Reformador agosto/2003 (revista espírita)

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EDITORIALImortalidade e progressoRevista de Espiritismo Cristo Ano 121 / Agosto, 2003 / No 2.093

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PRESENA DE CHICO XAVIERCmara dos Deputados homenageia Chico Xavier

ESFLORANDO O EVANGELHOHonras vs Emmanuel

A FEB E O ESPERANTOBabel Europia Affonso Soares Lngua nacional no pode ser internacional... William Auld

CONSELHO ESPRITA INTERNACIONALFundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva ISSN 1413-1749 Propriedade e orientao da Federao Esprita Brasileira Direo e Redao Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN) 70830-030 Braslia (DF) Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Atividades do Movimento Esprita da Amrica do Norte A Argentina sedia a reunio da Coordenadoria da Amrica do Sul

FEB/CFN COMISSES REGIONAISReunio da Comisso Regional Norte

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SEARA ESPRITAEvoluo Juvanir Borges de Souza O Deus em mim Paulo Nunes Batista Idias inatas e evoluo Humberto Schubert Coelho Idias inatas O servidor humlimo e paternal de sempre! Adilton Pugliese Investimentos Richard Simonetti Gro de trigo Mrio Frigri Carta Aberta... Passos Lrio Unio e amizade Crmen Cinira O novo Cdigo Civil e as Instituies Espritas Somos imortais Fbio Henrique Ramos As Teorias sobre a Origem da Vida e a Viso Esprita Roberto Lcio Vieira de Souza Gentica O homem e a religio (V-VI) Eurpedes Khl Unificao Emmanuel IBGE divulga mais dados sobre populao esprita Projeto Reformador Geraldo Campetti Sobrinho O Espiritismo em seu trplice aspecto: cientfico, filosfico e religioso Parte I Silvio Seno Chibeni 6 Congresso Esprita do Estado do Esprito Santoo

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Diretor Nestor Joo Masotti; Diretor-Substituto e Editor Altivo Ferreira; Redatores Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira So Thiago; Secretrio Iaponan Albuquerque da Silva; Gerente Amaury Alves da Silva; REFORMADOR: Registro de Publicao no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polcia Federal do Ministrio da Justia), CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503. Departamento Editorial e Grfico Rua Souza Valente, 17 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) Brasil Tel.: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838 Capa: Rebouas & Associados

Tema da Capa: O tema enfatiza a EVOLUO no conceito esprita: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre tal a Lei.


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EditorialImortalidade e progressoescortinando para os homens, atravs do Espiritismo, as Leis que emanam de Deus e que regem a vida em todos os seus aspectos, os Espritos Superiores legaram Humanidade uma Doutrina abrangente, que toca em todas as questes fundamentais da existncia humana e que pode e deve ser estudada e praticada em todos os seus aspectos, tais como: cientfico, filosfico, religioso, tico, moral, educacional e social. Uma das frases que melhor sintetiza a sua mensagem e que melhor orienta o homem a respeito da sua prpria existncia a que est inscrita no tmulo de Allan Kardec: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre tal a lei. Nela temos bem configurada a clara viso da nossa realidade como seres imortais, Espritos que j existiam e que continuam existindo independentemente da existncia ou no do corpo fsico. Ela nos chama a ateno, tambm, para a Lei do Progresso a que todos estamos sujeitos e que nos leva, mesmo sem o saber, atravs do simples atendimento s nossas necessidades cotidianas, a desenvolver os valores que ns potencialmente carregamos, os quais edificam a nossa evoluo. A conscincia, em nossa vida, deste binmio imortalidade e progresso , tem naturais conseqncias: abandonamos a idia de pretender eliminar-nos, seja a ns mesmos, seja ao nosso prximo, uma vez que a Providncia Divina, que nos criou com toda a Sua bondade, no nos concedeu nem o poder e nem o direito de eliminar a ningum, o que nos leva a conviver, sempre, com todos os Espritos, encarnados ou desencarnados, amigos ou inimigos, que se encontram na mesma faixa de evoluo. Outra conseqncia natural a concluso de que nos convm colaborar com a Lei do Progresso que atua em ns, esforando-nos por colocar em prtica o amor ao prximo, o qual nos propicia reconciliar com os adversrios criados pela nossa ignorncia; evitar conflitos com nosso semelhante, que nos retardariam o progresso; e abreviar a nossa evoluo moral e intelectual, para mais rapidamente alcanarmos seus benefcios. No sem razo que a Doutrina Esprita nos ensina: Fora da caridade no h salvao, conceituando caridade como a entendia Jesus1 Benevolncia para com todos, indulgncia para com as imperfeies dos outros, perdo das ofensas. E o Esprito de Verdade recomenda2: Espritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instru-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; so de origem humana os erros que nele se enraizaram.

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KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos, 83. ed. FEB, q. 886, p. 407. ________. O Evangelho segundo o Espiritismo, 120. ed. FEB, cap. VI, item 5, p. 130.282 Reformador/Agosto 2003

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EvoluoJuvanir Borges de Souza

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ser humano, desde seu aparecimento na Terra como Esprito encarnado, jamais pde subtrair-se totalmente aos grandes enigmas de sua prpria existncia, da vida e da morte, do prazer e da dor e das impresses que o mundo exterior sempre lhe causou, atravs de seus sentidos fsicos. Esses problemas deram causa procura incessante de suas solues. Fcil imaginar-se, mesmo no homem primitivo, a idia de um Ser criador, embora desconhecido, sob as mais diversas denominaes. Da o surgimento das religies, das filosofias, das idias de Deus, com seus atributos, com suas leis. Na medida em que o homem foi evoluindo, novas concepes surgiram sobre os grandes enigmas. A angstia do desconhecimento, atravs dos tempos, no evitou a procura de um Deus sempre mais justo e mais poderoso e a idia, embora confusa, da existncia de mundos paralelos. H, pois, em todos os perodos evolutivos da Humanidade, um ascendente mstico, como afirma Emmanuel, na Introduo de A Caminho da Luz, psicografado por Francisco Cndido Xavier (Ed. FEB):

(...) O tempo, como patrimnio divino do esprito, renova as inquietaes e angstias de cada sculo, no sentido de aclarar o caminho das experincias humanas. Passam as raas e as geraes, as lnguas e os povos, os pases e as fronteiras, as cincias e as religies. Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso. Na realidade, em todas as pocas, desde os tempos pr-histricos, jamais faltou a assistncia divina Humanidade. O Cristo de Deus, atravs de seus emissrios, sempre atendeu s necessidades da alma humana, de conformidade com seu estgio evolutivo, para sua contnua ascenso. O determinismo divino do progresso, atravs do amor e do conhecimento, sempre esteve presente na Terra, desde os tempos primitivos, beneficiando seus habitantes, como est presente em todo o Universo. No nosso mundo, o Cristo o Guia e o executor das leis do Criador. Ele o Verbo e a Luz do Princpio, a reger os destinos deste orbe e de todos os habitantes de suas diversas esferas.

Ao lado dos tormentos que afligem o homem atravs dos tempos, na indagao a respeito de sua origem e de seu destino, sempre existiu tambm a indiferena pelas

coisas transcendentes, o imediatismo, a influncia poderosa da matria o materialismo. A tendncia ao materialismo tambm est presente no homem desde os tempos primitivos. O materialismo se afirma diante do problema das origens, dispensando a criao divina e o elemento espiritual, para se fixar to-somente na matria e na sua transformao mecnica e quantitativa. Fcil imaginar a influncia poderosa do materialismo sobre as concepes humanas, em todos os tempos, uma vez que os sentidos fsicos do homem esto sob a ao permanente da matria. J nos tempos atuais, o materialismo procura explicar os problemas tico-morais pelo hedonismo do prazer; as questes de ordem psicolgica pelas reaes do organismo aos diversos estmulos ambientais; e as questes da evoluo dos conhecimentos individuais e coletivos pela sua adequao ao progresso cientfico no mundo, sempre em funo da matria. Por esses simples enunciados podemos perceber quo perniciosos e ilusrios so os fundamentos do materialismo multifrio, espalhados pelo mundo, ao negar e desconhecer o outro elemento essencial do Universo o esprito. Infelizmente, a cincia materialista no percebeu ainda o grande engano em que incorre, ao conceber to-somente o elemento mate283 5

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rial na Natureza, quando o elemento espiritual est presente por toda parte. Essa concepo acanhada das cincias materialistas nos d uma idia do atraso dos conhecimentos no mundo em que vivemos e do avano extraordinrio que representar o descobrimento do esprito nas pesquisas daquelas cincias. A verdadeira cincia no pode deixar-se dominar pelo sectarismo, pela negao da realidade e da verdade. Se a existncia do esprito uma realidade, um fato j comprovado; se os mundos espirituais e a prpria matria sob outras formas, j foram descobertos, no mais se justifica que a cincia dos homens se encarcere em suas concepes unilaterais, ultrapassadas e negativistas, com prejuzo para toda a Humanidade.

Na histria milenar da ndia, da China, da Mesopotmia, do Egito, dos israelitas, dos gregos e dos romanos, como de todos os povos antigos e modernos, jamais faltou ou faltar a presena dos emissrios do Cristo, agindo ostensiva ou veladamente na evoluo do pensamento humano e no progresso de parcelas da Humanidade constitudas por povos, raas, naes e civilizaes.

curial que o Cristo, o Governador do Planeta, no poderia deixar sem sua assistncia a maior parcela da populao da Terra, que est justamente na sua face orientalE o interessante que em todas as tradies religiosas existe uma unidade substancial, embora em todas haja divergncias de formas e de entendimento. Todas se referem ao Deus impersonificvel, que a essncia da vida de todo o Universo e no tradicionalismo de todas palpita a viso sublimada do Cristo, esperado em todos os pontos do globo. H, pois, revelaes gradativas e sucessivas no seio das mltiplas civilizaes da pr-histria e da histria, mesmo daquelas que floresceram nas terras da Amrica, desco-

nhecidas do Velho Mundo at os descobrimentos do sculo XV. As revelaes sucessivas vo, pois, muito alm das trs comumente citadas, ocorridas na parte ocidental do mundo a Mosaica, a do Cristo e a Esprita. Estas tm um significado especial por serem explcitas na referncia ao Deus nico, Criador do Universo e apresentarem uma gradao cada vez mais lgica nos ensinos morais que apresentam. Mas curial que o Cristo, o Governador do Planeta, no poderia deixar sem sua assistncia a maior parcela da populao da Terra, que est justamente na sua face oriental. Assim, embora as civilizaes e naes asiticas no disponham das lies diretas do Mestre Incomparvel e de seus ensinos registrados nos Evangelhos, sabem, entretanto, do contedo da essncia de sua Mensagem, atravs dos missionrios que lhes foram enviados em pocas sucessivas.

