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Historia da Igreja
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Reforma Protestante
Pré-ReformaA Pré-Reforma foi o período anterior à Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases
ideológicas que posteriormente resultaram na reforma iniciada por Martinho Lutero.
A Pré-Reforma tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como
Valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao
Cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para a linguagem popular e
começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que
repartiu entre os pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel de ter a Bíblia em sua
própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou
mesmo em grutas, clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica Romana, já que negavam a
supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria.
No seguimento do colapso de instituições monásticas e da escolástica nos finais da Idade Média na
Europa, acentuado pelo Cativeiro Babilônico da igreja no papado de Avignon, o Grande Cisma e o fracasso da
conciliação, se viu no século XVI o fermentar de um enorme debate sobre a reforma da religião e dos
posteriores valores religiosos fundamentais.
No século XIV, o inglês John Wycliffe, considerado como precursor da Reforma Protestante,
levantou diversos questionamentos sobre questões controversas que envolviam o Cristianismo, mais
precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras idéias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva
pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e
dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder político exercido
pelo Estado, representado pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos
padres e os organizou em grupos. Estes padres foram conhecidos como "lolardos". Mais tarde, surgiu outra
figura importante deste período: Jan Huss. Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas
idéias de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como Hussitas.
Razões políticas na Reforma
A Reforma protestante foi iniciada por Martinho Lutero, embora tenha sido motivada
primeiramente por razões religiosas, também foi impulsionada por razões políticas e sociais
Os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Católica e governantes das monarquias
européias, tais governantes desejavam para si o poder espiritual e ideológico da Igreja e do Papa, muitas vezes
para assegurar o direito divino dos reis;
Práticas como a usura era condenada pela ética católica, assim a burguesia capitalista que
desejava altos lucros econômicos sentiram-se mais "confortáveis" se pudessem seguir uma nova ética religiosa,
adequada ao espírito capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e conceito de Lutero de que a
fé sem as obras justifica (Sola fide);
Algumas causas econômicas para a aceitação da Reforma foram o desejo da nobreza e dos
príncipes de se apossar das riquezas da igreja católica e de se ver-se livre da tributação papal. Também na
Alemanha, a pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do colapso da economia senhorial. Muitos
desses pequenos nobres desejavam às terras da igreja. Somente com a Reforma, estas classes puderam
expropriar as terras;
Durante a Reforma na Alemanha, autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-
Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes
católicos das igrejas, substituindo-os por religiosos com formação luterana;
Lutero era radicalmente contra a revolta camponesa iniciada em 1524 pelos anabatistas
liderados por Thomas Münzer, que provocou a Guerra dos Camponeses. Münzer comandou massas camponesas
contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade
privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina, motivo pelo
qual eles romperam. Lutero escreveu posteriormente: "Contras as hordas de camponeses (...), quem puder que
bata, mate ou fira, secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento, prejudicial e
demoníaco que um rebelde".
Após a Guerra dos Camponeses os anabatistas continuaram sendo perseguidos e executados
em países protestantes, por exemplo, a Holanda e Frísia, massacraram aproximadamente 30.000 anabatistas nos
dez anos que se seguiram a 1535.
Reforma
Na Alemanha, Suíça e França
No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as idéias dos pré-
reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram
pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto ao debate sobre elas. Esse fato
é considerado como o início da Reforma Protestante.
Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre
o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e
impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.
Após diversos acontecimentos, em junho de 1518 foi aberto um processo por parte da Igreja
Romana contra Lutero, a partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do processo, que ele
incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória. Finalmente,
em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em janeiro de 1521, a bula "Decet
Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de
Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero
trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de
1522.
Extensão da Reforma Protestante na Europa.
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio, aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo
tempo em que outros tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos realizaram a troca das
formas de adoração e terminaram com as missas, assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-
rogação do celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se resguardem da
insurreição e rebelião". Seu casamento com a ex-freira cisterciense Catarina Von Bora incentivou o casamento
de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma. Com estes e outros atos consumou-se o rompimento
definitivo com a Igreja Romana. Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms, que teve um papel
importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado para desmentir as suas teses, no entanto ele defendeu-as
e pediu a reforma. Autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela
população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas, substituindo-os
por religiosos com formação luterana.
Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a Guerra
dos camponeses (1524-1525). Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de Lutero e de
outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham existido em pequena escala em Flandres (1321-1323),
na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o
século XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, Thomas Münzer, que comandou
massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres
e sem propriedade privada, Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade
divina, motivo pelo qual eles romperam, sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.
O Muro dos Reformadores. Da esquerda à direita, estátuas de Guilherme Farel, João Calvino,
Teodoro de Beza e John Knox.
Em 1530 foi apresentada na Dieta imperial convocada pelo Imperador Carlos V, realizada em abril
desse ano, a Confissão de Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton com o apoio da Liga de Esmalcalda. Os
representantes católicos na Dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a
Confutatio Pontificia (Confutação), que foi lida na Dieta. O Imperador exigiu que os luteranos admitissem que
sua Confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma da Apologia da Confissão de Augsburgo,
que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A
Apologia foi publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se confissão de fé oficial
quando foi assinada, juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537.
Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos
protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte
importante dessa reforma radical os Anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação
entre igreja e estado e o "novo batismo" (que em grego é anabaptizo).
Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve
como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio.
João Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu
afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto como um representante importante do
movimento protestante. Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533 onde
faleceu em 1564. Genebra tornou-se um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde
então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino publicou as Institutas da Religião Cristã,
que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.
Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o Rei Henry IV, um ex-huguenote,
emitiu o Édito de Nantes, declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial da minoria
protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo se manteve como religião oficial estatal e as
fortunas dos protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do próximo século, culminando na Louis
XIV do Édito de Fontainebleau, que revogou o Édito de Nantes e fez do catolicismo única religião legal na
França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William de Brandemburgo declarou o Édito de
Potsdam, dando passagem livre para franceses huguenotes refugiados e status de isenção de impostos a eles
durante 10 anos.
Ulrico Zuínglio foi o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças. Zuínglio não
deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio
foi apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças significativas na vida civil e em
assuntos de estado em Zurique.
No Reino Unido
O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra. Desde muito tempo atrás havia uma forte corrente
anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os Hussitas na Boémia. No entanto,
ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas.
Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja Católica com o livro Assertio Septem
Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos), que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique
promoveu a Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo este casado com Catarina de
Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao Papa Clemente VII a anulação do
casamento. Perante a recusa do Papado, Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato
de Supremacia, votado no Parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na
liderança da igreja, nascendo assim o Anglicanismo. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam
excomungados, perseguidos e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à
assistir cultos protestantes, muitos importantes opositores foram mortos, tais como Thomas More, o Bispo John
Fischer e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuchos. Quando Henrique foi sucedido pelo seu
filho Eduardo VI em 1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais radical foi
imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do catolicismo.
Seguiu-se uma breve reação católica durante o reinado de Maria I (1553-1558). De início
moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o
Parlamento votou o regresso à obediência ao Papa. Um consenso começou a surgir durante o reinado de
Elizabeth I. Em 1559, Elizabeth I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do Ato de Supremacia e do
Livro de Orações de Eduardo VI. Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos (1563), Elizabeth alcançou
um compromisso entre o protestantismo e o catolicismo: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só
admitindo como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das
cerimônias religiosas.
A Reforma na Inglaterra procurou preservar o máximo da Tradição Católica (episcopado, liturgia e
sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na
Inglaterra e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento reformista do século XVI. A
Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre o catolicismo e o protestantismo.
Em 1561 apareceu uma confissão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu
sistema de liderança, pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e
ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema,
considerado "separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como Congregacionalismo. Richard Fytz é
considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de
Londres. Por volta de 1570 ele publicou um manifesto intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo.
Em 1580 Robert Browne, um clérigo anglicano que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison,
organizou em Norwich uma congregação cujo sistema era congregacionalista, sendo um claro exemplo de igreja
desse sistema.
Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebra, levou o
Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o Presbiterianismo. A
primeira Igreja Presbiteriana, a Church of Scotland (ou Kirk), foi fundada como resultado disso.
Nos Países Baixos e na Escandinávia
A Reforma nos Países Baixos, ao contrário de muitos outros países, não foi iniciado pelos
governantes das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que, por sua vez, foram
reforçados com a chegada dos protestantes refugiados de outras partes do continente. Enquanto o movimento
Anabatista gozava de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o calvinismo, através da Igreja
Reformada Holandesa, tornou a fé protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No início
de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte
da França) com a finalidade de destruir das imagens católicas, esse incidente provocou outros semelhantes nas
províncias do norte e sul, até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros edifícios católicos
para destruir estátuas e imagens de santos em toda a Holanda, pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas
representavam culto de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol de Felipe II
contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e
eventualmente, a separação da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica, ao sul).
Teve grande importância durante a Reforma um teólogo holandês: Erasmo de Roterdã. No auge de
sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente,
Erasmo se simpatizou com os principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o como "uma poderosa
trombeta da verdade do evangelho" e admitindo que, "É claro que muitas das reformas que Lutero pede são
urgentemente necessárias.". Lutero e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém Erasmo hesitou em apoiar
Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina. Em seu Catecismo (intitulado Explicação do Credo
Apostólico, de 1533), Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o ensinamento da "Sagrada
Tradição" não escrita como válida fonte de inspiração além da Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros
deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos. Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema
do Livre arbítrio fizeram com que Lutero e Erasmo se tornassem opositores.
Na Dinamarca, a difusão das idéias de Lutero deveu-se a Hans Tausen. Em 1536 na Dieta de
Copenhaga, o rei Cristiano III aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo sido confiscados os bens das
igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a Johann Bugenhagen, discípulo de Lutero, a responsabilidade de
organizar uma Igreja Luterana nacional. A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma conseqüência da
dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em 1537 ela foi introduzida na Noruega e entre
1541 e 1550 na Islândia, tendo assumido neste último território características violentas.
Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri e Laurentius Petri. Teve
o apoio do rei Gustavo I Vasa, que rompeu com Roma em 1525, na Dieta de Vasteras. O luteranismo, então,
penetrou neste país estabelecendo-se em 1527. Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de Augsburgo. Na
Finlândia, as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do século XIX, quando foi formada uma igreja
nacional independente, a Igreja Evangélica Luterana da Finlândia.
Em outras partes da Europa
Na Hungria, a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica alemã, que podia
traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o Luteranismo ganhou uma posição entre a população de língua alemã,
o Calvinismo se tornou amplamente popular entre a etnia húngara. Provavelmente, os protestantes chegaram a
ser maioria na Hungria até o final do século XVI, mas os esforços da Contra-Reforma no século XVII levaram
uma maioria do reino de volta ao catolicismo.
Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em Portugal e Espanha. Ainda
assim, uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da Baía de
Guanabara, localizada no Brasil, então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como
herança a Confissão de Fé da Guanabara. Por volta de 1630, durante o domínio holandês em Pernambuco, a
Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil. Tinha ao conde Maurício de
Nassau como seu membro mais ilustre. Esse período se encerrou com a guerra de Restauração portuguesa. Na
Espanha, as idéias reformadas influíram em dois monges católicos: Casiodoro de Reina, que fez a primeira
tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e Cipriano de Valera, que fez sua revisão, originando a conhecida
como Bíblia Reina-Valera.
A Reforma
De acordo com Edward McNall Burns a Renascença foi acompanhada de um outro movimento - A
Reforma: "Este movimento compreendeu duas fases principais: a "Revolução Protestante", que irrompeu em
1517 e levou a maior parte da Europa setentrional a separar-se da igreja romana, e a "Reforma Católica", que
alcançou o auge em 1560. Embora a última não seja qualificada de revolução, na verdade o foi em quase todos
os sentidos do termo, pois pareceu que efetuou uma alteração profunda em alguns dos característicos mais
notáveis do catolicismo da Idade Média." Acontecimentos reformistas foram o Quinto Concílio de Latrão, os
sermões reformistas de John Colet, a publicação do Consilium de Emendanda Ecclesia de Gasparo Contarini e a
fundação do Oratório do Amor Divino.
Filipe Néri contribuiu para a renovação da vida cristã através da sua obra de direção espiritual
Para McNall Burns, professor de História da Rutgers University, a Contrarreforma não seria
propriamente um movimento da Igreja Católica de reação à contestação iniciada por Martinho Lutero. Segundo
Burns, a Revolução Protestante foi apenas uma das fases do grande movimento denominado como "Reforma", a
outra fase foi a "Reforma Católica". Para Burns, estudos recentes mostram que os primórdios do movimento
reformista católico foram em tudo independentes da “Revolução Protestante". Daniel-Rops, da Academia
Francesa, nega a existência de relações de causa e efeito entre a reforma católica da reforma protestante: "Nem
na ordem cronológica nem na ordem lógica temos o direito de falar de "contrarreforma" para caracterizar esse
salto gigantesco, esse admirável esforço de rejuvenescimento e ao mesmo tempo de reorganização que, em
cerca de trinta anos, deu à Igreja um rosto novo"..."Se, cronologicamente, a Reforma Católica não é uma
"contrarreforma", também não é no processo do seu desenvolvimento."
