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Poesia do
Reino dos Vegatais
Índice: Projeto editorial com missão de talhar o
tema das flores e frutos sob perspectiva poética. A
narrativa, aqui, busca conciliar a natureza textual
com os produtos da terra, sem interferência do
valor de mercado. 3. Íris
4. Hortênsia e Romã
5. Espada de são Jorge
6. Vitória-Régia
7. Pêssego
8. Flor de maracujá
9. Algodão
10. Magnólia
11. Fruta do conde 12. Alecrim
13.Ameixa & Amora 14. Morango e Laranjeira
15. Carvalho Escarlate 16. Graviola
17. Linho e Mate 18. Malus Domesticae
19. Lírio & Orquídea 20. Cereja e Framboesa
21. Marsilia Policarpa 22. Tulipa & Melissa
23. Figo & Banana 24. Coco Verde
25.Phalaris Cannariensis 26. Cafeeiro 27.Pêra
Íris O sol que paira em minha fronte enquanto durmo faz-me abrir os olhos e contemplar a beleza da tarde. Folhas, galhos, troncos seguem o ritmo do vento numa envolvente dança. Não há uma árvore, mesmo com suas sólidas raízes, que não se sinta seduzida por essa nobre essência: o ar. Cantam um misterioso som ao se roçarem todas: folhas com folhas, com flores, com frutos flutuam guiados pelo vento, até que este deixe de proporcioná-los tamanho prazer...
Elas se acalmam...
Algumas, as mais sensíveis, ainda sentem o envolver desse elemento; tremem excitadas, soerguem-se, porém sempre dependentes do fluir de seu senhor.
Este que de tão calmo parou.
Inesperadamente revolve as folhas secas do chão, sobe arrepiando os pêlos e me acaricia a pele, sorrateiramente soa ao meu ouvido. Sussurra. Uiva. Preenche o vão existente entre a pele de minhas costas e o tecido de meu vestido.
De súbito uma flor cai sobre meu colo. Enquanto a cheiro, uma de suas pétalas encosta, encontra meus lábios. Deslizo-a pela pele de meu pescoço descendo por entre os seios descobertos. Cada célula do meu corpo ofega seu perfume. Ouriçam-se os pêlos orvalhados pelo toque sutil de cada pétala inundada. Trocam-se os líquidos. Pólens penetram nos poros mais profundos.
Nasce novas qualidades de flor!
Hortênsia
Certa noite em sonhos embalsamados
Ártemis viceja em campos herbáceos
Seu cesto tecido por fios e Nardo
Acumulam flores em tom violáceo.
Hortênsias propiciam cuidados
à Alma destituída de seu palácio.
Olivas angulam facilmente entre os dedos
A satisfazer o corpo frágil e quedo
Assim andava Ártemis a ofegar epitáfios
Púnica Granulatum
Entre amigos a recitar fardos
Discursivos em práticas oratórias
Há dois longos dias de trabalho no senado
Eis os bravos belicosos advindos de
Anatólia.
Comandante da tropa, de Marte o vencedor,
Derrama o resto de chá de nardo a repor.
Competente sobre a mesa, medidas sãs:
-Saboroso fruto medicinal ignoto
Que viria a ganhar cognato nome: -Romã.
Espada de São Jorge
Valente qual São Valentim
Em data de romance
Saí disposto a perfurar
Qualquer corpo que opusesse ao festim
De aljava dueto de longo relance.
Vencera a coragem por fim...
O cenário de oásis passível.
De ter desconforto por imensas folhagens
Natural. Encanta por som aprazível
Cheiro de mata e úmidas imagens.
A celebrar a conquista heroica pedi a São Jorge.
Que ele sua espada cedesse a outrem
Pois, quero que você, hoje, a minha forge.
Copo de Leite
Pouco ornamento tem sua flor
Longo caule vigora miolo agudo
Pétala única serve por escudo
De bela forma e santa cor.
Tens a alvura do líquido original.
És rígido, aspecta-te duradouro.
És a flor uniforme do alto deleite
Da donzela montada em unicórnio d’ouro
A pisar exércitos de copo-de-leite.
