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Refúgio e Descanso Salmos Livro III Silvio Dutra NOV/2015

Refúgio e Descanso - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5941834.pdfSalmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo

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Refúgio e Descanso

Salmos

Livro III

Silvio Dutra

NOV/2015

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Sumário

Salmo 71 4 Salmo 72 7 Salmo 73 9

Salmo 74 14 Salmo 75 17 Salmo 76 19 Salmo 77 21 Salmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo 84 43 Salmo 85 46 Salmo 86 49 Salmo 87 53 Salmo 88 54 Salmo 89 56 Salmo 90 63

Salmo 91 66 Salmo 92 69 Salmo 93 72 Salmo 94 73 Salmo 95 76 Salmo 96 81 Salmo 97 83

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Salmo 98 85 Salmo 99 86 Salmo 100 88 Salmo 101 89 Salmo 102 91 Salmo 103 94 Salmo 104 99 Salmo 105 103 Salmo 106 107

Salmo 107 112 Salmo 108 115 Salmo 109 118

Salmo 110 123

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Salmo 71

Em ti, Senhor, me refugio; nunca seja eu confundido.

2 Na tua justiça socorre-me e livra-me; inclina os teus ouvidos para mim, e salva-me.

3 Sê tu para mim uma rocha de refúgio a que sempre me acolha; deste ordem para que eu seja salvo, pois tu

és a minha rocha e a minha fortaleza. 4 Livra-me, Deus meu, da mão do ímpio, do poder do

homem injusto e cruel, 5 Pois tu és a minha esperança, Senhor Deus; tu és a

minha confiança desde a minha mocidade. 6 Em ti me tenho apoiado desde que nasci; tu és aquele

que me tiraste das entranhas de minha mãe. O meu louvor será teu constantemente.

7 Sou para muitos um assombro, mas tu és o meu refúgio forte.

8 A minha boca se enche do teu louvor e da tua glória continuamente.

9 Não me enjeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se forem acabando as minhas

forças. 10 Porque os meus inimigos falam de mim, e os que

espreitam a minha vida consultam juntos, 11 dizendo: Deus o desamparou; persegui-o e prendei-

o, pois não há quem o livre. 12 Ó Deus, não te alongues de mim; meu Deus,

apressa-te em socorrer-me. 13 Sejam envergonhados e consumidos os meus

adversários; cubram-se de opróbrio e de confusão aqueles que procuram o meu mal.

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14 Mas eu esperarei continuamente, e te louvarei cada vez mais.

15 A minha boca falará da tua justiça e da tua salvação todo o dia, posto que não conheça a sua grandeza.

16 Virei na força do Senhor Deus; farei menção da tua justiça, da tua tão somente.

17 Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as tuas maravilhas.

18 Agora, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado

a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros.

19 A tua justiça, ó Deus, atinge os altos céus; tu tens feito grandes coisas; ó Deus, quem é semelhante a ti?

20 Tu, que me fizeste ver muitas e penosas tribulações, de novo me restituirás a vida, e de novo me tirarás dos

abismos da terra. 21 Aumentarás a minha grandeza, e de novo me

consolarás. 22 Também eu te louvarei ao som do saltério, pela tua

fidelidade, ó meu Deus; cantar-te-ei ao som da harpa, ó Santo de Israel.

23 Os meus lábios exultarão quando eu cantar os teus louvores, assim como a minha alma, que tu remiste. 24 Também a minha língua falará da tua justiça o dia

todo; pois estão envergonhados e confundidos aqueles que procuram o meu mal.

Este salmo foi escrito por Davi na sua velhice, e muitos pensam que o fizera na ocasião em que Absalão se rebelara contra ele. Davi já se encontrava velho mas continuava aprendendo de Deus e não cessava de lhe clamar pedindo proteção contra os seus muitos inimigos.

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Alguns podem pensar que Davi era paranoico, mas na verdade, todo servo fiel de Deus terá o mesmo sentimento e necessidade como os de Davi, porque o Inimigo acompanha bem de perto, sem dar tréguas a todo aquele que for fiel e estiver empenhado numa verdadeira obra do Senhor, tal como estivera Davi em seus dias. Todavia, temos que ressaltar que as imprecações e os pedidos de retribuição constantes deste, e de outros salmos, e passagens do Velho Testamento, não devem ser feitos na dispensação da graça, na qual nos encontramos. É lícito que peçamos a Deus que nos livre do mal, conforme nosso Senhor nos ensinou na Oração Dominical, mas não somos autorizados a usar da espada, conforme lutava Israel nos dias do Velho Testamento, nem mesmo a espada da língua, quer ferindo diretamente as pessoas, ou então pedindo a Deus que as fira, por causa de injustiças e perseguições que nos façam. Sequer devemos pedir que o Senhor nos vingue dos que se colocam como nossos inimigos, por causa do nosso amor a Ele. Antes devemos orar pelo bem deles, abençoá-los, e amá-los, sem lhes fechar a porta da possibilidade de serem salvos por Cristo. Quando isto sucede, o amor tem triunfado e Deus é glorificado, na sua grande luta espiritual, para arrancar pessoas das trevas para a luz, do domínio do mal para o do bem. E quanto aos que resistem a isto, e permanecem na prática da iniquidade, somente a Ele cabe todo o julgamento, quanto ao que lhes será feito.

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Salmo 72

Salmo de Salomão

Ó Deus, dá ao rei os teus juízes, e a tua justiça ao

filho do rei. 2 Julgue ele o teu povo com justiça, e os teus pobres

com equidade. 3 Que os montes tragam paz ao povo, como também os

outeiros, com justiça. 4 Julgue ele os aflitos do povo, salve os filhos do

necessitado, e esmague o opressor. 5 Viva ele enquanto existir o sol, e enquanto durar a

lua, por todas as gerações. 6 Desça como a chuva sobre o prado, como os

chuveiros que regam a terra. 7 Nos seus dias floresça a justiça, e haja abundância de

paz enquanto durar a lua. 8 Domine de mar a mar, e desde o Rio até as

extremidades da terra. 9 Inclinem-se diante dele os seus adversários, e os seus

inimigos lambam o pó. 10 Paguem-lhe tributo os reis de Társis e das ilhas; os

reis de Sabá e de Seba ofereçam-lhe dons. 11 Todos os reis se prostrem perante ele; todas as

nações o sirvam. 12 Porque ele livra ao necessitado quando clama, como

também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. 13 Compadece-se do pobre e do necessitado, e a vida

dos necessitados ele salva.

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14 Ele os liberta da opressão e da violência, e precioso aos seus olhos é o sangue deles.

15 Viva, pois, ele; e se lhe dê do ouro de Sabá; e continuamente se faça por ele oração, e o bendigam

em todo o tempo. 16 Haja abundância de trigo na terra sobre os cumes dos montes; ondule o seu fruto como o Líbano, e das

cidades floresçam homens como a erva da terra. 17 Permaneça o seu nome eternamente; continue a sua

fama enquanto o sol durar, e os homens sejam abençoados nele; todas as nações o chamem bem-

aventurado. 18 Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, o

único que faz maravilhas. 19 Bendito seja para sempre o seu nome glorioso, e encha-se da sua glória toda a terra. Amém e amém. 20 Findam aqui as orações de Davi, filho de Jessé.

Neste salmo de autoria de Salomão, é proclamada a justiça do reino do Messias, do qual o seu reino pacífico era uma figura. O próprio nome Salomão, que foi um nome dado por Deus ao filho de Davi, significa pacífico; indicando isto que o reino do Messias, que é da casa de Davi será um reino de paz e justiça, tal como foi o reino de Salomão, até antes dele ter se desviado dos caminhos do Senhor.

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Salmo 73

Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para

com os limpos de coração. 2 Quanto a mim, os meus pés quase resvalaram; pouco

faltou para que os meus passos escorregassem. 3 Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a

prosperidade dos ímpios. 4 Porque eles não sofrem dores; são e robusto é o seu

corpo. 5 Não se acham em tribulações como outra gente, nem

são afligidos como os demais homens. 6 Pelo que a soberba lhes cinge o pescoço como um

colar; a violência os cobre como um vestido. 7 Os olhos deles estão inchados de gordura;

trasbordam as fantasias do seu coração. 8 Motejam e falam maliciosamente; falam

arrogantemente da opressão. 9 Põem a sua boca contra os céus, e a sua língua

percorre a terra. 10 Pelo que o povo volta para eles e não acha neles

falta alguma. 11 E dizem: Como o sabe Deus? e: Há conhecimento no

Altíssimo? 12 Eis que estes são ímpios; sempre em segurança,

aumentam as suas riquezas. 13 Na verdade que em vão tenho purificado o meu

coração e lavado as minhas mãos na inocência, 14 pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada

manhã.

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15 Se eu tivesse dito: Também falarei assim; eis que me teria havido traiçoeiramente para com a geração de

teus filhos. 16 Quando me esforçava para compreender isto, achei

que era tarefa difícil para mim, 17 até que entrei no santuário de Deus; então percebi o

fim deles. 18 Certamente tu os pões em lugares escorregadios, tu

os lanças para a ruína. 19 Como caem na desolação num momento! ficam

totalmente consumidos de terrores. 20 Como faz com um sonho o que acorda, assim, ó

Senhor, quando acordares, desprezarás as suas fantasias.

21 Quando o meu espírito se amargurava, e sentia picadas no meu coração,

22 estava embrutecido, e nada sabia; era como animal diante de ti.

23 Todavia estou sempre contigo; tu me seguras a mão direita.

24 Tu me guias com o teu conselho, e depois me receberás em glória.

25 A quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti.

26 A minha carne e o meu coração desfalecem; do meu coração, porém, Deus é a fortaleza, e o meu quinhão

para sempre. 27 Pois os que estão longe de ti perecerão; tu

exterminas todos aqueles que se desviam de ti. 28 Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; ponho a minha confiança no Senhor Deus, para

anunciar todas as suas obras.

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Este salmo de Asafe revela de modo muito claro que apesar de Deus continuar sendo bom para com aqueles cujos corações foram purificados pela fé nele, todavia, é possível que haja no meio deles alguém que, como o salmista, possa ser achado eventualmente não tão firmado na convicção desta bondade divina, de forma que pode se sentir invejoso da prosperidade que têm muitos daqueles que não amam a Deus, e que não são afligidos tanto quanto são os justos. Este é um fato inegável, que tal prosperidade dos ímpios, produz inveja e incomoda a muitos que não estão firmados na fé, e no Seu amor pelo Senhor, por não terem aprendido a se gloriarem como Paulo em todas as circunstâncias, até mesmo a sentir prazer nas injúrias, nas necessidades e nas perseguições, por amor de Cristo. No entanto, não há nenhum motivo para se invejar os arrogantes e perversos, quanto à prosperidade mundana que eles possuem, e não é necessário atinar com o fim que eles terão no dia do Juízo, tal como ocorreu ao salmista posteriormente, para que se possa ser livrado do sentimento invejoso em relação a eles, porque, apesar de não serem afligidos como os demais homens, e terem abundantes riquezas, fama e poder, no entanto são exatamente estas coisas nas quais colocam a sua confiança, que se tornam num laço de perdição eterna para eles, porque as idolatram, e estão tão apegados a elas, que se recusam a deixar qualquer espaço em seus corações para se devotarem a Deus. Deste modo, as coisas que possuem não lhes dão qualquer vantagem diante dos demais homens, antes, os coloca em grande desvantagem, porque não podem atinar com a condição de perigo espiritual tanto presente, quanto eterno, na qual se encontram. Eles são

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mais tentados que os demais a se tornarem presas da soberba, em razão da sua grande prosperidade mundana. E da soberba tendem a serem arrogantes e violentos, por causa do falso sentimento de superioridade que sentem em relação às demais pessoas. Não será nenhuma maravilha ou surpresa ver a falta de quase total temor a Deus que têm tais pessoas, e isto pode ser visto pela sua conversação maliciosa, e do seu falar altivo e opressivo. Eles falam mal das coisas espirituais, celestiais e divinas, porque julgam que isto é coisa para pobre e para pessoas sem personalidade ou imaginação. Como Deus não apressa o juízo sobre eles, por ser longânimo, chegam à conclusão que Deus não chega a tomar conhecimento de seus projetos iníquos, mas serão apanhados repentinamente pelo Seu juízo, quanto menos esperarem. Como aumentam suas riquezas sem experimentar as tribulações dos justos, são uma grande fonte de tentação para estes, tal como foram para o salmista, que pensava que de nada lhe valeu conservar puro o coração e permanecer na prática do bem. Deus corrige diariamente a Seus filhos visitando-os com aflições, mas os ímpios não são participantes destas correções porque não O amam e não conhecem o seu caráter justo e santo. Até ter uma melhor revelação sobre o destino eterno dos ímpios, que é totalmente diferente do destino dos santos, o salmista achava uma tarefa muito pesada o só refletir sobre as razões de Deus afligir os justos, e permitir que os ímpios tenham uma prosperidade tranquila neste mundo.

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Então o salmista reconhece finalmente que foi por causa da sua ignorância e embrutecimento, que havia ficado com o coração amargurado e com as entranhas abaladas. Com isto, estava agindo de maneira irracional diante de Deus, apesar de estar sempre em comunhão com Ele, se sentindo sustentado pela sua destra. Deus instrui Seus filhos até conduzi-los à glória do porvir, mas os ímpios não têm qualquer participação nisto. Deus crucifica o ego dos Seus filhos com as aflições, especialmente para que possam ter uma maior participação da Sua santidade, e por conseguinte uma maior comunicação e comunhão com Ele, conforme é do Seu desejo. Afinal é Ele próprio todo o motivo de alegria de Seus filhos na terra, e a porção deles no céu. O salmista havia aprendido finalmente esta grande lição de que não importa que o nosso coração e a nossa carne desfaleçam por causa das aflições, porque Deus é a fortaleza do nosso coração e herança eterna. Quando somos fracos, então Ele tem a oportunidade de nos mover segundo a Sua própria força e poder. As tribulações sofridas com paciência têm esta faculdade de nos aproximarem mais e mais de Deus, e nos tornar semelhantes a Ele quanto à paciência, longanimidade e misericórdia.

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Salmo 74

Salmo de Asafe

Ó Deus, por que nos rejeitaste para sempre? Por que

se acende a tua ira contra o rebanho do teu pasto? 2 Lembra-te da tua congregação, que compraste desde

a antiguidade, que remiste para ser a tribo da tua herança, e do monte Sião, em que tens habitado.

3 Dirige os teus passos para as perpétuas ruínas, para todo o mal que o inimigo tem feito no santuário.

4 Os teus inimigos bramam no meio da tua assembleia; põem nela as suas insígnias por sinais.

5 A entrada superior cortaram com machados a grade de madeira.

6 Eis que toda obra entalhada, eles a despedaçaram a machados e martelos.

7 Lançaram fogo ao teu santuário; profanaram, derrubando-a até o chão, a morada do teu nome.

8 Disseram no seu coração: Despojemo-la duma vez. Queimaram todas as sinagogas de Deus na terra.

9 Não vemos mais as nossas insígnias, não há mais profeta; nem há entre nós alguém que saiba até

quando isto durará. 10 Até quando, ó Deus, o adversário afrontará? O

inimigo ultrajará o teu nome para sempre? 11 Por que reténs a tua mão, sim, a tua destra? Tira-a

do teu seio, e consome-os. 12 Todavia, Deus é o meu Rei desde a antiguidade,

operando a salvação no meio da terra. 13 Tu dividiste o mar pela tua força; esmigalhaste a

cabeça dos monstros marinhos sobre as águas.

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14 Tu esmagaste as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto.

15 Tu abriste fontes e ribeiros; tu secaste os rios perenes.

16 Teu é o dia e tua é a noite: tu preparaste a luz e o sol.

17 Tu estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno, tu os fizeste.

18 Lembra-te disto: que o inimigo te afrontou, ó Senhor, e que um povo insensato ultrajou o teu nome.

19 Não entregues às feras a alma da tua rola; não te esqueça para sempre da vida dos teus aflitos.

20 Atenta para o teu pacto, pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios das moradas de violência.

21 Não volte envergonhado o oprimido; louvem o teu nome o aflito e o necessitado.

22 Levanta-te, ó Deus, pleiteia a tua própria causa; lembra-te da afronta que o insensato te faz

continuamente. 23 Não te esqueças da gritaria dos teus adversários; o

tumulto daqueles que se levantam contra ti sobe continuamente.