G. Battelli no Dizionario di Storiografia online, afirma que a maioria dos historiógrafos católicos e
protestantes, hoje distinguem claramente a "Reforma católica" da "Contrarreforma", o primeiro deles, no final
do século XIX, foi o protestante Maurenbrecher.
Contexto
Em decorrência da Reforma Protestante, o mundo cristianizado ocidental, até então
hegemonicamente católico, viu-se dividido entre cristãos católicos e cristãos não mais alinhados com as
diretrizes da Santa Sé. O catolicismo havia perdido terreno, deixando de ser a religião oficial de muitos estados
da Europa e, conseqüentemente, o mesmo ameaçava se repetir nas novas colônias do Novo Mundo. Nesse
contexto, surgiu a necessidade de reformas na Igreja Católica, a fim de e reestruturá-la e barrar o avanço
protestante.
Em 1517 o Papa Leão X ofereceu indulgências para aqueles que dessem esmolas para reconstruir a
Basílica de São Pedro em Roma. Abusos na sua concessão na Saxônia, principalmente envolvendo a propaganda
agressiva de Johann Tetzel, teria provocado Martinho Lutero a escrever suas 95 Teses (Tetzel seria inclusive
punido por Leão X por seus sermões, que ia muito além ensinamentos reais sobre as indulgências).
Embora Lutero não negasse o direito do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências, ele
não acreditava que dar esmolas seria uma boa ação, mas um ato semelhante à compra das indulgências e o
perdão das penas temporais.
Posteriormente as críticas de Lutero se direcionaram para um campo teológico mais amplo, tais
como os sacramentos, liturgia, pecado original e etc. Em 1519 Lutero foi acusado de heresias, pelo que tinha
publicado, e as autoridades eclesiásticas exigiram que ele se retratasse. Em 1520 o Papa condenou alguns dos
principais pontos da nova doutrina por meio da bula Exsurge Domine e exigiu que Lutero se retratasse em um
prazo de 70 dias a partir da sua publicação, no prazo final foi o dia em que Lutero queimou a sua cópia da bula
juntamente com o Código de Direito Canônico. Todas as regiões que estavam insatisfeitas com a tradição
católica no Ocidente passaram a ser designadas de igrejas protestantes, pois na Dieta de Worms os príncipes
alemães protestaram para que o Imperador Carlos V permitisse que eles professassem suas fés.
O movimento luterano recebeu grande apoio especialmente de príncipes e da pequena nobreza,
que expropriaram as terras e as demais riquezas da Igreja Católica.
Primórdios da Reforma católica
Segundo Daniel-Rops, "Já na segunda metade do século XV, tudo o que havia de mais
representativo entre os católicos, todos os que tinham verdadeiramente consciência da situação, reclamavam a
reforma, por vezes num tom de violência feroz, e mais freqüentemente como um ato de fé nos destinos eternos
da 'Ecclesia Mater'."
A Espanha sobressaiu-se como vanguarda da Reforma em fins do século XV. Os reis católicos
consideraram a reforma eclesiástica como uma parte essencial da restauração do Estado, o que norteou a sua
política. O Cardeal Cisneros, com a aprovação da monarquia, reformou os franciscanos com São Pedro de
Alcântara e a vida monástica, notadamente a dos beneditinos naquele país.
A Universidade de Alcalá, fundada por Cisneros, foi um grande centro de estudos teológicos e
humanísticos e fez publicar a célebre Bíblia Poliglota Complutense. A Igreja espanhola, nos primeiras décadas
do século XVI era, sem dúvida, a de maior nível espiritual e científico do continente. A obra de renovação
espiritual do clero e do povo levada a efeito por São João de Ávila constitui um capítulo à parte na história
religiosa do século XVI. Santa Teresa de Ávila reformou a Ordem do Carmelo e São João da Cruz estendeu a
reforma aos frades Carmelitas.
Foram reformadas nessa época antigas ordens religiosas como a dos Beneditinos por Didier de la
Cour e a Congregação de São Mauro na França; os Cistercienses por João Batista de la Barrière Abade de Notre-
Dame de Feuillans; os Trapistas, por Rancé, Abade de Trappe; os Agostinianos foram reformados por Pedro de
Fourier; os Premonstratenses, por Lacruels (Lairvelz).
As Ordens e Congregações Religiosas no século XVI
Além do Concílio de Trento, o segundo fator da verdadeira Reforma Católica, foram as Ordens e
Congregações religiosas. O período quinhentista viu surgir uma florescência de congregações religiosas que
muito cooperaram para o sucesso da Reforma. A mais importante fundação religiosa, no entanto, neste século
foi a da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola; os seus membros não viveriam uma vida monástica e
não rezariam as "Horas" juntos no Coro (algo que escandalizou alguns membros da Cúria). Aos três votos
clássicos de pobreza, castidade e obediência acrescentariam o de estar sempre à disposição do Papa. A ordem foi
aprovada por Paulo III em 25 de setembro de 1540 pela Bula Regimini Militantis Ecclesiae. Quando o seu
fundador morreu esta ordem contava com mais de mil membros e meio século depois com 13.000. Os jesuítas
prestaram o mais relevante serviço ao Pontificado no trabalho da Reforma Católica com as suas missões, a
formação do clero, os Exercícios Espirituais e a educação da juventude, na propagação da fé católica e no ensino
da sua doutrina.
Francisco Xavier, jesuíta, em poucos anos esteve na Índia, Malaia e Japão e converteu dezenas de
milhares de pagãos, à sua passagem surgiam novas comunidades cristãs. Segundo Burns, deveu-se em grande
parte ao trabalho da Companhia de Jesus "o fato de a Igreja Católica ter recuperado muito de sua força a
despeito da secessão protestante."
