com que a reengenharia apresenta resultados fo i um
item Jundamental na escolha. Principalmente pelo fato da Tintas
Renner S.A. naquele momento necessitar de uma forma ágil de
reduzir custos sem repassá-los ao mercado. O foco da reengenharia
na Tintas Renner S.A. foi a revisão das estruturas de custos nas
áreas de apoio.’’' (Planejador de materiais).
Com a definição da escolha pela abordagem da reengenharia, a diretoria da
Tintas Renner S.A. passou a trabalhar na determinação dos objetivos e das metas que a
companhia pretendia atingir com a implantação do programa, bem como, na forma pela qual se
77
daria o estabelecimento desse, e quais áreas da empresa teriam seus processos
reengenheirados.
4.1.2.1 Objetivo e metas da reengenharía na Tintas Renner S.A.
No plano de reengenharia da empresa, documento oficial onde foram delineadas
todas as ações e perspectivas da aplicação do programa na companhia, consta o seu objetivo
principal:
“atuar nas áreas de apoio reduzindo custos, simplificando
processos e melhorando os serviços prestados ” ^lano de
reengenharia).
As metas previstas, para que se concretizasse o objetivo principal da
abordagem, eram as seguintes:
1. ‘‘Estudar e simplificar todos os processos na área de suporte;
2. Analisar a estrutura organizacional da empresa;
3. Melhorar a integração dos processos e fimções;
4. Reduzir os custos das áreas de suporte;
5. Melhorar a competitividade da empresa;
6. Mudar o comportamento da organização para o contínuo
questionamento das atividades e processos, eliminando
atividades que não agregam valor” (plano de reraigenharia).
A partir do estabelecimento do objetivo e metas do programa de reengenharia,
os membros do Conselho diretor da Tintas Renner S.A. iniciaram os trabalhos de definição das
pessoas que seriam responsáveis pela coordenação do projeto em cada uma das Unidades de
Negócios, além de determinar as áreas que deveriam ter prioridade na execução do referido
projeto.
78
Essas ações serão detalhadas na seção subseqüente, que trata das etapas da
implantação da reengenharia na empresa.
4.1.2.2 Etapas da implantação da reengenharia na Tintas Renner S.A.
Preliminarmente, o desenvolvimento e implementação do programa de
reengenharia na Tintas Renner S.A. foi subdividido em três etapas: a etapa de decisão, a etapa
de formação do grupo de reengenharia e a de tomada de ação.
Na chamada etapa de decisão, foram realizadas reuniões de cúpula, onde o
Conselho da empresa (composto pelo presidente da companhia e principais acionistas),
juntamente com os diretores das Unidades de Negócios, procuraram antever as perspectivas
existentes no mercado e identificar a melhor maneira de atuar sobre as mesmas, fazendo uso da
reengenharia.
Ainda nessa fase, a presidência da Tintas Renner S.A. resolveu firmar um
convênio de consultoria organizacional com a empresa Du Pont. Esta, além de ser acionista da
companhia, recentemente havia implantado o programa de reengenharia em sua matriz, nos
Estados Unidos da América do Norte, e em sua filial brasileira, localizada no estado de São
Paulo. Através dessa parceria, executivos da Du Pont norte-americana e brasileira foram
mobilizados para orientar a reengenharia na Tintas Renner S.A.
A etapa de formação do grupo de reengenharia constituiu-se na escolha das
pessoas que iriam trabalhar no desenvolvimento do programa. O Conselho da empresa
designou dois coordenadores para a equipe, um da Tintas Reimer S. A e um da Pont. Esses
formaram um grupo composto, em sua maioria, por supervisores e gerentes da Tintas Rermer
S. A. e executivos da Du Pont.
79
A última etapa, denominada de tomada de ação, correspondeu à implementação
do programa de reengenharia propriamente dita. Ela foi subdivida em três fases: a)
diagnóstico; b) desenho do projeto; e c) validação e aplicação do projeto.
Na fase de diagnóstico, que teve a duração de seis semanas, foram levantados e
analisados todos os fluxos de atividades da empresa. As pessoas integrantes do grupo da
reengenharia realizaram o mapeamento das atividades da organização, dos sistemas de
informática, do desenho hierárquico, do número de funcionários. Nessa fase, havia reuniões
permanentes com o comitê de diretoria da Tintas Renner S.A.
A outra fase, que também durou seis semanas, foi a do desenho do projeto.
Nela foram definidos os projetos de reengenharia, as áreas a serem enfocadas, os recursos,
tempo e viagens necessárias. Além disso, foi realizada uma pesquisa da cultura e clima da
organização. Foi feito um orçamento e um cronograma para a conclusão do programa. A partir
daí, foram formatados dez projetos, a saber: sistemas, manutenção, materiais, recursos
humanos, finanças, laboratório de matérias-primas, laboratório de desenvolvimento do
produto, produção, engenharia e contabilidade.
Dentro dessa mesma fase, foram estabelecidos os “times” de reengenharia e as
rapid actions. Os times podem ser descritos como sendo ramificações, a nível de projetos
específicos, do grupo de reengenharia. Quanto às rapid actions, essas foram assim nominadas
por representarem mudanças que proporcionam otimização e redução de custos, sem a
necessidade de transformações na estrutura. Segundo alguns executivos da companhia, as
rapid actions dependem apenas de decisões políticas.
Na fase de validação e aplicação do projeto, que teve prazo de duração de nove
meses, coube, iniciahnente, ao Conselho diretor da Tintas Renner S.A. aprovar os projetos
apresentados pelos dois coordenadores do grupo de reengenharia. Em seguida, esses projetos
80
81
foram colocados em prática pelos times de reengenharia, sob a orientação do grupo de
reengenharia.
O Quadro 2 demonstra, de forma sintetizada, a seqüência de acontecimentos
ocorridos para a efetivação do programa de reengenharia na Tintas Renner S.A.
Quadro 2 - Etapas da implantação da reengenharia na Tintas Renner S.A.
NOME DA ETAPA PARTICIPANTES DURAÇÃO REALIZAÇÕES
Decisão CtHiselho diretor Nãoestipulada
- Adesão ao programa de reengenharia
- Escolha da Consultoria
Formação do grupo de reengenharia
Executivos da Tintas Renner S.A.
eDuPont
Nãoestipulada
- Eleição dos coordenadores do programa
- Formação do grupo de reengenharia
Tomada de ação
Diagnóstico Grupo de reengenharia 6 semanas - Análise do fluxo de atividades da empresa
Desenho do projeto
Grupo de reengenharia
Times de reengenharia
6 semanas- Desenho dos processos de
cada um dos projetos
- Formação dos times
- Rapid actions
Vahdação e aphcação do
projeto
- Conselho diretor da empresa
- Grupo de reaigKiharia e times de reoigenharia
9 meses- Aprovação dos projetos
criados na fese de desenho e inqjlantação desses
Elaboração: LONGARAY, André Andrade, 1997. Fonte: Plano de reengenharia da Tintas Renner S.A.
4.1.2.3 O processo piloto de abastecimento da U.N. Geral Sul
As áreas que sofreram reengenharia na Tintas Renner S.A. foram,
primordialmente, as de apoio. Dentre essas, destaca-se a reengenharia do processo de
abastecimento, realizada na Planta de Gravataí, mais especificamente, nas Unidades de
Negócios ali fixadas, que tiveram os atributos da área de materiais da Unidade de Serviços
daquela Planta, acrescidos às suas atividades.
Dentro das ações desenvolvidas pelo grupo de reengenharia da Tintas Renner
S.A., foi proposta a extinção da área de materiais da Unidade de Serviços, e o repasse das
tarefas dessa para as Unidades de Negócios. Dessa forma, o grupo de reengenharia determinou
que cada uma das Unidades de Negócios localizadas na Planta de Gravataí, no caso, as
Unidades de Negócios Decorativa e Geral Sul, através da formação de times de reengenharia,
redesenhassem o processo antes desempenhado pela área desarticulada, e o incorporassem às
suas atividades organizacionais. A esse novo processo foi dado o nome de “processo piloto de
abastecimento”.
Como todas as Unidades de Negócios da Tintas Renner S.A. atuam de forma
independente, umas das outras, foi desenvolvido um projeto de reengenharia para o
estabelecimento do processo de abastecimento em cada uma das duas Unidades de Negócios
da Planta de Gravataí.
Nesse contexto, o presente trabalho selecionou o projeto de abastecimento da
Unidade de Negócios Geral Sul, como objeto de análise do programa de reengenharia na
empresa. Cabe ressaltar, portanto, que as descrições e relatos que serão apresentados nas
próximas subseções dizem respeito à reengenharia ocorrida nesta.
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4.1.3 Recursos humanos
A reengenharia, ao provocar a desarticulação da estrutura física e funcional
existente na área de administração de materiais da Unidade de Serviços da Planta de Gravataí
da Tintas Renner S.A., fez com que houvesse a necessidade de realocação das pessoas que
nela exerciam cargos. Adicionalmente, a nova forma de execução do trabalho, que passou a ter
um caráter eminentemente processual, trouxe algumas implicações que realçam o perfil de um
“trabalhador de processos”.
O estabelecimento do programa de reengenharia, na extinta área de
administração de materiais, não teve como contra-partida a criação de um novo departamento
ou setor. Ao invés disso, procurou alocar as pessoas envolvidas no processo de abastecimento,
em áreas onde seu trabalho encontrasse maior afinidade e, ao mesmo tempo, proporcionasse
economia de tempo na realização do processo.
Essa realocação não se limitou, entretanto, à criação de novos postos de
trabalho em outras áreas já existentes. Na maior parte dos casos, o indivíduo passou a
desenvolver suas atividades em conjunto com pessoas pertencentes às mais diversas áreas da
companhia.
A subordinação das pessoas, integrantes do processo de abastecimento, deixou
de ser ligada á um departamento da empresa. O feedback de suas tarefas e decisões, quando
necessário, deve ser efetuado diretamente ao chamado “dono do processo”, que é o executivo
responsável por determinado processo e está desvinculado de qualquer área, possuindo
descendência hierárquica ao diretor da Unidade de Negócios.
O aumento da flexibilidade na maneira de se executar as tarefas, proporcionado
pela orientação aos processos, exigiu, no entanto, a modificação de alguns pressupostos
organizacionais que, até então, estipulavam regras fixas de execução das atividades inerentes a
83
determinado cargo, bem como delimitavam, de forma um tanto quanto rígida, a abrangência da
tomada de decisões.
No entendimento de um dos coordenadores da reengenharia da Tintas Renner
S.A., todos os cargos criados com a reengenharia exigiram que seus ocupantes tivessem um
perfil destoante daquele seguido em urna estrutura funcional tradicional. Segundo ele, a
hierarquia deixou de ser o atributo principal na tomada de decisões. Em sua concepção, quem
entende o processo, como um todo, tem maior poder de resolução.
“Quando da implementação da reengenharia, foi muito frisado o
enpowerment das pessoas. A Renner possuía um nivel de
responsabilidade muito hierarquizado. Atualmente essa
responsabilidade está distribuída ao longo da organização. O controle é feito baseado não em centralização, mas na informação ”
(Gerente de suprimentos e qualidade).
Não obstante, as pessoas tiveram que se readequar ao trabalho interfiincional,
de dimensão maior daquela com que estavam habituadas, e tendo que tomar um número maior
de decisões. Para isso, a companhia investiu no aprimoramento desses indivíduos, através de
cursos de pós-graduação, extensão e de atualização, entre outros.
“Houve um processo de adequação e retreinamento para as novas atividades. Muitas pessoas não estavam habituadas a tomar decisões. A essas foi dada atenção especial, através de um processo
de reeducação da utilização de suas potencialidades” (Planejador
de materiais).
Dessa forma, a distribuição de um número maior de responsabilidades entre os
executantes de cargos do processo reengenheirado e a diminuição da rigidez hierárquica,
aliadas às miciativas de incentivo ao desenvolvimento das potencialidades individuais induziram
a companhia à abertura da participação no processo decisório das atividades relativas ao
processo de abastecimento.
84
“Antes da reengenharia, a participação no processo decisório era muito limitada. Seguia-se o escalonamento hierárquico. Hoje eu
tomo decisões junto a todos os níveis ” (Supervisor de expedição).