Este salmo de Asafe bem poderia ser unido ao livro das Lamentações de Jeremias, porque trata não somente do mesmo assunto das assolações feitas contra os judeus bem como contra o templo do Senhor. Assim, este lamento pode ser aplicado à destruição de Jerusalém nos dias de Nabucodonosor, como a qualquer outra assolação sofrida pelos judeus e o seu culto ao Senhor, em qualquer época da história de Israel. O salmista pergunta por que Deus estava rejeitando o Seu povo, no entanto, ele sabia qual era o motivo de tal

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rejeição, ainda que não de todos os judeus, mas da grande maioria que lhe era infiel. É o sentimento nacionalista que fala neste salmo. Todavia, Deus não age com base nos nossos sentimentos nacionalistas, ou nos de qualquer outra natureza, senão somente baseado na justiça e na verdade. Israel lhe havia virado as costas por séculos, e na Sua bondade sempre chamou o povo ao arrependimento, e lhes advertiu de que suas cidades seriam assoladas e seriam levados em cativeiro caso não se arrependessem, e foi de fato o que Ele fez, e que agora levava Asafe a lamentar pela condição de ruína a que fora deixada a nação de Israel. Asafe argumentou com o Senhor para que se lembrasse da aliança que havia feito com o Seu povo, no entanto, não foi Ele quem fora infiel à aliança, mas Israel. Eles haviam anulado a aliança que havia sido feita através de Moisés, e então já estava em andamento, para ser inaugurada, uma Nova Aliança, conforme havia sido prometida desde Abraão e aos profetas. Deus tornaria a restaurar os judeus que se arrependessem e tornaria a fazer-lhes bem em sua própria terra, tal como tem feito tantas vezes na história daquela nação, todavia, eles experimentariam antes, todo o Seu desagrado para com as suas apostasias.

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Salmo 75

Salmo de Asafe

Damos-te graças, ó Deus, damos-te graças, pois o

teu nome está perto; os que invocam o teu nome anunciam as tuas maravilhas.

2 Quando chegar o tempo determinado, julgarei retamente.

3 Dissolve-se a terra e todos os seus moradores, mas eu lhe fortaleci as colunas.

4 Digo eu aos arrogantes: Não sejais arrogantes; e aos ímpios: Não levanteis a fronte;

5 não levanteis ao alto a vossa fronte, nem faleis com arrogância.

6 Porque nem do oriente, nem do ocidente, nem do deserto vem a exaltação.

7 Mas Deus é o que julga; a um abate, e a outro exalta. 8 Porque na mão do Senhor há um cálice, cujo vinho

espuma, cheio de mistura, do qual ele dá a beber; certamente todos os ímpios da terra sorverão e

beberão as suas fezes. 9 Mas, quanto a mim, exultarei para sempre, cantarei

louvores ao Deus de Jacó. 10 E quebrantarei todas as forças dos ímpios, mas as

forças dos justos serão exaltadas. Este salmo pode ter sido composto provavelmente no tempo em que Davi assumiu o trono de Israel, quando todos os seus inimigos, especialmente os da casa de Saul, haviam sido subjugados pelo Senhor. Então, pela pena de Asafe, Davi rendeu graças ao Senhor e invocou

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o Seu nome e declarou as Suas maravilhas, pois havia cumprido tudo o que lhe havia prometido fazer no tempo determinado, julgando retamente a sua causa, especialmente a que tinha em relação a Saul, que o perseguiu injustamente, e lhe injuriou e caluniou chamando-o de traidor. Deus é tão reto Juiz que ainda que a terra vacile e todos os seus moradores, no entanto, ainda assim, o Senhor é poderoso para firmar as suas colunas, tal como estava firmando Israel debaixo do trono de justiça de Davi, depois de tantos anos de conturbação sob Saul. Sendo um Deus poderoso que julga assim com justiça, todo soberbo deveria meditar para não ser arrogante, e os ímpios a não confiarem na sua própria força. Pelo mesmo motivo, ninguém deve andar altivamente, falando com insolência contra o Senhor, porque Ele é uma Rocha que não pode ser derrubada. Não é de nenhuma parte da terra que nos vem o auxílio quando debaixo de grande aflição, porque vem da mão do próprio Senhor o abater e o exaltar a quem quer, porque é o Juiz de toda a terra. É da sua mão que é dado de beber o cálice do vinho da amargura a todos os ímpios do mundo. Por isso Davi reinaria em justiça tal como o Seu Deus, abatendo a força dos ímpios, mas exaltando a força dos justos.

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Salmo 76

Conhecido é Deus em Judá, grande é o seu nome em

Israel. 2 Em Salém está a sua tenda, e a sua morada em Sião.

3 Ali quebrou ele as flechas do arco, o escudo, a espada, e a guerra.

4 Glorioso és tu, mais majestoso do que os montes eternos.

5 Os ousados de coração foram despojados; dormiram o seu último sono; nenhum dos homens de força pôde

usar as mãos. 6 À tua repreensão, ó Deus de Jacó, cavaleiros e cavalos

ficaram estirados sem sentidos. 7 Tu, sim, tu és tremendo; e quem subsistirá à tua vista,

quando te irares? 8 Desde o céu fizeste ouvir o teu juízo; a terra tremeu e

se aquietou, 9 quando Deus se levantou para julgar, para salvar a

todos os mansos da terra. 10 Na verdade a cólera do homem redundará em teu

louvor, e do restante da cólera tu te cingirás. 11 Fazei votos, e pagai-os ao Senhor, vosso Deus;

tragam presentes, os que estão em redor dele, àquele que deve ser temido.

12 Ele ceifará o espírito dos príncipes; é tremendo para com os reis da terra.

Este salmo de Asafe foi composto por ocasião de grande vitória dada por Deus a algum rei de Judá, contra uma investida de uma nação inimiga que viera contra eles com carros e cavalos. Mas Deus lhes tirou o ânimo forte

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e lhes fez vir um sono profundo que nenhum dos valentes inimigos pôde usar suas próprias mãos na batalha. Deus fizera um milagre notório aos olhos de Judá, e por isso se vestiu das cinzas da ira de Seus inimigos, porque o ódio deles contra o Seu povo foi a causa da própria ruína deles, e as cinzas do que lhes restara da guerra eram a prova do grande poder do Senhor para livrar, e não somente isto, exaltavam o Seu nome.

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Salmo 77

Salmo de Asafe

Levanto a Deus a minha voz; a Deus levanto a minha

voz, para que ele me ouça. 2 No dia da minha angústia busco ao Senhor; de noite a minha mão fica estendida e não se cansa; a minha alma

recusa ser consolada. 3 Lembro-me de Deus, e me lamento; queixo-me, e o

meu espírito desfalece. 4 Conservas vigilantes os meus olhos; estou tão

perturbado que não posso falar. 5 Considero os dias da antiguidade, os anos dos tempos

passados. 6 De noite lembro-me do meu cântico; consulto com o

meu coração, e examino o meu espírito. 7 Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser

favorável? 8 Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se a

sua promessa para todas as gerações 9 Esqueceu-se Deus de ser compassivo? Ou na sua ira

encerrou ele as suas ternas misericórdias? 10 E eu digo: Isto é minha enfermidade; acaso se

mudou a destra do Altíssimo? 11 Recordarei os feitos do Senhor; sim, me lembrarei

das tuas maravilhas da antiguidade. 12 Meditarei também em todas as tuas obras, e

ponderarei os teus feitos poderosos 13 O teu caminho, ó Deus, é em santidade; que deus é

grande como o nosso Deus?

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14 Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu tens feito notória a tua força entre os povos.

15 Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José.

16 As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram. 17 As nuvens desfizeram-se em água; os céus

retumbaram; as tuas flechas também correram de uma para outra parte.

18 A voz do teu trovão estava no redemoinho; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e

tremeu. 19 Pelo mar foi teu caminho, e tuas veredas pelas

grandes águas; e as tuas pegadas não foram conhecidas.

20 Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.

Neste salmo é descrito o estado no qual é muito comum em se achar a alma abatida: ela recusa ser consolada e busca se alimentar ainda mais das amarguras que lhe têm abatido. Todos passam de algum modo por esta experiência, uns mais e outros menos. Caso a pessoa não traga à memória que há no Senhor boa vontade para perdoar, restaurar, animar e levantar, certamente não poderá sair de tal estado. Por isso o salmista passou em revista os poderosos feitos do Senhor e da Sua grande misericórdia manifestada para com Israel no passado, especialmente nos dias de Moisés e Arão, e achou nisto ajuda, para que seu ânimo no Senhor fosse renovado; e pôde entender que Deus nunca procurará nos desanimar, e por isso nos

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tem dado um Espírito que é chamado de Consolador e não de Desanimador. Se não fosse Seu propósito que sejamos sempre achados de bom ânimo em Sua presença, Jesus não nos teria advertido para termos bom ânimo nas aflições.

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Salmo 78

Salmo de Asafe

Escutai o meu ensino, povo meu; inclinai os vossos

ouvidos às palavras da minha boca. 2 Abrirei a minha boca numa parábola; proporei

enigmas da antiguidade, 3 coisas que temos ouvido e sabido, e que nossos pais

nos têm contado. 4 Não os encobriremos aos seus filhos, cantaremos às

gerações vindouras os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que tem feito.

5 Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, as quais coisas ordenou aos

nossos pais que as ensinassem a seus filhos; 6 para que as soubesse a geração vindoura, os filhos

que houvesse de nascer, os quais se levantassem e as contassem a seus filhos,

7 a fim de que pusessem em Deus a sua esperança, e não se esquecessem das obras de Deus, mas

guardassem os seus mandamentos; 8 e que não fossem como seus pais, geração contumaz

e rebelde, geração de coração instável, cujo espírito não foi fiel para com Deus.

9 Os filhos de Efraim, armados de arcos, retrocederam no dia da peleja.

10 Não guardaram o pacto de Deus, e recusaram andar na sua lei;

11 esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver.

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12 Maravilhas fez ele à vista de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoá.

13 Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez com que as águas parassem como um montão.

14 Também os guiou de dia por uma nuvem, e a noite toda por um clarão de fogo.

15 Fendeu rochas no deserto, e deu-lhes de beber abundantemente como de grandes abismos.

16 Da penha fez sair fontes, e fez correr águas como rios.

17 Todavia ainda prosseguiram em pecar contra ele, rebelando-se contra o Altíssimo no deserto.

18 E tentaram a Deus nos seus corações, pedindo comida segundo o seu apetite.

19 Também falaram contra Deus, dizendo: Poderá Deus porventura preparar uma mesa no deserto? Acaso

fornecerá carne para o seu povo? 20 Pelo que o Senhor, quando os ouviu, se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e a sua ira subiu contra

Israel; 21 Pelo que o Senhor, quando os ouviu, se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e a sua ira subiu contra

Israel; 22 porque não creram em Deus nem confiaram na sua

salvação. 23 Contudo ele ordenou às nuvens lá em cima, e abriu

as portas dos céus; 24 fez chover sobre eles maná para comerem, e deu-

lhes do trigo dos céus. 25 Cada um comeu o pão dos poderosos; ele lhes

mandou comida em abundância. 26 Fez soprar nos céus o vento do oriente, e pelo seu

poder trouxe o vento sul.

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27 Sobre eles fez também chover carne como poeira, e aves de asas como a areia do mar;

28 e as fez cair no meio do arraial deles, ao redor de suas habitações.

29 Então comeram e se fartaram bem, pois ele lhes trouxe o que cobiçavam.

30 Não refrearam a sua cobiça. Ainda lhes estava a comida na boca,

31 quando a ira de Deus se levantou contra eles, e matou os mais fortes deles, e prostrou os escolhidos de

Israel. 32 Com tudo isso ainda pecaram, e não creram nas suas

maravilhas. 33 Pelo que consumiu os seus dias como um sopro, e os

seus anos em repentino terror. 34 Quando ele os fazia morrer, então o procuravam; arrependiam-se, e de madrugada buscavam a Deus. 35 Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, e o

Deus Altíssimo o seu Redentor. 36 Todavia lisonjeavam-no com a boca, e com a língua

lhe mentiam. 37 Pois o coração deles não era constante para com

ele, nem foram eles fiéis ao seu pacto. 38 Mas ele, sendo compassivo, perdoou a sua

iniquidade, e não os destruiu; antes muitas vezes desviou deles a sua cólera, e não acendeu todo o seu

furor. 39 Porque se lembrou de que eram carne, um vento

que passa e não volta. 40 Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto, e

o ofenderam no ermo! 41 Voltaram atrás, e tentaram a Deus; e provocaram o

Santo de Israel.

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42 Não se lembraram do seu poder, nem do dia em que os remiu do adversário,

43 nem de como operou os seus sinais no Egito, e as suas maravilhas no campo de Zoã,

44 convertendo em sangue os seus rios, para que não pudessem beber das suas correntes.

45 Também lhes mandou enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruíram.

46 Entregou às lagartas as novidades deles, e o fruto do seu trabalho aos gafanhotos.

47 Destruiu as suas vinhas com saraiva, e os seus sicômoros com chuva de pedra.

48 Também entregou à saraiva o gado deles, e aos coriscos os seus rebanhos.

49 E atirou sobre eles o ardor da sua ira, o furor, a indignação, e a angústia, qual companhia de anjos

destruidores. 50 Deu livre curso à sua ira; não os poupou da morte,

mas entregou a vida deles à pestilência. 51 Feriu todo primogênito no Egito, primícias da força

deles nas tendas de Cão. 52 Mas fez sair o seu povo como ovelhas, e os guiou

pelo deserto como a um rebanho. 53 Guiou-os com segurança, de sorte que eles não

temeram; mas aos seus inimigos, o mar os submergiu. 54 Sim, conduziu-os até a sua fronteira santa, até o

monte que a sua destra adquirira. 55 Expulsou as nações de diante deles; e dividindo suas terras por herança, fez habitar em suas tendas as tribos

de Israel. 56 Contudo tentaram e provocaram o Deus Altíssimo, e

não guardaram os seus testemunhos. 57 Mas tornaram atrás, e portaram-se aleivosamente

como seus pais; desviaram-se como um arco traiçoeiro.

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58 Pois o provocaram à ira com os seus altos, e o incitaram a zelos com as suas imagens esculpidas. 59 Ao ouvir isso, Deus se indignou, e sobremodo

abominou a Israel. 60 Pelo que desamparou o tabernáculo em Siló, a

tenda da sua morada entre os homens, 61 dando a sua força ao cativeiro, e a sua glória à mão

do inimigo. 62 Entregou o seu povo à espada, e encolerizou-se

contra a sua herança. 63 Aos seus mancebos o fogo devorou, e suas donzelas

não tiveram cântico nupcial. 64 Os seus sacerdotes caíram à espada, e suas viúvas

não fizeram pranto. 65 Então o Senhor despertou como dum sono, como

um valente que o vinho excitasse. 66 E fez recuar a golpes os seus adversários; infligiu-

lhes eterna ignomínia. 67 Além disso, rejeitou a tenda de José, e não escolheu

a tribo de Efraim; 68 antes escolheu a tribo de Judá, o monte Sião, que

ele amava. 69 Edificou o seu santuário como os lugares elevados,

como a terra que fundou para sempre. 70 Também escolheu a Davi, seu servo, e o tirou dos

apriscos das ovelhas; 71 de após as ovelhas e suas crias o trouxe, para

apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua herança. 72 E ele os apascentou, segundo a integridade do seu

coração, e os guiou com a perícia de suas mãos. Este salmo é profético e histórico. É uma narrativa das grandes misericórdias de Deus em relação a Israel, apesar do quanto eles Lhe tinham

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provocado com os seus pecados, e de o Senhor ter trazido sobre eles várias demonstrações do Seu desgosto por causa dos pecados deles. Asafe começa o salmo no estilo dos profetas, convocando o povo de Israel a ouvir a Lei do Senhor e a prestar atenção às palavras da Sua boca. E, como era Deus que falava por ele, deu-lhe que profetizasse acerca do modo pelo qual falaria a Seu povo em dias futuros, por intermédio de Jesus, uma vez que eles sempre eram achados por Ele endurecidos em seus pecados. Ele lhes falaria por parábolas e falaria das coisas ocultas em mistério deste antes da fundação do mundo, para que ouvissem mas não entendessem, já que haviam se tornado endurecidos para ouvir a Sua voz. Para que se prevenisse de tal endurecimento contra o Senhor, Israel foi alertado desde os dias de Moisés, que se contasse sucessivamente às gerações de Israel todos os sinais e maravilhas que o Senhor havia feito, e como havia escolhido a Jacó para formar através dele um povo que fosse exclusivamente Seu, para amá-lO e servi-lO. Então, não deveriam se esquecer dos grandes feitos de Deus, para que não viessem a lhe virar as costas e a ficarem insensíveis e endurecidos, a ponto de não poderem ouvir a Sua voz. Por isso deveriam colocar, através de todas as gerações de Israel, a sua confiança inteiramente no Senhor, e não esquecerem dos Seus feitos, como também dos Seus mandamentos, para não seguirem o mesmo exemplo de seus pais, aquela geração que havia saído do Egito com Moisés, que era uma geração obstinada, rebelde, de coração inconstante, e que, portanto, cujo espírito não foi fiel ao Senhor.