Também na Itália davam-se inquietações por uma renovação cristã, desde o início do século XVI,
um grupo de clérigos fervorosos vinha trabalhando para tornar os sacerdotes da sua igreja mais dignos da missão
que lhes cabi. Ali surgiram a Ordem dos Teatinos (1524), austeros e ascéticos, fundados pelos Cardeais Caetano
de Thiene e Carafa; a Ordem dos Barnabitas (do claustro de São Barnabé (1534), fundada por Antônio Maria
Zaccaria, auxiliado por Bartolomeu Ferreira e Morigia com o escopo de educar a juventude e pregar missões; os
Somascos (a primeira casa foi em Somasca), fundados por S. Jerônimo Emiliano, fidalgo veneziano, com alguns
padres lombardos, com a finalidade de cuidar dos órfãos, dos pobres e doentes; os Oratorianos, de São Filipe
Néri e do Cardeal Bérulle; os Oblatos de Santo Ambrósio idealizados por Carlos Borromeu para atender à cura
d'almas e auxiliar o Arcebispo de Milão; os Capuchinhos como um novo tronco dos Franciscanos, alcançando
grande popularidade pela austeridade de vida, dedicação ao ensino, aos pobres e doentes e as Ursulinas de
Angela Merici, em Bréscia e a Congregação de Nossa Senhora, para formar educadoras de moças, segundo as
normas de Pedro de Fourier, dentre outras organizações religiosas, foram manifestação da vitalidade e do
espírito reformista da Igreja Católica.
Apogeu
O apogeu da Reforma católica, no entanto, se deu com os papas reformistas. O primeiro deles foi
Adriano VI, sucedeu-lhe Clemente VII com um governo de onze anos. Os papas Paulo III, Paulo IV, Pio V e
Sixto V cobriram um período que vai de 1534 a 1590, foram os mais zelosos reformistas que presidiram a Santa
Sé desde Gregório VII As finanças da Igreja foram reorganizadas e os cargos foram ocupados por padres e
religiosos de reconhecida fama de disciplina e austeridade e foram rigorosos com os clérigos que persistiam no
vício e no ócio. A ação dos papas reformistas foi completada com a convocação do Concílio ecuménico que se
reuniu na cidade de Trento. Foi sob a ação destes papas que a Reforma Católica alcançou o seu auge.
O Papa Paulo III (Cardeal Alexandre Farnesio) ao ser eleito tinha 66 anos e parecia fraco e doente,
mas pôs mãos a obra com grande energia, era um reconhecido diplomata e estadista e decidiu convocar um
Concílio. Reformou o Colégio Cardinalício nomeando homens como John Fisher, Giacomo Simonetta, Gasparo
Contarini, Reginaldo Pole, João Pedro Carafa, Fregoso, Tomás Badia, Gregório Cortese e Giovanni Gerolamo
Morone. Fisher morreria mártir pelas mãos de Henrique VIII, outros viriam a ser canonizados. Após reformar o
colégio de cardeais, Paulo III empreendeu a reforma do clero e das ordens religiosas, especialmente os
agostinhos, os dominicanos e os franciscanos.
Consilium de emendanda Ecclesia
Paulo III nomeou uma comissão preparatória dos trabalhos do concílio composta de nove
membros. Dentre eles contavam João Mateus Gilberti, bispo de Verona que já havia reformado a sua própria
diocese, e o beneditino Gregório Cortese, reformador da sua abadia em Veneza. Estes foram auxiliados por
Giácomo Sadoleto, bispo de Carpentras, pelo teatino João Pedro Carafa, futuro Paulo IV, bem como por
Reginaldo Pole, na época ainda leigo, ajudaram os primeiros a redigir o célebre Concilium de emendanda
Ecclesia, no qual ficaram listadas as reformas mais urgentes e importantes que se deviam fazer. Participaram
também deste trabalho Frederico Fregoso, bispo de Gubbio, Jerônimo Alexandro, bispo de Bríndisi e o
dominicano Tomás Badia, então mestre do Sacro Palácio.
Dentre as reformas mais urgentes que constaram do documento estavam: Breviário, cura d'almas,
digna promoção às ordens sacras, vigilância sobre escolas e livros, reforma dos religiosos, especiais provimentos
sobre o culto divino e a tutela da moralidade em Roma.
O Concílio de Trento
Primeira etapa
O acontecimento central da Reforma Católica foi a convocação do Concílio de Trento. O
imperador Carlos V desejava a reunião do Concílio na esperança de que ele trouxesse de volta a unidade
religiosa do seu Império. Entretanto, outro grande monarca católico, Francisco I, da França em guerra quase
permanente com o imperador temia que o concílio viesse fortalecer o seu adversário e não via com bons olhos a
sua convocação. Chegou-se a uma solução de compromisso e escolheu-se Trento, no norte da Itália, para a sede
do concílio.
Por fim o Papa Paulo III reuniu os representantes máximos da Igreja no Concílio de Trento. A
inauguração se deu em 19 de novembro de 1545. Paulo III nomeou presidentes do concílio os cardeais
Reginaldo Pole, João Maria del Monte e Marcelo Cervini, futuro Marcelo II. Na sessão de abertura estavam
presentes os legados pontifícios, 4 arcebispos, 22 bispos, e gerais de Ordens religiosas. Excluiu-se o voto por
nação e estabeleceu-se o voto pessoal, concedido também aos abades e superiores gerais dos religiosos. Os
protestantes reunidos em Worms nesse mesmo ano de 1545 decidiram por não se apresentar ao concílio sob a
alegação que este deixava de ser livre por ser apadrinhado pelo Papa, o que impossibilitou-lhes desde logo uma
conciliação com a Igreja.
Na IV sessão, declarou-se a autenticidade da Vulgata Latina e se reconheceu como fonte da
verdade revelada a Tradição Apostólica. Determinou-se também o modo de imprimir a Bíblia e de a interpretar.
Na V sessão, tratou-se do pecado original: sua existência, a perda da graça santificante, sua comunicação e
consequência para toda a humanidade e a libertação dele pelo batismo, apesar de permanecer a concupiscência.
Na VI sessão, esclareceu-se a doutrina da justificação, foram examinadas com cuidado a essência, as causas, os
efeitos da justificação e o que foram considerados os erros opostos, e se firmou com exatidão a doutrina católica.
A doutrina dos sacramentos em geral e em especial o do batismo e a confirmação foi tratada na
VII sessão, a VIII sessão estava marcada para 21 de abril de 1547, mas em 11 de março de 1547 os legados
papais, alegando uma epidemia, decidiram a mudança do concílio para Bolonha - no fundo queriam subtrair a
assembléia da influência de Carlos V que em janeiro de 1548 apresentou um protesto solene o que provocou a
interrupção dos trabalhos em setembro de 1549 - ali se realizaram duas sessões sem proclamações solenes.