Vitória-Régia
Andava a virgem índia pela beira
Do Rio Amazonas, mas surpreendeu-a
Trovoadas e a chuva veraneia.
Apavorada a pequenina entra n’água.
Um galho de árvore jacarandá
De idade secular servia de sustento
E proteção ao curso do rio lamacento
que há muito amedronta,
E a jovem que lutava em águas turvas
Sendo arrastada corredeira conta-
Se que até cobra sob a superfície
Vira deslizar em perfeitas curvas,
Escapando-lhe das mãos o tronco retilíneo...
Afundara várias vezes. Já sem consciência,
Mas de modo artífice...
Toca em algo como se calçasse
luvas...
Um inglês de uniforme e uma rede
média
Ergue a menina e a bota no barco.
Presta os primeiros socorros e a mulher,
em meio ao barro,
Renasce, em sua palma sangrando:
Perfeita Vitória-Régia.
Pêssego
Persigo-te por cômodos e portas;
Sorte que ouço seus risos incômodos
na varanda, e te olho. Tranças soltas
a perder-se no sítio feito bicho indômito
Ponho empenho em quista caçada;
Gargalha de mim e se esconde.
Bravo grito teu nome que ecoa ao longe,
mas não demonstras se te agrada
ter-me por companhia de baga
Ao longo da larga temporada, se não me respondes.
E pelo fruto do desejo em te ter sigo
entre os cantos de pintassilgo.
Vencedor pelo ímpeto desse ego
ouço teus olhos em pleno sossego.
Sentada qual princesa mordilha pêssego.
Ouriçam-se meus pêlos quando em ti penso.
Agave
O cacto não tombou sobre o asfalto.
Pois, embora a caatinga tenha se modernizado
Sua árida característica de terra abatida
Inda ronda e assola a realidade.
O cacto tombou trincando o solo.
De suas interioridades fluiu a vida
Que escorre em meio a terra que se esvai
Do caule da flor de Agave
Tombada, esguias mudas em novidade.
Flor de Maracujá
Concorrendo com os insetos
Ao perfume da flor de maracujá
Incensos imediatos defloram a inebriar
Os voos mais precisos; as danças
Odoríferas. E maduros insetos tornam-se crianças
Despreocupadas com o fio de seu tear
E são tantos rodopios e pousos exatos
E são tantos nexos que capto
-Para obter o útil néctar da caleta
Propõem-se vôos poéticos; embora incertos.
Algodão
Sol poente no horizonte rajante.
Luz que desce emudecendo o vento úmido.
Anjos que anuncio entre o brilho das nuvens
que vejo deitado sobre a relva macia.
Exausto do cultivo,
perdo o corpo no solo do plantio.
E, olhando pro alto já nem sei se distínguo:
-A nuvem de algodão feitio.
Ao Entardecer
Esteve agradável ver a borboleta amarela
Entre tantas folhas verdes
Há folhas amarelas
Mas existem flores em todas as árvores;
E a borboleta se perde entre as flores amarelas
Se a tudo o que é grande chamam-lhe magno
Magno é ver o pequenino botão de magnólia
Abrir-se para a i m e n s i d ã o.
Debruço-me sobre o m o g n o
Donde colho na palma a magnólia despendida,
Escolho a p á g i n a de um Livro
Para que a pétala marque, magnificamente.
Entre abertas
O livro bate as asas
O vento as páginas
Reflito
Debruço água
estarreço
em lápis-de-cor
as janelas
do vento, que leia
do livro.
O Sol.
sobre as azaleias
O mineral
sobre o papel.
Fruta-do-Conde Em bailes imperiais
A valsa (sempre o rítmo
Mais esperado) e o litígio
Gentil dos convites especiais
À dança.
Em salas em que repousam donzelas
Conversas frutíferas repletas de néctar
E frutas, compotas de caldas e beijos que se esconde
Em quinas, cortinas: insinuantes frutas do conde.
Ananais
Desponta de seu trono a fruta real-
mente madura, aquela que com força
é arrancada de seu penco, nem ponche
agradável poderia tornar-se sem mel e álcool.