“Além disso, de uma participação decisória limitada, passou-se a
decidir em uma mesa. Ao invés de uma autoridade hierárquica, hoje
as decisões são tomadas pelos executores do processo ” (Engenheira
química).
Na percepção de alguns executivos da Unidade de Negócios Geral Sul, a
participação efetiva das pessoas, em todas as fases de um processo, vai ao encontro do item
seis das metas do programa de reengenharia da empresa, que postula a mudança de
comportamento da organização para o contínuo questionamento das atividades e processos.
“Nós precisávamos fazer com que as pessoas envolvidas no
processo passassem a questionar custos, estruturas e o modo de
realizar tarefas. Usamos a reengenharia para isso ” (Planejador de
materiais).
Pode-se dizer que a implementação do programa de reengenharia na extinta
área de materiais da empresa, além de criar o processo de abastecimento, direcionou os
indivíduos para o trabalho interftincional, permitiu uma maior flexibilidade no modo das
pessoas exercerem suas atividades, proporcionou uma maior participação no processo
decisório e distribuiu a responsabilidade do processo entre seus executantes.
4.1.4 Processos
A ênfase na orientação para os processos têm sido advogada por grande parte
dos autores da literatura especializada, como sendo a principal transformação propiciada pela
abordagem da reengenharia. A redução da estrutura necessária à execução do trabalho e o
reagrupamento das tarefas são os propulsores dessa mudança.
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No caso específico da Unidade de Negocios Geral Sul da Tintas Renner S.A.,
esta pretendeu, utilizando-se do programa de reengenharia, incorporar todos os atributos da
área de administração de materiais, pertencente à Unidade de Serviços localizada naquela
mesma planta da companhia, às suas atividades produtivas.
Não objetivou, entretanto, a criação de uma área de administração de materiais,
ou ainda, a transferência dessa, da Unidade de Serviços para a Unidade Geral Sul. A idéia
central era avaliar todas as tarefas executadas, até então, pela área de administração de
materiais e verificar quais condiziam de forma coerente com o processo de materiais, a fim de
reconduzí-las para a Unidade de Negócios.
“Anteriormente à reengenharia, possuíamos a área de materiais
que estava situada fora da Unidade de Negócios. A mesma era
centralizada e atendia a todas as UN como prestadora de serviços. Com a reengenharia, se acabou com a administração de
materiais, e se passou a Junção de administrar materiais ao
próprio negócio. Eliminou-se a administração de materiais e
criou-se o planejamento de materiais dentro da própria área de negócios ” (Planejador de materiais).
A inserção das atividades da área de materiais na Unidade de Negócios, não
implicou, portanto, na construção de uma nova estrutura. Ao invés disso, foram criados cargos
estratégicos para o processo que estava sendo implementado. Os detentores dessas funções
foram alocados em pontos físicos considerados essenciais ao processo de abastecimento.
O critério de distribuição desses cargos, porém, não foi o departamental.
Primeiro, porque as pessoas envolvidas no processo possuem subordinação direta ao dono do
processo; segundo, porque muitos dos cargos do processo reengenheirado são
multidimensionais, ou seja, eles não possuem um local específico no organograma de um
departamento ou área.
86
“Na área de materiais existia urna chefia de materiais, uma
gerencia de materiais, que era responscivel pela programação dos materiais, e uma supervisão de materiais. A reengenharia fez com
que esta estrutura fosse removida e criada a figura do planejador de materiais. Este funcionário faz a interligação de várias áreas, sem pertencer a nenhuma delas, e sim ao negócio. Isto
proporcionou uma melhor gestão dos estoques. Para se ter uma
idéia, hoje a UN trabalha com um nível de estoque cinco vezes
menor do que a UN localizada em São Paulo” (Gerente de
suprimentos e da qualidade).
A estrutura do processo de abastecimento, comparada à da extinta área de
administração de materiais, foi bastante simplificada. A área de administração de materiais era
uma subunidade da Unidade de Serviços da planta de Gravataí da Tintas Renner S.A. Ela
possuía um supervisor de materiais, que era o responsável pelas decisões e operações daquela
subunidade; um gerente de materiais, que deveria coordenar as negociações de compra e
fornecimento de matérias-primas; um chefe de materiais, que dirigia a equipe operacional do
departamento, composta por oito empregados de nível médio e 14 auxiliares de fábrica.
Já o processo de abastecimento da Unidade de Negócios Geral Sul tem, como
dono do processo, o ocupante do cargo de planejador de materiais. Esse é subordinado ao
diretor da Unidade de Negócios. O planejador tem a fiinção de tomar as decisões, gerenciar a
compra, o fornecimento e o estoque de matérias-primas, conjuntamente com os gerentes das
subunidades componentes da Unidade de Negócios, que são as áreas de vendas, laboratório e
produção. Os funcionários de nível médio e auxiliares de fábrica empregados no novo processo
são oriundos dessas áreas.
“No caso do processo de abastecimento, deixou de existir o gerente
de materiais, um chefe de materiais e um supervisor de materiais,
para a criação do planejador de materiais, que reporta-se
87
diretamente ao diretor da Unidade de Negócios" (Planejador de
materiais).
O saldo dessas transformações estruturais foi a substituição de três níveis
hierárquicos (supervisor, gerente e chefe de materiais) por apenas um (planejador de
materiais), e a eliminação dos cargos de nível médio e operacional.
Contudo, a otimização da estrutura somente se tomou possível com a
identificação e reagrupamento das tarefas da antiga área de administração de materiais. Foi
através da reunião dessas atividades, de forma coerentemente lógica, que se originou o
processo de abastecimento.
“Houve o interrelacionamento das atividades dentro do processo.
Tentou-se aproximar ao máximo as atividades com grande
interdependência e eliminou-se algumas atividades que não
agregavam nada ao processo ” (Planejador de materiais).
Inicialmente, foi realizada a identificação das atividades que iriam compreender
o processo de abastecimento, através da análise da estrutura hierárquica existente e das tarefas
correspondentes a cada cargo da extinta área de administração de materiais.
Em um segundo momento, foram verificadas e corrigidas todas as atividades
que apresentavam problemas, tais como, sobreposição de função, inadequação com os
objetivos do novo processo, custos de execução fora dos padrões aceitáveis e formação de
gargalos de produção.
“O mais importante, é que não há mais sobreposição e conseguíu-
se ganhar melhor performance de execução das tarefas ” (Gerente de
manutenção e processos industriais).
Após a identificação e correção das tarefas que deveriam fazer parte do novo
processo, os membros da equipe de reengenharia procuraram reconhecer quais dessas
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atividades já existiam na Unidade Geral Sul, com o intuito de fazer uso das mesmas no novo
processo.
Finalmente, levando em consideração todas as questões anteriormente
observadas, foi feito o redesenho do novo processo. A partir desse, foi implantado o processo
de abastecimento.
Com a nova disposição das tarefas, as atividades deixaram de ser competência
individual. Cada tarefa tomou-se parte fundamental e indissociável do processo. Dessa forma,
a responsabilidade irrestrita fez com que os indivíduos passassem a desenvolver suas atividades
de maneira mais abrangente, independente do cargo ou departamento. Um exemplo disso é a
tarefa de programação de materiais.
Antes da reengenharia, essa atividade dependia da previsão de comercialização
de produtos, fornecida pela área de vendas. Algumas vezes, porém, ocorria a previsão
incorreta da matéria-prima a ser repassada para a área de produção. Segundo o executante
dessa tarefa, a falha no fornecimento de matérias-primas ocorria, na maior parte das vezes,
pela falta de integração entre a área de abastecimento e o departamento de vendas da Unidade
de Negócios.
“Eu recebia uma previsão de vendas da área de vendas, analisava e
comparava-a com as informações que eram obtidas do mercado
fornecedor e tomava decisões em tomo de estabelecer parâmetros
em termos de níveis de estoque. A medida em que existia um acerto
na previsão de vendas, eu tomava decisões de mudar ou não todo o
meu planejamento de materiais. As áreas de materiais e vendas
trabalhavam estanques. Com isso, em determinadas situações,
criavam-se desacertos entre a previsão de vendas e o estoque”
(Planejador de materiais).
Esse problema, entretanto, segundo o planejador de materiais, foi resolvido com
a integração das atividades e a interíuncionalidade, proporcionadas pelo programa de
89
reengenharia. Hoje, a programação de materiais é feita em conjunto, pelos membros do time
do processo de abastecimento.
“Depois da reengenharia eu passei a não mais receber a previsão
de vendas, mas sim elaborá-la juntamente com a área de vendas.Dessa forma, as decisões vão sendo tomadas a cada venda
realizada pela empresa" (Planejador de materiais).
Dificuldades semelhantes eram encontradas pelo laboratório de tecnologia de
desenvolvimento de novos produtos. Nesse caso, o entrevistado destacou a constante
reincidência de faltas de matéria-prima, bem como a demora no atendimento dos pedidos.
“Antigamente, nós tinhamos uma grande deficiência de matéria- prima. Isso fazia com que muitas vezes o químico tivesse de trocar a matéria-prima de um produto, havendo todo um reprocesso do
trabalho ” (Gerente do produto).
O mesmo entrevistado relata, também, o aumento da eficácia no atendimento
dos pedidos de matéria-prima, o qual hoje é feito em um terço do tempo que era gasto
anteriormente com a mesma tarefa.
“Com a centralização das atividades de materiais provocada pela
reengenharia, a burocracia diminuiu. Antes uma ordem de matéria - prima levava um dia e meio para ser atendida. Hoje leva meio
turno ” (Gerente do produto).
Sob essa perspectiva, pode-se inferir que, embora a empresa já utilizasse o
conceito de fianções básicas, focalizando as áreas de vendas, laboratório e produção antes da
implantação da reengenharia, seu modus opercmdi era basicamente departamental, com ênfase
na especialização do trabalho. Atualmente, entretanto, o que se enfatiza são os processos da
empresa. Todas as atividades que fazem parte de um determinado processo necessitam estar
envolvidas diretamente naquela estrutura.
90
Neste contexto encontra-se a área de materiais, que, com a reengenharia, hoje,
faz parte da Unidade de Negócios Geral Sul, como processo de abastecimento. A justificativa
está apoiada nos objetivos da Unidade de Negócios, descritos no plano de reengenharia, que
são: “adquirir uma determinada matéria-prima, transformá-la em tinta, loteá-la e vendê-la”. Em
todas essas etapas o trabalho do processo de abastecimento é crucial.
4.1.5 Tecnologia da informação
o papel que a tecnologia da informação assume em um programa de
reengenharia é o de facilitadora na integração das atividades do processo. Cabe, todavia,
verificar como se deu a utilização dessa ferramenta na implantação do programa de
reengenharia na Tintas Renner S.A.
No que diz respeito às características físicas da tecnologia da informação da
Tintas Renner S. A., a empresa possui uma plataforma mainframe/IBM, interligada via satélite,
que atende toda a companhia, através de um Centro de Processamento de Dados (CPD),
localizado na cidade de Porto Alegre-RS, e de suas ramificações nas Unidades de Negócios.
A empresa conta ainda com microcomputadores distribuídos por todos os
setores, de suas Unidades Organizacionais, que também estão interligados através da Rede
Mundial de Computadores, a INTERNET, e da Rede de Comunicação Interna, destinada à
organização, a INTRANET.
O acesso ao banco de dados pode ser feito individualmente ou em forma de
redes, através da microinformática. Quanto aos softwares, a empresa possui uma área de
sistemas, que desenvolveu todos os programas que a empresa utiliza em sua plataforma
mainframe. O processamento dos dados é centralizado.
91
A Tintas Renner S.A., contudo, está modificando sua postura em relação à
tecnologia da informação. A companhia está migrando para a plataforma Cliente-Servidor.
Esta, entre outras vantagens, oferece “pacotes” de programas que permitem a realização de
todas as atividades da empresa em processamento on tine, têm interface mais amigável com o
usuário; além de serem menos onerosos que os programas feitos na própria empresa. Para isso,
a companhia está adotando o sistema SAP.
Inserido neste contexto, a implementação do programa de reengenharia
procurou estabelecer determinadas modificações no modo de aproveitamento da tecnologia da
informação disponível na empresa. Essas transformações dizem respeito, especificamente, ao
modo como eram criados os programas pela área de sistemas para atender os usuários.