Segunda etapa
Os trabalhos do concílio foram retomados no dia 1 de maio de 1551, agora sob o pontificado do
Papa Júlio III sucessor de Paulo III, falecido em 1549. Cuidando de ter relações amigáveis com Carlos V e com
o rei da França o novo Papa conseguiu reabrir o concílio e retomá-lo do ponto em que havia sido suspenso.
Nestas fase, na XIII sessão, promulgaram-se os decretos sobre a Sagrada Eucaristia, o sacramento da Penitência
a Extrema Unção (XIV sessão, em novembro de 1551) e tomaram-se medidas para a reforma do clero.
Nova suspensão do concílio.
Carlos V conseguiu que alguns príncipes e representantes de cidades protestantes comparecessem
a Trento. A presença dos reformados pôs de manifesto a grande dificuldade da restauração da unidade cristã,
passados mais de trinta anos de cisão religiosa. Não obstante isto a traição ao imperador por parte do eleitor
Maurício, da Saxônia, que marchou com as suas tropas sobre Trento, obrigou a nova suspensão do concílio em
28 de abril de 1552 - Maurício pretendia um concílio independente do Papa. Desta vez a interrupção durou dez
anos, dentre os quais se contam todos os anos do pontificado do Papa Paulo IV- (1555 - 1559) que foi um zeloso
reformador mas por vias não conciliares.
A Júlio III sucedera Marcelo II com um breve pontificado de 22 dias, a este seguiu-se Paulo IV, o
napolitano Cardeal Gian Pietro Carafa, co-fundador dos teatinos, homem severo e austero, tinha 79 anos. Aliou-
se politicamente com Henrique II de França contra Filipe II da Espanha o que lhe trouxe problemas políticos
graves. As suas inimizades com a Casa d'Áustria provocaram uma investida do Duque de Alba contra a Itália.
Qualificou de heresia o pecado de simonia e monges e frades que haviam assumidos cargos e funções
eclesiásticas foram obrigados a regressar às suas ordens e mosteiros. Acabou-se com a mentalidade mundana
dos eclesiásticos.
Terceira etapa
Pio IV (1559 - 1565), tio de São Carlos Borromeu, sucedeu a Paulo IV, membro da família dos
Médicis, procurou agir de forma mais diplomática, os soberanos católicos reconciliaram-se e o concílio pode
reiniciar os trabalhos. Enviou os Cardeais Ercole Gonzaga, o bispo Ósio e mais três para retomar os trabalhos, o
que se fez em janeiro de 1562. Um decreto da XVIII sessão visava a censura dos livros e uma exortação
conclamava os protestantes à reconciliação. Na XXI sessão tratou-se da comunhão sob ambas as espécies,
declarando-a não ser de direito divino senão para o celebrante da missa e na sessão seguinte deixou-se este tema
ao alvitre do Papa.
A presença do Cardeal de Lorena (Carlos de Guise) e dos bispos franceses acentuou as
divergências com os espanhóis ao mesmo tempo que o embaixador imperial fazia sucessivas intervenções em
nome de Fernando I. Em março de 1563 faleceu o presidente do concílio Cardeal Gonzaga, foi substituído pelo
Cardeal Giovanni Morone que logo se entendeu pessoalmente com Fernando I de Habsburgo o que permitiu a
continuidade dos trabalhos. A XXIII sessão dedicou-se ao sacerdócio cristão e ao Sacramento da Ordem. A
XXIV sessão promulgou o Decretum de reformatione Matrimonii e ainda cânones disciplinares sobre o clero em
geral, concílios provinciais, sínodos diocesanos, visitas pastorais e pregações.
Na XXV e última sessão se publicaram as definições dogmáticas sobre o purgatório, a
legitimidade da invocação dos santos, das honras às relíquias, do Culto às imagens, e cânones disciplinares sobre
as ordens religiosas e reformas. O Concílio deixou ao encargo do Papa a publicação do Catecismo, do missal e
do breviário. Esta fase durou dois anos e serviu para concluir com feliz termo o grande empreendimento
reformador da Igreja. No dia 4 de dezembro de 1563 foi encerrado o concílio de Trento. Contra o parecer de
alguns cardeais e a pedido de São Carlos Borromeu o Papa Pio IV confirmou todos os seus decretos através da
bula Benedictus Deus, no dia 26 de janeiro de 1564 e os fez publicar.
Não foi possível que Trento fosse um concílio unionista; entretanto foi grande o concílio da
Reforma católica. No campo doutrinal declarou que a Revelação divina se transmitiu pela Sagrada Escritura -
interpretada pelo Magistério da Igreja - e pela Tradição Apostólica. Abordou ainda o tema chave da
"justificação" e, contra as teologias luterana e calvinista, ensinou e declarou que a graça divina e a cooperação
livre e meritória da vontade humana operam em conjunto a justificação do homem. A doutrina sobre o Pecado
Original, o Batismo, a Confirmação e os restantes Sacramentos e as notas próprias de cada um deles ficou
definida em decretos dogmáticos e reafirmou-se que as "boas obras" são tão necessárias para a salvação quanto a
"fé".
O Concílio confirmou também, como elementos essenciais da religião católica, como verdades
absolutas (dogmas) a transubstanciação, a sucessão apostólica, a crença no purgatório, a comunhão dos santos e
reafirmou o primado e a autoridade do Papa como sucessor de São Pedro. Ficou estabelecido que a Vulgata
Latina, a tradução latina da Bíblia feita por São Jerônimo, seria a oficial da Igreja.
No campo disciplinar procurou-se com empenho por fim nos abusos existentes no clero,
confirmou o celibato clerical e religioso, melhorou-se substancialmente a sua formação intelectual e cultural.
Um episcopado plenamente dedicado ao serviço das almas, um clero bem formado e de elevada moralidade,
foram metas da legislação do concílio.
A formação do clero se faria nos seminários - que deveria existir em cada diocese - tanto cultural
como espiritual e obrigou-se aos párocos a ensinar a catequese às crianças e a dar doutrina e instrução religiosa
aos fiéis. Foi criado o "Index Librorum Prohibitorum" ( Índice de Livros Proibidos ) para evitar a propagação de
idéias contrárias à fé da Igreja Católica. Segundo o historiador Eward Macnall Burns A maioria dos livros
condenados é composta de tratados teológicos e não parece ter sido grande o efeito no sentido de retardar o
progresso do conhecimento. Nem por isso a instituição do Índex deixou de ser um sintoma do câncer maligno
da intolerância, a que não escaparam católicos nem protestantes.
