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Trabalho de Conclusão de Curso
RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA
Rosangela Luiz da Silva Furtado1
Camilo Henrique Silva
RESUMO: O Presente Artigo apresenta o referencial teórico-metodológico baseado na pesquisa,
coletados e analise do Projeto de Pesquisa realizado na Escola Municipal Padre Tomaz
Ghirardelli em Campo Grande/MS; Bairro Dom Antônio Barbosa. Nossa reflexão durante os
estudos do tema, discute as funções sociais da família e da escola; e discorre sobre a
experiência dos encontros com os pais no intuito de estreitar as relações e aproximar a família
da escola por meio de ações de fortalecimento de vínculos, visto que a maioria dos pais,
familiares e ou cuidadores demonstram insegurança quando o assunto é a Educação dos
filhos e estes por sua vez, tem papel fundamental na realização deste processo.
Palavras-chave: Família. Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli. Educação.
Relacionamento.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo promover reflexão sobre a importância da participação
da família na escola e na vida escolar de seus filhos, já que o diálogo entre essas duas
instituições é essencial para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que
é na família que recebemos noções de princípios e valores como, por exemplo: tratar as
pessoas com dignidade. É nela que encontramos nossos primeiros professores e
automaticamente recebemos ensinamentos que refletirão e perdurarão por toda nossa vida.
Quando conseguimos associar a família no contexto do universo escolar, conseguimos
cumprir com os papeis Políticos e Sociais na Educação e automaticamente a possibilitar a
comunicação e a aproximação entre pais e filhos.
A participação da família no ambiente escolar é fundamental no processo ensino
aprendizagem, pois ambas integradas e atentas podem detectar dificuldades de aprendizagem
que as crianças possam vir a apresentar ao longo de sua vida educacional. A família deve ser
parceira da Escola para juntos oferecerem e desenvolveram trabalho de cumplicidade nos
assuntos relacionados ao ambiente e formação escolar.
1 Assistente Social- Universidade Anhanguera Uniderp de Campo Grande/MS. Realizou Curso de Extensão
Universitária - Universidade Federal de Santa Catarina- UFUSC. E-mail: [email protected].
Trabalho de Conclusão de Curso
Ao longo da História da Educação no Brasil, sabe-se que a família ocupou papel de
grande relevância na formação humana e inclusão de valores na formação de seus filhos. A
família e a Escola devem manter laços fundamentais no processo de aprendizagem, faz-se
necessário que ambas caminhem juntas e tentem na medida atrelar os mesmos princípios e
critérios com relação aos objetivos que desejam atingir na formação das crianças, jovens e
adolescentes que lhes são confiados.
A interação entre Escola - Família é de suma importância no processo de ensino
aprendizagem, mas nos dias de hoje, a educação tem sido assistida com grande
descredibilidade, até mesmo por parte da sociedade. Diante desta triste realidade, e com a não
participação ativa da família na vida pessoal e escolar de seus filhos a Equipe Pedagógica
busca formas de incitar participação ativa da família na escola e automaticamente estimular a
participação dos pais na vida escolar dos seus filhos.
2 O BAIRRO DOM ANTONIO BARBOSA
Antes de abordarmos o trabalho realizado, se faz necessário contextualizar a realidade
em que se encontra a comunidade do Bairro Dom Antônio Barbosa e narrar brevemente a sua
história até para tentarmos entender o relacionamento entre comunidade educativa e a
família.
A comunidade Dom Antônio Barbosa, está localizada na região urbana do
Anhanduizinho, bairro Parque Lageado. Este loteamento foi lançado pela Prefeitura
Municipal de Campo Grande-MS em 1994, para remoção de favelas. Está localizado na
região Sul, distante aproximadamente 12 km do centro comercial e próximo do “lixão”, às
margens da rodovia MS-455 (saída para Sidrolândia).
O Loteamento foi criado em 1994, com aprovação oficial em 22/03/1995. A
comunidade originou-se do processo de remoção de famílias vulnerabilizadas provindas de
diversas regiões da cidade por iniciativa do Poder Público Municipal, como prática de uma
política de acesso à moradia e de justiça social, passando pela aquisição barata da terra
urbana na periferia da cidade, via de regra, sem os serviços básicos de infraestrutura.