Com as civilizaes mais antigas da Terra surgiram as religies e as filosofias. Vrias dessas religies e filosofias chegaram at os nossos dias. Na afirmativa de Emmanuel, a gnese de todas as religies se liga ao Cristo de Deus. (A Caminho da Luz, p. 83.) Se o Cristo o Governador deste orbe desde o princpio, nada mais lgico que sua assistncia aos terrqueos seja permanente. Podemos ainda deduzir, facilmente, que essa assistncia obedece s leis divinas, sendo, por isso, gradativa, no impositiva, atendendo s fases evolutivas dos povos, ao livre-arbtrio individual, aos esforos coletivos.6 284

Aps milnios de um longo aperfeioamento fsico e espiritual dos habitantes deste planeta, com a presena pessoal do Cristo h dois mil anos e das diversas correntes religiosas atuando sobre considerveis parcelas da Humanidade, eis que um novo perodo se anuncia de progresso intelecto-moral. As descobertas cientficas dos ltimos sculos, especialmente no extraordinrio sculo XX e no precedente sculo das luzes, associadas Nova Revelao, anunciada pelo Cristo como outro Consolador que Ele pediria ao Pai e que j se encontra no mundo com o EspiriReformador/Agosto 2003


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tismo, constituem indcios evidentes do incio de uma Nova Era para a Humanidade. O Espiritismo, como a Nova Revelao de conhecimentos transcendentes sobre os mundos espirituais, mostra que o homem fsico to-somente uma face do homem espiritual, em marcha permanente em busca da felicidade para a qual foi criado. A luz imortal a que aspiramos espera-nos a todos num futuro de paz e de fraternidade. Os prprios homens, Espritos imortais, sero os construtores desse futuro glorioso, utilizando seus esforos em sucessivas reencarnaes para forjar sua redeno, sob a orientao do Mestre: Bem-aventurados os pobres de espritos, porque deles o reino dos cus! Bem-aventurados os que tm fome e sede de justia, porque sero saciados. Bem-aventurados os que choram, porque sero consolados. Bem-aventurados os pacficos, porque sero chamados filhos de Deus. Evidentemente, essas promessas do Cristo no foram proferidas em vo. Tm um significado que se projeta no futuro, construdo pelo prprio homem. Como o mundo atual a negao de todas as promessas contidas nas bem-aventuranas, temos que situ-las no futuro, com a redeno humana. O caminho para isso longo, cheio de lutas, dificuldades, amarguras. Mas, um dia chegaremos todos a esse reino de Deus, transformando-nos naqueles que faro jus a esse reino.Reformador/Agosto 2003

Para isso, sero proscritos definitivamente, pelo homem regenerado, os males que nos afligem. As guerras e conflitos sero apenas captulos da histria humana. A fraternidade legtima imperar por toda parte, na relao entre os indivduos e as coletividades, entre si. A vida, em todos os reinos da Natureza, ser respeitada. Desaparecero a misria, em todas as suas manifestaes, por compreenderem todos que precisam ser solidrios, e as doenas fsicas e espirituais, pelos conhecimentos e prticas das virtudes. A justia dos homens ser muito mais eqitativa, derivada de leis que refletiro a lei maior de Nosso Pai. Para essas grandes transformaes, o Consolador ser o grande

norteador das religies do mundo. Na sua feio de Cristianismo redivivo, todos os ensinos do Cristo, no seu correto entendimento, sero a base e os fundamentos morais que orientaro as sociedades humanas. Os novos conhecimentos, que sucessivamente beneficiam os homens, sero recebidos como bno do Alto e incorporados ao patrimnio da Humanidade. Em suma, a noite em que vive atualmente a Humanidade terrena no eterna. A lei de progresso, divina lei que abrange toda a Criao, permite-nos vislumbrar a luz do amanhecer de uma Nova Era para as almas que j no mais necessitaro reencarnar em mundos materiais.

O Deus em mimPaulo Nunes Batista

O Deus em mim me aplaude, me elogia, quando os planos de paz eu concretizo e os projetos de Amor eu realizo, no suceder fatal de noite e dia. O Deus em mim resplende de Alegria, quando em Sua Vontade eu me batizo; e me abre a Porta Azul do Paraso, se abro Flores de Luz na minha via. O Deus em mim me ampara, me conforta, quando semeio, na matria morta, irradiaes transcendentais do Bem. E o Deus em mim, vibrando de Bondade, na epifania da Felicidade ala-me alm de mim, alm do Alm!...

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Idias inatas e evoluoHumberto Schubert Coelho

Grande conexo deve ento haver entre duas existncias consecutivas? Nem sempre to grande quanto talvez o suponhas, dado que bem diferentes so, muitas vezes, as posies do Esprito nas duas e que, no intervalo de uma a outra, pode ele ter pro- gredido. Allan Kardec(O Livro dos Espritos, 218-b.)

construo emprica do conhecimento faz com que o homem dependa da experincia, da observao de fatos, da vivncia de situaes para acumular conhecimento e tornar-se mais sbio e preparado. O fato de o conhecimento partir sempre de uma experincia concreta garante-nos que ele objetivamente vlido. As teorias de que o homem fruto do meio so vlidas, j que ele aprende aquilo que seu ambiente pode ensinar-lhe. A reencarnao, no entanto, nos d outra dimenso de como se efetua este processo. Se considerarmos que o homem possa viver em lugares distintos e, portanto, adquirir conhecimentos distintos em suas diversas encarnaes, temos de admitir que os conhecimentos e tendncias adquiridos em uma vida entraro em conflito com os que amealhou em outra.

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Se em uma vida anterior eu estive entre os Incas, meu comportamento e minha personalidade eram certamente os de um inca. Hoje, no entanto, sendo brasileiro, estou sujeito a outras normas sociais e outras condies que fizeram com que eu formasse um comportamento e uma personalidade distinta das anteriores, mas no fundo, por detrs de minha persona, guardo alguns impulsos, desejos, tendncias e predisposies inerentes a minha condio anterior. A isso se chamou inatismo ou teoria das idias inatas. As idias inatas, portanto, so aquelas que por estarem profundamente enraizadas em nosso ser permanecem ao longo dos tempos. Entre elas se contam os talentos adquiridos em outras vidas, as qualidades morais, a agudez do raciocnio, os vcios, os preconceitos e toda sorte de atributos que constituem a individualidade do ser. preciso fazer uma distino entre o que seja individual no homem, aquilo que permanece e lhe inerente, e aquilo que lhe foi imposto pela condio material, social, cultural, etc. A esta segunda chamamos personalidade e pode ser comparada a uma espcie de mscara usada pelo indivduo para integrar-se ao ambiente em que est. A maioria de ns no percebe este detalhe sutil e facilmente confunde sua personalidade temporria com sua individualidade imortal. As obras de Jung constituem um gi-

gantesco esforo para desfazer a iluso da personalidade e trazer superfcie o verdadeiro ser. Esta anlise pode ser muito difcil de efetuar-se, a ponto de algumas vezes a iluso da personalidade situada historicamente permanecer na conscincia do ser aps a desencarnao. Nestes indivduos em que a conscincia espiritual e moral no est satisfatoriamente desenvolvida, natural que caractersticas da ltima existncia permaneam. Temos notcia de inmeros relatos de que os Espritos demasiadamente ligados aos aspectos materiais da vida tm dificuldade, aps o desenlace do organismo, de rememorar suas existncias anteriores e mesmo perceber suficientemente sua nova condio. No mais, apenas as experincias significativas para o crescimento do ser, que lhe afetem intimamente, sero adicionadas sua bagagem inaltervel, constituindo ento novo trao de sua individualidade. Isto evidente, pois a individualidade no dada, ela deve ser construda no mundo, na vivncia, ao longo das reencarnaes. Com o passar do tempo, o acmulo de conhecimentos faz com que o homem se dote de talentos (artsticos, administrativos, cientficos, de sobrevivncia, etc.) e de sentimentos (ambio, amizade, lealdade, justia, inveja, intolerncia, orgulho, amor), que eram impossveis de manifestar-se num ser desprovido de inteligncia e coReformador/Agosto 2003

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nhecimentos. Estes talentos e sentimentos constituem sua individualidade. Ao ser colocado numa existncia nova o Esprito dever adequar-se aos padres de comportamento desta cultura. Receber uma srie de conhecimentos novos, ter relaes sociais diversas e isso tudo o levar a criar certos hbitos especficos deste ambiente. A prpria vontade do Esprito de ser aceito no grupo o tornar mais malevel para com essas novas normas, muitas vezes resultando na abdicao de talentos e tendncias morais adquiridas para integrar-se ao meio. Mas eventualmente algumas caractersticas do indivduo iro opor-se ao novo sistema em que est inserido. Esta oposio no precisa ser necessariamente uma rebeldia ou sentimento de averso. Pode dar-se tambm de forma muito sutil caso o Esprito tenha recebido de boa vontade algumas das caractersticas do meio. Isso causaria uma espcie de angstia existencial muito grande, pois a natureza individual do ser estaria em confronto com sua prpria personalidade formada nesta existncia. Portanto, o inatismo no representa mero acmulo de idias transcendentais. Ele envolve todo um processo psquico que ir determinar como ser o indivduo. Algumas vezes, o choque entre individualidade e personalidade resultar num crescimento do Esprito, pois ele optar por uma renoReformador/Agosto 2003

vao, quando assimilar realmente os elementos de sua personalidade atual, ou uma afirmao no caso de o Esprito conseguir desfazer-se de uma influncia do meio (da personalidade) e afirmar sua natureza. No primeiro caso ele ter um acrscimo de sua individualidade, que perdurar como importante experincia adquirida; no segundo caso ter passado por uma espcie de provao de seu carter individual e sair com ele mais slido do que antes.

