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O REFORÇO COMO ESTRATÉGIA EDUCATIVA Elaborado por: Rosa Martins, Janeiro de 1997 Nota de Apresentação Introdução Enquadramento Teórico Relações Entre o Comportamento e o Reforçador Como Identificar os Reforçadores Regras Para Usar os Reforçadores Considerações Finais Recomendações Conclusão Bibliografia NOTA DE APRESENTAÇÃO O Reforço Como Estratégia de Intervenção consiste numa pesquisa de como usar o reforço para intervir com crianças que mantêm comportamentos desajustados Na introdução justifica-se o porquê do uso do reforço, para em seguida se fazer o enquadramento teórico das diversas formas de reforçar os comportamentos. Após a abordagem das relações entre

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O REFOROCOMO ESTRATGIA EDUCATIVAElaborado por: Rosa Martins, Janeiro de 1997 Nota de Apresentao IntroduoEnquadramento TericoRelaes Entre o Comportamento e o ReforadorComo Identificar os ReforadoresRegras Para Usar os ReforadoresConsideraes FinaisRecomendaesConclusoBibliografia

NOTA DE APRESENTAO O Reforo Como Estratgia de Interveno consiste numa pesquisa de como usar o reforo para intervir com crianas que mantm comportamentos desajustadosNa introduo justifica-se o porqu do uso do reforo, para em seguida se fazer o enquadramento terico das diversas formas de reforar os comportamentos. Aps a abordagem das relaes entre comportamentos e acontecimentos reforantes, como identificar os reforadores e algumas regras de como os utilizar, tecem-se algumas consideraes finais. Termina-se com sugestes e recomendaes acerca do uso do reforo. INTRODUO A nossa interaco influenciada em grande parte por aqueles que nos rodeiam, mas tambm ns podemos influenciar os outros. Todos os comportamentos - resposta ao meio (Skinner) - exercem influncia no meio ambiente, e este condiciona-nos tambm, ora reforando ora punindo as nossas aces.Podemos no ter conscincia que acontecimentos particulares so reforadores, mas a nossa falta de conscincia no diminui a sua influncia. Se se aceitar que o reforo acontece ento logicamente segue-se que devemos ter conscincia dos acontecimentos que estamos reforando e devemos us-los em benefcio das crianas. A incapacidade para reconhecer o poder dos reforadores que naturalmente acontecem e a incapacidade para usar os reforadores correctamente pode resultar em experincias educativas precoces que promovem a dependncia, as dificuldades de aprendizagem, os comportamentos anti-sociais e outros resultados negativos para as crianas. Talvez o mais importante para justificar o reforo seja de que este funciona para modelar o comportamento das crianas uma vez que as crianas agem no ambiente, o ambiente reage e algumas das suas aces so reforadas. Este reforo proveniente do ambiente fsico dos seus pares, dos efeitos do seu comportamento e dos adultos.A Educao s se pode fazer numa atmosfera de confiana e de aceitao total da criana. um ambiente seguro, acolhedor, diversificado, calmo, onde as crianas possam crescer e favorecer a socializao e a interaco em realidades diferentes, ponto positivo para que a inteligncia se v construindo - agindo que a criana aprende. importante estabelecer uma boa relao afectiva com a criana, criar um ambiente de confiana com os pais e promover uma relao de camaradagem e inter ajuda com os colegas de trabalho para facilitar um bom contexto de aprendizagem.Com este trabalho, Reforo como estratgia educativa, para alm de me enriquecer e formar profissionalmente, espero contribuir para o sucesso das crianas e sobretudo ajudar os educadores/professores e pais das crianas a tornarem-se mais intencionais, mais eficazes e mais objectivos na gesto dos problemas de comportamento, obtendo desta forma das crianas maior disponibilidade para a aprendizagem e deles prprios uma maior disponibilidade para a "educao/ensino".Numa primeira parte irei definir conceitos ligados modificao do comportamento, em especial nas diferentes maneiras de alterar os comportamentos desadequados; descreverei cada uma delas, apontando alguns conselhos a ter em conta na sua aplicao, com o fim de maximizar a sua eficcia. Em seguida abordarei as relaes entre comportamentos e acontecimentos reforantes, como identificar os reforadores e algumas regras de como os utilizar a fim de facilitar a aplicao de programas de interveno. Nas consideraes finais alerto para alguns aspectos importantes do reforo. Finalizarei este trabalho com breves recomendaes. ENQUADRAMENTO TERICO COMPORTAMENTO OPERANTE"Para Skinner, ensinar bem consiste na capacidade de organizar as sequncias de reforo apropriadas ao aluno e, em seguida, verificar se a apresentao desses reforos contingente emisso da resposta correcta do aluno"(Sprinthall e Sprinthall).A modificao do comportamento - "metodologia baseada na teoria de