Antes da reengenharia, basicamente, a tecnologia da informação estava
centralizada na área de sistemas. Desse modo, os programas eram desenvolvidos segundo a
concepção de analistas e programadores, e não dentro das expectativas das pessoas que iriam
utilizá-los. Como resultado, quase sempre os programas não atendiam totalmente às
necessidades dos usuários, inviabilizando, assim, a integração de todas as atividades do setor
dentro do sistema informatizado da empresa.
“Havia determinadas partes do Sistema de Informações que não
proporcionavam a integração das atividades de modo satisfatório.
Além do mais, a área de sistemas desenhava um determinado
sistema, e cabia ao usuário adaptar-se ao mesmo ” (Planejador de
materiais).
Na reengenharia foi proposto que a tecnologia da informação não deveria mais
ser estabelecida de forma centralizada, mas sim distribuída. Em suma, ao invés de analistas de
sistemas trabalharem de forma isolada na área de sistemas, foi criado o cargo de analista de
negócio. O indivíduo ocupante desse cargo deve exercer suas atividades diretamente na área
92
onde for requisitado um programa ou sistema computacional. Ele deve interagir direta e
constantemente com os solicitantes do seu serviço.
“O analista de sistemas está integrado às áreas. Enquanto que,
antes a função vinha da forma, hoje ocorre o inverso ” (Supervisor
de vendas).
Outra importante mudança, na área da tecnologia da informação, foi a
implementação de um sistema seletivo de acesso. Esse sistema procura automaticamente o
nível hierárquico que autoriza determinada operação e realiza a consulta no modo on line.
Desse modo, se um fimcionário não possuir competência hierárquica para extrair uma ordem
de produção, por exemplo, o sistema procurará automaticamente o detentor desse poder,
solicitará sua decisão e, logo após, retoma à tela do requisitante com a aprovação ou não de
seu pedido.
“Eu não necessito mais de assinaturas para autorizar determinada
operação. O sistema seleciona o nível hierárquico responsável por
aquela decisão e solicita o aceite. Com isso, um deferimento que
levava um dia para ser conseguido, hoje não leva mais de 30
minutos, quando muito ” (Planejador de materiais).
Esse sistema, portanto, elimina, quase por completo, a necessidade do
preenchimento e distribuição de várias vias de um determinado formulário, bem como a espera
pelo trâmite desse.
“Depois da reengenharia os sistemas de informação tomaram-se
mais ágeis. As novas solicitações de desenvolvimento de relatórios,
de telas ficaram bem mais rápidas. Antes elas eram muito
burocratizadas. A mudança básica foi a agilidade de conseguir
novas informações sem necessidade de solicitar autorizações. Um
exemplo disso era o controle de estoque, antes disponível uma vez
por dia. Hoje posso entrar a qualquer hora. Além do mais, toda a
entrada de estoque é on Une ” (Supervisor de ejq)edição).
93
Nesse sentido, a reengenharia provocou a moldagem da informática. À medida
em que as pessoas se tomaram mais autônomas quanto às decisões, houve a necessidade de
uma maior flexibilização no uso da informática. Isso foi proporcionado pela microinformática e
o aperfeiçoamento das interligações entre os sistemas da companhia.
4.2 Descrição e análise do caso do Grupo Gerdau
4.2.1 Apresentação da empresa
o Grupo Gerdau participa do cenário da economia brasileira há quase um
século. A partir da década de 1980 iniciou sua expansão para o exterior, instalando-se com
unidades industriais no Uruguai, Chile e Canadá.
A pequena fábrica de pregos fundada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,
originou o complexo siderúrgico, hoje responsável pela produção de 3,3 milhões de toneladas,
anuais, de aços longos comuns e especiais. No Brasil, esta produção atinge 2,8 milhões de
toneladas anuais, 11% da produção nacional de aço bruto.
Com 13.400 colaboradores e 86 mil acionistas, atende com seus produtos e
serviços segmentos essenciais da atividade econômica; indústrias da construção civil, indústria
metal-mecânica e o setor agropecuário. No mercado doméstico, as usinas estão
estratégicamente localizadas para oferecer aos clientes ampla cobertura nacional.
O Grupo possui três companhias de capital aberto: a Metalúrgica Gerdau S.A,
fixada na cidade de Porto Alegre, e a Siderúrgica Riograndense S.A., em Sapucaia do Sul,
ambas no estado do Rio Grande do Sul, e a Companhia Siderúrgica Guanabara S.A. -
COSIGUA, situada na localidade de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
94
Como atividade complementar, comercializa produtos siderúrgicos de
fabricação própria e de outros produtores através da Comercial Gerdau, além de atuar nas
áreas Florestal e de Finanças.
Tradicional exportador, o Grupo Gerdau atende clientes em mais de sessenta
países, através de suas unidades no exterior: a Siderúrgica Laisa S.A., na cidade de
Montevidéu, no Uruguai; a Siderúrgica AZA S.A., localizada em Santiago, no Chile; a Gerdau
Courtice Steel Inc. e a Gerdau MRM Steel Inc, no Canadá.
No primeiro trimestre de 1996, as empresas do Grupo Gerdau, instaladas no
Brasil, produziram 665 mil toneladas de aço e 566 mil toneladas de aço laminado. Nesse
mesmo período, as empresas do Grupo, localizadas no exterior, produziram 147 mil toneladas
de aço e 129 mil toneladas de aço laminado.
A administração do Grupo Gerdau está sediada em Porto Alegre, onde
encontra-se o Head Office da Companhia.
A edição de 1995 do “Ranking dos Grandes”, realizada pela Revista Amanhã e
pela Consultoria Coopers & Lybrand Biedermann e Bordasch^*’, colocou o Grupo Gerdau,
pelo terceiro ano consecutivo, como um dos três maiores grupos privados gaúchos. O
levantamento apontou também que o Grupo possui o maior patrimônio líquido dentre as
empresas do estado do Rio Grande do Sul.
Atualmente, o Grupo Gerdau e seus colaboradores estão se ajustando aos
movimentos da competição, provocados pela evolução do mercado globalizado e pela
mudança de atitude do consumidor. Toda a organização está mobilizada para a busca da
excelência de produtos e serviços, tendo como parâmetro patamares internacionais e a visão
95
287JORNAL ZERO HORA, Porto Alegre, 28/08/96, caderno de economia, p.24.
clara de que a sobrevivência das empresas está diretamente ligada ao atendimento da plena
satisfação dos seus clientes.
4.2.2 O programa de reengenharia no Grupo Gerdau
As medidas económicas e cambiais impostas pelo Plano de Estabilização
Econômica (Plano Real), adotado pelo Govemo Federal em maio de 1994, fizeram com que as
empresas brasileiras tivessem que conviver com fatores de mudança sim_u!tâneos, que exigiram
dessas uma rápida adaptação às novas contingências.
Entre as principais modificações estabelecidas pelo Plano Real destaca-se o
chamado Custo Brasil, que constitui-se de elevadas cargas tributárias em cascata sobre a
produção; juros altos; aumento dos custos dos portos e transportes; a defasagem cambial, que
limita a potencialidade das empresas exportadoras; e a mudança de comportamento do
mercado, em conseqüência da expressiva redução das taxas de inflação.
Dessa forma, assim como as demais empresas do ramo siderúrgico, o Grupo
Gerdau ressentiu-se da nova política econômica instaurada no pais.
“O desempenho do Grupo Gerdau é reflexo desse cenário global do Brasil, sentido por toda a indústria siderúrgica que neste
exercício teve uma queda de produção no mercado interno de
2,6% e uma redução de 18,1% na linha de laminados longos,
segmento onde atuamos ” (Boletim informativo do Grupo Gerdau, exercício de 1995, p.08).
O setor foi ainda afetado pelo excesso de oferta no mercado internacional, o
que provocou a queda de preços em algumas linhas de produtos, determinando um volume de
exportações 12,8% menor que em 1994.
Com o intuito de superar essas dificuldades, o Grupo Gerdau procurou redefinir
todo o seu modelo de gestão, repensando a forma de estruturar e gerir suas equipes.
96
De modo mais específico, as principais preocupações que levaram o Grupo
Gerdau a repensar a organização foram:
1. “Resultados globais do Grupo não satisfatórios;
2. Altos custos de overhead, incompatíveis com o negócio de
commodities;
3. Mudanças no mercado: exigências crescentes dos clientes e crescimento da concorrência;
4. Complexidade operacional: várias usinas, grande número de
clientes e extensa Unha de produtos;
5. Suporte de sistema (Tecnologia da Informação) inadequado à
realidade atual de negócios e processos do Grupo Gerdau”
(Informativo da Reengenharia, n°l, out/95).
Dentro deste contexto, a idéia da implantação de um programa de reengenharia
surgiu após alguns executivos do Grupo terem participado de um congresso sobre novas
formas de gestão organizacional, nos Estados Unidos da América do Norte, ministrado pelo
professor do Massachuts Institute o f Technology (MIT) e consultor de empresas. Dr. Thomas
H. Davenport.
“A idéia da reengenharia surgiu da observação dos acontecimentos de nível mundial. Processo de globalização, vulnerabilidade da empresa às mudanças de política cambial. O confronto de custos internos e preços de mercado também. Formalmente o processo
começou em uma conferência nos U.S.A com Davenport, na qual a
empresa deu o pontapé inicial” (Geraite de suporte técnico).
Após o regresso desses executivos ao Brasil, foram realizadas algumas reuniões
do Conselho diretor da empresa, tendo como pauta, as idéias trazidas da conferência proferida
pelo professor Davenport. A partir delas, foi decidida a implantação da reengenharia na
empresa.
97
4.2.2.1 Objetivo e metas da reengenharia no Grupo Gerdau
De acordo com o “Informativo da Reengenharia”, publicação interna do Grupo
Gerdau, o principal objetivo da utilização dessa abordagem consiste no seguinte:
“A criação de uma nova organização, com processos mais simplificados que gerem qualidade e custos competitivos aos nossos produtos, atendendo, assim, às necessidades e interesses de nossos
clientes ” (Informativo da Reengenharia, n°l, out/95).
Outro objetivo da reengenharia, descrito de forma mais operacional, é
apresentado no “Boletim Informativo do Grupo Gerdau, exercício de 1995” como segue:
“Nesse processo a empresa está preocupada em dar um novo salto
de produtividade, direcionando seus esfi>rços para a revisão dos processos, utilização de tecnologia da informação e valorização do trabalho de equipe, dando a ela cada vez mais autonomia, a partir
de sua capacitação” (Boletim Informativo do Grupo Gerdau, exercício de 1995, p.42).
Para alcançar esse objetivo, a empresa estabeleceu as seguintes metas:
1. “Assegurar vantagens competitivas existentes;2. Aproximar ainda mais o cliente do Grupo: infiyrmar prazo de
entrega, situação das ordens etc;3. Melhorar os resultados globais do Grupo;4. Reduzir o overhead de forma significativa;
5. Otimizar recursos operacionais: reduzir prazos de entrega de
capital de giro, aumentar a eficiência dos recursos da produção;
6. Aumentar a produtividade global, reduzir o número de níveis hierárquicos, aumentando o acesso à informação;
7. Melhorar o suporte de Tecnologia da Informação ao negócio ”
(Informativo da Reaigenharia, n°l, out/95).
98
Verifica-se, dessa forma, que, ao decidir pela implantação do programa de
reengenharia, o Grupo Gerdau almejava rever os processos organizacionais, a fim de
simplificá-los, propiciando a redução dos custos operacionais, além de aumentar a
produtividade.
4.2.2.2 Etapas da implantação da reengenharia no Grupo Gerdau
Feita a opção pela utilização da abordagem da reengenharia, o Conselho diretor
do Grupo Gerdau passou a estipular etapas e prazos para a consecução do programa e de seus
resultados.
Sob essa perspectiva, a execução do programa de reengenharia, no Grupo
Gerdau, foi dividida em três fases; uma introdutória, chamada de fase pré-reengenharia, e as
fases I e II, correspondentes, respectivamente, ao redesenho e à implementação dos novos
processos.
A fase pré-reengenharia teve duração de dois meses, tendo ocorrido entre os
meses de agosto e setembro de 1994. Nela, os membros do Conselho diretor da empresa
escolheram um diretor de reengenharia, um gerente de reengenharia e uma secretária de
reengenharia. Essas pessoas viajaram, conheceram empresas de consultoria e visitaram
organizações reengenheiradas, nos Estados Unidos da América do Norte, Canadá e França.