Estes so basicamente os dois processos pelos quais um indivduo pode transformar-se durante a vivncia carnal. Na vivncia espiritual os processos de transformao do indivduo sero to mais distintos quanto mais distante o Esprito estiver de condicionamentos culturais e materiais. A distino entre individualidade e personalidade vai mais alm. Uma vez que o Esprito no apenas guarda sentimentos e conhecimentos, mas tambm algumas reminiscncias peculiares s suas existncias anteriores e estas reminiscncias podem estar mais ou menos impregnadas em seu psiquismo, possvel

que acontecimentos dos mais banais influam em sua personalidade. Um Esprito que guarde profundas impresses de uma morte por afogamento poderia ter averso gua, e assim por diante. Peculiaridades aparentemente irrelevantes da vida de um indivduo podem, na existncia seguinte, determinar boa parte de suas atitudes, suas escolhas e seus estados de nimo. preciso analisar a prpria conscincia, a fim de esclarecer se determinadas fobias, angstias e tendncias que possumos tm alguma relao direta com nossa infncia ou juventude. Os psicanalistas parariam por a, mas num estudo esprita prosseguiremos por entre os recnditos da memria at a causa verdadeira de cada sonho, cada angstia, cada aborrecimento que no tenham uma justificativa plausvel na existncia atual. Tambm inferimos destas concluses a noo esprita de realidade ltima do ser. Ora, uma vez que o Esprito definido historicamente atravs das eras e sua mente vazia de idias no incio de sua vida como ser humano, conclumos necessariamente que o ser como o conhecemos formado durante a experincia de vida. Isso no significa, no entanto, que no haja algo anterior experincia, inerente ao ser humano desde sua criao. A estas estruturas fundamentais da conscincia chamamos de homem-em-si, ou aquilo que define o que em todos os homens inelu287 9


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tavelmente idntico e necessrio, aquilo que, apesar de poder ser utilizado diferentemente, marcar a igualdade de condies iniciais sob as quais o ser s poder individualizar-se por conta prpria, e igualmente s ir progredir por esforo pessoal. A coisa-em-si, que o Esprito, tem uma formatao inicial de atributos e estruturas fundamentais (Razo, Vontade, Afetividade, Sensibilidade, Entendimento, Instinto), que ao lidarem com os fenmenos da experincia acabam por adquirir conhecimento e tornar-se indivduo/pessoa. No temos conhecimento do que seja despertado no princpio espiritual de um animal que o leve a tornar-se um ser inteligente e sensvel, mas podemos afirmar que no se trata exclusivamente de atributos inerentes ao prprio princpio espiritual que se expandem, e sim de um atributo qualquer, antes inexistente, que desperta praticamente num instante e transforma toda a realidade daquele ser. Podemos tambm afirmar que esta estrutura fundamental j nos d, antes de qualquer experincia, algumas orientaes quanto ao entendimento e a moral. Todos os seres humanos parecem ser capazes de compreender e aceitar algo extremamente lgico que lhes seja apresentado. Um teorema matemtico raramente causa problemas ou discusses srias no meio cientfico, pois mesmo aqueles que muito distantes esto do conhecimento matemtico, se lhes for pacientemente esclarecida a funo do teorema, o aceitaro. O mesmo se d com o sentimento. Desde sua origem o Espri10 288

to tem um estado de natureza bom, ou uma lei moral grafada na conscincia. Este, a priori sentimental, seria o fundamento ltimo de toda a moral, o sentimento que denominamos amor. Evidente que assim como a razo pode ser ludibriada por falcias e sofismas bem arquitetados, o sentimento de amor pode ser nublado pelo vu da ignorncia e do orgulho, dando margem aos vcios que evidentemente contrariam a natureza boa do homem. Na medida em que o ser se expande, aproxima-se cada vez mais da individuao completa, os sentimentos se harmonizam e o intelecto passa a abranger aquilo que agora consideramos incognoscvel, no apenas por um acmulo de conhecimento, mas porque o homem consegue despir-se de sua mscara e encontra sua natureza inata, sua individualidade original. Neste estado, o Esprito perde o lastro com o

estilo de existncia que conhecemos e torna-se algo novo. A prpria sensibilidade, o entendimento e a razo se expandem, passando a captar fenmenos que antes no se captariam ou sequer se poderiam supor pela imaginao. Atravs destes novos sentidos ou formas de raciocnio e entendimento, que esto no homem em estado embrionrio definido por intuio, o homem alcanar experincias que lhe descortinaro segredos mais amplos do Universo, da sua prpria alma e de Deus. A concepo que se tem da precariedade humana muito acertada para nossa realidade atual, mas, com o advento da mediunidade, a expanso das cincias e transformaes de paradigmas culturais, aos poucos a Humanidade caminha para patamares mais felizes de existncia.

Idias inatas(O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, Parte 2a, cap. IV, ed. FEB.)

218. Encarnado, conserva o Esprito algum vestgio das percepes que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existncias anteriores? Guarda vaga lembrana, que lhe d o que se chama idias inatas. a) No , ento, quimrica a teoria das idias inatas? No; os conhecimentos adquiridos em cada existncia no mais se perdem. Liberto da matria, o Esprito sempre os tem presentes. Durante a encarnao, esquece-os em parte, momentaneamente; porm, a intuio que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se no fosse assim, teria que recomear constantemente. Em cada nova existncia, o ponto de partida, para o Esprito, o em que, na existncia precedente, ele ficou. (...).



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O servidor humlimo e paternal de sempre!Adilton Pugliese

edio francesa de O Livro dos Espritos. Comentrios na imprensa, desfavorveis ao Espiritismo nascente, publicados no Dirio da Bahia em 27/9/1863, com rplica de Lus Olmpio Teles de Menezes (1825-1893) no dia seguinte, no mesmo peridico, colocou o Braoperao da transferncia do Espiritismo, da sil em destaque aos olhos de Allan Kardec, consoante Frana, que o recepcionou, para o Brasil, no enregistros do Codificador exarados na Revista Esprita de tardecer do sculo XIX, que dinamizaria e popu1865, pgina 323, publicada pela Edicel, com tradularizaria a divulgao dos seus postulados cientficos, o do francs por Jlio Abreu Filho. filosficos e religiosos, aps a desencarnao de Allan Aps a desencarnao do Mestre de Lyon, em Kardec, motivou a convocao de inmeros Esp31/3/1869, o Espiritismo mundial entraria em ritos missionrios. Os anncios e os preparasua segunda poca. Nesse perodo, um jotivos do advento do Consolador perdemvem de 38 anos, nascido em 29/8/1831, -se nos tempos e historiadores mais em Riacho do Sangue, um pequeno sensveis encontram o seu ponto de lugarejo nas terras ridas do Cear, se partida em dois momentos da vida do entretinha com livros religiosos. Seu Cristo: nome: Adolfo Bezerra de Menezes Quando Jesus promete a vinda Cavalcanti. Aos 20 anos havia se do Consolador: Se me amais, guarmudado para o Rio de Janeiro e, dai os meus mandamentos; e eu roem 1856, com 25 anos, obtivera a garei a meu Pai e ele vos enviar ougraduao em Medicina. Quatro tro Consolador, a fim de que fique anos depois de ter contrado npcias eternamente convosco: O Esprito de com D. Maria Cndida Lacerda, fiVerdade (...). (Joo, 14:15-17.) cou vivo, com dois filhinhos, de um Num dilogo que Jesus tem com sae trs anos. A viuvez, assim, levara-o a cerdotes e gente do povo, que questionam a ler a Bblia e a discutir e estudar religio e sua autoridade, rejeitando os seus ensinamen- Beze es nesse estado de introspeco, de momento r ra d e M e n e z tos, Ele destaca: Por isso que vos declaro que timstico, que... ouve falar da Doutrina de Allan rado vos ser o Reino de Deus, e ser dado a um poKardec. vo que produza seus frutos. (Mateus, 21:43.) Dr. Silvino Canuto Abreu (1892-1980), na sua Os sculos perpassaram, quando, ento, em 18 de obra Bezerra de Menezes (Subsdios para a Histria abril de 1857, com o lanamento de O Livro dos Esdo Espiritismo no Brasil at o ano de 1895), informa pritos, foi concretizada, naquele pas europeu, a Franque a converso de Bezerra de Menezes ao Espiritisa, a primeira etapa da promessa do Cristo e, mais tarmo fato que teria o seu apogeu em 16/8/1886, de, durante o desenvolvimento da Codificao por quando ele, num auditrio com mais de duas mil pesAllan Kardec, tinha incio a segunda fase, surgindo na soas, declarou a sua f esprita foi um mero fenme> Corte Imperial brasileira as primeiras notcias com a no de recordao.1

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> Realmente, examinando-se a informao acerca dodestino do Brasil, narrada pelo Esprito Humberto de Campos, na obra psicografada pelo inesquecvel mdium Francisco Cndido Xavier, Brasil, Corao do Mundo, Ptria do Evangelho, encontramos, nas pginas 179 e 180, essas palavras de Ismael, Guia Espiritual da Ptria Brasileira, dirigidas ao seu discpulo, que reencarnaria com o nome de Adolfo Bezerra de Menezes:2 Descers s lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no pas do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforos. (...) No precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa misso; mas, com a plena observncia do cdigo de Jesus e com a nossa assistncia espiritual, pulverizars todos os obstculos, fora de perseverana e de humildade, consolidando os primrdios de nossa obra, que a de Jesus, no seio da ptria do seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que no ser menor a compensao do Senhor, que o caminho, a verdade e a vida. Examinando-se toda a trajetria da vida de Adolfo Bezerra de Menezes, essa existncia que nunca ser demais ser relembrada, porque se trata de uma vida incomum e fascinante, pode-se confirmar que ele cumpriu, fielmente, com extremada dedicao e renncia, ao apelo de Ismael. Seus primeiros contatos com a filosofia esprita dar-se-iam em 1875, quando o Dr. Carlos Travassos, tradutor para o vernculo de O Livro dos Espritos, oferta ao ento Deputado Bezerra de Menezes um exemplar. O Kardec Brasileiro, considerado o Apstolo da Unificao no Brasil, cognominado, tambm, Mdico dos Pobres, descreve o acontecimento: Deu-mo na cidade, e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, no tendo distrao para a longa e fastidiosa viagem, disse comigo: ora, adeus! no hei de ir para o inferno por ler isto; e, depois, ridculo confessar-me ignorante de uma filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosficas (...). Lia; mas no encontrava nada que fosse novo para meu esprito, e entretanto tudo aquilo era novo para mim! (...) (...) parece que eu era esprita inconsciente, ou, como se diz vulgarmente, de nascena (...). Mais tarde, depois de vrias participaes no en12 290

to nascente Movimento Esprita, Bezerra de Menezes, em 1895, convidado para assumir a presidncia da Federao Esprita Brasileira (FEB), decide ouvir a opinio dos Espritos Superiores em reunio do Grupo Ismael e quando, ento, atravs do mdium Frederico Jnior, recebe do seu guia espiritual Santo Agostinho a exortao: Aceita o convite. um chamado. J te dissemos mais de uma vez que a unio dos espritas e a sua orientao te foram confiadas (...). Cumpre o teu dever e cumpriremos o nosso. Bezerra, emocionado, declara: Neste caso, aceitarei e espero no me faltem o amparo de Jesus, a proteo de nossos guias, assim como o concurso de todos os companheiros do Grupo. E Santo Agostinho encerra o decisivo dilogo com a mais expressiva das promessas: Iremos todos contigo!3 O Brasil esprita comemorou o seu centenrio de desencarnao h dois anos, relembrando a data de 11 de abril de 1900, quando, em sua residncia, no Rio de Janeiro, aos 68 anos de idade, precisamente s 11h30, retornou Ptria Espiritual, sendo recebido, o seu Esprito, com os cnticos e saudaes atribudos aos verdadeiros heris, servidores fiis do Cristo. Lon Denis, ao tomar conhecimento da desencarnao de Bezerra, declarou, da Frana: Quando tais homens deixam de existir, enluta-se no somente o Brasil, mas os espritas de todo o mundo.4 H mais de cem anos, contudo, esse Venervel Esprito continua a sua misso na Terra. Comunicando-se atravs do mdium Divaldo Pereira Franco nas reunies do Conselho Federativo Nacional, da FEB, sempre enfatizando a unio em torno dos ideais cristos, testemunha sua humildade assinando-se o servidor humlimo e paternal de sempre.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:1 2

4. ed. FEESP p. 29.