No caso das famílias que vivem nesta região a maioria representa socialmente a
pobreza, a exclusão e, nesse sentido, sofrem discriminação. É desse modo que essa
comunidade, antes de mesmo de ser territorializada, nasce com a marca da exclusão
territorial.
Trabalho de Conclusão de Curso
De acordo com os dados estatísticos do Instituto Municipal de Planejamento Urbano –
PLANURB, em 2004, a comunidade do Dom Antônio Barbosa era aproximadamente de seis
mil habitantes, correspondentes a 0,817% da população de Campo Grande/MS e que em 1°
de julho do mesmo ano era de 734.164 habitantes. O loteamento Dom Antônio Barbosa
nasceu, com a migração de famílias muito pobres provindas de invasões da beira de córregos,
mas que eram trabalhadores, ávidos pela casa própria.
Abaixo apresentação de tabela quantitativa das primeiras remoções de famílias que
iniciaram o povoamento do Dom Antônio Barbosa:
Tabela 1: Remoção de Famílias com Destino Dom Antônio Barbosa.
Ano Número de Famílias Origem
1994 68 Diversos Territórios
1995 52 Jd. das Reginas/ Invasão
1995 52 Lagoa Dourada
1995 70 Estrela D’Alva/ Invasão
1995 23 Sol Poente
TOTAL 265
Fonte: PLANURB. Relatório 1993-1996, Campo Grande/MS
As crianças e jovens destas famílias, a maioria são atendidas pela Escola Municipal
Pe. Tomaz Ghirardelli, (foto n.1), construída em 1998, com trinta e seis salas de aula,
biblioteca, duas salas de informática, quadra de esporte coberta, cantina e área administrativa.
O ensino é oferecido nos três períodos (Manhã/ tarde e noite) e atende cerca de dois mil e
seiscentos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental e também Educação Especial.
Dentre vários Projetos oferecidos para a Comunidade se destacam: PDE, Aceleração da
Aprendizagem, Judiciário, PROERD, Se Liga, Alfa e Beta, RC Alfa, Aceleração da
Aprendizagem do Ensino Noturno (Ensino Fundamental II) e Fase I e II.
3 A ESCOLA MUNICIPAL PADRE TOMAZ GUIRARDELLI
A Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli foi fundada em 1998 e inaugurada no
mesmo ano, no dia 13 de fevereiro. Atualmente é considerada uma das maiores Escolas de
Campo Grande/MS e tem 18 anos de fundação. Ao longo de sua trajetória sofreu várias
Trabalho de Conclusão de Curso
modificações e atualmente é um dos pontos de referência para a comunidade do bairro Dom
Antônio Barbosa.
Em sua fundação possuía área construída de 1876 m², com 10 salas de aulas de Ensino
Fundamental, 2 salas de Educação Infantil, 1 sala de Informática, 1 sala de Multiuso, 1 sala
de Orientação Pedagógica, 1 Cozinha/Cantina, 1 Despensa, 1 Depósito de Material de
Limpeza, 1 Sala para a Diretoria, 1 Secretaria, 1 Sala de Professores, 1 Pátio Coberto,
vestiários/sanitários, estacionamento, 1 quadra poliesportiva e playground. Atualmente
segundo dados do Censo/2014: 37 de 36 salas de aulas utilizadas, 150 funcionários, Sala de
diretoria, Sala de professor, Laboratório de informática, Laboratório de ciências, Sala de
recursos multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado (AEE), Quadra de
esportes coberta, Quadra de esportes descoberta, Alimentação escolar para os alunos,
Cozinha, Biblioteca, Parque infantil, Banheiro dentro do prédio, Banheiro adequado à
educação infantil, Banheiro adequado a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida,
Dependências e vias adequadas a alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, Sala de
secretaria e Pátio coberto.
A Instituição conta com o apoio do Governo Federal, Município e a verba é repassada
no ato da comprovação de necessidades da escola por meio do Plano Direto de
Desenvolvimento Escolar- PDDE.