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Efraim, filho de José, que apesar de não ser o primogênito, havia sido escolhido pelo Senhor para ser grande em Israel, mas não andou fielmente com o Senhor, e não se portou bem perante Ele, especialmente nos dias dos Juízes, e depois, quando o reino foi dividido em Reino do Sul e do Norte. Por isso foi levado para o cativeiro pelos assírios juntamente com as demais nove tribos do Reino do Norte. Todavia, o Senhor havia feito prodígios na presença dos seus antepassados na terra do Egito, e apesar de toda a bondade que lhes manifestara, quando os conduzia no deserto, se rebelaram contra Ele. Antes de serem levados em cativeiro, o Senhor lhes perdoou os pecados por séculos, quando se voltavam para Ele e O buscavam arrependidos. Todavia, era um arrependimento superficial, somente de boca, porque o coração não estava firme no Senhor, e assim mentiam para si mesmos e para Deus, quando pensavam que estavam votando para Ele, quando na verdade estavam apenas procurando escapar dos Seus juízos, especialmente das nações inimigas que lhes oprimiam. Mesmo quando o Senhor lhes deu herança em Canaã, expulsando as nações ímpias de diante deles, nem assim guardaram os Seus testemunhos, e não somente tentaram ao Senhor como resistiram à Sua vontade. Foi por isso que Deus havia abandonado o tabernáculo em Siló, e permitiu que a arca da aliança fosse capturada pelos filisteus, e permitiu que fossem mortos na guerra que haviam feito contra os filisteus. E como nunca se firmaram na presença do Senhor, Efraim foi rejeitado, e o Senhor escolheu a tribo de Judá, para cumprir o Seu propósito de apascentar a Israel

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através de Davi, escolhendo a Jerusalém, para ser o local do Seu templo.

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Salmo 79

Salmo de Asafe

Ó Deus, as nações invadiram a tua herança;

contaminaram o teu santo templo; reduziram Jerusalém a ruínas.

2 Deram os cadáveres dos teus servos como pastos às aves dos céus, e a carne dos teus santos aos animais da

terra. 3 Derramaram o sangue deles como água ao redor de

Jerusalém, e não houve quem os sepultasse. 4 Somos feitos o opróbrio dos nossos vizinhos, o

escárnio e a zombaria dos que estão em redor de nós. 5 Até quando, Senhor? Indignar-te-ás para sempre?

Arderá o teu zelo como fogo? 6 Derrama o teu furor sobre as nações que não te

conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome;

7 porque eles devoraram a Jacó, e assolaram a sua morada.

8 Não te lembres contra nós das iniquidades de nossos pais; venha depressa ao nosso encontro a tua

compaixão, pois estamos muito abatidos. 9 Ajuda-nos, ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu nome; livra-nos, e perdoa os nossos pecados, por

amor do teu nome. 10 Por que diriam as nações: Onde está o seu Deus? Torne-se manifesta entre as nações, à nossa vista, a

vingança do sangue derramado dos teus servos.

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11 Chegue à tua presença o gemido dos presos; segundo a grandeza do teu braço, preserva aqueles que

estão condenados à morte. 12 E aos nossos vizinhos, deita-lhes no regaço,

setuplicadamente, a injúria com que te injuriaram, Senhor.

13 Assim nós, teu povo ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente; de geração em geração

publicaremos os teus louvores. Este salmo é semelhante ao salmo 74, também de autoria de Asafe, e descreve as assolações feitas contra os judeus bem como contra o templo do Senhor, nos dias de Nabucodonosor, de Babilônia. Neste, a destruição de Jerusalém é citada diretamente, tendo a cidade sido feita um montão de ruínas, e muitos de seus habitantes foram mortos na ocasião, a ponto de se dizer que seus corpos serviram de pasto para as aves de rapina e às feras da terra, e tantos eram eles, que não foi possível dar-lhes um sepultamento digno. Os judeus se tornaram motivo de zombaria para as nações vizinhas. O salmista clama para que Deus vingasse as assolações de Judá dando o devido pago às nações ímpias que a haviam destruído. E clamou pela misericórdia do Senhor para que não visitasse neles as iniquidades dos seus ancestrais, que em seus pecados, haviam dado ocasião àquelas assolações que lhes vieram da parte do Senhor. Ele clamou por misericórdia porque estavam sobremodo abatidos. Além de clamar por misericórdia, também orou pedindo que os pecados do povo de Judá fossem perdoados, e que o Senhor os livrasse por amor do Seu nome. Que Ele fizesse este bem ao Seu povo para que as nações não

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escarnecessem do próprio Deus, dizendo que nada fizera por eles. As nações ímpias estavam se gloriando contra o próprio Deus, e por isso o salmista pediu-lhe que lhes retribuísse sete vezes tanto, o opróbrio com o qual Lhe estavam vituperando; enquanto eles, ovelhas do Seu rebanho continuariam Lhe dando graças de geração em geração proclamando os Seus louvores.

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Salmo 80

Salmo de Asafe

Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José

como a um rebanho, que estás entronizado sobre os querubins, resplandece.

2 Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos.

3 Reabilita-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto, para que sejamos salvos.

4 Ó Senhor Deus dos exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo?

5 Tu os alimentaste com pão de lágrimas, e lhes deste a beber lágrimas em abundância.

6 Tu nos fazes objeto de escárnio entre os nossos vizinhos; e os nossos inimigos zombam de nós entre si. 7 Reabilita-nos, ó Deus dos exércitos; faze resplandecer

o teu rosto, para que sejamos salvos. 8 Trouxeste do Egito uma videira; lançaste fora as

nações, e a plantaste. 9 Preparaste-lhe lugar; e ela deitou profundas raízes, e

encheu a terra. 10 Os montes cobriram-se com a sua sombra, e os

cedros de Deus com os seus ramos. 11 Ela estendeu a sua ramagem até o mar, e os seus

rebentos até o Rio. 12 Por que lhe derrubaste as cercas, de modo que a

vindimam todos os que passam pelo caminho? 13 O javali da selva a devasta, e as feras do campo

alimentam-se dela.

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14 Ó Deus dos exércitos, volta-te, nós te rogamos; atende do céu, e vê, e visita esta videira,

15 a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti.

16 Está queimada pelo fogo, está cortada; eles perecem pela repreensão do teu rosto.

17 Seja a tua mão sobre o varão da tua destra, sobre o filho do homem que fortificaste para ti.

18 E não nos afastaremos de ti; vivifica-nos, e nós invocaremos o teu nome.

19 Reabilita-nos, Senhor Deus dos exércitos; faze resplandecer o teu rosto, para que sejamos salvos.

O teor deste salmo é o mesmo do anterior, só que aqui não se faz uma referência direta a Judá ou a Jerusalém, mas a José, a Efraim, ou seja, à porção do Norte de Israel que havia sido levada em cativeiro pelos assírios. Mas o clamor é o mesmo do salmo anterior, tanto em relação aos israelitas quanto aos seus inimigos.

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Salmo 81

Salmo de Asafe

Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza; erguei

alegres vozes ao Deus de Jacó. 2 Entoai um salmo, e fazei soar o adufe, a suave harpa

e o saltério. 3 Tocai a trombeta pela lua nova, pela lua cheia, no dia

da nossa festa. 4 Pois isso é um estatuto para Israel, e uma ordenança

do Deus de Jacó. 5 Ordenou-o por decreto em José, quando saiu contra a

terra do Egito. Ouvi uma voz que não conhecia, dizendo:

6 Livrei da carga o seu ombro; as suas mãos ficaram livres dos cestos.

7 Na angústia clamaste e te livrei; respondi-te no lugar oculto dos trovões; provei-te junto às águas de Meribá. 8 Ouve-me, povo meu, e eu te admoestarei; ó Israel, se

me escutasses! 9 não haverá em ti deus estranho, nem te prostrarás

ante um deus estrangeiro. 10 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do

Egito; abre bem a tua boca, e eu a encherei. 11 Mas o meu povo não ouviu a minha voz, e Israel não

me quis. 12 Pelo que eu os entreguei à obstinação dos seus

corações, para que andassem segundo os seus próprios conselhos.

13 Quem dera me escutasse o meu povo! Quem dera Israel andasse nos meus caminhos!

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14 Em breve eu abateria os seus inimigos, e voltaria a minha mão contra os seus adversários.

15 Os que odeiam ao Senhor o adulariam, e a sorte deles seria eterna.

16 E eu te sustentaria com o trigo mais fino; e com o mel saído da rocha eu te saciaria.

O teor deste salmo é o mesmo do anterior, só que aqui não se faz uma referência direta a Judá ou a Jerusalém, mas a José, a Efraim, ou seja, à porção do Norte de Israel que havia sido levada em cativeiro pelos assírios. Mas o clamor é o mesmo do salmo anterior, tanto em relação aos israelitas quanto aos seus inimigos.

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Salmo 82

Salmo de Asafe

Deus está na assembleia divina; julga no meio dos

deuses: 2 Até quando julgareis injustamente, e tereis respeito

às pessoas dos ímpios? 3 Fazei justiça ao pobre e ao órfão; procedei retamente

com o aflito e o desamparado. 4 Livrai o pobre e o necessitado, livrai-os das mãos dos

ímpios. 5 Eles nada sabem, nem entendem; andam vagueando às escuras; abalam-se todos os fundamentos da terra. 6 Eu disse: Vós sois deuses, e filhos do Altíssimo, todos

vós. 7 Todavia, como homens, haveis de morrer e, como

qualquer dos príncipes, haveis de cair. 8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra; pois a ti pertencem

todas as nações. Neste salmo Deus contende com os magistrados, não somente de Israel, mas de toda a terra. Os juízes são chamados no Velho Testamento, pela mesma palavra usada muitas vezes para designar o próprio Deus, ou seja Elohiym, que significa pluralidade de majestades ou divindades. O Senhor lhes deu esta honra de serem assim chamados, porque lhes deu poder para julgarem entre a causa justa e injusta, e até mesmo para dispor das vidas dos malfeitores, sentenciando contra eles cerceamento de

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liberdade, e até mesmo decidirem sobre a cessação de suas vidas. Daí serem chamados de deuses, porque receberam poder de libertar ou soltar, de deixar viver ou de matar. Contudo, deveriam agir com justiça e debaixo do temor do Senhor, e regerem conforme as Suas leis santas e justas. Mas o salmista revela que eles estavam julgando injustamente e sendo parciais para com a causa dos ímpios. Todavia deveriam fazer justiça ao fraco e ao órfão, proceder retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrer o fraco e o necessitado e tirá-los das mãos dos ímpios. Contudo, tais magistrados corrompidos nada sabiam disso, nem podiam entender tais coisas, porque vagueavam nas trevas, e por isso vacilavam os fundamentos da terra, porque não era praticada nela a justiça, e nem era defendida por aqueles que têm o dever de fazê-lo. Por isso, apesar de chamá-los de Elohiym (deuses), o Senhor tinha uma contenda com eles, e sucumbiriam como homens que eram e são. Em face de uma justiça terrena falha, o salmista clama para que Deus mesmo exerça juízo na terra.

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Salmo 83

Salmo de Asafe

Ó Deus, não guardes silêncio; não te cales nem fiques

impassível, ó Deus. 2 Pois eis que teus inimigos se alvoroçam, e os que te

odeiam levantam a cabeça. 3 Astutamente formam conselho contra o teu povo, e

conspiram contra os teus protegidos. 4 Dizem eles: Vinde, e apaguemo-los para que não sejam nação, nem seja lembrado mais o nome de

Israel. 5 Pois à uma se conluiam; aliam-se contra ti

6 as tendas de Edom e os ismaelitas, Moabe e os hagarenos,

7 Gebal, Amom e Amaleque, e a Filístia com os habitantes de tiro.

8 Também a Assíria se ligou a eles; eles são o braço forte dos filhos de Ló.

9 Faze-lhes como fizeste a Midiã, como a Sísera, como a Jabim junto ao rio Quisom,

10 os quais foram destruídos em En-Dor; tornaram-se esterco para a terra.

11 Faze aos seus nobres como a Orebe e a Zeebe; e a todos os seus príncipes como a Zebá e a Zalmuna,

12 que disseram: Tomemos para nós as pastagens de Deus.

13 Deus meu, faze-os como um turbilhão de pó, como a palha diante do vento.

14 Como o fogo queima um bosque, e como a chama incedeia as montanhas,

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15 assim persegue-os com a tua tempestade, e assombra-os com o teu furacão.

16 Cobre-lhes o rosto de confusão, de modo que busquem o teu nome, Senhor.

17 Sejam envergonhados e conturbados perpetuamente; sejam confundidos, e pereçam,

18 para que saibam que só tu, cujo nome é o Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra.

Como nos demais salmos de autoria de Asafe, neste também vemos a exaltação do nome do Senhor, em contraste com os pedidos de juízos contra os inimigos de Israel. Este salmo expressa o sentimento de Israel neste mundo, sempre ameaçado por muitos inimigos, e sempre dependente do livramento do Senhor para não ser riscado de entre as nações, conforme é do desejo de Satanás contra os israelitas, já tendo em diversas ocasiões da história da humanidade, tentado exterminar Israel, mas a proteção do Senhor jamais desamparará o Seu povo, conforme promessa feita aos seus patriarcas, e importa que Israel permaneça como nação até a volta de Cristo, quando então serão libertados das opressões que têm sofrido, para todo o sempre.

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Salmo 84

Salmo dos filhos de Coré

Quão amáveis são os teus tabernáculos, ó Senhor dos

exércitos! 2 A minha alma suspira! sim, desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo

Deus vivo. 3 Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho

para si, onde crie os seus filhotes, junto aos teus altares, ó Senhor dos exércitos, Rei meu e Deus meu.

4 Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente.

5 Bem-aventurados os homens cuja força está em ti, em cujo coração os caminhos altos.

6 Passando pelo vale de Baca, fazem dele um lugar de fontes; e a primeira chuva o cobre de bênçãos.

7 Vão sempre aumentando de força; cada um deles aparece perante Deus em Sião.

8 Senhor Deus dos exércitos, escuta a minha oração; inclina os ouvidos, ó Deus de Jacó!

9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.

10 Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do meu

Deus, a habitar nas tendas da perversidade. 11 Porquanto o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor

dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na retidão.

12 Ó Senhor dos exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança.

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Apesar de o nome de Davi não constar no título deste salmo, é bem provável que ele tenha sido o autor do mesmo, porque nós vemos aqui o mesmo espírito que movia o grande e mavioso salmista de Israel. Ele começa com uma declaração maravilhosa e monumental, ao se referir com o seu coração santificado e exultante, aos tabernáculos do Senhor, ou seja, às habitações do Senhor, nas quais Ele era encontrado. Não propriamente que Deus esteja amarrado a qualquer lugar na terra, mas quando estabelece encontros com o Seu povo, em determinados locais, tanto eles, quanto o local da reunião pode ser chamado de tabernáculo, habitação, ou casa de Deus. Para os pardais, para as andorinhas, Deus preparou ninhos como o local de habitação deles, mas para os Seus santos, proveu os altares nos quais derramam seus corações perante Ele, e estes podem ser chamados de as moradas do espírito apropriadamente, porque é nestes encontros com o Senhor que os cristãos encontram o seu verdadeiro habitat, a saber o próprio Deus. Daqueles que estão em comunhão espiritual com o Senhor, pode se dizer deles que estão na habitação do Senhor dos Exércitos, do Rei e Deus de suas vidas. Estes que habitam na casa do Senhor são bem-aventurados, porque acham força espiritual na pessoa do próprio Deus, e o louvarão perpetuamente, e o Senhor faz com que os seus corações tenham caminhos retos e planos. Estando assim ligados a Deus, quando passam pelo vale árido da tribulação, fazem com que seja transformado num manancial de bênçãos. Eles aumentam em força porque são transformados de glória em glória, em graus cada vez maiores de

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semelhança com o próprio Deus em que habitam, que é uma fortaleza indestrutível. O salmista sabia que esta condição de bem-aventurança depende de oração constante, perseverante, e por isso pedia ao Senhor para ouvir a sua oração e contemplasse o rosto do seu ungido, porque para ele, um só dia nos Seus átrios valia mais do que mil, e preferia estar ainda que fosse à porta da casa do Senhor, do que permanecer nas tendas dos perversos. Ele sabia que Deus é como a luz e o calor do sol e um escudo impenetrável de proteção para os Seus amados que andam retamente na Sua presença. Além disso Ele concede a estes graça e glória, sem a qual eles não podem mais viver. Deste modo, o homem que é realmente feliz é aquele que confia de tal modo no Senhor, tal como o salmista.

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Salmo 85

Salmo dos filhos de Coré

Mostraste favor, Senhor, à tua terra; fizeste

regressar os cativos de Jacó. 2 Perdoaste a iniquidade do teu povo; cobriste todos os

seus pecados. 3 Retraíste toda a tua cólera; refreaste o ardor da tua

ira. 4 Restabelece-nos, ó Deus da nossa salvação, e faze

cessar a tua indignação contra nós. 5 Estarás para sempre irado contra nós? estenderás a

tua ira a todas as gerações? 6 Não tornarás a vivificar-nos, para que o teu povo se

regozije em ti? 7 Mostra-nos, Senhor, a tua benignidade, e concede-

nos a tua salvação. 8 Escutarei o que Deus, o Senhor, disser; porque falará

de paz ao seu povo, e aos seus santos, contanto que não voltem à insensatez.