XAVIER, Francisco Cndido. Brasil, Corao do Mundo, Ptria do Evangelho, pelo Esprito Humberto de Campos. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, p. 179-180 e Reformador de agosto de 2002.

Equipe da FEB. Bezerra de Menezes Ontem e Hoje. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, p. 26 e 200, 2001.4

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Idem, ibidem, p. 203.Reformador/Agosto 2003


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PRESENA DE CHICO XAVIER

Cmara dos Deputados homenageia Chico Xaviero instrumento. A ao toda foi feita pelo plano espiritual, e o trabalho de hoje tem desdobramentos que nem sequer podemos perceber, disse. Em seu pronunciamento, Bassuma afirmou que o grande desafio da Humanidade o exemplo que Chico Xavier deixou: vide Chico Xavier, elogiando-lhe a conduta fraterna, a nobreza de atitudes e a dedicao ao prximo. Em seguida, foi exibido o vdeo Chico Xavier uma histria de amor. A FEB tambm homenageou o mdium mineiro com uma exposio dos livros por ele psicografados. A sesso foi encerrada com uma inspirada orao proferida pelo Deputado Bassuma. Depois de iniciar citando Jesus, disse que uma nova aurora se avizinha para esse Pas to generoso e encerrou afirmando que a homenagem a Chico Xavier transferida, sob autorizao de Ismael, a todos aqueles que no puderam estar aqui e que perambulam pelas ruas do Pas com fome de po e do Evangelho que liberta amorosamente. Enquanto se apresentava o Coral da Cmara, o mdium Jos Medrado executou um conjunto de quatro psicopictografias. O primeiro quadro foi um retrato de Chico Xavier, j idoso, com boina e lpis mo, pelo Esprito Cndido Portinari. A segunda obra, tambm de Portinari, chamada Nordestina, mostra um menino pobre com uma trouxa cabea. A terceira obra, do impressionista francs Claude Monet, mostra uma paisagem com flores e aurora. A ltima pintura, de Tarsila do Amaral, retrata o prdio do Congresso Nacional em meio a um jardim.291 13

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Cmara dos Deputados prestou uma emocionada homenagem ao mdium Francisco Cndido Xavier no dia 26 de junho deste ano. Deputados de diversos partidos e Estados brasileiros lembraram a vida apostolar e o exemplo solidrio de Chico Xavier na passagem do primeiro ano de sua desencarnao, ocorrida em 30 de junho de 2002. A sesso solene foi requerida pelo Deputado Federal Luiz Bassuma (PT-BA). A Federao Esprita Brasileira (FEB), na impossibilidade de comparecimento do seu Presidente, Nestor Joo Masotti, foi representada pelo Presidente da Federao Esprita do Distrito Federal, Joo de Jesus Moutinho, que integra o Conselho Federativo Nacional da FEB. O fato desta sesso solene ser presidida por um catlico como eu prova da atitude respeitosa que todos os brasileiros tm para com o querido Chico Xavier, disse o Presidente da Cmara, Deputado Joo Paulo Cunha (PT-SP). Para ele, o mdium mineiro um dos vultos mais importantes da Histria do Brasil. O deputado Bassuma disse que a organizao do evento cabia aos Espritos: Esta sesso no foi construda por ns. Somos apenasReformador/Agosto 2003

venciar essencialmente a mensagem do Cristo: O desafio da nossa vida sermos coerentes com o que acreditamos, com o que falamos e com o que fazemos no dia-a-dia. Os Deputados Reginaldo Lopes (PT-MG), Wladimir Costa (PMDB-PA), Nice Lobo (PFL-MA), Paulo Afonso (PMDB-SC), Eduardo Barbosa (PSDB-MG), Romel Anizio (PP-MG), Miguel de Souza (PL-RO), Colbert Martins (PPS-BA) e Francisco Gonalves (PTB-MG) destacaram o exemplo


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InvestimentosRichard Simonetti

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palavra de ordem, rezam os economistas, se desejamos melhorar nossa condio econmica, poupar. Tanto quanto possvel, reservar, mensalmente, um dinheirinho para o p-de-meia, algo que nos proporcione segurana e a perspectiva de um futuro confortvel e tranqilo. Envolve aplicaes financeiras para proteger o capital dos surtos inflacionrios e ter algum rendimento. So incontveis as opes, envolvendo caderneta de poupana, fundos de renda fixa, dlar, imveis, ouro, bolsa de valores, mercado futuro e similares Diga-se de passagem, o resultado costuma ser inexpressivo, a no ser que o investidor tenha muito dinheiro para aplicar, o que no ocorre com a maior parte da populao. H uma opo mais atraente, que merece ateno. Seria aplicar regularmente parte de nossas disponibilidades no Banco da Providncia, atendendo pessoas que passam privaes materiais, os carentes de todos os matizes, ajudando-os em suas necessidades. Partindo do velho aforismo, quem d aos pobres empresta a Deus, todo recurso mobilizado nes14 292

se sentido representar valiosa poupana nos cofres do Cu. E teremos dividendos abenoados: paz, sade, bem-estar, felicidade, alegria de viver, muito mais importantes que o vil metal, o desejado patrimnio material.

...Detalhe pondervel: o dinheiro investido nos negcios da Terra pouca utilidade oferece, alm da satisfao de v-lo crescer. Se sumir, no haver nenhuma repercusso em nossa vida.

O bem estendido ao redor de nossos passos bno de Deus em nossas vidasH pessoas que poupam o tempo todo e acumulam razovel capital que nunca iro usar. Servir apenas para suscitar disputas entre os herdeiros, quando o poupador bater as botas. H um provrbio chins bem significativo: Mesmo que tenhas dez mil plantaes, s podes comer uma tigela de arroz por dia; ainda que a tua casa tenha mil quartos, nem de dois metros quadrados precisas para passar a noite. E h as tenses, as dvidas e a

perda de algo precioso, quando nos envolvemos com os investimentos da Terra. Se me permite o leitor paciencioso, outro aforismo chins: Quem abre o corao ambio, fecha-o tranqilidade. Melhor combater tais tendncias, aprendendo a investir algo de nossos recursos no Banco da Providncia, minorando aflies, atendendo enfermos, alimentando famintos, oferecendo melhores condies de vida para muita gente que vive miseravelmente. O lucro auferido com investimentos dessa natureza imediato, exprimindo-se em inefvel sensao de paz. O bem estendido ao redor de nossos passos bno de Deus em nossas vidas.

...Questo crucial: Quando se trata de abrir a bolsa em favor do prximo, o fecho costuma emperrar. A tendncia dar o que no vai faltar. Invariavelmente, porm, sob inspirao do velho egosmo humano, sempre nos parecer indispensvel o dinheiro amoedado, ainda que o tenhamos sobrando nos cofres. de Sneca judiciosa observao envolvendo a maneira como superestimamos nossas necessidades: Para a nossa avareza, o muito pouco.Reformador/Agosto 2003


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Para a nossa necessidade, o pouco muito. Assim, quase nada sobra para o Banco da Providncia. Por isso Jesus nos oferece o exemplo da viva pobre (Lucas, 21:1-4), dando a entender que o valor est em darmos o que vai fazer falta. E considere, leitor amigo: Geralmente, esse fazer falta est em nossa cabea, como sugere o filsofo romano.

...Talvez nos estimule reconhecer que os investimentos nos Bancos do Mundo, por mais que rendam, no acrescentaro um s centavo aos valores espirituais. Tudo ficar aqui, quando formos convocados pela Morte viagem de retorno. Se s eles merecem nossa ateno, estaremos mal, ao relento, na Espiritualidade. Quanto aos investimentos no Banco da Providncia, estes rendem dividendos para a Vida Eterna, habilitando-nos estadia em hotel cinco estrelas, no Alm, amparados por generosos benfeitores.

sentido de promov-los, reorganizando suas vidas. Usando expresso bem atual, ajudam os excludos a encontrar um lugar na sociedade, construindo seu futuro. O Centro Esprita envolvido com o trabalho social, na vivncia dos princpios de caridade que norteiam o Espiritismo, enquadra-se perfeitamente nessa condio. Ali se desenvolvem os mais variados servios em favor da populao carente, onde todos podemos fazer valiosos investimentos de dois tipos: em espcie Reservar parte de nossos rendi-

mentos, de forma disciplinada e perseverante, com a mesma regularidade com que pagamos contas de gua, luz e telefone. em servio Reservar parte de nosso tempo para engrossar as fileiras de voluntrios que desenvolvem servios de assistncia e promoo social, sob a bandeira da solidariedade. Ento, sim, estaremos contabilizando crditos abenoados na Poupana do Cu, em favor de uma existncia mais feliz na Terra e um retorno tranqilo vida espiritual. Vamos investir?

Gro de trigoMrio Frigri Pois, que aproveitar o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Jesus. (Mateus, 16:26.)

...Se alimentamos a inteno de emprestar a Deus, recomenda-se algum critrio, evitando sustentar a malandragem e a indolncia, que, infelizmente, grassam por a. O ideal ser escolhermos intermedirios confiveis. So as instituies que desenvolvem servios assistenciais e promocionais de forma transparente e produtiva. Nelas so identificados os legitimamente carentes, desenvolvendo-se, em seu benefcio, aes noReformador/Agosto 2003

Se, ao cair no cho, o gro de trigo No perecer, fica ele s na terra; Mas se morrer, sua alma se descerra E a cem por um produz em seu jazigo. um morto ativo que tomou da cruz, Aps negar seu ego neste plano. Perdeu a vida no conceito humano; Ganhou a vida segundo Jesus. Quem no ajunta com Jesus, espalha. Ciente, pois, da luz que em ti floreia, Ergue bem alto do Evangelho a tocha. E enquanto os vivos, na mais v batalha, Armam castelos de cartas na areia, S tu aquele que constri na rocha.