Aquela que se oferta às mãos qual prosa
Mostra-se donzela de culta classe
Se expecta, pode tornar-se podre, ou prenda;
Mas se seduz; seu perfume que sede
És capaz de dar a quem se prende
Mas se azedo, o rei dos frutos é arrancado
Verde enraivece e sua coroa não desprende.
Nem Arthur ousaria tirá-lo da cabeça e perder o ducado
Nem Vitória, haveria de ser contente.
por lhe cortar a cabeça,
Hortelã
O doce sabor dos frutos
O perfume das flores pela manhã
Teria mais contento que debruçar o busto
Sobre o robusto pé-de-hortelã?
Colher alguma das folhas da Ásia nativa
Ferver a água na chaleira
Para que o justo mentus motive
Uma festa em desjejum:
Chá e amanteigados, ..............
Alecrim
Dentre o mato destacável
O alecrim se reconhece
Como a alegria da campina
E balança, e, dança ao vento
Dentre a grama verdejante
O brilho dourado do alecrim
Conquista destaque, mesmo distante
Eis que baila em Veneza
Em São Paulo, Coimbra, Turim.
Ameixa
A lentas gotas seca a ameixa
Formando intenso brilho ao lustre
Vermelho, violado anil; tecido de gueixa.
Cetim a lhe tocar os lábios, sutis fustes
Furto dos sumos pomos que nos nutre
Fartos frutos que azedo gosto deixa
Em meio ao casto mel a quem os beija
Amora Amorosamente, tratamos todas, uma a uma,
Sem reprovar qualquer das amoras graúdas
Postas à fermentação solar em vasos
[ que apruma ]
Aromas que a todos em um lar contentemente
[se saúda ].
Vinhas de amora são produtivas e marcantes
Encarecem por motivo de máquinas de debulho
Ter baixo incentivo e por isso manualmente se
[ mantêm os fabricantes, ]
Desse aperitivo saboroso, exótico que a tempos
[ depuro ]
Morango
Em meios aos silfos matutinos
Ouço. E o néctar de teu sumo ao orvalho.
Bem começo a graúda colheita a tino
de ter à mesa fruto de um bom trabalho.
Morango silvestre de ótima safra
Em porções comportadas se tornarão
Compotas de real geleia
A serem comercializadas por cifras bardãs
Em todas as ruas pelas manhãs
Laranjeira
Da janela do quarto que durmo
Frestas de luz-solar
E barulho na madeira do assoalho soturno
Me faz querer levitar ao canto do sabiá
Bem sei que o som que escuto
São dos passaros livres nos galhos à beira.
Eu que acordo, nem mexo, nem descubro
Porque assustei-me tanto se já sabia
Que sabiás assobiam –acordes-
no pé de laranjeira
Carvalho Escarlate
Pasmas a extensão de seu arvoredo
Demoras bem uns cem anos para plena maturidade
Atingir. A poucos encanta sua mocidade
Sem flores, sem amores.
Mas, eis de manhã cedo:
-Bem-te-vis que vitalidade dão a seus galhos.
E, os ovos da casa de barro trepidam de medo
Dos lagartinhos do fim da tarde no carvalho.
Passo as horas namorando-te inteira
Procuro castanhamente as cores de
íntima parte.
Suas folhas trêmula de rígida maneira
Se desprendem a cobrir intimidades.
E santas se emocionam, suplicam
Pelas folhas úmidas de rubra beldade
Que por húmus calhado aos pés indicam,
Como a phênix, renascer da fragilidade
O Carvalho Escarlate
Graviola
Grave o que fores fazendo com a viola
Monte do repertório práticas diárias
Um dia irão chamar o amor de ilária
Flor angulante com colarinho, bravatas e golas
Antes que o amor seja nobre, e
Aos poucos: rotulado, cheio de títulos,
Inscreva-se nos contornos e cobre
O seu direito em se sentir digno ou ridículo
Por amar à moda dos versos antigos.
E se o amor atingir um barão; ou ser conde.