Como resuhado dessa etapa, o Grupo Gerdau escolheu a empresa Andersen
Consulting para atuar como orientadora da implementação do programa de reengenharia.
Na fase I, também chamada de assessmeni^^, que teve duração de seis meses,
tendo acontecido mais especificamente de outubro de 1994 a março de 1995, foram
99
288A palavra assessment pode ser traduzida para o português como “análise e julgamento de alguma coisa”.
estabelecidas as áreas que sofreriam reengenharia, criadas as equipes de reengenharia e
analisados os processos existentes no Head Office da empresa.
O passo inicial da fase I foi a decisão do Conselho da empresa, juntamente com
o diretor de reengenharia e os consultores da Andersen Consulting, quanto às áreas a serem
abrangidas pela reengenharia. Ficou decidido que todas as áreas do Head Office da companhia,
localizado em Porto Alegre, teriam seus processos reengenheirados. Dessa forma, foram
escolhidos seis processos, correspondentes a cada uma das áreas do escritório central do
Grupo Gerdau, a saber: processos comerciais; processos de suprimentos; processos de finanças
e controle; processos de recursos humanos; processos de informações gerenciais; e processos
de tecnologia de informação.
Em um segundo momento, foram formadas as equipes de reengenharia que
trabalhariam em cada processo. Cada equipe foi composta pelo gerente da área a ser
reengenheirada, por um consultor da Andersen Consulting e mais algumas pessoas que,
independente da área onde estavam lotadas, foram sendo agregadas ao grupo, de acordo com
as necessidades do processo.
A última etapa da fase I do projeto de reengenharia do Grupo Gerdau foi
delimitada pelas seguintes ações: a) mapeamento de todas as atividades, identificação dos
níveis hierárquicos e reconhecimento da tecnologia da informação, componente de cada um
dos processos a serem reengenheirados; b) análise dos dados obtidos; e c) redesenho dos
processos.
Na fase II, todos os processos redesenhados foram submetidos ao Conselho da
empresa, que definiu quais seriam implantados, em fiinção de recursos, prazos e prioridades.
Os projetos aprovados foram implantados entre os meses de abril e outubro de 1995.
100
o Quadro 3 procura demonstrar, de forma resumida, a seqüência de
acontecimentos ocorridos para que se desse a efetivação do programa de reengenharia no
Grupo Gerdau.
Quadro 3 - Etapas de implantação da reengenharia no Grupo Gerdau
101
NOME DA ETAPA PARTICIPANTES DURAÇÃO REALIZAÇÕES
Pré-reengenharia Conselho diretor do Grupo Gerdau
2 meses- Escolha do diretor,
gerente e secretária da reengenharia;
- Escolha da empresa de consultoria
Fase I Executivos do Grupo Gerdau e Consultores da
Andersen Consulting
6 meses - Formação das equipes
- Anáhse dos processos
- Redesenho dos processos
Fase II
Avaliação dos processos
redesenhados
Conselho diretor da ençresa
1 mês Estudo de viabilidade dos novos processos
Implantação dos novos processos
Equipes de processos e Consultores
7 meses Implantação dos processos aprovados
Elaboração; LONGARAY, André Andrade, 1997. Fonte: Projeto de reengenharia do Grupo Gerdau.
4.2.2.3 A reengenharia na área comercial do Grupo Gerdau
A reengenharia no Grupo Gerdau ocorreu de forma centralizada, em seu Head
Office, localizado na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul. Esse, além de
representar a sede da empresa, monopoliza o controle das atividades da Metalúrgica Gerdau,
da Siderúrgica Riograndense e da Companhia Siderúrgica Guanabara.
O projeto de reengenharia, entretanto, estendeu-se a todas as áreas e
departamentos do Grupo, componentes do escritorio central da empresa. Atingindo, assim,
mesmo que de maneira indireta, todos os segmentos do Grupo.
Cabe, portanto, citar as áreas presentes na sede da empresa. São elas, a área de
processamento de dados, área de suprimentos, área de recursos humanos, área de
contabilidade, área financeira, área comercial e área de produção.
O projeto de reengenharia, contudo, não atuou diretamente sobre as áreas, mas
sim sobre os processos dos quais as mesmas fazem parte. Dessa forma, os processos de
suprimentos, por exemplo, além de envolverem a área de suprimentos, também estão
interligados às áreas comercial, financeira e de produção.
Sob essa perspectiva, a presente pesquisa optou por desenvolver a verificação e
análise do programa de reengenharia na área comercial da empresa. Essa escolha deu-se em
fianção da necessidade de delimitação deste estudo, bem como, pelo fato da área comercial
representar um processo de grande abrangência dentro do Grupo Gerdau, envolvendo diversos
setores e pessoas.
4.2.3 Recursos humanos
A implementação do programa de reengenharia no Grupo Gerdau procurou, de
um modo geral, estabelecer uma maior participação e integração das pessoas que faziam parte
de um mesmo processo, ao mesmo tempo em que, buscou proporcionar uma forma mais
flexível e otimizada de execução das atividades desenvolvidas pela organização, com maior
autonomia e distribuição de responsabilidade entre seus funcionários.
Nesse sentido, o programa de reengenharia do Grupo Gerdau fez com que fosse
criado um novo canal de comunicação dentro da empresa, onde, independentemente do
102
departamento ou do nível hierárquico de uma pessoa, essa passou a ter acesso a um número
maior de informações organizacionais, que lhe conferiram um melhor entendimento dos
processos da empresa.
No que diz respeito especificamente à área comercial do Hecui Office do Grupo
Gerdau, essa, assim como as demais áreas reengenheiradas pela empresa, teve um
redimensionamento do aproveitamento da capacidade intelectual das pessoas. Com isso, todo
o funcionário da área comercial passou a ter uma função estratégica dentro do processo.
“As pessoas passaram a ser vistas como geradores de idéias, ao
invés de simples ocupantes de postos na coluna vertebral hierárquica da empresa” (Assistente financeiro).
Contudo, a maior participação das pessoas, que passaram a ter a oportunidade
de externar suas idéias e atuar de forma mais ativa na tomada de decisão das questões relativas
às atividades do processo, fez com que houvesse um aumento nas responsabilidades inerentes a
elas. Como exemplo disso, alguns executivos da empresa citaram o trabalho do gerente de
vendas do Grupo, que teve o escopo de sua fiinção ampliado.
"0 gerente de vendas antigamente atuava somente com seus clientes diretos. Hoje ele trabalha junto com a produção, com o
financeiro. Ele é responsável por vender, participar da
programação do produto e também pela entrega. Ele deve atuar em
todas as etapas do processo" (Geraite de informática).
Outra questão relevante é o aumento do número e da complexidade das tarefas
provocado pela reengenharia. De acordo com alguns entrevistados, a maior participação das
pessoas nas decisões do processo de determinada área gerou, também, um aumento das
atividades a serem executadas por elas. Complementarmente, alguns funcionários executam
atualmente tarefas antes feitas por seus superiores hierárquicos. Na concepção dessas pessoas,
entretanto, o que houve foi uma maior valorização de seu trabalho por parte da empresa.
103
“Hoje meus funcionários realizam o trabalho que antes eu
realizava. Da mesma forma, eu executo atividades que antes eram
responsabilidade do meu chefe ” (Supervisor de contas a receber).
“Deu-se novas tarefas para as pessoas, valorizando mais essas
pessoas. Esse é o ponto fundamental” (Supervisor de tesouraria).
No entendimento do diretor presidente do Grupo Gerdau, as ações deflagradas
pelo projeto de reengenharia na empresa, com o intuito de obter melhores resultados
operacionais, também proporcionaram uma transformação na forma de execução do trabalho
organizacional;
“A exigência crescente de melhores resultados reafirma a necessidade de melhor desempenho do conjunto. A atuação em
células operacionais surge para valorizar o esforço conjunto das equipes na busca de resultados diferenciados. As ações na gestão
de pessoal devem oportunizar respostas adequadas a estes novos desafios ” (Diretor presidente).
Sob essa perspectiva, as pessoas exercem importante papel no processo
reengenheirado, pois a viabilização da célula de negócio depende, entre outros fatores, da
flexibilidade existente na realização das tarefas, da capacidade de execução do trabalho em
equipe e da maior participação dos indivíduos nas decisões inerentes ao processo.
4.2.4 Processos
Dentre todas as modificações conseqüentes da utilização da abordagem da
reengenharia, a que melhor traduziu as expectativas do Grupo Gerdau foi a mudança do
enfoque funcional para o processual.
O atendimento dos anseios da empresa, por parte do redesenho dos processos,
deu-se, principalmente, pelo fato desse estabelecer uma nova forma de execução das atividades
104
organizacionais, menos dependente da estrutura departamental, com um número menor de
níveis hierárquicos envolvidos e sob uma nova forma de agrupamento das tarefas.
‘‘A visão de processo. Não enxergar a empresa como um punhado
de departamentos, e sim enxergar os processos a frente de
departamentos e áreas ” (Gerente de informática).
Não obstante, a área comercial do Grupo Gerdau, que teve seu processo
redesenhado pelo projeto de reengenharia, adotou, a partir da implantação dessa abordagem,
uma nova forma de realizar suas atividades.
Inicialmente, todavia, reveste-se de grande importância, no presente contexto,
descrever como esse trabalho era realizado antes da reengenharia. Para isso, é necessário
conhecer a estrutura das áreas comercial e financeira do Grupo Gerdau.
A área comercial do Head Office do Grupo Gerdau é composta de um gerente
de vendas, que atua a nível estratégico de decisões, tendo como responsabilidade fazer com
que seu departamento atinja as metas estipuladas pela empresa. Subordinado ao gerente da
área, há o assistente de vendas, que comanda a realização das etapas operacionais da área
comercial. Os demais funcionários da área são funcionários de nível médio.
Já a área financeira é subdividida em três setores: contas a receber, cadastro e
cobrança. O responsável por essa área é o gerente financeiro, que toma as decisões da área.
Abaixo do gerente, há o assistente financeiro, que coordena as atividades dos três setores
integrantes da área. Cada um desses setores, possui um supervisor, que comanda as operações
realizadas por seus funcionários de nível médio.
A atividade básica da área comercial é a administração da venda dos produtos
fabricados pelas usinas do Grupo Gerdau, que é centralizada no Head Office. O modo como
essa atividade era feita antes da implantação da reengenharia, entretanto, acarretava alguns
problemas para a empresa.
105
A autorização para a venda a prazo de determinado produto das usinas
siderúrgicas do Grupo seguia as seguintes etapas: o setor de vendas da usina preenchia um
formulário, chamado “solicitação de autorização de crédito”, com os dados do cliente e o tipo
de produto, quantidade, custo unitário e custo total da operação. Essa solicitação era remetida
ao Head Office da empresa, mais especificamente para a área comercial. Após acusar o
recebimento, a área comercial conduzia a solicitação para o setor de cadastro da área
financeira. Feita a consuka dos dados do cliente, o setor de cadastro enviava o formulário com
suas considerações e limite de crédito para a gerência da área financeira. O gerente da área
financeira assinava o formulário e devolvia ao setor de cadastro. Finalmente, esse setor
retomava a solicitação de autorização de crédito á área comercial.
Com a solicitação de autorização de crédito deferida, pela área financeira, o
gerente da área comercial emitia uma autorização de crédito e enviava essa para o setor de
vendas da usina siderúrgica que o havia solicitado.
Dessa forma, a área financeira era a responsável pela aprovação do crédito e
cadastro de um cliente, limitando a área comercial a figurar apenas como a operacionalizadora
das vendas. Isso acarretava um acúmulo de serviços para a área financeira, além de retirar o
poder decisorio do gerente da área comercial.
Adicionado a esse problema, o Grupo Gerdau centralizava a cobrança de todas
as vendas no setor de cobrança e de contas a receber da área financeira do Head Office.
“Os problemas acarretados por todo este trâmite eram vários. O
tempo gasto na ida e volta de um pedido de compra muitas vezes
custava a perda do cliente para a empresa. Não obstante, a área financeira voltava a ter participação no processo no momento da
cobrança” (Assistente financeiro).
Inserido nesse contexto, o estabelecimento da reengenharia na área comercial
teve como objetivo principal a criação de um novo modo de condução das atividades da
106
referida área. As ações tomadas para a concretização dessa mudança foram a implantação de
uma célula de negócio, diminuição dos níveis participantes no processo e o reagrupamento das
tarefas afins ao processo.