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Carta Aberta...Passos Lrio

Permita-me a liberdade de levar ao seu conhecimento o que se me oferece transmitir-lhe a respeito de casos e coisas por mim constatados no meio esprita, que, a meu ver, extrapolam da natureza e finalidade do Espiri-tismo. (Trecho de carta do missivista Policarpo Moura.) Prezado Confrade, mpressionou-me o seu desabafo quanto ao desapontamento do objeto de suas observaes. Antes de entrar no mrito da questo, seja-me lcito, desde logo, fazer a ressalva de que a Doutrina Esprita no comporta comprometimentos de qualquer ordem, to invulnervel em seu trplice aspecto e indecomponvel em seu embasamento evanglico-doutrinrio. Ns a esposando que, no raro, deixamos muito a desejar, por agir em sentido contrrio e contraditoriamente aos seus ensinos, como si acontecer quando, assim descaracterizados espiriticamente, nos constitumos em agentes de inovaes descabidas e de novidades contraproducentes, de instrumentos de discrdia, em promotores de mudanas inconsistentes de programaes de trabalho sem nenhum propsito de adequao aos meios e fins justificadamente espirticos, to empenhados estamos na prevalncia dos nossos pontos de vista e tomadas de posies quase sempre in-

congruentes e intempestivas. Assim, as supostas desfiguraes da Doutrina dos Espritos, que julgamos afet-la, no procedem e longe esto de corresponder realidade dos fatos, antes se situam nas mentes de profitentes incautos e desavisados que se do a toda sorte de desmandos, to desatentos se mostram assimilao da essncia dos seus ensinamentos. No ser esse o seu caso, desde

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A Doutrina se nos apresenta sem costuras, como inconstil era a tnica do Cristo, to meridianamente clara como a luz do Solque se proponha a preservar-se de tais envolvimentos desagregadores e desgastantes, que levam a quantos os suscitam, ou por eles se deixam influenciar, lamentvel condio de pedras de tropeos no caminho dos que o vm palmilhando esperanosos de chegarem a bom termo. A Doutrina se nos apresenta sem costuras, como inconstil era a tnica do Cristo, to meridianamente clara como a luz do Sol quo toda transparente como a gua que

flui pura da nascente. No d margem a quaisquer dvidas, a ningum engana nem decepciona a quem quer que seja. O que falta a determinados confrades maturidade e bom senso, enquanto, em certos casos, lhes sobra muito de personalismo. Da as interpolaes despropositadas e a carncia de comportamentos ajustados aos parmetros da necessria exemplificao. Mas, veja bem, a par dessa deplorvel incoerncia, to do nosso conhecimento e desagrado, h, doutra parte, como no podia deixar de ser, tranqilizador cenrio, com cambiantes de realidades e realizaes, suavizando-nos os olhos e induzindo-nos luta pela nossa prpria espiritualizaco. nesse panorama de atos e fatos, de atitudes e aes, de empreendimentos e feitos dignificantes que primordialmente devemos volver o nosso olhar, deter a nossa ateno, abrindo a mente e descerrando o corao aos influxos da orvalhada de bnos promanada das altiplanuras da Espiritualidade. No mirante de nossas observaes, precisamos de abranger toda a vastido da vista panormica, com os marcantes aspectos edificantes que sobejam no Espiritismo e jamais nos determos apenas em partes isoladas, envoltas em nebulosidades, que nos privam do aprazimento de vislumbrarmos a impressionante e surpreendente grandiosidade do conjunto. Lentes escurasReformador/Agosto 2003

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ou embaadas s nos facultam ver penumbras e sombras, como se essa fora mesmo a realidade do que lobrigamos ver. o de que, prezado Policarpo, nos do idia suas errneas impresses do que vem a ser a Doutrina Esprita, no detectando seus altanados objetivos, que, a admiti-las, nos levam at a supor tenha ela entrado em decadncia, quando, na verdade, decadentes e decados, desfalecentes e desfalecidos podemos ser todos ns, seus profitentes, nas frentes de trabalho em que atuamos, quando nos desmandamos arbitrariamente, a ponto de perder ureas oportunidades de darmos alguns passos frente em mais uma encarnao com que fomos contemplados pela misericrdia do Altssimo, nosso Criador e Pai. Ao demais, se a ns, individualmente, j nos possvel alcanar a essncia dos ensinamentos da Doutrina dos Espritos e ter as devidas posturas perante ela, esforando-nos por bem exemplific-la em todos os lances e ensejos que se nos oferecem, por que nos afligirmos com os nossos confrades que no o fazem, to certos estamos de que cada um de ns arca com as conseqncias de seus prprios atos? No caso, o que nos cabe fazer orar por eles e, por nossa vez, nos acautelarmos para no incorrer nos mesmos eventuais disparates e comprometimentos. Gostaria imenso, distinto missivista, reconsiderasse a sua enganosa concepo do que lhe parece ser o Espiritismo, por no atinar, segundo confessa, com a razo de ser dessas coisas to estranhas e espantosas, nem poder conceber o que se lhe afigura impossvel de expliReformador/Agosto 2003

cao e justificativa. Grande seria a minha estranheza e maior ainda a estupefao, no fora sab-lo nefito, compreensivelmente passvel de decepcionar-se com o que vem de constatar quanto ao teor de negatividade contrastante com as diretrizes da Doutrina que abraou e nela h de firmar-se em definitivo, como convir manter-se, sem desnimos nem desfalecimentos. Aproveite bem o tempo, eu lho

peo, sem se desgastar nem se desgostar com os arranjos e desarranjos de nossos companheiros de ideal ainda distanciados do verdadeiro sentido e alcance da Terceira Revelao, to magistralmente codificada pela genialidade de Allan Kardec e de contexto facilmente assimilvel. Abraa-o quem muito se preza de t-lo como amigo e de ser seu servidor em Cristo.

Unio e amizadeUnio e Amizade, Asas de Luz da Paz e da Alegria, Com que nossa alma voa, cada dia, Ao reino augusto da Fraternidade!... Da Unio nasce a fonte soberana Do poder que redime Pelo amor milagroso, amplo e sublime, De que todo o Universo se engalana. Da Amizade provm A Santa vibrao Das aleluias de renovao, Das claridades do infinito bem. Sem que a luta nos una, passo a passo, E sem que nos amemos, Dormiro nossos sonhos nos extremos Da aflio, da amargura e do cansao. Unio e Amizade, Fadas celestes da felicidade... Quem ouvi-las submisso, Agindo para honr-las e entend-las, Guarda os braos nas bnos do servio E o corao na glria das estrelas.Crmen Cinira Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Correio Fraterno, Diversos Espritos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, cap. 24, p. 63-64.

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O novo Cdigo Civil e as Instituies EspritasO novo Cdigo Civil, em vigor desde janeiro deste ano, trouxe importantes inovaes ao cotidiano de toda a sociedade, conforme amplamente divulgado pelos meios de comunicao. Como ocorreu com as demais entidades, as Instituies Espritas tambm foram atingidas por essas significativas alteraes que, em alguns casos, podem ensejar profundas mudanas na estrutura administrativa da Casa. Assim, visando a auxiliar as Instituies Espritas nas alteraes que se fizerem necessrias em face do novo Cdigo Civil, oferecemos, a ttulo de colaborao, o presente material, elaborado em forma de perguntas e respostas, transcrevendo os artigos respectivos, a fim de facilitar o entendimento dos dirigentes espritas. Maiores detalhamentos estaro disponveis no site da Federao Esprita Brasileira: www.febnet.org.br, no link Assessoria Jurdica. 1. Como se classifica a Instituio Esprita juridicamente? considerada associao, espcie do gnero pessoa jurdica de direito privado.Art. 44. So pessoas jurdicas de direito privado: I as associaes; II as sociedades; III as fundaes. Pargrafo nico. As disposies concernentes s associaes aplicam-se, subsidiariamente, s sociedades que so objeto do Livro II da Parte Especial deste Cdigo.

religiosas, culturais, como, por exemplo, os centros espritas, as igrejas e as organizaes no-governamentais.Art. 53. Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos. Pargrafo nico. No h, entre os associados, direitos e obrigaes recprocos.

3. Considerando que o novo Cdigo Civil classifica a Instituio Esprita como associao, aquela que possui em seu nome a designao Sociedade est obrigada a alter-la? No, uma vez que a nova legislao somente coloca como regra obrigatria constar de seu ato constitutivo o estatuto alm de outras exigncias, a denominao de associao, como forma de caracterizar a natureza jurdica da instituio (art. 54). Como exemplo, supondo-se a existncia de uma instituio registrada como Sociedade Esprita X, no necessitar ela mudar sua denominao para Associao Esprita X, bastando que conste de forma expressa em seu estatuto o seguinte: A Sociedade Esprita X, associao constituda nos termos do art. 53 do Cdigo Civil, tem por objetivos (...).Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter: I a denominao, os fins e a sede da associao; II os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados; III os direitos e deveres dos associados; IV as fontes de recursos para sua manuteno; V o modo de constituio e funcionamento dos rgos deliberativos e administrativos; VI as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo.Reformador/Agosto 2003

2. O que uma associao? a unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos, incluindo-se nesta categoria todas as pessoas jurdicas que exeram atividades assistenciais,18 296


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4. Quando se constitui, juridicamente, uma Instituio Esprita? Por ocasio do registro de seu estatuto no cartrio de registro civil de pessoas jurdicas da cidade onde se localize sua sede social.Art. 45. Comea a existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivo.

8. Que critrios devem ser observados para a eleio dos administradores da Instituio Esprita? Somente a assemblia geral competente para eleger e empossar os administradores da associao. Poder ser eleita uma Diretoria ou, como j ocorre em muitas entidades, um Conselho (Superior, Administrativo, Deliberativo, Diretor), cabendo a este, em seguida, a designao, dentre seus membros, dos titulares dos cargos de direo (v. Miguel Reale em seu texto As Associaes no Novo Cdigo Civil, que est disponvel no site www.miguelreale.com.br). 9. A eleio da Diretoria ou, quando for o caso, de um Conselho, que designar os diretores, dever ser feita de uma s vez pela assemblia geral? No necessariamente. Dependendo das convenincias administrativas e do porte da entidade, o seu estatuto poder prever a eleio dos membros da Diretoria (...) em perodos distintos, de um ou mais anos, com renovao peridica e parcial do mandato dos diretores. Poder, ainda, prever que a eleio do Conselho no seja global, (...) mas apenas para uma de suas partes, na proporo e nas datas previamente estabelecidas. (adotamos, tambm aqui, o magistrio de Miguel Reale). 10. Quem pode convocar a assemblia geral? A convocao da assemblia geral ser feita na conformidade do que dispuser o estatuto (normalmente pelo Presidente ou pelo Secretrio da Instituio). Deve ficar garantido, contudo, o direito de promov-la a um quinto dos associados com direito participao nas assemblias gerais.Art. 60. A convocao da assemblia geral far-se- na forma do estatuto, garantido a um quinto dos associados o direito de promov-la.

5. Com a entrada em vigor do novo Cdigo Civil, qual o prazo que a Instituio Esprita tem para alterar seu estatuto? Um ano, contado a partir de 10 de janeiro de 2003, segundo o art. 2.031 do novo Cdigo Civil, ou seja, a instituio deve registrar seu estatuto, aps as devidas alteraes, at 10 de janeiro de 2004. 6. H alguma regra especial quanto atribuio de direitos e deveres em relao aos associados? Em princpio, todos os associados tero direitos e deveres iguais. Contudo, o estatuto poder criar categorias com vantagens especiais, de acordo com as necessidades da Instituio, entre as quais se inclui a de participar da assemblia geral e a de votar e ser votado.Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poder instituir categorias com vantagens especiais.