E se o gosto lembrar fruta-do-conde;
nas melodias gravadas, embora agudas,
graviolas de polpa película vinculam.
aves canoras que bons versos articulam,
ora livres, i n d e p e n d e n t e s nas horas;
ora p r e s a s nas goelas, gaiolas.
Linho
Hidrato os pêlos do meu dorso
Tecido a fibra de linho
Na deriva do rio braços contorço,
Lógicos movimentos também de pescoço;
Entre limpos cardumes, terreno golfinho
Sorrindo a me esperar, a ti confio
A blusa de linho Azul-marinho
Somam harmonias n’agua do rio,
Cadência em ondas sutis de anil;
Em taças o tom cristal do vinho.
Mate
Cultivo o claro de meus olhos às tardes
que passo ao ar livre com colegas e chimarrão.
Gurias entre elas debulham folhagens
E, cá entre nós, a natureza se tinge de mate
Quando ao som do violão
Danam-se a pisar nossa erva
As mulheres que dançam
Em tardes de inverno que neva.
Os olhos se ofuscam, umedecem-se na relva
Ao vê-las vibrantes nos gestos; criam; avançam
Malus Domesticae
Encarregada estavas de limpar e dar sustento
Mas, não cumpristes com seu labor
Os desígnios de purificação
(daí parte meu rancor
Para com todo o seu portento.
És o mal de meu templo
És o fruto do desagrado
Primogênita das frutas por metal raspado
Quando da infância prepara-se o alimento
É por isso que te desprezo, como ignoro o
conhecimento
Pois, se meu corpo sofre em febre
Culpas tens tú de apodrecer em meu cesto.
......................................................
Lírio
Eis que é noite e da lua vejo
O brilho dos seus olhos em reflexo.
Embora, me julgue em pleno delírio
Apodero-me de um branco lírio
Que rege a saturnidade hasta um perplexo
Raiar do Sol que desejo.
Orquidea
No topo dos nomes arquejantes
Em harpas de anjos protestantes
Façam orquestras à primeva
Dentre as flores que leva
A tantos santuários
O belo, exótico da arquitetura:
-Dessemelhanças dos orquidários:
-Grossas folhas verdes e delicadas
flores que beiram a miniatura.
Cereja
Serenavas sobre o leito ao relento
Enquanto colhia para ambos cerejas
na árvore do jardim; ainda suspeito
que outra pequenina muda se erga
com as sementes de jubiloso proveito.
Em taças de prata amargo líquido levado
à boca; taças de vidro decorado
Chantilly que mergulho cerejas seletas
em tarde de serenatas cálidas e quietas.
Framboesa
Frementes folhas suportam fria estação.
Vento gélido inibe a árvore arbustiva,
Entretecida pra modo se aquecer. Furtivas
framboesa perduram pendurada em pendão
De cachos vários. Dão ao homem mais blasè
A alegria por caminhar munido de admiração.
Calores no movimento orgânico, clara proeza.
Organizado tear da natureza; atônitos olhos
Colorem o frio outonino, por fixar
: sabores de framboesas
Hemp
Folhas que se alongam feitos dedos
Em uma palma. Afirma-se pelo olfato
Não ser uma planta comum, e de fato
Na culinária, entre os ritos védicos, entre os medos
Dos Aedos de esquecer os versos épicos:
-Eis a cannabis que ativa o cérebro a mitos proféticos.
Trevo –Marsília polycarpa
Guardo comigo a pétala de quatro folhas
A pequenina marsília dá-me sorte,
feito a santa que protege as escolhas,
feito a Vida que vence a morte.
O trevo é uma flor irreprodutiva.
Um formato simples, mas de grande estima
Entre civilizações que as têm,
Sem ter quem as cultiva.
Após a grama, o máximo sinal de terra forte
É ver crescer, alheiamente, o trevo-da-sorte!
