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Ribeirão Preto, 25 de Novembro de 2013 Marina e Tatiane tem um companheirismo dentro e fora de sala de aula Milena e Luan, juntos a quase um ano, aprenderam a lidar com as diferenças através da convivência diária Fotos: Laís Lubrani Ciclos criados na Universidade São feitos de maneira sim- ples e possuem forma sólida. Para alguns, fazer amizades é algo fácil, para outros não. Mas em todos os casos, quando se convive todos os dias com as mesmas pessoas algo em co- mum se cria: afinidade. Thaís Caires Siqueira tem 21 anos e em 2011 iniciou o curso de Engenharia Civil. Precisou trancar por motivos pessoais, mas o círculo de amizades per- maneceu pela afinidade que foi criada: “O relacionamento com eles é o mesmo. (...) A gente vive se falando por facebook, MSN e até mesmo por celular. Sempre que posso vou à facul- dade dar um oi, e eles me rece- bem com uma alegria imensa”. Para Joel Diego Alves, 20, o significado de afinidade não é diferente e o vínculo que pos- sui é antigo. Ele cursa Adminis- tração e tem como colega de sala Gabriel Verdun Ferrareze, seu amigo de infância. Para ele a convivência é ao mesmo tem- po mais fácil, por já saber como lidar com Gabriel, e ao mesmo tempo difícil; pela responsabili- dade. Mas ele garante que nada mudou: “Continuamos contan- do um com o outro e nos aju- damos sempre que necessário. Hoje na faculdade a parceria que a gente construiu em anos de amizade permanece e é ela que facilita tanto a nossa con- vivência”. Marina Garcia Okumoto tem 21 anos e será administradora. Para ela, as amizades feitas na faculdade são bem diferentes daquelas feitas no colegial. Por isso foi uma surpresa quando Tatiane de Freitas Barros, 20 a inseriu em seu círculo de ami- zades. Marina acredita que o que facilitou a aproximação das duas foi o fato de serem muito parecidas: “Ela mora em Orlân- RELACIONAMENTOS Alunos, professores e psicopedagoga explicam porque os relacionamentos são importantes e de que eles são feitos dia e eu sou de Ribeirão Preto, mas isso nunca atrapalhou a nossa amizade; pelo contrario, eu comecei a frequentar bas- tante a cidade dela, conheci os amigos dela que hoje são meus também, e conheci o Vinicius; meu namorado a quase um ano”. Tatiane concorda: “Aqui é cada um por si e a chance de você conhecer alguém é míni- ma. (...) Quando eu e a Marina começamos a conversar, nos identificamos muito!” Marina acredita que a ami- zade com Tatiane é diferente: “apesar de não fazer tanto tem- po que a gente se conhece, eu sei e sinto que a amizade dela não vai terminar junto com a faculdade”. Tatiane não se sur- preende: “Não acho que a facul- dade é a melhor época da vida, mas posso dizer com certeza que dentro desse período, ter encontrado a Marina, que já é como uma irmã foi uma das me- lhores coisas que aconteceu”. Luan Braz de Souza, 22 e Mi- lena de Araújo, 20 estão juntos desde novembro de 2011. Ele conta que o relacionamento co- meçou a partir de outros: “Nos- sos amigos sempre disseram que a gente podia dar certo”. Quando realmente deu; Luan diz que surgiu a preocupação com a faculdade: “Nós tínhamos medo que o nosso relaciona- mento influenciasse e nos atra- palhasse, mas isso ainda não aconteceu. Ela está na minha agência e trabalhamos como publicitários e não como namo- rados”. Carlos Alberto dos Santos Barrili tem 34 anos. Para ele, a maior dificuldade de cursar a faculdade com essa idade é ter que conciliá-la com as res- ponsabilidades do dia a dia. Ele acredita que as relações que são criadas na faculdade são importantes profissionalmen- te: “o fato de estar ao lado de pessoas que seguirão a mesma profissão que você, pode trazer conhecimento profissional e também podemos fazer conta- tos importantes”. Para ele nas relações criadas, ambos os lados ganham por- que os mais velhos se atualizam e adquirem mais paciência e os mais