aprendizagem que visa sobretudo o comportamento observvel e se ocupa com os processos que possibilitam a mudana desse comportamento" (Skinner), refere-se s mudanas do comportamento voluntrio, ou seja, o comportamento que controlado pelos indivduos. Ocorre sempre que as pessoas interagem e pode ter como resultado tanto consequncias positivas como consequncias negativas para as pessoas envolvidas. o meio que causa as mudanas no comportamento porque as consequncias das respostas influenciam a aco futura, e porque estas consequncias ocorrem no meio exterior. O que fazemos, quem somos, o que passamos a ser resulta dos estmulos ambientais que nos so "impingidos" pelo meio desde que nascemos.Skinner observou dois tipos de comportamentos: respondente - comportamento reflexo ou involuntrio que envolve a musculatura lisa e as glndulas do corpo (ex: chorar quando se descasca uma cebola) (Skinner), e operante - Comportamento voluntrio; envolve a musculatura estriada do corpo (ex: andar, falar, estudar) (Skinner).O comportamento operante passvel de ser modificado; opera no ambiente e este, por sua vez opera no comportamento, sendo este ltimo controlado pelas consequncias que imediatamente o seguem. Uma vez que o comportamento que j ocorreu no pode ser alterado, na realidade as consequncias que se seguem a um comportamento alteram apenas a probabilidade futura ou a fora do comportamento; no entanto importante estudar os acontecimentos que antecedem os comportamentos que queremos modificar. Os antecedentes do-nos pistas importantes para o desencadear de comportamentos desadequados. Pela manipulao das consequncias (ou condies de estmulo) do comportamento operante, a probabilidade da sua ocorrncia futura pode ser alterada.O processo de aumento e decrscimo da probabilidade do comportamento atravs do reforo tem o nome de condicionamento operante e envolve trs operaes:O nvel operante do comportamento determinado fazendo-se um registo da linha de base do comportamento no nicio do processo de modificao.Para fortalecer o comportamento desejado, deve-se seguir cada ocorrncia com um reforador potencial at que a fora do comportamento aumente.O reforo descontinuado at que o comportamento volte ao nvel operante para se verificar cientificamente se o reforo causou a mudana.Qualquer evento ou consequncia de estmulo que aumente a fora ou a probabilidade do comportamento que segue chamado de reforador. A probabilidade de um aluno estudar em ocasies futuras ser maior se cada vez que estudar as suas lies o professor o reforar com ateno e elogios. A nica forma de determinar se uma dada consequncia ou no reforadora observar os seus efeitos nos comportamentos aos quais se segue.Antes de iniciar qualquer interveno para modificar os comportamentos desadequados da criana necessrio definir esses comportamentos de forma clara, precisa e quantificvel. A utilizao das tcnicas de modificao do comportamento implica a definio dos objectivos educacionais pretendidos em termos comportamentais. Definidos os objectivos, deve estabelecer-se o nvel operante para a actividade em questo observando e fazendo o despiste dos comportamentos perturbadores, assim como o registo e quantificao destes comportamentos. Em seguida desenvolvem-se estratgias tendo em vista a modificao dos comportamentos pretendidos e implementam-se essas estratgias. Finalmente faz-se a avaliao da eficcia ou no das estratgias utilizadas. Um aspecto fundamental da modificao do comportamento diz respeito ao fortalecimento de respostas atravs do reforo.REFORO - Consequncias positivas que se seguem a uma conduta e que ajudam a reforar e a consolidar a conduta (Sprinthall).As crianas aprendem a comportar-se, quer adequada quer desadequadamente. Para que aprendam uma conduta, necessrio que essa conduta seja reforada. O reforo pode ser primrio ou secundrio, positivo ou negativo, contnuo ou intermitente, por esquemas de razo e de intervalo, vicariante e aleatrio.Reforo primrio - Reforo obtido com a satisfao das pulses ou necessidades bsicas, tais como alimento, sono, etc (Noronha, M). A pesquisa estabeleceu que as consequncias que satisfazem certas necessidades biolgicas so reforadores para todas as formas de vida animal. Assim o alimento reforador para um animal faminto e a bebida reforadora para um animal sedento. Estes so reforos primrios ou incondicionados. Um reforo primrio no depende de condicionamento prvio para ter poder reforador.Reforo secundrio - Reforo obtido com a satisfao das necessidades secundrias ou sociais (aprendidas) tais como simpatia, honras, prestgio, afagos, dinheiro, bens materiais, etc (Noronha, M.).A ateno, o elogio, o dinheiro, e outros reforadores no relacionados directamente a necessidades biolgicas, tm poder reforador adquirido e so chamados de reforadores condicionados ou secundrios.Acontecimentos