9 Certamente que a sua salvação está perto aqueles que o temem, para que a glória habite em nossa terra.

10 A benignidade e a fidelidade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram.

11 A fidelidade brota da terra, e a justiça olha desde o céu.

12 O Senhor dará o que é bom, e a nossa terra produzirá o seu fruto.

13 A justiça irá adiante dele, marcando o caminho com as suas pegadas.

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Provavelmente este salmo tenha sido escrito depois do retorno dos judeus do cativeiro em Babilônia. Então nós temos aqui a manifestação de gratidão por Deus ter favorecido o Seu povo restaurando-o em sua própria terra, e por ter perdoado a sua iniquidade, depois de terem passado setenta anos no cativeiro. Deus havia se desviado do ardor da Sua indignação e do furor da Sua ira, depois de tê-los corrigido numa terra estrangeira de aflição. Todavia, foi para uma terra desolada e queimada que eles haviam retornado. Haveria necessidade de reconstruir tudo o que havia sido destruído pelos babilônios, e havia muitos inimigos que estavam se opondo ao retorno deles, especialmente os samaritanos. Por isso, ao mesmo tempo que orava agradecendo a Deus pela restauração, o salmista lhe pediu também que os restabelecesse completamente e que retirasse de sobre eles a Sua ira, vivificando-lhes com o regozijo da Sua presença e misericórdia, concedendo-lhes a Sua salvação. O salmista não orava como quem duvida, porque tinha a plena certeza de que o Senhor ouviria as orações de Seu povo e que voltaria a lhes falar de paz, e preservaria os Seus santos para que não caíssem em insensatez. Tal seria o caráter da salvação que Deus manifestaria a Israel, especialmente nos dias do Messias, que haveria um encontro da graça com a verdade; e a justiça e paz se beijariam, isto é, estariam conciliadas. A graça de Jesus faria com que a verdade brotasse na terra, e a justiça baixaria o seu olhar desde os céus, porque muitos seriam justificados aos olhos de Deus, desde os céus, com a própria justiça de Jesus.

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E o fruto desta graça e justiça seria o fruto do Espírito Santo, do qual o salmista ressaltou a bondade. Isto sucederia porque a justiça do Senhor iria adiante dEle, e Suas pegadas formariam caminhos retos para que o Seu povo ande por ele. Isto significa que o Senhor não trataria com o Seu povo, na base da própria justiça deles, mas com base na justiça de Seu Filho Jesus Cristo. Todavia, esta justiça lhes seria dada e atribuída para que vivessem na prática da justiça, a qual também seria neles implantada progressivamente pelo Espírito Santo.

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Salmo 86

Salmo de Davi

Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e ouve-me, porque

sou pobre e necessitado. 2 Preserva a minha vida, pois sou piedoso; o Deus meu,

salva o teu servo, que em ti confia. 3 Compadece-te de mim, ó Senhor, pois a ti clamo o dia

todo. 4 Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a

minha alma. 5 Porque tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e

abundante em benignidade para com todos os que te invocam.

6 Dá ouvidos, Senhor, à minha oração, e atende à voz das minhas súplicas.

7 No dia da minha angústia clamo a ti, porque tu me respondes.

8 Entre os deuses nenhum há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas.

9 Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão diante de ti, Senhor, e glorificarão o teu nome.

10 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe o meu coração para temer o teu nome.

11 Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, de todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.

12 Pois grande é a tua benignidade para comigo, e livraste a minha alma das profundezas do Seol.

13 Pois grande é a tua benignidade para comigo, e livraste a minha alma das profundezas do Seol.

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14 Ó Deus, os soberbos têm-se levantado contra mim, e um bando de homens violentos procura tirar-me a

vida; eles não te puseram diante dos seus olhos. 15 Mas tu, Senhor, és um Deus compassivo e benigno,

longânimo, e abundante em graça e em fidelidade. 16 Volta-te para mim, e compadece-te de mim; dá a tua força ao teu servo, e a salva o filho da tua serva.

17 Mostra-me um sinal do teu favor, para que o vejam aqueles que me odeiam, e sejam envergonhados, por

me haveres tu, Senhor, ajuntado e confortado. Davi era um homem segundo o coração de Deus porque ele conhecia todos os segredos para se chegar ao coração do Senhor, e tinha um espírito cheio das virtudes do próprio Cristo, que nele haviam sido implantadas pelo Espírito Santo. Nós o encontramos pedindo logo no início deste salmo que o Senhor inclinasse os Seus ouvidos e que lhe respondesse porque se encontrava aflito e necessitado. E logo em seguida ele afirma o motivo porque esperava ser ouvido: porque era piedoso e confiava na salvação do Senhor. Ele misturava a piedade à fé. Mas não era por confiar na sua própria piedade que contava ser ouvido por Deus, porque sabia que a piedade e a fé são necessárias, mas se não clamarmos, se não pedirmos, se não batermos à porta, se não buscarmos ao Senhor, nós não O encontraremos. Precisamos saber fazer tal distinção como Davi havia aprendido a fazer. Sabia que era necessário andar em retidão, mas sabia que não poderia ter esta retidão se não a buscasse continuamente em oração no Senhor, que é a fonte de todo o bem.

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Não era confiado na sua própria justiça que ele sabia que seria ouvido por Deus, mas por saber que é grande a Sua misericórdia, de modo que sempre Lhe pedia que se compadecesse dele. Sua expectativa quando orava, era a de que Deus gerasse alegria espiritual em sua alma, porque é esta alegria do Espírito Santo que é a nossa força, para que possamos fazer a obra de Deus. Davi sabia que era necessário elevar a alma na busca do Senhor para que fosse alegrado com tal alegria espiritual. Fazia isto com total confiança porque sabia perfeitamente quão bom e misericordioso é o Senhor, e grande em benignidade para com todos os que invocam o Seu nome. Davi não ficava esperando as coisas melhorarem por si mesmas no dia da angústia. Ao contrário, era exatamente nestas horas que ele mais clamava a Deus buscando por livramento, e tinha plena convicção de que seria respondido, porque o Senhor sempre atendia aos seus clamores. Davi sabia que todas as nações ainda se prostrariam diante do Senhor, porque não há quem possa realizar as obras que somente Ele pode fazer, sendo grandes as Suas maravilhas. Não havia em Davi um coração presunçoso, porque apesar de toda a experiência que tinha nos assuntos divinos, sabia que dependia inteiramente do Senhor para que continuasse a lhe ensinar o Seu caminho e a capacitá-lo a andar na Sua verdade. Por isso Davi sempre dava graças a Deus por tudo, e de todo o seu coração.

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Os muitos inimigos de Davi nunca conseguiram prevalecer contra ele, porque grande era a misericórdia de Deus que sempre o livrava do poder da morte. A vida é mais forte do que a morte. E o nosso Deus é a própria vida. Deus era o ajudador e o consolador de Davi, e o favor de Deus para com ele, sempre envergonhava aqueles que o aborreciam.

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Salmo 87

Salmo dos filhos de Coré

1 O fundamento dela está nos montes santos.

2 O Senhor ama as portas de Sião mais do que todas as habitações de Jacó.

3 Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. 4 Farei menção de Raabe e de Babilônia dentre os que

me conhecem; eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este nasceu ali.

5 Sim, de Sião se dirá: Este e aquele nasceram ali; e o próprio Altíssimo a estabelecerá.

6 O Senhor, ao registrar os povos, dirá: Este nasceu ali. 7 Tanto os cantores como os que tocam instrumentos

dirão: Todas as minhas fontes estão em ti.

Este salmo exalta a excelência de Jerusalém sobre todas as demais cidades de Israel, e de todas as nações, porque Deus a escolheu para estabelecê-la para sempre, para ser a fonte da Sua revelação, pela qual são gerados filhos para Ele em todas as nações.

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Salmo 88

Salmo dos filhos de Core

Ó Senhor, Deus da minha salvação, dia e noite clamo

diante de ti. 2 Chegue à tua presença a minha oração, inclina os teus

ouvidos ao meu clamor; 3 porque a minha alma está cheia de angústias, e a

minha vida se aproxima do Seol. 4 Já estou contado com os que descem à cova; estou

como homem sem forças, 5 atirado entre os finados; como os mortos que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras, e que são

desamparados da tua mão. 6 Puseste-me na cova mais profunda, em lugares

escuros, nas profundezas. 7 Sobre mim pesa a tua cólera; tu me esmagaste com

todas as tuas ondas. 8 Apartaste de mim os meus conhecidos, fizeste-me abominável para eles; estou encerrado e não posso

sair. 9 Os meus olhos desfalecem por causa da aflição.

Clamo a ti todo dia, Senhor, estendendo-te as minhas mãos.

10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos? ou levantam-se os mortos para te louvar?

11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade no Abadom?

12 Serão conhecidas nas trevas as tuas maravilhas, e a tua justiça na terra do esquecimento?

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13 Eu, porém, Senhor, clamo a ti; de madrugada a minha oração chega à tua presença.

14 Senhor, por que me rejeitas? por que escondes de mim a tua face?

15 Estou aflito, e prestes a morrer desde a minha mocidade; sofro os teus terrores, estou desamparado. 16 Sobre mim tem passado a tua ardente indignação;

os teus terrores deram cabo de mim. 17 Como águas me rodeiam todo o dia; cercam-me

todos juntos. 18 Aparte de mim amigos e companheiros; os meus

conhecidos se acham nas trevas. Neste salmo, o salmista chora na presença do Senhor pela condição de abatimento extremo da sua alma. Ele sofre pela ausência da comunhão com o Senhor, e pelo sentir da repreensão da Sua ira. Ele sofre porque em vez de se achar em tal condição como se estivesse morto, o seu desejo era o de louvar e exaltar o nome do Senhor. Por isso orou para que os ouvidos do Senhor atendessem ao Seu clamor e que a sua oração chegasse à Sua presença. O salmista encontrava-se solitário, porque até mesmo do consolo da presença dos seus amigos Ele havia sido privado, e considerava que isto havia sido feito pelo próprio Deus. Assim, orava para que fosse libertado de tais sentimentos e para que sua alma voltasse a achar paz e descanso no Senhor.

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Salmo 89

Salmo de Etã

Cantarei para sempre as benignidades do Senhor;

com a minha boca proclamarei a todas as gerações a tua fidelidade.

2 Digo, pois: A tua benignidade será renovada para sempre; tu confirmarás a tua fidelidade até nos céus,

dizendo: 3 Fiz um pacto com o meu escolhido; jurei ao meu

servo Davi: 4 Estabelecerei para sempre a tua descendência, e

firmarei o teu trono por todas as gerações. 5 Os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, e a

tua fidelidade na assembleia dos santos. 6 Pois quem no firmamento se pode igualar ao Senhor? Quem entre os filhos de Deus é semelhante ao Senhor,

7 um Deus sobremodo tremendo na assembleia dos santos, e temível mais do que todos os que estão ao

seu redor? 8 Ó Senhor, Deus dos exércitos, quem é poderoso como

tu, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti? 9 Tu dominas o ímpio do mar; quando as suas ondas se

levantam tu as fazes aquietar. 10 Tu abateste a Raabe como se fora ferida de morte;

com o teu braço poderoso espalhaste os teus inimigos. 11 São teus os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua

plenitude, tu os fundaste. 12 O norte e o sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom

regozijam-se em teu nome.

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13 Tu tens um braço poderoso; forte é a tua mão, e elevado a tua destra.

14 Justiça e juízo são a base do teu trono; benignidade e verdade vão adiante de ti.

15 Bem-aventurado o povo que conhece o som festivo, que anda, ó Senhor, na luz da tua face,

16 que se regozija em teu nome todo o dia, e na tua justiça é exaltado.

17 Pois tu és a glória da sua força; e pelo teu favor será exaltado o nosso poder.

18 Porque o Senhor é o nosso escudo, e o Santo de Israel é o nosso Rei.

19 Naquele tempo falaste em visão ao teu santo, e disseste: Coloquei a coroa num homem poderoso;

exaltei um escolhido dentre o povo. 20 Achei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o

ungi. 21 A minha mão será sempre com ele, e o meu braço o

fortalecerá. 22 O inimigo não o surpreenderá, nem o filho da

perversidade o afligirá. 23 Eu esmagarei diante dele os seus adversários, e aos

que o odeiam abaterei. 24 A minha fidelidade, porém, e a minha benignidade estarão com ele, e em meu nome será exaltado o seu

poder. 25 Porei a sua mão sobre o mar, e a sua destra sobre os

rios. 26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus,

e a rocha da minha salvação. 27 Também lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei o

mais excelso dos reis da terra. 28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha benignidade,

e o meu pacto com ele ficará firme.

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29 Farei que subsista para sempre a sua descendência, e o seu trono como os dias dos céus.

30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nas minhas ordenanças,

31 se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,

32 então visitarei com vara a sua transgressão, e com açoites a sua iniquidade.

33 Mas não lhe retirarei totalmente a minha benignidade, nem faltarei com a minha fidelidade.

34 Não violarei o meu pacto, nem alterarei o que saiu dos meus lábios.

35 Uma vez para sempre jurei por minha santidade; não mentirei a Davi.

36 A sua descendência subsistirá para sempre, e o seu trono será como o sol diante de mim;

37 será estabelecido para sempre como a lua, e ficará firme enquanto o céu durar.

38 Mas tu o repudiaste e rejeitaste, tu estás indignado contra o teu ungido.

39 Desprezaste o pacto feito com teu servo; profanaste a sua coroa, arrojando-a por terra.

40 Derribaste todos os seus muros; arruinaste as suas fortificações.

41 Todos os que passam pelo caminho o despojam; tornou-se objeto de opróbrio para os seus vizinhos.

42 Exaltaste a destra dos seus adversários; fizeste com que todos os seus inimigos se regozijassem.

43 Embotaste o fio da sua espada, e não o sustentaste na peleja;

44 fizeste cessar o seu esplendor, e arrojaste por terra o seu trono;

45 abreviaste os dias da sua mocidade; cobriste-o de vergonha.

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46 Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre? Até quando arderá a tua ira como fogo?

47 Lembra-te de quão breves são os meus dias; de quão efêmeros criaste todos os filhos dos homens!

48 Que homem há que viva e não veja a morte? ou que se livre do poder do Seol?

49 Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades, que juraste a Davi na tua fidelidade?

50 Lembre-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos; e de como trago no meu peito os insultos de todos os

povos poderosos, 51 com que os teus inimigos, ó Senhor, têm difamado,

com que têm difamado os passos do teu ungido. 52 Bendito seja o Senhor para sempre. Amém e amém.

O salmista proclama a benignidade do Senhor para com a casa de Davi, conforme a promessa que lhe fizera, ao mesmo tempo que lamenta as presentes condições do seu tabernáculo (casa) que se encontrava caído. Ele ora para que o Senhor restaurasse a casa de Davi, no entanto, isto seria feito somente a partir da manifestação de Jesus Cristo em carne, que é Aquele que carrega a promessa de restaurar tal tabernáculo caído (Amós 9.11). “Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;” (Am 9.11). Esta profecia fala em levantar, reparar e restaurar. A profecia de Amós concentrou-se mais em Israel, mas também falou das assolações que viriam sobre Judá, e sabemos que estas ocorreram com o cativeiro babilônico.