novos, mais sabedoria e maturidade. Ele tira uma lição desses relacionamentos: “no convívio com outras pessoas, a idade é o que menos importa”. Para Eduardo Soares, profes- sor de radiojornalismo no Cen- tro Universitário Barão de Mauá e amigo de todos os alunos, a amizade é fundamental não apenas na faculdade, mas na vida: “A vida é baseada em rela- cionamentos. E relacionamen- tos levam à criação de ideias, o desenvolvimento de projetos, o crescimento intelectual e prin- cipalmente a aprendizagem e o conhecimento”. Para ele, é importante que os alunos saibam que no mercado de trabalho ninguém trabalha sozinho, então uma boa rede de relacionamentos e amigos pro- porciona uma melhor aprendi- zagem e desenvolvimento das capacidades do indivíduo. Mas para o professor, ainda existe imaturidade: “Vemos nas salas de aula ainda as tribos (...) Para chegar num consenso é preciso deixar um pouco de lado o meu eu e aceitar o outro. Quando isso acontece, todos ganham. E além do mais, é mui- to melhor ter amigos do que inimigos.” Eduardo é conselheiro: “Sem- pre tenho casos de alunos que pedem auxílio na questão de relacionamento com os gru- pos”. Para ele é necessário di- versificar os grupos de traba- lhos exatamente para aprender a se relacionar e ampliar as pos- sibilidades de ensino. Para Nahara Cristine Mako- vics Fusco, coordenadora do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Barão de Mauá, as amizades no ambien- te universitário são de suma im- portância, afinal, o próprio am- biente propicia isso. Elas podem influenciar para o bem ou para o mal: “cabe a cada um escolher seus amigos, para que se tenha amizades que acrescentem para o lado positivo”. É necessário fazer amizades que façam o estudante ser uma pessoa melhor, crescendo, forta- lecendo e mantendo essas ami- zades ao longo da vida: “a moti- vação começa na própria sala de aula, com trabalhos em grupos as pessoas vão se conhecendo e criando afinidades”. Além de tudo, para ela o próprio sucesso profissional motiva os relacio- namentos: “são os laços que vão formando esses vínculos de ami- zade”. Para Célia Regina Pinho Piai, pedagoga há 11 anos e forma- da em neurociência, as relações estabelecidas em qualquer am- biente escolar são importes: “Os relacionamentos tem mais pontos positivos do que negati- vos. Um deles é que a escola é a segunda parte de aceitação do ser humano. A primeira é o seu nascimento.” Na faculdade, Célia acredita que os relacionamentos são es- senciais: “Os relacionamentos abrem portas, são o norte da aceitação do individuo, moldan- do e acrescentando valores”. Para que isso aconteça, Célia afirma que os indivíduos preci- sam estar alicerçados em boas bases de relacionamentos, que vem da escola: “se o indivíduo não tem estrutura em suas rela- ções, ele não consegue ser inse- rido na sociedade e nem se pro- fissionalizar”. A psicopedagoga ainda completa que até as ami- zades possuem um lado político: “Para estreitar os laços, é neces- sário cultivá-los todos os dias”. Rachel Padovan tem 22 anos e se formou ano passado. Sua sala era difícil, mas aos poucos “com os trabalhos em grupo, colas nas provas e a insanidade de alguns”, as relações foram se formando. Alguns foram con- quistando seu espaço, outros nem tanto. Alguns foram des- cobertas gostosas: “eu só tive o prazer de saber que alguns gostavam muito de mim no fi- nal da faculdade”. Hoje, ela acompanha o tra- balho dos ex-colegas da forma que dá. Com alguns, a amiza- de se tornou virtual. Outros, ela vê raramente, mas vê. Mas aqueles mais próximos, ela vê sempre! Se perguntado a Ra- chel qual a conclusão desses quatro anos e dos próximos que se seguirão, ela diz: “A ro- tina muda, o tempo fica mais corrido e os compromissos são outros, mas sempre encontra- mos tempo de matar a sauda- de de quem gostamos”. “Os relacionamentos abrem portas, são o norte do individuo” Laís Lubrani