que foram repetidamente pareados com reforadores primrios podem vir a ter propriedades reforadoras. importante lembrar que se os reforadores secundrios no forem apoiados por reforadores primrios, perdero as suas propriedades reforadoras.Reforo positivo - Satisfao provocada por uma gratificao ou com a obteno duma situao desejada (Noronha, M.).Uma operao bsica de reforo envolve o processo de acrescentar algo bom ou desejvel ao ambiente. A tcnica de acrescentar algo bom contingente a comportamento desejado tem avantagem ntida de fazer com que a pessoa e a situao associada com aquele reforador se tornem reforadores secundrios. Reforo negativo - Processo de retirada de algo mau contingente a comportamento desejvel (Noronha, M.).Outra forma de reforar uma conduta quando determinado comportamento pe fim a uma situao desagradvel. O reforo negativo tem a desvantagem de resultar em comportamento de fuga ou esquiva. Faz com que a pessoa e a situao associada com a situao se tornem punitivas. O importante a ser lembrado que quer o reforo positivo, quer o negativo resultam em aumento do comportamento que seguem. Muitos cientistas evitam fazer uma distino entre eles e evitam rotul-los como reforo positivo e negativo porque muitas pessoas confundem o ltimo como punio.Reforo contnuo - Proporciona o reforo cada vez que o comportamento emitido (Sprinthall).Este o melhor esquema a ser usado para fortalecer inicialmente um comportamento (ou apoiar a aquisio dum novo). Sob um esquema de reforo contnuo, toda a resposta desejada reforada. Isto , cada vez que o organismo emite o comportamento desejado ele reforado. Trata-se da forma mais rpida de estabelecer um novo comportamento e do esquema mais eficiente para ser usado num procedimento de moldagem. O reforo contnuo numa frequncia alta pode resultar em saciao. de extrema importncia que se varie o tipo de reforo usado, a fim de se obter a mxima eficcia.Reforo intermitente - Requer que o organismo aprenda a esperar pelo reforo (Sprinthall).Os esquemas intermitentes de reforo so mais efectivos e eficientes na manuteno do comportamento quando frequncias mais altas j foram estabelecidas. No reforo intermitente apenas certas respostas so reforadas. Uma vantagem do reforo intermitente que ele mais resistente extino do que o reforo contnuo. Isto , se o reforo for interrompido, o comportamento continuar por um tempo mais longo aps o reforo intermitente do que aps o reforo contnuo. Os esquemas de razo e de intervalo so todos deste tipo.Esquemas de razoOs esquemas de razo so contingentes ao nmero de respostas emitidas e podem ser de razo fixa - o reforo ocorrer aps um nmero fixo de respostas e resultam em altas frequncias de respostas estveis com uma pausa imediatamente aps cada reforo (Sprinthall), e de razo varivel - o nmero de respostas exigidas variar, de forma que o reforo pode vir em qualquer hora e resultam em frequncias de respostas altas e estveis com pouca ou nenhuma pausa ps-reforo (Sprinthall). A extino em esquemas de razo caracteriza-se por um grande nmero de respostas num perodo de tempo relativamente pequeno. Isto ocorre geralmente na forma de jorros rpidos de respostas com pausas crescentes, com uma cessao abrupta de todas as respostas.Esquemas de intervaloOs esquemas de intervalo so contingentes passagem de tempo entre respostas e podem ser de intervalo fixo- existe um tempo fixo entre respostas reforadas, independentemente de quantas respostas so dadas; h pausas no responder aps o reforo e aumentos das respostas medida que se aproxima o fim do intervalo (Sprinthall) e de intervalo varivel- significa que o reforo ocorre depois da primeira resposta num intervalo mdio e resulta em resposta mantida em frequncia baixa; no tem periodicidade determinada e previsvel (Sprinthall). Aps esquemas de reforo de intervalo, a extino resulta em frequncias baixas, mantidas, que diminuem gradualmente. Uma vez que a extino neste esquema leva mais tempo do que noutros, esta a melhor maneira de manter o comportamento por um longo perodo de tempo.Reforo vicariante - Reforo obtido atravs do bom desempenho do modelo com quem uma pessoa se est a identificar(Noronha, M.).A apresentao de modelos com que a criana se possa identificar podem ser muitos e variados, mas possveis de serem imitados pela criana. O reforo dado comparando o comportamento do modelo com o da criana.Reforo aleatrio - Reforo obtido em quantidade e qualidade variveis em consequncia de um nmero imprivisvel de aces ou comportamentos (Noronha, M.).Alternando os diversos tipos de reforo pode-se incentivar a criana com modelos, reforos secundrios e vicariantes a comportar-se cada vez melhor. importante lembrar que grande parte do comportamento humano mantido em esquema mltiplo, ou numa combinao dos esquemas precedentes e que:O reforo contnuo dever