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Então, temos aqui uma promessa para dias distantes, quando não somente Judá seria de novo restaurada em sua terra nos dias de Zorobabel, mas quando estariam para sempre seguros com o Messias, que é aquele que restaura a casa caída de Davi, porque é desta casa segundo a carne, e é nEle que se cumprem as boas e fiéis promessas feitas a Davi e á sua casa. A profecia se refere ao Israel de Deus unido a nosso Senhor porque a promessa afirma que quando Israel habitasse nas cidades assoladas que seriam reedificadas, plantariam vinhas e beberiam o seu vinho, e fariam pomares e lhes comeriam o fruto, e depois de plantados na sua terra, que lhes foi dada pelo Senhor, jamais seriam arrancados dela. Quando eles retornaram de Babilônia sob Zorobabel, tornaram a ser arrancados da terra pelos romanos em 70 d. C. e para lá retornaram somente no século XX, mas ainda há muitos judeus dispersos pelo mundo, e Jerusalém ainda sofrerá uma nova assolação sob o Anticristo, quando os judeus serão perseguidos e dispersos, mas por ocasião da volta do Senhor, Ele estabelecerá o Seu reino para sempre e dará cumprimento à profecia antiga de que faria de Israel uma nação e reino sacerdotal. A profecia aponta, portanto, para a volta de Jesus. Deste modo, apesar de o Senhor ter profetizado em quase todo o livro de Amós, e no princípio deste último capítulo, que efetuaria grande destruição em Israel, no entanto, deixou registrado que isto não significava que deixaria de ser fiel à promessa que havia feito aos patriarcas de que Israel estaria perpetuamente diante dEle. Todavia, Ele revelou quais serão estes que habitarão para sempre no tabernáculo de Davi que Ele mesmo

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restauraria, a saber, aqueles que fossem lavados de seus pecados, porque conforme o Senhor afirmou no verso 10, todos os pecadores do seu povo morreriam à espada, a saber, aqueles que estavam confiados que o juízo do Senhor nunca os alcançaria, e por isso permaneceriam deliberadamente na prática do pecado. Isto serve de grande alerta para muitas pessoas que se encontram agregadas à Igreja de Cristo, mas que não fazem parte do tabernáculo (casa) de Davi, porque nunca foram purificados dos seus pecados pelo sangue de Jesus. Seguem confiantes que pelo simples fato de se dizerem pertencentes a Cristo, que nenhum juízo lhes sobrevirá da parte de Deus, apesar de viverem na prática deliberada do pecado. Quanto às fiéis promessas feitas da Davi e à sua casa, citadas neste salmo, estas constam de II Samuel 7. Deus prometeu a Davi que a sua casa permaneceria no trono para sempre (II Sm 7.16). Isto se refere ao caráter da aliança da graça que é feita para aqueles que participarão do reino de Cristo pela fé nEle. Esta promessa de que serão firmados no reino, ainda que venham a transgredir, é garantida pelo próprio Deus conforme revelou a Davi através do profeta Natã. Esta é uma aliança para sempre que o Senhor jamais revogará, porque prometeu não remover a Sua misericórdia daqueles que fazem parte da casa de Davi. Não da casa terrena, pois esta promessa não alcançou Absalão e a outros que eram da sua casa, mas a casa espiritual, daqueles que tivessem a mesma fé dele. E temos isto confirmado nas palavras dos profetas, dos apóstolos, e do próprio Cristo, como por exemplo em Is

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55.3; Jer 33.21,22; Ez 34.23,24; Zac 12.7,8; At 13.34; 15.16; Apo 3.7. Com a ida de Israel para o cativeiro, o tabernáculo (a casa) de Davi ficou caída (Amós 9.11), porque foi interrompida a sucessão de reis em Judá, da sua descendência, mas quando Cristo estivesse reinando, o tabernáculo de Davi estaria plenamente restaurado, e a promessa que Deus lhe fez estará vigorando para sempre em toda a sua plenitude. É importante destacar que Deus disse que edificaria tal casa a Davi para o bem de seu povo Israel (II Sm 7.8 a 11), e é com o mesmo propósito que Cristo foi exaltado com um nome que é sobre todo o nome, a saber, para dar descanso para o Seu povo.

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Salmo 90

Salmo de Moisés

Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em

geração. 2 Antes que nascessem os montes, ou que tivesses formado a terra e o mundo, sim, de eternidade a

eternidade tu és Deus. 3 Tu reduzes o homem ao pó, e dizes: Voltai, filhos dos

homens! 4 Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de

ontem que passou, e como uma vigília da noite. 5 Tu os levas como por uma torrente; são como um

sono; de manhã são como a erva que cresce; 6 de manhã cresce e floresce; à tarde corta-se e seca.

7 Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor somos conturbados.

8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades, à luz do teu rosto os nossos pecados ocultos.

9 Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se os nossos anos como um

suspiro. 10 A duração da nossa vida é de setenta anos; e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, a

medida deles é canseira e enfado; pois passa rapidamente, e nós voamos.

11 Quem conhece o poder da tua ira? e a tua cólera, segundo o temor que te é devido?

12 Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios.

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13 Volta-te para nós, Senhor! Até quando? Tem compaixão dos teus servos.

14 Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que nos regozijemos e nos alegremos todos os nossos

dias. 15 Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, e pelos

anos em que vimos o mal. 16 Apareça a tua obra aos teus servos, e a tua glória

sobre seus filhos. 17 Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim,

confirma a obra das nossas mãos. Neste salmo de autoria de Moisés, se declara a eternidade de Deus, de forma que pode ser o refúgio de todas as gerações. Sendo Ele eterno e infinito, a vida do homem, na terra, aos olhos do Senhor é menos que um sopro, porque para Ele mil anos são como um único dia. E dentre os homens em geral, mesmo os mais vigorosos, não é comum se ultrapassar oitenta anos de idade, e quando se alcança esta idade, já se encontram enfadados e cansados. Moisés chama, portanto, a todos os homens a ponderarem esta verdade, para não consumirem os seus dias na terra de maneira não sábia, e que não seja, por conseguinte, segundo a vontade de Deus. Os anos de existência do homem na terra foram abreviados por Ele, em razão do pecado. Moisés conheceu bem de perto o que é o atributo da ira de Deus contra o pecado, quando teve que peregrinar com uma geração de israelitas incrédulos e rebeldes, por quarenta anos no deserto, e vendo não raras vezes, a ira do Senhor se acendendo contra os pecados deles.

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Ele havia entendido que o homem não pode, de si mesmo, agradar a Deus se Ele não lhe manifestar o Seu favor e graça, para que seja ensinado a contar (considerar devidamente) os seus dias, de modo a alcançar um coração sábio. Mas sem o temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, ninguém poderá ser ensinado sobre qual seja o caminho em que deve andar, porque isto é feito pela iluminação do Espírito, e não somente através da vontade divina revelada escrita, conforme esta havia sido passada a Moisés através dos mandamentos e de outras formas de revelação do Senhor. Se Deus não dispuser o coração do homem para que possa conhecê-lO, todo o seu conhecimento teológico será em vão, porque Deus não é um conceito, mas uma pessoa viva. Por isso Moisés lhe rogava que se manifestasse ao Seu povo, e que tivesse misericórdia deles, saciando-os com a Sua benignidade, para que seus corações fossem movidos com louvores de júbilo, por todos os dias de suas vidas. Moisés orou para que o número de anos em que haviam sido afligidos suportando a adversidade, debaixo da ira do Senhor, fosse o mesmo com o qual Ele alegrasse os seus corações, manifestando as Suas obras e glória aos Seus filhos. E finalmente, orou pedindo que o Senhor derramasse sobre eles a Sua graça e confirmasse as obras das suas mãos.

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Salmo 91

O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa

à sombra do Onipotente, diz ao SENHOR: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.

Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa.

Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo.

Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas,

nem da mortandade que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não

serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás e verás o

castigo dos ímpios. Pois disseste: O SENHOR é o meu refúgio.

Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à

tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para

que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares

nalguma pedra. Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e

a serpente. Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-

ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia

eu estarei com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha

salvação.

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Este é um dos salmos mais conhecidos e apreciados em todo o mundo, porque fala da segurança que há para aqueles que têm habitado no esconderijo do Altíssimo, e que por conseguinte, descansam à sombra do Onipotente, de modo que Lhe declaram: “Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.” Estes podem descansar no Senhor porque Ele os livra do laço do passarinheiro e da peste perniciosa, ou seja, tanto de pragas, quanto das armadilhas dos homens e do diabo. E esta proteção é obtida porque se encontram abrigados no próprio Deus, qual os pintainhos da águia debaixo de suas asas. E as asas que os protegem são a verdade em que se encontram e na qual vivem, porque esta é para eles tal como um escudo. Espantos noturnos não podem assustar quem está abrigado de tal forma em Deus, e nem sequer perigos de morte durante o dia, quer seja na forma de agressões violentas físicas ou espirituais, ou pestes e mortandades produzidas pela maldade dos homens, porque ainda que muitos sejam atingidos ao seu redor, no entanto, a proteção do Senhor, sob a qual tal pessoa se encontra será o fator que impedirá que ela seja atingida. Os que fizeram do Deus Altíssimo o seu refúgio e morada poderão não somente serem livrados do mal e de pragas em suas casas, como também contemplarão com os seus próprios olhos o castigo dos ímpios que se levantam contra o Senhor, no dia do grande juízo final. Há um exército de anjos trabalhando sob as ordens de Deus, para que guardem os que amam ao Senhor, em todos os seus caminhos.

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Eles podem estar certos que mesmo que o caminho seja aplanado, por ser de justiça e de verdade, no entanto, ao receberem ataques dos espíritos das trevas não tropeçarão, porque os anjos do Senhor lhes sustentarão nas suas mãos. E o próprio fiel receberá autoridade da parte de Deus para pisar a cabeça do diabo, representado neste salmo pelo leão que ruge, e pela áspide, porque se apegou ao Senhor com amor, e esta é a razão de poder contar com a Sua salvação e livramento. Todos os que conhecem o Senhor, e que buscam refúgio nEle, andando na Sua verdade, lhe invocarão no dia da angústia, e o Senhor lhes responderá e livrará, porque nos tem feito tal promessa.

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Salmo 92

Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao

teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade, com

instrumentos de dez cordas, com saltério e com a solenidade da harpa.

Pois me alegraste, SENHOR, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.

Quão grandes, SENHOR, são as tuas obras! Os teus pensamentos, que profundos!

O inepto não compreende, e o estulto não percebe isto: ainda que os ímpios brotam como a erva, e

florescem todos os que praticam a iniquidade, nada obstante, serão destruídos para sempre; tu, porém,

SENHOR, és o Altíssimo eternamente. Eis que os teus inimigos, SENHOR, eis que os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os que

praticam a iniquidade. Porém tu exaltas o meu poder como o do boi selvagem;

derramas sobre mim o óleo fresco. Os meus olhos veem com alegria os inimigos que me espreitam, e os meus ouvidos se satisfazem em ouvir

dos malfeitores que contra mim se levantam. O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o

cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios

do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e

de verdor, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça.

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O salmista está alegre e rendendo graças ao Senhor e cantando louvores ao Seu nome, proclamando a Sua misericórdia a cada manhã, e a Sua fidelidade a cada noite, usando instrumentos de cordas para louvá-lo. Deus havia alegrado o seu coração com os Seus feitos e por isso ele exultava nas obras das mãos do Senhor. E quão grandes obras são estas! Ele estava encantado com a profundidade dos pensamentos do Senhor, que lhe haviam sido revelados em espírito. E as coisas de Deus relativas ao Seu reino são vistas somente por aqueles que O conhecem. O ímpio não pode conhecer isto, antes, há um juízo de destruição eterno para os que vivem na prática da iniquidade. Deste modo, não era por coisas que havia recebido de Deus, por causa de possíveis interesses egoístas, que o salmista havia sido alegrado pelo Senhor, mas porque o próprio Deus havia se manifestado a ele e lhe dado compreensão das Suas obras de misericórdia, justiça e fidelidade. Fortalecido pela unção do Senhor se sentia revigorado para poder enfrentar as investidas dos ímpios contra a sua alma justa. Ele sabia que os seus inimigos, eram na verdade inimigos de Deus e da Sua verdade, e por isso seriam visitados no tempo próprio pelos Seus juízos divinos, mas quanto aos justos, tal como ele, sabia que estes florescerão como a palmeira e crescerão como o cedro do Líbano. Representam assim os santos que recebem o seu crescimentos e frutificação diretamente da parte de Deus. Os justos são como tais árvores plantadas na casa do Senhor e que florescem nos Seus átrios.

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E tal como o cedro e a palmeira, eles não cessarão de dar frutos espirituais para Deus, mesmo quando forem velhos, porque estarão ainda cheios da seiva e do verdor da graça de Jesus, para anunciarem que Ele é reto, e a nossa rocha e justiça.

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Salmo 93

Reina o SENHOR.

Revestiu-se de majestade; de poder se revestiu o SENHOR e se cingiu.

Firmou o mundo, que não vacila. Desde a antiguidade, está firme o teu trono; tu és

desde a eternidade. Levantam os rios, ó SENHOR, levantam os rios o seu

bramido; levantam os rios o seu fragor. Mas o SENHOR nas alturas é mais poderoso do que o

bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar.

Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, SENHOR, para todo o sempre.

Este salmo celebra o reino eterno do Senhor, e a glória da majestade deste grande Rei cujos testemunhos são fidelíssimos, e a cuja casa convém a santidade para sempre.

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Salmo 94

Ó SENHOR, Deus das vinganças, ó Deus das vinganças,

resplandece. Exalta-te, ó juiz da terra; dá o pago aos soberbos. Até quando, SENHOR, os perversos, até quando

exultarão os perversos? Proferem impiedades e falam coisas duras; vangloriam-

se os que praticam a iniquidade. Esmagam o teu povo, SENHOR, e oprimem a tua

herança. Matam a viúva e o estrangeiro e aos órfãos assassinam. E dizem: O SENHOR não o vê; nem disso faz caso o Deus

de Jacó. Atendei, ó estúpidos dentre o povo; e vós, insensatos,

quando sereis prudentes? O que fez o ouvido, acaso, não ouvirá?

E o que formou os olhos será que não enxerga? Porventura, quem repreende as nações não há de

punir? Aquele que aos homens dá conhecimento não tem

sabedoria? O SENHOR conhece os pensamentos do homem, que

são pensamentos vãos. Bem-aventurado o homem, SENHOR, a quem tu

repreendes, a quem ensinas a tua lei, para lhe dares descanso dos dias maus, até que se abra a cova para o

ímpio. Pois o SENHOR não há de rejeitar o seu povo, nem

desamparar a sua herança. Mas o juízo se converterá em justiça, e segui-la-ão

todos os de coração reto.

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Quem se levantará a meu favor, contra os perversos? Quem estará comigo contra os que praticam a

iniquidade? Se não fora o auxílio do SENHOR, já a minha alma

estaria na região do silêncio. Quando eu digo: resvala-me o pé, a tua benignidade,

SENHOR, me sustém. Nos muitos cuidados que dentro de mim se

multiplicam, as tuas consolações me alegram a alma. Pode, acaso, associar-se contigo o trono da iniquidade,

o qual forja o mal, tendo uma lei por pretexto? Ajuntam-se contra a vida do justo e condenam o

sangue inocente. Mas o SENHOR é o meu baluarte e o meu Deus, o

rochedo em que me abrigo. Sobre eles faz recair a sua iniquidade e pela malícia

deles próprios os destruirá; o SENHOR, nosso Deus, os exterminará.

Este salmo, como todos os demais salmos chamados imprecatórios, ou amaldiçoadores dos ímpios, somente podem ser compreendidos quando sabemos qual foi o povo que os produziu, a saber a nação de Israel, que desde a sua formação a partir de Abraão, tem sofrido duras perseguições de todas as nações, especialmente no período do Velho Testamento, quando as sofreu no contexto de guerras constantes contra as nações vizinhas. Tal era a crueldade que eles sofreram de tais nações que isto deixou uma marca muito característica neles, que é a de sendo um povo pequeno, de recorrerem sempre a Deus para que não somente os defendesse de seus implacáveis inimigos, como também, que desse cabo deles.

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O Senhor havia dado aos israelitas, desde Abraão, costumes para serem guardados por eles, totalmente diferentes dos das nações pagãs, e também lhes proibiu que se misturassem com eles, para não serem contaminados por suas práticas, especialmente o que se referia à idolatria. Sendo diferentes foram e têm sido perseguidos, da mesma maneira que o mundo persegue os cristãos que sustentam um testemunho verdadeiramente fiel a Cristo.

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Salmo 95

Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo,

celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro, com ações de graças,

vitoriemo-lo com salmos. Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei

acima de todos os deuses. Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as

alturas dos montes lhe pertencem. Dele é o mar, pois ele o fez; obra de suas mãos, os

continentes. Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante

do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas

de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova,

não obstante terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não

conhece os meus caminhos. Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu

descanso. Partes deste salmo são citadas no texto de Hebreus 3.7-11; 15; 4.7. O autor de Hebreus se valeu deste salmo para ilustrar e afirmar que a incredulidade impede a entrada no descanso do Senhor, que é Ele próprio. Todo cristão genuíno será portanto identificado pelo fato de não endurecer o seu coração quando ouvir a voz

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do Senhor, pelo Espírito Santo, conforme se afirma nos versos 7 e 8 de Hb 3. Os israelitas cujos corpos ficaram prostrados no deserto, durante a jornada de 40 anos rumo a Canaã, nos dias de Moisés, provaram que eram incrédulos, pelo comportamento deles, provocando e tentando o Senhor no deserto, colocando-o à prova por diversas vezes, para que mostrasse que Ele estava de fato no meio deles, porque consideravam que Ele estivesse ausente em razão das dificuldades que estavam enfrentando. Por esta razão é afirmado que aqueles que são de Cristo estão identificados com os Seus sofrimentos e não duvidarão do Seu amor e bondade para com eles, por causa das aflições que experimentam neste mundo por amor ao Seu nome e ao evangelho. Estes que se rebelam contra o Senhor por causa dos seus sofrimentos, e que vivem sempre à busca de que seja feita a sua própria vontade, segundo os seus interesses egoístas, nunca poderão conhecer os caminhos de Deus, como se afirma no verso 10, e ficam sujeitados aos Seus juízos quanto a não conhecerem o descanso que há nEle para as suas almas, como se afirma no verso 11. Aqueles que se recusam a tomar o jugo de Jesus não podem experimentar o descanso que Ele pode e quer nos dar quando estamos sobrecarregados e cansados pelas circunstâncias difíceis desta vida, conforme sua promessa em Mt 11.28-30. Não é dado a nenhum cristão, pela vontade de Deus, que venha a apostatar da fé, a ter um coração mau e infiel, porque Ele é digno de receber honra, glória, louvor e paciência e perseverança em todos os nossos sofrimentos por amor a Ele.

