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Ano XIV Número 68 Out-Nov-Dez 2014 Releitura da obra “A Redenção de Cam” de Modesto Brocos (1895). pág. 12 Clínica Psicológica em consultório Psicologia, Religião e Espiritualidade: como dialogar? pág. 19 RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE

RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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Page 1: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

Ano XIV

Nuacutemero 68

Out-Nov-Dez 2014

Releitura da obra ldquoA Redenccedilatildeo de Camrdquo de Modesto Brocos (1895)

paacuteg 12

Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade

como dialogarpaacuteg 19

RELACcedilOtildeES RACIAIS E PRODUCcedilAtildeO DE SUBJETIVIDADE

2 entre linhas | out-nov-dez 2014

Publicaccedilatildeo trimestral do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Comissatildeo Editorial Alessandra Xavier Miron Luciane Engel e Tatiane Baggio

Jornalista Responsaacutevel Aline Victorino ndash Mtb 11602Estagiaacuterio de Jornalismo Juliano Zarembski Redaccedilatildeo Aline VictorinoRelaccedilotildees Puacuteblicas Belisa Giorgis CONRERP4ndash3007Nadia Miola CONRERP4ndash3008Eventos Adriana BurmannComentaacuterios e sugestotildees imprensacrprsorgbr

Endereccedilos CRPRSSede Av Protaacutesio Alves 2854301 Porto AlegreCEP 90410-006 FoneFax (51) 3334-6799crprscrprsorgbr

Subsede Serra Rua Coronel Flores 749505 ndash Caxias do SulCEP 95034-060 FoneFax (54) 3223-7848caxiascrprsorgbr

Subsede Sul Rua Feacutelix da Cunha 772304 ndash Pelotas CEP 96010-000 FoneFax (53) 3227-4197pelotascrprsorgbr

Subsede Centro-Oeste Rua Mal Floriano Peixoto 1709401Santa Maria CEP 97015-373FoneFax (55) 3219-5299santamariacrprsorgbr

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo Tavane Reichert MachadoIlustraccedilotildees Marcia Guimaratildees Spies e Liziane MinuzzoImpressatildeo Graacutefica PallottiTiragem 15000 exemplaresDistribuiccedilatildeo gratuita

wwwcrprsorgbr

twittercomcrprs

facebookcomconselhopsicologiars

youtubecomcrprs

editorial + expediente

Calendaacuterio 2015

O Sistema Conselhos de Psicologia vem haacute alguns anos trabalhando a questatildeo da perspectiva de gecircnero na comunicaccedilatildeo tanto para a catego-ria como para a sociedade Desde setembro o CRPRS passou a utilizar ldquoardquo destacando o artigo feminino em posiccedilatildeo de igualdade afinal as mulheres representam mais de 90 de nossa categoria Entendemos que ao utilizarmos ldquopsicoacutelogo(a)rdquo com o ldquoardquo entre parecircnteses a equivalecircncia entre os gecircneros natildeo eacute respeitada jaacute que esse sinal de pontuaccedilatildeo marca o acreacutescimo de uma informaccedilatildeo acessoacuteria que poderia ser suprimida sem prejuiacutezo Por isso optamos pelo uso de ldquopsicoacutelogoardquo

Assim nesta ediccedilatildeo do EntreLinhas vocecirc psicoacutelogoa eacute convidadoa a pensar sobre as relaccedilotildees raciais e a produccedilatildeo de subje-tividade Como a desigualdade racial pode afetar as diversas aacutereas da vida e o cotidiano Quais os efeitos psicossociais do preconceito racial e do racismo na constituiccedilatildeo da subjetividade tanto daquele que co-mete quanto daquele que recebe essas violecircncias Essas satildeo algumas questotildees abordadas na reportagem principal desta ediccedilatildeo

No espaccedilo dedicado a entrevistas abordamos o tema ldquoPsicolo-gia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarrdquo destacando a opi-niatildeo de quatro psicoacutelogosas sobre essa polecircmica relaccedilatildeo O tema eacute de extrema importacircncia para a profissatildeo pois embora o Brasil seja um paiacutes declaradamente laico algumas religiotildees tentam interferir no Estado e alterar leis e poliacuteticas puacuteblicas Como exemplo podemos citar o Projeto da ldquocura gayrdquo que envolveu diretamente a Psicologia

Aleacutem disso nessa ediccedilatildeo apresentamos informaccedilotildees sobre o Contro-le Social reflexotildees sobre o que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacute-blicas e orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio atendendo a demandas que chegam da categoria

Aproveitamos este espaccedilo para desejar a todas psicoacutelogas e to-dos psicoacutelogos um 2015 de novas mobilizaccedilotildees e articulaccedilotildees em defesa da profissatildeo Venha conosco e participe

Nesta ediccedilatildeo do jornal EntreLinhas vocecirc estaacute recebendo um Ca-lendaacuterio 2015 produzido pelo CRPRS com a participaccedilatildeo da catego-ria A campanha ldquoMostre a Pluralidade do Seu Olharrdquo reuniu fotos de psicoacutelogosas sobre o tema diversidade

Acesse wwwcrprsorgbrcalendario2015 e saiba mais sobre cada uma das fotos selecionadas

entre linhas | out-nov-dez 2014 3

sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 RELACcedilOtildeES RACIAIS Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

09 ARTIGOImigraccedilatildeo em pauta

Mantenha dados cadastrais atualizados

Pague anuidade com desconto

Sumaacuterio11 RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

12 ENTREVISTA Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogar

16 CONTROLE SOCIAL

Controle Social e a Psicologia

Eacute obrigaccedilatildeo de todoa psicoacutelogoa manter seus dados de cadastro junto ao Conselho Re-gional de Psicologia atualizados A obrigatoriedade eacute determinada pela Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0052001

Informaccedilotildees de cadastro dos

as inscritosas satildeo fundamentais

para a comunicaccedilatildeo entre a entida-

de e oa profissional pois muitas

vezes o Conselho precisa inter-

mediar a relaccedilatildeo com alguma ins-

18 CREPOPO que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

19 ORIENTACcedilAtildeOOrientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

20 AGENDA

tituiccedilatildeo Aleacutem disso esse contato eacute fundamental para a permanente atualizaccedilatildeo dosas profissionais so-bre novas resoluccedilotildees e orientaccedilotildees teacutecnicas para o exerciacutecio profissio-nal e para que o Conselho consiga atender agraves demandas da categoria

Mudanccedilas de nome (em casos

de casamento ou divoacutercio) ende-

reccedilo para correspondecircncia telefo-

ne fixo celular e e-mail devem ser

sempre informadas ao CRPRS

Acesse wwwcrprsorgbrsistemacadastro confira seus dados de cadastro junto ao CRPRS e faccedila as atualizaccedilotildees necessaacuterias pela internet Se preferir entre em contato com o setor de Cadastro pelo tele-fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail cadastrocrprsorgbr

Psicoacutelogosas inscritosas no CRPRS que realizarem o paga-mento integral da anuidade 2015 ateacute 3001 tecircm desconto de 10 sobre o valor de R$ 46569 totali-zando R$ 41912 Para pagamen-tos ateacute 2802 o desconto eacute de 5 totalizando R$ 44241

O pagamento do valor inte-gral (R$ 46569) tambeacutem pode ser parcelado em cinco vezes com vencimentos em 3001 (parcela de R$ 9725) e 2802 3103 3004 e 3105 (parcelas de R$ 9211)

Fique atentoa agraves instruccedilotildees descritas no carnecirc enviado pelos

Correios na segunda quinzena de dezembro para garantir o va-lor com desconto

Duacutevidas podem ser esclarecidas com o setor de Cobranccedila do CRPRS

pelo fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail fiqueemdiacrprsorgbr

4 entre linhas | out-nov-dez 2014

Reduccedilatildeo da Maioridade Penal O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis-cutindo o tema da reduccedilatildeo da maioridade penal reforccedilando o posicio-namento do Conselho Federal de Psicologia contraacuterio a essa estrateacutegia Eacute preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a lei como a Justiccedila Restaurativa e a responsabilizaccedilatildeo jaacute prevista pelo proacuteprio Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (ECA) Para o CFP manifestaccedilotildees favoraacuteveis agrave reduccedilatildeo da maioridade penal tecircm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade Por isso eacute fundamental ampliarmos o debate sobre o tema Eacute preocupante o desconhecimento ou a distorccedilatildeo dos dados da realidade a homogenei-zaccedilatildeo dos sujeitos a patologizaccedilatildeo e a criminalizaccedilatildeo das condutas dos adolescentes tudo isso em nome da ldquojusticcedilardquo que vem sendo apresen-tada como sinocircnimo de puniccedilatildeo e aprisionamento

Asseacutedio Moral no Trabalho Psicoacutelogosas devem estar aten-

tosas a situaccedilotildees humilhantes e

constrangedoras repetitivas e pro-

longadas que acontecem durante a

jornada de trabalho desestabilizando

a relaccedilatildeo do trabalhador com o am-

biente e a organizaccedilatildeo O CRPRS vem

discutindo o tema no GT de Psicologia

do Trabalho na Subsede Serra em ro-

das de conversa na Sede com psicoacutelo-

gosas que trabalham com Psicologia

organizacional e do trabalho aleacutem

de acompanhar Projetos de Leis em

diversos municiacutepios e iniciativas do

Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho

Em 1411 o Conselho promoveu em

parceria com o Centro de Referecircncia em

Sauacutede do Trabalhador e Sindicato dos

Metaluacutergicos de Caxias do Sul o I Semi-

naacuterio Meu Trabalho Estaacute me Enlouque-

cendo ndash Intervenccedilotildees em Sauacutede Mental

do Trabalhador em Caxias do Sul Acesse

httpbitlyISeminarioTrabalho e saiba

mais sobre o que foi discutido no evento

fique atento

O Nuacutecleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto abordando essa questatildeo Leia em wwwcrprsorgbrentrelinhas68 O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento no texto ldquoReduccedilatildeo da idade penal socioeducaccedilatildeo natildeo se faz com prisatildeordquo do reflexotildees sobre o tema Confira httpbitlyCFP_reducao_idade_penal

Confira o documentaacuterio A dor (in)visiacutevel ndash Asseacutedio Moral no Trabalho uma realizaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho no RS ndash Procuradoria do Trabalho no Municiacutepio de Caxias do Sul e do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) ndash Superintendecircncia Regional do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul httpbitlyvideo_assedio_moralLegislaccedilatildeo sobre o tema pode ser acessada em wwwassediomoralorg

entre linhas | out-nov-dez 2014 5

relaccedilotildees raciais

Valter da Mata ndash Psicoacutelogo mestre em Psicologia Social estudioso de Psicologia e Relaccedilotildees Raciais professor da Unime ndash Lauro de Freitas e da Faculdade da Cidade do Salvador Membro da Comissatildeo Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

Conceito utilizado por pesquisadores das relaccedilotildees raciais que diz respeito agrave construccedilatildeo soacutecio-histoacuteria em que ser branco eacute tido como norma essecircncia

SAIBA MAISLeia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Deacutebora Barbosa Bauermann ndash Psicoacuteloga Analista de Accedilatildeo Social Jr do Nuacutecleo de Estudos Afro-brasileiros e Indiacutegenas ndash Neabi da Unisinos Saiba mais sobre o Neabi em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

A questatildeo racial permeia as relaccedilotildees interpessoais e subjetivas Diante disso de que forma a Psicologia vem discutindo os efeitos do preconceito racial na constitui-ccedilatildeo da subjetividade de negros e brancos Como osas psicoacutelogosas podem contri-buir em seu cotidiano de trabalho ndash seja ele em poliacuteticas puacuteblicas cliacutenicas privadas ou organizaccedilotildees ndash para combater o racismo