O Pós-concílio
O período que se seguiu ao Concílio de Trento foi marcado por uma grande renovação da vida
católica. A Igreja recobrou novo vigor. A reforma fundada nos decretos e nas constituições tridentinas foi levada
a efeito pelos papas que se sucederam. Publicou-se uma Catecismo Romano, um Missal e um Breviário por
ordem de São Pio V, não sem o auxílio de Frei Bartolomeu dos Mártires e de Frei Luís de Granada.
A revisão da Vulgata Latina exigiu muitos estudos e grandes esforços e só foi aprovada no
pontificado de Clemente VIII.
O espírito tridentino deu oportunidade ao surgimento de bispos exemplares como São Carlos
Borromeu, zeloso reformador da Cúria romana enquanto Secretário de Estado e que, mais tarde, extendeu a
reforma ao norte da Itália como arcebispo de Milão. São Filipe de Néri contribuiu para a renovação do espírito
cristão fundando a Congregação do Oratório, dedicando-se à educação cristã da juventude e do povo e a obras
de caridade. São José de Calassanz fundou as Escolas Pias e desenvolveu abnegada atividade de formação da
juventude entre as classes populares e São Francisco de Sales difundiu a piedade pessoal - a vida devota - entre
os leigos que viviam no meio do mundo.
S. Pedro de Alcântara levou a Reforma Católica a Portugal e muito a auxiliou São Tomás de
Vilanova. Na Alemanha as reformas decretadas pelo concílo não tiveram o beneplácito do imperador Fernando
I, mas seu sucessor Maximiliano II foi dando publicação aos poucos em todo o império, ali se distinguiram na
aplicação das leis eclesiásticas Daniel Breidel, Jacob d'Elz, Ernesto da Baviera e Teodósio de Fürstenberg,
dentre outros. Filipe II de Espanha as publicou com reserva da cláusula salvo os direitos da coroa. A França
aceitou com reservas as determinações do concílio apesar dos esforços dos bispos franceses.
Pela ação de missionários como São Francisco de Sales e de pregadores como São Pedro Canísio
obteve-se a reconquista religiosa de uma porção importante dos povos do centro europeu, e ainda da Suíça, da
Áustria, na Baviera, na Polônia, na Boécia e na Ucrânia. Portugal e Espanha levaram a fé católica para além-
mar. São Francisco Xavier e Matteo Ricci levaram o catolicismo ao Japão e à China. A obra da promoção
cultural avançou paralelamente com a evangelizadora, enquanto se reunia o concílio já haviam sido fundadas nas
Américas três universidades: a de São Domingos em 1538, as de Lima em 1551 e a do México em 1553.
Também são fruto e conseqüência da Reforma Católica levada a efeito pelo concílio a renovação
da arte sacra cristã, com o surgimento do Barroco que é o estilo artístico da Reforma católica, arquitetura,
escultura, pintura e a literatura foram impregnados pelo catolicismo barroco.
Lepanto
São Pio V sucedeu a Pio IV, era dominicano e conservou o hábito branco da sua Ordem, era
homem de vida simples, ascética e piedosa. Em 1570 os turcos haviam conquistado a ilha de Chipre, a última
cidadela cristã no Mediterrâneo oriental. Na esteira da dinâmica tridentina, por iniciativa de Pio V organizou-se
a "Santa Liga" que levou a cabo uma autêntica Cruzada contra os turcos otomanos na famosa batalha de
Lepanto. A Santa Liga, formada por Veneza, Gênova, Espanha e pelos Estados Pontifícios reuniu poderosa
frota, comandada por D. João de Áustria, meio-irmão de Filipe II, e que só teria então 23 anos. Às suas ordens
estavam os almirantes príncipe Colônia, Andrea Doria, Sebastião Venerrio e o Marquês de Santa Cruz. Em
Lepanto a frota turca foi esmagada na maior batalha naval da história em 7 de outubro de 1571. A esquadra
cristã era formada por 300 navios e 130.000 homens. Segundo Louis de Wolf: Cheio de alegria pelo triunfo -
que lhe tinha sido anunciado por uma visão em pleno dia - o Papa Pio V instituiu a Festa de Nossa Senhora do
Santíssimo Rosário, que se continua a celebrar no dia 7 de outubro.
Gregório XIII, sucedeu a S. Pio V, conhecedor de direito civil e eclesiástico, reformou o
calendário e fundou em Roma diversos estabelecimentos de ensino, o Colégio Romano, começado por Inácio de
Loiola, tanto desenvolveu-se com a proteção pontifícia, que se transformou na Universidade Gregoriana.
Sisto V pôs fim ao banditismo nos Estados Pontifícios, fez construir um hospital e transportou para
a praça de São Pedro um obelisco egípcio, construiu vários edifícios entre os quais o da Biblioteca Vaticana.
[48] Paulo V conseguiu reunir os católicos da Alemanha em torno de Fernando II de Habsburgo consolidando o
catolicismo na Europa Central, Gregório XV aumentou a Biblioteca Vaticana, criou a Congregação De
Propaganda Fide e fixou definitivamente a forma de eleição dos papas pelos conclaves.
A cisão cristã definitiva, entretanto, entre católicos e protestantes se deu com o final da Guerra dos
Trinta Anos e com a paz de Vestfália (1648), com ela o avanço da reconquista católica na Alemanha ficou
bloqueado, ali estabeleceu-se o princípio cuius regio eius religio, cada um siga a religião de seu príncipe, o que
consagrou a fragmentação religiosa germânica num povo dividido em mais de trezentos principados e cidades.
Consequências
Contrarreforma
A Vulgata, tradução da Bíblia de São Jerônimo para o latim, foi adotada como texto oficial da
Igreja Católica pelo Concílio de Trento em 1546
Contrarreforma, também conhecida por Reforma Católica é o nome dado ao movimento criado no
seio da Igreja Católica em resposta à Reforma Protestante iniciada com Lutero, a partir de 1517. Em 1545, a
igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento estabelecendo entre outras medidas, a retomada do
Tribunal do Santo Ofício (inquisição), a criação do Index Librorum Prohibitorum, com uma relação de livros
proibidos pela igreja e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo, com a criação de novas ordens
religiosas dedicadas a essa empreitada, incluindo aí a criação da Companhia de Jesus. Outras medidas incluíram
a reafirmação da autoridade papal, a manutenção do celibato, a criação do catecismo e semináriose, a supressão
de abusos envolvendo indulgências e a adoção da Vulgata como tradução oficial da Bíblia.