ser usado durante a aquisio de novos comportamentos.O reforo intermitente a maneira mais eficiente de manter comportamentos j adquiridos.A extino ocorre mais rapidamente aps o reforo contnuo do que seguindo o reforo intermitente.4. Esquemas de razo frequncias altasEsquemas de intervalo frequncias baixasEsquemas fixos pausasEsquemas variveis responder estvel.MOLDAGEM - Tcnica de condicionamento em que, medida que as respostas mais simples so aprendidas, deixam de ser sucessivamente reforadas para se reforarem unicamente as mais complicadas at se obter o comportamento complexo final (Noronha, M.).A moldagem um procedimento que pode ser usado quando um comportamento desejado no ocorre ou tem nvel operante muito baixo. Em alguns casos, se o modificador de comportamento esperasse at que a criana emitisse certos comportamentos antes de ser reforada, poderiam passar semanas ou meses sem que o comportamento desejado fosse observado. A moldagem feita atravs de passos distintos:1- Definir o comportamento terminal desejado.2- Medir o nvel operante do comportamento.3-Reforar diferencialmente aproximaes sucessivas at que o comportamento terminal desejado seja obtido.REFORO POR FICHAA pesquisa contempornea em diversas reas relacionadas educao mostrou a eficcia do reforo por fichas na produo de mudanas no comportamento. Os sistemas de ficha tm sido especialmente teis em classes de educao especial e em ambientes especiais onde os alunos no responderam bem ao elogio, ateno da professora e a outros reforadores de sala de aula comunmente usados.Um reforo por ficha como o dinheiro. algo que se pode trocar no futuro por um objecto ou actividade desejada. Foram conseguidas mudanas dramticas mesmo com alunos que apresentavam comportamentos inadequados, dando-lhes pontos, fichas de jogo, notas ou outras coisas concretas que podiam mais tarde ser trocadas por passeios ao campo, lanche, privilgios especiais, dispensa da aula antes dos outros, uma escolha de trabalho ou desempenho de actividades, ou nalguns casos, bugigangas ou dinheiro.Os sistemas de reforo por ficha, quando devidamente aplicados, podem ser extremamente teis na manipulao de uma grande amplitude de comportamentos. O sucesso do reforo por ficha baseado em diversos pontos demonstrados:As fichas no dependem de qualquer condio de privao, uma vez que podem ser trocadas por muitos reforadores.As fichas so concretas, podem ser vistas.Podem ser dadas imediatamente aps o comportamento desejado, embora o reforador de troca possa ser fornecido muito tempo mais tarde.So entregues durante ou imediatamente a seguir s respostas adequadas.Permitem que o reforo seja dividido em pequenos segmentos.Requerem provises para troca, assegurando assim que os reforadores estejam disponveis para as crianas.Encorajam as crianas a participar no estabelecimento de objectivos. As crianas frequentemente trabalham ou negoceiam o estabelecimento de objectivos e dos valores das fichas para os objectivos desejados.Ajudam a definir claramente os objectivos comportamentais a serem atingidos pelo seu uso.O tamanho ou forma das fichas neste sistema de reforo no so restritivos.Depois dos alunos terem experimentedo a aprovao dos adultos e recebido elogios nalgum trabalho bem feito, pode-se geralmente retirar aos poucos a ficha para que os reforadores naturais possam entrar em aco.EXTINO - Processo de remoo de reforo at que o comportamento retorne a nveis baixos (Sprinthall).Um princpio bsico da aprendizagem que se um comportamento no for reforado ser extinto lentamente. A frequncia de um comportamento que foi seguido por reforo diminuir se este for retirado. quase como um processo de esquecimento. A tcnica da extino no reforar a resposta ou aco at esta chegar a nveis operantes. O facto de se impedir a resposta no leva extino. necessrio que haja resposta e que esta no seja reforada.No incio do processo de extino os comportamentos desadequados aumentam at se comearem a extinguir pouco a pouco. As tcnicas de extino s resultam quando:se consegue identificar o que est a reforar o comportamento da criana;se pode eliminar esse reforo;se permanece fiel ao programa de extino.A extino de comportamentos indesejados pode ser conseguida em conjunto com reforo de comportamento incompatvel - reforo de todo e qualquer comportamento que incompatvel com aquele que se deseja eliminar (Noronha, M.).PUNIO - Estmulo nocivo, geralmente aplicado na experimentao em psicologia comparada (com animais), com a finalidade de evitar o comportamento indesejvel (Noronha, M.).Refere-se ao procedimento de fazer seguir a um comportamento uma consequncia que diminua a sua fora ou probabilidade futura. Assim qualquer acontecimento que diminua a fora de um comportamento ao qual se segue chamado de acontecimento punitivo.A nica forma de determinar se uma consequncia