Para aqueles que se dedicam ao campo das relaccedilotildees raciais reconhecer que vive-mos em uma sociedade racista eacute o primei-ro passo para enfrentar esse problema e corrigir desigualdades

Valter da Mata defende a necessidade de superar a crenccedila da existecircncia de uma democracia racial ldquoBoa parte dos brasilei-ros acredita que natildeo existe racismo no Brasil e sim discriminaccedilatildeo social Segundo essa

crenccedila negros e indiacutegenas brasileiros natildeo so-freriam discriminaccedilatildeo se tivessem dinheiro e vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-serdquo Para o psicoacutelogo muitas vezes as praacuteti-cas racistas fazem parte do repertoacuterio com-portamental doa proacuteprioa psicoacutelogoa

Deacutebora Barbosa Bauermann acredita que o racismo eacute um problema estrutural de nosso paiacutes vivenciado pelos sujeitos negros mas com pouca visibilidade devi-do agrave branquitude normativa em que nos subjetivamos ldquoAfinal o lsquoracismo agrave brasi-leirarsquo pode ser considerado como um lsquora-cismo sem racistasrsquo como aponta pesquisa do Instituto Data Popularrdquo Dados prelimi-nares dessa pesquisa divulgados em 2014 apontam que 92 dos brasileiros conside-ram que existe racismo no Brasil mas so-mente 13 se considera racista

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

entre linhas | out-nov-dez 2014 7

social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

8 entre linhas | out-nov-dez 2014

relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 2: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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Publicaccedilatildeo trimestral do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Comissatildeo Editorial Alessandra Xavier Miron Luciane Engel e Tatiane Baggio

Jornalista Responsaacutevel Aline Victorino ndash Mtb 11602Estagiaacuterio de Jornalismo Juliano Zarembski Redaccedilatildeo Aline VictorinoRelaccedilotildees Puacuteblicas Belisa Giorgis CONRERP4ndash3007Nadia Miola CONRERP4ndash3008Eventos Adriana BurmannComentaacuterios e sugestotildees imprensacrprsorgbr

Endereccedilos CRPRSSede Av Protaacutesio Alves 2854301 Porto AlegreCEP 90410-006 FoneFax (51) 3334-6799crprscrprsorgbr

Subsede Serra Rua Coronel Flores 749505 ndash Caxias do SulCEP 95034-060 FoneFax (54) 3223-7848caxiascrprsorgbr

Subsede Sul Rua Feacutelix da Cunha 772304 ndash Pelotas CEP 96010-000 FoneFax (53) 3227-4197pelotascrprsorgbr

Subsede Centro-Oeste Rua Mal Floriano Peixoto 1709401Santa Maria CEP 97015-373FoneFax (55) 3219-5299santamariacrprsorgbr

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo Tavane Reichert MachadoIlustraccedilotildees Marcia Guimaratildees Spies e Liziane MinuzzoImpressatildeo Graacutefica PallottiTiragem 15000 exemplaresDistribuiccedilatildeo gratuita

wwwcrprsorgbr

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editorial + expediente

Calendaacuterio 2015

O Sistema Conselhos de Psicologia vem haacute alguns anos trabalhando a questatildeo da perspectiva de gecircnero na comunicaccedilatildeo tanto para a catego-ria como para a sociedade Desde setembro o CRPRS passou a utilizar ldquoardquo destacando o artigo feminino em posiccedilatildeo de igualdade afinal as mulheres representam mais de 90 de nossa categoria Entendemos que ao utilizarmos ldquopsicoacutelogo(a)rdquo com o ldquoardquo entre parecircnteses a equivalecircncia entre os gecircneros natildeo eacute respeitada jaacute que esse sinal de pontuaccedilatildeo marca o acreacutescimo de uma informaccedilatildeo acessoacuteria que poderia ser suprimida sem prejuiacutezo Por isso optamos pelo uso de ldquopsicoacutelogoardquo

Assim nesta ediccedilatildeo do EntreLinhas vocecirc psicoacutelogoa eacute convidadoa a pensar sobre as relaccedilotildees raciais e a produccedilatildeo de subje-tividade Como a desigualdade racial pode afetar as diversas aacutereas da vida e o cotidiano Quais os efeitos psicossociais do preconceito racial e do racismo na constituiccedilatildeo da subjetividade tanto daquele que co-mete quanto daquele que recebe essas violecircncias Essas satildeo algumas questotildees abordadas na reportagem principal desta ediccedilatildeo

No espaccedilo dedicado a entrevistas abordamos o tema ldquoPsicolo-gia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarrdquo destacando a opi-niatildeo de quatro psicoacutelogosas sobre essa polecircmica relaccedilatildeo O tema eacute de extrema importacircncia para a profissatildeo pois embora o Brasil seja um paiacutes declaradamente laico algumas religiotildees tentam interferir no Estado e alterar leis e poliacuteticas puacuteblicas Como exemplo podemos citar o Projeto da ldquocura gayrdquo que envolveu diretamente a Psicologia

Aleacutem disso nessa ediccedilatildeo apresentamos informaccedilotildees sobre o Contro-le Social reflexotildees sobre o que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacute-blicas e orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio atendendo a demandas que chegam da categoria

Aproveitamos este espaccedilo para desejar a todas psicoacutelogas e to-dos psicoacutelogos um 2015 de novas mobilizaccedilotildees e articulaccedilotildees em defesa da profissatildeo Venha conosco e participe

Nesta ediccedilatildeo do jornal EntreLinhas vocecirc estaacute recebendo um Ca-lendaacuterio 2015 produzido pelo CRPRS com a participaccedilatildeo da catego-ria A campanha ldquoMostre a Pluralidade do Seu Olharrdquo reuniu fotos de psicoacutelogosas sobre o tema diversidade

Acesse wwwcrprsorgbrcalendario2015 e saiba mais sobre cada uma das fotos selecionadas

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sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 RELACcedilOtildeES RACIAIS Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

09 ARTIGOImigraccedilatildeo em pauta

Mantenha dados cadastrais atualizados

Pague anuidade com desconto

Sumaacuterio11 RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

12 ENTREVISTA Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogar

16 CONTROLE SOCIAL

Controle Social e a Psicologia

Eacute obrigaccedilatildeo de todoa psicoacutelogoa manter seus dados de cadastro junto ao Conselho Re-gional de Psicologia atualizados A obrigatoriedade eacute determinada pela Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0052001

Informaccedilotildees de cadastro dos

as inscritosas satildeo fundamentais

para a comunicaccedilatildeo entre a entida-

de e oa profissional pois muitas

vezes o Conselho precisa inter-

mediar a relaccedilatildeo com alguma ins-

18 CREPOPO que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

19 ORIENTACcedilAtildeOOrientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

20 AGENDA

tituiccedilatildeo Aleacutem disso esse contato eacute fundamental para a permanente atualizaccedilatildeo dosas profissionais so-bre novas resoluccedilotildees e orientaccedilotildees teacutecnicas para o exerciacutecio profissio-nal e para que o Conselho consiga atender agraves demandas da categoria

Mudanccedilas de nome (em casos

de casamento ou divoacutercio) ende-

reccedilo para correspondecircncia telefo-

ne fixo celular e e-mail devem ser

sempre informadas ao CRPRS

Acesse wwwcrprsorgbrsistemacadastro confira seus dados de cadastro junto ao CRPRS e faccedila as atualizaccedilotildees necessaacuterias pela internet Se preferir entre em contato com o setor de Cadastro pelo tele-fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail cadastrocrprsorgbr

Psicoacutelogosas inscritosas no CRPRS que realizarem o paga-mento integral da anuidade 2015 ateacute 3001 tecircm desconto de 10 sobre o valor de R$ 46569 totali-zando R$ 41912 Para pagamen-tos ateacute 2802 o desconto eacute de 5 totalizando R$ 44241

O pagamento do valor inte-gral (R$ 46569) tambeacutem pode ser parcelado em cinco vezes com vencimentos em 3001 (parcela de R$ 9725) e 2802 3103 3004 e 3105 (parcelas de R$ 9211)

Fique atentoa agraves instruccedilotildees descritas no carnecirc enviado pelos

Correios na segunda quinzena de dezembro para garantir o va-lor com desconto

Duacutevidas podem ser esclarecidas com o setor de Cobranccedila do CRPRS

pelo fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail fiqueemdiacrprsorgbr

4 entre linhas | out-nov-dez 2014

Reduccedilatildeo da Maioridade Penal O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis-cutindo o tema da reduccedilatildeo da maioridade penal reforccedilando o posicio-namento do Conselho Federal de Psicologia contraacuterio a essa estrateacutegia Eacute preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a lei como a Justiccedila Restaurativa e a responsabilizaccedilatildeo jaacute prevista pelo proacuteprio Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (ECA) Para o CFP manifestaccedilotildees favoraacuteveis agrave reduccedilatildeo da maioridade penal tecircm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade Por isso eacute fundamental ampliarmos o debate sobre o tema Eacute preocupante o desconhecimento ou a distorccedilatildeo dos dados da realidade a homogenei-zaccedilatildeo dos sujeitos a patologizaccedilatildeo e a criminalizaccedilatildeo das condutas dos adolescentes tudo isso em nome da ldquojusticcedilardquo que vem sendo apresen-tada como sinocircnimo de puniccedilatildeo e aprisionamento

Asseacutedio Moral no Trabalho Psicoacutelogosas devem estar aten-

tosas a situaccedilotildees humilhantes e

constrangedoras repetitivas e pro-

longadas que acontecem durante a

jornada de trabalho desestabilizando

a relaccedilatildeo do trabalhador com o am-

biente e a organizaccedilatildeo O CRPRS vem

discutindo o tema no GT de Psicologia

do Trabalho na Subsede Serra em ro-

das de conversa na Sede com psicoacutelo-

gosas que trabalham com Psicologia

organizacional e do trabalho aleacutem

de acompanhar Projetos de Leis em

diversos municiacutepios e iniciativas do

Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho

Em 1411 o Conselho promoveu em

parceria com o Centro de Referecircncia em

Sauacutede do Trabalhador e Sindicato dos

Metaluacutergicos de Caxias do Sul o I Semi-

naacuterio Meu Trabalho Estaacute me Enlouque-

cendo ndash Intervenccedilotildees em Sauacutede Mental

do Trabalhador em Caxias do Sul Acesse

httpbitlyISeminarioTrabalho e saiba

mais sobre o que foi discutido no evento

fique atento

O Nuacutecleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto abordando essa questatildeo Leia em wwwcrprsorgbrentrelinhas68 O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento no texto ldquoReduccedilatildeo da idade penal socioeducaccedilatildeo natildeo se faz com prisatildeordquo do reflexotildees sobre o tema Confira httpbitlyCFP_reducao_idade_penal

Confira o documentaacuterio A dor (in)visiacutevel ndash Asseacutedio Moral no Trabalho uma realizaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho no RS ndash Procuradoria do Trabalho no Municiacutepio de Caxias do Sul e do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) ndash Superintendecircncia Regional do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul httpbitlyvideo_assedio_moralLegislaccedilatildeo sobre o tema pode ser acessada em wwwassediomoralorg

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relaccedilotildees raciais

Valter da Mata ndash Psicoacutelogo mestre em Psicologia Social estudioso de Psicologia e Relaccedilotildees Raciais professor da Unime ndash Lauro de Freitas e da Faculdade da Cidade do Salvador Membro da Comissatildeo Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

Conceito utilizado por pesquisadores das relaccedilotildees raciais que diz respeito agrave construccedilatildeo soacutecio-histoacuteria em que ser branco eacute tido como norma essecircncia

SAIBA MAISLeia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Deacutebora Barbosa Bauermann ndash Psicoacuteloga Analista de Accedilatildeo Social Jr do Nuacutecleo de Estudos Afro-brasileiros e Indiacutegenas ndash Neabi da Unisinos Saiba mais sobre o Neabi em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