A direção da escola traça objetivos tanto para alavancar o ensino aprendizagem
quanto ao espaço físico, através de projetos que resultará num melhor índice de
desenvolvimento. Segundo a direção, nem sempre o repasse é o suficiente, mas com estudos
de gráficos das necessidades da instituição, ela executa a distribuição minuciosa, visando o
melhor resultado.
Tendo em vista esse trabalho, o espaço físico da escola é bastante acolhedor. Sua
estrutura e infraestrutura atende com excelência os que ali transitam. As salas de aula são
arejadas e com boa luminosidade, estando em ótimas condições para uso, com livre acesso a
qualquer repartição necessitada. Destacando ainda a existência da acessibilidade, que só vem
comprovar o bom trabalho quanto à distribuição dos repasses recebidos. Até porque a escola
atende um elevado número de pessoas com necessidades especiais. Não que o público
atendido seja somente esse, mas a gestão atual tem se precavido de situações vindouras.
Há dois anos e meio, um projeto idealizado pelo professor de Educação Física
Maxsandro da Silva, 37 anos, movimenta cerca de 50 alunos. Após as aulas, os jovens
Trabalho de Conclusão de Curso
praticam beach tênis, espécie de adaptação do tênis às quadras de areia. Segundo Maxsandro,
o projeto tem papel social e de rendimento esportivo. “É uma área carente, violenta. Tiram
esses alunos da rua para praticar beach tênis, e os pais acompanham também. Um aluno de,
14 anos, saiu do projeto e já competiu pelo Campeonato Brasileiro. Ele é espelho para o resto
dos participantes”, conta. Maxsandro pretende levar as aulas gratuitas para o Parque Ayrton
Senna. “Tem melhor estrutura, é um local próprio para o esporte”, conclui. População essa
que na maioria dos casos residem em torno da escola e que quase sempre se locomovem a pé,
tendo um trajeto bastante acessível.
Foto 1: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli
Foto 2: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli
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Foto 3: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli
Foto 4: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli
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Foto 5: Escola Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli
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4 A FAMÍLIA
De acordo com o Aurélio (1999), a palavra família pode ter vários significados.
Dentre eles interessa-nos citar:
1. Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa,
particularmente o pai, a mãe e os filhos. 2. Pessoas unidas por laços de
parentesco, pelo sangue ou por aliança: 3. Ascendência, linhagem,
estirpe. 4. P. ext. Grupo de indivíduos que professam o mesmo credo,
têm os mesmos interesses, a mesma profissão, são do mesmo lugar de
origem, etc.: 2 5.Sociol. Comunidade constituída por um homem e uma
mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa
união. 6.Sociol. Unidade espiritual constituída pelas gerações
descendentes de um mesmo tronco, e fundada, pois, na
consanguinidade. 7.Sociol. Grupo formado por indivíduos que são ou se
consideram consanguíneos uns dos outros, ou por descendentes dum
tronco ancestral comum e estranhos admitidos por adoção.
Diante desta definição podemos afirmar que a família é considerada como a primeira
instituição e o seu principal papel é a socialização, transmissão da cultura, dos costumes e
valores morais e éticos. “É através da própria família que a criança se integra ao mundo
adulto” (PRADO, 1985, p. 40).
Osório (1996) afirma família estruturada é aquela que se constitui como uma espiral
dialética, aberta flexível e que determina os papéis e funções de cada membro. Para este
autor, cabe aos pais o papel de compreender os requisitos necessários ao bom desempenho
físico e emocional dos filhos.
A respeito da família contemporânea Prado (1985, p. 21), diz:
Uma família é não só um tecido fundamental de relações mas também um
conjunto de papéis socialmente definidos. A organização da vida familiar
depende do que a sociedade através de seus usos e costumes espera de um
pai, de uma mãe, dos filhos, de todos os seus membros, enfim. Nem sempre,
porém, a opinião geral é unânime, o que resulta em formas diversas de
família além do modelo social preconizado e valorizado. Podemos arriscar a
afirmação de que a família vai se formando a partir do momento que cada
um de seus membros vai construindo sua história através das relações e
interações no seu cerne.