punitiva observando os seus efeitos no comportamento ao qual se segue. Quando se tenta diminuir a fora de um comportamento atravs da punio importante assegurarmo-nos de que o agente punitivo seleccionado seja realmente efectivo. Isto pode ser feito, atravs de procedimentos usados para o reforo:Medir o nvel operante do comportamento.Fazer seguir ao comportamento um agente punitivo potencial e observar os efeitos no comportamento.Usar um procedimento de verificao cientfica.A maneira mais rpida de diminuir a fora de um comportamento fazer com que seja seguido de um forte agente punitivo.No entanto a punio de uma criana por um comportamento indesejado no garante, necessariamente, que ela ir mostrar um comportamento desejado; embora possa interromper o acto pelo qual foi punida, pode no apresentar um comportamento mais desejvel em lugar do outro. Se a punio for usada dever ser principalmente para interromper um comportamento potencialmente perigoso ou um comportamento que esteja a impedir a ocorrncia dum comportamento apropriado. Se se utilizar a punio muito importante assegurar que assim que o comportamento apropriado ocorra seja reforado.GENERALIZAOA generalizao refere-se ao facto de um comportamento que foi reforado em certas situaes ocorrer em situaes semelhantes. Sem generalizao teramos todos de aprender cada nova tarefa desde o princpio, mas felizmente podemos aplicar o que aprendemos no passado a novas situaes.DISCRIMINAOA discriminao o inverso da generalizao. Refere-se ao facto de certos comportamentos ocorrerem mais frequentemente nalgumas situaes do que noutras. As discriminaes so estabelecidas atravs do reforo diferencial - estratgia eficaz no ensino das crianas para usar capacidades especficas em situaes especficas. Segundo o princpio do reforo diferencial se o comportamento apropriado somente num dado contexto (ou num conjunto de contextos) deve ser reforado nesse contexto e no noutro (Sprinthall). Quando algum reforado por certos comportamentos nalgumas situaes e no noutras, os comportamentos tm maior probabilidade de ocorrer nas situaes que foram pareadas com reforo. Por causa da discriminao no emitimos comportamentos em situaes onde eles seriam inapropriados. Os indcios que nos informam que o reforo provvel so chamados de estmulos discriminativos.Para proporcionar um ambiente ideal de aprendizagem, essencial que os professores e os pais forneam estmulos discriminativos claros, de forma que as crianas sejam capazes de discriminar as condioes que as levaro ao reforo. importante ter materiais bem programados e instrues precisas. Pode ser necessrio oferecer indcios especiais, de forma que uma criana possa emitir respostas corretas que possam ser reforadas.Os estmulos discriminativos tambm desempenham um papel importante em cadeias complexas de comportamento. Uma cadeia uma sequncia de comportamentos na qual uma resposta produz uma mudana de estmulo que aumenta a probabilidade de uma nova resposta, que por sua vez produz uma outra mudana de estmulo. A sequncia leva oportunamente ao reforo.PRINCPIO DE PREMACK - conjunto de respostas pode ser utilizado para reforar outro conjunto de respostas (Sprinthall).Este princpio diz que um comportamento que ocorre numa taxa de frequncia elevada, pode ser usado para reforar um comportamento que ocorre naturalmente numa taxa de frequncia baixa. necessrio observar-se cuidadosamente as crianas nos perodos de tempos livres, anotando os comportamentos que ocorrem naturalmente com mais frequncia. Mais tarde estes comportamentos podem ser utilizados como reforos positivos para respostas de baixa probabilidade (fazer os deveres).INSTRUO EM CORRESPONDNCIAA instruo em correspondncia envolve o reforar uma "correspondncia" entre o que as crianas dizem e aquilo que fazem. usado principalmente para promover o uso das capacidades que as crianas possuem mas que no usam com a frequncia necessria ou no usam em certas situaes em que as devem usar.MOMENTO COMPORTAMENTALA aplicao principal do momento comportamental tem sido com crianas que no seguem de forma consistente os pedidos dos adultos. As crianas so reforadas para comportamentos que rapidamente executam e ento a seguir pede-se criana para se envolver no comportamento que tem menos possibilidade de realizar. Para usar esta estratgia o educador deve comear pelos comportamentos que so divertidos para as crianas fazerem, pass-los rapidamente e reforar cada um; a ideia manter "a bola" a rolar. As vantagens do momento comportamental so bvias porque fcil de usar, pode ser implementado em situaes muito diferentes e reduz com frequncia a recusa das crianas. RELAES ENTRE O COMPORTAMENTO E O REFORADOR Vrios factos bem documentados acerca da relao entre comportamentos e acontecimentos reforantes so dignos de ateno: Os reforadores podem ser provenientes de uma