A questatildeo racial permeia as relaccedilotildees interpessoais e subjetivas Diante disso de que forma a Psicologia vem discutindo os efeitos do preconceito racial na constitui-ccedilatildeo da subjetividade de negros e brancos Como osas psicoacutelogosas podem contri-buir em seu cotidiano de trabalho ndash seja ele em poliacuteticas puacuteblicas cliacutenicas privadas ou organizaccedilotildees ndash para combater o racismo

Para aqueles que se dedicam ao campo das relaccedilotildees raciais reconhecer que vive-mos em uma sociedade racista eacute o primei-ro passo para enfrentar esse problema e corrigir desigualdades

Valter da Mata defende a necessidade de superar a crenccedila da existecircncia de uma democracia racial ldquoBoa parte dos brasilei-ros acredita que natildeo existe racismo no Brasil e sim discriminaccedilatildeo social Segundo essa

crenccedila negros e indiacutegenas brasileiros natildeo so-freriam discriminaccedilatildeo se tivessem dinheiro e vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-serdquo Para o psicoacutelogo muitas vezes as praacuteti-cas racistas fazem parte do repertoacuterio com-portamental doa proacuteprioa psicoacutelogoa

Deacutebora Barbosa Bauermann acredita que o racismo eacute um problema estrutural de nosso paiacutes vivenciado pelos sujeitos negros mas com pouca visibilidade devi-do agrave branquitude normativa em que nos subjetivamos ldquoAfinal o lsquoracismo agrave brasi-leirarsquo pode ser considerado como um lsquora-cismo sem racistasrsquo como aponta pesquisa do Instituto Data Popularrdquo Dados prelimi-nares dessa pesquisa divulgados em 2014 apontam que 92 dos brasileiros conside-ram que existe racismo no Brasil mas so-mente 13 se considera racista

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

entre linhas | out-nov-dez 2014 7

social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

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relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

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serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

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Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

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entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

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frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

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a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

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Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 3: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 RELACcedilOtildeES RACIAIS Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

09 ARTIGOImigraccedilatildeo em pauta

Mantenha dados cadastrais atualizados

Pague anuidade com desconto

Sumaacuterio11 RELATO DE EXPERIEcircNCIA

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

12 ENTREVISTA Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogar

16 CONTROLE SOCIAL

Controle Social e a Psicologia

Eacute obrigaccedilatildeo de todoa psicoacutelogoa manter seus dados de cadastro junto ao Conselho Re-gional de Psicologia atualizados A obrigatoriedade eacute determinada pela Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0052001

Informaccedilotildees de cadastro dos

as inscritosas satildeo fundamentais

para a comunicaccedilatildeo entre a entida-

de e oa profissional pois muitas

vezes o Conselho precisa inter-

mediar a relaccedilatildeo com alguma ins-

18 CREPOPO que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

19 ORIENTACcedilAtildeOOrientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

20 AGENDA

tituiccedilatildeo Aleacutem disso esse contato eacute fundamental para a permanente atualizaccedilatildeo dosas profissionais so-bre novas resoluccedilotildees e orientaccedilotildees teacutecnicas para o exerciacutecio profissio-nal e para que o Conselho consiga atender agraves demandas da categoria

Mudanccedilas de nome (em casos

de casamento ou divoacutercio) ende-

reccedilo para correspondecircncia telefo-

ne fixo celular e e-mail devem ser

sempre informadas ao CRPRS

Acesse wwwcrprsorgbrsistemacadastro confira seus dados de cadastro junto ao CRPRS e faccedila as atualizaccedilotildees necessaacuterias pela internet Se preferir entre em contato com o setor de Cadastro pelo tele-fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail cadastrocrprsorgbr

Psicoacutelogosas inscritosas no CRPRS que realizarem o paga-mento integral da anuidade 2015 ateacute 3001 tecircm desconto de 10 sobre o valor de R$ 46569 totali-zando R$ 41912 Para pagamen-tos ateacute 2802 o desconto eacute de 5 totalizando R$ 44241

O pagamento do valor inte-gral (R$ 46569) tambeacutem pode ser parcelado em cinco vezes com vencimentos em 3001 (parcela de R$ 9725) e 2802 3103 3004 e 3105 (parcelas de R$ 9211)

Fique atentoa agraves instruccedilotildees descritas no carnecirc enviado pelos

Correios na segunda quinzena de dezembro para garantir o va-lor com desconto

Duacutevidas podem ser esclarecidas com o setor de Cobranccedila do CRPRS

pelo fone (51) 3334-6799 ou pelo e-mail fiqueemdiacrprsorgbr

4 entre linhas | out-nov-dez 2014

Reduccedilatildeo da Maioridade Penal O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis-cutindo o tema da reduccedilatildeo da maioridade penal reforccedilando o posicio-namento do Conselho Federal de Psicologia contraacuterio a essa estrateacutegia Eacute preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a lei como a Justiccedila Restaurativa e a responsabilizaccedilatildeo jaacute prevista pelo proacuteprio Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (ECA) Para o CFP manifestaccedilotildees favoraacuteveis agrave reduccedilatildeo da maioridade penal tecircm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade Por isso eacute fundamental ampliarmos o debate sobre o tema Eacute preocupante o desconhecimento ou a distorccedilatildeo dos dados da realidade a homogenei-zaccedilatildeo dos sujeitos a patologizaccedilatildeo e a criminalizaccedilatildeo das condutas dos adolescentes tudo isso em nome da ldquojusticcedilardquo que vem sendo apresen-tada como sinocircnimo de puniccedilatildeo e aprisionamento

Asseacutedio Moral no Trabalho Psicoacutelogosas devem estar aten-

tosas a situaccedilotildees humilhantes e

constrangedoras repetitivas e pro-

longadas que acontecem durante a

jornada de trabalho desestabilizando

a relaccedilatildeo do trabalhador com o am-

biente e a organizaccedilatildeo O CRPRS vem

discutindo o tema no GT de Psicologia

do Trabalho na Subsede Serra em ro-

das de conversa na Sede com psicoacutelo-

gosas que trabalham com Psicologia

organizacional e do trabalho aleacutem

de acompanhar Projetos de Leis em

diversos municiacutepios e iniciativas do

Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho

Em 1411 o Conselho promoveu em

parceria com o Centro de Referecircncia em

Sauacutede do Trabalhador e Sindicato dos

Metaluacutergicos de Caxias do Sul o I Semi-

naacuterio Meu Trabalho Estaacute me Enlouque-

cendo ndash Intervenccedilotildees em Sauacutede Mental

do Trabalhador em Caxias do Sul Acesse

httpbitlyISeminarioTrabalho e saiba

mais sobre o que foi discutido no evento

fique atento

O Nuacutecleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto abordando essa questatildeo Leia em wwwcrprsorgbrentrelinhas68 O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento no texto ldquoReduccedilatildeo da idade penal socioeducaccedilatildeo natildeo se faz com prisatildeordquo do reflexotildees sobre o tema Confira httpbitlyCFP_reducao_idade_penal

Confira o documentaacuterio A dor (in)visiacutevel ndash Asseacutedio Moral no Trabalho uma realizaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho no RS ndash Procuradoria do Trabalho no Municiacutepio de Caxias do Sul e do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) ndash Superintendecircncia Regional do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul httpbitlyvideo_assedio_moralLegislaccedilatildeo sobre o tema pode ser acessada em wwwassediomoralorg

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relaccedilotildees raciais

Valter da Mata ndash Psicoacutelogo mestre em Psicologia Social estudioso de Psicologia e Relaccedilotildees Raciais professor da Unime ndash Lauro de Freitas e da Faculdade da Cidade do Salvador Membro da Comissatildeo Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

Conceito utilizado por pesquisadores das relaccedilotildees raciais que diz respeito agrave construccedilatildeo soacutecio-histoacuteria em que ser branco eacute tido como norma essecircncia

SAIBA MAISLeia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Deacutebora Barbosa Bauermann ndash Psicoacuteloga Analista de Accedilatildeo Social Jr do Nuacutecleo de Estudos Afro-brasileiros e Indiacutegenas ndash Neabi da Unisinos Saiba mais sobre o Neabi em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

A questatildeo racial permeia as relaccedilotildees interpessoais e subjetivas Diante disso de que forma a Psicologia vem discutindo os efeitos do preconceito racial na constitui-ccedilatildeo da subjetividade de negros e brancos Como osas psicoacutelogosas podem contri-buir em seu cotidiano de trabalho ndash seja ele em poliacuteticas puacuteblicas cliacutenicas privadas ou organizaccedilotildees ndash para combater o racismo

Para aqueles que se dedicam ao campo das relaccedilotildees raciais reconhecer que vive-mos em uma sociedade racista eacute o primei-ro passo para enfrentar esse problema e corrigir desigualdades

Valter da Mata defende a necessidade de superar a crenccedila da existecircncia de uma democracia racial ldquoBoa parte dos brasilei-ros acredita que natildeo existe racismo no Brasil e sim discriminaccedilatildeo social Segundo essa

crenccedila negros e indiacutegenas brasileiros natildeo so-freriam discriminaccedilatildeo se tivessem dinheiro e vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-serdquo Para o psicoacutelogo muitas vezes as praacuteti-cas racistas fazem parte do repertoacuterio com-portamental doa proacuteprioa psicoacutelogoa

Deacutebora Barbosa Bauermann acredita que o racismo eacute um problema estrutural de nosso paiacutes vivenciado pelos sujeitos negros mas com pouca visibilidade devi-do agrave branquitude normativa em que nos subjetivamos ldquoAfinal o lsquoracismo agrave brasi-leirarsquo pode ser considerado como um lsquora-cismo sem racistasrsquo como aponta pesquisa do Instituto Data Popularrdquo Dados prelimi-nares dessa pesquisa divulgados em 2014 apontam que 92 dos brasileiros conside-ram que existe racismo no Brasil mas so-mente 13 se considera racista

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

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social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

8 entre linhas | out-nov-dez 2014

relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 4: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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Reduccedilatildeo da Maioridade Penal O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis-cutindo o tema da reduccedilatildeo da maioridade penal reforccedilando o posicio-namento do Conselho Federal de Psicologia contraacuterio a essa estrateacutegia Eacute preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a lei como a Justiccedila Restaurativa e a responsabilizaccedilatildeo jaacute prevista pelo proacuteprio Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (ECA) Para o CFP manifestaccedilotildees favoraacuteveis agrave reduccedilatildeo da maioridade penal tecircm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade Por isso eacute fundamental ampliarmos o debate sobre o tema Eacute preocupante o desconhecimento ou a distorccedilatildeo dos dados da realidade a homogenei-zaccedilatildeo dos sujeitos a patologizaccedilatildeo e a criminalizaccedilatildeo das condutas dos adolescentes tudo isso em nome da ldquojusticcedilardquo que vem sendo apresen-tada como sinocircnimo de puniccedilatildeo e aprisionamento

Asseacutedio Moral no Trabalho Psicoacutelogosas devem estar aten-

tosas a situaccedilotildees humilhantes e

constrangedoras repetitivas e pro-

longadas que acontecem durante a

jornada de trabalho desestabilizando

a relaccedilatildeo do trabalhador com o am-

biente e a organizaccedilatildeo O CRPRS vem

discutindo o tema no GT de Psicologia

do Trabalho na Subsede Serra em ro-

das de conversa na Sede com psicoacutelo-

gosas que trabalham com Psicologia

organizacional e do trabalho aleacutem

de acompanhar Projetos de Leis em

diversos municiacutepios e iniciativas do

Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho

Em 1411 o Conselho promoveu em

parceria com o Centro de Referecircncia em

Sauacutede do Trabalhador e Sindicato dos

Metaluacutergicos de Caxias do Sul o I Semi-

naacuterio Meu Trabalho Estaacute me Enlouque-

cendo ndash Intervenccedilotildees em Sauacutede Mental

do Trabalhador em Caxias do Sul Acesse

httpbitlyISeminarioTrabalho e saiba

mais sobre o que foi discutido no evento

fique atento

O Nuacutecleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto abordando essa questatildeo Leia em wwwcrprsorgbrentrelinhas68 O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento no texto ldquoReduccedilatildeo da idade penal socioeducaccedilatildeo natildeo se faz com prisatildeordquo do reflexotildees sobre o tema Confira httpbitlyCFP_reducao_idade_penal