Ao invés de modificar seus departamentos, o Grupo Gerdau optou pelo
desenvolvimento de células de negócio. Essas podem ser definidas como sendo um grupo de
pessoas oriundas de diferentes áreas da empresa, reunidas em um mesmo espaço físico, com o
fim de planejar, decidir e executar as tarefas de determinado processo.
“A empresa continuou com os departamentos básicos. A grande
mudança deu-se no modo de reunir as pessoas, que hoje é feito
através de células de negócios. Foram criadas células de negócio, que sobrepõem-se aos departamentos, e que subordinam-se à
diretoria da companhia ” (Gerente de informática).
Assim como aconteceu em outros processos reengenheirados no Grupo Gerdau,
foi estabelecida uma célula de negócio para atuar na área comercial. Ela foi composta de
indivíduos antes alocados na área comercial e pessoas dos setores de cadastro e cobrança, além
de um analista de sistemas.
Essas pessoas foram reunidas, independentemente do seu nível hierárquico,
fazendo com que, atualmente, por exemplo, o gerente da área comercial trabalhe e tome
decisões conjuntas com um fiincionário de nível médio, que anteriormente à reengenharia
realizava a tarefa de pesquisa de cadastros, na área financeira.
Houve também o desenvolvimento de um lay out que propicia uma maior
integração dessas pessoas. No caso da “célula de negócio dos processos comerciais”, nome
dado à reengenharia dessa área pelos executivos da empresa, todas as pessoas estão dispostas
em uma grande sala, sem divisórias e sem privilégios especiais. Não há secretária, nem mesa no
canto da sala com o nome do chefe em uma placa.
107
“A hierarquia não é o mais importante. Atualmente não tem mais sala, foram criadas áreas onde o lay out deixa todas as pessoas daquela célula em contato ” (Gerente de suporte técnico).
Com as mudanças impostas pela reengenharia, o dono do processo passou a ser
o gerente da área comercial. Além disso, as decisões começaram a ser tomadas de forma
centralizada na célula de negócio, pelos próprios executores das atividades do processo. Isso
causou uma sensível diminuição dos níveis hierárquicos presentes na tomada de decisão, antes
necessários para a aprovação do crédito e cadastro dos clientes.
“Houve redução de níveis. O papel de cada pessoa mudou. Com a
célula, buscou-se fazer com que as decisões fossem realizadas o
mais próximo do processo ” (Gerente de informática).
Outra importante mudança provocada foi o reagrupamento das tarefas do
processo. Ao serem identificadas e agrupadas as tarefas componentes do processo da área
comercial, em uma célula de negócio, foi eliminado grande parte do trâmite que antes tinha de
ser percorrido para a realização de uma venda.
Atualmente, a solicitação de autorização de crédito, que antes da reengenharia
poderia levar até dois dias, é feita no máximo em um turno. Isso se deve ao fato de que, o
formulário remetido pelo setor de vendas de determinada usina siderúrgica do Grupo para o
Head Office é encaminhado diretamente à célula de negócio. Nessa, um dos indivíduos
componentes acessa o terminal de cadastro da empresa, outro realiza a pesquisa telefônica
necessária, enquanto as outras pessoas fazem a análise prévia da solicitação. Cabe ressaltar,
ainda, que qualquer uma das pessoas integrantes da célula tem autonomia para decidir sobre a
aprovação ou não da venda.
108
4.2.5 Tecnologia da informação
o Grupo Gerdau possui tradição na utilização da informática como ferramenta
de auxílio às atividades organizacionais. Foi a primeira empresa a utilizar a plataforma
mainframe no estado do Rio Grande do Sul, implementada no ano de 1968.
Desde essa época, o Grupo Gerdau vem adaptando-se às mudanças
tecnológicas, na tentativa de manter sua plataforma sempre atualizada.
A tecnologia da informação do Grupo apresenta as seguintes características
físicas: uma plataforma mainframe IBM, além de 2000 microcomputadores, sendo que 900
desses estão conectados à redes locais e apoiados por servidores. O Grupo também está ligado
à rede INTERNET.
Quanto aos softwares utilizados pela empresa, em sua grande maioria, foram
desenvolvidos pela área de processamento de dados do Grupo Gerdau.
Atualmente, entretanto, a empresa está passando por uma fase de transição de
plataforma, onde pretende substituir o mainframe por uma plataforma Cliente-Servidor. Para
isso, o Grupo têm desenvolvido um trabalho de análise de “pacotes” de softwares junto à
empresas de sistemas de informática. Embora não esteja ainda definido, de acordo com um
executivo do Grupo, a escolha deve ocorrer entre os pacotes SAP R/3 e BPCS.
Dentro desse contexto, importa, para o presente estudo, compreender como a
tecnologia da informação e suas características auxiliaram o Grupo Gerdau na implementação
do programa de reengenharia.
Primordialmente, a empresa procurou fazer com que a tecnologia da informação
disponível às suas áreas apoiasse o programa de reengenharia, através de um maior suporte de
recursos tecnológicos ao negócio. Isso poderá ser melhor compreendido a partir da descrição
109
do funcionamento da tecnologia da informação antes da ocorrência do programa de
reengenharia no Grupo Gerdau.
Até o mês de outubro de 1994, quando iniciaram-se, efetivamente, as atividades
de implantação do projeto de reengenharia, o Grupo Gerdau possuía uma ampla área de
sistemas, localizada em um prédio junto ao Head Office da empresa. Nessa área trabalhavam
aproximadamente 300 pessoas, divididas entre analistas de sistemas, programadores de
computadores, digitadores e técnicos de informática.
Essa estrutura atendia a todas as usinas siderúrgicas do Grupo Gerdau,
desenvolvendo sistemas que eram solicitados pelas áreas e departamentos das unidades da
empresa, dando suporte técnico aos programas e realizando o processamento em batch dos
dados da companhia, tais como, movimentação dos estoques, operações financeiras, volume de
vendas etc.
Com o passar dos anos, porém, a área de sistemas começou a enfi-entar dois
problemas: o superdimensionamento de seu tamanho físico e os custos de geração de seus
sistemas de informática.
De acordo com o gerente de suporte técnico, a área de sistemas atravessou as
décadas de 1970 e 1980 aumentando de tamanho, até atingir a estrutura anteriormente
descrita. Para ele, o crescimento excessivo da área se deu, principalmente, em função da
tecnologia da informação disponível, naquelas décadas, se encontrar em um estágio de
desenvolvimento e experimentação.
O advento da microinformática e das redes de computadores, ocorrido na
década de 1990, proporcionou a otimização dos sistemas e das máquinas, reduziu os custos da
utilização da tecnologia da informação e disseminou os Personal Computers (PCs).
110
Sob essa perspectiva, a área de sistemas do Grupo Gerdau apresentou-se muito
grande, além de possuir vários equipamentos obsoletos.
Além disso, a proliferação, no mercado, de empresas especializadas no
desenvolvimento de softwares de gestão de custos, materiais, vendas, folha de pagamento,
entre outros, fez a elaboração de sistemas no próprio Grupo não serem viáveis quanto aos seus
custos.
“O enfoque é sair da utilização de software feito na empresa, para
um terceirizado. A plataforma é secundário, o que importa é não
ter que desenvolver o software, gastando muito dinheiro e tempo ”(Gerente de informática).
Um terceiro problema detectado foi que, os sistemas que a área de informática
produzia eram interligados, porém não integrados. Sistemas são ditos interligados quando o
operador pode, a partir de uma mesma plataforma, nesse caso o mainframe, acessar todos os
programas existentes na empresa. Por exemplo, um terminal onde podem ser acessadas
informações sobre vendas, estoques e materiais possui um sistema interligado.
A grande limitação desse tipo de sistema é que a atualização tem que ser feita
em cada um dos programas existentes. Utilizando o exemplo descrito anteriormente, caso
fosse realizada uma venda, essa teria de ser lançada no programa de vendas, no programa de
estoques e no de materiais.
Os sistemas interligados têm processamento em batch, ou seja, seus dados são
atualizados uma vez ao dia, normalmente à noite. Isso provoca muitas vezes a defasagem de
informações do sistema.
Já os sistemas integrados necessitam que a informação entre apenas uma vez
para que todos os programas que se utilizam dessa sejam atualizados. Quanto ao seu
I l l
processamento, esse é feito na forma on Une, ou seja, no momento em que é realizada a
operação.
O programa de reengenharia atuou, em um primeiro momento, na área de
sistemas, com o objetivo de capacitar essa ao fornecimento da melhor tecnologia da
informação possível às diferentes áreas da empresa.
Nesse sentido, a área de sistemas foi reavaliada. Como resultado dessa análise,
foram comprados mais microcomputadores e dada uma maior ênfase à utilização da
microinformática ligada á redes locais. O número de funcionários existentes na área de
sistemas foi reduzido á metade. Houve a transferência de pelo menos um analista de sistema
para cada uma das áreas do Head Office, para que esses prestassem atendimento direto ao
usuário, verificando e levantando as características do trabalho naquela área.
Em uma segunda etapa, os analistas, realocados nas diversas áreas da empresa,
procuraram desenvolver programas que formassem elos para a integração dos sistemas do
Grupo Gerdau.
Essa integração foi conseguida de forma parcial. Alguns dos processos
reengenheirados, como o de expedição, teve seu sistema totalmente integrado, de forma que,
ao expedir uma mercadoria, o sistema de estoques, de materiais e de produção são atualizados
on Une e concomitantemente.
Outros sistemas, como o contábil, têm apresentado uma série de problemas. Um
deles diz respeito à tributação, que além de ser composta de vários tipos de tributos, por vezes
possui variações de alíquota por regiões geográficas.
Pode-se inferir que, no que tange ao programa de reengenharia do Grupo
Gerdau, a tecnologia da informação cumpre relevante papel na agilização do processamento
das informações das atividades dos processos, embora o sistema de informação atuante na
112
célula de negócio do processo comercial esteja interligado, mas não integrado, aos demais
sistemas.
4.3 Análise combinada dos casos apresentados
Nesta seção, através da utilização das técnicas de análise de conteúdo e
documental, procura-se descrever as características análogas a ambos os casos, que sejam
condizentes com o referencial teórico proposto.
Para a execução da análise, faz-se uso da estrutura utilizada na apresentação
individual dos casos, expondo-se uma caracterização combinada destes a partir da investigação
das similaridades presentes nos procedimentos empregados na implementação do programa e,
em cada uma das bases da reengenharia: os recursos humanos, os processos e a tecnologia da
informação.
Esta análise, contudo, não procura obter um entendimento conjunto do padrão
de implantação do programa de reengenharia nessas organizações, mas, sim, apontar
semelhanças entre os casos que possibilitem compreender com maior clareza, como os
recursos humanos, os processos e a tecnologia da informação são afetados por essa
abordagem.
4.3.1 O programa de reengenharia
Seguindo a perspectiva abrangida pela presente pesquisa, procura-se, nesta
seção, verificar se houve a adoção de procedimentos semelhantes na implantação do programa
de reengenharia das empresas estudadas.
De maneira mais específica, a análise dos procedimentos de reengenharia
pretende identificar as similaridades ocorridas nos dois casos, no que diz respeito às fases do
113
projeto de implementação, tanto na metodologia empregada quanto na colocação em prática
dessas etapas.
Inicialmente, pode ser detectada a congruência, entre os casos estudados, no
que se relaciona à opção pela abordagem da reengenharia, dentre outras técnicas de gestão
organizacional. A Tintas Renner S.A., bem como o Grupo Gerdau, escolheram a
implementação de um programa de reengenharia por considerarem que o mesmo
proporcionaria, em um curto espaço de tempo, redução dos custos operacionais e a
simplificação e agilização das atividades organizacionais.
Quanto à seleção da metodologia de reengenharia empregada, em ambos os
casos, foi utilizada a abordagem transmitida pelas empresas de consultoria. A Tintas Renner
S.A. teve apoio da companhia Du Pont, que lhe repassou as técnicas usadas por ela em seu
programa de reengenharia. Segundo alguns executivos da companhia, essas técnicas podem ser
resumidas como sendo um apanhado geral das idéias existentes na literatura especializada, com
ênfase nas concepções de Michael Hammer^* e Thomas Davenport^. Já o Grupo Gerdau
contratou a empresa Andersen Consulting, que, desde 1993, possui o professor Thomas
Davenport como um de seus consultores.