7. Existem atribuies privativas da assemblia geral, de acordo com o novo Cdigo Civil? Sim. Embora possa deliberar sobre quaisquer assuntos a ela afetos no ato constitutivo, compete exclusivamente assemblia geral eleger e destituir os administradores, aprovar as contas e alterar o estatuto da Instituio.Art. 59. Compete privativamente assemblia geral: I eleger os administradores; II destituir os administradores; III aprovar as contas; IV alterar o estatuto.Reformador/Agosto 2003

11. Qual o nmero mnimo de participantes para que se instale e possa deliberar a assemblia geral? Quanto ao quorum para as decises ordinrias, no h inovaes. Contudo, h regras especiais para as seguintes situaes: I) excluso de associado (caput do art. 57): instalao na forma do estatuto e deliberao com maioria absoluta dos presentes convocados assemblia geral para este fim; e297 19


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II) destituio de administradores e alterao do estatuto (pargrafo nico do art. 59): instalao de acordo com o estatuto e deliberao, em primeira convocao, com a maioria absoluta dos associados ou com pelo menos um tero nas convocaes seguintes, exigindo-se o voto concorde de dois teros dos presentes assemblia especialmente convocada para esse fim.Art. 57. A excluso do associado s admissvel havendo justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo este omisso, poder tambm ocorrer se for reconhecida

a existncia de motivos graves, em deliberao fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes assemblia geral especialmente convocada para esse fim. Art. 59 (...) Pargrafo nico. Para as deliberaes a que se referem os incisos II e IV [destituio de administradores e alterao do estatuto] exigido o voto concorde de dois teros dos presentes assemblia especialmente convocada para esse fim, no podendo ela deliberar, em primeira convocao, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um tero nas convocaes seguintes.

Somos imortaisFbio Henrique Ramos

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or que sofremos tanto quando perdemos um bem material? Por que nosso mundo desaba sobre ns quando somos despedidos do emprego? Ser que ainda no nos demos conta de que estamos de passagem por aqui, fazendo um estgio temporrio e que logo partiremos sem levarmos absolutamente nada material daqui? Somos Espritos. Assim acreditamos a maior parte das pessoas de nossa Humanidade, independentemente da religio, mas no vivemos de acordo com essa crena. Espritos no necessitam de casas enormes em bairros chiques, carros de luxo ou posies de destaque na sociedade para serem felizes. Podem e devem usar estas coisas para seu bem estar, mas sem298

se descuidar de seus verdadeiros interesses neste mundo, que so o desenvolvimento de seus potenciais intelectuais e principalmente os do corao. Porque entendimento e amor so os objetivos mestres que nos trouxeram at aqui. No viemos para possuir, para construir patrimnios ou para deixar heranas. Estes so meios teis, mas muitas vezes perigosos, de se conseguir as metas reais. No podemos despender todo o nosso tempo, nossa ateno e nossos melhores esforos na aquisio de bens. O tempo passa rpido, nossa vida escoa clere em direo ao seu final e, muitas vezes, somos surpreendidos com o trmino do estgio, sem que tenhamos feito grande coisa em benefcio de quem realmente somos: Espritos! Quanto sofrimento com a esttica imperfeita de nossos corpos! Quanta dor por no termos a posio que gostaramos nos palcos do mundo! Mas a verdade que is-

so aqui no passa realmente de um palco, um grande teatro, onde ns somos os atores. Interpretamos papis diferentes, rimos, choramos, agredimos-nos e amamos, no entanto o que vale a experincia, o aprendizado em cada situao, em cada relao. O espetculo termina, ou pelo menos nossa participao, e descobrimos que nossos companheiros de palco sempre foram o mesmo que ns: Espritos! No h diferenas, somos feitos da mesma substncia, com idntica filiao e com os mesmos objetivos. O que muda a vivncia, que uns tm mais que outros. A experincia ensina que no vale a pena agredir, magoar, competir, pois a pea termina rpido deixando-nos diante da nica realidade a no se esvanecer: a de que somos Espritos! No h morte. Sobrevivemos aps o tmulo e levamos para a outra vida somente aquilo que houvermos conquistado dentro de ns mesmos. No podemos levar mais nada. Espritos no precisam de nada mais.Reformador/Agosto 2003

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ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

Honras vsEm vo, porm, me honram, ensinando doutrinas que so mandamentos de homens. Jesus. (Marcos, 7:7.)A atualidade do Cristianismo oferece-nos lies profundas, relativamente declarao acima mencionada. Ningum duvida do sopro cristo que anima a civilizao do Ocidente. Cumpre notar, contudo, que a essncia crist, em seus institutos, no passou de sopro, sem renovaes substanciais, porque, logo aps o ministrio divino do Mestre, vieram os homens e lavraram ordenaes e decretos na presuno de honrar o Cristo, semeando, em verdade, separatismo e destruio. Os ltimos sculos esto cheios de figuras notveis de reis, de religiosos e polticos que se afirmaram defensores do Cristianismo e apstolos de suas luzes. Todos eles escreveram ou ensinaram em nome de Jesus. Os prncipes expediram mandamentos famosos, os clrigos publicaram bulas e compndios, os administradores organizaram leis clebres. No entanto, em vo procuraram honrar o Salvador, ensinando doutrinas que so caprichos humanos, porquanto o mundo de agora ainda campo de batalha das idias, qual no tempo em que o Cristo veio pessoalmente a ns, apenas com a diferena de que o Farisasmo, o Templo, o Sindrio, o Pretrio e a Corte de Csar possuem hoje outros nomes. Importa reconhecer, desse modo, que, sobre o esforo de tantos anos, necessrio renovar a compreenso geral e servir ao Senhor, no segundo os homens, mas de acordo com os seus prprios ensinamentos.Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Caminho, Verdade e Vida, 21. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 37, p. 89-90.


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As Teorias sobre a Origem da Vida e a Viso EspritaRoberto Lcio Vieira de Souza

No princpio, criou Deus os cus e a terra. A terra, porm, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Esprito de Deus pairava sobre as guas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz.Gnesis, 1:1-3.

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stes belos ensinamentos, contidos no primeiro livro do pentateuco judaico, acrescidos de toda a descrio da criao do mundo, segundo o autor, vem sendo constantemente ponto de discusso acirrada, onde criacionistas e evolucionistas tentam provar qual das teorias estaria verdadeiramente certa. A busca da compreenso da origem do Universo e, conseqentemente, da origem da Vida, tem sido uma constante para a Humanidade que, no entanto, se esquece, na sua presuno, de que tal procura se confunde com a prpria essncia do Criador e que para tal nos falta o sentido, como nos afirmam os Espritos da Codificao sobre as possibilidades do homem de compreender a Deus. Apesar das limitaes humanas, dever da Cincia encontrar respostas para os anseios de todos, tentando explicar-nos as causas, das quais resultou o maravilhoso espetculo da vida. Sendo assim, ainda ficam para a maioria as perguntas: A vida surgiu por acaso ou a partir22 300

de uma vontade superior? Os seres vivos sempre tiveram a aparncia atual ou sofreram transformaes ao longo do tempo? Os animais de diferentes espcies apresentam algum grau de parentesco? Temos um ancestral comum? Os conflitos fizeram-se mais intensos no sculo dezoito, quando surgiram novas teorias que contradiziam as idias criacionistas, que preponderavam at ento. O marco maior desses conflitos ocorreu em 1859, com a publicao do livro A Origem das Espcies por Meio da Seleo Natural, de Charles Darwin. Para Darwin, a vida resultou de mutaes aleatrias da matria a partir de modelos extremamente simples. E foi evoluindo por meio de uma seleo adaptativa dessas mutaes, atendendo necessidade de sobrevivncia. Dentro de sua teoria, a vida teria comeado espontaneamente no momento em que uma sopa primordial de elementos qumicos bsicos, submetida s condies da Terra primitiva, produziu pela primeira e nica vez uma molcula replicante. A partir da, mudanas graduais, ao acaso, permitiram o surgimento de seres cada vez mais complexos. Dessa maneira, a evoluo seria uma repetio incessante da reproduo, onde a gerao anterior passaria para a prxima os genes herdados de seus antepassados, quando poderiam ocorrer pequenos

erros, chamados de mutaes, as quais, de forma aleatria, provocariam as mudanas progressivas nas espcies; e, no decorrer das geraes, essas mutaes seriam selecionadas, atendendo necessidade de sobrevivncia daqueles grupos. Essas colocaes escandalizaram Igreja e aos seguidores da Teoria Criacionista. importante, porm, lembrarmos que elas no foram as primeiras idias evolucionistas, que Lamarck j havia trazido uma abordagem neste sentido e que, num perodo anterior e muito prximo, Kardec j trazia ao mundo uma idia nova, oriunda dos ensinamentos dos Espritos, os quais reuniam posturas criacionistas e evolucionistas em uma s teoria. Com o surgimento das idias darwinistas e a comprovao de muitos de seus postulados, a Cincia, quase como um todo, foi assumindo a conceituao evolucionista, de tal forma que, na maioria dos pases, inclusive no Brasil, ela a nica teoria sobre a origem da vida estudada nas escolas. No entanto, importante ressaltar que o darwinismo no uma teoria acabada e comprovada, existindo, hoje, vrias abordagens que a reforam ou retratam-na, buscando dar explicaes mais consistentes, de acordo com a evoluo dos conhecimentos cientficos. No incio do sculo vinte, os cientistas Wilhelm Johannsen (inventor do terReformador/Agosto 2003