Confira o documentaacuterio A dor (in)visiacutevel ndash Asseacutedio Moral no Trabalho uma realizaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Trabalho no RS ndash Procuradoria do Trabalho no Municiacutepio de Caxias do Sul e do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (MTE) ndash Superintendecircncia Regional do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul httpbitlyvideo_assedio_moralLegislaccedilatildeo sobre o tema pode ser acessada em wwwassediomoralorg

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relaccedilotildees raciais

Valter da Mata ndash Psicoacutelogo mestre em Psicologia Social estudioso de Psicologia e Relaccedilotildees Raciais professor da Unime ndash Lauro de Freitas e da Faculdade da Cidade do Salvador Membro da Comissatildeo Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

Conceito utilizado por pesquisadores das relaccedilotildees raciais que diz respeito agrave construccedilatildeo soacutecio-histoacuteria em que ser branco eacute tido como norma essecircncia

SAIBA MAISLeia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Deacutebora Barbosa Bauermann ndash Psicoacuteloga Analista de Accedilatildeo Social Jr do Nuacutecleo de Estudos Afro-brasileiros e Indiacutegenas ndash Neabi da Unisinos Saiba mais sobre o Neabi em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

A questatildeo racial permeia as relaccedilotildees interpessoais e subjetivas Diante disso de que forma a Psicologia vem discutindo os efeitos do preconceito racial na constitui-ccedilatildeo da subjetividade de negros e brancos Como osas psicoacutelogosas podem contri-buir em seu cotidiano de trabalho ndash seja ele em poliacuteticas puacuteblicas cliacutenicas privadas ou organizaccedilotildees ndash para combater o racismo

Para aqueles que se dedicam ao campo das relaccedilotildees raciais reconhecer que vive-mos em uma sociedade racista eacute o primei-ro passo para enfrentar esse problema e corrigir desigualdades

Valter da Mata defende a necessidade de superar a crenccedila da existecircncia de uma democracia racial ldquoBoa parte dos brasilei-ros acredita que natildeo existe racismo no Brasil e sim discriminaccedilatildeo social Segundo essa

crenccedila negros e indiacutegenas brasileiros natildeo so-freriam discriminaccedilatildeo se tivessem dinheiro e vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-serdquo Para o psicoacutelogo muitas vezes as praacuteti-cas racistas fazem parte do repertoacuterio com-portamental doa proacuteprioa psicoacutelogoa

Deacutebora Barbosa Bauermann acredita que o racismo eacute um problema estrutural de nosso paiacutes vivenciado pelos sujeitos negros mas com pouca visibilidade devi-do agrave branquitude normativa em que nos subjetivamos ldquoAfinal o lsquoracismo agrave brasi-leirarsquo pode ser considerado como um lsquora-cismo sem racistasrsquo como aponta pesquisa do Instituto Data Popularrdquo Dados prelimi-nares dessa pesquisa divulgados em 2014 apontam que 92 dos brasileiros conside-ram que existe racismo no Brasil mas so-mente 13 se considera racista

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

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social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

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relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

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serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

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entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 5: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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relaccedilotildees raciais

Valter da Mata ndash Psicoacutelogo mestre em Psicologia Social estudioso de Psicologia e Relaccedilotildees Raciais professor da Unime ndash Lauro de Freitas e da Faculdade da Cidade do Salvador Membro da Comissatildeo Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia

Conceito utilizado por pesquisadores das relaccedilotildees raciais que diz respeito agrave construccedilatildeo soacutecio-histoacuteria em que ser branco eacute tido como norma essecircncia

SAIBA MAISLeia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Deacutebora Barbosa Bauermann ndash Psicoacuteloga Analista de Accedilatildeo Social Jr do Nuacutecleo de Estudos Afro-brasileiros e Indiacutegenas ndash Neabi da Unisinos Saiba mais sobre o Neabi em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Relaccedilotildees raciais e produccedilatildeo de subjetividade

A questatildeo racial permeia as relaccedilotildees interpessoais e subjetivas Diante disso de que forma a Psicologia vem discutindo os efeitos do preconceito racial na constitui-ccedilatildeo da subjetividade de negros e brancos Como osas psicoacutelogosas podem contri-buir em seu cotidiano de trabalho ndash seja ele em poliacuteticas puacuteblicas cliacutenicas privadas ou organizaccedilotildees ndash para combater o racismo

Para aqueles que se dedicam ao campo das relaccedilotildees raciais reconhecer que vive-mos em uma sociedade racista eacute o primei-ro passo para enfrentar esse problema e corrigir desigualdades

Valter da Mata defende a necessidade de superar a crenccedila da existecircncia de uma democracia racial ldquoBoa parte dos brasilei-ros acredita que natildeo existe racismo no Brasil e sim discriminaccedilatildeo social Segundo essa

crenccedila negros e indiacutegenas brasileiros natildeo so-freriam discriminaccedilatildeo se tivessem dinheiro e vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-serdquo Para o psicoacutelogo muitas vezes as praacuteti-cas racistas fazem parte do repertoacuterio com-portamental doa proacuteprioa psicoacutelogoa

Deacutebora Barbosa Bauermann acredita que o racismo eacute um problema estrutural de nosso paiacutes vivenciado pelos sujeitos negros mas com pouca visibilidade devi-do agrave branquitude normativa em que nos subjetivamos ldquoAfinal o lsquoracismo agrave brasi-leirarsquo pode ser considerado como um lsquora-cismo sem racistasrsquo como aponta pesquisa do Instituto Data Popularrdquo Dados prelimi-nares dessa pesquisa divulgados em 2014 apontam que 92 dos brasileiros conside-ram que existe racismo no Brasil mas so-mente 13 se considera racista

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

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social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

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relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

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serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

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Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 6: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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relaccedilotildees raciais

Isso reflete o pensamento de que ser ra-cista eacute ter uma atitude pontual discrimina-toacuteria contra negros ldquoEacute muito comum escu-tarmos falas como lsquonatildeo sou racista tenho amigos negrosrsquo ou lsquonatildeo sou racista minha bisavoacute era negrarsquo O racismo estaacute sempre fora no outro Muitos de noacutes psicoacutelogosas ainda dizemos lsquonatildeo sou racista trato to-dos usuaacuteriospacientesclientes iguaisrsquo Precisamos avanccedilar nesse sentido e buscar a equidaderdquo afirma Deacutebora

Para Valter a cultura brasileira de uma forma geral eacute atravessada pelo machismo racismo e a homofobia ldquoEstar fora desses grupos de privileacutegio significa em maior ou menor grau ser viacutetima de discrimina-ccedilatildeo As instituiccedilotildees continuam produzin-do discriminaccedilotildees baseadas na cor da pele dentre outros traccedilotildees fenotoacutepicosrdquo

Aleacutem disso a visatildeo eurocecircntrica e detur-pada a respeito da contribuiccedilatildeo dos negros para formaccedilatildeo do Brasil natildeo contempla a diversidade eacutetnico-racial ldquoDissemina estere-oacutetipos negativos de tudo que se refere ao con-tinente africano As escolas ainda hoje repro-duzem a histoacuteria do negro contada somente a partir da escravidatildeo e de forma distorcida como se tivessem aceitado passivamente o re-gime escravocratardquo explica Deacutebora

Surgem a partir disso os efeitos do ra-cismo ou do preconceito que incidem di-retamente na construccedilatildeo da identidade e formaccedilatildeo da autoestima ldquoEmbora a consti-tuiccedilatildeo diga que somos todos iguais perante a lei accedilotildees racistas perpetuadas ao longo dos anos cristalizaram sentimentos de infe-rioridade e de natildeo pertencimento a muitos de noacutes negros brasileirosrdquo afirmam as psi-coacutelogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier

Taiasmin Ohnmacht destaca que haacute um padratildeo social que divide a populaccedilatildeo

em branco e natildeo branco elege o branco como padratildeo de normalidade a ser segui-do e com isso estabelece uma relaccedilatildeo hie-raacuterquica de poder entre esses grupos ldquoO preconceito racial como todos os precon-ceitos conduz a um tipo de negaccedilatildeo das diferenccedilas que acaba por ser um apaga-mento do outro enquanto pessoa que deve ter seus direitos respeitados pelo Estado e pela sociedaderdquo

Devido a isso Valter acredita que os natildeo brancos tendem a se constituir de forma conflituosa e dolorosa ldquoNatildeo res-tando outras formas possiacuteveis de identi-ficaccedilatildeo cabe a esses sujeitos a construccedilatildeo identitaacuteria fragilizada e fundamentada no branqueamentordquo

Para os negros conviver com referecircn-cias na cultura que estejam associadas ape-nas agrave escravidatildeo ou a lugares marginaliza-dos eacute uma violecircncia social intriacutenseca com a qual o negro tem que lidar rdquoNatildeo eacute um percurso que se faccedila sem arranjar algumas feridas eacute preciso reconstruir sua autoesti-ma e o significado de sua identidade negra para si mesmo e ainda sustentaacute-la perante a comunidade brancardquo declara Taiasmin Outro efeito do racismo extremamente perverso eacute a culpabilizaccedilatildeo dos sujeitos negros pela discriminaccedilatildeo sofrida ldquoEscu-tamos muitas falas como lsquoo negro que dis-crimina a si proacutepriorsquo Precisamos ampliar nossa escuta e natildeo sermos reprodutores de ideais como esse em que o branco devolve o problema da discriminaccedilatildeo racial para o sujeito negrordquo afirma Deacutebora

OsAs psicoacutelogosas tecircm importante participaccedilatildeo na mudanccedila dessa realidade Eacute necessaacuterio trabalhar na construccedilatildeo de sentidos positivos centralizados na negri-tude que ande na contramatildeo da construccedilatildeo

Glaucia Fontoura ndash Psicoacuteloga Membro da Articulaccedilatildeo de Psicoacutelogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) ndash ANPSINEP Saiba mais sobre a ANPSINEP em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

Eliana Xavier ndash Psicoacuteloga mestranda no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia pela PUCRS Taiasmin Ohnmacht ndash Psicoacuteloga poacutes-graduada em Assessoria Linguiacutestica

SAIBA MAISRelaccedilotildees Raciais Referecircncias Teacutecnicas para a Praacutetica do(a) Psicoacutelogo(a)httpbitlyCREPOP_Relacoes_Raciais

EntreLinhas nordm 61 ndash Reportagem ldquoA questatildeo racial e os Direitos Humanosrdquo httpbitlyentrelinhas61 Debate ldquoRacismo O que a psicologia tem a ver com issordquo realizado no CRPRS em 2012httpbitlydebate_racismo2012

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social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

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relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

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serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

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Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 7: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 7

social do branco como agente central ldquoA construccedilatildeo da identidade positiva somen-te seraacute possiacutevel quando estabelecermos uma relaccedilatildeo profiacutecua com o nosso corpo mesmo que esse corpo natildeo corresponda ao ideaacuterio cultural vigente dessa sociedade racistardquo defendem Glaucia e Eliana

ldquoPrecisamos ser sensiacuteveis ao sofrimen-to psiacutequico e agraves exclusotildees causadas pelo racismo e que muitas vezes os proacuteprios sujeitos negros natildeo conseguiratildeo nomeaacute-lo Trazer agrave tona a suposta neutralidade do branco que faz com que uma grande par-cela da sociedade tenha privileacutegios e natildeo os perceba pois eacute um lugar naturalizado Natildeo podemos ser reprodutores desta ide-ologia em nossas praacuteticas profissionais A branquitude precisa ser desvelada se real-mente buscamos contribuir com a luta an-tirracistardquo acredita Deacutebora