Nos últimos anos, percebe-se que a família está sendo “flagelada” pelo crescimento
dos contra valores e as pessoas são valorizadas pelo “ter” e não mais pelo “ser”. Os pais
buscam desenfreadamente suprir a carência dos seus filhos oferecendo “coisas”, com isso os
princípios morais e éticos estão sendo abandonados em nome do consumismo. Percebe-se
que o ritmo desgovernado em que estão vivendo as famílias contemporâneas, refletem-se na
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instituição escolar, pois nos deparamos com alunos que parecem desconhecer os princípios de
igualdade, solidariedade, de respeito e preservação.
Prado (1985, p. 29), diante desta dura realidade afirma que “cada vez mais, a família
deseja sua autonomia e independência, e a noção de comunidade familiar cede lugar a um
individualismo absoluto”.
Diante desta realidade, percebemos que a família vem sofrendo diversas
transformações ao longo da última década. Ainda de acordo com Prado (1985), conforme os
interesses socioeconômicos, as transformações sociais vão se dando e as estruturas familiares,
bem como os seus valores, vão se modificando. Não há como ocorrer mudança sem
transformação. Isso implica dizer que, com essas transformações a família vem sofrendo, sem
dúvidas, os valores familiares também vão se alterando.
A Escola espera que a família retome a educação de seus filhos e a partir daí começam
os conflitos entre família e escola, porém é preciso ter clareza de que o propósito não é
procurarmos “culpados”, mas sim buscarmos entender como família e escola podem atuar
juntas, visando o desenvolvimento positivo do aluno e o sucesso no período em que ele passa
pelos bancos escolares.
Malavazi (2002), nos alerta que os pais não podem assumir uma postura de
distanciamento da escola e da vida escolar de seus filhos:
Para muitos, não participar acaba sendo mais interessante uma vez que têm
outras atividades que não podem deixar de assumir. Para a escola, a
ausência da família significa poder decidir sozinha, levando em conta seus
próprios interesses. Assim surge a família ausente, ou seja, aquela que
transfere algumas responsabilidades que seriam suas para outros setores que
acabam se ocupando, nem sempre de forma adequada, da educação da
criança e do adolescente, como as escolinhas de esporte, centros musicais,
academias esportivas, etc. (MALAVAZI, p. 222-223).
Para que os pais tenham interesse em dialogar com a escola é necessário que o corpo
pedagógico crie a possibilidade de fortalecimento de vínculos e essa é uma preocupação que
a escola precisa ter se quiser favorecer que a aproximação aconteça.
5 ANÁLISE DA REALIDADE
Os pais, familiares e ou cuidadores que têm seus filhos matriculados na instituição
pesquisada apostam em mantê-los por lá, devido à sua ótima localização. Até porque a grande
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maioria trabalha longe de suas casas, mesmo tendo algumas fontes de trabalho por perto, mas
que ainda não é o suficiente para atender a demanda de desempregados.
Eles acreditam na segurança da matrícula efetuada, uma vez que muitos desses fazem
parte de benefícios, tais como: Bolsa Família, Vale Renda, entre outros. Vale ressaltar que
benefícios como esses são “peças” fundamentais para frequência escolar e comodidade
desses pais. Pais esses que contam com a promessa da moradia própria, sendo participantes
do “MST” (Movimento dos sem teto). Infelizmente é gritante a situação dos alunos que
fazem parte dessa comunidade.
Eles sofrem “retaliações” pelo desfavorecimento financeiro e é uma das áreas onde a
escola entra com um trabalho fundamental, esclarecendo a todos que não há diferenciação
entre as partes e que o “sol nasce para todos”, apostando numa igualitária social. Contudo a
região é um espaço urbano. Contendo poucas áreas de lazer. Podendo contar com um posto
de saúde, um CEINF, um UBS, um CRAS, um SESI, FEIRA LIVRE e nenhum posto
policial, o que contribui para o aumento da violência.
O SESI faz um trabalho destacável, desenvolvendo “projetos” para atender o corpo
discente, com o intuito de tirar jovens das ruas em seu contra turno escolar. Entretanto, não se
obteve ainda a porcentagem almejada desses jovens fora das ruas. Há quem diga que a escola
é culpada. Outras que a família não contribui. Talvez se a escola ceder um espaço dentro da
mesma e propuser reuniões mensais, uma “luz no fim do túnel, há de brotar”. Podendo ser
debatidos pontos positivos e negativos do contexto, visando uma solução das tantas
dificuldades diagnosticadas, contribuindo então com a emancipação social e intelectual do
educando.