grande variedade de origens. Podem por exemplo ser provenientes do efeito que o comportamento tem sobre o mundo fsico, tal como a reaco dos brinquedos quando as crianas os usam. Outros reforadores podem ser provenientes do ambiente social, tal como a reaco dos pares ou/e adultos. Dois aspectos so pertinentes:1- Muitos reforadores podem funcionar e competir entre eles simultaneamente.2- Alguns reforadores podem ser mais poderosos que outros numa determinada altura.A implicao disto que ns precisamos de compreender que acontecimentos esto a reforar as crianas e quais os reforadores que parecem ter mais influncia. Os educadores/professores dizem muitas vezes que tentaram o reforo e que no funcionou. Em muitos casos, uma anlise cuidadosa do que aconteceu indica que foi usado o reforador fraco, que no funcionou como funcionaria um que fosse proveniente de uma fonte mais eficaz; o elogio pode ser usado mas menos poderoso que outros acontecimentos como por exemplo a reaco das outras crianas. Um acontecimento que reforador tem mais possibilidade de aumentar os comportamentos que se seguem imediatamente. Na variedade de comportamentos que fazem parte das nossas vidas os acontecimentos que so reforantes aumentam os comportamentos que se seguem imediatamente e no aqueles que acontecem vrios minutos antes, portanto quando usamos reforadores para apoiar a aprendizagem das crianas devemos assegurar que os reforadores aconteam imediatamente a seguir ao comportamento que queremos apoiar. Os acontecimentos reforantes tm mais possibilidade de aumentar os comportamentos que se seguem se ocorrem sempre que o comportamento acontece e no somente depois do comportamento acontecer. Por outras palavras usar reforadores no uma magia. Se o reforador se segue a um comportamento determinado s uma ou duas vezes pouco provvel que cause uma mudana nesse comportamento. Deve acontecer pois de forma consistente em vrias ocasies. Isto quer dizer que o comportamento tem mais possibilidade de acontecer com mais frequncia se o reforador se seguir sempre ao comportamento. A implicao de trabalhar com crianas que ns temos que dar ateno observao das crianas e ento refor-las todas as vezes que quisermos que o comportamento acontea. Certamente que depois que o comportamento acontecer muitas vezes nas situaes desejadas no precisamos de reforar com tanta frequncia. Os acontecimentos que so reforadores numa situao podem no ter o mesmo efeito mais tarde - a eficcia dos reforadores pode passar. O uso repetido do reforo pode causar a perda do seu poder. Portanto necessrio usar uma variedade de reforadores, ter cuidado para no os usar demasiado e reconhecer que o reforador que funcionou numa determinada situao no tempo pode no funcionar mais tarde. Os acontecimentos que so reforadores para algumas crianas podem no funcionar com outras crianas. Para algumas crianas a aprovao do adulto pode ser o reforador poderoso, mas para outras pode ter pouca influncia. Para usar o reforo ns temos que saber que acontecimentos funcionam como reforadores para cada criana. No podemos assumir que o que funciona para uma funcionar necessariamente para outra. Os comportamentos que so reforadores numa situao tm mais possibilidade de serem repetidos em situaes semelhantes. Se uma criana reforada por um comportamento partcular numa situao especfica ento provvel que o comportamento melhore nessa situao, mas no pode ser generalizado a outras situaes. Devemos reforar as crianas para terem os comportamentos nas situaes que ns queremos que elas usem esses comportamentos. Tambm quando ns reforamos a criana para se comportar de uma certa maneira numa dada situao, a situao dar a deixa criana de que deve ter esse comportamento sempre que essa situao acontea. Isto um resultado desejvel porque quer dizer que a aprendizagem aconteceu e que menos reforo ser necessrio no futuro para essa situao. Os acontecimentos que so reforantes para uma criana podem ter uma influncia maior se forem associados a outros reforantes mais poderosos. Este conceito importante porque quer dizer que a eficcia de alguns reforadores pode ser transferida para outros acontecimentos. COMO IDENTIFICAR OS REFORADORES Como j foi referido atrs, os acontecimentos que so reforadores podem mudar com o uso e com a passagem do tempo. Podem tambm ter efeitos diferentes de uma criana para outra portanto os educadores/professores devem saber o que funciona como reforador para cada criana. Os adultos podem deixar que as crianas tenham os seus brinquedos preferidos ou participem nas suas actividades preferidas a seguir a um determinado comportamento. Outra tctica pedir s famlias que forneam informaes acerca do que a criana gosta e faz com frequncia; ainda outra tctica observar a criana e perceber o que faz, com que brinquedos e materiais brinca quando tem