Melissa Officinalis
Ávido chego ao escritório
Ofícios pendentes em gavetas dispersos
Companhia atrasa atenção aos imersos
Movimentos que organizam fólios
Eis que recebo belissimo buquet
Para que perceba as organizações tais
Etiquetado “Melissa Officinalis”
Organismos e se farte de pomos, atraia
Ganha o tempo dimensões, quais o portal
Transpirações a brandos sofismos
Que se abre em resposta a por quês.
Tulipa
Habituado a novas terras, desde que irrigada
Ares sopesam, mas não me impede d’alto monte
Manter a grave postura erguida, pois agrada
Ter dos raios de Sol, a brisa primeira do horizonte
Aurora d’outono lilás, equilíbrio técnico corporal
Imitam cálida tulipas coloridas. Plantadas
nas alturas do jardim, brotando néctar por bebida
Às abelhas inebrias; observo a flor angelical
Abrir-se qual asas, pétala a pétala trepida.
A postura, porém, rígida d’yoga permanece
Original
Figo
Frui macio meu mordilhar
Em sua carne caudalosa
E o felpo de sua superfície
Favorece o deleite a que me fiz.
Dunas que afago
Recostado no limo seco de um rochedo.
Esqueço
Minhas vestes que quara ao Sol que sigo
Por deliciar-me, há horas, de doces figos.
Musa Paradisíaca
Cachos de fruta nutritiva
Saboroso fruto verde e ouro
Despenca de uma flor gerativa
A mostrar o esplendor da fruta revestida
[ com couro .
Um pendão de banana pesa mais
Que um bebê recém-nascido.
A fruta não retêm líquido, por isso a massa
Ter tamanha densidade.
Embora lustroso amarelo se mostre a casca
Há quem não conheça o sabor dos ritos de
[ solenidade .
..................
Coco-verde
Sentar em uma cadeira de Sol
Beber da água contida no coco
Verde, e olhar o sufoco maior
das ondas revoltas que parecem louca-
mente se jogarem contra a ribalta.
Estarrecer-se à escuta do mar
Que viola a harmonia
Somente por violenta cadência;
Assim também, a plácida água que há por dentro,
Misteriosamente doce, sob grossas fibras envolta
Reserva-se cristalino de fruto placentário.
E te pergunto sobre a semente, caroço ou flor
Que seja do pé de coqueiro o feto originário.
Phalaris Canariensis
Ao pisar sobre altas ramas campestres
Onde se encontra camufladas espécies
De gramíneas indistintas. Há mestres
Capazes de cindir as pistas em prontos
Painéis. As tardes se entretecem em
Alegres e canários cantos.
Destaca-se o homem que tanto
Grãos de alpistes joga pelo ar
Quanto conversa em assobios santos.
Outrora, lamenta doces prantos
E os pássaros passam nos galhos a escutar.
Amendoeira A jovem Amendoeira entregue ao tempo
Conforme ao mineral aquoso: cresceu;
Torceu seus galhos, flexíveis, ao céu
Dando-lhe graça, força e ornamento.
Em flores cobriu o véu da primavera
Doce aroma, a rosácea Amendoeira
Deu frutos veraneio e em frasca-
rios de óleos frios, o justo ungüento.
Cafeeiro
Anestésico, calmante e energético natural
Não há manhã que inicie sem café
A bebida brasileira, por excelência tropical
Desde um quarto do século XX, e com cafuné
Acordaste para servir nosso matinal.
Em manhãs de crise absoluta
Eis você novamente a dar-me n copo
Um forte café sem açúcar
E se te peço o mel da cana
Reclamas, pede pra sentar
E esperar na cama.
E se te faço um verso
Crês que é protesto, e me assanha.
Pêra - Pyrus Comunis
Eis a fruta que se espera
A forma atraente o bastante
Para compor morta natura
Em quadros sozinha ou com amante
De poeta que palheta de cores tinha
Em um quarto ao lenço ou lençol
A fruta envolta se protege
As curvas galantes nos deixa ver
A amada face da mulher
Que em mãos, à vontade,
Pêras são mordidas, ora descascada.
Tecidos a cobrir intimidades
Em primeiro plano: pêras ao suplat
De prata, e musas intactas figuram a esperar
Cenas regidas ao som de cameratas.