Com base nas entrevistas realizadas com alguns pais e ou cuidadores, observa-se que
quanto a questão da Educação a mesma está dividida em 2 grupos, sendo que: 50% a avaliam
como boa e a outra parcela de 50% consideram regular. No entanto, nota-se que devido ao
fato das famílias serem muito vulneráveis socioeconomicamente e a população de neonatos,
crianças e jovens ser cada vez mais crescente, a maioria permanece a maior parte do tempo
em ambiente escolar (contra turno) para se livrar da permanência nas ruas, ficarem sozinhas
em casa e mais que isso: livre das mãos do trafico.
Segundo a atual Diretora, a presença do lixão é uma forma que a comunidade
encontrou de fazer “bico” e gerarem renda familiar. Considera que as dificuldades existentes
são as mesmas vivenciadas em outras regiões do Estado e do País. É uma dura realidade em
Trabalho de Conclusão de Curso
função do poder econômico, dos meios de comunicação e, principalmente, dos programas
sociais, que acabam por sua vez acomodando a população, pois acabam ficando
despreocupados em ter inserção no mercado de trabalho formal.
Outro problema existente e que dificulta a relação Família x Escola é em relação à
rotatividade de professores, e ainda o pensamento de outros que acreditam que a Escola é
deles. Parte das famílias do Bairro Dom Antônio e que tem suas crianças matriculadas na
Escola citada, deixam os filhos na escola, pois precisam trabalhar, e exige quase que 70% da
participação da Escola na educação das crianças que lhes são confiadas. Não se pode
também, desviar o olhar da permanência das crianças na rua que é ocasionado pela falta de
atenção de algumas famílias/ cuidadores para com os seus filhos.
Com base nos relatos feitos, observou-se que a Escola é considerada pela comunidade
como fator de potencialidade e conta com a participação dos alunos, pais, cuidadores,
docentes, funcionários, colaboradores e por isso não atua isoladamente. A comunidade e o
núcleo familiar estão sempre presentes e dispostos a empreender forças para soluções e busca
por novos caminhos.
Diante das entrevistas realizadas com parte do corpo docente, crianças e alguns
familiares diagnosticou-se a deficiência da participação da comunidade nas ações
desenvolvidas na própria comunidade e consequentemente no núcleo escolar. No entanto, as
potencialidades destacadas servem de incentivo aos moradores para fomentar as atividades e
as ações, aproveitando as facilidades localizadas para reverter o quadro dos problemas que
persistem e, dessa forma, despertar e promover o desenvolvimento local da comunidade.
Segundo a Presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola em pesquisa, a
Escola é uma das potencialidades da comunidade e ainda afirma: “É necessário educar as
nossas crianças para um caminho melhor no futuro”. A educação oferecida pela Escola
Municipal Pe. Tomaz Ghirardelli neste território é fator de potencialidade, já que a arte de
educar é o melhor caminho para o futuro das crianças e jovens a ela confiados.
Nota-se por parte de alguns pais e cuidadores a grande preocupação em acompanhar e
investir nos estudos dos seus filhos, já que para eles adquirir conhecimento é fundamental
como intuito de colaborar para significativas transformações na comunidade local. O ideal
seria manter a educação em constante sintonia ao longo das nossas vidas, a fim de adquirir,
não somente uma qualificação profissional, mas competências que tornem a pessoa a família
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e consequentemente as crianças a elas confiadas capazes de serem protagonistas capazes de
enfrentar e ou minimizar as apta a enfrentar numerosas situações que acontecem no dia-a-dia.