oportunidade de escolher. As actividades que as crianas escolhem com frequncia podem ser usadas como reforadores, assim como as coisas que as crianas frequentemente pedem ou tentam obter. REGRAS PARA USAR OS REFORADORES Identificar os reforadores importante mas s o primeiro passo. Para serem eficazes os reforadores tm que ser usados de forma correcta e apropriada. Existem vrias regras para usar os reforadores de forma correcta que a seguir se descrevem:Usar o reforador imediatamente a seguir ao comportamento que se quer melhorar;usar o reforador todas as vezes que surge o comportamento determinado;usar variedade de reforadores para evitar a saciaousar reforadores naturais sempre que possvel (ex: dar a oportunidade de brincar em vez de lhe dar bombons ou outras coisas palpveis);emparelhar menos reforadores naturais com mais acontecimentos naturais (ex: os adultos podem usar reforadores como alimentos ou bebidas para assegurar que as crianas iniciem as actividades);quando as crianas comeam a mostrar os comportamentos a nveis desejveis deve usar-se o reforo com menos frequncia;assegurar que nveis elevados de reforo natural esto disponveis para as crianas;em cada caso o acontecimento usado como reforador deve ser realmente um reforador para a criana;o reforo deve ser usado de forma regular e consistente;deve ter intensidade, ser o reforo mais forte possvel;deve chamar a ateno; a criana deve perceber o reforo logo que o comportamento apropriado ocorra, seno corre-se o risco de se reforar outro comportamento diferente daquele que queremos modificar. CONSIDERAES FINAIS Todas as crianas podem aprender inclusiv as que tm NEE. Se as respeitarmos (no h tcnicas, por mais sofisticadas que sejam, que resultem se no houver respeito), se acreditarmos que as crianas podem mudar quando as sujeitamos a um contexto relacional envolvente, se perseverarmos na busca de objectivos, na explorao de currculos, na estruturao de tarefas, na organizao de estmulos, na sequencializao de processos de informao e de interaco, na implementao minuciosa de sistemas de reforo e de socializao, etc, tais crianas melhoram a sua auto-estima, elevam as suas expectativas e promovem a sua socializao. preciso equacionar a criana como um ser humano possuidor de um potencial de aprendizagem, de um perfil intra-individual e de uma quantidade de comportamentos que tm que ser maximizados e optimizados pelo prprio processo educacional. A criana com NEE intrinsecamente uma criana cuja natureza deve ser respeitada. O conjunto das suas caractersticas de aprendizagem deve ser criteriosa e profundamente estudado, a fim de adequar o ensino s suas capacidades potenciais.O perodo pr-escolar fundamental em termos de desenvolvimento. As crianas desde que nascem adquirem conhecimentos, independentemente do ambiente em que estejam inseridas. O perodo dos 3 aos 8 anos a fase mais activa do despertar da criana para o mundo onde se verifica uma aprendizagem rpida do comportamento e das relaes sociais e tambm das tcnicas de base da comunicao lingustica e do clculo. A criana no aprende s pelos conhecimentos que lhe so formalmente transmitidos. Tem um papel activo e participante. As crianas com NEE aprendem como as "outras" crianas e as estratgias que servem para umas servem tambm para as outras. O problema reside um pouco, no conhecimento de tcnicas especiais para conseguir que as crianas com NEE evoluam mais rapidamente.O uso sistemtico e cuidadoso do reforo pode resultar em benefcios muito positivos para as crianas. Pode possibilitar-lhes a aprendizagem de interaces com o mundo que lhes permitir serem crianas que aprendem de uma forma independente e eficaz, serem mais aceites socialmente pelos seus pares, menos dependentes dos adultos, mais fceis de cuidar e mais competentes em termos de desenvolvimento. O reforo pode ajudar as crianas a usar as suas capacidades com mais frequncia ou em situaes mais desejveis. Tambm pode ser usado para lhes ensinar novas capacidades e novas maneiras de interagir. Ao mesmo tempo que as crianas comeam a fazer estas coisas podem ento ach-las agradveis e interessantes e os adultos j no precisaro de administrar reforos para essas capacidades.Como j foi referido quando o reforador segue um dado comportamento de forma consistente a criana executar o comportamento com mais frequncia. Para promover o desenvolvimento e a aprendizagem pretende-se que as crianas usem os comportamentos em alturas apropriadas e de formas significativas. Quase todos os comportamentos podem ser benficos ou podem ser prejudiciais dependendo da situao em que o comportamento ocorre. Indivduos bem adaptados so capazes de muitos comportamentos, mas usam-nos em situaes adequadas, quando so necessrios, teis e apropriados. Muito do nosso trabalho envolve ajudar as crianas a aprender quando fazer coisas