Em 2014 diversos episoacutedios de ra-cismo e injuacuteria racial ocorridos no Rio

Grande do Sul ganharam visibilidade na-cional evidenciando a necessidade de se ampliar o debate

ldquoOs episoacutedios nos mostraram que vive-mos em um estado racista e preconceituo-so de diversas formasrdquo destaca Taiasmin Para ela o apoio aos responsaacuteveis pelos atos discriminatoacuterios procurando rever-ter a agressatildeo culpando a proacutepria viacutetima eacute preocupante ldquoNatildeo considero acaso que um deputado com uma fala extremamente agressiva contra as minorias tenha se elegi-do como um dos mais votados no estadordquo

Na opiniatildeo de Glaucia e Eliana esses episoacutedios representaram uma vitoacuteria do movimento negro ldquoOs recentes eventos escancaram uma parte do que a populaccedilatildeo negra vivencia no seu cotidiano nas rela-ccedilotildees com as instituiccedilotildees da sauacutede traba-lho educaccedilatildeordquo

Como psicoacuteloga negra Taiasmin relata a necessidade que muitos profissionais ne-

ENTRELINHAS RECOMENDA

Blogueiras Negrashttpbitlyblogueiras_negras

Livro ldquoO espelho quebrado da branquidaderdquo de Adevanir Pinheiro

Livro ldquoMinha Famiacutelia Eacute Coloridardquo de Georgina Martins

Documentaacuterio ldquoO Lado Negro do Chocolaterdquo de Miki Mistrati

SAIBA MAISConheccedila o trabalho do GT Relaccedilotildees Raciais do CFP acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas68

8 entre linhas | out-nov-dez 2014

relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 8: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

8 entre linhas | out-nov-dez 2014

relaccedilotildees raciais

Racismo Institucional

Psicologia e Relaccedilotildees Raciais

gros tecircm de comprovar sua competecircncia ldquoO negro natildeo corresponde ao imaginaacuterio que as pessoas tecircm dos psicoacutelogos Dificil-mente uma pessoa me vecirc como psicoacuteloga a menos que eu digardquo

O debate em torno das relaccedilotildees raciais se fortalece na medida em que a presenccedila do negro vai crescendo em diferentes es-

feras sociais por meio de poliacuteticas afirma-tivas ldquoAs universidades antes ocupadas somente por brancos comeccedilam a lsquoenegre-cerrsquo Isso incomoda a quem sempre viveu no lsquomundo dos brancosrsquo Alguns muros entre o lsquomundo dos negrosrsquo e o lsquomundo dos brancosrsquo comeccedilam a ser derrubadosrdquo destaca Deacutebora

Presente em diversas situaccedilotildees de nos-so cotidiano o racismo institucional eacute o mais difiacutecil de ser enfrentado por jaacute estar naturalizado em nossa sociedade ldquoEsse tipo de racismo estaacute no dia a dia e passa indiferente As pessoas condenam atitudes de injuacuteria racial e natildeo o racismo institucio-nal que eacute menos expliacutecitordquo afirma Alisson Batista estudante que integra o Coletivo Negraccedilatildeo e que participou de evento no CRPRS sobre racismo institucional O Coletivo Negraccedilatildeo surgiu em torno do ra-cismo institucional enfrentado pelos estu-dantes negros dentro da universidade

No evento Gleidson Dias assessor da

O estudo das relaccedilotildees raciais comeccedilou a ser favorecido pela Psicologia quando a profissatildeo assumiu as discussotildees pautadas pelos movimentos sociais como pertinen-tes agrave categoria ldquoAteacute entatildeo a profissatildeo natildeo assumia as repercussotildees que as questotildees raciais implicam no tecido social e por sua vez na subjetividade humana Natildeo existe neutralidade nesse debate lsquoneutralidadersquo

Comissatildeo de Direitos Humanos da Pro-curadoria Geral do Estado esclareceu a diferenccedila entre o racismo que acontece na instituiccedilatildeo e o racismo institucional ldquoRa-cismo institucional eacute quando normas ou atitudes da instituiccedilatildeo natildeo tecircm em princiacute-pio a intencionalidade de discriminar mas o resultado eacute a discriminaccedilatildeo Estaacute ligado geralmente a conceitos eurocecircntricos do Estado e a privileacutegios da branquituderdquo Como exemplo Gleidson citou o caso de uma menina negra que foi impedida pela Poliacutecia Federal de tirar seu passaporte porque o sistema natildeo permitia fotos com cabelos black power

significa estar ao lado da discriminaccedilatildeordquo afirma Taiasmin

Valter acredita que a Psicologia teve uma importacircncia muito grande na conso-lidaccedilatildeo do racismo e racialismo no Brasil com estudos enviesados que afirmavam que as raccedilas humanas tinham predispo-

siccedilatildeo a determinadas caracteriacutesticas psi-

coloacutegicas como o caraacuteter e a inteligecircncia

Reuniatildeo temaacutetica sobre o tema Racismo Institucional httpbitlyracismo_institucional

Coletivo Negraccedilatildeo httpcoletivonegracao blogspotcombr

ldquoThe Bell Curve Intelligence and Class Structure in American Liferdquo de Richard J Herrnstein e Charles Murray

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOO CRPRS promove o debate das relaccedilotildees raciais nas Comissotildees e Nuacutecleos de Direitos Humanos e Poliacuteticas Puacuteblicas Participe dos encontros e contribua com este debate Acompanhe agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 9: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 9

artigo

Imigraccedilatildeo em pautaEncontrar um bom trabalho ajudar a

famiacutelia e viver uma vida digna e em paz eacute a expectativa e o sonho de centenas de imigrantes senegaleses haitianos gane-ses entre outros que vieram para o Bra-sil dirigindo-se especificamente para Caxias do Sul e alguns municiacutepios da Serra gauacutecha Essa expectativa reflete a de muitos europeus brasileiros de outras regiotildees do paiacutes fronteiriccedilos e tantos ou-tros que vieram para Caxias em busca de melhores condiccedilotildees de vida

Vemos poreacutem que a xenofobia e o racismo em nossa sociedade apresentam--se fortemente sinalizando que a presen-ccedila de imigrantes principalmente negros eacute um incocircmodo para muitos de noacutes Com isto nos deparamos com notiacutecias de pro-fissionais de diferentes aacutereas esquecendo--se do seu Coacutedigo de Eacutetica Profissional e se negando a atender imigrantes vemos poliacuteticos que desconhecem totalmente a legislaccedilatildeo brasileira a qual protege aquele que nos pede asilo garantindo o acesso aos

Ir Maria do Carmo Santos Gonccedilalves Coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Vanessa Perini Moojen ndash Assistente Social do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM)

Tatiane Baggio Psicoacuteloga Conselheira do CRPRS

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 10: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

10 entre linhas | out-nov-dez 2014

serviccedilos puacuteblicos na qualidade de cidadatildeo vemos ainda pessoas com medo de que os estrangeiros ldquotiremrdquo seu emprego ou seu lugar na fila do meacutedico e surpreenden-temente vemos pessoas que outrora jaacute sofreram preconceito por sua condiccedilatildeo de precariedade social discriminando aqueles que hoje chegam buscando um lugar de trabalho e desenvolvimento social Mas pensando bem se as coisas estatildeo difiacuteceis seraacute que a culpa eacute dos imigrantes Ao con-traacuterio entendemos que garantir o acesso dos brasileiros aos seus direitos natildeo impli-ca a negaccedilatildeo do direito de outros

Ao mesmo tempo vemos cidadatildeos profissionais poliacuteticos e entidades que natildeo medem esforccedilos para auxiliar os imi-grantes na garantia de seus direitos Que trabalham na perspectiva de melhorias e resoluccedilatildeo na situaccedilatildeo de vulnerabilidade que porventura muitos se encontram e ao mesmo tempo no fortalecimento de uma cidadania no mundo cujos direitos satildeo inviolaacuteveis Com o aumento contiacutenuo do fluxo migratoacuterio internacional para o Bra-sil e para Caxias do Sul mostra-se cada vez mais latente a necessidade de plane-jamento e articulaccedilatildeo intersetorial entre o poder puacuteblico e a sociedade civil A I Con-ferecircncia Municipal de Migraccedilatildeo e Refuacutegio 2014 deliberou a formaccedilatildeo de comitecircs que construam estrateacutegias articuladas de in-clusatildeo e integraccedilatildeo social dos imigrantes de modo que possam continuar a contri-buir econocircmica social e culturalmente para o crescimento de Caxias do Sul terra de imigrantes

O CRPRS juntamente com o Sistema Conselhos de Psicologia desenvolveu a

campanha veiculada nacionalmente com o tiacutetulo ldquoO preconceito humilha e a humi-lhaccedilatildeo social faz sofrerrdquo para discutir as questotildees que envolvem as relaccedilotildees raciais Por meio dessa iniciativa afirmamos a ga-rantia de direitos dos imigrantes e reforccedila-mos que para aleacutem do acolhimento da po-pulaccedilatildeo local sejam tambeacutem viabilizadas poliacuteticas que contemplem accedilotildees efetivas para uma vida menos precarizada do mi-grante em nosso territoacuterio

Com base na garantia de direitos pre-vista na Declaraccedilatildeo Universal dos Direi-tos Humanos na Declaraccedilatildeo de Durban firmada por 173 paiacuteses na I Conferecircncia Mundial contra o Racismo a Discrimina-ccedilatildeo Racial a Xenofobia e as Formas Cone-xas de Intoleracircncia em 2001 na Aacutefrica do Sul reafirmando o principio da igualdade e da natildeo discriminaccedilatildeo entre as pessoas e na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 foi redigida a lei sobre o racismo no Brasil acrescentando-se o inciso XLII no artigo 5ordm declarando que o racismo eacute um crime inafianccedilaacutevel imprescritiacutevel e sujeito a pena de reclusatildeo

Portanto seguindo a legislaccedilatildeo vi-gente e conforme o debate jaacute afianccedilado nas instacircncias internacionais de garantia dos direitos humanos o CRPRS aleacutem de convidar a populaccedilatildeo a refletir sobre o tema convida a categoria a conhecer a Resoluccedilatildeo nordm 182002 do CFP que estabe-lece normas para atuaccedilatildeo das psicoacutelogas e dos psicoacutelogos em relaccedilatildeo ao preconceito e agrave discriminaccedilatildeo racial Para o CRPRS eacute urgente discutirmos a nossa praacutetica pro-fissional diante desse tema implicado no compromisso social de nossa profissatildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 11: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 11entre linhas | out-nov-dez 2014 11

Os fazeres (e prazeres) psi em desvios e contraversos

Ateacute o uacuteltimo ano do ensino meacutedio eu sempre achei que queria e iria cursar Direito Em setembro quando comeccedilaram as inscri-ccedilotildees da UFRGS me dei conta de que o que eu realmente queria eacute que o tempo daquela juventude natildeo acabasse mais Agrave eacutepoca mi-nhas duas melhores amigas resolveram fazer vestibular para Psicologia Assim o iniacutecio de meu percurso pelas praacuteticas e saberes psi se deu pelos disparos da amizade e do desvio