Com relação à participação da família na Escola a grande maioria entende que é muito
pequena e insignificante. Os Educadores entrevistados entendem que as mudanças só
ocorrerão quando as famílias possuidoras de um potencial significativo, permitirem a criação
de novos espaços de participação, elos entre o núcleo familiar e a Escola. Este processo de
“mudança” deve começar com a conscientização de todos os pais, familiares e ou cuidadores,
já que existe expectativa por parte da comunidade educativa em promover não somente a
inserção das crianças e jovens no contexto educacional, mas também os responsáveis por sua
formação humana.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, consideramos simbólica a participação das famílias da comunidade
escolar abordada, haja visto que a maioria, dos pais, familiares ou cuidadores trabalham fora,
chegam tarde em casa, moram longe e dependem de transporte coletivo para buscarem seus
filhos e saber da sua vida escolar.
Diante da pesquisa realizada e por meio de observação, notou-se que o número de
“pais presentes na vida dos seus filhos” é insignificante tendo em vista que a escola atende
mais de 80% das famílias do Território do Bairro Dom Antônio Barbosa. A Escola necessita
da presença da familiar e a Família por sua vez dos serviços oferecidos pela comunidade
acadêmica. Saviani corrobora com essa afirmação quando diz que “[...] na sociedade atual já
não é possível compreender a educação sem a escola, porque a escola é a forma dominante e
principal de educação.” (1991, p.113).
O autor complementa: “[...] não se trata, pois, de qualquer tipo de saber. Portanto, a
escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao conhecimento espontâneo; ao saber
sistematizado e não ao saber fragmentado; à cultura erudita e não à cultura popular” (1991, p.
22). À família cabe a função da educação dos valores éticos e morais, a transmissão de afeto,
segurança e a proteção aos filhos.
Para que essa aproximação entre Família e Escola se efetive, se faz necessário que a Equipe
Multiprofissional promova ações de participação dentro dos horários que os mesmos possam
se fazer presentes e mais que isso: respeitem os conhecimentos e os valores morais e sociais
que estas famílias possuem.
Trabalho de Conclusão de Curso
Conforme afirma Parolin (2010), a escola deve ser uma grande parceira da família
assim como a família deve ser uma grande parceira da escola. Ambas têm um papel de
educador a ser cumprido.
Com base nos Estudos e Pesquisa realizados, constatou-se que existe a realização de
trabalho árduo junto às famílias que residem nas imediações do Bairro Dom Antônio
Barbosa. A Escola Municipal Padre Tomaz Ghirardelli com sua Equipe Pedagógica, procura
desenvolver atividades e encontros envolvendo pais e filhos. Infelizmente o percentual de
famílias em situação de vulnerabilidade é alarmante, já que a maioria como já foi citado neste
documento sobrevive da revenda de materiais recicláveis provindos do “lixão”.
Diante da análise do número de crianças e adolescentes entrevistados e que passam
grande parte do tempo ociosos ou nas ruas, a Escola tem desenvolvido vários projetos que,
incluem também as famílias na tentativa de minimizar esta realidade e com isso proporcionar
momentos de integralização e fortalecimento de vínculos entre pais e filhos; Escola e Família.
Encerrando o trabalho, não posso deixar de lembrar da minha profissão, já que
acredito que a presença do Assistente Social nas Escolas ajudaria e muito no atrelamento/
laço efetivo entre criança, família e escola.
O Campo Educacional torna-se para o Assistente Social um futuro campo de trabalho,
mas sim um componente concreto do seu trabalho em diferentes áreas de atuação que precisa
ser desvelado, visto que encerra a possibilidade de uma ampliação teórica, política,
instrumental da atuação profissional e de sua vinculação às lutas sociais que expressam na
esfera da cultura e do trabalho, centrais nesta passagem de milênio (ALMEIDA, 2000, p. 74).
Acredito na necessidade da implementação do Serviço Social como parte da Equipe
Pedagógica, já que esta profissão pode contribuir grandemente na realidade do contexto
escolar e particularidades no que tange as mediações humanizadas entre os três núcleos
citados.
7 REFERÊNCIAS
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Brasília, 2000.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.
Trabalho de Conclusão de Curso
BRASIL. Constituição Federal de 1988. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
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http://empetomazghirardelli.blogspot.com.br/2011/09/nossa-escola.html. Acesso em 8/9/2016
http://www.sed.ms.gov.br/?p=9226. Acesso em 8/9/2016
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