Tanto na Tintas Renner S.A. quanto no Grupo Gerdau, o estabelecimento do
programa de reengenharia se deu em três etapas. Apesar dessas possuírem denominações
diferentes, os procedimentos executados em cada uma delas apresentaram certa proximidade.
No que diz respeito à Tintas Renner S.A., na primèira etapa, chamada de “etapa
de decisão”, foram traçadas as perspectivas para o programa e firmado o convênio de
consultoria com a companhia Du Pont. No Grupo Gerdau, essa etapa, denominada de “pré-
reengenharia”, foi marcada pela seleção de um diretor, um gerente e uma secretária de
114
^® AMMER, Michael. Op. cit. ^^AVENPORT, Thomas H. Op. cit.
reengenharia e pela escolha da empresa Andersen Consulting para prestar assessoria na
implementação do programa.
Na segunda etapa, nomeada “etapa de formação do grupo de reengenharia”, na
Tintas Renner S.A., foram eleitos os coordenadores do programa e escolhidas as pessoas
componentes do grupo de reengenharia. Já no Grupo Gerdau, a mesma etapa foi entitulada
‘Tase I”, onde ocorreram o estabelecimento das áreas que deveriam sofrer reengenharia, a
criação das equipes de reengenharia, a análise dos processos existentes nessas áreas e o
redesenho desses processos.
A terceira e última etapa de implantação da reengenharia na Tintas Renner S.A.,
chamada de “etapa de tomada de ação”, foi subdivida em três fases. A primeira fase
correspondeu à realização de um “diagnóstico” dos processos, onde foram mapeados os fluxos
de atividades da empresa. Na segunda fase, deu-se o “desenho do projeto”, onde foram
definidos os projetos de reengenharia, estabelecidos os times de reengenharia, redesenhados os
processos de cada um dos projetos de reengenharia, e realizadas as rapid actions. Na terceira
fase, houve a “validação e aplicação do projeto”, onde os projetos, aprovados pela diretoria da
companhia, tiveram seus novos processos implantados.
No Grupo Gerdau, a terceira etapa, denominada “fase II”, teve duas sub-etapas.
A primeira, chamada de “avaliação dos processos redesenhados”, procurou estabelecer a
viabilidade da implantação dos processos redesenhados. A segunda, nomeada “implantação
dos novos processos”, correspondeu à colocação em prática dos processos redesenhados, que
obtiveram aprovação do Conselho diretor da empresa.
No que tange ao tempo utilizado para a implementação do programa de
reengenharia, há semelhanças entre os dois casos. A Tintas Renner S.A. gastou doze meses
para estabelecer o programa de reengenharia, a partir da primeira fase da etapa de tomada de
115
116
ação. Cabe ressaltar, no entanto, que a empresa não estipulou o tempo de duração das duas
etapas anteriores, as etapas de decisão e de formação do grupo de reengenharia. Já o Grupo
Gerdau definiu prazos para todas as etapas de implantação do programa, que perfizeram o
total de dezesseis meses.
Dentro desse contexto, pode-se inferir que, embora as empresas investigadas no
presente estudo não tenham estabelecido de forma rígida a metodologia empregada na
implantação de seus programas de reengenharia, existem pontos em comum nos dois casos. A
constatação de que ambas fizeram uso do referencial teórico de um mesmo autor, Thomas
Davenport^^‘, reforça essas semelhanças. Não obstante, as ações delineadas no decorrer do
programa possuem seqüência e forma de execução um tanto quanto próximas nas duas
empresas pesquisadas.
As caracteristicas da implantação do programa de reengenharia, nos dois casos,
podem ser demonstradas através dos procedimentos de implantação especificados no quadro 4.
Quadro 4 - Procedimentos adotados na implantação da reengenharia
Procedimentos Tintas Renner S.A. Grupo Gerdau
Opção pela abordagem- Redução de custos;
- Simplificação e otimização das atividades organizacionais.
- Redução de custos;
- Modificação na maneira de realizar as tarefes.
Metodologia Du Pont U SA. Andersen Consulting
Forma de implantação
Dividida em 3 etaoas:1)decisão,2)fomiação do grupo de
reaigenharia,3)tomada de ação, subdividida em:
3. l)diagnóstico;3.2)desenho do projeto;3.3)validação e aplicação do
projeto.
Dividida em 3 etaoas:1 )pré-reengenharia,2)fese I,3)fese II, subdividida em:
3.1)avaIiação dos processos redesenhados;
3.2)inq)lantação dos novos processos.
Tempo de implementação 12 meses 16 meses
^ ’DAVENPORT, Thomas H. Op.cit.
4.3.2 Recursos humanos
Os aspectos a serem considerados no que diz respeito aos recursos humanos,
quando da implantação de um programa de reengenharia, são as mudanças ocorridas no modo
das pessoas realizarem seu trabalho. Proporcionadas, principalmente, pelo enriquecimento do
cargo que ocupam, que lhes confere maior autonomia e participação na tomada de decisão,
além do aumento das responsabilidades de cada indivíduo.
Seguindo essa ênfase, pode-se verificar que as duas empresas apresentam
mudanças semelhantes no que concerne à forma de realização do trabalho organizacional,
proposta pela reengenharia. Na Tintas Renner S.A., as atividades desenvolvidas no processo
de abastecimento são executadas por pessoas alocadas em diferentes departamentos, que não
possuem mais seus cargos restritos apenas às tarefas de sua área, tampouco trabalhos
delimitados de maneira específica. No Grupo Gerdau, a criação da chamada célula de negócios
do processo comercial, fez com que deteminadas pessoas da área comercial e dos setores de
cadastro e cobrança da área financeira fossem reunidas para desempenharem suas tarefas de
maneira conjunta, centralizando, assim, as atividades daquele processo.
Quanto à autonomia dos funcionários, averiguou-se que há diferença de escopo
desse aspecto entre os dois casos. Na Tintas Renner S.A., os membros do processo de
abastecimento têm autonomia para estabelecer a melhor maneira de realizar suas tarefas e
também para planejar e estabelecer as metas daquele processo. No Grupo Gerdau, os
indivíduos componentes da célula de negócio podem flexibilizar a execução de suas atividades,
entretanto, essa autonomia restringe-se somente às suas tarefas.
Da mesma forma, no que concerne à participação nas decisões, não se verifica
uniformidade nos casos pesquisados. Na Tintas Renner S.A., o indivíduo participa de todas as
decisões, sejam estratégicas ou operacionais, através das reuniões V-L-P-M (vendas,
117
laboratorio, produção e materiais), onde são decididas as metas a serem atingidas pelo
processo dentro dos resultados esperados pela empresa, bem como a operacionalização dessas
decisões. No Grupo Gerdau, a participação se dá mais ao nível operacional, ou seja, os
membros da célula de negócios têm uma maior atuação nas decisões relacionadas com a
otimização das atividades do processo.
No que tange à responsabilidade das pessoas pertencentes às equipes de
processo, detectou-se um incremento dessa em ambos os casos. Na Tintas Renner S.A., o
aumento de responsabilidade das pessoas foi tão expressivo que a empresa investiu em
programas de aperfeiçoamento, para que os membros das equipes de processo estivessem
preparados para assumirem um número maior de decisões e as implicações decorrentes dessas,
tendo em vista que, todas as pessoas participantes do processo de abastecimento eram
responsáveis na mesma proporção pelos resultados do mesmo. Já no Grupo Gerdau, a
majoração das responsabilidades se deu pelo acúmulo de tarefas antes não pertencentes ao
indivíduo, e que passaram a fazer parte de seus atributos.
Sob essa perspectiva, observou-se que os aspectos dos recursos humanos
passíveis de mudança (forma de realização do trabalho, autonomia, participação nas decisões e
responsabilidade), com a implantação de um programa de reengenharia, apresentaram, nos dois
casos pesquisados, modificações semelhantes às descritas no referencial teórico deste estudo.
Entretanto, há diferenças no que se relaciona ao grau de intensidade dessas mudanças em cada
uma das empresas.
No quadro 5, uma síntese das modificações provocadas nos recursos humanos a
partir da implementação do programa de reengenharia, extraídas das entrevistas semi-
estruturadas, são descritas para os dois casos estudados.
118
119
Quadro 5 - Modificações nos recursos humanos provocadas pela reengenharia
Aspectos Tintas Renner SA.. Grupo GerdauForma de realização do
trabalhoO indivíduo trabalha em conjunto com pessoas de outras áreas (equipes interfuncionais).
Formação de células de negócios, com pessoas de diversas áreas (equipes interfimcionais).
Autonomia A pessoa determina o modo de execução das suas tarefas.
Flexibilidade na execução das tarefas.
Participação nas decisões O individuo participa das decisões estratégicas e operacionais do processo.
O indivíduo participa das decisões operacionais da célula de negócio.
Responsabilidade A respraisabilidade pelo processo é dividida iguahnente entre todas as pessoas que dele fazem parte.
A responsabilidade aimientou devido ao maior número de tare&s distribuídas aos membros da célula de negócio.
4.3.3 Processos
Um dos principais pressupostos da abordagem da reengenharia encontra-se
localizado no redesenho dos processos organizacionais. Através dele, a empresa, passa a
operar com uma estrutura mínima necessária à execução de cada um de seus processos, que,
por sua vez, são compostos por tarefas interdependentes e logicamente agrupadas.
Nesse contexto, observou-se certa disparidade em relação ao estabelecimento
da estrutura processual nas duas empresas investigadas. Na Tintas Renner S.A., a implantação
do programa de reengenharia na Planta de Cravatai, fez com que a área de materiais,
localizada na Unidade de Serviços daquela Planta, fosse desarticulada, cabendo a cada uma das
Unidades de Negócios, estabelecer o redesenho de seu processo de abastecimento.
A extinção da área de materiais, no entanto, não levou a Unidade de Negócios
Cíeral Sul à criação de um novo departamento ou área para o novo processo de abastecimento.
Ao invés disso, alocaram-se pessoas nos diferentes departamentos da empresa, com a fimção
de desenvolver as atividades daquele processo específico. São as chamadas equipes
interfüncionais.
No Grupo Gerdau, a reengenharia na área comercial não fez com que houvesse
a desarticulação de nenhuma área ou setor da empresa. O que ocorreu foi a criação de células
de negócios, sobrepostas à estrutura já existente, e que possuem subordinação direta à
diretoria da companhia.
Dessa forma, a redução de níveis hierárquicos na Tintas Renner S.A. evidencia
se com o fim da área de materiais e o estabelecimento da equipe do processo de abastecimento,
que fez com que fossem eliminados três níveis hierárquicos (supervisor de materiais, gerente de
materiais e chefe de materiais). A mesma redução não é perceptível na implementação da
célula de negócio da área comercial do Grupo Gerdau, tendo em vista que, com a
sobreposição das células de negócio á estrutura da organização, nenhum nível hierárquico foi
eliminado.
Quanto ao critério de agrupamento das tarefas, foi constatada certa similaridade
nos dois casos apresentados. Na Tintas Renner S.A., as tarefas de abastecimento, antes
reunidas de forma departamental, mais especificamente na área de materiais da Unidade de
Serviços da Planta de Gravatai da empresa, com o redesenho dos processos passaram a ser
desenvolvidas dentro da Unidade de Negócios Geral Sul, no local onde propicia maior
otimização de tempo, menos pessoas envolvidas e um menor trâmite.
No Grupo Gerdau, as tarefas do processo comercial estavam distribuídas entre
a área comercial e os setores de cadastro e cobrança da área financeira da empresa. Com a
reengenharia, e a conseqüente adoção das células de negócio, todas as atividades do processo
comercial foram agrupadas em uma célula de negócio.
120
121
Assim, ambas as empresas tiveram suas estruturas modificadas a partir do
programa de reengenharia, seja com a desarticulação de uma área, como foi o caso da Tintas
Remier S.A., ou com o acréscimo das células de negócio, como ocorreu no Grupo Gerdau.