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mo gene), e Thomas Morgan (pai da teoria cromossmica da hereditariedade) deduziram que novas espcies surgiam de uma nica grande mutao e no da seleo natural. Mooto Kimura, outro geneticista, retomou a teoria neutralista, afirmando que a maioria das mudanas evolutivas, no mbito da gentica molecular, seriam neutras, ou seja, no dependentes da seleo natural. Em 1972, os paleontlogos Stephen Jay Gould (Harvard) e Niles Eldredge (Museu de Histria Natural de Nova York) trouxeram uma nova abordagem, vista por muitos como complementar ao darwinismo, que afirma que a evoluo acontece em saltos rpidos, quando populaes pequenas desenvolvem, em perodos de no mais que 10.000 anos, novas caractersticas para se adaptar a um certo ambiente. Depois, essas espcies tendem a manter-se constantes por milhes de anos. Esse modelo explicaria a ausncia de fsseis que mostrem claramente a mutao das espcies ao longo de bilhes de anos. Todo o desenvolvimento dessas idias no foi o suficiente para sepultar a viso criacionista, que, no momento atual, se utiliza da prpria biologia, da bioqumica e da matemtica para sofisticar os argumentos a favor dessa ltima abordagem. No entanto, preciso lembrarmos que a teoria criacionista defendida pelos fundamentalistas religioReformador/Agosto 2003

sos diferente daquela apresentada por este grupo de estudiosos. Para aqueles, que se fazem radicais em sua abordagem, a teoria da origem da vida resume-se nas seguintes premissas: O Universo, a energia e a vida foram criados do nada por Deus; Os organismos complexos no surgiram de formas mais simples da vida, atravs de mutaes aleatrias; As variaes entre os seres vivos limitam-se dentro de cada esp-

cie; Os homens e macacos tm ancestrais distintos; A geologia terrestre explicada pelo catastrofismo, a comear pelo dilvio registrado na Bblia; E a Terra jovem, tendo menos de 10.000 anos. Os estudiosos modernos vinculados teoria do criacionismo afirmam terem razes no religiosas para acreditarem em suas abordagens. Para eles, a complexidade da vida requer a existncia de um planejamento inteligente. Esta teoria j estava presente no sculo treze, quando Toms de Aquino, um dos prncipes da Igreja Catlica, usou o argumento da complexidade da vida como uma das provas da exis-

tncia de Deus. Entretanto, o neocriacionismo, como agora conhecido, embora defenda o planejamento inteligente, foge dos raciocnios metafsicos e esotricos do passado, buscando na bioqumica suas maiores bases. Um dos principais defensores dessas idias o bioqumico Michael Behe, professor da Universidade Lehigh, na Pensilvnia (EUA), autor do livro A Caixa Preta de Darwin. Para ele, a teoria de Darwin pode explicar cascos de cavalos, mas no os alicerces da vida. Os neocriacionistas defendem que a vida no tem nada de aleatrio, seguindo a este chamado planejamento inteligente. A maior prova disto estaria na complexidade dos sistemas celular e molecular, os quais seriam verdadeiras mquinas cujas partes, embora independentes, estariam interligadas estreitamente e a ausncia de um nico componente do sistema seria o suficiente para impedir o seu funcionamento. Exemplos dessa situao encontraramos em estruturas como o olho humano e o sistema de coagulao sangnea; eles s so capazes de funcionar quando todos os elementos esto presentes e em perfeitas conexes. Para eles, essa engenharia complexa no poderia ser fruto de mudanas aleatrias. O fsico Grichka Bogdanov, em seu livro Deus e a Cincia, explicando o surgimento das molculas de nucleoprotenas, afirma: Pa301 23


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ra que a agregao dos nucleotdeos conduzisse por acaso elaborao de uma molcula de ARN utilizvel, teria sido preciso que a natureza multiplicasse, s apalpadelas, as tentativas, durante pelo menos 10 a(potncia) 15 anos, ou seja, durante cem mil vezes mais tempo que a idade do nosso Universo (p. 52). Outro elemento usado para confirmar esse posicionamento encontra-se no fato de at hoje no termos registros de animais transicionais (um fssil que fosse exatamente uma transio de uma espcie para a outra). Michael Behe afirma em seu citado livro: Dizer que a evoluo darwiana no pode explicar tudo na natureza no equivale a dizer que a evoluo, a mutao aleatria e a seleo natural no ocorram. Elas foram observadas (pelo menos nos casos de microevoluo) em muitas ocasies diferentes. Tal como os analistas de seqncia, acredito que a prova confirma convincentemente a ascendncia comum. E continua, posteriormente: Ningum jamais explicou de forma detalhada, cientfica, como a mutao e a seleo natural poderiam construir as estruturas complexas, intricadas, discutidas neste livro. (Cap. 8, p. 179.) Para esse grupo de estudiosos, o mundo da bioqumica est repleto de sistemas irredutivelmente complexos, verdadeiras mquinas qumicas, precisas e interdependentes, que exigem uma amarrao que est muito alm da coincidncia. Tal abordagem no , entretanto, uma defesa direta da existncia de Deus, como defendida pela maioria das religies, mas sim de um plano inteligente, que neces24 302

sita ainda de pesquisa para sua melhor compreenso, mas sem o qual ficam incompreensveis muitas das situaes presentes no processo evolutivo. Chega para ns, com uma alegria e satisfao, a teoria esprita do surgimento da vida, a partir de um Criador, que Inteligncia Suprema, Causa Primria de todas as cousas, mas que segue suas prprias leis, que so as da Natureza em si, para realizar todo o processo evolutivo. Renem os Espritos as duas teorias, retirando delas toda a postura radical, buscando desenvolver o conhecimento de forma racional e crtica. O Espiritismo entende, como nos ensina Kardec, no seu livro A Gnese, que o texto retratado no incio deste artigo, como tantas outras formas mitolgicas e msticas de narrao da criao do mundo, seria aquele de possvel compreenso para aquele povo, em determinado momento da Histria, e no uma viso acabada do fato; no passaria de forma alegrica, para as mentes ainda infantis, no campo do conhecimento cientfico. Sobre a criao dos mundos e do surgimento dos seres vivos, recolhemos alguns ensinamentos contidos em O Livro dos Espritos, no captulo III, da sua primeira parte (Ed. FEB): fora de dvida que ele [o Universo] no pode ter-se feito a si mesmo. Se existisse, como Deus, de toda a eternidade, no seria obra de Deus. Tudo o que a esse respeito se pode dizer e podeis compreender que os mundos se formam pela condensao da matria disseminada no Espao.

No comeo tudo era caos; os elementos estavam em confuso. Pouco a pouco cada coisa tomou o seu lugar. Apareceram ento os seres vivos apropriados ao estado do globo. Sobre a questo da evoluo dos seres a partir de um elemento comum e das suas caractersticas individuais, assim se expressam os mesmos Espritos, na pergunta 611, do citado livro: Duas coisas podem ter a mesma origem e absolutamente no se assemelharem mais tarde. Quem reconheceria a rvore, com suas folhas, flores e frutos, no grmen informe que se contm na semente donde ela surge? Desde que o princpio inteligente atinge o grau necessrio para ser Esprito e entrar no perodo da humanizao, j no guarda relao com o seu estado primitivo e j no a alma dos animais, como a rvore j no a semente. De animal s h no homem o corpo e as paixes que nascem da influncia do corpo e do instinto de conservao inerente matria. Ainda sobre o surgimento da Terra e a criao da vida e o seu processo evolutivo, recolhemos fragmentos do captulo III, da primeira parte do livro Evoluo em Dois Mundos, autoria espiritual de Andr Luiz, psicografado pelos mdiuns Francisco C. Xavier e Waldo Vieira (Ed. FEB), que se ajustam aos postulados neocriacionistas, explicando-os com clareza: A matria elementar, de que o eletro um dos corpsculos-base (...) acumulada sobre si mesma, ao sopro criador da Eterna Inteligncia, dera nascimento provncia terrestre (...).Reformador/Agosto 2003


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A imensa fornalha atmica estava habilitada a receber as sementes da vida (...). Dessa gelia csmica, verte o princpio inteligente, em suas primeiras manifestaes... Aparecem os vrus e, com eles, surge o campo primacial da existncia, formado por nucleoprotenas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princpios inteligentes ou mnadas fundamentais, que se destacam da substncia viva, por centros microscpicos de fora positiva, estimulando a diviso cariocintica. Evidenciam-se, desde ento, as bactrias rudimentares, cujas espcies se perderam nos alicerces profundos da evoluo (...). O tempo age sem pressa, em vagarosa movimentao no bero da Humanidade, e aparecem as algas nadadoras (...). Mais tarde, assinalamos o ingresso da mnada, a que nos referimos, nos domnios dos artrpodos (...). Avanando pelos equinodermos e crustceos, entre os quais ensaiou, durante milnios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direo dos ganides e telesteos, arquegossauros e labirintodontes para culminar nos grandes lacertinos e nas aves estranhas, descendentes dos pterossurios, no jurssico superior, chegando poca supracretcea para entrar na classe dos primeiros mamferos, procedentes dos rpteis teromorfos (...). Contudo, para alcanar a idade da razo, com o ttulo de homem, dotado de raciocnio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino anglico, despendeu para cheReformador/Agosto 2003

gar aos primrdios da poca quaternria, em que a civilizao elementar do slex denuncia algum primor de tcnica, nada menos de um bilho e meio de anos (...). Vemos, ento, a Doutrina Esprita permanecendo com os seus ensinamentos, nestes quase cento e cinqenta anos de existncia, como recurso para o aprendizado da Humanidade, no fugindo aos estudos e pesquisas que vm sendo desenvolvidos, demonstrando com clareza a grandiosidade do Criador, no por uma postura mgica ou miraculosa, mas pelas suas leis que se fazem presentes em todo o Universo, construindo uma histria da Criao condizente com a sua Justia, a sua Verdade, mas, acima de tudo, com o seu Amor. Em sua lgica, quebra as fantasias dos mitos existentes em todos os povos sobre a criao do Universo, entendendo e respeitando esses relatos como formas adequadas a cada tempo para a compreenso

dos fatos, sustenta idias que vm sendo progressivamente revistas e sero comprovadas em tempo hbil, provando a existncia de Deus, a supremacia de suas Leis e a teoria da evoluo direcionada por um planejamento inteligente; determina, porm, os limites do conhecimento humano, pelas suas condies evolutivas, quando Kardec, em O Livro dos Espritos, na pergunta 613, comenta: O ponto inicial do Esprito uma dessas questes que se prendem origem das coisas e de que Deus guarda o segredo. Dado no ao homem conhec-las de modo absoluto, nada mais lhe sendo possvel a tal respeito do que fazer suposies, criar sistemas mais ou menos provveis. Os prprios Espritos longe esto de tudo saberem e, acerca do que no sabem, tambm podem ter opinies pessoais mais ou menos sensatas.

Gentica Pode a gentica estatuir medidas que melhorem o homem? Fisicamente falando, a prpria natureza do orbe vem melhorando o homem, continuadamente, nos seus processos de seleo natural. Nesse sentido, a gentica s poder agir copiando a prpria natureza material. Se essa cincia, contudo, investigar os fatores espirituais, aderindo aos elevados princpios que objetivam a iluminao das almas humanas, ento poder criar um vasto servio de melhoramento e regenerao do homem espiritual no mundo, mesmo porque, de outro modo, poder ser uma notvel mentora da eugenia, uma grande escultora das formas celulares, mas estar sempre fria para o esprito humano, podendo transformar-se em ttere abominvel nas mos impiedosas dos polticos racistas.Fonte: XAVIER, Francisco C. O Consolador. Pelo Esprito Emmanuel, 23. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, pergunta 36, p. 37-38.