Nos idos de marccedilo num ano em que o veratildeo insistia em continuar foi que de maneira assustadoramente solitaacuteria em-barquei na errante nau a descobrir o mun-do das teorias e conceitos de uma Psicolo-gia agraves vezes candidata agrave ciecircncia agraves vezes transversada em arte Nessa viagem visi-tei uma infinidade de portos ndash de chegada de partida de parada de encontro Aos poucos a solidatildeo comeccedilou a ser povoada e a travessia tornou-se tempo e espaccedilo de constante reinvenccedilatildeo de saberes e praacuteticas

A aposta na escuta como instrumento da potecircncia criativa e criadora de sujeitos e realidades somada ao flerte com o mundo jus fez com que eu buscasse as veredas so-ciais da Psicologia em suas tessituras com os territoacuterios dos direitos humanos e a in-tencionalidade de um fazer cliacutenico-poliacutetico

Dessa maneira cheguei ao mestrado oportunidade para se conhecer e se cons-truir pesquisador entendendo a trama en-sino-pesquisa-extensatildeo como possibilidade para uma formaccedilatildeo em Psicologia que se propusesse ampliada com mais ineditis-mos e menos assepsias Optei por um cam-po de pesquisa que fizesse laccedilo com algum projeto de extensatildeo e portanto problema-tizasse a inserccedilatildeo acadecircmica na comuni-

dade como um dispositivo de accedilatildeo atraveacutes do qual a universidade pode exercer de forma mais intensa sua funccedilatildeo poliacutetica e social Naquele momento pude me inserir no Grupo ESTACcedilAtildeO PSI (Estudo e Accedilatildeo em Poliacuteticas de Subjetivar e Inventar) que prestava assessoria ao projeto de trabalho educativo com jovens em cumprimento de medida socioeducativa implementado na Procuradoria da Repuacuteblica do RS

Por esse encontro com as formas de um viver juvenil entendido e condenado como desviante as categorias Direito Social Psico-logia Cliacutenica Accedilatildeo Poliacutetica se misturavam e coreografavam movimentos que escapavam aos contornos das praacuteticas profissionais e dos meacutetodos de investigaccedilatildeo tradicionais A anguacutestia gerada pela desconstruccedilatildeo das cer-tezas e das foacutermulas prontas de ser psicoacuteloga logo deu lugar agrave descoberta da potecircncia da invenccedilatildeo de novos caminhos que desviam do instituiacutedo e tem aiacute justamente a sua forccedila de interrogaccedilatildeo do social

Infelizmente o projeto natildeo mais existe na Procuradoria mas a inspiraccedilatildeo dessa experiecircncia permitiu-me a escrita ne-gociaccedilatildeo e implantaccedilatildeo do programa de trabalho educativo do TRT-RS que desde 2013 firmou convecircnio com a FASE-RS

Trabalhando com a perspectiva da Psi-cologia Cliacutenico-Poliacutetica em sua interface com a temaacutetica da Justiccedila e do Direito toda a minha praacutetica eacute orientada por uma eacutetica da ocupacircncia que na construccedilatildeo de terri-toacuterios instituintes ainda que temporaacuterios aposta na criaccedilatildeo de condiccedilotildees de possibi-lidade para a constante reatualizaccedilatildeo de formas e forccedilas mais livres e potentes de expressatildeo da vida

relato de experiecircncia

PARTICIPEVocecirc tambeacutem quer compartilhar sua experiecircncia como psicoacutelogoa Envie um relato para imprensacrprsorgbr destacando sua praacutetica Os textos seratildeo avaliados pela Comissatildeo Editorial do EntreLinhas e poderatildeo ser publicados nas proacuteximas ediccedilotildees do jornal

Paula Goldmeier Graduada em Psicologia mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS Atua nas aacutereas de Direitos Humanos e Sauacutede Coletiva

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 12: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

12 entre linhas | out-nov-dez 2014

entrevista

Em sua opiniatildeo o que eacute laicidade

TATIANE ndash A laicidade opotildee-se aos

discursos fundamentalistas ligados agraves vio-

laccedilotildees de direito Assim as leis devem ser

orientadas pelos Direitos Humanos Uni-

versais e pela Constituiccedilatildeo Federal e natildeo

por dogmas e ideologias religiosas Isso

natildeo significa que o Estado negue agrave Igreja

o direito de contribuir para o bem da so-

ciedade Um Estado que natildeo respeita um

espaccedilo para as igrejas na sociedade ou que

negue o direito de expressatildeo acabaria com

a democracia caindo no sectarismo e no

totalitarismo ideoloacutegico

LUCIANA ndash Eacute a natildeo adoccedilatildeo de uma

religiatildeo em particular pelo Estado Isso natildeo

quer dizer que desconsidere as muacuteltiplas

religiotildees que convivem em seu territoacuterio ou

negue a expressatildeo da religiosidade popular

pessoal ou coletivamente mas inclui todas

como representaccedilotildees da diversidade reli-

giosa ou espiritual do seu povo

TATIANA ndash Eacute um dispositivo de pro-

teccedilatildeo agrave livre consciecircncia e expressatildeo de

crenccedilas de modo a garantir o reconheci-

mento da diversidade social em socieda-

des democraacuteticas sem ocircnus moral para

grupos minoritaacuterios em relaccedilatildeo a hegemo-

nias religiosas e morais

Por que eacute importante discutir essa ques-

tatildeo no Sistema Conselhos de Psicologia

EDUARDO ndash A Psicologia precisa

se posicionar frente a projetos de leis que

tecircm uma base fundamentalista ferindo os

direitos humanos e as liberdades indivi-

duais Aleacutem disso muitosas psicoacutelogos

as natildeo tecircm clareza de como se posicionar

Psicologia Religiatildeo e Espiritualidade como dialogarSAIBA MAIS

Nota Teacutecnica do CFP ndash Posicionamento do Sistema Conselhos de Psicologia para a questatildeo da Psicologia Religiatildeo e Espiritualidadehttpbitlynotacfplaicidade

Posicionamento Sistema Conselhos frente uso indiscriminado do discurso religioso na poliacutetica httpbitlyEleicoes_Laicidade

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas68

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 13: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 13

frente a suas proacuteprias religiotildees ou crenccedilas

de seus clientes e instituiccedilotildees

LUCIANA ndash Eacute importante discutir as

implicaccedilotildees das crenccedilas religiosidade ou

espiritualidade do psicoacutelogo na sua praacuteti-

ca profissional E como sua praacutetica acolhe

repudia essas dimensotildees do puacuteblico com

quem trabalha Por exemplo o que signifi-

ca eu me apresentar como psicoacuteloga cristatilde

Apenas explicito minhas crenccedilas ou impor-

to praacuteticas religiosas para minhas interven-

ccedilotildees laborais Toda essa discussatildeo eviden-

cia o quanto reconhecemos essa dimensatildeo

na vida humana e como nos organizamos

para abordaacute-la nos espaccedilos profissionais

em que o psicoacutelogo estaacute inserido e integraacute-

-la agraves demais dimensotildees da vida humana

TATIANA ndash A Psicologia eacute uma ciecircn-

cia laica A religiosidade e a espiritualidade

podem ser objeto de estudo da Psicologia

o que natildeo eacute o mesmo que a Psicologia ado-

tar pressuposto religioso em seus modos

de significar o mundo a condiccedilatildeo huma-

na e as relaccedilotildees sociais A Psicologia deve

se manter laica para que natildeo decorra em

prejuiacutezo nos modos de significaccedilatildeo de dis-

tintas condiccedilotildees de vida e de subjetivaccedilatildeo

considerando especificidades culturais

que tambeacutem podem abranger distintas re-

ferecircncias a doutrinas religiosas e mesmo a

recusa agrave religiosidade ou expressa afirma-

ccedilatildeo da crenccedila de que Deus natildeo existe

Que situaccedilotildees ou demandas atuais a Psi-

cologia tem discutido e que estatildeo ligadas

diretamente ao tema

TATIANE ndash Podemos citar os atuais

discursos fundamentalistas contra o ca-

samento gay e a diversidade sexual e de

gecircnero a questatildeo da legalizaccedilatildeo do aborto

e Lei do Nascituro intoleracircncia religiosa

e racismo aleacutem da discussatildeo sobre a pre-

dominacircncia dos discursos religiosos e im-

posiccedilatildeo de praacuteticas religiosas nas propos-

tas de projeto terapecircutico da maioria das

comunidades terapecircuticas Muitas dessas

demandas estatildeo ligadas a um discurso

preconceituoso que busca se esconder atra-

veacutes de argumentos em defesa de valores

da vida e da famiacutelia e que no fundo im-

potildeem suas proacuteprias ideologias contraacuterias

agraves liberdades de expressatildeo e dos direitos

humanos violando as diferentes formas do

indiviacuteduo ser no mundo

TATIANA ndash O projeto de decreto legis-

lativo que pretendia incidir sobre a normativa

da Psicologia no que se refere agrave homossexu-

alidade e aos paracircmetros eacuteticos para o exer-

ciacutecio profissional eacute um exemplo O discurso

religioso que incide na desqualificaccedilatildeo moral

de demandas de mulheres por direitos repro-

dutivos novas configuraccedilotildees familiares uso

de drogas e seu tratamento todas essas satildeo

questotildees que tangenciam a laicidade da Psi-

cologia A posiccedilatildeo da Psicologia natildeo se pauta

em uma dada moralidade pressuposta como

verdadeira mas leva em consideraccedilatildeo a com-

plexidade das determinaccedilotildees soacutecio-culturais

para compreender a situaccedilatildeo particular de

vida e escolhas de indiviacuteduos

Por que devemos pensar em praacuteticas da

Psicologia baseadas na laicidade

EDUARDO ndash O trabalho doa

psicoacutelogoa deve estar alicerccedilado nas ci-

ecircncias psicoloacutegicas e nos direitos humanos

ao inveacutes de crenccedilas individuais Assim as

praacuteticas psicoloacutegicas estaratildeo promovendo

Tatiane Baggio Psicoacuteloga conselheira do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Eduardo HoffmannPsicoacutelogo conselheiro do CRPRS membro dos GTs Nacional e Regional de Laicidade

Luciana Fernandes Marques Psicoacuteloga Mestre em Psicologia Social e da Personalidade e Doutora em Psicologia pela PUCRS Poacutes-Doutorado em Psicologia pela UFRGS e pelo ISCTE-IUL Lisboa Membro do Grupo de Trabalho Psicologia e Religiatildeo da Associaccedilatildeo Nacional de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia e da International Association for the Psychology of Religion

Tatiana LionccediloPsicoacuteloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasiacutelia conselheira do CRP-01 Integra o GT Nacional ldquoPsicologia Religiatildeo e Laicidaderdquo do CFP

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 14: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