especficas. RECOMENDAES Muitos estudos tm mostrado o poder do reforo para produzir mudanas no comportamento dos humanos e de outras espcies. Contudo, trs aspectos devem ser considerados nesta discusso:1- O uso do reforo no reduz a necessidade de proporcionar s crianas salas de educao de infncia convidativas, interessantes, alegres e com actividades significativas para elas. Os educadores de infncia e professores devem planear e usar actividades que prendam a ateno das crianas, promovam o seu interesse e a sua motivao, sejam agradveis e tenham utilidade; devem tambm usar prticas que sejam encorajadoras para as crianas. Os processos de reforo so usados para complementar, no para substituir tais actividades e prticas.2- O uso excessivo de reforos "externos" pode ser um sinal de que o educador e/ou professor necessita de avaliar o que est a fazer. Se a criana requer muitos elogios e muita ateno do adulto para se envolver numa actividade especfica, os docentes devem determinar se os comportamentos que pretendem da criana so importantes, se a actividade necessria e se pode ser ajustada de modo a encorajar uma participao mais activa e com mais iniciativa por parte da criana. Para a maior parte das crianas no necessria uma quantidade excessiva de reforo, ou se necessria somente por breves perodos de tempo.3- O reforo simplesmente o modo sistemtico de apoio ao desenvolvimento e aprendizagem das crianas. A qualidade em educao, envolve encorajar as crianas a experimentar novas actividades, apoiar o seu envolvimento com brinquedos, jogos, materiais e actividades, facilitar as suas interaces com outras crianas e adultos, acompanhar o seu comportamento durante o brincar. Quando agimos desta forma estamos muitas vezes a reforar o comportamento das crianas. O uso do reforo deve ser visto como uma extenso daquilo que os educadores/professores j fazem em vez de ser visto como o estilo novo separado ou pouco comum de interagir com as crianas.Ao usar o reforo como estratgia educativa convm no esquecer que se deve: Ser constante, paciente e consistente; determinar previamente o incio da interveno; comear por alterar comportamentos mais fceis; criar condies para a colaborao das crianas; estabelecer rotinas; dar instrues curtas, claras e espaadas; dar indicaes acerca da interveno s pessoas que so significativas para as crianas; controlar a clera; no culpabilizar a criana, s vai piorar a situao; recorrer a um psiclogo especializado quando, depois de tentada a interveno, no obtivermos xito ou se acharmos que no temos nem tempo nem energia para levar a cabo esta interveno. Por vezes mais difcil modificar uns comportamentos do que outros, ou seja, h comportamentos que podem ser modificados seguindo alguns conselhos simples, e outros precisam da interveno de especialistas na matria."O reforo importante. A punio desnecessria. O reforo do comportamento incompatvel ptimo. Quando uma criana conseguir dizer ou fazer algo que esteve a praticar, ultrapassando penosamente essa dificuldade, imperativo refor-la com veemncia .O importante da aprendizagem escolar e do desenvolvimento da personalidade tentar apoiar a criana o melhor possvel, com calma, persistncia, objectividade e bom senso, no perdendo tempo e tentando atingir sempre o mximo" (Noronha e Noronha -1990). CONCLUSO Quero referir que este trabalho veio satisfazer a minha necessidade pessoal de informao sobre as questes do reforo; fiquei a conhecer melhor o porqu, o como, o para qu, o quanto desta estratgia e desta forma confirmei a prctica pedaggica que tenho vindo a aplicar quanto ao reforar como uma estratgia educativa nas crianas que de uma forma ou de outra apresentam problemas de comportamento.Perante tudo o que atrs foi exposto, julgo ser o reforo uma estratgia eficaz para lidar com crianas que mantm comportamentos desadequados, nomeadamente quando estes inibem a sua aprendizagem, e que os pais podem ter um papel preponderante em todo este processo. BIBLIOGRAFIA Educational Research and Services, (1978). Estratgias Para Lidar Com Comportamentos Disruptivos. College of Education, Arizona State Universtty.Sprinthall, Norman A. e Sprinthall, Richard C. (1993). Psicologia Educacional. Lisboa, Macgraw-Hill de PortugalRutherford, R. e Lopes, J. (1993). Problemas de Comportamento na Sala de Aula - Identificao, Avaliao e Modificao. Porto, Porto Editora.Wolery, M. and Wilbers, J.(Eds.)(1994). Including Children with Special Needs in Early Childhood Programs. Washington, D.C.: N.A.E.Y.C.Larroy, C. e Puente, M. L. (1996). A Criana Desobediente. Porto, Campo De Letras Editores, S.A.Noronha, M. e Noronha, Z.(1990). Sucesso Escolar. Pltano.Noronha, M. e Noronha, Z.(1993). Apoio Psicopedaggico - Teoria e prtica da reeducao. Pltano. Noronha, M. (1989). Como Compreender as Crianas - Estratgias de educao. Pltano.