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A FEB E O ESPERANTO

Babel EuropiaAffonso Soares

ranscrevemos abaixo uma matria publicada na edio de 21/11/02 do conceituado jornal O Estado de So Paulo, segundo a qual no h mais como alimentar qualquer dvida sobre a magnitude dos prejuzos com que o problema lingstico mundial vai entravando o progresso da Humanidade e cuja soluo definitiva j se encontra entre ns desde 1887, quando surgiu o Esperanto. Eis o texto, na ntegra:

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BABEL EUROPIA CONTRATAR 166 INTRPRETES PARA CADA IDIOMA Com as 28 lnguas que sero usadas na Unio Europia, em 2007, cabines ficaro superlotadas GILLES LAPOUGE Correspondente PARIS O Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo, na Frana, realizou anteontem uma sesso estranha. Estrasburgo convidou representantes dos dez pases que devero entrar na Unio Europia em 2004, com os pases que devero entrar em 2007. Nenhum comentrio. Houve26 304

pouco interesse. Com exceo desta preocupao considervel: como se far a comunicao entre os integrantes em Bruxelas, onde fica o executivo da UE, ou em Estrasburgo, quando a Unio contar com 25 (ou 28) membros que falaro 21 (ou 28) lnguas diferentes? Uma soluo simples teria sido a de optar por duas ou trs lnguas: as que so entendidas pelo maior nmero de membros. Escndalo! Isso seria introduzir hierarquias entre os europeus. Haveria os grandes os ingleses, os franceses e, talvez, os alemes; naes superiores, dominantes e os pequenos: gregos, tchecos, poloneses; que seriam obrigados a viver de emprstimos lingsticos, a expressarem-se em uma lngua estrangeira. Isso seria, significaria, o fim da Europa. Portanto, a regra que cada um pode expressar-se na prpria lngua. Dito assim, parece ser uma coisa sensata. Mas, se atentarmos para os efeitos desta regra, o que encontraremos? Uma mixrdia, um quebra-cabeas, um grande embrulho! Vejamos as coisas como matemticos. Numa Europa com 12 membros, como acontece atualmente (com 9 lnguas), as combinaes lingsticas (um francs falando para um ingls, um alemo, e assim por diante) so 72. Numa Europa com 25 membros (21 lnguas) j aumentamos para 420

combinaes. E, em 2007, quando a Europa tiver 28 membros (24 lnguas), as combinaes lingsticas se elevaro a 552. Em termos concretos, quais so as conseqncias? As cabines de intrpretes estaro superlotadas, cheias at boca. Sero necessrios 20 intrpretes por cabine para cada reunio. Bruxelas j prev a contratao de 110 tradutores e 40 intrpretes para cada lngua, que viro juntar-se aos 2000 funcionrios j em exerccio. Em Estrasburgo, ser preciso recrutar 166 pessoas para cada lngua. E no h apenas a palavra. H tambm o texto escrito. Novo drama! Apenas a conquista comunitria, isto , a soma dos textos legislativos, conta com 80.000 pginas, s quais se juntam os documentos preparatrios. uma biblioteca colossal, traduzida para mais de 20 idiomas. Em resumo, a Europa vai tornar-se uma espcie de biblioteca enorme e tentacular. A administrao desta biblioteca de Babel ir pesar no oramento da UE. Desagradvel, mas, afinal, a UE j desperdia tantos bilhes... O mais preocupante a previsvel lentido de todos os processos, de toda ao. A Unio Europia, j lerda e pesada, corre o risco de tornar-se uma espcie de grude, de cola pegajosa. A futura UE, mais ou menosReformador/Agosto 2003


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confederada, freqentemente comparada com os EUA. Uma besteira completa que a questo das lnguas bem ilustra.

...No , portanto, uma abstrao o prejuzo causado pela multiplicidade das lnguas nas relaes internacionais dos povos. Nem a sua soluo est na adoo de uma lngua nacional, como nos sugere o comodismo em associao com interesses hegemnicos de naes ou grupos de naes. Como tambm no devaneio o trabalho em favor do Esperanto nica lngua internacional digna desse nome em todos os nveis dos contactos internacionais, como ironizam os chamados espritos prticos. A questo agora tambm interessa muito de perto s atividades dos espritas que, j se organizando alm de nossas fronteiras, no podem perder de vista os altos objetivos da aspirada unificao, contra a qual tambm se levanta o problema lingstico, como se pode depreender destas sbias exortaes do Esprito Emmanuel na mensagem A Misso do Esperanto, ditada ao saudoso mdium Francisco Cndido Xavier em 19 de janeiro de 1940: Sim, o Esperanto lio de fraternidade. Aprendamo-la, para sondar, na Terra, o pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita propriedade digo: aprendamo-la, porque somos tambm companheiros vossos que, havendo conquistado a expresso universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espiritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de unificao. (Destaque nosso.)Reformador/Agosto 2003

Lngua nacional no pode ser internacional...William Auld

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ontra o uso universal de uma nica lngua nacional levantam-se muitos fatores, e dentre eles os principais talvez sejam: 1. uma discriminao contra os falantes de todas as demais lnguas, os quais se colocam em desvantagem em relao aos nativos da lngua escolhida. 2. Mesmo os falantes nativos, que tm uma relao mais afetiva com a sua lngua, abominam a constante deturpao imposta a essa lngua pelos estrangeiros. 3. As circunstncias polticas mudam constantemente, de tal forma que um grupo, que hoje desfruta de superioridade poltica ou comercial, amanh perder essa superioridade em favor de outro grupo e de sua lngua. Prova-o um golpe de vista sobre a Histria, e somente um ingnuo otimista poderia supor que ser diferente no futuro. 4. Todas as lnguas nacionais so de aprendizado muito difcil para um estrangeiro. As irregularidades e as complicaes gramaticais entravam a sua plena posse. A pronncia varia tanto de um idioma para outro (alis, tambm dentro de um nico idioma) que a fala correta de uma lngua estrangeira praticamente impossvel para a maioria das pessoas. 5. Todo educador honesto deve constatar que o ensino de ln-

guas nas escolas do mundo inteiro representa um enorme investimento de tempo e recursos em contrapartida a um resultado final magro e insatisfatrio. Numa escola inglesa nada atpica a direo fez uma experincia e chegou seguinte concluso: dos 300 alunos que receberam o ensino obrigatrio da lngua francesa durante um perodo de 4 anos, somente 30 (10%) tentaram e passaram no exame oficial do Estado ao fim do perodo. Para se conseguir isso, foram gastas aproximadamente 3.200 horas em classe! e no h nenhum cinismo, mas simplesmente realismo, em confessar que dos 30 aprovados somente 2 podiam compreender e fazer-se entender em francs. Isso mais ou menos reflete a situao em quase todo o mundo. No dessa forma que os problemas lingsticos sero solucionados. A nica concluso a que se chega que o uso internacional de uma lngua nacional nunca passar de uma soluo parcial, muito imperfeita, dos problemas lingsticos. Por essa razo, no de se admirar que alguns homens se tenham voltado para a criao de uma nova lngua, especialmente planejada para uso internacional (ou mundial).(Transcrito, com a gentil permisso da Universala Esperanto-Asocio, da obra La Fenomeno Esperanto, de William Auld, editada em Rotterdam, 1988.)305 27


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O homem e a religioEurpedes Khl

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piritismo cincia puramente investigativa. O termo metapsquica no foi bem aceito pelos pesquisadores; hoje, quase no mais usado. Parapsicologia Foi impulsionada por Joseph Banks Rhine (1895-1980), telogo e cientista norte-americano, que a atrelou ao campo das cincias e particularmente Psicologia. Dedicou-se Rhine, em particular, ao estudo do transe anmico na telepatia e na clarividncia; pesquisou a ESP (extrasensory perception = percepo extra-sensorial), termo que criou em 1935 e que mundialmente empregado nos tratados sobre Parapsicologia. O termo parapsicologia mais usado nos pases anglo-saxnicos e germnicos. Talvez possamos dizer que a Parapsicologia procede como a Metapsquica, sendo-lhe herdeira em vrios aspectos. Consideraes gerais sobre a Metapsquica e a Parapsicologia Tanto uma quanto a outra, enquanto Cincia, seguiram os mesmos passos de todas as demais cincias, isto , buscaram, pelo mtodo experimental, definir leis de acontecimentos que observaram na Natureza. Deixaram de ser exponenciais,

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stabelecidas as bases fundamentais que diferenciam o Espiritismo das religies do Candombl e da Umbanda (vide O homem e a religio IV), passaremos, de agora em diante, a caracterizar a Doutrina dos Espritos. Antes, porm, se faz necessria uma pequena exposio sobre outras duas correntes quase religiosas do pensamento humano, as quais, de alguma forma, se aproximam do Espiritismo. Referimo-nos Metapsquica e Parapsicologia. Os leitores certamente ho de compreender que o espao nos induz sntese, motivo pelo qual nos referimos em linhas gerais. Metapsquica Fundada por Charles Robert Richet (1850-1935), notvel cientista francs, ganhador do Prmio Nobel de Medicina/1913 (Fisiologia), visava a pesquisa e anlise cientfica dos fenmenos mecnicos ou psicolgicos de todos os tempos, ditos paranormais (mediunidade), devidos a foras que parece serem inteligentes ou a poderes desconhecidos latentes na inteligncia humana. Assim, Metapsquica no Es28 306

porque o cientista s aceita um fenmeno como verdadeiro se puder explic-lo e reproduzi-lo, desde que ofertadas as mesmas condies ambientais em que ele se deu no conseguiram... Surgiu-lhes intransponvel barreira pelo fato de que a origem da maioria dos fenmenos analisados caracterizam-se como medinicos, isto , tm origem no Plano Espiritual (ao de Espritos desencarnados), com manifestao no plano material, atravs de mdiuns (Espritos encarnados). Ora, ao espiritual algo que a Cincia no consegue manipular numa proveta... A ns, espritas, o que nos causa pena verificar que tais pesquisadores (poucos, hoje em dia) no se deram ou no se do conta de que, na verdade, apenas se apropriaram de termos cientficos para substituir a nomenclatura to bem delineada, pioneiramente, por Allan Kardec. E mais: somente encontraro o que procuram quando, com bom senso, se convencerem da impotncia humana para explicar in vitro aquelas ocorrncias que se originam in spiritus. A, sem abandonar seus cuidados, iro ao humilde Centro Esprita, onde podero verificar que ali h outra espcie de laboratrio, ofertando novos aprendizados queles que tm olhos para ver e ouvidos para ouvir. Passemos agora a falar plenamente do Espiritismo, cujos cdigos de moral, de cincia e de filosofiaReformador/Agosto 2003


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foram to bem codificados por Allan Kardec, em cinco obras: O Livro dos Espritos (1857), O Livro dos Mdiuns (1861), O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), O Cu e o Inferno (1865) e A Gnese (1868). Devemos gratido ao fenomenal trabalho kardequiano em estabelecer contato com mdiuns de vrios pases, para deles receber as lies do Plano Espiritual, as quais eram meticulosamente filtradas e selecionadas, gerando a Codificao. Por isso que se diz que Kardec codificou a Doutrina Esprita. Tais mensagens foram os tijolos, com os

quais o grande edifcio Espiritismo foi erguido, qual farol, para permanentemente clarear caminhos. Kardec era pedagogo por excelncia, comprovando-se que o acaso no existe, eis que to importante cometimento teria mesmo que aportar no plano material atravs de uma inteligncia invulgar, fluindo de inspirao da Espiritualidade Superior. E apenas com cinco livros bsicos! (Atualmente, a Literatura Esprita compreende milhares de tt

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Reformador agosto/2003 (revista espírita)