Quanto à redução de níveis hierárquicos, essa ficou caracterizada somente no caso da Tintas
Renner S.A., onde efetivamente ocorreu a extinção de uma área da empresa, com a supressão
de três níveis hierárquicos. Por outro lado, o agrupamento das tarefas do processo foi
detectado nos dois casos, sendo que na Tintas Renner S.A. houve a formação da equipe do
processo de abastecimento e no Grupo Gerdau o estabelecimento da célula de negócio do
processo comercial, que centralizam a execução das atividades do processo.
O quadro 6 procura sintetizar as principais características dos processos
reengenheirados nos dois casos pesquisados, a partir das entrevistas semi-estruturadas.
Quadro 6 - Características dos processos reengenheirados
Características Tintas Renner SA. Grupo Gerdau
Estrutura- Desarticulação da área de
materiais;
- Criação de equipe interfuncional;
- Redução de três níveis hierárquicos
- Estabelecimento de células de negócio sobrepostas à estrutura existente;
- Não houve redução dos níveis hierárquicos.
Critério de agrupamento de tarefas
- Tarefas são realizadas “onde fezem mais sentido”.
- Centralizadas na célula de negócio.
4.3.4 Tecnologia da informação
A tecnologia da informação é considerada, por vários autores da abordagem da
reengenharia, como uma das mais importantes ferramentas organizacionais para o
desenvolvimento da ênfase processual nas empresas. Dentro desse contexto, a presente análise
pretende contemplar as alterações ocorridas na tecnologia da informação, com a implantação
da reengenharia, nos dois casos em estudo.
Os equipamentos utilizados pelas duas empresas possuem várias semelhanças.
Tanto a Tintas Renner S.A. como o Grupo Gerdau fazem uso de plataforma mainframe IBM t
redes de comunicação interna e externa, além de empregarem uma grande quantidade de
microcomputadores em suas atividades cotidianas.
Quanto aos softwares empregados pelas empresas, estes também apresentam
similaridades. Nos dois casos pesquisados, a plataforma mainframe é constituída de sistemas
projetados pelos departamentos de informática das mesmas. No que diz respeito aos softwares
utilizados nos microcomputadores, esses foram adquiridos no mercado.
Somado a isso, as duas empresas estão migrando para uma nova plataforma
Cliente-Servidor. A Tintas Renner S.A. está implantando o “pacote” SAP, enquanto que o
Grupo Gerdau está em fase de escolha entre os pacotes SAP e BPCS.
No que tange à forma de emprego da tecnologia da informação, a partir da
implantação do programa de reengenharia, os casos não apresentam muitos pontos em comum.
Na Tintas Renner S.A. houve a ênfase na criação de um sistema de informações que atendesse
às necessidades do processo de abastecimento. Esse novo sistema proporcionou a integração
do processo de abastecimento à todas as outras áreas da empresa, eliminando vários trâmites
antes necessários para a execução das atividades do referido processo.
No caso do Grupo Gerdau, foi colocado à disposição, de cada célula de
negócio, um profissional analista de sistemas. Esse teve a função de adaptar o sistema de
informação existente às exigências dos processos reengenheh-ados. Tratando-se,
especificamente, do processo comercial, o sistema de informação ainda não está totahnente
integrado às demais áreas da empresa.
122
123
Sob essa perspectiva, pode-se afirmar que os casos em estudo apresentam
semelhanças de tecnologia da informação no que se relaciona aos equipamentos e softwares
utilizados. Porém, sua aplicação à reengenharia não obteve resultados aproximados. Enquanto
na Tintas Renner S.A. o sistema de informações age como um capacitador das atividades do
processo de abastecimento, possibilitando acesso rápido e integrado de todas as informações
de matérias-primas, estoques e variações nas vendas, a área comercial do Grupo Gerdau não
possui em sua célula de negócio um sistema que interaja com todas as áreas da companhia.
No quadro 7 são apresentadas as características da tecnologia da informação
dos casos estudados, conforme informado nas entrevistas semi-estruturadas.
Quadro 7 - Características da tecnologia da informação dos casos estudados
Características Tintas Renner SA. Grupo Gerdau
Hardware - Mainframe IBM;
- Microcomputadores.
- Mainframe IBM;
- Microcomputadores.
Softwares - Desenvolvidos pela empresa;
- Utilitários de microinformática.
- Desenvolvidos peia empresa;
- Utilitários de microinfbmiática.
Sistema de informação
- Integrado a todas as áreas. - Interligado parcialmente.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
o programa de reengenharia, adotado pelas organizações estudadas, não
constitui-se de um padrão totalmente previsível de procedimentos, assim como, não pode ser
considerado um conjunto pré-definido de ferramentas de gestão empresarial. Existe, no
entanto, um número significativo de aspectos coincidentes nos dois casos pesquisados, que
permitem a contextualização e delineamento da abordagem de reengenharia, no que se
relaciona às alterações provocadas por essa, nos recursos humanos, processos e tecnologia da
informação.
Inserida nesse contexto, a presente seção procura apresentar as inferências do
autor, sobre as similaridades detectadas nos dois casos analisados neste trabalho. Cabe
ressaltar, entretanto, que, por este tratar-se de um estudo exploratório, não se pretende
concluir sobre o fenômeno investigado, mas sim, fazer inferências a partir da análise dos dados
coletados na Tintas Renner S.A e no Grupo Gerdau, que venham contribuir para fijturas
pesquisas sobre a abordagem da reengenharia.
Nesse sentido, o problema central da presente pesquisa refere-se à verificação
de como essa nova forma de gestão afeta a configuração dos processos existentes, redireciona
o trabalho dos individuos e redimensiona a utilização da tecnologia da informação. Desse
modo, o programa de reengenharia das duas empresas foi analisado a partir dos procedimentos
adotados para a implementação do mesmo, bem como, dos aspectos recursos humanos,
processos e tecnologia da informação.
Quanto à metodologia empregada, percebe-se que os procedimentos utilizados
em ambos os casos, para a implantação do programa de reengenharia, seguiram uma
determinada seqüência de execução comum às duas organizações. Os principais indícios dessa
eqüidade são; a divisão do projeto de implementação em um mesmo número de etapas (três
etapas em cada uma das empresas); as semelhanças entre as ações tomadas (criação de um
grupo de reengenharia, análise do fluxo de atividades da empresa, verificação da estrutura
organizacional e dos sistemas de informação, estabelecimento dos times ou equipes de
processos etc.); além do uso de literatura especializada similar.
Sob esse escopo, importa ressaltar que, embora os programas de reengenharia
da Tintas Renner S.A. e do Grupo Gerdau tenham sido conduzidos por um conjunto de
procedimentos, até certo ponto, análogos, esse pressuposto não pode, por si só, induzir à
suposição da existência de uma metodologia padrão para a abordagem.
No que tange aos recursos humanos, observa-se que, a implantação da
reengenharia interferiu no modo de realização do trabalho das pessoas, principalmente,
daqueles individuos envolvidos no processo de abastecimento da Tintas Renner S.A. e no
processo comercial do Grupo Gerdau. Essa constatação, deu-se, a partir da análise dos
aspectos que compõem o conceito de enriquecimento de cargo^^, especificamente, a variação
dos níveis de autonomia, participação nas decisões e responsabilidade.
A abordagem da reengenharia proporcionou o estabelecimento de equipes
interfiancionais, ou multidimensionais, nos processos abrangidos pelo programa das duas
empresas pesquisadas. Essa concepção de trabalho, proposta pelo redesenho dos processos,
fez com que as barreiras departamentais fossem extintas, permitindo que pessoas de diferentes
125
^ ^CHIAVENATO, Idalberto. Manual de reengenharia. Op. cit., p. 105.
áreas passassem a realizar suas atividades de forma integrada, com as mesmas expectativas e
objetivos quanto ao processo em que estão inseridas.
A maior autonomia dos participantes das equipes dos processos redesenhados
ficou evidenciada através da presente pesquisa, embora com menor intensidade em um dos
casos. Isso porque, enquanto os membros do processo de abastecimento da Tintas Renner
S.A. receberam, da Direção da empresa, uma ampla liberdade de ação no âmbito daquele
processo, os integrantes da célula de negócio do processo comercial do Grupo Gerdau
obtiveram uma maior flexibilização na execução de suas tarefas, não sendo autorizados,
porém, a promoverem modificações no processo, sem a prévia autorização da Diretoria.
De maneira semelhante, o aumento da participação das pessoas, nas decisões
relacionadas ao processo em que estão inseridas, se deu de forma desigual nas empresas
estudadas. A restrição dessa participação somente a nível operacional, no Grupo Gerdau, foi a
propulsora do desequilíbrio desse aspecto entre os dois casos.
No que diz respeito à responsabilidade de cada indivíduo componente das
equipes de processos, percebe-se um acréscimo considerável. Esse incremento, se deve, tanto
ao maior número de tarefas distribuídas a cada pessoa, quanto à flexibilização no modo de
execução das atividades do processo.
Sob essa perspectiva, pode-se dizer que, nos casos analisados, as alterações
verificadas na forma das pessoas exercerem suas atividades, com a adoção do programa de
reengenharia, estão em consonância com os pressupostos da referida abordagem, ainda que, a
literatura a respeito do assunto não apresente subsídios que propiciem a mensuração exata dos
níveis de autonomia e participação nas decisões, assim como, do aumento de responsabilidade,
necessários aos membros de uma equipe multidimensional.
126
Outra observação que deve ser feita a partir dos casos estudados, refere-se aos
processos organizacionais. O redesenho desses provocou determinadas mudanças na estrutura
organizacional das empresas, bem como, a modificação do critério de agrupamento das tarefas
inerentes ao trabalho desenvolvido nas áreas ou setores reengenheirados das duas
organizações.
A reengenharia da Tintas Renner S.A. levou à desarticulação da área de
materiais que prestava apoio para a Unidade de Negócios Geral Sul. Com isso, as atividades
daquela área foram revistas e redesenhadas dentro da Unidade de Negócios, sem criar, porém,
um novo departamento ou setor. As tarefas do novo processo foram alocadas nas áreas da
empresa, onde sua execução e trâmite fossem mais coerentes. Para a realização dessas
atividades, foi composta a equipe do processo de abastecimento, formada por pessoas de
diversos setores da companhia.
Já no Grupo Gerdau, houve a criação de uma célula de negócio para o processo
da área comercial. Essa foi incorporada à estrutura da empresa, não promovendo a extinção de
nenhuma área ou setor. Com a formação da célula de negócio, as atividades do processo
comercial passaram a ser operacionalizadas de modo centralizado, dentro da mesma.
Nota-se, assim, que, apesar das empresas pesquisadas terem apresentado
alterações em suas estruturas e na forma de agrupamento das tarefas de seus processos, não
houve similaridade consistente entre essas mudanças, dificultando, desse modo, a emissão de
um juízo a respeito desse pressuposto. Cabe ressaltar, entretanto, que, tratados isoladamente,
ambos os casos demonstram proximidade com o referencial teórico descrito neste trabalho.
Um dos aspectos mais interessantes resultantes deste trabalho reside na
verificação das alterações ocorridas quanto ao uso da tecnologia da informação, com a
127
implementação da abordagem de reengenharia na Tintas Renner S.A. e no Grupo Gerdau,
principalmente no que se relaciona à hardware, software e sistemas empregados por essas duas
companhias.
No que tange ao hardware usado pelas empresas, esse não sofreu grandes
alterações. Como as duas organizações já possuíam uma ampla área de sistemas, com
plataforma mainframe e microcomputadores distribuídos em seus departamentos, ligados em
redes internas e externas de comunicação, não houve necessidade de um maior aparelhamento
de sua tecnologia da informação.
Quanto aos softwares adotados pelas organizações, pode-se dizer que, com a
implementação do programa de reengenharia, esses passaram por um processo de reavaliação.
Tanto a Tintas Renner S.A. quanto o Grupo Gerdau, estão passando por uma migração de sua
plataforma computacional, de mainframe para Cliente-Servidor. A Tintas Renner S.A. optou
pelo pacote integrado SAP, que está sendo implantado atualmente. Já o Grupo Gerdau está em
fase de escolha, entre os pacotes SAP e BPCS. Essa mudança de plataforma tem como
objetivos, nas duas organizações, reduzir o número de pessoas que trabalham na área de
sistemas, além de proporcionar atualização de seus softwares e integração de seus sistemas.
Tratando-se, exclusivamente, dos sistemas utilizados nos processos
reengenheirados, objeto deste estudo, pode-se averiguar que apenas a Tintas Renner S.A.
atingiu a integração do sistema de informação do processo de abastecimento com os demais
sistemas da companhia, propiciando, assim, a agilização na execução da maior parte das
atividades daquele processo.