Mediatamente após o início da Reforma Protestante, a Igreja Católica Romana decidiu tomar
medidas para frear o avanço da Reforma. Realizou-se, então, o Concílio de Trento (1545-1563), que resultou no
início da Contra-Reforma ou Reforma Católica, na qual os Jesuítas tiveram um papel importante. A Inquisição e
a censura exercida pela Igreja Católica foram igualmente determinantes para evitar que as idéias reformadoras
encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.
O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu: "Com o Concílio de Trento
(1545-1563)… trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma Protestante é para ser entendida
num sentido mais extenso: ela denomina a exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo"".
Segundo Bernard Cottret, "A reforma cristã, em toda a sua diversidade, aparece centrada na teologia da
salvação. A salvação, no Cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao indivíduo do que
à comunidade", diferente da pregação católica que defende a salvação na igreja.
O principal acontecimento da contra-reforma foi a Massacre da noite de São Bartolomeu. As
matanças, organizadas pela casa real francesa, começaram em 24 de Agosto de 1572 e duraram vários meses,
inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas, vitimando entre 70.000 e 100.000 protestantes
franceses (chamados huguenotes).
Protestantismo
Um dos pontos de destaque da reforma é o fato de ela ter possibilitado um maior acesso à Bíblia,
graças às traduções feitas por vários reformadores (entre eles o próprio Lutero) a partir do latim para as línguas
nacionais. Tal liberdade fez com que fossem criados diversos grupos independentes, conhecidos como
denominações. Nas primeiras décadas após a Reforma Protestante, surgiram diversos grupos, destacando o
Luteranismo e as Igrejas Reformadas ou calvinistas (Presbiterianismo e Congregacionalismo). Nos séculos
seguintes, surgiram outras denominações reformadas, com destaque para os Batistas e os Metodistas.
A seguir, uma tabela ilustrando o surgimento a traves dos séculos das diferentes correntes ou
ramos do Protestantismo.
Protestantismo é uma das principais divisões (juntamente com a Igreja Católica e a Igreja
Ortodoxa) do cristianismo. Este movimento iniciou-se na Europa Central no início do século XV como uma
reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval.
As doutrinas das inúmeras denominações protestantes variam, mas muitas incluem a justificação
por graça mediante a fé somente, conhecido como Sola fide, o sacerdócio de todos os crentes, e a Bíblia como
única regra em matéria de fé e ordem, conhecido como Sola scriptura.
No século XVI, seguidores de Martinho Lutero fundaram igrejas "evangélicas" na Alemanha e
Escandinávia. As igrejas reformadas na Suíça e França foram fundadas por João Calvino e também por
reformadores radicais como Ulrico Zuínglio. Thomas Cranmer reformou a Igreja da Inglaterra e depois John
Knox fundou uma comunhão calvinista radical na Igreja da Escócia.
Etimologia
O termo protestante é derivado (via francês ou alemão Protestant) do latim protestari. Significa
declaração pública/protesto, referindo-se à carta de protesto por príncipes luteranos contra a decisão da Dieta de
Speyer de 1529, que reafirmou o Édito de Worms de 1521, banindo as 95 teses de Martinho Lutero do protesto
contra algumas crenças e práticas da Igreja Católica do século XVI.
O termo protestante não foi inicialmente aplicado aos reformadores, mas foi usado posteriormente
para descrever todos os grupos que protestavam contra a Igreja Católica.
Desde aquele tempo, o termo protestante tem sido usado com diversos sentidos, muitas vezes
como um termo geral para significar apenas os cristãos que não pertencem à Igreja Católica, Ortodoxa ou
Ortodoxa Oriental (inclusive àqueles cristãos que não pertencem à Igreja Anglicana, pois esta mesma não se
auto-define como católica ou protestante).
História
Os "reformadores" foram pessoas de vasta cultura teológica e humanista: Calvino estudou em
Sorbonne e seu pai era bispo; Lutero foi monge e professor universitário da Bíblia; Zuínglio era sacerdote e
humanista. De acordo com o programa dos humanistas, eles buscaram nas fontes da antiguidade cristã as bases
para uma renovação religiosa. Lendo as Sagradas Escrituras e retornando aos Pais da Igreja, descobriram uma
nova visão da fé e uma doutrina bíblica cristocêntrica.
Na Suíça de fala alemã, Ulrico Zuínglio, Johannes Oekolampad e outros começaram também uma
tentativa de Reforma da Igreja Católica, de caráter mais urbano e enriquecida pelo humanismo de Erasmo de
Roterdã.
A Igreja da Inglaterra não se deixou influenciar, num primeiro momento, pelo protestantismo, mas
depois de sua quebra com a Igreja de Roma, começou uma aproximação com os ideais Reformados. Atualmente
a maior parte das Igrejas da Comunhão Anglicana declaram-se Reformadas.
O protestantismo apresenta elementos em comum apesar de sua grande diversidade. A Bíblia é
considerada a única fonte de autoridade doutrinal e deve ser interpretada de acordo com regras históricas e
linguísticas, observando-se seu significado dentro de um contexto histórico. A salvação é entendida como um
dom gratuito (presente, graça) de Deus alcançado mediante a fé. As boas obras não salvam, sendo resultados da
fé e não causa de salvação. O culto sempre é no idioma vernáculo e em sua grande maioria é simples tendo
como base as Escrituras Sagradas. O protestantismo histórico, conserva as crenças cristãs ortodoxas tais como a
doutrina trinitária, a cristologia clássica, o credo niceno-constantinopolitano, entre outros. Os protestantes
expressam suas posições doutrinais por meio de Confissões de Fé e breves documentos apologéticos. A
Confissão de Augsburgo expressa a doutrina Luterana. As confissões reformadas incluem a Confissão Escocesa
(1560), a segunda Confissão Helvética (1531), a Confissão de Fé de Westminster (1647), os 39 Artigos de
Religião da Igreja da Inglaterra (1562), etc. As Declarações de Barmen contra o regime Nazista e a Breve
Declaração de Fé da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos são exemplos de declarações de fé recentes.
O ensino religioso, tem como base o estudo de catecismos. No Luteranismo faz-se uso dos
Catecismo Maior e Menor de Lutero. O catecismo de Heidelberg e o Catecismo Maior e Menor de Westminster
são utilizados pelas Igrejas Reformadas. O protestantismo rejeita parte das doutrinas que caracterizam o
catolicismo tais como: o purgatório, a supremacia papal, as orações pelos mortos, a intercessão dos santos, a
Assunção de Maria e sua virgindade perpétua, a veneração dos santos, a transubstanciação, o sacrifício da missa,
o culto às imagens etc.