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Ribeirão Preto, 25 de Novembro de 2013

Marina e Tatiane tem um companheirismo dentro e fora de sala de aula

Milena e Luan, juntos a quase um ano, aprenderam a lidar com as diferenças através da convivência diária

Fotos: Laís Lubrani

Ciclos criados na Universidade

São feitos de maneira sim-ples e possuem forma sólida. Para alguns, fazer amizades é algo fácil, para outros não. Mas em todos os casos, quando se convive todos os dias com as mesmas pessoas algo em co-mum se cria: afinidade.

Thaís Caires Siqueira tem 21 anos e em 2011 iniciou o curso de Engenharia Civil. Precisou trancar por motivos pessoais, mas o círculo de amizades per-maneceu pela afinidade que foi criada: “O relacionamento com eles é o mesmo. (...) A gente vive se falando por facebook, MSN e até mesmo por celular. Sempre que posso vou à facul-dade dar um oi, e eles me rece-bem com uma alegria imensa”.

Para Joel Diego Alves, 20, o significado de afinidade não é diferente e o vínculo que pos-sui é antigo. Ele cursa Adminis-tração e tem como colega de sala Gabriel Verdun Ferrareze, seu amigo de infância. Para ele a convivência é ao mesmo tem-po mais fácil, por já saber como lidar com Gabriel, e ao mesmo tempo difícil; pela responsabili-dade. Mas ele garante que nada mudou: “Continuamos contan-do um com o outro e nos aju-damos sempre que necessário. Hoje na faculdade a parceria que a gente construiu em anos de amizade permanece e é ela que facilita tanto a nossa con-vivência”.

Marina Garcia Okumoto tem 21 anos e será administradora. Para ela, as amizades feitas na faculdade são bem diferentes daquelas feitas no colegial. Por isso foi uma surpresa quando Tatiane de Freitas Barros, 20 a inseriu em seu círculo de ami-zades. Marina acredita que o que facilitou a aproximação das duas foi o fato de serem muito parecidas: “Ela mora em Orlân-

RELACIONAMENTOS

Alunos, professores e psicopedagoga explicam porque os relacionamentos são importantes e de que eles são feitos

dia e eu sou de Ribeirão Preto, mas isso nunca atrapalhou a nossa amizade; pelo contrario, eu comecei a frequentar bas-tante a cidade dela, conheci os amigos dela que hoje são meus também, e conheci o Vinicius; meu namorado a quase um ano”.

Tatiane concorda: “Aqui é cada um por si e a chance de você conhecer alguém é míni-ma. (...) Quando eu e a Marina começamos a conversar, nos identificamos muito!”

Marina acredita que a ami-zade com Tatiane é diferente: “apesar de não fazer tanto tem-po que a gente se conhece, eu sei e sinto que a amizade dela não vai terminar junto com a faculdade”. Tatiane não se sur-preende: “Não acho que a facul-dade é a melhor época da vida, mas posso dizer com certeza que dentro desse período, ter encontrado a Marina, que já é como uma irmã foi uma das me-lhores coisas que aconteceu”.

Luan Braz de Souza, 22 e Mi-lena de Araújo, 20 estão juntos desde novembro de 2011. Ele conta que o relacionamento co-meçou a partir de outros: “Nos-sos amigos sempre disseram que a gente podia dar certo”.

Quando realmente deu; Luan diz que surgiu a preocupação com a faculdade: “Nós tínhamos medo que o nosso relaciona-mento influenciasse e nos atra-palhasse, mas isso ainda não aconteceu. Ela está na minha agência e trabalhamos como publicitários e não como namo-rados”.

Carlos Alberto dos Santos Barrili tem 34 anos. Para ele, a maior dificuldade de cursar a faculdade com essa idade é ter que conciliá-la com as res-ponsabilidades do dia a dia. Ele acredita que as relações que são criadas na faculdade são importantes profissionalmen-te: “o fato de estar ao lado de pessoas que seguirão a mesma profissão que você, pode trazer

conhecimento profissional e também podemos fazer conta-tos importantes”.