14 entre linhas | out-nov-dez 2014

a sauacutede e a qualidade de vida da popula-

ccedilatildeo para que cada sujeito pense e se po-

sicione de forma criacutetica e consciente sobre

como pretende viver sua crenccedila As praacuteti-

cas psicoloacutegicas devem estar baseadas na

laicidade por um respeito ao ser humano

e toda diversidade de crenccedilas e formas de

expressaacute-la apenas sendo laica a Psicolo-

gia poderaacute acolher essa diversidade

LUCIANA ndash Devemos pensar em

praacuteticas baseadas na laicidade para man-

ter a afiliaccedilatildeo da Psicologia agrave ciecircncia tra-

dicional Mas boa parte da ciecircncia eacute ino-

var desbravar novos caminhos antecipar

problemas e soluccedilotildees entatildeo a boa ciecircncia

eacute provisoacuteria questionaacutevel (auto)reflexi-

va e bastante (auto)criacutetica Nesse sentido

a Psicologia tambeacutem natildeo deve se fechar

demasiadamente em roacutetulos mas manter

foacuteruns de diaacutelogo com a ciecircncia e com a

comunidade estando atenta a exageros no

exerciacutecio profissional

TATIANA ndash A Psicologia reconhe-

ce a diversidade social e portanto tam-

beacutem reconhece a diversidade religiosa e

a existecircncia de grupos e indiviacuteduos que

natildeo adotam religiatildeo A espiritualidade eacute

uma importante dimensatildeo da subjetivi-

dade embora natildeo dependa necessaria-

mente da religiosidade e a Psicologia

expressamente se afirma contraacuteria a toda

forma de fundamentalismo religioso ou

seja modos de imposiccedilatildeo de moralidades

com base em preceitos religiosos resguar-

dando o reconhecimento da diversidade

social cultural e subjetiva

A Psicologia pode dialogar com a espiri-

tualidade e a religiatildeo se mantendo laica

De que forma isso se traduz na praacutetica

doa psicoacutelogoa

EDUARDO ndash A Psicologia dialoga

com a espiritualidade e a religiatildeo se man-

tendo laica quando natildeo induz a convicccedilotildees

religiosas conforme estaacute previsto em nosso

Coacutedigo de Eacutetica art 2ordm aliacutenea b Seus cons-

tructos e epistemologias se originam e se

orientam na ciecircncia e natildeo na teologia Isso

se traduz na praacutetica psicoloacutegica por uma

postura eacutetica em olhar o ser humano em

sua integralidade e natildeo a partir de um vieacutes

religiosoespiritual apenas Tambeacutem se tra-

duz aoagrave psicoacutelogoa quando se utiliza de

intervenccedilotildees e praacuteticas que satildeo aceitas e re-

conhecidas pelas ciecircncias psicoloacutegicas

LUCIANA ndash Enquanto categoria pro-

fissional a Psicologia eacute laica natildeo adota ne-

nhuma religiatildeo em particular mas estuda

a relaccedilatildeo da religiosidadeespiritualidade

com a sauacutede e sua expressatildeo no compor-

tamento humano Por temor da Psicolo-

gia natildeo ser reconhecida como ciecircncia haacute

excessiva cautela em aplicar esse conhe-

cimento na atuaccedilatildeo profissional do psicoacute-

logo ndash embora tenha diminuiacutedo muito na

uacuteltima deacutecada Na praacutetica do psicoacutelogo

isso se traduz no reconhecimento de que

a religiosidadeespiritualidade eacute uma di-

mensatildeo humana imbricada com todas as

outras dimensotildees e que pode ser fonte tan-

to de sauacutede quanto de adoecimento

TATIANA ndash O profissional de Psico-

logia deve considerar a religiosidade e a

espiritualidade quando forem expressas

pelas pessoas como significativas em seus

modos de subjetivaccedilatildeo e vida Assim como

eacute equiacutevoco eacutetico associar a sua proacutepria feacute

religiosa no exerciacutecio profissional o profis-

entrevista

SAIBA MAISCaderno de Deliberaccedilotildees VIII CNP Eixo II ndash Contribuiccedilotildees eacuteticas poliacuteticas e teacutecnicas nos processos de trabalho proposta 214 ldquoOrientaccedilatildeo laicidaderdquo paacutegina 37 httpbitlycad8cnp

Coacutedigo de Eacuteticawwwcrprsorgbrcodigoetica

Movimento Estrateacutegico do Estado Laicowwwmeelorgbr

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 15: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 15

sional viola o coacutedigo de eacutetica ao desconsi-

derar inferiorizar ou mesmo patologizar a

expressatildeo de feacute de pessoas que se coloquem

sob seus cuidados A importacircncia da manu-

tenccedilatildeo da laicidade no exerciacutecio profissio-

nal eacute justamente a de garantir o reconheci-

mento de subjetividades na perspectiva da

alteridade ou seja considerando o campo

de significaccedilotildees dos proacuteprios sujeitos em

seus modos de vida e de subjetivaccedilatildeo

De que forma a Psicologia pode contri-

buir para o fortalecimento do Estado Lai-

co e ao mesmo tempo combater situa-

ccedilotildees de violaccedilotildees de direito

TATIANE ndash A consideraccedilatildeo das di-

ferenccedilas morais culturais religiosas e das

praacuteticas sociais eacute fundamental para a cons-

truccedilatildeo da democracia sendo o Estado lai-

co a condiccedilatildeo para que as diferenccedilas natildeo

sejam assoladas por projetos poliacuteticos de

segregaccedilatildeo marginalizaccedilatildeo e desqualifica-

ccedilatildeo Eacute preciso buscar o diaacutelogo entre a Psi-

cologia e outras categorias profissionais

somar-se agraves parcerias com grupos sociais

falar sobre esses temas junto agrave sociedade

LUCIANA ndash A Psicologia pode con-

tribuir para o Estado Laico adotando uma

postura de respeito pela diversidade reli-

giosaespiritual de escuta das variadas

proposiccedilotildees e engajamento em discussotildees

muacuteltiplas que incluam tanto profissionais

pesquisadores quanto pessoas da comuni-

dade e oriundas das variadas tradiccedilotildees

TATIANA ndash A Psicologia eacute um im-

portante ator social de enfrentamento do

fundamentalismo religioso ao reafirmar a

necessidade de reconhecimento e respeito

agrave diversidade social e agrave diversidade subje-

tiva Desde 2013 a Psicologia tem integra-

do o Movimento Estrateacutegico pelo Estado

Laico organizaccedilatildeo que contou com o CFP

em sua articulaccedilatildeo e que agora conta com

apoio do Sistema Conselhos

Como oa psicoacutelogoa pode trabalhar sua

proacutepria crenccedila religiosa e sua espirituali-

dade sem que isso interfira em sua praacutetica

EDUARDO ndash Separando uma da ou-

tra natildeo vinculando em sua praacutetica pro-

fissional e natildeo usando sua proacutepria crenccedila

como um diferencial profissional

LUCIANA ndash Talvez seja interessante

que sua espiritualidade interfira na praacutetica

profissional Natildeo podemos supor que a reli-

giatildeo ou espiritualidade possuem uma inter-

ferecircncia negativa tomando exemplos nega-

tivos como o caso da cura gay O problema

natildeo eacute a religiatildeo eacute o que as pessoas fazem a

partir dela O sujeito fanaacutetico fundamenta-

lista e extremista levaraacute essas caracteriacutesticas

consigo mesmo sendo ateu Se ter crenccedilas

e espiritualidade eacute ter um bom coraccedilatildeo pa-

rece urgente que essa interferecircncia ocorra

Natildeo precisamos de mais profissionais tec-

nicistas e pouco humanizados

TATIANA ndash Como quaisquer outros

fatores pessoais reservando para si espa-

ccedilo de elaboraccedilatildeo de seu proacuteprio campo de

significaccedilotildees sobre o mundo a vida e si

mesmo Como outras convicccedilotildees morais

o profissional deve saber manter distacircn-

cia entre seus proacuteprios valores pessoais e

os valores e modos de vida de outrem de

modo a natildeo reduzir o outro a si mesmo

Este eacute um exerciacutecio eacutetico que exige anaacutelise

pessoal e supervisatildeo-intervisatildeo na condu-

ccedilatildeo dos trabalhos

SAIBA MAISCRPRS participou do Seminaacuterio Nacional do Movimento Estrateacutegico pelo Estado Laico (MEEL) realizado de 26 a 28 de agosto em Brasiacutelia httpbitlyCRPRS_Meel

Manifesto do Movimento Estrateacutegico pelo estado laicohttpbitlymanifesto_MEEL

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 16: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

16 entre linhas | out-nov-dez 2014

controle social

Controle Social e a PsicologiaControle Social eacute aquele que o cidadatildeo

em um contexto democraacutetico pode exercer sobre o Estado por meio da participaccedilatildeo na gestatildeo da fiscalizaccedilatildeo do monitoramento e do controle das accedilotildees da administraccedilatildeo puacuteblica o acompanhamento das poliacuteticas sendo assim um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania

De forma geral a participaccedilatildeo no Con-trole Social permite que os cidadatildeos possam intervir na tomada da decisatildeo administrati-va orientando a administraccedilatildeo puacuteblica para que adote medidas que realmente atendam ao interesse puacuteblico e ao mesmo tempo possam exercer controle sobre a accedilatildeo do Es-tado exigindo que o gestor puacuteblico preste contas de sua atuaccedilatildeo Esse envolvimento na gestatildeo puacuteblica eacute um direito assegurado pela Constituiccedilatildeo Federal permitindo que os cidadatildeos natildeo soacute participem da formu-laccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas mas tambeacutem fiscalizem de forma permanente a aplicaccedilatildeo dos recursos puacuteblicos

O Conselho Regional de Psicologia

do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con-

selho Federal de Psicologia (CFP) esti-

mulam a participaccedilatildeo dosas psicoacutelogos

as nas instacircncias de controle social por

acreditar que o conhecimento teacutecnico dos

profissionais da aacuterea pode contribuir na

construccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas Aleacutem disso seus representantes a partir de suas regiotildees de intervenccedilatildeo tornam-se inter-locutores e referecircncia para osas demais psicoacutelogosas locais ampliando assim o debate da Psicologia como protagonista das poliacuteticas puacuteblicas das diversas regiotildees

Atualmente o CRPRS possui cadeiras em diversos conselhos de direito e estaacute aberto a assumir novas vagas de acordo com seus posicionamentos Eacute importan-te destacar que a representaccedilatildeo feita pelo profissional da Psicologia nos espaccedilos de controle social natildeo possui caraacuteter indivi-dual deve expressar concepccedilotildees orienta-ccedilotildees e diretrizes formuladas ou definidas pela categoria Ao assumir o lugar de re-presentaccedilatildeo na instacircncia de controle so-cial oa psicoacutelogoa compromete-se a defender necessariamente as orientaccedilotildees e posicionamentos do Conselho Regional de Psicologia assim como os do Conselho Federal de Psicologia frente agraves questotildees que se encontram em debate

SAIBA MAIS Acesse wwwcrprsorgbrcontrolesocial para saber mais sobre Con-trole Social Duacutevidas poderatildeo ser escla-recidas pelo e-mail crepopcrprsorgbr

AacuteREA ABRANGEcircNCIA

Sauacutede Estadual e Municipal

Assistecircncia Social Estadual e Municipal

Direitos da Crianccedila e do Adolescente Municipal

Poliacuteticas sobre Drogas Estadual e Municipal

Direitos da Mulher Municipal

Os espaccedilos de atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos no controle social satildeo

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 17: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

entre linhas | out-nov-dez 2014 17

Municiacutepios onde CRPRS tem representaccedilotildees no Controle Social

Quer representar o CRPRS nos Conselhos de Direito

Conselhos de Direitos

Se vocecirc eacute psicoacutelogoa e tem interesse em re-

presentar o CRPRS em algum conselho de direi-

to acesse o Cadastro de Interesse de Psicoacutelogoa

ndash Representaccedilatildeo no Controle Social

Disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcontro-

lesocial O pedido seraacute avaliado considerando

os criteacuterios estabelecidos para se constituir a

representaccedilatildeo e interesses do CRPRS Os repre-

sentantes devem participar das atividades pro-

movidas pelo CRPRS

Criteacuterios para candidatar-se agrave representaccedilatildeo

bull Ser psicoacutelogao devidamente inscrito no

CRPRS

bull Preencher cadastro de interesse em www

crprsorgbrcontrolesocial

bull Ter conhecimentoaproximaccedilatildeo relaciona-

do agrave temaacutetica e ao municiacutepio do Conselho

de direito

bull Estar adimplente com as anuidades do CRPRS

bull Disponibilizar-se a participar sistematica-

mente das reuniotildees da Comissatildeo de Poliacuteticas

Puacuteblicas (sede) ou Nuacutecleos de Poliacuteticas Puacutebli-

cas (subsedes) e dos encontros de discussatildeo

do controle social promovidos pelo CRPRS

O CRPRS recebe pedidos para indicaccedilatildeo de

psicoacutelogosas para assumir vagas em Conselho

de Direitos Apoacutes aprovada a participaccedilatildeo do

CRPRS na instacircncia e realizada a indicaccedilatildeo de ti-

tular e suplente para a vaga por meio da Comis-

satildeo de Poliacuteticas Puacuteblicas (sede) dos Nuacutecleos de

Poliacuteticas Puacuteblicas (nas subsedes) ou dos nuacutecleos

gestores das subsedes eacute feita a comunicaccedilatildeo ofi-

cial agrave instituiccedilatildeo solicitante

Conselhos de Direito que tenham interesse

em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-

selheiros devem acessar o Cadastro de interesse

de Conselho de Direito ndash Representaccedilatildeo no Con-

trole Social disponiacutevel em wwwcrprsorgbr

controlesocial

18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

entre linhas | out-nov-dez 2014 19

Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

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18 entre linhas | out-nov-dez 2014