O protestantismo, em maior parte, segue a doutrina Agostiniana da eleição. Estabelece que a
salvação é pela graça (favor imerecido) de Deus. Para os protestantes a autoridade da Igreja está vinculada a
obediência da palavra de Deus e não à sucessão apostólica. Assim sendo, a Igreja cristã existe onde se escuta e
obedece a palavra de Deus.
O protestantismo deseja regressar às doutrinas apostólicas e à simplicidade da fé e prática da Igreja
primitiva. Portanto deve-se ao protestantismo a iniciativa as primeiras práticas ecumênicas adotadas a partir da
segunda metade do século XIX. Vale lembrar que até hoje a Igreja Católica não faz parte do Conselho Mundial
de Igrejas, e somente abriu-se ao dialogo ecumênico em 1965, após o Concílio Vaticano II.
O protestantismo se disseminou principalmente nos meios urbanos e através da nobreza. A difusão
das idéias protestantes foi facilitada pela invenção da imprensa, que tornou possível a divulgação e a tradução da
Bíblia nas línguas vernáculas. Desde então, as doutrinas cristãs passaram a necessitar do aval bíblico.
No Concílio de Trento, os bispos católicos partidários de Roma optaram por limitar o aceso laico
as escrituras, proibindo a tradução da Bíblia para o vernáculo e impondo a Vulgata em latim como a única Bíblia
autorizada e aumentando o índice de livros proibidos aos fiéis (Index Librorum Prohibitorum).
A "Reforma" Protestante alcançou êxito em muitas áreas da Europa. Em sua forma Luterana é
predominante no norte da Alemanha e em toda a Península Escandinava. Na Escócia surgiu a Igreja
Presbiteriana. As Igrejas Reformadas também frutificaram nos Países Baixos, na Suíça e no oriente da Hungria.
Com o desenvolvimento dos impérios europeus , principalmente o Império Britânico, nos séculos XIX e XX o
protestantismo continuou a se expandir, se tornando uma fé de escala mundial. Atualmente mais de 600 milhões
de pessoas professam alguma das diferentes manifestações do protestantismo no mundo.[carece de fontes?]
O protestantismo assumiu três formas básicas: a luterana, a reformada (calvinista) e a anglicana. O
protestantismo não possui organização centralizadora, porém suas igrejas estão organizadas em igrejas nacionais
e em concílios internacionais tais como a Aliança Mundial de Igrejas Reformadas e a Federação Luterana
Mundial.
O trabalho missionário do século XIX levou a cooperação interdenominacional e
conseqüentemente ao movimento ecumênico do qual surgiu o Conselho Mundial de Igrejas. [carece de fontes?]
Fora desse protestantismo, que muitos estudiosos denominam "protestantismo magisterial", surgiu outro ramo
que se distinguiu tanto do catolicismo como das igrejas protestantes de caráter histórico-nacional. Este ramo
recebe o nome de Reforma Radical. O historiador George Williams distingue as seguintes correntes dentro desta
reforma: espiritualistas, racionalistas e anabatistas. Os anabatistas rechaçaram a união da igreja e estado e
repudiaram o batismo infantil, constituindo-se em igrejas independentes ou segregadas. A maior aportação à
modernidade descansaria em sua persistente promoção da separação entre a igreja e o estado, a liberdade
religiosa pessoal e o exercício de um governo plenamente democrático em suas congregações.
Pilares da Reforma Protestante
Sola scriptura (Somente a Escritura)
Afirma que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As
Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser
medidos. Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos:
"Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a
menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha
consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar
contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém." O
protestantismo também defende a interpretação privada ou juízo privado dos textos bíblicos, conceito exposto
por Lutero em outubro de 1520, quando enviou seu escrito "A Liberdade de um Cristão" ao Papa, acrescentando
a frase significativa "Eu não me submeto a leis ao interpretar a palavra de Deus". Disse Lutero também em outra
ocasião que é "sempre melhor ver com um de nossos próprios olhos do que com os olhos de outras pessoas"
("always better to see with one's own eyes than with those of other people"). O historiador William Sweet
sugeriu que isso posteriormente originou o direito fundamental de liberdade religiosa, bem como a própria ideia
de democracia.
Sola gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça)
Afirma que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas
por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da
salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do
pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.
Sola fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé)
Afirma que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de
Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça
de Deus.
Solus Christus (Somente Cristo)
Afirma que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e
expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não
foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta.
Soli Deo gloria (Glória somente a Deus)
Afirma que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para Sua glória.
Catolicismo e protestantismo
As diferenças entre a doutrina católica e a doutrina da maioria dos grupos protestantes é grande.
Genericamente, as suas divergências mais significativas dizem respeito ao papel da oração e das indulgências; à
comunhão dos santos; à doutrina do pecado original e da graça; à predestinação; à necessidade e natureza da
penitência; e ao modo de obter a salvação, com os protestantes a defenderem que a salvação só se atinge apenas
através da fé (sola fide), em detrimento da crença católica de que a fé deve ser expressa também através das boas
obras (essa grande divergência levou a um conflito sobre a doutrina da justificação).
Há também diferenças importantes na doutrina da Eucaristia e dos outros sacramentos (os
protestantes só professam o Batismo e a Eucaristia, que são apenas para eles meros sinais que estimulam a fé);
na existência do Purgatório; no culto de veneração à Virgem Maria e aos santos; na forma de interpretação (com
os protestantes a defenderem a interpretação pessoal ou livre-exame das Sagradas Escrituras) e na composição
do Cânone das Escrituras; no papel da Tradição oral; na própria natureza, autoridade, administração, hierarquia e
função da Igreja (incluindo o papel da Igreja na salvação); no sacerdócio; e também na autoridade e missão do
Papa.
Contudo, visto que entre as denominações protestantes há diferenças consideráveis, de alguns
setores do Anglicanismo, aproximam-se do catolicismo, autointitulando-se como anglo-católicos. Recentemente,
o diálogo ecuménico moderno levou finalmente a alguns consensos sobre a doutrina da justificação entre os
católicos e os luteranos, através da Declaração Conjunta Sobre a Doutrina da Justificação (1999). Além disso,
esse diálogo trouxe também vários consensos sobre outras questões doutrinárias importantes, nomeadamente
entre os católicos e os anglicanos.