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Não fazê-lo é imputar-lhe uma grande desonra, porque afirmamos por nosso comportamento infiel que Ele não é poderoso, bondoso e fiel para nos guardar e consolar. Daí se exigir que nos exortemos mutuamente, ou seja, que nos incentivemos, todos os dias, para que não sejamos endurecidos pelo pecado. Não pela falta de poder em Deus para nos firmar, mas por causa da nossa própria fraqueza e da perversidade da natureza terrena da qual devemos nos despojar, que nos inclina a nos afastarmos do Deus vivo. Não é, portanto, por causa de Deus que devemos nos exortar, porque Ele é fiel em cumprir o que tem prometido, mas por causa da nossa própria fraqueza. Se o cristão não se permite ser exortado pela Palavra, e não dobra a sua cerviz, para reconhecer seus pecados e fraquezas, de maneira que peça humildemente ao Senhor que o fortaleça com a Sua graça, é bem certo que ele cairá da graça e da firmeza que tinha em Cristo, porque entristecerá o Espírito Santo com o seu endurecimento à verdade, e uma vez entristecido o Espírito, o Seu fogo que nos santifica, purifica e consola, se apaga, e sem este fogo não podemos viver de acordo com a vontade de Deus, e sermos os cristãos espirituais que devemos ser, para estarmos habilitados a fazer a Sua obra. Cristãos não são pintinhos que vivem amontoados piando sem parar pedindo por alimento. Eles são filhotes de águias que aguardam pelo seu alimento com confiança, que será recebido com toda a certeza pela provisão de seus pais. Deus não se agrada, portanto, daqueles que se aproximam dEle apenas com a expectativa de receberem coisas para gastarem em seus próprios

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interesses, mas daqueles que se dispõem a receberem crescimento dEle para que possam servi-lo. Mas, para isto é necessário fazer o que se diz no verso 14, lembrando sempre daqueles israelitas que não entraram no repouso do Senhor por causa de um viver na incredulidade. Faziam parte do povo de Deus, mas eram incrédulos. Não deram a devida honra e glória a Ele, por demonstrações práticas de fé em suas vidas, especialmente por obedecerem toda a Sua vontade, dispondo-se principalmente a entrarem em Canaã e lutarem para conquistar aquilo que lhes havia sido dado por promessa. Por isso o autor de Hebreus diz no verso 14 do terceiro capítulo da referida epístola: “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a confiança que desde o princípio tivemos”. Jesus não nos chamou simplesmente para nos livrar da condenação eterna no fogo do inferno, mas para efetuarmos conquistas sobre o reino das trevas, sobretudo resgatando almas das garras do diabo. Para isto é necessário fazer renúncias ao ego, consagrar-se a Ele, usar a armadura de Deus e lutar contra o Inimigo todos os dias, fazendo valer um testemunho valoroso de bons soldados de Cristo. É por isso que se diz que confirmamos que somos de fato participantes da vida ressurrecta de Cristo, pelo Seu poder operante em nossas vidas, todos os dias, até o fim, e desde o início da confiança que depositamos nEle desde o dia da nossa conversão. Para prevenir uma possível apostasia, o salmista começa este salmo convidando o povo a cantar ao Senhor com

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júbilo e a celebrá-lo porque é o Rochedo da salvação do seu povo. Ele deve ser buscado com ações de graças e louvado com salmos; porque é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses. Ele é o Criador que sustenta todas as coisas.

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Salmo 96

Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao

SENHOR, todas as terras. Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a

sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os

povos, as suas maravilhas. Porque grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado,

temível mais que todos os deuses. Porque todos os deuses dos povos não passam de

ídolos; o SENHOR, porém, fez os céus. Glória e majestade estão diante dele, força e

formosura, no seu santuário. Tributai ao SENHOR, ó famílias dos povos, tributai ao

SENHOR glória e força. Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei

oferendas e entrai nos seus átrios. Adorai o SENHOR na beleza da sua santidade; tremei

diante dele, todas as terras. Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o mundo para que não se abale e julga os povos com

equidade. Alegrem-se os céus, e a terra exulte; ruja o mar e a sua

plenitude. Folgue o campo e tudo o que nele há; regozijem-se

todas as árvores do bosque, na presença do SENHOR, porque vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com

justiça e os povos, consoante a sua fidelidade.

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O salmista conclama a todos os povos que louvem ao Senhor com um cântico novo, bendizendo o Seu nome, e proclamando a Sua salvação todos os dias. Ele os conclama profeticamente para que seja anunciada em todas as nações a glória do Senhor, e entre todos os povos as Suas maravilhas, porque isto viria a ser feito nos dias do evangelho. Seria pouco que um Deus tão grande fosse louvado apenas em Israel, porque somente Ele é o criador de todas as coisas. A glória e majestade que iam adiante dEle, e a Sua força e formosura, podiam ser notadas no Seu santuário. Todas as nações e povos devem tributo de louvor ao Senhor e a glória devida ao Seu nome, cultuando-O na forma que tem estabelecido: no templo de Jerusalém no Antigo Testamento, e na Igreja na presente dispensação da graça. Deus deve ser adorado na beleza da Sua santidade, e todos devem tremer diante dEle. Às nações deve ser proclamado que Ele é Rei, e isto tem sido feito especialmente pela Igreja de Cristo. Os céus e a terra se alegrarão e exultarão na presença do Senhor, porque restaurará todas as coisas na Sua vinda, para julgar o mundo, e então a criação já não mais gemerá por causa do pecado.

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Salmo 97

Reina o SENHOR.

Regozije-se a terra, alegrem-se as muitas ilhas. Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a

base do seu trono. Adiante dele vai um fogo que lhe consome os inimigos

em redor. Os seus relâmpagos alumiam o mundo; a terra os vê e

estremece. Derretem-se como cera os montes, na presença do

SENHOR, na presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça, e todos os povos veem

a sua glória. Sejam confundidos todos os que servem a imagens de

escultura, os que se gloriam de ídolos; prostrem-se diante dele todos os deuses.

Sião ouve e se alegra, as filhas de Judá se regozijam, por causa da tua justiça, ó SENHOR.

Pois tu, SENHOR, és o Altíssimo sobre toda a terra; tu és sobremodo elevado acima de todos os deuses.

Vós que amais o SENHOR, detestai o mal; ele guarda a alma dos seus santos, livra-os da mão dos ímpios.

A luz difunde-se para o justo, e a alegria, para os retos de coração.

Alegrai-vos no SENHOR, ó justos, e dai louvores ao seu santo nome.

Este salmo é profético e prenuncia as condições reinantes por ocasião da volta de Jesus para estabelecer juízo em toda a terra.

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Quando Ele estiver entronizado em Sião todas as nações, inclusive as ilhas de toda a terra se alegrarão. Os inimigos do Senhor serão abatidos por ocasião da Sua volta, então este Dia será de densas nuvens e trevas para eles, e um fogo consumidor que os devorará. Naquele dia por vir haverá sinais no céu e na terra, e todos os povos verão o Senhor vindo com grande poder e glória. Os que adoram ídolos serão confundidos. Mas em Sião haverá grande alegria por causa da justiça do Senhor, que reinará sobre toda a terra. Então, todos os que amam a volta do Senhor devem viver de modo santo, detestando o mal, porque é assim que serão achados dignos de estarem de pé na Sua presença, por ocasião do Seu Retorno.

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Salmo 98

Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque ele tem

feito maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória.

O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das nações.

Lembrou-se da sua misericórdia e da sua fidelidade para com a casa de Israel; todos os confins da terra

viram a salvação do nosso Deus. Celebrai com júbilo ao SENHOR, todos os confins da

terra; aclamai, regozijai-vos e cantai louvores. Cantai com harpa louvores ao SENHOR, com harpa e voz de canto; com trombetas e ao som de buzinas,

exultai perante o SENHOR, que é rei. Ruja o mar e a sua plenitude, o mundo e os que nele

habitam. Os rios batam palmas, e juntos cantem de júbilo os montes, na presença do SENHOR, porque ele vem

julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com equidade.

Como os dois salmos precedentes, este também é um prenúncio do futuro reino glorioso do Messias, quando todas as nações da terra o servirão.

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Salmo 99

Reina o SENHOR; tremam os povos.

Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra. O SENHOR é grande em Sião e sobremodo

elevado acima de todos os povos. Celebrem eles o teu nome grande e tremendo, porque

é santo. És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó.

Exaltai ao SENHOR, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés, porque ele é santo.

Moisés e Arão, entre os seus sacerdotes, e, Samuel, entre os que lhe invocam o nome, clamavam ao

SENHOR, e ele os ouvia. Falava-lhes na coluna de nuvem; eles guardavam os

seus mandamentos e a lei que lhes tinha dado. Tu lhes respondeste, ó SENHOR, nosso Deus; foste para eles Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos

seus feitos. Exaltai ao SENHOR, nosso Deus, e prostrai-vos ante o

seu santo monte, porque santo é o SENHOR, nosso Deus.”

Como nos salmos precedentes, neste também, todas as nações da terra são conclamadas a honrarem e a louvarem o Senhor, quando Ele estiver reinando em Sião. Servos fiéis do passado que serviram ao Senhor, são aqui citados (Moisés, Arão, Samuel) porque clamavam ao Senhor e eram por Ele ouvidos. São citados para que sigamos o exemplo deles, guardando os Seus mandamentos, porque aos que temem assim ao Senhor,

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têm os seus pecados perdoados, tal como estes grandes servos do passado tiveram, e assim, a esperança de salvação é segura e garantirá que estejamos de pé, de modo digno diante do Senhor, quando Ele estiver reinando.

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Salmo 100

Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras.

Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.

Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu

pastoreio. Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus

átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.

Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Este salmo não contém qualquer imprecação contra as nações, ao contrário convida-as a celebrarem com júbilo ao Senhor, no Seu santo templo. Ele é típico do próprio convite do evangelho e da graça de Cristo aos pecadores em todas as nações para que se aproximem dEle e alcancem a salvação que lhes está oferecendo tão gentil e graciosamente, conforme vemos expressado nas palavras deste salmo. A base da confiança da nossa aproximação do Senhor consiste no fato de que Ele é bom, e que a sua misericórdia e fidelidade, duram de geração a geração.

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Salmo 101

Salmo de Davi

Cantarei a bondade e a justiça; a ti, SENHOR, cantarei.

Atentarei sabiamente ao caminho da perfeição. Oh! Quando virás ter comigo?

Portas a dentro, em minha casa, terei coração sincero. Não porei coisa injusta diante dos meus olhos;

aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me pegará.

Longe de mim o coração perverso; não quero conhecer o mal.

Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei; o que tem olhar altivo e coração soberbo, não o

suportarei. Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que

habitem comigo; o que anda em reto caminho, esse me servirá.

Não há de ficar em minha casa o que usa de fraude; o que profere mentiras não permanecerá ante os meus

olhos. Manhã após manhã, destruirei todos os ímpios da

terra, para limpar a cidade do SENHOR dos que praticam a iniquidade.

Davi fala neste salmo qual seria a sua atitude como rei, para que Israel andasse nos caminhos do Senhor. Ele se dispôs a atentar sabiamente ao caminho da perfeição, mas sabia que para isto dependeria de que a presença do Senhor fosse sempre com ele.

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Davi havia se determinado ter da porta para dentro de sua casa um coração sincero, e isto significa que nem aos seus íntimos se permitiria usar de alguma falsidade para com eles em nome da familiaridade. Ele guardaria os seus olhos de contemplarem qualquer coisa injusta, e aborreceria o proceder dos que se desviam, e não permitiria ser influenciado por eles. Ele guardaria o seu coração de toda perversidade, porque cultivaria um coração puro para com Deus, que não conhecesse o mal por experiência. Ele não permitiria que escapassem do juízo no seu reino, aos que caluniassem o seu próximo às ocultas, e não toleraria os de olhar altivo e coração soberbo. Antes, procuraria estar na companhia dos que são fiéis, para que reinassem com ele, habitando em sua corte, e somente aqueles que andassem em caminhos retos, lhe serviriam. Ele não deixaria que ficassem em sua casa o que usa de fraude, e que profere mentiras, nem sequer permitiria que estivessem em sua presença. Todos os dias, ele procuraria manter a cidade santa do Senhor livre da influência dos ímpios e dos que praticam a iniquidade, que nela se encontravam. O mesmo se dará em relação ao reino de Jesus, quando for estabelecido na terra no período do milênio, que será inaugurado por ocasião do Seu retorno, reino este do qual o de Davi era um tipo, porque não herdarão o reino de Deus todos os que se encaixam nas descrições daqueles que Davi afirmou, que não teria a seu lado.

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Salmo 102

Ouve, SENHOR, a minha súplica, e cheguem a ti os

meus clamores. Não me ocultes o rosto no dia da minha angústia;

inclina-me os ouvidos; no dia em que eu clamar, dá-te pressa em acudir-me.

Porque os meus dias, como fumaça, se desvanecem, e os meus ossos ardem como em fornalha.

Ferido como a erva, secou-se o meu coração; até me esqueço de comer o meu pão.

Os meus ossos já se apegam à pele, por causa do meu dolorido gemer.

Sou como o pelicano no deserto, como a coruja das ruínas.

Não durmo e sou como o passarinho solitário nos telhados.

Os meus inimigos me insultam a toda hora; furiosos contra mim, praguejam com o meu próprio nome.

Por pão tenho comido cinza e misturado com lágrimas a minha bebida, por causa da tua indignação e da tua

ira, porque me elevaste e depois me abateste. Como a sombra que declina, assim os meus dias, e eu

me vou secando como a relva. Tu, porém, SENHOR, permaneces para sempre, e a

memória do teu nome, de geração em geração. Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tempo de te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora; porque os teus servos amam até as pedras de Sião e se condoem

do seu pó. Todas as nações temerão o nome do SENHOR, e todos

os reis da terra, a sua glória; porque o SENHOR edificou

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a Sião, apareceu na sua glória, atendeu à oração do desamparado e não lhe desdenhou as preces.

Ficará isto registrado para a geração futura, e um povo, que há de ser criado, louvará ao SENHOR; que o

SENHOR, do alto do seu santuário, desde os céus, baixou vistas à terra, para ouvir o gemido dos cativos e

libertar os condenados à morte, a fim de que seja anunciado em Sião o nome do SENHOR e o seu louvor,

em Jerusalém, quando se reunirem os povos e os reinos, para servirem ao SENHOR.

Ele me abateu a força no caminho e me abreviou os dias.

Dizia eu: Deus meu, não me leves na metade de minha vida; tu, cujos anos se estendem por todas as gerações. Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra;

e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os

mudarás, e serão mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais

terão fim. Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de

ti se estabelecerá a sua descendência. Este salmo foi escrito provavelmente depois de Jerusalém ter sido assolada pelos babilônios, e o povo de Judá sido levado para o cativeiro. O salmista lamenta pela condição de ruína a que foi deixada a cidade santa, mas ao mesmo tempo vislumbra o futuro, quanto à promessa de Deus de restaurar o Seu povo no próprio monte Sião, para reinarem juntamente com o Messias.

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Os profetas haviam feito menção a isto e o salmista escreve confiado em tais promessas de restauração e consolação futuras para Israel.

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Salmo 103

Salmo de Davi

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome.

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.

Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime

a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua

mocidade se renova como a da águia. O SENHOR faz justiça e julga a todos os oprimidos.

Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel.

O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno.

Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira.

Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.

Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de

nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o

SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos

pó. Quanto ao homem, os seus dias são como a relva;

como a flor do campo, assim ele floresce; pois,

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soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar.

Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça,

sobre os filhos dos filhos, para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos seus

preceitos e os cumprem. Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu

reino domina sobre tudo. Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à

palavra. Bendizei ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós,

ministros seus, que fazeis a sua vontade. Bendizei ao SENHOR, vós, todas as suas obras, em

todos os lugares do seu domínio. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR.

Desde que Adão se escondeu atrás de uma árvore no Éden, com medo de Deus, e quando este veio ao Seu encontro para lhe oferecer redenção e perdão, também trouxe, por causa do pecado, maldições sobre a serpente, o homem, a mulher e a terra. Esta seria a condição de se viver neste mundo desde então, como por exemplo a de o homem comer o seu pão como suor do rosto, apesar de se ter esta possibilidade de redenção do pecado, por causa do amor e misericórdia de Deus. Davi era uma pessoa redimida e especial para o Senhor, mas teve que compartilhar muitas das misérias a que estão sujeitos todos os homens, por causa do pecado original.