Para ele nas relações criadas, ambos os lados ganham por-que os mais velhos se atualizam e adquirem mais paciência e os mais novos, mais sabedoria e maturidade. Ele tira uma lição desses relacionamentos: “no convívio com outras pessoas, a idade é o que menos importa”.

Para Eduardo Soares, profes-sor de radiojornalismo no Cen-tro Universitário Barão de Mauá e amigo de todos os alunos, a amizade é fundamental não apenas na faculdade, mas na vida: “A vida é baseada em rela-cionamentos. E relacionamen-tos levam à criação de ideias, o desenvolvimento de projetos, o crescimento intelectual e prin-cipalmente a aprendizagem e o conhecimento”.

Para ele, é importante que os alunos saibam que no mercado de trabalho ninguém trabalha sozinho, então uma boa rede de relacionamentos e amigos pro-porciona uma melhor aprendi-zagem e desenvolvimento das capacidades do indivíduo.

Mas para o professor, ainda

existe imaturidade: “Vemos nas salas de aula ainda as tribos (...) Para chegar num consenso é preciso deixar um pouco de lado o meu eu e aceitar o outro. Quando isso acontece, todos ganham. E além do mais, é mui-to melhor ter amigos do que inimigos.”

Eduardo é conselheiro: “Sem-pre tenho casos de alunos que pedem auxílio na questão de relacionamento com os gru-pos”. Para ele é necessário di-versificar os grupos de traba-lhos exatamente para aprender a se relacionar e ampliar as pos-sibilidades de ensino.

Para Nahara Cristine Mako-vics Fusco, coordenadora do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Barão de Mauá, as amizades no ambien-te universitário são de suma im-portância, afinal, o próprio am-biente propicia isso. Elas podem influenciar para o bem ou para o mal: “cabe a cada um escolher seus amigos, para que se tenha amizades que acrescentem para o lado positivo”.

É necessário fazer amizades que façam o estudante ser uma pessoa melhor, crescendo, forta-lecendo e mantendo essas ami-zades ao longo da vida: “a moti-vação começa na própria sala de

aula, com trabalhos em grupos as pessoas vão se conhecendo e criando afinidades”. Além de tudo, para ela o próprio sucesso profissional motiva os relacio-namentos: “são os laços que vão formando esses vínculos de ami-zade”.

Para Célia Regina Pinho Piai,

pedagoga há 11 anos e forma-da em neurociência, as relações estabelecidas em qualquer am-biente escolar são importes: “Os relacionamentos tem mais pontos positivos do que negati-vos. Um deles é que a escola é a segunda parte de aceitação do ser humano. A primeira é o seu nascimento.”

Na faculdade, Célia acredita que os relacionamentos são es-senciais: “Os relacionamentos abrem portas, são o norte da aceitação do individuo, moldan-do e acrescentando valores”.

Para que isso aconteça, Célia afirma que os indivíduos preci-sam estar alicerçados em boas bases de relacionamentos, que vem da escola: “se o indivíduo não tem estrutura em suas rela-ções, ele não consegue ser inse-rido na sociedade e nem se pro-fissionalizar”. A psicopedagoga ainda completa que até as ami-zades possuem um lado político: “Para estreitar os laços, é neces-sário cultivá-los todos os dias”.

Rachel Padovan tem 22 anos e se formou ano passado. Sua sala era difícil, mas aos poucos “com os trabalhos em grupo, colas nas provas e a insanidade de alguns”, as relações foram se formando. Alguns foram con-quistando seu espaço, outros nem tanto. Alguns foram des-cobertas gostosas: “eu só tive o prazer de saber que alguns gostavam muito de mim no fi-nal da faculdade”.

Hoje, ela acompanha o tra-balho dos ex-colegas da forma que dá. Com alguns, a amiza-de se tornou virtual. Outros, ela vê raramente, mas vê. Mas aqueles mais próximos, ela vê sempre! Se perguntado a Ra-chel qual a conclusão desses quatro anos e dos próximos que se seguirão, ela diz: “A ro-tina muda, o tempo fica mais corrido e os compromissos são outros, mas sempre encontra-mos tempo de matar a sauda-de de quem gostamos”.

“Os relacionamentos

abrem portas, são o norte do

individuo”

Laís Lubrani