No Grupo Gerdau, o sistema de informações do processo comercial encontra-se
somente interligado, o que resulta no não entrelaçamento de todas as atividades do processo.
128
exigindo, dessa forma, um maior intervalo de tempo entre a realização das tarefas, além da
necessidade de atualização dos dados de forma manual, durante o turno de trabalho.
Assim, mediante essas observações, percebe-se que, a implementação do
programa de reengenharia produziu modificações na tecnologia da informação dos casos
pesquisados, no que diz respeito à plataforma de software utilizada. Quanto ao hardware
empregado, não há evidências que indiquem alterações desse em ílinção da reengenharia. No
que concerne aos sistemas usados nos processos reengenheirados, apenas o do processo de
abastecimento da Tintas Renner S.A. apresenta mudanças decorrentes do estabelecimento do
programa.
A partir do que foi exposto na presente seção, e Ihnitando-se apenas aos casos
analisados, pode-se inferir que a implantação do programa de reengenharia deu-se através da
utilização de procedimentos similares; fez com que o trabalho começasse a ser realizado por
meio de equipes interflincionais, compostas de pessoas com maior autonomia, participação e
responsabilidades quanto ao processo; provocou modificações na estrutura organizacional e na
forma de agrupamento das tarefas; além de alterar algumas características da tecnologia da
informação.
129
5.2 Recomendações
As constatações apresentadas neste capítulo, embora restritas às duas
organizações estudadas, suscitam algumas questões que podem vir a ser objeto de novas
pesquisas condizentes à abordagem da reengenharia.
Uma dessas questões diz respeito a metodologia de implementação dos
programas de reengenharia. Este trabalho procurou evidenciar a eqüidade entre os
procedimentos adotados na implantação da reengenharia das duas empresas pesquisadas. Não
aspirou, todavia, identificar a possibilidade da existência de um conjunto padronizado de ações
a serem seguidas no estabelecimento do programa, comum a todas as abordagens encontradas
na literatura especializada.
Recomenda-se um estudo mais aprofundado neste aspecto. Esse pode ser
realizado, inicialmente, através do levantamento bibliográfico das diferentes denominações de
metodologia da reengenharia, propagadas pelos vários autores dedicados à abordagem. Em um
segundo momento, fazendo uso da pesquisa de campo, verificar a existência ou não de um
padrão de procedimentos na implantação do programa de reengenharia em um número
significativo de casos.
Outro aspecto de relevância poderia ser um estudo sobre o impacto gerado pela
implementação da reengenharia na cultura organizacional. Apesar de não terem sido feitas
considerações nem perguntas específicas sobre o assunto, podem ser levadas em conta as
alterações ocorridas nos recursos humanos, como o surgimento do trabalhador
multidimensional e suas implicações sobre alguns elementos da cultura, como, por exemplo, os
valores e símbolos.
130
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ANEXOS
141
ANEXO 1 - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS A NIVEL ESTRATÉGICO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÓMICO
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CPGA-UFSC
Prezado Sr.(a);
O presente instrumento de pesquisa faz parte do estudo que está sendo
desenvolvido pelo mestrando André Andrade Longaray em sua dissertação, que trata do
assunto reengenharia. O referido trabalho está sendo orientado pela Prof. Dra. lise Maria
Beuren, professora do Curso de Pós-Graduação em Administração e do Departamento de
Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina.
O objetivo deste roteiro é proporcionar auxilio ao entrevistado no que diz
respeito ao entendimento e seqtiência das questões formuladas pelo entrevistador.
Desde já, os membros do Curso de Mestrado em Administração da UFSC,
através de seu coordenador, Dr. Nelson Colossi, agradecem Vossa colaboração e
participação no referido estudo.
NOME:
FUNÇÃO:.
ÁREA/SETOR:
DADOS DO ENTREVISTADO
FONE PARA CONTATO:,
142
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Como surgiu a idéia da aplicação do programa de reengenharia?
2. Houve algum fator preponderante que influenciou a escolha pela reengenharia?
3. Quais as áreas da empresa que sofreram reengenharia?
4. Como ocorreu a mobilização das pessoas para a implantação da reengenharia (formação de equipes, grupos de trabalho etc)?
5. Houve auxiüo de empresa de consultoria externa? Exphque.
6. Quais as fases que precederam à implantação da reengenharia?
7. Descreva a seqüência dos eventos que estavam previstos para a implantação da reengenharia?
8. Explique as etapas de implantação da reengenharia?
9. A implantação do programa de reengenharia seguiu alguma(s) abordagem(s) contemplada(s) na literatura especializada (por exemplo: Hammer; Davenport; Harrington; Davidson; Moris e Brandon; ou Abordagem de Empresa de Consultoria)? Comente essa opção.
10.0 programa de reengenharia fez com que departamentos ou áreas fossem criados, modificados ou desarticulados? Ejq)lique.
11.0 número de níveis hierárquicos sofi-eu variação com a implantação da reengenharia?
12.Qual era o critério utilizado para agrupar as atividades na empresa antes da reengenharia (por processo, por departamento, por produtos, outras formas)? Exemplifique.
13. Qual é o atual critério utihzado para agrupar as atividades na empresa? Exemplifique.
14.Com a inçlantação da reengenharia, os ocupantes de cargos foram dotados de novasresponsabilidades para decidir sobre como proceder em situações que dizem respeito às suas atribuições? Exençlifique.
15.Quais eram as caracteristicas da Tecnologia da Informação(hardware, software) antes da reengenharia?
ló.Quais são as atuais caracteristicas da Tecnologia da Informação?
IT.Como o sistema de informações estava interiigado entre as áreas antes da reengenharia?
18.Como, atualmente, o sistema de informações está interiigado?
143
ANEXO 2 - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS A NIVEL DE IMPLEMENTAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIO ECONÓMICO
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CPGA-ÜFSC
Prezado Sr.(a):
O presente instrumento de pesquisa faz parte do estudo que está sendo
desenvolvido pelo mestrando André Andrade Longaray em sua dissertação, que trata do
assunto reengenharia. O referido trabalho está sendo orientado pela Prof. Dra. Ose Maria
Beuren, professora do Curso de Pós-Graduação em Administração e do Departamento de
Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina.
O objetivo deste roteiro é proporcionar auxilio ao entrevistado no que diz
respeito ao entendimento e seqüência das questões formuladas pelo entrevistador.
Desde já, os membros do Curso de Mestrado em Administração da UFSC,
através de seu coordenador, Dr. Nelson Colossi, agradecem Vossa colaboração e
participação no referido estudo.
NOME:
FUNÇÃO:_
ÁREA/SETOR:
DADOS DO ENTREVISTADO
FONE PARA CONTATO:
144
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Descreva como ocorreu a implantação da reengenharia no seu setor.
2. Como você poderia descrever a sua participação na inplantação da reengenharia no seu setor?
3. Seu setor teve que fazer algum tipo de mudança (física, estrutural, teoiológica etc) para se preparar para a reengenharia? Exemplifique.
4. Você participou de algum treinamento, desenvolvimento ou outro método que tivesse como objetivo prepará-lo para o trabalho sobre a ênfese da reengenharia? Explique.
5. Quais as mudanças que a reengenharia provocou em seu setor?
6. Quais eram os resultados (outputs) que seu setor tinha incumbência de atender para o fímcionamento normal da ençresa antes da reaigaiharia ocorrer?
7. Quais são os resultados (outputs) que seu setor deve atingir atualmente?
8. Qual a área ou setor em que você trabalhava antes da reengenharia?
9. Qual era o seu cargo?
10.Qual era o cargo imediatamente superior ao seu?
11.Qual(is) era(m) o(s) cargo(s) subordinado(s) ao seu?
12.Cite as atividades básicas de seu cargo antes da ocorrência da reengenharia.
13.Atualmente, em que área ou setor você trabalha?
14.Qual o cargo que você ocupa?
15.Qual 0 cargo imediatamaite superior ao seu?
16.Qual(is) o(s) cargo(s) subordinado(s) ao seu?
17. Cite quais as atividades básicas de seu cargo atuahnente.
18.De que forma você pode descrever o critério utilizado para agrupar as atividades de seu cargo, antes da reengenharia?
19.E atualmente, que critério é utilizado para agrupar as atividades de seu cargo?
20.Escolha uma atividade inerente ao seu cargo. Descreva como era executada tal atividade antes da reaigOTharia.
21. Descreva como esta atividade é executada atualmente.
145
22.Você executa atualmente alguma atividade que antes da reengenharia era realizada por detentor de cargo de nível hierárquico maior ou igual ao seu? Exemplifique.
23.Você considera que suas atividades aumentaram ou diminuíram após a implementação da reengenharia? Exemplifique.
24. Quanto a sua responsabilidade com as atividades do setor, você considera que ela aumentou ou diminuiu? Comente sua resposta.
25.Descreva como era sua participação no processo decisorio de seu setor ou área antes da reengenharia.
26.Como é sua participação nas decisões de seu setor ou área atualmente?
27.Qual era a Tecnologia da Informação disponível em seu setor antes da reengenharia? (hardware, software etc).
28.De que forma você fezia uso dessa tecnologia? Cite exemplo(s).
29.Você percebeu mudanças na utilização da Tecnologia da Informação a partir da implementação do programa de reaigenharia? Explique.
30.Como você utiliza a Tecnologia da informação atualmente? Cite exemplo(s).
146
ANEXO 3 - ROTEIRO DAS ENTREVISTAS A NIVEL OPERACIONAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIO ECONÓMICO
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CPGA-UFSC
Prezado Sr.(a);
O presente instrumento de pesquisa faz parte do estudo que está sendo
desenvolvido pelo mestrando André Andrade Longaray em sua dissertação, que trata do
assunto reengenharia. O referido trabalho está sendo orientado pela Prof. Dra. Ese Maria
Beuren, professora do Curso de Pós-Graduação em Administração e do Departamento de
Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina.
O objetivo deste roteiro é proporcionar auxilio ao entrevistado no que diz
respeito ao entendimento e seqüência das questões formuladas pelo entrevistador.
Desde já, os membros do Curso de Mestrado em Administração da UFSC,
através de seu coordenador, Dr. Nelson Colossi, agradecem Vossa colaboração e
participação no referido estudo.
NOME:
FUNÇÃO:.
ÁREA/SETOR:
DADOS DO ENTREVISTADO
FONE PARA CONTATO:
147
ROTEIRO DE ENTREVISTA
1. Em que área ou setor você trabalha?
2. Qual o cargo que você ocupa?
3. Que atividades você desempenha em seu cargo?
4. Descreva as modificações que você considera terem ocorrido na área ou setor em que você trabalha como conseqüência do programa de reengenharia implantado na empresa.
5. Você participou de algum treinamento, desenvolvimento ou outro método que tivesse como objetivo prepará-lo para o trabalho sobre a ên&se da reengenharia? E?q)lique.
6. Quanto às atividades inerentes ao seu cargo, elas sofreram algum tipo de mudança com a aplicação da reengenharia na enq)resa? ExpUque.
7. Seu setor teve que fazer algum tipo de mudança (física, estrutural, tecnológica etc) para se preparar para a reengenharia? Exemplifique.
8. Você percebeu mudanças na utilização da Tecnologia da Informação a partir da inq)lementação do programa de reaigenharia? Explique.
9. Você considera que suas atividades aumentaram ou diminuíram após a inqilementação da reengenharia? Exemplifique.
10.Quanto a sua responsabilidade com as atividades de determinado processo, você considera que ela aumentou ou diminuiu? Comoite sua resposta.
11.0 número de chefias intermediárias aumentou ou diminuiu com a reengenharia? Exphque.
12.0s objetivos da área/setor foram redimensionados ou aprimorados com a inq)lantação da reaigaiharia na empresa? Comaite sua resposta.
148
ANEXO 4 - RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS ORGANIZACIONAIS ANALISADOS NESTE TRABALHO
Tintas Renner S.A.:
- Plano de reengenharia da companhia.
- Folders de divulgação do programa.
Grupo Gerdau:
- Boletim informativo do Grupo Gerdau, exercício de 1995.
- Informativo da reengenharia, número 01.
- Informativo da reengenharia, número 02.
- Folders de divulgação da empresa.