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Por isso nós o vemos neste Salmo bendizendo ao Senhor com todo o seu ser, e ordenando à própria alma que nunca se esquecesse de um só dos Seus benefícios. Davi sabia que não eram suas boas obras e própria justiça que perdoavam as suas iniquidades, mas o próprio Deus. Como também era Ele que sarava todas as usas enfermidades, e que livrava a sua vida da morte, e a coroava de graça e misericórdia, fartando de bens a sua velhice, de maneira que era renovado em mocidade tal como a águia. É o Senhor que faz justiça e julga a todos os oprimidos, porque julga todas as suas causas e até mesmo atos de suas vidas, que na grande maioria, jamais serão julgados pelos magistrados da terra, e não é comum, que pessoas necessitadas sejam julgadas com justiça e misericórdia por muitos deles. Todavia, não há verdadeiro e perfeito juiz humano, senão somente o Senhor. Nós podemos contemplar a perfeição da Sua Lei, conforme a revelou a Moisés, para ser dada aos filhos de Israel. Deus é cheio de misericórdia e longânimo, ou seja, tardio em se irar, e grandemente benigno. Davi podia falar destas virtudes de Deus por tê-las experimentado abundantemente em sua própria vida. Além disso, ele tivera a experiência de que o Senhor não repreende perpetuamente, e nem conserva para sempre a sua ira, porque se mostra perdoador e consolador para todo aquele que se arrepende. Deus não trata conosco segundo os nossos pecados e nem nos retribui segundo as nossas iniquidades, caso contrário não nos deixaria viver tantos anos na terra, e logo executaria um juízo de condenação sobre nós,

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porque a Sua justiça não pode tolerar um só pecado, no entanto, Ele equilibra a justiça com a misericórdia e o Seu grande amor, bondade e longanimidade. Especialmente aqueles que O têm são beneficiados por tal misericórdia que é elevada, tal o como o céu está acima da terra, porque é do alto que ela nos vem, do Seu trono de graça. Por isso pode afastar as nossas transgressões de nós, tal como o Oriente está distante do Ocidente. A compaixão que ele tem por nós é maior do que a de um pai por seus filhos, porque conhece perfeitamente a nossa estrutura, e sabe que somos pó. Que não temos em nós mesmos o poder de vencer e resistir ao mal. E que dependemos inteiramente dEle e da Sua graça para poder vencê-lo. Somos responsabilizados, portanto, por Ele, quanto ao pecado, por não buscarmos tal auxílio e socorro que estão disponíveis nEle para todo pecador. Esta é portanto a base da condenação: a rejeição da Sua graça, o ato de se voltar as costas para Ele, e tentar se esconder atrás de alguma coisa, tal como Adão no passado, para não irmos a Jesus Cristo para termos vida, assim como os escribas e fariseus haviam feito nos dias do Seu ministério terreno, escondendo-se atrás da descendência de Abraão, e até mesmo das próprias Escrituras, afirmando que já conheciam a Deus porque conheciam os mandamentos, quando na verdade nunca estiveram de fato na Sua presença, porque sempre haviam rejeitado a Sua própria pessoa e graça, para serem perdoados e salvos, e continuavam confiando na própria justiça pessoal deles (Jo 5.40). Eis porque a incredulidade, a rejeição da misericórdia e graça de Deus serão a grande base da condenação futura, porque Deus sabe que o homem não tem o poder

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de si mesmo para viver a vida celestial e divina para a qual ele foi criado. Esta inabilidade e impotência do homem estão bem reveladas em estar Deus demonstrando qual tem sido a consequência do pecado, relativamente à morte. Os anos de vida do homem na terra foram abreviados drasticamente. E mesmo tendo permitido que se vivesse até cerca de 900 anos no mundo antigo, à medida que a iniquidade foi se multiplicando na terra o tempo de existência foi sendo progressivamente reduzido para ser um sinal para o homem de que ele é impotente por si mesmo para ter vida abundante, por causa do pecado, e ser-lhe-á possível recuperar tal vida somente pela via da redenção em Jesus Cristo. Então se o homem alcança a misericórdia de Deus para a salvação, ele viverá eternamente porque a misericórdia divina dura de eternidade a eternidade, isto é, ela sempre será renovada garantindo a eternidade da nossa redenção e salvação. Estas bênçãos espirituais e eternas nos são garantidas desde o céu, onde está estabelecido o trono do Senhor, e do qual manifesta o seu reino, que domina sobre tudo. Motivo pelo qual devem Lhe bendizer os seus anjos valorosos em poder, e que executam as suas ordens e obedecem à Sua Palavra, a saber, os anjos eleitos. Todos os exércitos do Senhor, tanto os celestiais, quanto os da terra, especialmente os seus ministros, que fazem a Sua vontade, devem bendizê-lo. Na verdade, tudo o que foi criado deve bendizer ao Senhor, porque Ele tudo criou para o louvor da glória da Sua graça.

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Salmo 104

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR!

SENHOR, Deus meu, como tu és magnificente: sobrevestido de glória e majestade, coberto de luz

como de um manto. Tu estendes o céu como uma cortina, pões nas águas o

vigamento da tua morada, tomas as nuvens por teu carro e voas nas asas do vento.

Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.

Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não vacile em tempo nenhum.

Tomaste o abismo por vestuário e a cobriste; as águas ficaram acima das montanhas; à tua repreensão,

fugiram, à voz do teu trovão, bateram em retirada. Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar

que lhes havias preparado. Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para

que não tornem a cobrir a terra. Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do

campo; os jumentos selvagens matam a sua sede. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre

a ramagem, desferem o seu canto. Do alto de tua morada, regas os montes; a terra farta-

se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para

o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite,

que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças.

Page 100: Refúgio e Descanso - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5941834.pdfSalmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo

100

Avigoram-se as árvores do SENHOR e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus

ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as

rochas, o refúgio dos arganazes. Fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do

seu ocaso. Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os

animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o

sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis.

Sai o homem para o seu trabalho e para o seu encargo até à tarde.

Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das

tuas riquezas. Eis o mar vasto, imenso, no qual se movem seres sem

conta, animais pequenos e grandes. Por ele transitam os navios e o monstro marinho que

formaste para nele folgar. Todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu

tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se

fartam de bens. Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a

respiração, morrem e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas

a face da terra. A glória do SENHOR seja para sempre!

Exulte o SENHOR por suas obras! Com só olhar para a terra, ele a faz tremer; toca as

montanhas, e elas fumegam.

Page 101: Refúgio e Descanso - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5941834.pdfSalmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo

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Cantarei ao SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus durante a minha vida.

Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me alegrarei no SENHOR.

Desapareçam da terra os pecadores, e já não subsistam os perversos.

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! Aleluia! Este salmo apesar de não trazer a indicação de ser da autoria de Davi, tem muitos pontos de semelhança com o salmo anterior que é da sua autoria. O salmista bendiz ao Senhor pela Sua magnificência, glória e majestade, estando cheio de luz. Ele faz dos anjos seus ministros que são velozes como vento e fervorosos como labaredas de fogo. Foi o Senhor que fundou a terra de tal maneira que ela prossiga por muitos séculos sem que seja destruída. A mesma terra que fora tomada da água no princípio, foi coberta pelas águas no dilúvio, por causa da voz da repreensão de Deus. Foi Ele quem formou os montes e que pôs limites às águas dos mares para que não tornem a cobrir a terra. Ele formou também as fontes de água para saciar a sede de todas as suas criaturas. Ele faz chover desde o céu e rega a terra para que produza os seus frutos, e a relva para os animais, e as plantas para servirem ao homem, especialmente lhe dando o alimento que lhe sustém as forças. Para cada criatura Ele preparou um habitat específico. Formou o sol e a luz para também marcarem o tempo e as estações. Para os animais de hábito noturno, preparou as trevas. Ao homem dispõe que deixe o lar durante o dia para se dedicar ao seu trabalho.

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102

O salmista se encantava em tal variedade das obras de Deus. Feitas com sabedoria para encher toda a terra com as Suas riquezas. Todos os seres, tanto da terra quanto do mar dependem do fôlego da vida que Deus lhes deu, para que vivam. Se o Senhor lhes retira a respiração, logo morrem. Mas o trabalho do Espírito Santo renova a criação de Deus na face da terra. Por isso o salmista louvaria ao Senhor enquanto vivesse, e desejava que Lhe fosse agradável a sua meditação com a qual se alegrava no Senhor. Como somente os justos podem dar o devido tributo de louvor ao Senhor, o salmista orou para que viesse o dia que já não houvesse mais perversos na terra.

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Salmo 105

Rendei graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei

conhecidos, entre os povos, os seus feitos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas

maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR.

Buscai o SENHOR e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença.

Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos de seus lábios, vós, descendentes de

Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos. Ele é o SENHOR, nosso Deus; os seus juízos permeiam

toda a terra. Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações; da aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança

perpétua, dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança.

Então, eram eles em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela; andavam de nação em nação, de um

reino para outro reino. A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor

deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.

Fez vir fome sobre a terra e cortou os meios de se obter pão.

Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés apertaram com grilhões e a quem

puseram em ferros, até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do SENHOR.

Page 104: Refúgio e Descanso - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5941834.pdfSalmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo

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O rei mandou soltá-lo; o potentado dos povos o pôs em liberdade.

Constituiu-o senhor de sua casa e mordomo de tudo o que possuía, para, a seu talante, sujeitar os seus príncipes e aos seus anciãos ensinar a sabedoria.

Então, Israel entrou no Egito, e Jacó peregrinou na terra de Cam.

Deus fez sobremodo fecundo o seu povo e o tornou mais forte do que os seus opressores.

Mudou-lhes o coração para que odiassem o seu povo e usassem de astúcia para com os seus servos.

E lhes enviou Moisés, seu servo, e Arão, a quem escolhera, por meio dos quais fez, entre eles, os seus

sinais e maravilhas na terra de Cam. Enviou trevas, e tudo escureceu; e Moisés e Arão não

foram rebeldes à sua palavra. Transformou-lhes as águas em sangue e assim lhes fez

morrer os peixes. Sua terra produziu rãs em abundância, até nos

aposentos dos reis. Ele falou, e vieram nuvens de moscas e piolhos em todo o seu país. Por chuva deu-lhes saraiva e fogo

chamejante, na sua terra. Devastou-lhes os vinhedos e os figueirais e lhes

quebrou as árvores dos seus limites. Ele falou, e vieram gafanhotos e saltões sem conta, os

quais devoraram toda a erva do país e comeram o fruto dos seus campos.

Também feriu de morte a todos os primogênitos da sua terra, as primícias do seu vigor.

Então, fez sair o seu povo, com prata e ouro, e entre as suas tribos não havia um só inválido. Alegrou-se o Egito

quando eles saíram, porquanto lhe tinham infundido terror.

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Ele estendeu uma nuvem que lhes servisse de toldo e um fogo para os alumiar de noite.

Pediram, e ele fez vir codornizes e os saciou com pão do céu.

Fendeu a rocha, e dela brotaram águas, que correram, qual torrente, pelo deserto.

Porque estava lembrado da sua santa palavra e de Abraão, seu servo.

E conduziu com alegria o seu povo e, com jubiloso canto, os seus escolhidos.

Deu-lhes as terras das nações, e eles se apossaram do trabalho dos povos, para que lhe guardassem os

preceitos e lhe observassem as leis. Aleluia!

Este salmo passa em revista as bênçãos e maldições de Deus desde a formação das doze tribos de Israel através de Jacó, até a entrada deles em Canaã. Ele passou em revista tais ações de Deus em relação a eles, para que se lembrassem que eram o povo da aliança, e que portanto lhes sobrevieram todas aquelas coisas, tanto para alegria, quanto para correção, e por este motivo deveriam render graças ao Senhor e invocar o Seu nome, tornando conhecidos entres os povos, todos os Seus feitos. Estes que buscam o Senhor devem se gloriar no Seu santo nome, e terem o coração alegre. Nunca o cristão deve deixar de buscar o poder e a presença do Senhor, seja qual for a circunstância em que estiver vivendo. Para tanto, devem ser trazidas à lembrança todas as maravilhas que Ele fez, bem como dos Seus juízos, para que seja não somente admirado, mas também temido.

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Foi para tal propósito que o salmista passou a enumerar os feitos e os juízos de Deus que estão registrados no Pentateuco.

Page 107: Refúgio e Descanso - static.recantodasletras.com.brstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/5941834.pdfSalmo 78 24 Salmo 79 32 Salmo 80 35 Salmo 81 37 Salmo 82 39 Salmo 83 41 Salmo

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Salmo 106

Aleluia! Rendei graças ao SENHOR, porque ele é

bom; porque a sua misericórdia dura para sempre. Quem saberá contar os poderosos feitos do SENHOR ou

anunciar os seus louvores? Bem-aventurados os que guardam a retidão e o que

pratica a justiça em todo tempo. Lembra-te de mim, SENHOR, segundo a tua bondade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação,

para que eu veja a prosperidade dos teus escolhidos, e me alegre com a alegria do teu povo, e me regozije com

a tua herança. Pecamos, como nossos pais; cometemos iniquidade,

procedemos mal. Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas

maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar

Vermelho. Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes

fazer notório o seu poder. Repreendeu o mar Vermelho, e ele secou; e fê-los

passar pelos abismos, como por um deserto. Salvou-os das mãos de quem os odiava e os remiu do poder do

inimigo. As águas cobriram os seus opressores; nem um deles

escapou. Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor. Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios; entregaram-se à cobiça, no

deserto; e tentaram a Deus na solidão.

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Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma.

Tiveram inveja de Moisés, no acampamento, e de Arão, o santo do SENHOR.

Abriu-se a terra, e tragou a Datã, e cobriu o grupo de Abirão.

Ateou-se um fogo contra o seu grupo; a chama abrasou os ímpios.

Em Horebe, fizeram um bezerro e adoraram o ídolo fundido.

E, assim, trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva.

Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas, maravilhas na terra de Cam,

tremendos feitos no mar Vermelho. Tê-los-ia exterminado, como dissera, se Moisés, seu

escolhido, não se houvesse interposto, impedindo que sua cólera os destruísse.

Também desprezaram a terra aprazível e não deram crédito à sua palavra; antes, murmuraram em suas

tendas e não acudiram à voz do SENHOR. Então, lhes jurou, de mão erguida, que os havia de arrasar no deserto; e também derribaria entre as

nações a sua descendência e os dispersaria por outras terras.

Também se juntaram a Baal-Peor e comeram os sacrifícios dos ídolos mortos.

Assim, com tais ações, o provocaram à ira; e grassou peste entre eles.

Então, se levantou Fineias e executou o juízo; e cessou a peste.

Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre.

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Depois, o indignaram nas águas de Meribá, e, por causa deles, sucedeu mal a Moisés, pois foram rebeldes ao

Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente. Não exterminaram os povos, como o SENHOR lhes

ordenara. Antes, se mesclaram com as nações e lhes aprenderam

as obras; deram culto a seus ídolos, os quais se lhes converteram em laço; pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios e derramaram sangue inocente, o

sangue de seus filhos e filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi contaminada com sangue.

Assim se contaminaram com as suas obras e se prostituíram nos seus feitos.

Acendeu-se, por isso, a ira do SENHOR contra o seu povo, e ele abominou a sua própria herança e os

entregou ao poder das nações; sobre eles dominaram os que os odiavam.

Também os oprimiram os seus inimigos, sob cujo poder foram subjugados.

Muitas vezes os libertou, mas eles o provocaram com os seus conselhos e, por sua iniquidade, foram

abatidos. Olhou-os, contudo, quando estavam angustiados e lhes

ouviu o clamor; lembrou-se, a favor deles, de sua aliança e se compadeceu, segundo a multidão de suas

misericórdias. Fez também que lograssem compaixão de todos os que

os levaram cativos. Salva-nos, SENHOR, nosso Deus, e congrega-nos de

entre as nações, para que demos graças ao teu santo nome e nos gloriemos no teu louvor.

Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade; e todo o povo diga: Amém! Aleluia!

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Este salmo segue o mesmo arranjo do salmo anterior, no qual o povo do Senhor é convocado a Lhe render graças por Sua bondade e misericórdia, que dura para sempre, bem como por todos os Seus feitos manifestados na história de Israel, dos quais o salmista vai destacar especialmente os havidos sob Moisés, e conforme estão registrados no Pentateuco. O salmista reconhece que Israel havia pecado tal como seus ancestrais haviam feito no passado. Foram rebeldes tanto quanto eles, mas de igual modo também estavam sendo alvo da salvação do Senhor por amor do Seu próprio nome, para manifestar o Seu poder. O Senhor havia aberto o Mar Vermelho e subjugado os seus inimigos, mas eles logo se esqueceram desta grande obra e não guardaram o caminho do Senhor, por terem se entregado à cobiça no deserto. Houve inveja entre eles, especialmente no caso de Datã, Coré e Abirão, que foram tragados vivos pela terra, que abriu sob os seus pés e o grupo que lhes seguia. A tal ponto chegou a iniquidade deles, mesmo em face de todas as maravilhas do Senhor, que fizeram um ídolo para si, um bezerro de ouro, e o adoraram. Trocando a glória de Deus pela figura de um novilho que come erva. Deus os teria destruído se Moisés não tivesse intercedido por eles. Porém não se emendaram e se juntaram a Baal-Peor e comeram dos sacrifícios oferecidos a este falso deus pelos midianitas, aos quais haviam se misturado. Por isso o Senhor matou a muitos israelitas pela peste e esta teria avançado se não fosse pelo zelo de Fineias, que executou o juízo do Senhor, transpassando com sua

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lança a um príncipe da tribo de Simeão, juntamente com uma princesa midianita, à qual havia se juntado. Por causa da rebeldia de Israel na contenda das águas de Meribá, Moisés foi impedido de entrar na terra de Canaã, porque eles haviam sido rebeldes ao Espírito Santo, levando Moisés a falar irrefletidamente. Eles se misturaram aos povos pagãos de Canaã, em vez de exterminá-los, conforme mandado do Senhor, e se contaminaram com eles dando culto aos seus ídolos, e praticando os seus costumes contrários aos mandamentos de Deus. Até a seus próprios filhos ofereceram como sacrifícios aos demônios e aos ídolos de Canaã. Isto fez com que a ira do Senhor se acendesse contra eles e lhes entregou ao poder das nações, como se vê especialmente no período dos juízes e dos reis de Israel. Apesar de o Senhor tê-los libertado várias vezes, quando Lhe clamavam por socorro, no entanto, voltavam à prática das mesmas más obras. Todavia, por causa da fidelidade da aliança que havia feito com eles, sempre se compadeceu segundo a multidão das Suas misericórdias, e fez com que lograssem receber compaixão dos povos que lhes haviam levado cativos. Então, confiado nestas misericórdias divinas, o salmista orou para que o Senhor tornasse a congregar Israel, das nações para as quais lhe havia dispersado, para que dessem graças ao Seu santo nome e se gloriassem no Seu louvor.