O que eacute ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas O que fazer quando se estaacute por laacute

O que satildeo as poliacuteticas puacutebli-cas para osas psicoacutelogosas Aleacutem de um campo de atuaccedilatildeo no qual se materializam direitos constitucionais um mercado de trabalho em franca expansatildeo Eacute possiacutevel pensar o trabalho como sendo um ofiacutecio Enquanto fabri-cam produtos os homens se pro-duzem Pensando sobre o ofiacutecio doa psicoacutelogoa qual o objeto de seu fazer Que ferramentas ele usa Qual meacutetodo orienta sua accedilatildeo Qual objetoobjetivo a ser produzido com o seu trabalho

O contexto que engendrou a profissatildeo do psicoacutelogo definiu o indiviacuteduo e suas relaccedilotildees consigo mesmo como objeto de trabalho a psicoterapia e o aconselhamen-to ndash seja individuais ou grupal ndash orientada por um diagnoacutestico psicopatoloacutegico como instru-mentomeacutetodo de excelecircncia para a intervenccedilatildeo e a diminui-ccedilatildeo do sofrimento daquele que se atende como objetivo a ser alcanccedilado com a intervenccedilatildeo As demandas oriundas das po-liacuteticas puacuteblicas tecircm exigido uma releitura tanto no nosso objetoobjetivo de trabalho quanto do nosso instrumento prioritaacuterio para a intervenccedilatildeo As poliacuteticas puacuteblicas definem em seus mar-

cos normativos accedilotildees intencio-nais do Estado voltadas para as coletividades O objeto de traba-lho desenhado satildeo as relaccedilotildees estabelecidas entre o indiviacuteduo e os coletivos construiacutedas em seus territoacuterios de vida O meacutetodo preconizado eacute o de articulaccedilatildeo de diversas ofertas do Estado e das comunidades para atender as muacuteltiplas necessidades dos sujei-tos dos grupos e dos territoacuterios A produccedilatildeo de autonomia e cons-truccedilatildeo da cidadania estatildeo postas como horizontes aos quais se al-meja chegar com as intervenccedilotildees

Ser uma psicoacutelogoa das poliacuteticas puacuteblicas significa re-conhecer a mudanccedila da oficina na qual passamos a trabalhar Eacute estar disposto a alinhar nosso objetoobjetivo de trabalho com aquele traccedilados nas diretrizes que orientam a poliacutetica puacuteblica na qual atuamos E ainda colo-car nossas competecircncias e habi-lidades na direccedilatildeo da defesa ra-dical da autonomia dos sujeitos e das coletividades e da construccedilatildeo de uma cidadania ativa

Ainda que as intencionalida-des das poliacuteticas puacuteblicas estejam alinhadas aos marcos constitucio-nais do Estado brasileiro o cam-po do puacuteblico eacute formado por con-

crepop

tradiccedilotildees estruturais e interesses diversos Ele se constroacutei marca-do por disputas Eacute mister analisar com quais interesses nossas praacute-ticas encontram-se alinhadas A que forccedilas estamos servindo Em que direccedilatildeo nossas habilidades e competecircncias estatildeo sendo convo-cadas Que trabalhos essas con-vocaccedilotildees estatildeo produzindo Eacute na leitura cuidadosa deste campo de tensatildeo e na construccedilatildeo de respos-tas a estas e outras questotildees que osas oficineirosas psicoacutelogosas estatildeo trabalhando na remo-delaccedilatildeo da Psicologia enquanto ofiacutecio podendo assim contribuir efetivamente para a consolidaccedilatildeo do Estado Democraacutetico de Direi-to no Brasil

Andreacute Sales Assessor Teacutecnico de Poliacuteticas Puacuteblicas

Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion Estagiaacuterios

Alexandra Ximendes Conselheira de Referecircncia

Acesse wwwcrprsorgbren-trelinhas68 e leia o texto do Crepop na iacutentegra

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

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Orientaccedilotildees aosagraves profissionais que atuam na Cliacutenica Psicoloacutegica em consultoacuterio

orientaccedilatildeoRe

cort

e e

cole

cion

e

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea Teacutecnica

Adriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga Fiscal

Leticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Para atuaccedilatildeo na Cliacutenica (atendimento psi-coloacutegico avaliaccedilatildeo psicoloacutegica e psicoterapia) oa psicoacutelogoa deve estar regularmente ins-crito no CRPRS no Instituto Nacional de Se-guridade Social (INSS) de sua cidade e junto agrave Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN

OA profissional deve tambeacutem escolher um espaccedilo fiacutesico adequado considerando si-gilo e confidencialidade aleacutem de lugar apro-priado para a guarda do material teacutecnico e de atendimento Eacute obrigatoacuterio o registro docu-mental sobre a prestaccedilatildeo de serviccedilos psicoloacute-gicos que natildeo puder ser mantido prioritaria-mente sob a forma de prontuaacuterio psicoloacutegico por razotildees que envolvam a restriccedilatildeo do com-partilhamento de informaccedilotildees com o usuaacuterio eou beneficiaacuterio do serviccedilo prestado

O registro documental em papel ou informatizado tem caraacuteter sigiloso e reuacute-ne informaccedilotildees que contemplam de forma sucinta o trabalho prestado a descriccedilatildeo e a evoluccedilatildeo do caso e os procedimentos teacutecnico-cientiacuteficos adotados Deve ser man-tido permanentemente atualizado e organi-zado peloa psicoacutelogoa que acompanha o procedimento A guarda desses registros de atendimento individual ou de grupo eacute de responsabilidade doa profissional psicoacutelogoa e obedece ao disposto no Coacutedi-go de Eacutetica Profissional e agrave Resoluccedilatildeo CFP nordm 072003 que institui o Manual de Documen-tos Escritos produzidos peloa psicoacutelogoa decorrente de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica

OA psicoacutelogoa ao anunciar seus ser-viccedilos indicaraacute sempre seu nome (pessoa fiacute-sica) e o nuacutemero de inscriccedilatildeo (nordm CRP) bem como as capacitaccedilotildees que possua e endere-ccedilo atualizado para contato

Ao estabelecer um contrato de serviccedilos deveraacute levar em conta os direitos dos usu-

aacuterios ou beneficiaacuterios dos serviccedilos confor-me Artigo 1deg aliacutenea d do Coacutedigo de Eacutetica Profissional doa Psicoacutelogoa Incluindo a atenccedilatildeo a outras legislaccedilotildees como o Coacutedi-go de Proteccedilatildeo e de Defesa do Consumidor

Para pautar seus honoraacuterios oa psicoacutelogoa poderaacute utilizar a Tabela Refe-rencial de Honoraacuterios que eacute disponibilizada pelo Sistema Conselhos sendo sua elabora-ccedilatildeo e atualizaccedilatildeo feitas pela FENAPSI ndash Fe-deraccedilatildeo Nacional dos Psicoacutelogos e CFP Os valores satildeo meramente sugestivos e natildeo haacute obrigatoriedade de adotaacute-los Tambeacutem eacute pos-siacutevel disponibilizar atendimentos psicoloacutegi-cos por meio de planos de sauacutede devendo procurar diretamente a operadora de planos de sauacutede para informaccedilotildees sobre a forma de contrataccedilatildeo Tambeacutem a Agecircncia Nacional de Sauacutede Suplementar (ANS) pelo site wwwansgovbr ou pelo telefone 0800-7019656

Lembrando que para o exerciacutecio profissio-nal adequado oa profissional deve pautar-se na constante atualizaccedilatildeo mantendo-se cons-tantemente atualizado teoacuterica teacutecnica e etica-mente e estar atento agraves resoluccedilotildees da profissatildeo e demais legislaccedilotildees que envolvam o atendi-mento de pacientes Afinal oa psicoacutelogoa em seu consultoacuterio tambeacutem eacute uma profissio-nal que se ocupa da sauacutede coletiva

A Aacuterea Teacutecnica do CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo da categoria e da sociedade para orientaccedilatildeoPelo e-mail orienteccrprsorgbr | Pelo

telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente na sede do CRPRS em Porto Alegre de segunda a quarta das 9h agraves 17h e quinta e sexta das 9h agraves 12h

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

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VISTO

agenda

Curso

Psicologia Aplicada agrave Aviaccedilatildeo19 a 30012015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 35198221 (51) 95518221bauerrosanagmailcom wwwabordofatoreshumanoscombr

Curso de Aperfeiccediloamento em Terapias CognitivasIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombr

ExtensatildeoPrograma de atualizaccedilatildeo em Terapia Cognitiva-comportamentalInscriccedilotildees ateacute 15122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92514066f3representacaogmailcom

Formaccedilatildeo

Formaccedilatildeo em Terapia do EsquemaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33323249danielalumertzwainerpsicologiacombr wwwwainerpsicologiacombrensino

Formaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica05032015 a 15122017Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33334801ieppieppcombr wwwieppcombr

Endereccedilo para DevoluccedilatildeoAgecircncia de Correios Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Formaccedilatildeo em Psicoterapia Psicanaliacutetica Iniacutecio em 10032015 Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33313781 (51) 92497139 contatogaepsicombr wwwgaepsicombr

Especializaccedilatildeo

Especializaccedilatildeo na Teoria e Teacutecnica de Intervenccedilatildeo na Relaccedilatildeo Pais-BebecircsInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica ndash AdultosInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo Psicanaliacutetica da AdolescecircnciaInscriccedilotildees ateacute 12122014Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33113008itipoaitipoacombr wwwitipoacombr Especializaccedilatildeo em Neuropsicologia CliacutenicaIniacutecio em 27022015FlorianoacutepolisSC Informaccedilotildees (61) 32263002 (61) 81299428weberibneurocombr wwwibneurocombr

Especializaccedilatildeo Instituiccedilotildees em AnaacuteliseIniacutecio em 13032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33082926 (somente sextas-feiras agrave tarde)instemanaliseufrgsbr httpbitly1vhZBeB

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia de Orientaccedilatildeo AnaliacuteticaIniacutecio em marccedilo de 2015Porto Alegre RS Informaccedilotildees (51) 33305655crsilvahcpaufrgsbr wwwcelgorgbr

Especializaccedilatildeo em Psicoterapia PsicanaliacuteticaIniacutecio em 11032015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32096524esippesippcombr wwwesippcombr Especializaccedilatildeo em Psicoterapia CognitivaIniacutecio em 01042015Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32735224 (51) 80234890portoalegre1institutowpcom wwwinstitutowpcom

Jornada

XI Jornada CELPCYRO sobre Sauacutede Mental26062015Porto Alegre RSInformaccedilotildees (51) 33884944atendimentogweventoscombr wwwcelpcyro2015eventizecombr

Page 20: RELAÇÕES RACIAIS E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE · Redução da Maioridade Penal ... socioeducação não se faz com prisão” do ... negros e indígenas brasileiros não so-freriam

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