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Salmo 107

Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, e a sua

misericórdia dura para sempre. Digam-no os remidos do SENHOR, os que ele resgatou da mão do inimigo e congregou de entre as terras, do

Oriente e do Ocidente, do Norte e do mar. Andaram errantes pelo deserto, por ermos caminhos,

sem achar cidade em que habitassem. Famintos e sedentos, desfalecia neles a alma.

Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações.

Conduziu-os pelo caminho direito, para que fossem à cidade em que habitassem.

Rendam graças ao SENHOR por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!

Pois dessedentou a alma sequiosa e fartou de bens a alma faminta.

Os que se assentaram nas trevas e nas sombras da morte, presos em aflição e em ferros, por se terem

rebelado contra a palavra de Deus e haverem desprezado o conselho do Altíssimo, de modo que lhes abateu com trabalhos o coração - caíram, e não houve

quem os socorresse. Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os

livrou das suas tribulações. Tirou-os das trevas e das sombras da morte e lhes

despedaçou as cadeias. Rendam graças ao SENHOR por sua bondade e por suas

maravilhas para com os filhos dos homens! Pois arrombou as portas de bronze e quebrou as

trancas de ferro.

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Os estultos, por causa do seu caminho de transgressão e por causa das suas iniquidades, serão afligidos.

A sua alma aborreceu toda sorte de comida, e chegaram às portas da morte.

Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações.

Enviou-lhes a sua palavra, e os sarou, e os livrou do que lhes era mortal.

Rendam graças ao SENHOR por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!

Ofereçam sacrifícios de ações de graças e proclamem com júbilo as suas obras! Os que, tomando navios,

descem aos mares, os que fazem tráfico na imensidade das águas, esses veem as obras do SENHOR e as suas

maravilhas nas profundezas do abismo. Pois ele falou e fez levantar o vento tempestuoso, que

elevou as ondas do mar. Subiram até aos céus, desceram até aos abismos; no

meio destas angústias, desfalecia-lhes a alma. Andaram, e cambalearam como ébrios, e perderam

todo tino. Então, na sua angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações.

Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram. Então, se alegraram com a bonança; e, assim, os levou

ao desejado porto. Rendam graças ao SENHOR por sua bondade e por suas

maravilhas para com os filhos dos homens! Exaltem-no também na assembleia do povo e o

glorifiquem no conselho dos anciãos. Ele converteu rios em desertos e mananciais, em terra seca; terra frutífera, em deserto salgado, por causa da

maldade dos seus habitantes. Converteu o deserto em lençóis de água e a terra seca,

em mananciais.

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Estabeleceu aí os famintos, os quais edificaram uma cidade em que habitassem.

Semearam campos, e plantaram vinhas, e tiveram fartas colheitas.

Ele os abençoou, de sorte que se multiplicaram muito; e o gado deles não diminuiu.

Mas tornaram a reduzir-se e foram humilhados pela opressão, pela adversidade e pelo sofrimento. Lança

ele o desprezo sobre os príncipes e os faz andar errantes, onde não há caminho.

Mas levanta da opressão o necessitado, para um alto retiro, e lhe prospera famílias como rebanhos.

Os retos veem isso e se alegram, mas o ímpio por toda parte fecha a boca.

Quem é sábio atente para essas coisas e considere as misericórdias do SENHOR.

Nos dois salmos precedentes o salmista celebrou a majestade, o poder, a sabedoria e a bondade de Deus nos Seus procedimentos em relação à criação e ao Seu povo, e neste salmo, ele destaca alguns exemplos da Sua providência e cuidado com os filhos dos homens em geral, especialmente nas suas angústias, porque Ele não é apenas o Deus e Rei de Israel, mas de todas as nações da terra.

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SALMO 108

Salmo de Davi

Firme está o meu coração, ó Deus!

Cantarei e entoarei louvores de toda a minha alma. Despertai, saltério e harpa!

Quero acordar a alva. Render-te-ei graças entre os povos, ó SENHOR!

Cantar-te-ei louvores entre as nações. Porque acima dos céus se eleva a tua misericórdia, e a tua fidelidade,

para além das nuvens. Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória, para que os teus amados sejam

livres; salva com a tua destra e responde-nos. Disse Deus na sua santidade: Exultarei; dividirei Siquém

e medirei o vale de Sucote. Meu é Gileade, meu é Manassés; Efraim é a defesa de minha cabeça; Judá é o

meu cetro. Moabe, porém, é a minha bacia de lavar; sobre Edom

atirarei a minha sandália; sobre a Filístia jubilarei. Quem me conduzirá à cidade fortificada?

Quem me guiará até Edom? Não nos rejeitaste, ó Deus? Tu não sais, ó Deus, com os nossos exércitos! Presta-

nos auxílio na angústia, pois vão é o socorro do homem.

Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários.

Este salmo nos faz recordar que Davi era um compositor, cantor e instrumentista ungido, que louvava o Senhor continuamente, especialmente com a harpa.

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E isto desde a mais tenra idade, porque era tocando a sua harpa que expulsava os demônios que atormentavam o rei Saul, quando Davi ainda era muito jovem. Nós temos citações neste salmo de porções dos salmos 57.7,8: ”7 Firme está o meu coração, ó Deus, firme está o meu coração; cantarei, sim, cantarei louvores. 8 Desperta, minha alma; despertai, alaúde e harpa; eu mesmo despertarei a aurora.”, e 60.5,8: “5 Para que os teus amados sejam livres, salva-nos com a tua destra, e responde-nos. 6 Deus falou na sua santidade: Eu exultarei; repartirei Siquém e medirei o vale de Sucote. 7 Meu é Gileade, e meu é Manassés; Efraim é o meu capacete; Judá é o meu cetro. 8 Moabe é a minha bacia de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato; sobre a Filístia darei o brado de vitória.” Como já comentamos anteriormente, este Salmo 60 parece ter sido escrito em plena batalha que foi empreendida em várias frentes contra exércitos dos filisteus, moabitas e sobre os siros de Zobá e de Damasco, além de ter feito os edomitas tributários de Israel. Assim, Davi clamava para que Deus não o rejeitasse e dispersasse as forças dos exércitos de Israel, por algum motivo de indignação da Sua parte, de modo que em vez disto, os restabelecesse, e que no meio dos reveses que havia feito o Seu povo experimentar, e que lhes desse um estandarte, para fazer com que os inimigos de Israel batessem em retirada. Estas batalhas empreendidas por Davi ilustram a nossa vida neste mundo, em que nossas alegrias nas vitórias que o Senhor nos concede estão misturadas aos reveses

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constantes que sofremos por causa das investidas do Inimigo. Somente o Senhor pode libertar o Seu povo dos ataques do Inimigo, e por isso Davi lhe pediu que respondesse à sua oração, e que os salvasse com a Sua destra.

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Salmo 109

Salmo de Davi

Ó Deus do meu louvor, não te cales!

Pois contra mim se desataram lábios maldosos e fraudulentos; com mentirosa língua falam contra

mim. Cercam-me com palavras odiosas e sem causa me

fazem guerra. Em paga do meu amor, me hostilizam; eu, porém, oro.

Pagaram-me o bem com o mal; o amor, com ódio. Suscita contra ele um ímpio, e à sua direita esteja um

acusador. Quando o julgarem, seja condenado; e, tida como

pecado, a sua oração. Os seus dias sejam poucos, e tome outro o seu encargo.

Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva, a sua esposa. Andem errantes os seus filhos e mendiguem; e sejam

expulsos das ruínas de suas casas. De tudo o que tem, lance mão o usurário; do fruto do

seu trabalho, esbulhem-no os estranhos. Ninguém tenha misericórdia dele, nem haja quem se

compadeça dos seus órfãos. Desapareça a sua posteridade, e na seguinte geração se

extinga o seu nome. Na lembrança do SENHOR, viva a iniquidade de seus

pais, e não se apague o pecado de sua mãe. Permaneçam ante os olhos do SENHOR, para que faça

desaparecer da terra a memória deles. Porquanto não se lembrou de usar de misericórdia,

mas perseguiu o aflito e o necessitado, como também o

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quebrantado de coração, para os entregar à morte. Amou a maldição; ela o apanhe; não quis a bênção;

aparte-se dele. Vestiu-se de maldição como de uma túnica: penetre,

como água, no seu interior e nos seus ossos, como azeite.

Seja-lhe como a roupa que o cobre e como o cinto com que sempre se cinge.

Tal seja, da parte do SENHOR, o galardão dos meus contrários e dos que falam mal contra a minha alma. Mas tu, SENHOR Deus, age por mim, por amor do teu nome; livra-me, porque é grande a tua misericórdia. Porque estou aflito e necessitado e, dentro de mim,

sinto ferido o coração. Vou passando, como a sombra que declina; sou atirado para longe, como um

gafanhoto. De tanto jejuar, os joelhos me vacilam, e de magreza

vai mirrando a minha carne. Tornei-me para eles objeto de opróbrio; quando me

veem, meneiam a cabeça. Socorre, SENHOR, Deus meu! Salva-me segundo a tua misericórdia. Para que saibam

vir isso das tuas mãos; que tu, SENHOR, o fizeste. Amaldiçoem eles, mas tu, abençoa; sejam confundidos

os que contra mim se levantam; alegre-se, porém, o teu servo.

Cubram-se de ignomínia os meus adversários, e a sua própria confusão os envolva como uma túnica.

Muitas graças darei ao SENHOR com os meus lábios; louvá-lo-ei no meio da multidão; porque ele se põe à

direita do pobre, para o livrar dos que lhe julgam a alma.”

Quando lemos o testemunho de Davi acerca das suas muitas tribulações, tais como temos o de Paulo,

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registrado no Novo Testamento, perguntamo-nos qual era o segredo de ambos para estarem em permanente comunhão com o Senhor, apesar das muitas aflições que sofreram, especialmente da parte de pessoas ligadas ao ministério de ambos, e que lhes eram muito estimadas. O coração desfalece e a alma se abate quando estamos diante do sofrimento de pessoas amadas. Ainda mais quando nossa alma está ligada à de tais pessoas, tal como a alma de Jacó estava ligada à de Raquel, José e Benjamim. Quando enfermidades, que são para a morte, atingem estes amados, parece que a sentença de morte é maior em nós do que neles, pela dor da separação previamente sentida. A dor dos discípulos quando receberam de Jesus a notícia de que Ele partiria e que os deixaria, foi algo insuportável, porque Ele era todo perfeição, amor, bondade. E, neste caso, é tão mais dura a perda, quando as pessoas que nos abandonam se aproximam de tal caráter de nosso Senhor. Mas, no geral, não é este o caso. É a luz destas reflexões que podemos entender melhor os sentimentos de Davi expressados neste salmo. É o lamento de uma alma justa suspirando tal como Jesus e como o apóstolo Paulo, diante da iniquidade dos homens. A condição da realidade do pecado que opera na humanidade leva a alma do justo a se consagrar e a se voltar inteiramente a Deus, e esperar pela Sua consolação, não raras vezes com as dores dos muitos espinhos na carne, que nos foram lançados pelo diabo, contra quem temos realmente de lutar, porque as

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pessoas nada mais são do que meros instrumentos em suas mãos para afligirem os santos. Davi diz que em paga do seu amor estava sendo hostilizado pelas pessoas que amava. As quais falavam dele com lábios maldosos e fraudulentos, e mentirosos. Derramavam palavras odiosas contra ele e sem causa lhe faziam guerra. E ele diz o que se limitava a fazer nestas situações: orava. Todo o bem que ele lhes havia feito foi pago com o mal, e o amor com o ódio. É assim que a humanidade em geral faz em relação a nosso Senhor Jesus Cristo. É triste e lamentável, mas é verdade. É possível que a pessoa que inspirou a escrita deste Salmo tenha sido Aitofel. Davi lançou sobre ele o mesmo anátema que usava contra todos aqueles que se fazendo de seus amigos, buscavam na verdade o seu mal e o da causa da justiça e da verdade. Ele não ficava se remoendo em suas dores, mas entregava o caso nas mãos de Deus, para que exercesse os Seus Juízos, segundo a Sua justiça. Davi não ficava a lamentar num canto por esta condição quase reinante da iniquidade nos corações das pessoas, e que se manifesta em grande fúria contra aqueles que são devotados verdadeiramente a Deus. Na dispensação da graça, não devemos usar as mesmas palavras amaldiçoadoras, porque aqui não nos é permitido pelo Senhor amaldiçoar os nossos inimigos, mas devemos entregar-lhes em Suas mãos, pela oração, porque é a Ele que compete julgar com justiça, e

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devemos fazer isto sem lhes desejar qualquer mal, senão o bem. O que deve prevalecer é a atitude de pedir ao Senhor que aja por nós, por amor do Seu nome, para que não seja infamado, e que nos livre do mal, segundo a Sua grande misericórdia, tal como fizera Davi, para que o nosso coração continue experimentando a paz do Senhor. E ele declarou o motivo de estar fazendo tal pedido a Deus: “Porque estou aflito e necessitado e, dentro de mim, sinto ferido o coração. Vou passando, como a sombra que declina; sou atirado para longe, como um gafanhoto. De tanto jejuar, os joelhos me vacilam, e de magreza vai mirrando a minha carne. Tornei-me para eles objeto de opróbrio; quando me veem, meneiam a cabeça. Socorre, SENHOR, Deus meu! Salva-me segundo a tua misericórdia. Para que saibam vir isso das tuas mãos; que tu, SENHOR, o fizeste. Amaldiçoem eles, mas tu, abençoa; sejam confundidos os que contra mim se levantam; alegre-se, porém, o teu servo. Cubram-se de ignomínia os meus adversários, e a sua própria confusão os envolva como uma túnica. Muitas graças darei ao SENHOR com os meus lábios; louvá-lo-ei no meio da multidão; porque ele se põe à direita do pobre, para o livrar dos que lhe julgam a alma.”

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Salmo 110

Salmo de Davi

Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos

teus pés. O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder,

dizendo: Domina entre os teus inimigos. Apresentar-se-á

voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder; com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da

aurora, serão os teus jovens. O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote

para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. O Senhor, à tua direita, no dia da sua ira, esmagará os reis. Ele julga entre as nações; enche-as de cadáveres;

esmagará cabeças por toda a terra. De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça

erguida. Este salmo é totalmente profético e se refere ao Messias. Por ele vemos que Davi não era apenas rei, mas também era profeta. E lhe foi dado falar de muitas coisas relativas à Igreja e ao reino futuro do Messias. O início deste salmo foi citado pelo próprio Jesus no seu debate com os fariseus, quando lhes mostrou que Davi havia dado testemunho dEle, pelo Espírito: “41 Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos, interrogou-os Jesus, dizendo: 42 Que pensais vós do

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Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe: De Davi. 43 Replicou-lhes ele: Como é então que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo: 44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de baixo dos teus pés? 45 Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho? (Mt 22.41-45). É afirmado também neste salmo que Jesus reinaria sobre as nações, estando em Sião. E que o povo que o servirá se apresentará a Ele de modo voluntário no dia em que manifestar o Seu poder reinando e convertendo-lhes os corações a Ele, e que o farão estando ornamentados santamente, tal como o orvalho que cai na aurora. É declarado também no salmo o sumo sacerdócio eterno de Jesus, não sendo da ordem dos levitas, mas segundo a ordem de Melquisedeque, porque Ele faria alterações na lei sacerdotal, uma vez que aboliria todos os ritos e sacrifícios cerimoniais. E quando se manifestar o dia do Juízo, por ocasião da Sua segunda vinda, ao qual Davi chama no salmo de “dia da sua ira”, as nações serão julgadas, os reis ímpios esmagados, e muitos ímpios morrerão, mas o Senhor passará entre eles de cabeça erguida, rumo do caminho da entronização eterna que Lhe foi designado pelo Pai.